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CAUSAS SUSPENSIVAS.

Causas suspensivas são aquelas previstas no art. 116 do Código Penal e na legislação
processual e extravagante, onde uma vez alcançada faz com que o prazo prescricional pare
de fluir, e cessada a situação que lhe deu causa, volta-se a fluir o prazo do marco em que
parou.
Vejamos o que diz Fernando Capez1:
“são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que
recomece a correr apenas pelo que restar, aproveitando o tempo
anteriormente decorrido. Portando, o prazo volta a correr pelo
tempo que faltava, não retornando novamente à estava zero,
como nas causas interruptivas (2012, p. 631)”.
Em outras palavras, em se tratando de matéria prejudicial ao réu ou ao fluxo do processo,
correrá a suspensão do prazo.
CAUSAS SUSPENSIVAS ART. 116 CÓDIGO PENAL.
Nos termos do art. 116 do Código Penal:
Antes de passar em julgado a sentença final a prescrição não
ocorre:
I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que
dependa o reconhecimento da existência do crime;
II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença
condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo.
O inciso I trata-se da suspensão enquanto a ocorrência de questões prejudiciais ao
processo, cuja solução importa em prejulgamento da causa 2. Como exemplo, suponhamos
que o autor de um eventual crime de furto está com um processo pendente na vara cível,
onde nesse mesmo processo está se resolvendo a propriedade do bem que em tese foi
furtado. Ora, enquanto não se resolver quanto à propriedade do bem, não há como se
proceder com a persecução penal.

1
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral: (arts. 1º a 120)/ Fernando Capez – 16 ed. - São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 631.
2
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral: (arts. 1º a 120)/ Fernando Capez – 16 ed. - São Paulo:
Saraiva, 2012. p. 632.
Paulo José da Costa Júnior3 explica que:
“Questão prejudicial é aquela tão intimamente ligada com o delito
que sua decisão em outro juízo importa no reconhecimento ou
não daquele. Se não for ela previamente julgada, não será
possível concluir pela inocência ou culpabilidade do acusado”.

Noutro norte, vemos que o inciso II é autoexplicativo, ou seja, enquanto o agente cumpre
uma pena no estrangeiro consequentemente o prazo prescricional ficará suspenso até seu
integral cumprimento.
CAUSAS SUSPENSIVAS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL E EXTRAVAGANTE.
Durante o período de prova da Suspensão Condicional do Processo não correrá a
prescrição, tendo como marco suspensivo. Uma vez decorrido o fluxo de prova com integral
cumprimento, será extinta a punibilidade do réu. Noutro norte, se por alguma outra
circunstância o réu perder o benefício, volta-se a contar o prazo prescricional com
consequente prosseguimento do feito. Vejamos o que diz o art. 89, §6º da Lei 9.099/99:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena:
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do
processo.
Outra hipótese de suspensão do prazo prescricional seria a prevista no art. 366 do Código de
Processo Penal, que assevera que quando o réu é citado por edital e não comparece para
compor o polo passivo da ação penal, suspender-se-á o prazo prescricional até que o
mesmo seja encontrado e retome seu lugar na ação, ou seja, responda à acusação. Vejamos
o que diz o art. 366 do Código Penal:
3
COSTA JÚNIOR, Paulo José. Curso de Direito Penal: parte geral. 2ª ed. São Paulo: Saraiva. 1992, v.1, p.241.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
(Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996).
No mesmo diploma, temos a hipótese do art. 368, onde traz em sua redação que estando o
réu em local certo e sabido, deverá ser citado por carta rogatória. Nesse contexto, ficará
suspenso o prazo até o efetivo cumprimento da carta rogatória, ou seja, seu retorno.
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será
citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo
de prescrição até o seu cumprimento.
Temos também tal previsão na Constituição Federal, em seu art. 53, §5º, que segue com a
seguinte redação:
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto
durar o mandato.
Nos ensinamentos de Cleber Masson4:
“A sustação pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal,
dos processos criminais contra o Deputado Federal ou Senador,
suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. Com a
modificação introduzida pela EC 35/2001, O STF pode receber a
denúncia sem licença prévia da Casa respectiva. No entanto,
deve comunicá-la à Câmara dos Deputados ou ao Senado
Federal, conforme o caso, podendo o Poder Legislativo, por
iniciativa de partido político nele representado e pelo voto da
maioria absoluta de seus membros, sustar o andamento da ação,
suspendendo-se, automaticamente, o curso da prescrição (2014,
p.958)”.

4
Masson, Cleber. Direito Penal Esquematizado – parte geral – vol.1 / Cleber Masson.- 8ª ed. rev., e ampl. - Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO 2014. p. 958.
Nos crimes contra a ordem econômica previstos na Lei 8.884/1994 e 8.137/90,
suspender-se-á o prazo na celebração do acordo de leniência. Vejamos o que diz a redação
do art. 35 da Lei 8.884/94:
Art. 35-C. Nos crimes contra a ordem econômica, tipificados na
Lei 8.137, de novembro de 1990, a celebração de acordo de
leniência, nos termos desta Lei, determina a suspensão do curso
do prazo prescricional e impede o oferecimento da denúncia.
Por fim, temos a suspensão do prazo quanto aos crimes contra a ordem tributária, temos
várias hipóteses de prescrição, entre elas a do parcelamento do débito tributário, com
fundamento no art. 9º da Lei 10.684/2003. Para o STF, os crimes materiais contra a ordem
tributária (Lei 8.137/1990, art. 1º), o lançamento do tributo pendente de decisão definitiva do
processo administrativo importa na falta de justa causa para a ação penal, suspendendo,
porém, o curso da prescrição enquanto obstada a sua propositura pela falta do lançamento
definitivo. 5
Por fim nas palavras de Guilherme Nucci “impedir ou suspender a prescrição significa
apenas congelar o prazo prescricional que recomeçará a correr do ponto onde parou, tão
logo a causa que fundamentou a suspensão termine” 6.

5
HC 85.299-RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1.ª Turma, j. 08.03.2005, noticiado no Informativo STF 333.
6
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p.477.

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