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Curso: Teórico CFO PMGO


Disciplina: Direito Administrativo

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

O direito de propriedade é Constitucional, mas não é absoluto. O direito de propriedade está


condicionado a sua função social. Dessa forma, é possível a restrição (restritivas) ou supressão
(supressivas) do direito de propriedade, com o fim de resguardar o interesse da coletividade.

Atenção!! A intervenção do Estado na propriedade privada não é regra, somente acontecerá


quando não houver outra possibilidade.

Conceito de intervenção do Estado na propriedade privada

São imposições, restrições colocadas pelo Estado de forma a limitar, condicionar o uso da
propriedade privada. Não há, portanto, uma derrogação de direitos. Somente haverá intervenção
quando existir permissão legal. A intervenção estatal poderá restringir, condicionar ou retirar
parcialmente direitos, com o fim de atender ao interesse público.

Espécies de Intervenção

- Supressiva:

I - Desapropriação comum (art. 5º, CF)

II - Desapropriação sancionatória urbana (art. 182, CF)

III - Desapropriação para reforma agrária (art. 184, CF)

IV - Desapropriação confisco (art. 243, CF)


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- Restritiva:

I - Servidão administrativa

II - Ocupação temporária (transitoriedade)

III - Requisição administrativa (iminente perigo público)

IV - Tombamento (patrimônio histórico)

V - Limitações administrativas: limitação de caráter geral

1) Desapropriação

É a única modalidade de intervenção na propriedade que é supressiva, ou seja, o


particular perde a propriedade.

a) Propriedade: características

- Absoluta e Exclusiva

b) Constituição da República

- assegura o direito de propriedade (art. 5º, XXII)

- estabelece que a propriedade deve atender a uma função social

c) Fundamentos da Intervenção do Estado na propriedade

I) Descumprimento da função social da propriedade (art.5º,XXXII, CR/88) (punitivo)

II) Supremacia do interesse público (não punitiva)

d) Bens que podem ser desapropriados

- bens móveis, imóveis, semoventes, bens corpóreos e incorpóreos.


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Toda desapropriação será indenizável.

Desapropriação Usucapião
Instituto do Direito Público. Poderá ter caráter Instituto do direito privado. É decorrente do
sancionatório ou por interesse público (não descumprimento da função social da
punitivo) sociedade. Sempre será uma sanção.
Sempre será indenizada. Não gera direito a indenização, pois é uma
O interesse é coletivo. prescrição do direito de propriedade.
Interesse privado.

O objeto da desapropriação será qualquer bem de valor econômico.

Súmula 476 do STF “Desapropriadas as ações de uma sociedade, o Poder desapropriante,


imitido na posse, pode exercer, desde logo, todos os direitos inerentes aos respectivos títulos.”

Súmula 157 do STF“É necessária prévia autorização do Presidente da República para


desapropriação, pelos Estados, de empresa de energia elétrica.”

Bens públicos podem ser desapropriados?

Sim, mas é preciso observar a hierarquia federativa, ou seja, a União pode desapropriar
bens dos Estados, Municípios e particulares. Os Estados poderão desapropriar bens de
particulares e dos municípios. Os municípios só podem desapropriar bens de particulares.
Sempre será necessária autorização legislativa e se dará de ofício.

Não é possível desapropriar margem de rio.

Súmula 479 do STF “As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.”

e) Formas de Desapropriação

a) Comum ou Ordinária: acontece por supremacia do interesse público, sob os seguintes


fundamentos:

- Necessidade Pública: há urgência/emergência. Ex: contenção de barragem


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- Utilidade Pública: o bem será destinado para uso do poder público. Ex: construção de
hospital.

- Interesse social: o bem é destinado para uso de pessoas específicas, com o fim de
combater desigualdades sociais. Ex: construção de casas populares.

Não é sanção. Apenas há preponderância do interesse público sobre o particular.

A indenização será previa (antes do proprietário sair do imóvel), justa (será o valor venal
do imóvel. As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas) e em dinheiro (precatórios).

b) Extraordinária ou Sanção: quando há um descumprimento da função social da


propriedade rural (art. 184, CR/88) ou urbana (art.182,4º, III CR/88).

Haverá indenização, mas será feita em títulos da dívida pública ou agrária.

Os títulos da dívida pública serão resgatáveis em até 10 anos.

Já os títulos da dívida agrária serão resgatáveis em até 20 anos.

Além disso, a indenização será póstuma e justa (a indenização de benfeitorias


necessárias serão pagas em dinheiro). O valor da indenização corresponderá à terra nua.

A perda da propriedade urbana por descumprimento da função social será a última medida
adotada. Primeiro, será proposto um parcelamento compulsório, em seguida, a progressividade
do IPTU no tempo, com alíquota máxima de 15%, para somente então, realizar-se a
desapropriação.

A desapropriação rural é decorrente de descumprimento do Estatuto da Terra. A grande


propriedade improdutiva será desapropriada para fins de reforma agrária (cumpra ou não a
função social).

Não poderá ser pequena e média propriedade rural (área aproveitável).

c) Desapropriação/Expropriação por cultivo de plantas psicotrópicas (art. 243, CF):


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- Terrenos e bens imóveis (distribuição a colonos alimentos e medicamentos) e móveis
(combate ao tráfico e recuperação de viciados).

- Não há indenização.

- Antigo conceito de gleba (perderá tudo: STF - RE 543.974/09).

OBS: Utilização de mão de obra escrava perde toda a propriedade também.

f) Procedimento para desapropriação (possui 3 fases)

1ª Fase – Legislativa: A competência para legislar sobre desapropriação é privativa da


União (art.22, II da CR/88).

Estados e municípios somente poderão legislar em caráter residual.

2ª Fase – Declaratória: serão apresentados os motivos para desapropriar.

Fundamento Competência para declarar a desapropriação


Todos os entes federativos
Motivo da desapropriação é a
Desapropriação poderão desapropriar.
supremacia do interesse
Comum/Ordinária Competência comum ou
público.
concorrente.
Motivo da desapropriação é
Município/Distrito Federal.
descumprimento da função
Competência exclusiva
social urbana
Desapropriação Motivo da desapropriação é
Sancionatória/Extraordinária descumprimento da função União. Competência exclusiva
social rural
Os Estados não possuem competência para realizar a
desapropriação sancionatória
Desapropriação Indireta Todos os entes da federação, mas é ilegal.

- Utilidade e necessidade pública: qualquer Ente Político (e também as autarquias, DNIT e


ANEEL).

- Reforma Agrária: União.


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- Cultivo de plantas psicotrópicas: União.

Quais são os feitos da fase declaratória?

A partir da declaração é que se conta o prazo para caducidade da desapropriação. A


caducidade é o prazo que a Administração tem para dar destinação ao bem desapropriado. Este
prazo dependerá do tipo:

- Se por necessidade/utilidade: 5 anos da a contar da declaração;

- Se por interesse social: 2 anos a contar da declaração;

- A desapropriação sanção não está sujeita a prazo de caducidade;

- Força expropriatória do Estado: permite adentrar no bem e fixar o estado do bem. Ex:
Súmula 23 do STF.

3ª Fase – Executiva: todos os entes possuem competência. É a fase em que se executa a


desapropriação. Atenção! Concessionários também poderão realizar esta fase. Pode ser
delegada.

- Processo Administrativo

- Ação Judicial:
-> Autor: Estado
-> Réu: Proprietário do Imóvel

OBS: Na constatação apresentada pelo réu, o único ponto que se pode contestar é o valor
da indenização.

Poderá haver:

- correção monetária;

- juros (compensatórios);

- juros (moratórios);
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- honorários advocatícios.

Desapropriação Indireta:

É ilegal, pois foi feita sem observância dos requisitos legais. Somente acontecerá por via
judicial, mas o proprietário não terá direito de reaver o bem, pois ele já estará afetado a uma
destinação pública.

É ação pessoal, em que se pede indenização pela desapropriação.

Prescrição: 20 anos - Súmula 119 STJ


CC/02: Usucapião: 15 anos; com benfeitorias, 10 anos.

Desapropriação por Zona: Dec-lei 3365/41

- Desapropriação em razão de uma obra que também expropria uma área maior que a
necessária;

- tem que ser específica no decreto declaratório;

- fundamento: o Estado pode precisar expandir a obra, ou em razão de supervalorização


imobiliária;

Desapropriação de Bens Públicos:

A União pode desapropriar bem do Estado e do Município (questão de abrangência de


interesse público) e o Estado pode desapropriar bem do Município;

TREDESTINAÇÃO E ADESTINAÇÃO

"TRE": significa outra destinação


"AD": nenhuma destinação
- Declaração traz uma finalidade genérica e específica. Se mantida a finalidade genérica,
mudando-se apenas a específica, a tredestinação é aceita, é considerada lícita.
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- A tredestinação ilícita (ou Adestinação): ocorre que a Administração Pública dá
destinação diferente ao bem daquela que estava prevista no decreto. Será ilícita se não mais
atender ao interesse público.

Cabe o direito de retrocessão ou indenização.

A tredestinação poderá ser lícita se continuar atendendo ao interesse público. Neste caso,
não poderá o particular solicitar o bem de volta.

Direito de Extensão

Pode haver desapropriação de parte de um imóvel.

Decorre do direito do proprietário de pedir a desapropriação do restante da propriedade.


Somente poderá acontecer se o restante da propriedade ficou inaproveitável.

Ação de Retrocessão

Ação judicial, em que o proprietário pleiteia o bem propriedade do bem desapropriado.


Poderá ocorrer quando houver a tredestinação ilícita ou a caducidade da desapropriação.

É uma ação real, pois o particular pretende reaver o bem.

Expropriação/Confisco

Não é espécie de desapropriação, decorre de atividade ilícita e não será indenizável. A


competência é exclusiva da União.

2) Limitação Administrativa

Iintervenção restritiva, pois não desapropria o particular. É imposta através de atos


normativos (ex. decretos), impõe obrigações positivas ou negativas (obrigação de fazer ou de não
fazer) a pessoas indeterminadas. Possuem caráter geral e abstrato, é unilateral e de ordem
pública (vincula o cumprimento), ou seja, condiciona liberdades.

As limitações administrativas, em regra, não geram direito a indenização, pois é abstrata e


indeterminada. Excepcionalmente, poderá ensejar indenização se a limitação for póstuma e
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trouxer encargos ao proprietário. O prazo para propor a ação de indenização será de 5 anos a
contar do dano.

Poderá incidir sobre atividades, serviços e direitos.

3) Servidão Administrativa

Possui caráter restritivo, pois o proprietário não perde a propriedade. Neste caso, a
Administração utilizará a propriedade do particular para a prestação do serviço público.

A servidão administrativa é direito real sobre coisa alheia. Por isso, existe a figura do
serviente (propriedade particular).

Incidirá, obrigatoriamente, sobre bens imóveis. Portanto, a inscrição da servidão na


matrícula do imóvel é requisito de validade do ato.

Não haverá, em regra, direito de indenização, exceto se o proprietário provar que houve
dano. Este dano precisa ser anormal e específico. O prazo para propor a ação de indenização
será de 5 anos a contar do dano.

Se a servidão acarretar a impossibilidade de usar a propriedade, haverá desapropriação


indireta. O proprietário poderá propor ação de desapropriação indireta.

A servidão administrativa é definitiva.

4) Requisição Administrativa

Este tipo de intervenção possui caráter restritivo, pois o proprietário não perde a
propriedade.

“Art.5º, XXV, CR/88 - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar
de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;”

A requisição é autoexecutável, ou seja, não é necessária medida autorizativa prévia.


Somente é admitida em caso de perigo iminente.
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Podem ser objeto da requisição: bens móveis / imóveis / semoventes, serviços, valor
econômico.

A requisição administrativa é temporária, e somente vigerá enquanto perdurar o perigo


público.

A indenização será ulterior e somente acontecerá se houver dano.

O prazo para propor a ação de indenização será de 5 anos a contar do dano.

5) Ocupação Temporária

Esta intervenção somente irá incidir sobre bens imóveis.

É intervenção restritiva, pois não desapropria o particular. A administração irá utilizar


propriedade particular para auxiliar/apoiar uma obra pública. Dessa forma, o uso da propriedade
particular será transitório, pois a Administração irá executar obra em imóvel vizinho.

Servidão Administrativa Ocupação Temporária


Perpétua/permanente Temporária
O serviço é executado na propriedade do A propriedade particular serve como
particular meio/instrumento para obra principal.
Bens imóveis edificados ou não Bens imóveis não edificados

A indenização é devida independentemente de dano, pois a ocupação temporária


corresponde a um “aluguel”. Se não houver acordo entre as partes sobre o valor da indenização,
o particular poderá ajuizar ação de indenização no prazo de 5 anos a contar da ocupação
temporária.

6) Tombamento

Possui caráter restritivo, pois o proprietário não perde a propriedade.

Art. 216/CR-88 e Decreto 25/37.

Todos os entes federativos podem realizar o tombamento. A competência será, portanto,


concorrente.
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Através do tombamento há uma proteção do patrimônio histórico, artístico, paisagístico e
cultural. Todos de interesse difuso e coletivo. O objetivo não é tomar a propriedade, mas sim
proteger o patrimônio.

O tombamento poderá incidir sobre bens móveis e imóveis.

OBS: Atenção!!! Bens imateriais não são tombáveis. Bens públicos podem ser tombados,
não há hierarquia federativa.

Consequências do tombamento:

a) Para o proprietário: dever de conservar a coisa.

b) Para Administração Pública: dever de fiscalizar a conservação do bem tombado e


conservar o bem se o proprietário não tiver condições ou se o tombamento trouxe gastos
adicionais.

c) Para os vizinhos: dever de entorno ou visibilidade. Os imóveis vizinhos (que ladeiam


o imóvel tombado) terão limitação administrativa.

O tombamento pode ensejar direito a indenização se o proprietário ou o vizinho provarem


dano (anormal e específico) se comprovarem dano decorrente do tombamento. Além disso, o
proprietário terá direito a uma indenização específica devida pelo aumento dos custos das
benfeitorias (úteis e necessárias) para conservar o bem.

Prazo para propor ação de indenização: 5 anos.

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