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A Participação Das Cooperativas em Licitações Públicas e A
A Participação Das Cooperativas em Licitações Públicas e A
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de poder nas mãos de poucos cooperados respon- inexisƟndo, portanto, sujeição, pessoalidade e habi-
sáveis pela gestão da entidade. tualidade no cumprimento do pactuado, poderão as
cooperaƟvas parƟcipar de licitações públicas.
Sendo, portanto, uma realidade a existência de
cooperaƟvas que realizam intermediação de mão de Com o escopo de a Administração promotora do
obra, observa-se a existência de decretos, a exemplo certame comprovar tais requisitos, de modo a afas-
do Dec. Estadual Paulista nº 55.938/2010, alterado tar qualquer dúvida sobre a licitude da contratação
pelo de nº 57.159/2011, e do Dec. Municipal de São da cooperaƟva no âmbito da Administração Pública
Paulo nº 52.091/2011, que vedam a parƟcipação de Federal, as enƟdades que acudiram ao chamado da
cooperaƟvas nas licitações quando a execução do ob- Administração deverão apresentar um documento
jeto demandar relação de subordinação e especiÞcam denominado “modelo de gestão operacional”, citado
alguns dos serviços que não podem ser executados no art. 4º, parágrafo único, da IN nº 2/2008, da SLTI
por cooperaƟvas. do MPOG, cujo teor deverá apontar que:
Nesse passo, para que a parƟcipação de coopera- 1. O objeto da licitação pode ser executado
Ɵvas em licitações públicas seja lícita, será imprescin- por uma cooperaƟva de trabalho com autono-
dível, primeiramente, que a sua aƟvidade esteja dire- mia pelos seus cooperados, não apresentando
tamente ligada ao objeto licitado, conforme leciona o nenhum traço de subordinação entre a coope-
prof. Marçal Justen Filho (2012): raƟva e os cooperados ou entre a Administração
e os cooperados, fato que, caso seja observado,
Essas considerações permitem aÞrmar que é pos-
sível e viável a parƟcipação de cooperaƟva em licitação
impossibilitará a parƟcipação destas enƟdades
quando o objeto licitado se enquadra na aƟvidade no certame licitatório; e
direta e especíÞca para a qual a cooperaƟva foi cons- 2. Ser possível a realização da gestão opera-
Ɵtuída. Se, porém, a execução do objeto contratual cional do serviço demandado de forma compar-
escapar à dimensão do “objeto social” da cooperaƟva Ɵlhada ou em rodízio pelos cooperados, em que
ou caracterizar aƟvidade especulaƟva, haverá atuação
as aƟvidades de coordenação e supervisão da
irregular da cooperaƟva (p. 471).
execução das aƟvidades, bem como o desempe-
Outrossim, diante da impossibilidade de a coope- nho da função de preposto, possam ser realizados
raƟva de trabalho ser uƟlizada com o escopo de inter- por todos os membros da cooperaƟva.
mediar mão de obra subordinada, deverá ser aferido,
Reforça-se que, por meio do referido documento,
na fase interna da licitação, se o objeto demandado
restará constatado que a cooperaƟva que acudiu ao
pela Administração pode ser executado pelos coo-
chamado da Administração de fato (1) detém autono-
perados de forma autônoma, vale dizer, a atuação
mia, ou seja, é dirigida de forma coleƟva e coordenada
dos referidos colaboradores não poderá apresentar
por meio de assembleia geral, sendo detentora de
subordinação – seja entre a cooperaƟva e os coope-
regras de funcionamento e da forma de execução dos
rados, seja entre a Administração e os cooperados –,
trabalhos, (2) possui autogestão, na medida em que as
pessoalidade, habitualidade.
decisões da enƟdade ocorrem por meio de processo
Nesse passo, caso se veriÞque que a atuação dos democráƟco no qual a assembleia geral deÞne as
cooperados na execução do objeto contratado apre- diretrizes para o funcionamento e as operações da
senta subordinação, pessoalidade e habitualidade, cooperaƟva, e os sócios decidem sobre a forma de
fato que traduz ßagrante ausência de autonomia dos execução dos trabalhos, por efeito do teor constante
cooperados na execução das aƟvidades necessárias do caput e incisos do art. 2º da Lei nº 12.690/2012 e,
para cumprimento do objeto pactuado, restará afas- por Þm, (3) não exerce as aƟvidades necessárias para
tada a possibilidade da sua realização por uma socie- o cumprimento do pactuado de forma a criar sujeição,
dade cooperaƟva. Logo, a proibição da parƟcipação pessoalidade e habitualidade dos cooperados.
destas enƟdades no certame licitatório será imposta.
Observa-se, portanto, que o modelo de gestão
De outra banda, vislumbrando-se, na ocasião operacional, que deverá ser exigido nas licitações
oportuna, a possibilidade de o objeto do certame ser processadas pela Administração Pública Federal para
executado de forma autônoma pelos cooperados, Þns de classiÞcação da proposta por força do disposto
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