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MANUAL

PROACÚSTICA
DE

ACÚSTICA
BÁSICA

Associação
Brasileira para a
Qualidade Acústica
PREFÁCIO

Dentre tantos méritos, o advento da Norma de Desempenho con-


tribuiu para a maior interação entre os diversos integrantes da
cadeia da construção, prova disto é que, quem tem a honra de es-
crever o prefácio desta preciosa publicação da ProAcústica é um
construtor e representante da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC).

O sucesso de um empreendimento está relacionado a boas parce-


rias. Construtor, projetista, fornecedor de materiais e equipamentos
devem trabalhar irmanados em favor do bem comum da sociedade.

A despeito de seu tradicionalismo, a indústria da construção civil


assimilou vasta e variada gama de novos materiais, elementos e
sistemas construtivos ao longo da última década, notadamente nos
anos de forte crescimento econômico. Com isso, torna-se cada vez
mais necessário o domínio do conhecimento, por parte de todos os
atores da cadeia da construção, de suas características técnicas
e de desempenho, bem como a inter-relação entre a diversidade
de sistemas que compõem um empreendimento. Só desta maneira
será possível obter, da escolha feita, todo o seu potencial e assim
justificar o investimento realizado em Pesquisa & Desenvolvimento.

Certamente foi comungando do ideal acima que os companheiros


da ProAcústica desenvolveram um manual simples e objetivo, que
conta com informações básicas, mas basilares para todos que de-
sejam e precisam lidar com os conceitos de acústica, provavel-
mente o parâmetro que mais contribuiu para a difusão do conheci-
mento em torno da já referida Norma de Desempenho.
Neste Manual de Acústica Básica, o leitor, seja ele especifica-
dor, construtor, instalador, fornecedor ou comprador, além das
SUMÁRIO
referências às normas técnicas afins ao tema, encontrará desde
fundamentos até conceitos técnicos determinantes para que sua 1. Apresentação .................................................................................................. 5
experiência com o tema seja agradável como as ondas sonoras 2. Conceitos básicos e terminologias ................................................................ 6
propagadas pela “sinfonia tocada por uma orquestra”, bem longe
2.1. O som e suas propriedades .......................................................................... 7
da provocada pelo ruído ou barulho de “uma furadeira sendo utili-
2.1.1. Frequência ................................................................................................. 8
zada no apartamento do vizinho”.
2.1.2. Espectro sonoro ........................................................................................ 9
2.1.3. Comprimento de onda ............................................................................. 10
2.1.4. Velocidade de propagação sonora ........................................................... 10

DIONYZIO ANTONIO MARTINS KLAVDIANOS 2.1.5. Amplitude ................................................................................................. 11


Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF) / Biênio 2.2. Nível de pressão sonora (NPS) ................................................................... 12
2019–2021, vice-presidente da área de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produti- 2.2.1. Curva de ponderação A ............................................................................ 14
vidade - COMAT/CBIC. Formado em Engenharia Civil pela Universidade de Brasília
2.3. Os efeitos do ambiente no som ................................................................... 14
(UnB), o empresário tem MBA em Especialização em Negócios para Executivos,
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e em Finanças, pelo Instituto Brasileiro de 2.3.1. Reverberação ........................................................................................... 14
Mercado de Capitais (Ibmec). Klavdianos é diretor técnico da Itebra Construções e 2.3.2. Absorção, reflexão, difusão e transmissão ............................................. 16
Instalações Técnicas Ltda., empresa fundada em 1973.
2.4. Ruído aéreo vs. ruído de impacto .................................................................... 18
2.5. Som residual ...................................................................................................... 18
2.6. Condicionamento vs. isolamento acústico ................................................. 20
3. Condicionamento acústico ............................................................................ 22
3.1. Como avaliar o condicionamento acústico de um ambiente ..................... 23
3.2. Como especificar um material para o condicionamento acústico ............ 26
4. Isolamento acústico ...................................................................................... 28
4.1. Como avaliar o isolamento acústico em edifícios ...................................... 30
4.2. Como especificar elementos para isolamento acústico ............................ 31
5. Boas práticas para especificação de materiais ........................................... 34
6. Normas técnicas ........................................................................................... 38
7. Quiz - Mitos e verdades ................................................................................. 42
8. Referências - Bibliografia e Normas ............................................................ 47
1 APRESENTAÇÃO

A experiência de profissionais que trabalham com acústica no Brasil


mostra que os conceitos básicos sobre o tema ainda geram mui-
tas dúvidas, o que dificulta o diálogo entre consultores, projetistas,
arquitetos e clientes. Este manual tem por objetivo esclarecer, aos
envolvidos no processo, os principais conceitos de acústica que são
abordados durante o desenvolvimento de um projeto.

Com este intuito, a ProAcústica criou o Grupo de Trabalho Acústica


Básica, que integra o Comitê Acústica nas Edificações. Do grupo,
participam diversas empresas associadas empenhadas na criação
de um manual que atenda à demanda dos setores envolvidos com
pro­jetos acústicos de edificações.

A publicação traz definições de terminologias acústicas para carac-


terizar a eficiência dos produtos, bem como conceitos relacionados
a descritores acústicos e índices utilizados pelos setores de esqua-
drias, forros, revestimentos e demais materiais acústicos.

O Manual ProAcústica de Acústica Básica pode ser utilizado por


projetistas, arquitetos, engenheiros, estudantes, consultores, fabri-
cantes e todos os envolvidos em projetos e obras para aplicação di-
reta destes conceitos. Esta publicação é uma importante ferramen-
ta para tornar as informações sobre acústica acessíveis ao público
não especializado.

Manual ProAcústica | Acústica Básica 5


CONCEITOS BÁSICOS
2 E TERMINOLOGIAS 2.1  O som e suas propriedades

Definindo som, suas propriedades O som pode ser definido como a variação de pressão em torno
e efeitos no ambiente da pressão atmosférica que ocorre em períodos regulares e é
perceptível pelo sistema auditivo humano. O som se propaga
por ondas em meios como o ar, a água e os sólidos, podendo
ser caracterizado por sua frequência e amplitude.

FIGURA 1
ONDA SONORA RAREFAÇÃO COMPRESSÃO
EM PROPAGAÇÃO DAS PARTÍCULAS
DAS PARTÍCULAS

Constantemente o som está presente na vida do ser humano, até


mesmo durante o sono, pois o sistema auditivo está sempre alerta e
nunca desliga. As ondas sonoras carregam informações e os sons
produzidos por elas são fundamentais para a comunicação. Exem-
plos desses sons são a fala de uma pessoa, um sinal de alerta, a
sinfonia tocada por uma orquestra, uma furadeira sendo utilizada
no apartamento do vizinho, as buzinas de veículos, entre outros. O
som pode ser agradável ou não. Quando o som não é agradável é
considerado ruído ou barulho.

Ruído é um conceito subjetivo não existindo definição única. Em


acústica, a palavra ruído geralmente é atribuída a sons não dese-
jados ou desagradáveis.

Manual ProAcústica | Acústica Básica 7


2.1.1 FREQUÊNCIA 2.1.2  ESPECTRO SONORO

O som se propaga por ondas com uma determinada repetição perió- Assim como a luz, os sons podem ser decompostos em faixas de
dica, através da rarefação e compressão das partículas do meio. A frequências. No caso da luz branca, esta decomposição resulta
taxa desta repetição define a frequência e vai determinar se ouvire- nas cores que vemos em um arco-íris. Já o som resulta no que
mos sons mais graves ou agudos. chamamos espectro de frequências.

A unidade utilizada para quantificar a frequência é o Hertz (Hz), que Quando Isaac Newton utilizou um prisma e decompôs a luz pela
representa o número de repetições periódicas ocorridas por segun- primeira vez, se assustou com a imagem colorida e a batizou de
do. Por exemplo, na frequência de 1 Hz a repetição ocorre uma vez espectro (que quer dizer "fantasma" em latim). Desde então, este
a cada segundo. termo é também utilizado para a decomposição do som.

O ser humano não é capaz de ouvir todas as frequências que existem


na natureza. Em média, começamos a escutar sons com frequên- O conjunto de frequências que compõe um som
cias a partir de 20 Hz e paramos de escutar acima de 20.000 Hz. Os forma o espectro sonoro.
sons com frequências inferiores a 20 Hz são chamados infrassons e
os acima de 20.000 Hz, ultrassons.
ESPECTRO
Para facilitar, as frequências audíveis normalmente são classificadas DA LUZ
em baixas frequências, entre 20 Hz e 200 Hz; médias frequências, de
LUZ BRANCA
200 Hz a 2.000 Hz; e altas frequências, de 2.000 Hz a 20.000 Hz.

FIGURA 2
INFRASSONS SONS AUDÍVEIS ULTRASSONS FAIXA DE ESPECTRO
FREQUÊNCIA SONORO 90
DOS 75

NPS (dB)
INFRASSONS, 60

SONS AUDÍVEIS SOM 45


30
E ULTRASSONS 15
0
BAIXAS MÉDIAS ALTAS 125 250 500 1000 2000 4000 8000

FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS


FREQUÊNCIA (Hz)

FREQUÊNCIA (Hz) 20 200 2.000 20.000


FIGURA 3 - ESPECTRO DA LUZ VS. ESPECTRO SONORO

8 Manual ProAcústica | Acústica Básica 9


2.1.3  COMPRIMENTO DE ONDA FIGURA 5
AR ÁGUA CONCRETO
VELOCIDADE
DE PROPAGAÇÃO
≈ 343 m/s ≈ 1.482 m/s ≈ 4.000 m/s
As ondas sonoras apresentam diferentes comprimentos para cada SONORA EM
DIFERENTES
frequência. O símbolo grego λ (lambda) é utilizado para representar MEIOS
o comprimento de onda. Para os sons audíveis, se propagando no
ar*, este comprimento pode variar de aproximadamente 1,7 centíme-
tros – tamanho de uma abelha – até mais de 17 metros – tamanho de
um prédio de 6 andares.

Velocidade do som
Comprimento de onda (λ) =
Frequência

A frequência e o comprimento de onda se relacionam de forma inversa, 2.1.5 AMPLITUDE


ou seja, quanto maior a frequência menor será o comprimento de onda.
O som se propaga através de variações de pressão no meio. Quanto
maior for esta variação, maior será a sua amplitude – geralmente
FIGURA 4
EXEMPLOS DE expressa em Pascal (Pa).
COMPRIMENTOS
DE ONDA *
λ = 17 m λ = 1,7 m λ = 17 cm λ = 1,7 cm O ser humano é capaz de ouvir uma variação de pressão sonora (am-
plitude) da ordem de 0,00002 Pa a 200 Pa, ou seja, uma variação de
10 milhões de vezes! Assim, o sistema auditivo pode ser comparado a
uma balança capaz de pesar uma maçã, um elefante e uma montanha.
FREQUÊNCIA (Hz) 20 200 2.000 20.000

* Considerando a velocidade de propagação sonora no ar c = 343 m/s.


FIGURA 6
IMAGEM
2.1.4  VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO SONORA ILUSTRATIVA DA
CAPACIDADE
DA AUDIÇÃO
EM DETECTAR
O som se propaga em velocidades distintas nos diferentes meios. DIFERENTES
Em meios sólidos, a propagação do som é mais rápida que no ar. AMPLITUDES

Por exemplo, quando um trem se aproxima, primeiro são sentidas


as vibrações nos trilhos, seguidas pelas vibrações no ar.

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2.2  Nível de pressão sonora (NPS) A Figura 8 apresenta os limiares auditivos do ser humano em di-
versas frequências bem como regiões do espectro que abrangem a
O nível de pressão sonora, expresso em decibel (dB), é uma escala que fala e a música. O limiar da audição, próximo a 0 dB na frequência
re­laciona de forma logarítmica a pressão sonora medida com uma de 1.000 Hz, representa a amplitude mínima necessária para que
outra de referência. Usualmente, esta referência é a pressão sonora a um som seja ouvido. A curva superior é o limiar da dor causado
partir da qual o ser humano começa a escutar os sons (20 μPa). por amplitudes sonoras extremas. No entanto, há risco de danos à
audição mesmo antes da sensação de dor.
A escala logarítmica é utilizada para facilitar a representação e cál-
culos da pressão sonora. Lembre-se que é possível ter variações da
ordem de até 10 milhões de vezes!
O sistema auditivo não é igualmente sensível
para toda a faixa audível. Por isso, cada frequência
possui limiares auditivos diferentes.
Pressão sonora medida
Nível de pressão sonora = 20 x log dB
Pressão sonora de referência

FIGURA 8 - LIMIARES AUDITIVOS PARA O SER HUMANO

140 Limiar da dor 140

Decolagem de jato (a 60 m) 130 LIMIAR DA DOR


120
120 Sirene

NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (dB)


Show de rock 110
100 RISCO DE DANO
100 Sobrevôo de helicóptero
Caminhão em aceleração 90
80 MÚSICA
80 Trem de carga (a 30 m)
Via de tráfego intenso 70
60 FALA
60 Conversação
Sala de espera / Restaurante 50 40
(desocupados) 40 Dormitório / Biblioteca
Área rural silenciosa 30 LIMIAR DA
20
AUDIÇÃO
20 Estúdio de gravação 10
10 0
FIGURA 7
LOCAIS/ATIVIDADES 0 Limiar da audição (1.000 Hz)
VS. NPS NPS 20 31,5 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000 16.000
(dB)

FREQUÊNCIA (Hz)

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2.2.1  CURVA DE PONDERAÇÃO A mobília e até mesmo as pessoas presentes contribuem, em geral,
para reduzir a reverberação.
O ser humano não percebe da mesma maneira amplitudes das fre-
quências graves, médias e agudas. Para compensar essa diferença Quanto maior for o volume do ambiente e quanto menos absorção
na percepção foi criada uma curva de ponderação em frequência, sonora estiver presente, maior será a reverberação. Por exemplo,
conhecida como curva de ponderação A. Esta curva é muito uti- um apartamento ou casa nova sem mobília pode ser re­verberante.
lizada em análises acústicas como, por exemplo, na legislação de Depois que o ambiente está mobiliado é possível perceber que a
avaliação do incômodo e saúde ocupacional por melhor representar reverberação diminui significativamente.
a audição humana.

FIGURA 10 AMBIENTE AMBIENTE


FIGURA 9 - CURVA DE PONDERAÇÃO A AMBIENTE REVERBERANTE NÃO REVERBERANTE
REVERBERANTE
10
VS. NÃO
FATOR DE PONDERAÇÃO (dB)

REVERBERANTE
0
-10
-20
-30
-40
-50
-60
-70
-80
16 31,5 63 125 250 500 1.000 2.000 4.000 8.000 16.000

FREQUÊNCIA (Hz)

Em um ambiente reverberante, normalmente, existe a dificuldade


2.3  Os efeitos do ambiente no som para compreensão da fala, pois as sílabas das palavras são sobre-
postas pelas anteriores, devido as muitas reflexões sonoras. A solu-
ção deste problema não depende do ouvinte, mas do comportamen-
2.3.1 REVERBERAÇÃO to do som no local. Daí a importância do condicionamento acústico.

A reverberação sonora em espaços fechados é um fenômeno que A reverberação sonora pode ser caracterizada por meio do Tempo
ocorre quando o som permanece no ambiente ao refletir em pare- de Reverberação (TR), apresentado com mais detalhes no Item 3.1.
des, pisos, tetos e demais superfícies. Os materiais de absorção, a

14 Manual ProAcústica | Acústica Básica 15


2.3.2  ABSORÇÃO, REFLEXÃO, DIFUSÃO E TRANSMISSÃO
FIGURA 12
ABSORÇÃO,
Ao atingir uma superfície, as ondas sonoras têm parte de sua ener- REFLEXÃO
gia absorvida (dissipada), parte refletida e parte transmitida por ela. E DIFUSÃO
ABSORÇÃO REFLEXÃO DIFUSÃO
SUPERFÍCIE ABSORVENTE SUPERFÍCIE REFLETIVA SUPERFÍCIE DIFUSORA

A
O som transmitido por um elemento corresponde à parte da ener-
gia sonora que não foi absorvida nem refletida. Para evitar a trans-
C missão sonora de um ambiente para outro é necessário utilizar ma-
FIGURA 11 teriais/sistemas de isolamento acústico. Ver Capítulo 4.
SOM INCIDINDO
EM UMA A. ENERGIA INCIDENTE
SUPERFÍCIE B B. ENERGIA REFLETIDA
C. ENERGIA TRANSMITIDA É comum ainda confundir absorção com isolamento
D D. ENERGIA DISSIPADA acústico e a função de cada material utilizado. Materiais
absorventes são, em geral, leves e de baixa densidade,
enquanto materiais isolantes são mais pesados e densos.

A absorção sonora corresponde à capacidade do material de dissi-


par a energia do som. Materiais fonoabsorventes são, normalmente, FIGURA 13
fibrosos ou porosos como lãs minerais, espumas etc. MATERIAIS
ACÚSTICOS
APLICADOS
A parte da energia sonora que incide sobre um material e retorna EM UM
AMBIENTE
ao ambiente é descrita como reflexão. Materiais refletivos apresen- REFLEXÃO / DIFUSÃO

tam superfícies rígidas como por exemplo blocos cerâmicos ou de ABSORÇÃO ISOLAMENTO
concreto, vidros etc.

A difusão é um tipo especial de reflexão em que a onda sonora


incide sobre uma superfície irregular, que "espalha" a energia ABSORÇÃO

sono­r a no ambiente em diversas direções. Elementos difusores


são irregulares e podem ser projetados para atuarem de forma
específica no condicionamento do som em um ambiente.

16 Manual ProAcústica | Acústica Básica 17


2.4  Ruído aéreo vs. ruído de impacto
Em edificações, o ruído pode ser transmitido pelo ar ou pela estrutu-
ra, mas o que o classifica como aéreo ou de impacto é a sua origem.
Ruídos gerados no ar, como conversas e músicas, são considerados FIGURA 15
aéreos. Ruídos causados pelo impacto direto na estrutura, como SOM
RESIDUAL
como passos, queda de objetos, arraste de móveis e marteladas são
considerados de impacto.

FIGURA 14
RUÍDO
AÉREO E AÉREO
DE IMPACTO

IMPACTO

❚ Rodovias e ferrovias;
❚ Sobrevoo de aeronaves;
❚ Sistemas de ventilação;
❚ Sistemas de ar condicionado;
❚ Instalações hidrossanitárias;
2.5  Som residual ❚ Conversas.

O som residual, popularmente conhecido como ruído de fundo, é o


som existente em um local sem a presença das fontes sonoras de Em edificações é importante que o som residual seja adequado ao
interesse. Os ambientes são influenciados pelo som residual pro- uso do espaço. Isso é determinante tanto para a obtenção de boas
veniente tanto do meio externo como do interno como ocorre em condições de conforto acústico, quanto para proporcionar boa co-
edificações habitacionais, escolas, teatros, aeroportos etc. Alguns municação e apresentações artísticas.
exemplos de fontes sonoras que podem compor o som residual são:

18 Manual ProAcústica | Acústica Básica 19


É importante conhecer o comportamento das fontes sonoras com O isolamento acústico, por sua vez, refere-se à capacidade dos mate-
as quais se está lidando. A Figura 16 apresenta espectros típicos de riais minimizarem a transmissão sonora entre dois recintos, tanto de
modais de transporte. dentro para fora como de fora para dentro do ambiente. Ver Capítulo 4.

FIGURA 16 - FONTES SONORAS EXTERNAS TÍPICAS FIGURA 17 - CONDICIONAMENTO VS. ISOLAMENTO ACÚSTICO

100 CONDICIONAMENTO
DECOLAGEM DE ACÚSTICO
AVIÃO A JATO
NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (dB)

90 Distância: 305 m

80
CAMINHÃO
A 65 Km/h
Distância: 15 m
70

60
CARRO
A 65 Km/h
Distância: 15 m ISOLAMENTO
50
ACÚSTICO
125 4.000

FREQUÊNCIA (Hz)

2.6 Condicionamento vs. isolamento acústico


Os termos condicionamento e isolamento acústico se referem a
duas abordagens complementares para a adequação acústica de
ambientes.

O condicionamento acústico está relacionado com a qualidade Agora que já conhecemos os conceitos e terminologias básicas
acústica interna dos ambientes, ou seja, concentra-se na modela- utili­zadas em acústica, vamos falar sobre como avaliar um am-
gem das propriedades de absorção, reflexão e difusão dos materiais biente e escolher os materiais adequa­dos para o condicionamento
utilizados. Ver Capítulo 3. e isolamento acústico, nos Capítulos 3 e 4, respectivamente.

20 Manual ProAcústica | Acústica Básica 21


CONDICIONAMENTO
3 ACÚSTICO 3.1  Como avaliar o condicionamento acústico de
um ambiente
Parâmetros e boas práticas Com a invenção do microfone, o condicionamento acústico nos am-
para projetos bientes deixou de ser obtido por tentativa e erro ou simplesmente
pela réplica de soluções bem-sucedidas. Com as novas tecnologias,
que permitem medições e simulações, é possível mapear os pa-
drões presentes nos locais em que a acústica é adequada.

Diversos parâmetros foram desenvolvidos para quantificar objeti-


vamente o comportamento do som no recinto e relacioná-lo com as
impressões sonoras subjetivas do ouvinte. O tempo de reverberação
(TR) é o mais conhecido e utilizado.

TEMPO DE REVERBERAÇÃO - TR

O tempo de reverberação é definido como o tempo necessário


para que a energia sonora diminua 60 dB em um ambiente, após a
emissão da fonte ser interrompida. Ele depende principalmente do
volume da sala e da quantidade de absorção sonora presente.

100

PRESSÃO SONORA (dB)


NÍVEL DE
80
60 dB
60

40
FIGURA 18
20 TEMPO DE REVERBERAÇÃO
REPRESENTAÇÃO 1.9 s
GRÁFICA DO TR
0
0 1.0 2.0 TEMPO (s)

Manual ProAcústica | Acústica Básica 23


O tempo de reverberação tem grande impacto na maneira em que per- Uma das maneiras de controlar a reverberação é com a aplicação
cebemos os sons. Em uma igreja gótica o som de um órgão fica gran- de revestimentos fonoabsorventes nas superfícies de um ambiente,
dioso devido ao elevado tempo de reverberação. Já uma sala de aula como espumas, lãs minerais, lãs de pet e demais materiais fibro-
exige um tempo de reverberação curto para que as palavras sejam sos. A quantidade, o desempenho e a distribuição destes materiais
ouvidas e compreendidas de forma clara. Daí é recomendado adequar vão definir o tempo de reverberação.
os tempos de reverberação dos espaços aos usos previstos (Figura 19).
Além de quantificar o tempo de reverberação, por meio de medição
é possível estimá-lo usando a equação, a seguir, que considera o vo-
FIGURA 19 - TR RECOMENDADO PARA DIFERENTES AMBIENTES (EM 500 HZ) *
lume da sala, absorção dos materiais e suas respectivas dimensões.

Orquestra / Coro / Órgão


Sinfonia
Volume do ambiente
Ópera Tempo de Reverberação = 0,161
MÚSICA

Música de câmara
Área de absorção equivalente
Show de rock e pop
Opereta / Musical
Clube de jazz

A área de absorção equivalente (AAE) é um parâmetro que repre-


Igreja Catedral senta a quantidade total de absorção sonora dos materiais aplica-
MÚSICA
FALA /

Auditório multiuso
dos nas superfícies. Para calcular o AAE é necessário multiplicar
Cinema
as áreas de cada material pelos seus coeficientes de absorção. No
final, o AAE é resultado da soma de todos estes valores.
Teatro
Sala de conferência
Por exemplo, um absorvedor de 10 m2 e coeficiente de absorção de
FALA

Berçário / Sala de aula


0,5 tem uma área de absorção sonora equivalente de 5 m2 e o mesmo
Estúdio de gravação
efeito de um absorvedor de 20 m2, com um coeficiente de absorção
de 0,25 ou de um absorvedor de 5 m2 e coeficiente de absorção 1.
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4

Embora o TR seja o parâmetro mais conhecido, existem outros atri-


TEMPO DE REVERBERAÇÃO (s)
butos que podem ser utilizados para a avaliação da resposta acústi-
* Critérios retirados do livro Acoustics and Sound Insulation de Eckard Mommertz
ca conforme o uso do ambiente.
(Birkhäuser Architecture, 2009).

24 Manual ProAcústica | Acústica Básica 25


3.2  Como especificar um material para o COEFICIENTE DE ABSORÇÃO SONORA PONDERADO - αw
condicionamento acústico
Representa a absorção sonora de um material por meio de um valor
Existem parâmetros que possibilitam a comparação entre mate- único determinado conforme a norma ISO 11654, sendo mais utiliza-
riais utilizados no condicionamento acústico de ambientes. O coefi- do por ser obtido a partir de uma norma internacional.
ciente de absorção sonora, obtido em ensaios de laboratório, é um
dos mais importantes. A partir dele pode-se calcular o tempo de
reverberação e demais indicadores acústicos. COEFICIENTE DE REDUÇÃO DE RUÍDO - NRC (NOISE
REDUCTION COEFFICIENT)

COEFICIENTE DE ABSORÇÃO SONORA - α Este critério também representa a absorção sonora de um material
por meio de um valor único, sendo determinado segundo a norma
O coeficiente de absorção sonora α  (alpha) caracteriza a capaci- ASTM C423. É dado pela média aritmética dos coeficientes de absor-
dade que um material tem para absorver o som. Esse é um valor ção sonora (α) das bandas de oitava centradas nas frequências de 250 Hz,
que varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 0 menor sua 500 Hz, 1.000 Hz e 2.000 Hz. Por ser uma média aritmética, deve-se
capacidade de absorção. utilizar esse parâmetro com cautela, pois materiais com curvas de
absorção muito diferentes podem resultar no mesmo NRC.
A absorção sonora é uma característica que depende da fre-
quência. Alguns materiais possuem maior absorção em altas
frequências, enquanto outros possuem maior absorção em bai-
xas frequências.

É importante analisar a variação da absorção


nas diversas frequências, mesmo que comercialmente
sejam estabelecidos valores únicos para facilitar
a comparação entre os produtos.

26 Manual ProAcústica | Acústica Básica 27


ISOLAMENTO
4 ACÚSTICO O isolamento acústico está relacionado a como os elementos cons-
trutivos reduzem a transmissão sonora entre ambientes.
Parâmetros e boas práticas Em geral, o isolamento acústico depende da massa dos materiais.
para projetos Elementos pesados, como paredes de alvenaria, vidros espessos e
elementos de concreto, apresentam alto grau de isolamento acústico.

Uma alternativa para obter bom isolamento acústico com materiais


mais leves é a utilização de sistemas compostos, por exemplo, o
drywall. Esses sistemas são uma espécie de “sanduíche”, em que
nas partes externas são utilizados materiais mais densos e pou-
co espessos, como placas de gesso, e a parte interna é preenchida
com materiais porosos ou fibrosos como lãs minerais ou lãs de pet.

FIGURA 20 ISOLAMENTO ISOLAMENTO


ISOLAMENTO EM ALVENARIA EM DRYWALL
ACÚSTICO EM
ALVENARIA E
DRYWALL
PLACAS
DE GESSO
BLOCOS
MATERIAL
POROSO/
FIBROSO

As frestas também influenciam muito na eficiência do isolamento


acústico. Para se ter uma ideia, uma parede com apenas 0,1% de
fresta pode ter seu desempenho de isolamento acústico seriamen­te
comprometido, perdendo até metade de sua eficiência.

Manual ProAcústica | Acústica Básica 29


Quando o ruído for externo, o isolamento acústico global da fachada DIFERENÇA PADRONIZADA DE NÍVEL PONDERADA
vai depender do isolamento da parede combinado com o das esqua- A 2 METROS DA FACHADA - D2m,nT,w
drias (portas e janelas). Em ambientes de cobertura, a composição
do telhado também deve ser levada em consideração. Representa a capacidade de redução sonora de uma fachada em
relação a sons exteriores a uma edificação, também descrito
por meio de um número único. Esse índice é obtido conforme a
4.1  Como avaliar o isolamento acústico em edifícios ISO 16283-3, ISO 10052 e ISO 717-1.

O desempenho de isolamento acústico entre recintos ou de uma fa- Quanto maior o valor de D2m,nT,w maior é a capacidade da fachada em
chada pode ser avaliado em campo, isto é, no próprio edifício. Para atenuar a transmissão de ruído aéreo.
isso, existem normas específicas que descrevem os procedimentos
e os indicadores adequados.
NÍVEL DE PRESSÃO SONORA DE IMPACTO PADRÃO
O isolamento acústico depende de fatores como o volume dos recin- PONDERADO - L’nT,w
tos, a união dos elementos e a qualidade da execução da obra. Vale
ressaltar que os resultados em campo podem ser bem diferentes Representa a energia sonora transmitida a um ambiente receptor
dos obtidos em laboratório. por um sistema de piso. Obtido conforme as normas ISO 16283-2,
ISO 10052 e ISO 717-2.
Abaixo, seguem relacionados os parâmetros comumente utilizados
para avaliar o desempenho de isolamento acústico dos elementos Quanto maior o valor de L'nT,w menor a capacidade do sistema em
em campo: atenuar a transmissão de ruído de impacto.

DIFERENÇA PADRONIZADA DE NÍVEL PONDERADA - DnT,w 4.2  Como especificar elementos para isolamento
acústico
Representa a diferença entre a energia sonora incidente sobre um
elemento e a energia transmitida, por meio de um valor único. Obtido Para especificar materiais em projeto de isolamento acústico são
conforme a ABNT NBR 16283-1, ISO 10052 e ISO 717-1. necessários ensaios de laboratório. Estes ensaios são feitos de for-
ma normalizada, de acordo com normas técnicas, o que possibilita
Quanto maior o valor de DnT,w maior é a capacidade do elemento em a posterior comparação do desempenho entre materiais e a escolha
atenuar a transmissão de ruído aéreo. mais apropriada para cada caso.

30 Manual ProAcústica | Acústica Básica 31


ÍNDICE DE REDUÇÃO SONORA PONDERADO - Rw apenas o forro, sem septo, sendo um valor único obtido de acordo com
a ISO 10848. Mais utilizado por ser indicado por norma internacional.
Representa a diferença entre a energia sonora incidente sobre um
elemento e a energia transmitida. O índice é medido em laboratório
de acordo com a ISO 10140-2, tendo seu valor único obtido por pro- CAC: CEILING ATTENUATION CLASS
cedimento descrito na ISO 717-1.
É utilizado para classificar o desempenho de um sistema de forro
Quanto maior o valor de Rw maior é a capacidade do elemento em como uma barreira à transmissão de sons aéreos por meio de um
atenuar a transmissão de ruído aéreo. plenum compartilhado entre espaços fechados adjacentes. O método
de determinação é descrito pela ASTM E1414.

NÍVEL DE PRESSÃO SONORA DE IMPACTO PONDERADO - Ln,w


Você já deve ter ouvido falar que o isolamento acústico
medido em campo pode ser diferente do isolamento medido em
É o nível de pressão sonora medido em laboratório na câmara de laboratório. Isso acontece porque em um laboratório é possível
ensaio inferior, utilizando uma máquina de impactos padronizada garantir que a transmissão sonora ocorra somente pelo elemento
que “martela” o piso na câmara superior, conforme a ISO 10140-3. ensaiado, diferentemente de uma situação real – construção de
O valor único é obtido por um procedimento descrito na ISO 717-2. uma parede, instalação de portas ou janelas, por exemplo.

Quanto maior o valor de Ln,w menor é a capacidade do sistema em


atenuar a transmissão de ruído de impacto. LABORATÓRIO CAMPO SITUAÇÃO REAL

1 1 2
Existem indicadores específicos para utilização em situações onde
FIGURA 21
o Rw e o Ln,w não são adequados, como o isolamento entre dois am- ISOLAMENT0
bientes vizinhos com forros e separados por paredes que não che- MEDIDO EM
LABORATÓRIO
gam até a laje, ou seja, piso-forro. Os coeficientes utilizados nestas VS. A A
SITUAÇÃO REAL
situações são: Dnf,w e o CAC.
L n,w L’ nT,w

DIFERENÇA NORMALIZADA PONDERADA PARA FORROS Rw B D nT,w B

SUSPENSOS - Dnf,w
2 3 2 3

Representa a redução sonora por passagem dupla considerando

32 Manual ProAcústica | Acústica Básica 33


BOAS PRÁTICAS
5 PARA ESPECIFICAÇÃO No momento da especificação de materiais com características
acústicas é importante verificar com os fornecedores todos os itens
DE MATERIAIS referentes ao desempenho, solicitar amostras, catálogos e laudos
técnicos - de ensaios realizados por laboratórios acreditados pelo
INMETRO ou entidades reconhecidas internacionalmente.  
Orientações práticas para especificar
materiais corretamente O laudo solicitado deve ser apresentado na íntegra, incluindo anexos.

Os catálogos de materiais com características de absorção sono-


ra (Figura 22) como, por exemplo, forros e revestimentos, devem
apresentar:

❚ Curva de valores de absorção sonora (α) por frequência, de


acordo com a ISO 354;

❚ Valor de absorção sonora ponderado (global) αw de acordo com a


ISO 11654.

Os catálogos de materiais com características de isolamento sono-


ro (Figura 23) devem apresentar:

❚ Curva de valores de redução sonora (R) por frequência, de


acordo com a ISO 10140-2;

❚ Valor do índice de redução sonora ponderado (global) Rw de


acordo com a ISO 717-1.

NOTA: 
Além dos requisitos acústicos, também é importante observar outras
características como a reação ao fogo dos materiais.

Manual ProAcústica | Acústica Básica 35


FIGURA 22 FIGURA 23
EXEMPLO DE EXEMPLO DE
Medição do coeficiente de absorção sonora LAUDO DE LAUDO DE Medição do índice de redução sonora
MATERIAL DE MATERIAL DE
ISO 354 ABSORÇÃO ISOLAMENTO ISO 10140-2
SONORA SONORO

Laboratório: Laboratório:
Descrição do material: Descrição da amostra:

Coeficiente de absroção sonora 1,0 70

Índice de redução sonora (dB)


FREQUÊNCIA α FREQUÊNCIA R (dB)
(Hz) (Hz)

100 0,25 0,9 100 12 60


125 0,26 125 20

160 0,30 0,8 160 30 50


200 0,39 200 37

250 0,48 0,7 250 42 40


315 0,60 315 43

400 0,69 0,6 400 44 30


500 0,73 500 50

630 0,78 0,5 630 52 20


800 0,83 800 52

1000 0,85 0,4 1000 57 10


1250 0,88 1250 58

1600 0,85 0,3 1600 58


0
2000 0,80 2000 56 125 250 500 1.000 2.000 4.000
2500 0,84 2500 52 Frequência (Hz)
0,2
3150 0,85 125 250 500 1.000 2.000 4.000 3150 45

4000 0,84 Frequência (Hz) 4000 45

5000 0,85 5000 40

Data: Data:

36 Manual ProAcústica | Acústica Básica 37


6 NORMAS TÉCNICAS Para garantir o conforto acústico em ambientes diversos, a ABNT
desenvolveu um conjunto de normas técnicas que busca assegurar
Normas para avaliações acústicas
o bem-estar dos indivíduos:
em ambientes diversos
❚ ABNT NBR 10151
Estabelece valores de referência de níveis de pressão sonora
para ambientes externos a edificações, em áreas habitadas.

❚ ABNT NBR 10152


Estabelece valores de referência de níveis de pressão sonora
para projetos acústicos de ambientes internos em edificações,
em função de sua finalidade de uso.

❚ ABNT NBR 15575 *


Estabelece, entre outros itens, requisitos e critérios mínimos de
desempenho de isolamento acústico para edifícios habitacionais
(sistema de pisos, paredes, fachadas e coberturas das edificações).

NOTA: 
Para avaliação de sistemas de transporte estão sendo elaboradas
normas específicas a cada modal: aeroviário, ferroviário, metroviário
e rodoviário (ABNT NBR 16425).

❚ ABNT NBR ISO 3382


Especifica métodos para a medição de tempo de reverberação e
outros parâmetros de acústica em diversos tipos de ambientes

* Norma em revisão. Consulte o Manual ProAcústica sobre a Norma de Desempenho.

Manual ProAcústica | Acústica Básica 39


(salas de espetáculos artísticos, salas comuns e escritórios) e
AMBIENTE como analisar os resultados.
INTERNO
NBR 10152
FIGURA 24
APLICAÇÃO
❚ ABNT NBR IEC 60268-16 especifica os métodos objetivos para
DAS NORMAS a classificação da qualidade da transmissão da fala em relação
TÉCNICAS
à inteligibilidade.

DESEMPENHO
DA EDIFICAÇÃO
NBR 15575

NBR 10151

AMBIENTE
EXTERNO
NBR 16425
(EM ELABORAÇÃO)

40 Manual ProAcústica | Acústica Básica 41


QUIZ
7 MITOS E VERDADES 1. 
Apenas níveis elevados de pressão sonora causam incômodo.

[ ] Mito [ ] Verdade
Testando seu conhecimento
2. 
O som é transmitido mais rápido pelos sólidos que por vias aéreas.

[ ] Mito [ ] Verdade

3.  Falar mais alto em auditórios ou salas de aula com características re-
verberantes ajuda a melhorar a compreensão da palavra falada.

[ ] Mito [ ] Verdade

4. 
Um material caracterizado em laboratório não apresenta necessaria-
mente o mesmo desempenho acústico quando medido em campo.

[ ] Mito [ ] Verdade

5.  Um local muito silencioso sempre proporciona sensação de conforto


acústico às pessoas.

[ ] Mito [ ] Verdade

6. 
O uso de espumas ou EPS colados na parede ajuda a isolar sons entre
ambientes.

[ ] Mito [ ] Verdade

Manual ProAcústica | Acústica Básica 43


GABARITO

1. 
Apenas níveis elevados de pressão so- 2. 
O som é transmitido mais rápido pelos 3.  Falar mais alto em auditórios ou salas 4. 
Um material caracterizado em labora-
nora causam incômodo. sólidos que por vias aéreas. de aula com características reverbe- tório não apresenta necessariamente
rantes ajuda a melhorar a compreen- o mesmo desempenho acústico quando
MITO. O incômodo é subjetivo e pode VERDADE. Isso acontece devido às par- são da palavra falada. medido em campo.
variar com a situação ou sensibilidade tículas nos sólidos estarem mais pró-
de cada pessoa e principalmente com o ximas umas das outras do que no ar. MITO. A inteligibilidade da fala tende VERDADE. Os ensaios em laboratório
tipo de som. Por exemplo, o som de uma Assim, a transmissão ocorre de forma a ser prejudicada em ambientes muito são feitos de forma padronizada e não
cachoeira é muito mais elevado que o de mais rápida. reverberantes e com pouca absorção. representam uma situação real de ins-
uma torneira pingando mas, enquanto a Nesses casos não adianta elevar a voz talação do material na obra. Isso sig-
cachoeira geralmente agrada, a goteira mas, sim, falar mais devagar. Em situa- nifica que as transmissões laterais por
pode facilmente incomodar uma pessoa ções em que o ruído residual é elevado, flancos, a geometria, ou até uma boa
tentando se concentrar. porém, falar mais alto pode ajudar. instalação, não são considerados.

44 Manual ProAcústica | Acústica Básica 45


REFERÊNCIAS
8 BIBLIOGRAFIA E NORMAS

BIBLIOGRAFIA

❚ BRANDÃO, E. Acústica de salas: projeto e modelagem. 1ª ed.


Editora Blücher, 2016.

❚ BISTAFA, S. R. Acústica aplicada ao controle do ruído. 3ª ed.


Editora Blücher, 2018.

❚ LONG, M. Architectural acoustics. 1ª ed. Editora Elsevier, 2006.

❚ ARAC. Multibook of architectural acoustics.


http://www.arac-multibook.com

❚ Buero- forum. Office acoustics: how to effectively design the room


5. 
Um local muito silencioso sempre pro- 6. 
O uso de espumas ou EPS colados na acoustics of offices.
porciona sensação de conforto acústi- parede ajuda a isolar sons entre am-
co às pessoas. bientes.
NORMAS NACIONAIS
MITO. Depende da finalidade do am- MITO. No intuito de melhorar o isola-
biente e da situação. Para o sono, por mento acústico, é um equívoco muito ❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -
exemplo, o silêncio é normalmente comum utilizar materiais leves sim- ABNT NBR 10151:2019
desejado, porém lugares muito silen- plesmente colados, como espumas. Acústica - Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em
ciosos também podem ser desconfor- Estes materiais em si mesmos não têm áreas habitadas - Aplicação de uso geral. Rio de Janeiro, 2019.
táveis, pois estamos acostumados com capacidade de impedir a transmissão
certo ruído de fundo. Se você tentar ter sonora, por isso não haverá ganho sig- ❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -
uma conversa particular em um local nificativo no isolamento acústico com ABNT NBR 10152:2017
muito silencioso, como uma biblioteca, esta solução. Acústica – Níveis de pressão sonora em ambientes internos
perderá a privacidade. na edificação. Rio de Janeiro, 2017.

46 Manual ProAcústica | Acústica Básica 47


❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ❚ AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS -
ABNT NBR 15575:2013 ASTM C423
Edificações habitacionais — Desempenho. Rio de Janeiro, 2013. Standard Test Method for Sound Absorption and Sound Absorption
Coefficients by the Reverberation Room Method, 2017.
❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -
ABNT NBR 16313:2014 ❚ INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION -
Acústica - Terminologia. Rio de Janeiro, 2014. ISO 10140:2010
Acoustics - Laboratory measurement of sound insulation of building
❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - elements, 2010.
ABNT NBR ISO 3382:2017
Acústica - Medição de parâmetros de acústica de salas. Rio de ❚ INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION -
Janeiro, 2017. ISO 717:2013
Acoustics - Rating of sound insulation in buildings and of building
❚ ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - element, 2013.
ABNT NBR IEC 60268-16:2018
Equipamentos de sistemas de som - Parte 16: Avaliação objetiva da ❚ INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION -
inteligibilidade da fala pelo índice de transmissão da fala. Rio de ISO 10848:2017
Janeiro, 2018. Acoustics - Laboratory and field measurement of flanking
transmission for airborne, impact and building service equipment
sound between adjoining rooms, 2017.
NORMAS INTERNACIONAIS
❚ AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS -
❚ INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION - ASTM E1414:2016
ISO 354:2003 Standard Test Method for Airborne Sound Attenuation Between
Acoustics - Measurement of sound absorption in a reverberation Rooms Sharing a Common Ceiling Plenum, 2016.
room, 2003.
❚ INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION -
❚ INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION - ISO 16283
ISO 11654 Acoustics - Field measurement of sound insulation in buildings and
Acoustics - Sound absorbers for use in buildings - Rating of sound of building elements.
absorption, 1997.

48 Manual ProAcústica | Acústica Básica 49


MANUAL PROACÚSTICA DE ACÚSTICA BÁSICA
Guia prático e orientativo para que todos os envolvidos no processo tenham informações mais claras
a respeito dos conceitos básicos e terminologias utilizadas em acústica.

REALIZAÇÃO
Esta publicação é uma iniciativa da ProAcústica - Associação Brasileira para a Qualidade Acústica através
do Comitê Acústica de Edificações - Grupo de Trabalho Acústica Básica, formado por representantes das
empresas associadas de projeto e consultoria acústica e de fabricantes de produtos acústicos.

COORDENAÇÃO COMITÊ  Eng. Davi Akkerman


COORDENAÇÃO GT  Arq. Marcos Cesar de Barros Holtz
VICE-COORDENAÇÃO GT  Arq. Andrea Destefani

EMPRESAS ASSOCIADAS que colaboraram diretamente, através de seus representantes, com a produção
do conteúdo desta publicação técnica:

Projeto e Consultoria Acústica Fabricantes de Produtos Acústicos


Acústica & Sônica Isover Saint Gobain
Ca2 Consultores Knauf AMF Forros
Giner Sound Vibration Knauf Drywall
Giuseppe Suglia Representações OWA Sonex Brasil
Harmonia Acústica

DIRETORIA BIÊNIO 2018-2019


Diretor Presidente  Edison Claro de Moraes
Diretor Vice-Presidente Administrativo-Financeiro  Alberto Safra
Diretor Vice-Presidente de Recursos Associativos  José Carlos Giner
Diretor Vice-Presidente de Relações de Mercado  Carlos Henrique Mattar
Diretor Vice-Presidente de Atividades Técnicas  Marcos Cesar de Barros Holtz
Diretor Vice-Presidente de Comunicações e Marketing  Luciano Nakad Marcolino

GERENTE EXECUTIVA  Arq. Maria Elisa Miranda


GERENTE DE ATIVIDADES TÉCNICAS  Eng. Talita Pozzer (2018) / Eng. Priscila Wunderlich (2019)

REVISÃO  Ateliê de Textos - Assessoria de Comunicação


PROJETO GRÁFICO  O Nome da Rosa Editora
PRODUÇÃO  Natalia Zapella
ILUSTRAÇÕES  Mateus Acioli

Novembro de 2019

Av. Ibirapuera, nº 3.458 - Sala 1 - CEP 04.028-003


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