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TÉCNICAS E POSSIBILIDADES

EDUCACIONAIS DO SURDOCEGO
PRÉ-LINGUÍSTICO.

 METAS A SEREM ATINGIDAS


 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E
SUGESTÕES METODOLÓGICAS
 A TÉCNICA DE VAN DIJK
A importância de se construir
o EU na criança surdocega

“ Quem se proponha ajudar o desenvolvimento


psíquico humano deve partir do fato de que a
“mente absorvente” da criança se orienta no
ambiente; e, especialmente nos começos da vida,
tomará especiais precauções, a fim de que o
ambiente forneça interesse e atrativos a essa
mente que deles se há de nutrir para a própria
construção”

MONTESSORI, M. A mente absorvente. 2ª ed, Portugália,s/d, p.86

FONTE: ONCE, 2004


POSSIBILIDADES EDUCACIONAIS NO PRÉ-LINGUISMO
METAS A SEREM ATINGIDAS na CRIANÇA
SURDOCEGA CONGENITA

estabelecimento de um vínculo emocional – o tato como principal canal


afetivo
 atuação permanente de um mediador, em todas as etapas do
desenvolvimento infantil, proporcionando o maior número de
experiências táteis possíveis – manipulação de vários objetos
 estabelecimento de experiências interativas, que ajudem a criança
surdocega a diferenciar o Eu de seu entorno
 estabelecimento de uma forma de comunicação significativa como pré-
requisito para aquisição de linguagem
IMPORTANTE

O mediador deve ter sempre em


mente que a percepção do mundo através do
tato, do olfato, paladar, cinestesia e ainda os
chamados Sentidos Orgânicos: fome, sede,
sono, calor, frio, etc. são diferentes de sua
própria percepção audiovisual, para que possa
interpretar de forma correta os sinais
corporais de resposta aos estímulos dados à
criança
PARA QUE AS EXPERIÊNCIAS SEJAM SIGNIFICATIVAS É
NECESSÁRIO

► boa relação de confiança entre o mediador e a pessoa


com surdocegueira

► devem ser bem estruturadas, com etapas bem definidas:


começo e fim bem claros

► incentivo à sua interação através de atividades que atraiam


seu interesse

► ter um objetivo concreto dentro de um contexto que


permita o estabelecimento de significados

► considerar as características e interesses da pessoa com


surdocegueira
sem intervenção não desenvolvem comunicação.
 comunicação elementar através de gestos.
 em caso de resíduo auditivo funcional conseguem aprender e
usar palavras isoladas e frases curtas.
 se não possuem resíduo visual ou auditivo vivem num mundo
inconsistente sem saber o que ocorre a seu redor.
 comportamentos hipo ou hiper ativos
apresentam ainda rituais auto-estimulantes e alguns
comportamentos problemáticos.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
DOS ALUNOS SURDOCEGOS
PRÉ-LINGUISTICOS

NÃO SE COMUNICAM DE MANEIRA CONVENCIONAL


 PODEM APRESENTAR MOVIMENTOS
ESTEREOTIPADOS

 NÃO DEMONSTRARAM SABER AS FUNÇÕES DOS OBJETOS OU BRINQUEDOS


 PODEM RIR E CHORAR SEM CAUSA APARENTE
 PODEM APRESENTAR RESISTÊNCIA AO CONTATO FÍSICO
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
DOS ALUNOS SURDOCEGOS
PRÉ-LINGUISTICOS

 MOVIMENTAM OS DEDOS E AS MÃOS EM FRENTE AOS


OLHOS

 TROPEÇAM MUITO E BATEM NOS MÓVEIS E OBJETOS, ETC.

GOSTAM DE FICAR EM LOCAIS COM LUMINOSIDADE

 PODEM NÃO REAGIR A SONS

Fonte: ciranda da inclusão/ outubro 2010


TÉCNICAS E ABORDAGENS NO
PRÉ-LINGUISMO
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO E
AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

NÍVEIS DE INTERVENÇÃO

Nível 1: INTERAÇÃO Nível 2: Nível 3

COMUNICAÇÃO Aquisição de uma


linguagem
Nível 1
Interação
Objetivos:

• estabelecer uma relação positiva e de confiança


• motivar o interesse da pessoa com surdocegueira a participar e
interagir com outros
• desenvolver a compreensão de que suas ações têm um efeito sobre
os outros
• criar um ambiente estimulante que desperte seu interesse e motive a
sua participação nas atividades
• favorecer a expressão de suas emoções através de seu corpo de
acordo com a sua própria experiência
Nível 2
Comunicação
Objetivos:

• propiciar o conhecimento da realidade através da exploração e


experimentação ( interesse pelo mundo, atenção compartilhada )
• favorecer o desenvolvimento de gestos e expressões naturais
• propiciar e desenvolver a representação simbólica através da negociação
de significados
• motivar o diálogo conversacional ( troca de turnos )
• desenvolver a capacidade de imitação
Nível 3
Aquisição de Linguagem
Objetivos:

• aumentar o vocabulário compartilhado


• estabelecer categorias
• propiciar a regulamentação da ação conjunta
• favorecer a passagem de um sinal natural para o convencional
• motivar a capacidade de fazer deduções
• desenvolver a linguagem de sinais
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E SUGESTÕES
METODOLÓGICA PARA O ATENDIMENTO
NASURDOCEGUEIRA

Wallon
Piaget Vygotisky

Van Dijk
Piaget e o Desenvolvimento Cognitivo da Criança Surdocega

► estágio sensório-motor ( do nascimento aos dois anos)

Nesta fase a criança surdocega necessita de um mediador que desperte seu


interesse pela manipulação de objetos e exploração do ambiente à sua volta. É
também um período para o estabelecimento de vínculos afetivos, sendo o
mediador uma pessoa atenta a todas as reações da criança e ao estabelecimento
de formas alternativas de interação

► estágio preparatório ( dos dois aos sete anos )

É o período do surgimento da linguagem. Na criança surdocega


estabelecer um sistema de comunicação significativo com o objetivo
de proporcionar a possibilidade de aquisição posterior de linguagem
requer a necessidade de muitas experiências motivantes que
permitam a criança aprender a diferenciar o seu “Eu” do entorno.
Piaget
► estágio das operações concretas ( dos sete aos onze anos )

É a fase da superação do egocentrismo. Surge o raciocínio lógico. A criança


surdocega tem grande dificuldade nesta fase e muitas nem sequer alcançam
essa etapa pela dificuldade em compreender conceitos devido às lacunas de
seu processo de desenvolvimento.
Uma forma de auxiliar as crianças surdocegas nesta fase é trabalhar com
classificações e seriações.

► estágio das operações formais ( a partir da adolescência )

Muitos surdocegos não alcançam esse estágio pelas limitações da


linguagem. A falta de experiências é um dos motivos das
dificuldades na compreensão de conceitos abstratos e na
capacidade de elaboração de hipóteses dedutivas
Wallon – Teoria do Desenvolvimento

Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano)É um estágio predominantemente


afetivo, onde as emoções são o principal instrumento de interação com o
meio

Estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos)


É uma fase onde a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos
fenômenos cognitivos.

Estágio do personalismo (3 a 6/7 anos)


É um período crucial para a formação da personalidade do indivíduo e da
auto-consciência. Uma consequência do caráter auto-afirmativo deste
estágio é a crise negativista: a criança opõe-se sistematicamente ao adulto.
Por outro lado, também se verifica uma fase de imitação motora e social. .
Wallon

Estágio categorial (7 a 11 anos)


Neste estágio, a criança começa a desenvolver as capacidades
de memória e atenção voluntárias
No estágio categorial, o poder de abstração da criança é consideravelmente
amplificado. Provavelmente por isto mesmo, é nesse estágio que o
raciocínio simbólico se consolida como ferramenta cognitiva.

Estágio da adolescência (12 a 18 anos)


A criança começa a passar pelas transformações físicas e psicológicas
da adolescência. É um estágio caracterizadamente afetivo, onde passa por
uma série de conflitos internos e externos. Os grandes marcos desse estágio
são a busca de auto-afirmação e o desenvolvimento da sexualidade.
Vigotski e a Teoria da Interação Social

► a linguagem é um produto da interação social


► a passagem de uma comunicação pré-linguística para uma comunicação
linguística se explica através do reforço dado pelo adulto às manifestações da criança
► Vygotsky propõe que a criança aprende a comunicar-se pela reação dos adultos às
suas ações interativas antes mesmo de terem uma intenção comunicativa
► no início de seu desenvolvimento a criança usa os movimentos de seu corpo como
meio de expressão. Se a resposta do adulto for prazeirosa ela vai repetir o
movimento para obter a resposta deseja
► na criança surdocega surdocega os movimentos corporais devem ser
interpretados pelo adulto a partir da compreensão de que seus referenciais
sensoriais são diferentes de uma criança sem deficiência
Vygotsky – Desenvolvimento do Pensamento Conceitual

3º estágio
1º estágio 2º estágio
Pensamento por
Conjuntos Sincréticos Pensamento por conceitos
complexos
• agrupa objetos com • agrupa objetos de
base em nexos vagos, • as ligações são acordo com um atributo
subjetivos e fatores concretas e
• é capaz de abstrair
perceptuais, como a factuais
características isoladas
proximidade • um complexo da totalidade da
não é formado experiência concreta
no plano do
• exige a combinação de
pensamento
objetos com base em
lógico abstrato
sua similaridade
Van Dijk – Metodologia de Ensino para Estudantes
Surdocegos

CINCO ESTÁGIOS

► Ressonância
Nesse estágio adulto e criança estão muito próximos, movendo-se
juntos num espaço muito limitado
O adulto precisa estar atento para as manifestações de comunicação
da criança neste estágio
► Movimento Co-Ativo
O adulto e a criança ainda estão muito próximos mas exploram uma
área maior do ambiente.
Durante este estágio o adulto ajuda a criança fazendo com que ela
realize atividades diárias fáceis, como vestir-se, comer, etc.
► Referência Não Representativa
Objetos e pessoas no ambiente começam a possuir existência para a
criança fora de si própria
A criança começa a referir-se a elas apontando. O adulto pode facilitar
a comunicação fazendo perguntas e ajudando nas respostas usando o
apoio de mão-sobre-mão

►Imitação
Neste nível a criança está bem distante dos objetos e pessoas para que
possa transferir os movimentos do corpo do adulto para o seu próprio
corpo.
A imitação ocorre tanto por parte da criança como por parte do adulto
durante as atividades , o que ajuda a criança a ficar mais consciente de
si mesma
► Gestos Naturais

São muito icônicos, tais como levar a mão à boca para comer, colocar a
mão no púbis para indicar que quer ir ao banheiro

A importância dos gestos naturais , ainda que muito concretos, é porque


representam a primeira tentativa de falar a respeito de algo que está
ausente.
Este é um indício importante do progresso da criança em relação à
abstração e à linguagem. Demonstra que a criança já tem a habilidade
de pensar.
SUGESTÕES E ORIENTAÇÕES PARA
PROFESSORES

CRIAR UM AMBIENTE QUE ESTIMULE O DESENVOLVIMENTO


DO ALUNO

► Estruturar um ambiente físico adequado levando em


consideração fatores como: iluminação, acústica, disposição
física de materiais e equipamentos

► Preparar uma rotina com expectativas claras e


consistentes mas não inflexíveis.
Ajudas eficazes para o aluno

► uso de recursos táteis,


visuais, gestuais, auditivas,
falas e outras

► mão sobre mão : o


educador tem o controle e
orienta o movimento do aluno
► mão sob mão : a mão do
educador é colocada sob a
mão do aluno mas não exerce
controle. Aguarda o
movimento da criança
Sugestões de Materiais e
Ambientes Pedagógicos
 Vídeos Conferência Dr. Van Djik
realizados na XV Deafblind International
Conference – 2011 – SP
 Vídeos atendimento IBC – terapia
ocupacional – estimulação precoce
 Vídeo: Child Guided Assessment
Diponível em:http://www.youtube.com/watch?v=u_ln0o-
qt0w
LANCHE

ANÁLISE DE ESTUDOS DE CASO

SÍNTESE DO PRÉ-LINGUISMO

ALMOÇO
TÉCNICAS E POSSIBILIDADES
EDUCACIONAIS
DO
SURDOCEGO PÓS-LINGUÍSTICO.

 METAS A SEREM ATINGIDAS


 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E
SUGESTÕES METODOLÓGICAS
METAS A SEREM ATINGIDAS NA CRIANÇA SURDOCEGA ADQUIRIDA

 manter e ampliar seus sistemas de


comunicação compatíveis com sua nova
condição

dar apoio às suas atividades escolares para


que possa ter acesso à cultura geral e
conhecimentos acadêmicos regulares

 domínio da língua portuguesa escrita através


das tecnologias assistivas disponíveis

 proporcionar apoio psicológico para que se


adapte à nova
situação

 desenvolver programas para uma


mobilidade independente com as ajudas
necessárias
NA SURDOCEGUEIRA EM GERAL

 desenvolver estratégias de relacionamento social


facilitando seu contato com outras pessoas também
surdocega

 favorecer a sua participação na sociedade – inclusão


social, escolar e laboral

disponibilizar guias-intérpretes e mediadores para


garantir um pleno desenvolvimento de suas capacidades e
habilidades
NOS PROGRAMAS DE REABILITAÇÃO

 ênfase na socialização e autonomia da


pessoa surdocega
 ensino de formas alternativas de
comunicação
 orientação e mobilidade: uso da
bengala longa e técnicas de guia vidente e
guia intérprete
 técnicas de leitura e escrita em braille
 técnicas e adaptações para o
desenvolvimento de atividades da vida
diária
GALERIA DE FOTOS – PROJETO MANDALA –
IBC/ PAAS
GALERIA DE FOTOS – PROJETO MANDALA –
IBC/ PAAS
GALERIA DE FOTOS – PROJETO MANDALA –
IBC/ PAAS
GALERIA DE FOTOS – PROJETO MANDALA –
IBC/ PAAS
Na ausência dos sons
Na indefinição da visão Viver... Sentindo
Há um mundo que
desperta José Pedro Amaral
Na palma da minha mão.
Um mundo de palavras
Cheias de Cor;
Cada toque na mão
É uma dádiva de amor.
O amor entre dois Seres
Que se completam;
E dão razão
À palavra Amor
 Vídeos PAAS – aulas xadrez -
2010

 Vídeo: O amor entre nós –


entrevista com Claudia Sofia e
Carlos Jorge – 2010

 Vídeo: Extreme Clowning –


Exploring Magic – 2012
LANCHE

ANÁLISE DE ALGUNS PLANOS DE


ATENDIMENTO

SÍNTESE DO PÓS-LINGUISMO

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