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Caro leitor, é com grande satisfação que - O trabalho deverá ser original;
divulgamos mais um ano de atividades do - O autor deverá encaminhar o trabalho
Comando da Força de Submarinos e, de com o seu nome, posto, graduação, OM em
antemão, convido a todos a participarem das que serve e contatos de e-mail e telefônicos;
futuras edições deste renomado periódico - Os trabalhos deverão ser enviados
deste Comando. eletronicamente, utilizando processador de texto
Mantendo a tradição desde a sua primeira “WORD”, configurados em folha tipo A-4,
edição em 1962, a revista “O Periscópio” é em espaçamento simples, fonte “Times New
editada anualmente pelo Centro de Instrução Roman”, tamanho 12, e com o máximo de seis
e Adestramento Almirante Áttila Monteiro (6) páginas de texto (contadas ainda sem figuras);
Aché (CIAMA) e traz, além de uma - Os artigos deverão ter imagens que
retrospectiva dos acontecimentos ocorridos ilustrem e enriqueçam os assuntos, anexadas
nos últimos 12 meses, os artigos de interesse à ou inseridas no próprio texto. Contudo, é
nossa Força. Trata-se de uma publicação com importante ressaltar que as fotos deverão vir
registro da Biblioteca Nacional, sob o número em arquivos separados na resolução abaixo
ISSN 1806-5643, contendo em média uma indicada, isto evita problemas de utilização das
tiragem de 1000 exemplares e periodicidade mesmas durante a diagramação;
anual e gratuita. A versão digital encontra-se - As fotos, gráficos ou ilustrações deverão
disponibilizada na página do CIAMA, assim ter a resolução mínima de 300 dpi nos
como, as revistas dos anos anteriores. formatos “JPG”, “TIFF” ou “BMP”, a fim de
Apesar das dificuldades encontradas e permitirem a sua publicação;
enfrentadas, gostaria de agradecer especialmente - A inclusão do trabalho na revista implica
aos colaboradores que tanto se empenharam na cessão ao CIAMA e, consequentemente
para que este periódico se tornasse realidade. à Marinha do Brasil, de todos os direitos de
Esperamos contar com a honra de vossas utilização dos textos e imagens enviados,
colaborações nos próximos anos. para divulgação das atividades da instituição,
Gostou do que leu e quer divulgar inclusive em sítios da Internet;
uma experiência ou uma descoberta sobre - Poderão enviar artigos, os militares da
as Atividades de Submarino, Mergulho, MB e das outras Forças (da ativa e da reserva),
Mergulho de Combate, Medicina Hiperbárica, oficiais de Marinhas amigas e de Forças
Psicologia de Submarino ou outro tema de Armadas estrangeiras, além de funcionários
caráter científico-militar? civis da MB e leitores da sociedade civil.
Participe da próxima Revista “O Periscópio” e
nos envie simplesmente um texto com fotografias Contato no expediente da revista:
que versem sobre nossas atividades, podendo ter ciama.operiscopio@marinha.mil.br
seu artigo aprovado pelo Conselho Editorial e
publicado na próxima edição da revista. USQUE AD SUB ACQUAM NAUTA SUM!
O regulamento do concurso é divulgado em
BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS Emilson João D. Gonçalves
– ESPECIAL da DIRETORIA DE Primeiro-Tenente (AA)
COMUNICAÇÕES E TECNOLOGIA
DA INFORMAÇÃO DA MARINHA, Adriana Carvalho dos Santos
normalmente no segundo semestre do ano Segundo-Tenente (RM2-T)
anterior a edição, e consiste basicamente no Editores-chefes
seguinte:
2 Periscópio
EDITORIAL
Prezado Leitor,
INCIDENTE SAR
SSE 004-20017
CURSO DE COMANDANTE
DE SUBMARINOS
"8TH ANNUAL
SUBMARINE AND Diagramação
M&W Comunicação Integrada Ltda
NUCLEARES NA FRANÇA SUBMERSIBLE
(COURCO/2017) OPERATION SUMMIT
(LONDRES) – 2017"
Impressão
Impressoart Editora Gráfica Ltda
SUMÁRIO
OPERATIVO
O emprego de cartas náuticas digitais na MB 07
A Utilização de Minissubmarinos nas Operações Especiais (OpEsp) 13
Sistema de Posicionamento Dinâmico 17
Curso de Comandante de Submarinos Nucleares na França “Courco/2017” 21
8º Annual Submarine and Submersible Operation Summit (Londres) – 2017 25
Incidente SAR SSE 004-2017 38
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Instituto de Pesquisa da Marinha, Pioneiro Nacional na Técnica da Invisibilidade 40
O futuro dos submarinos diesel-elétricos: o Japonês classe Soryu e as baterias de íon-lítio 44
A Influência da Hidroacústica no Projeto de Propulsores de Submarinos 48
Renovação da Atmosfera de Submarinos 54
Submarino Nuclear: um salto tecnológico da MB para garantir a soberania Nacional 60
HISTÓRICO
Do “TYPE XXI” ao “IKL-206” – A origem do “IKL-209” 73
Modernização de submarinos em proveito do desenvolvimento tecnológico e científico 79
Breve história da campanha dos U-BOATS no atlântico, durante a 1ª grande guerra 83
ARTIGOS DIVERSOS
Aula Inaugural do Cameco e C-ESP-MEC 2016 93
PROSUB: defesa e soberania 99
Documentos de defesa e a força de Submarinos 103
Psicologia de Submarino: da prevenção á atuação pós-acidente, um percurso teórico 107
PERISCOPADAS
Comemoração do 103º aniversário de criação da força de submarinos 113
Periscópio 5
O EMPREGO DE CARTAS NÁUTICAS
DIGITAIS NA MB
Com o passar dos anos, diversos (“bacalhaus”) ou sua total substituição por
equipamentos de auxílio à navegação foram uma mais atual. No Brasil, a produção dessas
desenvolvidos com a finalidade de prestar maior cartas é de responsabilidade da Diretoria de
segurança aos meios marítimos, sobretudo Hidrografia e Navegação (DHN).
aqueles que empregam Cartas Náuticas
Digitais. De acordo com os requisitos de 2 CARTAS NÁUTICAS OFICIAIS
dotação de equipamentos e sistemas de bordo, DIGITAIS
estabelecidos na Regra 19 do Capítulo V da
Convenção Internacional para Salvaguarda Dependendo do formato utilizado podem
da Vida Humana no Mar (SOLAS, 1974), as ser dos tipos apresentados a seguir.
cartas náuticas eletrônicas são apoiadas por
modernos sistemas eletrônicos de exibição 2.1 Carta Náutica Eletrônica ou Eletronic
e sua presença garante ao navegante uma Navigational Chart (ENC)
redundância de informações de grande É o arquivo vetorial que apresenta
importância no que tange à segurança no informações cartográficas náuticas a partir
mar. As definições e os conceitos sobre Cartas de um banco de dados, produzida por um
Náuticas Oficiais, Digitais e seus Sistemas Estado, ou por um serviço Hidrográfico por
serão apresentados a seguir. ele autorizado, de acordo com os padrões da
OHI, com dados criptografados, para garantir
1 CARTAS NÁUTICAS OFICIAIS sua incorruptibilidade; e
São as cartas impressas em papel, 2.2 Carta Náutica Raster ou Raster Naviga-
produzidas por um Estado, ou por um serviço tional Chart (RNC)
hidrográfico por ele autorizado, de acordo É a imagem digitalizada georreferenciada
com os padrões internacionais estabelecidos de uma carta náutica em papel. Em outras
pela Organização Hidrográfica Internacional palavras, são imagens formadas por uma
(OHI). Sua atualização se dá por meio de matriz de pontos (bitmap), onde cada pixel
Avisos aos Navegantes, envolvendo corte é associado a uma posição geográfica, nos
e colagem de trechos a serem alterados mesmos padrões de aceitação das ENC.
Periscópio 7
OPERATIVO
8 Periscópio
e atracação no porto, a fim de prover uma de auxílio à decisão, já que tal porto apresenta
maior segurança à sua navegação. A aquisição inúmeros bancos de areia, que mesmo sendo
desse recurso de navegação, em conjunto com constantemente dragados, oferecem um risco
o Sistema de Exibição ECPINS-W Sub, considerável aos seus visitantes.
propiciou ao Comandante mais um elemento
Periscópio 9
OPERATIVO
www.amazul.gov.br
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OPERATIVO
12 Periscópio
A UTILIZAÇÃO DE MINISSUBMARINOS NAS
OPERAÇÕES ESPECIAIS (OPESP)
2 PLATAFORMAS MARÍTIMAS
Periscópio 13
OPERATIVO
80. Cinco submarinos nucleares de ataque (SNA) km/h), contam com carta eletrônica, navegação
da classe Los Angeles, classe SeaWolf e outros submersa, agulha magnética (bússola),
da classe Virgínia possuem adaptações no seu profundímetro, computador de bordo, entre
convés, à ré de sua vela e, sofreram modificações outras ferramentas de tecnologia. A Bateria
nas suas redes de ar comprimido, possibilitando de íon-lítio proporciona um desempenho
o acoplamento do dispositivo conhecido por sem precedentes, com mais de 2,5 horas de
DDS que nada mais é que um casulo resistente autonomia a velocidades superiores a 3 nós,
que, após a entrada dos mergulhadores, é alagado proporcionando até 6 milhas náuticas de
e permite o lançamento enquanto o submarino alcance. O DPD permite que mergulhadores
permanece submerso, sem a necessidade de de combate, com equipamentos, movam-
exposição do mesmo na superfície, aumentando se por longas distâncias tanto na superfície
a discrição. Dependendo da missão, o DDS pode ou submersos, minimizando a fadiga e
ser utilizado para lançar as equipes com seus aumentando o tempo disponível no objetivo.
equipamentos individuais, botes infláveis ou SDV. Além deste modelo da Stidd Systems, o
Os SDV, que são pequenos submersíveis GRUMEC também já testou e operou outro
pilotáveis, são utilizados por elementos de DPD, o Blackshadow 730, da alemã Rotinor e
OpEsp para o deslocamento até um ponto com o design assinado pela BMW. A Rotinor
próximo ao objetivo como, por exemplo, atua neste mercado desde 2009 e já vendeu o
uma plataforma de petróleo ou mesmo uma equipamento, que custa US$ 95 mil a unidade,
área próxima à costa, onde os mergulhadores para as Forças Armadas da China, do Japão, da
saem do veículo e realizam suas infiltrações Itália e da Espanha.
mergulhados. O equipamento alemão é capaz de
Quase nenhuma outra fase de uma OpEsp transportar quatro mergulhadores, tem
possui mais riscos que a inserção/infiltração. Nela, mecanismos modernos e mapas de navegação
ocorre a colocação de pequenos contingentes de avançados. O motor de oito cavalos de potência
militares e equipamentos nas proximidades de permite que se mova mais rapidamente que o
objetivos de valor estratégico onde há a presença modelo estadunidense.
de uma oposição inimiga em superioridade
numérica. Somente a extração de uma equipe,
sob fogo inimigo, pode ser mais arriscada, e a
plataforma utilizada nesta última, normalmente,
é a mesma da inserção/infiltração.
14 Periscópio
Figura 3 - DPD Blackshadow 730.
Periscópio 15
OPERATIVO
16 Periscópio
SISTEMA DE POSICIONAMENTO DINÂMICO
3 FUNCIONAMENTO DO POSICIO-
NAMENTO DINÂMICO Figura 1 - Distribuição de forças em um
navio com SPD
Como citado acima, o Sistema de
Posicionamento Dinâmico (SPD) é um O SDP pode ser absoluto, onde é utilizado
sistema que controla, automaticamente, um ponto fixo como referência, a exemplo
a posição e a proa de uma embarcação, se da posição DGPS, ou pode ser relativo, onde
utilizando de propulsores, thrusters e leme. se utiliza como referência outro objeto em
Um computador central, utilizando um movimento, por exemplo, outro navio.
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Figura 2 - Tela de apresentação do SPD.
18 Periscópio
Figura 3 - Tela de apresentação do SPD.
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20 Periscópio
CURSO DE COMANDANTE DE SUBMARINOS
NUCLEARES NA FRANÇA
“COURCO/2017”
Periscópio 21
OPERATIVO
22 Periscópio
de exercício F17. Nessa fase foram lançados de valor militar extremamente performantes,
dois torpedos F17 de exercício. Após, ainda em termos de material e aprestamento
dentro dos CASEX do tipo SIERRA, das equipes de COC. Com a oposição de
realizamos exercícios de acompanhamento campos de sonoboias, a presença constante
coordenado de um SNA inimigo (SNA das MPA, “DIPs” de helicópteros “saltadores”
SAPHIR) com o auxílio de uma aeronave MPA e coberturas AS patrocinadas pelo sonar
ATLANTIQUE, sem lançamento de armas. CAPTAS 40 (FREMM) de alto desempenho,
Esses CASEX (S6/S7) duraram 5 dias. Foi foram momentos operativamente ricos e que
uma empolgante experiência operativa poder culminaram com o lançamento de 3 torpedos
operar coordenado com uma MPA, além de F17 de exercício.
permanecer, por dias, acompanhado por um De volta a Toulon, embarcamos no
submarino nuclear de ataque, como se dentro de SNA SAPHIR para a derradeira e mais
um cenário cinematográfico da “Guerra Fria”! demandante semana de minha vida operativa
Após 120 horas ininterruptas de SUB X SUB, como submarinista! Ao largo da costa
fomos introduzidos à guerra Antissuperfície. Corsa, realizamos 139 horas de Operações
Momento em que se apresentaram para Secundárias entre lançamento de agentes e
o serviço uma Fragata do tipo FREMM, Operações de Reconhecimento e Vigilância
uma Fragata do tipo F70 e uma Unidade de sob a onipresença de Fragatas FREMM e
Alto Valor (HVU). Fizemos uma manhã de F70. Onde pudemos aplicar toda a experiência
exercícios de segurança do tipo GODEX e vivida até ali, nos aproximando, na CP, a 3000
partimos para a “Luta Anti-Navio” (LAN). metros de costa e, por vezes, a 1000 metros de
Foram 198 horas de embate contra unidades um agressivo escolta.
Após 318 horas de Tarefas Principais e 5,5 dias de Tarefas Secundárias na Costa
traduzidos em CASEX do tipo S6, S7, A6, Corsa, chegou ao fim o COURCO 2017. E,
A7, E4 e C4, face a cenários táticos complexos felizmente, de maneira exitosa.
e uma FT de performante valor militar, cinco Sem a tentativa de mistificar, ou
lançamentos de torpedos de exercício (F17) mesmo supervalorizar, foram dias intensos,
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8º Annual Submarine and Submersible
Operation Summit
(LONDRES) – 2017
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OPERATIVO
26 Periscópio
submarinos; os avanços na área da robótica, através de
- O desenvolvimento de protótipos para projetos de robôs com inteligência artificial
serem utilizados abaixo da água (Unmanned para serem utilizados como mergulhadores; e o
Underwater Vehicles - UUV) e que poderão, desenvolvimento de simuladores com realidade
dentre outros aspectos, aumentar as aumentada, tornando os adestramentos muito
capacidades de Intelligence, Surveillance and próximos da realidade a bordo do submarino.
Reconnaissance (ISR); e Em seguida, comentou sobre os
- A “mesa redonda” a respeito do futuro dos desafios e as dificuldades de integração de todas
UMV nas Marinhas, onde foram levantadas essas inovações em uma única plataforma.
algumas questões, dentre elas, se esses veículos Deste modo, a US Navy, em virtude de ainda
serão capazes de substituir as plataformas não haver ameaças que contraponham os
tripuladas ou se apenas serão uma extensão submarinos da classe Viginia e que, assim,
delas. Também foram apresentados, para justifiquem o projeto de uma nova classe de
reflexão de todos, os aspectos jurídicos advindos submarinos, decidiu adotar a implementação
desta nova tecnologia, pois as regras de em blocos, ou seja, cada bloco contempla um
segurança marítima internacional, regidas pela determinado tipo de inovação e que atende a
International Maritime Organization (IMO), um propósito específico. Com isso, é possível
não legislam sobre este tipo de plataforma e realizar alterações pontuais em cada submarino
também não abordam as implicações jurídicas da classe para que eles possam realizar um
no caso de um acidente envolvendo este tipo tipo de tarefa peculiar a essa modificação. O
de veículo. bloco cinco, dado como exemplo, prevê uma
modificação nos submarinos classe Virginia
3 CONHECIMENTOS OBTIDOS para que eles possam realizar o lançamento e
controle de UUV, permitindo o incremento
3.1 Objetivos e avanços tecnológicos nas ações de ISR.
Finalmente, destacou a forma como
O Contra Almirante Moises Del Toro estas inovações vêm ocorrendo atualmente,
III, Comandante Adjunto para a Guerra pois, antigamente, as tecnologias surgiam
Submarina (US Navy), apresentou algumas das para atender demandas militares e, somente
principais tecnologias em desenvolvimento, depois, eram expandidas para o uso comercial.
aplicadas a submarinos, dentre as quais, Contudo, presentemente observa-se a inversão
destaca-se o uso maciço de sensores submarinos desta ordem, em que tecnologias já aplicadas
passivos e ativos, de baixa frequência, para o no meio civil são adaptadas e utilizadas
incremento das ações de ISR; as dificuldades na indústria de defesa (como exemplo, foi
em se manter as comunicações com esses noticiado o uso de PlayStation portáteis para
sensores, principalmente a longas distâncias, o treinamento de militares da Royal Navy).
que levou ao estudo para o desenvolvimento Desta forma, ressaltou a importância da
de comunicações submarinas através de constante proximidade entre a Marinha e a
ondas espirais; o estudo de materiais para indústria nacional, para que esta possa saber
construção de cascos com tecnologia stealth os anseios e necessidades da Força Naval e,
para se contrapor a evolução destes sensores; assim, desenvolver projetos e tecnologias que
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OPERATIVO
28 Periscópio
Figura 2 - Os países que integram o ComSubNATO.
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OPERATIVO
30 Periscópio
relembrou que muitas destas informações EUA e na Europa). Adicionalmente, em
são reservadas, mas que apenas o fato dos 2002, um submarino desta mesma classe foi
submarinos russos serem capazes de lançar modificado para se tornar um navio-mãe de
mísseis nucleares balísticos, aliado a postura UUV e ser empregado em tarefas de ISR;
militar russa na região, já é suficiente para que - A Rússia não segue normas e acordos
ela se enquadre como uma ameaça; internacionais. Algumas atividades
- Os submarinos da classe Delta IV, por são identificadas, sem que se conheça
exemplo, receberam dois refits recentes em positivamente o autor, como exemplo, as
seus mísseis balísticos (Sineva R-29RMU2.1), supostas violações ao mar territorial sueco, as
sendo capazes de lançar 16 mísseis sobre um investidas desconhecidas nas proximidades
mesmo alvo, com o submarino mergulhado e das bases dos SSBN britânicos e o lançamento
em movimento, à uma distância de até 8.300km de cabos submarinos no Mar Báltico por
(o suficiente para atingir alvos na China, nos submarinos russos;
- A Rússia vem testando as linhas de acesso segurança que poderão determinar diferentes
ao Atlântico Norte e estabelecendo círculos de zonas de bloqueio, preparando o complexo
Periscópio 31
OPERATIVO
ambiente submarino para dar-lhes vantagem Unido, foi questionado se ele achava as linhas
em conflitos futuros (Figura 7); de defesa europeias fracas. O oficial norueguês
- Não seria correto dizer que se trata disse que não, mas exaltou a necessidade de
de uma 2ª Guerra Fria, pois existem cooperação entre os países membros da OTAN,
outros atores envolvidos, novas tecnologias principalmente dos EUA, para que esta
empregadas e outra ideologia. Contudo, em Aliança possa se contrapor as investidas russas
declaração recente do V. Alte James Foggo na região. Para tal, destacou a necessidade de
III, Comandante da 6ª Frota, foi dito que as revisão da estrutura e da estratégia ASW da
relações entre a Rússia e os EUA no âmbito da OTAN, além da intensificação dos exercícios
Guerra Submarina podem ser interpretadas ASW no Atlântico Norte (respeitando os
como a “4ª Batalha do Atlântico”, comparando limites territoriais da Rússia) para que se
a atual postura submarina russa com aquela conheçam melhor as características da região
adotada nas Duas Grandes Guerras e na (as águas rasas do Báltico, por exemplo, são um
Guerra Fria; fator dificultador, devido às suas peculiaridades
- O palestrante Coronel John Andreas quanto ao comportamento do som); e
Olsen, Adido de Defesa da Noruega no Reino - Dentre as dificuldades existentes na
32 Periscópio
realização destas operações conjuntas entre os assunto ainda é recente e demanda investimentos
países membros da OTAN, foram citadas as e estudos para que se possam mensurar as reais
divergências entre as leis em vigor, a política de capacidades e possibilidades desse novo recurso
inteligência adotada e a falta de integração dos e, assim, realizar as adaptações necessárias para a
sistemas utilizados pelos meios de cada país. sua operação.
O corrente avanço no desenvolvimento
3.4 As perspectivas e desafios no emprego de de UMV possibilitou que o seu uso viesse a
veículos marítimos não tripulados (UMV) complementar as tarefas realizadas pelos meios
navais (Figura 9), sendo este fato atribuído ao:
Atualmente,as principais Marinhas do mundo - incremento na arquitetura e capacidade
vêm envidando esforços para desenvolverem e de processamento de dados;
implementarem o uso de UMV em suas Forças - avanço na capacidade de geração de
Navais (Figura 8). Mesmo nessas Marinhas, o energia;
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OPERATIVO
34 Periscópio
Figura 8 - O emprego dos UMV.
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OPERATIVO
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Simuladores terem sido entregues somente deste congresso um evento de alto nível
em 2012, dois anos após a incorporação dentro do contexto das principais Marinhas
dos dois submarinos (2009 e 2010), do mundo.
prejudicou a capacitação contratual, pois Assuntos sensíveis, como o ressurgimento
não permitiu que eles passassem por este da Rússia no Atlântico Norte, foram debatidos
estágio de qualificação antes de efetivamente e ampliados de modo que pudessem ser
embarcarem nos submarinos. Atualmente, expostas as mudanças de cunho tecnológico e
apontou a dificuldade na aquisição de alguns as ações militares necessárias para se contrapor
sobressalentes e na prestação de serviços, fato à essa ameaça. Nesse contexto, foi dedicado um
este corroborado pelo Sr. Xavier Mesnet, o dia de apresentações e debates para mostrar as
qual comentou que estes problemas ocorrem capacidades já existentes e as possibilidades
principalmente com os equipamentos de emprego dos UMV na Guerra Naval.
fornecidos por outras empresas. O fabricante Finalmente, também foi possível aprender um
dos periscópios, por exemplo, só produzem pouco sobre as experiências da RMN com a
(em média) dois periscópios por ano, fazendo criação de sua Força de Submarinos, dando
com que a empresa mantenha uma equipe ênfase às questões relacionadas à aquisição e
reduzida, gerando atrasos na prontificação de à operação de seus dois submarinos Scorpène.
manutenções corretivas. A despeito de alguns assuntos tratados no
congresso não estarem diretamente relacionados
4 CONCLUSÕES com o cenário atuante da MB, a apresentação
de novas tecnologias aplicadas às Forças Navais
Tendo como base esta análise, considero condizem com o atual momento em que o país
que a relevância dos assuntos tratados, as e a MB vivenciam, através do Programa de
participações de autoridades navais, de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB),
representantes governamentais e de indústrias o qual resultará na construção do primeiro
de defesa de renome internacional fizeram submarino de propulsão nuclear brasileiro.
Periscópio 37
OPERATIVO
38 Periscópio
Figura 1: Reflutuação da aeronave.
Cabe ressaltar, ainda, a eficácia com que as encontravam-se os dois motores da aeronave,
equipes das lanchas da Agência da Capitania parte da asa de boreste e a cauda que foram
dos Portos em Paraty conduziram a restrição reflutuados em seguida.
do tráfego marítimo nas adjacências do No dia 23/01 estava concluída a faina
ocorrido, fato que mitigou as adversidades com sucesso, demonstrando assim, que a
impostas à faina subaquática. Marinha está sempre pronta para atender
É importante ressaltar que a tripulação às necessidades da sociedade brasileira.
do NaPaOc Amazonas, liderada pelo seu Salienta-se também que ficou demonstrado
Comandante, proveu todo o suporte para o o elevado grau de prontificação e
cumprimento da tarefa. Destaca-se também, profissionalismo da equipe de mergulho da
o apoio da equipe da Base de Hidrografia Base Almirante Castro e Silva e do Comando
da Marinha, que ao empregar o Side Scan do Grupamento de Patrulha Naval do
Sonar permitiram a identificação dos objetos Sudeste, corroborando, fortemente, com a
metálicos submersos. Dentre esses objetos, essência do lema supracitado.
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CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
40 Periscópio
o alvo, podendo ser muito diferente da área fatores na redução da RCS.
física do mesmo (RICH; JANOS, 1994). Nas Figuras 1, 2, 3 e 4 encontram-se
Os RAM executam um papel-chave na ilustrados alguns exemplos de utilização de
tecnologia de invisibilidade ao radar (stealth materiais absorvedores de micro-ondas.
technology) e o seu emprego é um dos principais
Figura 1: Corveta Israelense stealth da classe Eilat com superestrutura recoberta com RA.
Periscópio 41
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
2 HISTÓRICO
42 Periscópio
intermédio de antenas, no interior de câmara sendo que em aproximadamente 9 GHz a
anecoica e por guia de ondas utilizando-se o absorção chega a 99,97%. Para o restante da
Método de Transmissão/Reflexão (T/R). faixa de frequência estudada, o valor de absorção
Constatou-se que ao longo de toda a banda mínimo é de 68%. A TAM X mostrou-se um
X a absorção mínima da onda eletromagnética excelente Material para emprego da redução
incidente foi de 90% chegando a 99,97% em da seção reta radar de plataformas militares e
aproximadamente 9 GHz. eliminação de interferências eletromagnéticas.
Além das técnicas de caracterização do Atualmente, o IPqM, desenvolve projetos,
material absorvedor utilizadas em laboratório, utilizando-se de materiais nanoparticulados,
o IPqM realizou um teste operativo para aprimorando cada vez mais a arte da técnica
comprovação de sua eficácia. O teste envolveu da invisibilidade.
um Submarino da Classe Tupi (Tapajó) e uma
aeronave Super-Lynx configurada com um REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
radar Sea-spray 3000. A avaliação baseou-se
na comparação das distâncias de 1a detecção B-2 Spirit stealth bomber at the Edwards Air Force
dos 2 mastros de periscópio (um revestido- Base Airshow. Disponível em: <https://www.
observação e o outro não-revestido-ataque). pinterest.com/pin/163396292709770974/>.
Para o Mastro não-revestido a detecção radar Acesso em: 29 mai. 2017.
variou entre 4 a 7 milhas náuticas. O radar
não conseguiu detectar o Mastro revestido. CIARS Center for Intelligent Antenna and
O Mastro foi detectado apenas visualmente a Radio Systems. Disponível em: <http://ciars.
aproximadamente 400 jardas. uwaterloo.ca/wp-content/uploads/2012/02/
Ciars9.png>. Acesso em: 29 mai. 2017.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
News, views and contacts from the global Na-
Observou-se, por intermédio dos testes val industry. Disponível em: <http://www.
realizados em laboratório, que foi corroborado naval-technology.com/projects/saar5/saar55.
pelo teste operativo, que a tinta absorvedora html>. Acesso em: 29 mai. 2017.
de micro-ondas possui um poder de absorção
superior a 90% da onda eletromagnética RICH, B.R.; JANOS, L. Skunk works, Lon-
incidente em toda a banda X (8,2 a 12,4 GHz) don, Warner books, pp. 404. 1995. c 1994.
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CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
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vez que o Japão está se apresentando como mais energia que a bateria convencional.
pioneiro no desenvolvimento de submarinos Em detrimento de seu alto desempenho,
equipados com as modernas baterias de Íon- as mesmas são extremamente sensíveis a
Lítio. São eles os submarinos de ataque diesel- temperaturas altas, uma vez que saindo
elétricos classe Soryu, com previsão de ser da fábrica, estas baterias começam a se
lançado ao mar no ano de 2020. decompor, mesmo não sendo utilizadas e a
Mas o que precisamos entender sobre as exposição ao calor, faz com que esse processo
baterias de Íon-Lítio? O que estas trazem de decomposição se acelere rapidamente.
de inovação em comparação com as antigas Além da própria possibilidade de a bateria
baterias de chumbo-ácido? queimar e produzir um calor muito elevado,
podem ainda liberar vapores tóxicos e poeira
1 BATERIAS DE ÍON-LÍTIO: CARAC- condutora que são difíceis de extinguir
TERÍSTICAS PRINCIPAIS usando meios tradicionais. Faz-se necessário o
desenvolvimento de novos métodos de redução
As baterias de Íon-Lítio são muito do risco de incêndio e de seus resultados
mais leves pelo fato de que os eletrodos são potencialmente catastróficos.
constituídos por lítio e carbono leve. Além
disso, o lítio também é um elemento altamente
reativo, o que significa que é possível armazenar
quantidades superiores de energia, resultando
em uma densidade de energia muito alta para
essas baterias.
Um estudo comparativo feito pela empresa
norte-americana Ultralife mostrou que uma
bateria de Íon-Lítio pode armazenar 150
watts-hora de eletricidade em 1kg de bateria,
enquanto uma bateria de chumbo ácido tem
a capacidade de armazenar apenas 25 watts- Figura 1: Baterias de Íon-Lítio.
hora por quilo. Isso significa que usando a
tecnologia chumbo-ácido, são necessários 6 2 OS SUBMARINOS CLASSE SORYU
kg para armazenar a mesma quantidade de
energia que uma bateria de Íon-Lítio de 1kg. Com previsão de ser comissionado em
As baterias de Íon-Lítio conseguem suportar março de 2020, o “Super Soryu” é o décimo
centenas de ciclos carga/descarga. Estas baterias primeiro de sua classe, porém será o primeiro
possuem uma vida de aproximadamente 400- equipado com as baterias de Íon-Lítio,
500 ciclos (de 0% a 100%). elevando assim, o Japão ao título de primeira
Dessa forma estas baterias, juntamente nação a lançar um submarino diesel-elétrico
com um poderoso motor diesel e geradores, com esta tecnologia.
têm a capacidade excepcionalmente rápida de Esses novos submarinos possuem capacidade
serem carregadas e podem armazenar muito similar aos sistemas AIP combinados com
Periscópio 45
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
46 Periscópio
Figura 3: Submarino da Classe Soryu.
Periscópio 47
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
48 Periscópio
Estes os objetivos citados acima estão,
diretamente ou indiretamente, relacionados
com o propulsor, o que evidencia sua
importância. O diâmetro do propulsor de um
submarino está sujeito a algumas restrições. As
pontas das pás do hélice precisam ficar a uma
determinada distância da superfície, devido
ao perigo de aeração (cavitação) durante a
navegação em mar agitado. Além disso, as
pontas devem estar situadas a uma distância
suficiente acima da quilha que permita ao
submarino pousar no fundo.
A eficiência propulsiva que se pode obter
de um submarino navegando na superfície é
da mesma ordem de grandeza de um navio Figura 1: Esteira na região do propulsor de
de superfície. Entretanto, no caso de um um submarino.
submarino submerso, o carregamento do
hélice será constante em todas as velocidades
devido à relação quadrática entre a resistência
à propulsão e a velocidade. Experimentos
mostram que a esteira de um submarino
é muito diferente da esteira da maioria
dos navios de superfície de um hélice, não
apresentando uma região de baixa velocidade
somente na parte superior do disco do
hélice, ficando o mesmo em uma zona de
esteira concêntrica. Esse fato permite que
grande parte da energia gasta para vencer
a resistência do casco possa ser recuperada,
aumentando a influência das superfícies de
controle situadas por ante a vante do hélice,
sobre a zona de esteira. Esta recuperação de Figura 2: Esteira na região do propulsor de
energia em submarinos de um hélice é uma um navio de superfície de um eixo.
das principais vantagens sobre os submarinos
de dois hélices. Os resultados apresentados 3 CONSIDERAÇÕES DO PROJETO
por esses experimentos, combinados
com a necessidade de se adequar a uma 3.1 Margem de cavitação
margem de velocidade livre de cavitação
e os requerimentos quanto a ruídos, são os Em sua grande maioria, os navios de
principais desafios dos engenheiros navais. superfície apresentam cavitação em condições
Periscópio 49
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
normais de operação. Todo esforço de projeto circulação menor do que a ideal para uma
está voltado para se evitar a cavitação nociva boa eficiência do propulsor. Ao se aplicar os
em forma de erosão e para que se alcancem resultados obtidos com modelos a um hélice
níveis aceitáveis de ruído e vibração. de tamanho real, a cavitação da ponta das pás
Já para os submarinos submersos, a cavitação deve ser corrigida devido ao efeito de escala.
deve ser completamente evitada para que se A formação do vórtice de cavitação parece
garanta a menor assinatura acústica possível. ser muito dependente da geometria da ponta,
Na navegação submersa, a operação na faixa o que requer que a ponta da pá seja menos
mais baixa de ruídos processa-se a menores carregada, resultando em uma menor eficiência
velocidades. A velocidade a partir da qual os do propulsor.
hélices começam a apresentar cavitação deve A cavitação do vórtice do cubo consiste da
ser a mais alta possível e é preciso conciliar os combinação dos vórtices das raízes das pás.
requisitos da hidrodinâmica e da hidroacústica. De forma semelhante ao vórtice das pontas,
Por esse motivo, para um submarino submerso, o vórtice do cubo depende do gradiente de
a margem de cavitação que determina o regime circulação da parte mais interna das pás.
operacional não cavitante é muito importante. A intensidade da cavitação do vórtice do
Segundo Poul Andersen, de uma maneira cubo pode ser atenuada diminuindo-se o
geral, as margens de cavitação são definidas carregamento das pás em direção à raiz. Da
pela incidência de: mesma forma, essa solução também resulta em
uma diminuição da eficiência do propulsor.
• cavitação do lado de baixa pressão da pá Meios alternativos de supressão da cavitação
do hélice (extradorso); do vórtice do cubo podem ser utilizados por
• cavitação do lado de alta pressão da pá meio da aplicação de um revestimento com
do hélice (intradorso); e pequenas superfícies de sustentação na ponta
• cavitação do vórtice do cubo do hélice. do cubo, o que diminui a rotação do vórtice
do cubo, ou por meio de um revestimento que
A cavitação do extradorso e do intradorso gere uma turbulência suficiente para que se
são normalmente evitadas pela construção de evite a cavitação.
hélices com pás de maior espessura do que as A forma mais intuitiva e prática de
de navios de superfície. Esse é um dos motivos se apresentar as margens de cavitação do
pelos quais os hélices dos submarinos são mais propulsor para o operador é por meio de ábacos
grossos. ou gráficos em função das cotas e velocidades
O vórtice de ponta depende do gradiente operacionais, o que pode contribuir para a
de circulação da parte mais externa da pá. rápida e segura tomada de decisão durante o
Isso leva a uma distribuição do gradiente de combate.
50 Periscópio
devido às forças instáveis.
Vale ressaltar que, em grande parte, as
pás do hélice devem ser mais espessas à
medida que sua corda diminui em relação
à envergadura, pois as pás se tornam menos
largas e compridas, o que requer um maior
reforço estrutural da mesma.
3.2 Redução das forças induzidas pela esteira • ruídos de tração, que dominam o nível
nas baixas frequências (< 100 Hz);
Roy Burcher2 considera como o fator mais • ruídos do bordo de ataque das pás (200-
importante, no que diz respeito às forças 1000 Hz); e
induzidas pelo propulsor, a esteira produzida • ruídos de banda larga (100-1000 Hz).
pelo casco, seja em navios de superfície ou em
submarinos. Contudo, para uma dada região A detecção de um submarino é efetivamente
de esteira, o número de pás de um propulsor realizada por meios acústicos. Outros meios
pode ser considerado o fator mais importante. como radares e câmeras que operam em baixa
Aumentando-se o número de pás de um luminosidade também são utilizados,porém são
propulsor, são reduzidas as forças instáveis cada vez menos eficazes, tendo em vista que os
em cada pá, mas não necessariamente a força modernos submarinos nucleares raramente vão
instável total. Assim sendo, pode-se concluir à superfície, onde poderiam ser detectados por
que as pás mais grossas do hélice de um esses tipos de dispositivos. Outros detectores,
submarino não se devem somente à cavitação como sensores infravermelho e o detector de
do extradorso, do intradorso e do vórtice do anomalias magnéticas também são utilizados,
cubo, como visto anteriormente, mas também mas podem apresentar baixa resolução e curto
alcance de detecção. Isso mostra a importância
2
Roy Burcher, autor do livro Concepts in Sumarine Design.
Periscópio 51
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
52 Periscópio
A principal consideração na fabricação de
um propulsor de submarino é a baixa assinatura
acústica e uma das diversas maneiras de obtê-
la é utilizando-se propulsores de 7 ou 8 pás
para que se diminua a flutuação da tração e,
consequentemente, o ruído. Os submarinos
de um hélice apresentarão uma alta eficiência
propulsiva se for possível combinar baixas
rotações, baixo carregamento do hélice
e aproveitamento da esteira em favor da
propulsão. Tal eficiência poderá ser maior do
que a de qualquer outro navio movido a hélice.
Tento em vista tais peculiaridades,
as Marinhas não permitem que sejam
fotografados os hélices de seus navios no
dique, principalmente os dos submarinos. A
informação do número de pás e do formato
de um hélice pode facilitar a obtenção de
dados da sua curva de cavitação por meio
de algorítimos específicos. O conhecimento
da assinatura acústica de um propulsor pode
auxiliar na identificação do submarino quando
este for detectado.
Nos contratos de compra de submarinos, o Figura 5: Propulsor de 8 pás.
hélice é tratado de forma especial. A empresa
que constrói o submarino oferece modelos de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
vários tipos de hélices ou instala um modelo
de outro fabricante escolhido pelo cliente. ANDERSEN, Poul. et al. Aspects of
É especificado no contrato que o fabricante Propeller Developments for a Submarine.
não poderá vender o mesmo tipo de hélice First International Symposium on Marine
para outro comprador. Ulrich Gabler afirma Propulsors. Trondheim: 2009. p. 8.
que, na maioria das vezes, os hélices usados
no lançamento de um submarino não são os BURCHER, Roy; RYDILL, Louis.
definitivos, sendo substituídos logo após as Concepts in Submarine Design. Melbourne:
provas de mar. Cambridge University Press, 1994.
Periscópio 53
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
54 Periscópio
Entre as manobras de snorkel, os submarinos limitantes à duração de comissões são a
convencionais precisam remover CO2 da sua capacidade de renovação da sua atmosfera,
atmosfera e, para isso, utilizam cal sodada. a capacidade de armazenamento de gêneros
Os submarinos nucleares devem realizar alimentícios, além da capacidade física e
o mínimo de manobras de snorkel possível de psicológica da tripulação (Figura 1). Portanto,
forma a explorar ao máximo sua capacidade para que a renovação da atmosfera não seja um
de ocultação. Nesse sentido, os três fatores limitador, é necessário que haja a bordo uma
tecnologia regenerativa.
Periscópio 55
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
56 Periscópio
para a outra e são obtidas uma corrente de ar no submarino. Esta tecnologia apresenta
puro, que é recirculada no submarino, e uma como desvantagens o elevado investimento
corrente de MEA contaminada, com CO2, inicial e o elevado grau de complexidade do
que é regenerada. A regeneração da MEA controle do processo. Além disso, outro fator
contaminada permite que ela seja separada limitante do processo é a necessidade de
do CO2 por aquecimento, assim a MEA utilizar elevadas pressões, em torno de 200 bar,
pura é reutilizada na coluna de absorção. para que a adsorção ocorra a contento. Para
Essa tecnologia apresenta como principais alcançar elevadas pressões é necessário utilizar
limitações o alto consumo energético na etapa compressores que consomem muita energia e
de regeneração da MEA, além do potencial geram ruídos que prejudicam a ocultação do
risco de vazamento de vapores tóxicos de submarino.
MEA na atmosfera do submarino.
Periscópio 57
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
Figura 5 - Processos de separação por membrana: (a) contactores com membrana e (b)
permeação gasosa.
58 Periscópio
são a absorção por aminas e a adsorção MINISTRY OF DEFENCE. DBR 1326:
por peneiras moleculares. Esses processos Regulations for Atmosphere Control in Subma-
apresentam diversas limitações operacionais rines. Londres: Ministry Of Defence, 2006.
e de segurança, por isso, novas alternativas
tecnológicas devem ser encontradas. O IPqM NOXERIOR. Pressure Swing Adsorption. Di-
vem estudando contactores e permeação sponível em: http://www.noxerior.com/tech-
gasosa com membranas como substitutos aos nology/pressure-swing-adsorption-psa.html.
processos convencionais para renovação da Acesso em: 16 mai. 2017.
atmosfera de submarinos devido à elevada
razão área/volume dos equipamentos, que PADILHA, Luiz. Submarino Nuclear Bra-
ocupam menos espaço a bordo. sileiro “Álvaro Alberto” SN-10. 2012. Dispo-
nível em: <http://www.defesaaereanaval.com.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS br/submarino-nuclear-brasileiro-alvaro-al-
berto-sn-10/>. Acessoem: 07 dez. 2012.
BAKER, R. W. Membrane technology and ap-
plications. 2. ed. California, EUA: John Wiley PEREIRA, B. Absorção Gasosa. Disponível
& Sons Ltd, 2004. em: https://pt.slideshare.net/KatiaSouza5/
absoro-gasosa. Acesso em: 16 mai. 2017.
CAREY, R.; GOMEZPLATA, A.; SARICH,
A.. An overview into submarine CO2 scrubber PERSSON, O; WADSOE, L. IndoorAir
development.Ocean Engineering, [s.l.], v. 10, n. Quality In Submarines; International Confer-
4, p.227-233, jan. 1983. Elsevier BV. http:// ence on Indoor Air Quality and Climate Pages,
dx.doi.org/10.1016/0029-8018(83)90010-0. p.806-811, 2002.
Periscópio 59
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
60 Periscópio
A Amazônia Azul é o somatório das áreas meios que possam garantir o cumprimento da
da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e a missão da MB.
Plataforma Continental (PC). A primeira área Dentre as medidas realizadas pela MB
é conceituada como todos os recursos e bens para prover novos meios que possam ir ao
econômicos existentes na coluna da massa encontro da Estratégia Nacional de Defesa
líquida, sobre seu leito do mar e seu subsolo (END) e seus interesses, temos o Programa de
marinho, ao longo do contorno do nosso litoral Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB),
se estendendo até 200 milhas náuticas da costa, efetivado pela parceria estratégica entre o
segundo está estabelecido na Convenção das Brasil e a França, visando à construção de
Nações Unidas sobre o Direito do Mar em 1982. submarinos convencionais e nucleares, além
A segunda é produto de estudo de diversos da criação do estaleiro em que os submarinos
órgãos nacionais, após o Levantamento da serão fabricados e da base naval que irá abrigá-
Plataforma Continental (LEPLAC) a qual los, futuramente.
se estende em mais de 900.000 km² de área Mas, por que um submarino com propulsão
marítima. No total, a Amazônia Azul totaliza nuclear? Este trabalho visa a apresentar
uma área de aproximadamente 4,5 milhões de os principais pontos do PROSUB, e as
km², a qual possui grandes reservas de petróleo características dos submarinos deste projeto,
nas camadas do Pré-sal, grande biodiversidade dando foco ao submarino nuclear e ao salto
marinha, imenso potencial pesqueiro, que tecnológico que a MB está vivenciando e que
ainda não é muito aproveitado, além de deve conservar para acompanhar o projeto e
diversos outros recursos vivos e não-vivos. manter-se alinhada com os objetivos da END.
Vale ressaltar a importância político- O desenvolvimento do trabalho está dividido
econômica do litoral brasileiro para o em cinco partes: a primeira parte abordará
transporte marítimo que é responsável por sobre um breve histórico de uso de submarinos
aproximadamente 95% do comércio exterior, nucleares no passado; a parte seguinte versa
além de possuir intenso fluxo de embarcações sobre o Programa Nuclear Brasileiro (PNB);
na região do Atlântico Sul. Além disso, a a terceira apresenta o desenvolvimento do
exploração de petróleo e gás natural nas Programa Nuclear da Marinha (PNM), a
camadas do Pré-sal, como nas bacias de Santos quarta parte apresenta o PROSUB e a parceria
e Campos, vem se tornando produto de cobiça Brasil-França e a logística envolvida no
internacional, podendo afetar a soberania do projeto e, a quinta parte refere-se à preparação
nosso país. e à qualificação de pessoal e aborda, de forma
Nesse contexto da Amazônia Azul, o papel sucinta, outros projetos de reaparelhamento
de proteção e manutenção da soberania do dos meios operativos da MB.
Brasil, perante a esse grande patrimônio,
é desempenhado pela Marinha do Brasil 2 A MARINHA E O SUBMARINO NU-
(MB), que aplica o Poder Naval, garantindo CLEAR
os interesses do Estado no mar. Para realizar
tal missão, a MB se empenha numa busca A Marinha do Brasil quer colocar o
incessante de aquisição e fabricação de novos Brasil num novo patamar militar, científico
Periscópio 61
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
62 Periscópio
negados categoricamente pelo rival. reator elaborado pelo Laboratório Nacional de
A Guerra Fria, para os submarinistas, Argonne, nos EUA.
sem dúvida, foi muito quente. Vale destacar que foi proposto pelos
(LOBO, 2014, 101) EUA o programa “Átomos para a Paz” e
alinhados com o programa, Brasil e Alemanha
Em meio ao grande desenvolvimento das assinaram o Acordo de Cooperação para o
grandes nações durante a Guerra Fria, o Brasil Desenvolvimento da Energia Atômica com
sabia que o submarino nuclear era um excelente Finalidades Pacíficas em 1955. Este acordo
meio para a segurança de nossas águas, mas previa a compra de reatores de pesquisas
para isso acontecer, o Brasil sabia que deveria baseados na utilização do urânio enriquecido.
dominar a tecnologia nuclear primeiro. Por um lado, havia aqueles que defendiam a
importação da tecnologia americana, mas do
2.2 Programa Nuclear Brasileiro (PNB) outro lado, existiam aqueles que almejavam
o desenvolvimento da tecnologia nacional,
Em 1947, o Almirante Álvaro Alberto da utilizando urânio natural ou tório. Com este
Mota e Silva escreveu a primeira política a ser desenvolvimento, achava-se que era a única
aprovada pelo Conselho de Segurança Nacional forma para o desenvolvimento de uma política
(CSN), sendo indicado para a presidência do científica propriamente nacional.
Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), Durante o governo dos militares, iniciado
com o início da implementação do seu plano em 1964, foi estabelecida uma política nuclear
em 1951. Durante a presidência do Almirante tendo como base obtenção de usinas nucleares,
Álvaro Alberto, um dos objetivos do CNPq para a geração de energia elétrica e a criação
era estimular pesquisas sobre recursos minerais de complexos industriais nucleares autônomos
relevantes e expandir a industrialização da brasileiros. De acordo com a política, o Brasil
energia nuclear. iria adquirir todas as tecnologias necessárias
Durante o final da década de 50, para o domínio do ciclo do combustível
alguns entraves com acordos nacionais e nuclear num longo prazo. Em 1968, o governo
internacionais, orçamentos limitados e criou o “Conceito Estratégico Nacional”,
instabilidades políticas causavam atrasos nas utilizando como argumento que o meio para
pesquisas. Por causa disso, foi criada a Comissão a superação da posição periférica do Brasil em
Nacional de Energia Nuclear (CNEN) no relação ao cenário internacional seria através
início do governo de Juscelino Kubitschek, da tecnologia nuclear.
sob supervisão presidencial, mas em estreita Em 1973 tivemos a crise do petróleo e a
colaboração com a política norte-americana. expansão do mercado internacional de reatores
Em 1962, terminava a construção do primeiro e, em 1974, a decisão dos EUA em suspender
reator de pesquisa feito no país chamado de o fornecimento de urânio enriquecido para
Argonauta, localizado no Instituto de Energia as novas usinas. Em 1978, o Brasil procurava
Nuclear (IEN), na cidade do Rio de Janeiro; outro parceiro para obter a tecnologia nuclear.
porém, só entrou em funcionamento em 1965. Neste período, o presidente Geisel visitava a
O reator Argonauta foi uma adaptação de um Alemanha para acertar o acordo que previa
Periscópio 63
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
64 Periscópio
O ciclo do combustível possui um longo enriquecimento de urânio brasileiro é realizado
trajeto até chegar ao reator. Primeiro ocorre o a partir do processo de ultracentrífugas
processo de prospecção, no qual se extrai da magnéticas, as quais separam o U235 do U238 que
natureza os minérios que possuem o urânio. estão na forma de hexafluoreto de urânio. Este
Após isso, o urânio é separado pelo processo mecanismo é realizado por diversas vezes e
de lixiviação, na forma de minério de é chamado de processo cascata. Através deste
concentrado de urânio (U3O8) ou Yellow Cake, processo, o nível de U235 passa de 0,7 % para
como normalmente é conhecido. A próxima valores superiores a 4% de enriquecimento.
etapa é a transformação do minério, na forma Os órgãos internacionais realizam inspeções
sólida, em hexafluoreto de urânio (UF6) na quanto ao nível de enriquecimento para saber
forma gasosa. A próxima etapa do processo é qual é o fim destinado àquela massa de urânio.
onde está a atenção dos órgãos internacionais Lembrando que o enriquecimento a uma taxa
reguladores de tecnologia nuclear. superior a 93% serve para a produção de
Para o entendimento deste processo, alguns artefatos bélicos explosivos.
pontos devem ser colocados. O primeiro Após o enriquecimento, este produto passa
ponto são os isótopos do urânio encontrados por diversas técnicas industriais até chegar
na natureza. Eles podem ser encontrados na às pastilhas de urânio que são utilizadas nos
forma de U234, numa taxa desprezível para reatores. A pastilha é de forma cilíndrica e o
efeitos práticos, o U235 (0,7 % na natureza) e tamanho das pastilhas é, aproximadamente, de
U238 (99,3 % na natureza). O urânio utilizado um centímetro de raio por um de altura. Mesmo
como combustível de reator nuclear é o U235 sendo pequena, a pastilha pode produzir uma
e, por conta disto, se realiza o processo de grande quantidade de energia. Pode ser vista a
enriquecimento de urânio. O processo de comparação das energias na Figura 2.
Periscópio 65
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
66 Periscópio
A MB buscava um projeto de submarino No final de 2008, os presidentes do
que pudesse adaptar ao reator nuclear que já Brasil e da França estabeleceram a parceria
estava em desenvolvimento no CTMSP. Mas, estratégica, envolvendo acordos políticos,
também buscava algum projeto que dispusesse técnicos e comerciais. O PROSUB faz parte
da aquisição do conhecimento tecnológico do destes acordos técnico-comerciais. Dentre os
projeto, e não só a construção em si. Como já consórcios estabelecidos, destaca-se a então
colocado acima, a Rússia e a França possuíam empresa francesa Direction des Constructions
projetos que atendiam aos objetivos brasileiros, Navales Services (DCNS), hoje Naval Group.
mas a Rússia não se dispôs a transferir a A Naval Group criou a Escola de Projeto de
tecnologia dos seus submarinos. Além disso, Submarinos (École de conception des sousmarins),
não havia nenhum país que fosse cliente em Lorient, na França, que foi inaugurada em
da Rússia ou que estivesse em negociação. 2010. Ela possui como objetivo a transferência
Diferentemente, a França possui metodologias de tecnologia em projeto de submarinos.
mais usuais e de melhor compreensão de A construção do SN-BR (Figura 3) teve seu
técnicos e engenheiros, e já exportou o seu início em 2016 em Itaguaí, com prognóstico de
produto para Chile, Índia e Malásia. término para 2025. A construção da propulsão
A partir do momento que tinha sido é de responsabilidade do CTMSP que tem
definida a parceria com a França, foi criada como meta finalizá-la em 2018, ocorrendo
a Coordenadoria-Geral do Programa de após isso a instalação e a integração aos
Desenvolvimento de Submarino com Propulsão sistemas dos submarinos. Já a parte do casco
Nuclear (COGESN) subordinada à Diretoria- do submarino ficou a cargo da Nuclebrás
Geral de Material da Marinha (DGMM). A Equipamentos Pesados (NUCLEP), empresa
COGESN é responsável pelo gerenciamento que participou da elaboração dos cascos dos
do projeto e da construção da Base Naval em submarinos da classe Tupi, no passado. Para
Itaguaí com a finalidade de fazer a manutenção isso, foi criada a Unidade de Fabricação de
e de construir os submarinos - por meio da Estruturas Metálicas (UFEM) em 2013. Na
Gerência de Empreendimento Modular 18 UFEM, ocorrerá a fabricação das chapas
(EM-18), pela administração do projeto e da metálicas e das seções que irão compor o
fabricação do SN-BR - por meio da Gerência SN-BR, além da produção e instalação dos
de Empreendimento Modular 19 (EM-19). conveses, tubulações e anteparas.
Periscópio 67
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
O projeto do reator nuclear do SN-BR diretamente para o eixo. Este trabalho será
utilizará o tipo Reator de Água Pressurizada utilizado para acionar o gerador elétrico que
(PWR), por ser o mesmo modelo utilizado alimentará o motor elétrico da propulsão e
na maioria das plantas nucleares pelo mundo, carregará as baterias auxiliares. Este motor
inclusive nas usinas de Angra I e II. O sistema elétrico principal (MEP) será responsável pela
da propulsão tem o mesmo princípio de uma propulsão propriamente dita.
propulsão a vapor e o reator nuclear, por Vale lembrar que o Submarino Nuclear
analogia, faria a mesma função da caldeira. A Brasileiro será um submarino nuclear de
planta do submarino nuclear terá dois circuitos ataque, e não um submarino com mísseis
de vapor (Figura 4). O primeiro, onde ficará o balísticos de ogivas nucleares, pois o Brasil
reator nuclear, será a fonte térmica para aquecer assinou o Acordo de Cooperação para o
a água que passará pelo gerador de vapor. O calor Desenvolvimento da Energia Atômica com
da água do circuito primário que passa pelo Finalidades Pacíficas em 1955.
gerador de vapor aquecerá a água do circuito Além dos submarinos nucleares, a Marinha
secundário. A água do circuito secundário será do Brasil construirá, primeiramente, quatro
a utilizada na propulsão a vapor propriamente submarinos convencionais do tipo diesel-
dita, passando pela turbina onde será obtido elétrico para dominar a tecnologia da classe
o trabalho, depois pelo condensador e pela Scorpène. Os submarinos convencionais do
bomba alimentadora como em uma instalação PROSUB não são abordados, com detalhes,
a vapor. O trabalho obtido na turbina não irá neste trabalho.
68 Periscópio
Figura 4: Planta da propulsão do SN-BR.
Periscópio 69
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
2.5 Preparação e Qualificação de Pessoal projeto do submarino nuclear terá uma demanda
de aproximadamente 500 profissionais, entre
A MB tem se empenhado para preparar e engenheiros, técnicos e administradores. Com
qualificar seu pessoal com a chegada dessa nova isso, o PROSUB mobilizará a estrutura da
tecnologia. A necessidade de conhecimento COGESN com apoio do CTMSP.
que um submarino de propulsão nuclear exigirá
de sua tripulação é algo que tem caminhado a 2.6 Outros Programas Estratégicos da Marinha
passos largos, assim como o projeto em si.
Estes submarinos, convencionais e nucleares,
É importante projetar um integrarão os meios navais que serão construídos
equipamento que nunca vai falhar, e com o Projeto Estratégico “Construção do
é igualmente impossível desenvolver Núcleo do Poder Naval”, que envolve mais cinco
procedimentos que cobrirão todas projetos além do PROSUB, que são: Programa
as contingências. O mais lógico é de Construção de Corvetas Classe “Barroso”,
treinar o operador para que ele tenha Programa de Obtenção de Navios-Patrulha de
um entendimento da planta e de suas 500 toneladas, Programa de Obtenção de Meios
capacidades. (RICKOVER2 Apud de Superfície (PROSUPER), Programa de
LIMA, 2012, p.113) Obtenção de Navios-Aeródromos (PRONAe)
e Programa de Obtenção de Navios-Anfíbios
Na parceria entre Brasil e França, foi criado (PRONAnf ).
em Paris o Escritório Técnico do PROSUB
(ET-PROSUB), nas instalações da Marinha A condução do Projeto permitirá
Nacional da França, que administra as a geração de milhares de empregos
atividades desenvolvidas pelo projeto, bem diretos e indiretos; a capacitação
como presta apoio a todo o pessoal envolvido, e o aprimoramento de mão de
entre civis, militares, engenheiros e técnicos. obra nacional; fomentando a Base
A transferência de tecnologia dos Sistemas de Industrial de Defesa, num esforço,
Combate e Sonar está ocorrendo nas cidades sem precedentes, na história do
de Toulon e Sophia Antipolis. Além disso, Brasil. Tais iniciativas contribuirão
engenheiros e técnicos também trabalham na para o aumento do poder de dissuasão
transferência de tecnologia para construção do e para a proteção e preservação
submarino nuclear na cidade de Cherbourg. dos interesses nacionais nas Águas
Nas instalações da NUCLEP em Itaguaí, Jurisdicionais Brasileiras (AJB).
engenheiros e técnicos fazem parte do processo (CONSTRUIR, 2014, p.19)
que transfere a tecnologia de construção de
submarinos. Estes projetos, em conjunto com o
De acordo com dados da Naval Group, o PROSUB, servirão para garantir a soberania
nacional no mar e a salvaguarda de nossas riquezas.
A necessidade de reaparelhamento de nossos
2 DUNCAN, Francis. Rickover and the Nuclear Navy: The
Discipline of Technology. Naval Institute Press. Annapolis, meios sempre será uma necessidade da MB.
Maryland: 1990.
70 Periscópio
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS CORRÊA, Fernanda das Graças. Projeto
do submarino nuclear brasileiro: ciência,
Um submarino nuclear tem um grande tecnologia, cerceamento e soberania nacional.
poder de dissuasão pelo seu alto grau de Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro, v.
discrição e autonomia. A autonomia da energia 132, n. 07/09, p. 11-15, jul/set 2012.
nuclear permite que o submarino patrulhe
grandes extensões oceânicas. CORRÊA,Fernanda das Graças.O Submarino
O PROSUB é um marco dentro da Marinha de propulsão nuclear e a estratégia nacional.
do Brasil. Tal projeto arrasta consigo um grande Disponível em <http://www.unicamp.br/nee/
acúmulo de conhecimento e de técnicas de epremissas/pdfs/3/submarino.pdf>. Acesso
grande valia para a MB, como o domínio do em: 27 jul 2015.
ciclo do urânio e o LABGENE. Estas duas
últimas citadas são as que dão credibilidade para COSTA, Célia Maria Leite Costa. Acordo
a MB, e em um futuro próximo, essa tecnologia Nuclear Brasil-Alemanha. Disponível em
refletirá em todo Brasil. <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/
Desde muito tempo atrás, pessoas como FatosImagens/AcordoNuclear> . Acesso em:
o Almirante Álvaro Alberto e Almirante 23 ago 2015.
Rickover sabiam que o progresso e o
crescimento só viriam com o conhecimento. ENTREVISTA: Amazônia Azul. Grupo
As pesquisas já foram realizadas e, até aqui, Editorial Record. Disponível em <http://
têm demonstrado o quanto a MB é uma www.record.com.br/autor_entrevista.asp?id_
instituição que se preocupa em se modernizar autor=4714&id_entrevista=145>. Acesso em
e em trazer progresso para o país. : 28 jul 2015.
Com a chegada do submarino nuclear, a
Marinha do Brasil alcançará um novo patamar FRAGELLI, José Alberto Accioly. O primeiro
para garantir os interesses do Brasil no mar, submarino de propulsão nuclear brasileiro.
tornando o Brasil uma nação cada vez mais Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro, v.
soberana e preparada. 132, n. 07/09, p. 17-18, jul/set 2012.
Periscópio 71
CIÊNCIA
E TECNOLOGIA
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72 Periscópio
DO “TYPE XXI” AO “IKL-206” –
A ORIGEM DO “IKL-209”
Periscópio 73
HISTÓRICO
Então, foi decidido o resgate de dois submarinos geração de U-Boats ocorreu em 1955. Os
pequenos, Type XXIII e um maior, Type XXI. engenheiros Ulrich Gabler e Christoph
Esta última embarcação possuía entre de Aschmoneit, remanescentes dos projetos de
1621 e 2100ton e não estava de acordo com a desenvolvimento de submarinos anteriores à
tonelagem limitada de 350ton. Este problema guerra, foram convidados para colaborar na
foi resolvido usando o Type XXI apenas para construção da classe 201. Eles conduziram o
abrigar a tripulação e somente com propósitos desenvolvimento desta nova classe que entrou
experimentais ou de pesquisa. A preferência em produção em 1959, produzindo-se três
pelo maior se devia ao fato de que os pequenos unidades, sendo a primeira comissionada em
Type XXIII, dificilmente, acomodavam uma 1962.
tripulação e, adicionalmente, uma equipe O principal propósito desses submarinos
técnica para comissões no mar. era de esclarecimento e de defesa nas áreas
Os 3 submarinos foram levados para Kiel de atuação no Mar do Norte, tendo como
(Alemanha) para serem remontados pela então prioridade alvos de superfície em detrimento
Howaldtswerke (precursora da HDW). O a alvos submarinos. Já o propósito secundário
primeiro,U-Hai (U-Tubarão),foi comissionado era ser capaz de carregar minas e operar em
em 15 de agosto de 1957. O segundo, U-Hecht águas rasas.
(U-Lança), em 1º de outubro. Já o terceiro e Esses submarinos, por serem pequenos, não
maior, U-Wal (U-Baleia), tornou-se operativo tinham capacidade de transportar torpedos
em 1º de setembro de 1960 (Showell, 2006). em seu interior. Os 8 tubos deveriam ser
Posteriormente, este último foi rebatizado de carregados por fora. Além disso, possuíam
Wilhelm Bauer, em homenagem ao primeiro um casco não magnético, um novo projeto
submarino alemão, criado em 1850. de hélice e sofisticados equipamentos ópticos
O fim do ciclo operativo do U-Hecht deu- e eletrônicos. Inovaram também com um
se em 1968, sendo decidido pela sua reciclagem sistema em que era possível conduzir as
via empresas especializadas. O U-Hai encerrou informações de rumo pelo passadiço, com
sua vida operativa em 14 de setembro de abrigo de uma antepara de vidro. Tinham
1966 de forma trágica, naufragando durante capacidade de atingir 17 nós mergulhado e
exercícios no Mar do Norte. Dos 20 tripulantes, 12 nós na superfície. De acordo com Showell
apenas um suboficial sobreviveu. Essas 19 (2006, p. 111) “Este pequeno submarino,
mortes foram as únicas de submarinistas porém, altamente manobrável e de difícil
alemães pós 2ª Guerra Mundial (Richter, detecção, provou ser eficaz o suficiente contra
2005). Desses três submarinos, somente o um inimigo que surgisse ao alcance de seus
Wilhelm Bauer permaneceu íntegro e, hoje torpedos”.
encontra-se preservado no Museu Marítimo Uma das falhas do projeto era a escassez de
em Bremerhaven. recursos de navegação no passadiço quando
transitando na superfície. A vela era muito
3 CLASSE 201 pequena, deixando o passadiço muito próximo
à linha d’água, o que mantinha o Oficial de
O primeiro passo para a criação da nova Quarto exposto às intempéries do ambiente e
74 Periscópio
tornava-o inadequado para operar em mares regiões de mares calmos. Era um submarino
agitados. O principal canal de comunicação tão compacto que sua tripulação se resumia
entre o Passadiço e o Oficial de Periscópio era a 7 homens, apenas. O ar em seu interior era
por voz, abrindo-se a escotilha. A atracação ou escasso e suas baterias não proporcionavam uma
o suspender do porto com apenas um hélice autonomia significativa. Consequentemente,
limitava a manobrabilidade, o que tornava não era possível realizar operações próximas
essencial o apoio de rebocadores. Em 1962 à costa sem esnorquear. Essa classe também
descobriu-se alguns problemas no U1 e U2 apresentou sérios problemas de corrosão em
através de inspeções de rotina, onde seus cascos seu casco antes do previsto.
não magnéticos apresentavam corrosões antes A Marinha ainda manteve dois contratos
do previsto. adicionais de desenvolvimento, mas as classes
Após a construção do U3, a OTAN 203 e 204 não foram adiante.
mudou as regras de medição de deslocamento
ao incluir o lastro no somatório total de 5 CLASSE 205/207
tonelagem, fazendo com que estes três novos
submarinos não estivessem conforme o acordo Estes submarinos foram uma evolução
internacional vigente. direta da Classe 201, sendo os dois primeiros,
Porém em 1962 ocorreu a Crise dos Mísseis U1 e U2, feitos a partir dos Classe 201
de Cuba, acirrando a disputa armamentista modernizados, com 1,80m a mais de
entre EUA e ex-URSS. Tal fato contribuiu comprimento para satisfazer a demanda
para a Marinha Alemã pudesse elevar o dos novos equipamentos. Ao todo foram
limite de tonelagem de seus submarinos construídas treze unidades, sendo duas para
para 450ton durante a construção dos 201, a Marinha Real Dinamarquesa. A Marinha
o que posteriormente serviu de base para a Norueguesa também adquiriu mais quinze
construção da Classe 205. unidades customizadas, denominadas Classe
O U3, em sua fase operativa chegou a ser Kobben ou 207 (Karr, 2014).
emprestado para a Marinha Real Norueguesa, Diferentemente dos anteriores, os 205
sendo devolvido em 1966 (Karr, 2014). possuíam o casco em formato de gota, o que
o tornava ideal para operações em águas rasas
4 CLASSE 202 no Mar Báltico. Foram equipados com novos
sensores e com motores mais modernos. O
A classe 202 surgiu com o propósito de grande avanço destes novos submarinos foi a
corrigir os erros da antecedente. Ela seria uma utilização do aço ST-52 na construção de seu
versão menor do antigo Type XXIII e chegaram casco, o que evitava os problemas de corrosão
a cogitar a construção de 40 unidades, porém dos cascos não magnéticos dos 201. A vela e
só 2, foram construídas (Richter, 2005). o passadiço também foram redimensionados,
Alguns problemas não foram corrigidos, pois esperava-se que, assim, pudessem retirar
como por exemplo a pequena dimensão da a restrição de mar que seus antecessores
vela, que obrigava a embarcação a operar em possuíam.
Periscópio 75
HISTÓRICO
6 CLASSE 206 – A SEGUNDA GERAÇÃO tinha 25 homens e era possível ter autonomia
DE SUBMARINOS de semanas no mar, necessitando de um
“snorquel” de 3 horas por dia. Segundo Showell
As pesquisas geradas com as novas (2006, p. 117): “Caso necessário, sua propulsão
embarcações, combinadas com o rápido poderia funcionar em modo econômico de
desenvolvimento de novas tecnologias, energia, permitindo ao submarino permanecer
especialmente no campo da eletrônica, mais de uma semana sem carregar as baterias”.
proporcionaram à engenharia submarina novas Adicionalmente, estes submarinos foram
oportunidades, criando uma nova geração equipados com torpedos inteligentes guiados
de U-Boats. Essa geração foi um marco no por fio, sendo possível a realimentação de
desenvolvimento de projetos e construção de informações após o disparo. Isso permitia, por
submarinos, pois incluiu o sistema de controle exemplo, o direcionamento a um determinado
de armas. alvo dentro de um grupo de navios. Outra
A classe 206 tinha o formato diferente de possibilidade era de se lançar cordões de minas
todos os modelos antes construídos. E pela em determinada área, via sistema de controle
primeira vez, o estaleiro da Howaldtswerke- interno do submarino.
Deutsche Werft (HDW), em Kiel, assumiu Posteriormente, houve modernizações
todo o processo de construção de um em doze unidades, sendo rebatizadas de
submarino, desde a concepção e projeto, aos Classe 206A; as outras seis unidades foram
testes finais de mar. descomissionadas. As modernizações incluíam:
O U13 – o primeiro, de uma série de a instalação do novo sonar STN Atlas DBQS-
dezoito da classe 206 - foi comissionado 21D juntamente a novos periscópios e a um
em 14 de abril de 1973. Seu projeto inicial novo sistema de controle de armas (LEWA); o
foi baseado nos últimos modelos do 205. sistema MAGE foi substituído e foi instalado
Nestes submarinos, os compartimentos não um sistema de navegação GPS; foram
eram mais estanques, sendo implementada a armados com os novos Torpedos DM2A1
antepara acústica entre o compartimento de “Seal”; o sistema de propulsão foi restaurado
máquinas e o de manobra. Não havia mais a inteiramente e melhorias foram feitas nos
necessidade de militares operarem os motores alojamentos da tripulação.
localmente, pois foi desenvolvido um moderno Mais tarde houve o projeto de nove
sistema de controle remoto dos motores, de unidades da Classe 208, com Propulsão
forma que o operador não ficasse mais exposto Independente de Ar (AIP), baseado no 206.
ao barulho do compartimento de máquinas. Devido a restrições tecnológicas e financeiras,
O casco voltou a ser não magnético, porém aliadas à grande eficácia dos 206 no Mar
agora era de aço inoxidável austenítico, que Báltico, a Classe 208 foi adiada para entrega
proporcionava maior resistência à corrosão e em 2000, o que nunca ocorreu (Zulu, 2013).
elasticidade perante as pressões do mar. A Colômbia, recentemente, comprou
Estas embarcações foram, à época, o menor quatro unidades descomissionadas do 206A
submarino a operar confortavelmente em para o combate costeiro ao narcotráfico. Dois
profundidades de 20 metros. Sua tripulação submarinos, chamados Intrépido (ex-U-23)
76 Periscópio
e Indomable (ex-U24), foram encomendados Richter, A. (2005). Hintergrund: Die U-Boote
para a Marinha da Colômbia em 28 de agosto der Marine seit 1955 (em alemão). Acesso
de 2012 e os outros dois (ex-U16 e ex-U18) em 19 de maio de 2017, disponível em
foram adquiridos para servirem como peças de Spiegel Onlin: http://www.spiegel.de/sptv/
reposição (United Press International, 2012). nachtclub/a-360731.html
Em 5 de dezembro de 2015, Intrépido e
Indomable entraram em serviço ativo após Showell, J. M. (2006). The U-Boat Century:
um longo reparo na Alemanha (Sistema German Submarine Warfare 1906-2006.
Informativo del Gobierno, 2015). Londres: Ghatham Publishing.
Periscópio 77
www.ezute.org.br
MODERNIZAÇÃO DE SUBMARINOS EM PROVEITO
DO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E
CIENTÍFICO
Periscópio 79
HISTÓRICO
80 Periscópio
3 U-2540 WILHELM BAUER Museum. Atualmente encontra-se atracado
em Bremerhaven, na Alemanha, na condição
O projeto do submarino Tipo XXI de navio museu, aberto à visitação pública.
é considerado de suma importância no Outro caso interessante sobre um submarino
desenvolvimento de tecnologias de submarinos que passou por modificações tecnológicas é
militares, podendo ser considerado um o USS Cusk (SS / SSG / AGSS-348), um
protótipo do submarino convencional submarino americano da classe Balao. Foi
moderno. Após terem sofrido grandes lançado em 28 de julho de 1945 pela Electric
perdas durante o primeiro semestre de 1942, Boat, Groton, Connecticut; co-patrocinado
as autoridades alemãs concluíram que os pela Sra. CS Gillette, e pela Sra. WG Reed
submarinos mais antigos Tipos VII, IXC e e comissionado em 5 fevereiro de 1946. Após
IXD, não eram compatíveis com os desafios realizar diversas missões no Mar do Caribe
impostos pela guerra. O projeto do tipo XXI e no Atlântico Norte passou por um projeto
foi a resposta à deterioração da situação e pioneiro no campo de mísseis, tendo sido
os primeiros submarinos foram lançados na equipado com um hangar de mísseis e rampa
primavera de 1944 apenas nove meses após de lançamento logo atrás de sua vela, em
a apresentação inicial dos desenhos (Busch, 1947. Sendo assim, em 20 de janeiro de 1948,
1999). Estes navios notáveis incorporaram tornou-se o primeiro submarino capaz de
um bom número de inovações, incluindo o lançar um míssil guiado de seu próprio convés.
esnórquel, que lhe permitiu operar submerso
empregando os motores diesel na cota 4 PROJETO 09852 BELGOROD
periscópica. O tipo XXI era uma arma nova
e ameaçadora que poderia ter alterado o curso Outro caso importantíssimo a ser citado é
da guerra se tivesse sido introduzida mais cedo. o projeto do Submarino Nuclear Belgorod,
Em 1957, o submarino U-2540 (Tipo XXI) outrora conhecido como “assassino de
que foi destruído no final da Segunda Guerra porta-aviões”, que foi convertido em um
Mundial, nunca tendo ido em patrulha, foi submersível científico, a ser entregue à
trazido novamente à superfície passando por uma Marinha da Rússia em 2018. O submarino
reforma estrutural e posterior modernização de inacabado despertou o interesse dos militares.
maneira a ser colocado novamente em operação. Foi decidido reconstruir o navio e convertê-lo
Mas, desta vez, com um novo propósito, ele foi em um navio-mãe para veículos subaquáticos
equipado para ser empregado como navio de tripulados e não tripulados.
pesquisa, agora com o nome de Wilhelm Bauer. O submarino inicialmente projetado para
Foi operado por equipes militares e civis para lançar misseis de cruzeiro, foi reequipado para
fins de pesquisa até 1982, servindo como base lançamento de mergulhadores, veículos não
de teste para as inovações técnicas da classe 206 tripulados e batiscafos, transportando equipes
(GRÖNER, 1991). científicas especiais. Não há caso similar ao do
Este submarino foi colocado à venda Belgorod no mundo, sendo o único exemplo de
pelo Ministério da Defesa e adquirido pelo submarino nuclear empregado em tarefas não
conselho de curadores da German Maritime militares. Segundo o chefe do projeto digital
Museum Association e o German Maritime Rússia Militar, Dmitry Kornev, o Belgorod
Periscópio 81
HISTÓRICO
pode ser utilizado para fins tanto militares FRIEDMAN, Norman. U.S. Submarines
como civis, sendo capaz de instalar cabos Since 1945: An Illustrated Design History.
submarinos ou sistemas de monitoramento London, 1994.
hidroacústico como o Garmonia. O navio
estará equipado com um sistema geofísico que GRÖNER, Erich; JUNG, Dieter; MAASS,
permite levar a cabo trabalhos de exploração Martin. German Warships 1815–1945:
na plataforma do Ártico. O sistema reduzirá U-boats and Mine Warfare Vessels. Revised
4 vezes os custos de investigação em espaços Edition. London: Conway Maritime Press,
aquáticos de difícil acesso, independentemente 1991.
das condições meteorológicas e do gelo.
Ademais, o Belgorod será capaz de construir NILSEN, Thomas. Now, Russia builds a
e de realizar manutenção de infraestrutura submarine even bigger than the Typhoon,
submarina. Disponível em: <https://thebarentsobserver.
com/en/security/2017/05/russias-new-
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS military-research-submarine-arctic-waters-
will-be-worlds-largest> Acessado em:
Conforme observado neste artigo, a 19/05/2017.
prática de utilizar meios existentes para
desenvolvimento de novas tecnologias vem POLMAR, Norman. Cold War Submarines
sendo utilizada desde o final da Segunda Guerra – The Design and Construction of U.S. and
Mundial, viabilizando avanços tanto nas Soviet Submarines. 1º Edição.Washington,
doutrinas de operação quanto nas tecnologias D.C.: Potomac Books, INC, 2004.
empregadas nos submarinos. As vantagens
evidentes que se apresentam são a redução dos SHOWELL, Jak Mallmann. The U-Boat
riscos e custos de desenvolvimento de novas Century – German Submarine Warfare 1906-
tecnologias pela utilização de plataformas 2006.
já existentes e consolidados, assim como a
ampliação da vida útil e do valor militar do SUTTON. Spy Subs – Project 09852 Belgorod.
inventário atual das forças. Disponível em: <http://www.hisutton.com/
Spy%20Subs%20-Project%2009852%20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Belgorod.html> Acessado em: 19/05/2017.
82 Periscópio
BREVE HISTÓRIA DA CAMPANHA DOS U-BOATS NO
ATLÂNTICO, DURANTE A 1ª GRANDE GUERRA
Periscópio 83
HISTÓRICO
84 Periscópio
2 OS PRIMEIROS SUCESSOS não veio a tempo para os navios. Weddigen
disparou um torpedo em Aboukir. Os capitães
Em 5 de setembro de 1914, o U-21, do HMS Hogue e do HMS Cressy assumiram
comandado pelo Tenente Otto Hersing fez que Aboukir tinha atingido uma mina e foram
história quando ele torpedeou o cruzador da para ajudar. O U-9 lançou dois torpedos no
Marinha Real Britânica HMS Pathfinder. HMS Hogue e depois atingiu o HMS Cressy
A munição do Cruzador explodiu e o navio com mais dois torpedos, quando o cruzador
afundou em quatro minutos, levando 259 tentava fugir. Os três cruzadores afundaram
tripulantes com ele. Foi a primeira vitória de em menos de uma hora, matando 1.460
combate do submarino moderno. marinheiros britânicos.
Os U-boats alemães obtiveram ainda Três semanas depois, em 15 de outubro,
mais sorte em 22 de setembro. Nas primeiras Weddigen também afundou o velho cruzador
horas da manhã deste dia, um vigia sobre o HMS Hawke, e os tripulantes do U-9 tornaram-
passadiço do U-9, comandado pelo Tenente se heróis nacionais. Cada um recebeu a Cruz
Otto Weddigen, avistou um navio no de Ferro de 2ª Classe, exceto o Comandante
horizonte. Weddigen ordenou o submarino Weddigen, que recebeu a Cruz de Ferro de 1ª
para mergulhar imediatamente, e o submarino Classe. Os naufrágios causaram alarde dentro
foi adiante para investigar. Aproximando-se, do Almirantado Britânico, que estava cada vez
Weddigen descobriu três velhos cruzadores mais nervoso sobre a segurança do porto de
blindados da Marinha Real, o HMS Aboukir, Scapa Flow, e a frota foi enviada aos portos
o HMS Cressy e o HMS Hogue. Esses três na Irlanda e à costa oeste da Escócia até que
navios não eram meramente antiquados, defesas adequadas fossem instaladas em Scapa
mas eram compostos principalmente por Flow. Isto, de certa forma, foi uma vitória mais
reservistas e eram, tão claramente vulneráveis, significativa do que afundar alguns velhos
que a decisão de retirada deles já havia subido cruzadores. A frota mais poderosa do mundo
pela burocracia do Almirantado. A ordem tinha sido forçada a abandonar sua base.
Periscópio 85
HISTÓRICO
86 Periscópio
cara com a fome”. Em 4 de fevereiro de 1915, mercantes por U-boat foi derrotada desta
começou a primeira campanha irrestrita contra forma. No entanto, esta resposta deu abertura
o comércio Aliado. O submarino tinha várias para o submarino atacar sem aviso. Em março
deficiências para um “corsário” de comércio; de 1915, essa tática foi usada pelo SS Bruxelas
sua baixa velocidade, mesmo na superfície, era para escapar de um ataque pelo U-33. Por isso,
escassamente mais rápida que muitos navios seu Capitão Charles Fryatt, foi executado,
mercantes, enquanto seu leve armamento era após ser capturado pelos alemães, em Junho
inadequado contra navios maiores. Usar a arma de 1916, provocando, assim, a condenação
principal do U-boat, o ataque sem aviso, usando internacional.
torpedos, significaria abandonar o cuidado Outra opção era armar navios para a
necessário para evitar prejudicar neutros. autodefesa, que, de acordo com os alemães,
No primeiro mês, 29 embarcações colocava-os fora da proteção das “Regras de
foram afundadas, totalizando 89.517 GRT Cruzador”.
(ou TAB, Tonelagem Bruta), um ritmo de Outra alternativa também, era para armar
destruição que foi mantido durante todo o e tripular “navios-armadilha”, com armas
verão. Com o aumento dos afundamentos, escondidas, os chamados Q-Ships. Uma
também aumentou o número de incidentes, variante dessa ideia foi equipar pequenas
politicamente, danosos. Em 19 de fevereiro, o embarcações com uma escolta de submarino.
U-8 torpedeou Belridge, um petroleiro neutro Em 1915, três U-Boats foram afundados por
que viajava entre dois portos neutros. Em Q-Ships e outros dois, pelos submarinos que
março, U-boats afundaram Hanna e Medeia, acompanhavam as traineiras. Ainda em Junho,
um cargueiro sueco e um cargueiro holandês; o U-40 foi afundado pelo HMS C24, enquanto
em Abril, duas embarcações gregas. atacava Taranaki, e, em Julho, o U-23 foi
Ainda em março, Falaba foi afundado, com afundado pelo C-27, enquanto engajava o
a perda de uma vida americana, e, em Abril, Princesa Louise. O U-36 foi afundado pelo
Harpalyce, um navio de socorro belga. Em Q-Ship Príncipe Charles, e, em Agosto e
7 de maio, o U-20 afundou RMS Lusitania, Setembro, U-27 e U-41 foram afundados por
causando 1.198 mortes, entre elas, 128 de Baralong, no notório incidente Baralong.
cidadãos americanos. Não havia, no entanto, meios para detectar
Estes incidentes causaram indignação entre os U-boats submersos e, ataques sobre eles
os neutros, e o escopo da campanha irrestrita limitavam-se aos esforços para danificar seus
foi diminuído, em Setembro de 1915, para periscópios com batidas e soltar bombas de
diminuir o risco dessas nações entrarem em algodão-pólvora (Nitrocelulose).
guerra contra a Alemanha.
Contramedidas britânicas foram, em 5 1916: APOIO À FROTA DE ALTO-MAR
grande parte, ineficazes. A medida defensiva
mais eficaz talvez tenha sido aconselhar Em 1916, a Marinha Alemã voltou-se
mercantes a guinar em direção ao submarino para uma estratégia de usar os submarinos
e tentar abalroá-lo, forçando-o a mergulhar. para corroer a superioridade numérica da
Mais da metade dos ataques contra navios Grande Frota Britânica, encenando uma série
Periscópio 87
HISTÓRICO
88 Periscópio
alguns dias depois, Tulip foi afundado pelo fracassos. Os barcos de Flandres foram capazes
U-62, cujo capitão suspeitou de sua aparência. de manter o acesso ao longo do período.
Maio de 1918 viu a única tentativa dos
7 1918: O ÚLTIMO ANO alemães de reunir um grupo de ataque para
combater os comboios Aliados, o precursor da
O sistema de comboios foi eficaz em Rudeltaktik (Alcateia).
reduzir as perdas de navios Aliados, enquanto Ainda em Maio, 6 U-boats navegaram, sob
que, melhores armamentos e táticas fizeram os o Comando do Kapitänleutnant Rucker, no
escoltas serem melhor sucedidos em interceptar U-103. Em 11 de Maio, o U-86 afundou um
e atacar os U-boats. Perdas de meios nas águas dos dois navios destacados de um comboio
do Atlântico eram de 98 navios (pouco mais no Canal, mas, no dia seguinte, o Navio de
de 170.000 GRT), em janeiro. Depois de Transporte de Tropas RMS Olympic levou
um aumento, em fevereiro, as perdas caíram à destruição o U-103, enquanto o UB-72 foi
novamente, e não subiram mais que isso até o afundado pelo submarino britânico HMS D4.
fim da guerra. Mais outros dois navios em comboios foram
Em janeiro, 6 U-boats foram destruídos afundados, na semana seguinte, e três escoteiros,
nesse Teatro; esta se tornou, também, a média porém, mais de 100 navios atravessaram seguros
de perdas neste último ano da guerra. os grupos de patrulha na área.
Os Aliados continuaram tentando bloquear
o acesso através do Estreito de Dover, com a
barragem de Dover. Até novembro de 1917,
foi ineficaz; até então, só 2 submarinos haviam
sido destruídos pela força da barragem, e a
barragem em si tinha sido um ímã para os
ataques de superfície. Após a grande melhoria
no inverno de 1917, tornou-se mais eficaz; no
período de quatro meses depois de meados de
dezembro, sete submarinos foram destruídos
tentando transitar pela área, e, em fevereiro, os
navios da Frota de Alto-Mar abandonaram a
rota, em favor de navegar pelo norte, em volta
da Escócia, com uma consequente perda de
eficácia. Os barcos de Flandres ainda tentaram
usar a rota, mas continuaram a sofrer perdas
e, depois de março, mudaram suas operações
para a costa leste da Grã-Bretanha.
Outras medidas, particularmente contra
a flotilha de Flandres, foram ataques em
Zeebrugge e Ostend, uma tentativa de
bloquear o acesso ao mar. Estes foram grandes Figura 3: Capitão de Fragata Rucker.
Periscópio 89
HISTÓRICO
Navios
Navios U-boats U-boats
Afundados
Ano Tonelagem Afundados Tonelagem Destruídos Destruídos
(Frota de
(Flandres) (FAM) (Flandres)
Alto-Mar)
1914 3 2,950 N/A N/A 5 N/A
90 Periscópio
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Periscópio 91
92 Periscópio
AULA INAUGURAL DO CAMECO
E C-ESP-MEC 2016
Periscópio 93
ARTIGOS DIVERSOS
Os mergulhadores de combate, de fato, não como componentes de uma das unidades das
são seres sobrenaturais; são apenas, diferentes. Operações Especiais da nossa Marinha.
Nossa força de vontade nos direciona a Nesse sentido, destaco três aspectos do
sermos exitosos em nossas missões. O nosso conceito de Operações Especiais preconizados
maior inimigo está dentro de nós mesmos. Se na Doutrina Básica da Marinha. O primeiro
soubermos combater esse inimigo, lograremos deles é que seus componentes refletem pessoas
sucesso, não só no curso, como também em especialmente selecionadas e adestradas, tanto
outras dificuldades com as quais sejamos física quanto psicologicamente. Seleção é o
defrontados. processo que os senhores estão passando agora;
Feita esta breve introdução, quero destacar na verdade, iniciou-se há alguns meses, com
um conceito básico relacionado à questão da os exames de saúde e os testes psicológicos e
importância do mar para o nosso país. Todos físicos. Chegando ao GRUMEC, os senhores
sabemos que o Brasil comercializa com todos perceberão a ênfase dada ao adestramento.
os continentes e que o comércio marítimo é a A necessidade dessa preparação é decorrente
principal atividade que temos nas nossas relações dos ambientes e situações de risco elevado
internacionais. Cerca de 95% do comércio que também caracterizam as Operações
exterior brasileiro é conduzido por via marítima. Especiais. Um terceiro aspecto conceitual
Este aspecto denota a importância do mar e, reflete o emprego de ações e métodos não
principalmente, da relevante contribuição que convencionais que, da mesma forma, exigem
a Marinha provê nesse contexto. Outra questão preparação apropriada dos elementos de
de grande impacto estratégico está relacionada operações especiais.
ao grande quantitativo de petróleo extraído Essas características não surgiram
na área das águas jurisdicionais brasileiras – recentemente. Além de alguns registros na
praticamente 90%. antiguidade, há ações bem relevantes nas duas
Estes aspectos ressaltam a importância guerras mundiais. Mas foi, particularmente, na
que o conceito da Amazônia Azul ganhou II Guerra Mundial que ocorreram os maiores
no ambiente acadêmico e na consciência de exemplos do emprego de mergulhadores
nossa sociedade, refletindo a preocupação com de combate. Naquele conflito, foram
a necessidade de proteção das nossas riquezas identificadas, basicamente, duas vertentes
e o papel da Marinha, com seus diversos diferentes: a italiana, que priorizava as ações
meios, incluindo a contribuição relevante submersas, e a vertente norte-americana, que
do GRUMEC, sobretudo nas situações de enfatizava as operações anfíbias. Talvez o
retomada e resgate de plataformas de petróleo, ponto mais marcante dos italianos foi o ataque
eventualmente sob a ação de sequestro e, ainda, feito pelos seus mergulhadores de combate aos
compondo os destacamentos de abordagem, navios fundeados no porto de Alexandria, em
para os casos de não cooperação em ações 1941, combinando o lançamento por meio
de proteção marítima ou nas operações de de submarinos e o emprego de equipamentos
interdição marítima (MIO). de mergulho de circuito fechado. Alemães,
Os senhores estarão sendo preparados ingleses e japoneses seguiram o exemplo da
para desempenharem missões como estas, vertente italiana.
94 Periscópio
Os Estados Unidos privilegiaram o ensinamentos adquiridos, nasceu, em 1970,
apoio às operações anfíbias, realizando o a Divisão de Mergulhadores de Combate,
reconhecimento hidrográfico das praias de considerada a semente do atual Grupamento
desembarque e na destruição dos obstáculos de Mergulhadores de Combate. Poucos anos
naturais ou artificiais, ações que contribuíram depois da criação da Divisão MEC, outros
para reduzir bastante o índice de baixas nas militares foram enviados à França para cursar
operações naquela guerra. o Nageur de Combat. Adaptando o modelo
Na história recente, tivemos alguns norte-americano e o francês, foi criado o
exemplos marcantes do emprego de curso de Mergulhador de Combate na nossa
mergulhadores de combate norte-americanos, Marinha, em 1974. A evolução e importância
ingleses, argentinos e franceses nos conflitos da atividade fez com que, em 1996, o então
do Vietnã, das Malvinas, da Bósnia, do Iraque Ministro da Marinha decidisse transformar
e do Afeganistão, além de ações no Panamá, na em Aperfeiçoamento o curso de Mergulho
Nicarágua, na Nova Zelândia, dentre outros. de Combate para oficiais, tendo a primeira
Nas proximidades da Somália, por exemplo, turma se formado em 1998, ano em que o
o caso mais famoso foi o resgate do Capitão Grupamento de Mergulhadores de Combate
Philips, comandante do navio mercante foi ativado como uma organização militar.
Maersk Alabama, que fora sequestrado por Comentando especificamente um pouco
piratas marítimos somalis. Outro evento do curso e suas perspectivas, devo ressaltar que
famoso recente que envolveu os mergulhadores os senhores passarão por muitos desgastes e
de combate norte-americanos foi a captura do provações nos próximos meses. Os senhores
então líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. aprenderão a lidar com os elementos mais
No Brasil, a atividade de mergulho foi internos de suas personalidades e valorizarão
iniciada em 1964, quando alguns militares da muito o trabalho em equipe. Vocês serão
MB foram enviados aos EUA e realizaram o versados em várias técnicas especiais,
curso Underwater Demolition Teams (UDT), necessárias para que componham as equipes
hoje denominado BUD-SEAL. Com os operativas do GRUMEC.
Periscópio 95
ARTIGOS DIVERSOS
Aqueles que obtiverem sucesso no curso vem trazendo um componente muito positivo
se dedicarão a um programa de qualificação no que diz respeito à representatividade da
operativa complementar, quais sejam: Marinha perante a sociedade, refletido por meio
paraquedismo básico, mestre de salto, salto de diversas reportagens e artigos em revistas
livre, precursor paraquedista, operações na especializadas nacionais e internacionais.
selva, montanhismo, desativação de artefatos Voltando um pouco à questão do curso,
explosivos, atirador de precisão, dentre outras ressalto que os senhores passarão por várias
técnicas. angústias e desafios durante o curso, as quais
Os adestramentos no GRUMEC também lhes trarão desconforto, dores, desânimo.
são complementados por meio de intercâmbios Muitas vezes, os senhores se depararão com
com mergulhadores de combate de outros dúvidas de suas reais capacidades para nossa
países: EUA, Espanha, França, Chile, Polônia atividade. Mas saibam que cada passo dado
e Uruguai. O GRUMEC também possui e cada dia que se passa os levam para mais
participação em operações de paz, como a perto da conclusão do curso. Ao vencer essas
Força Tarefa Marítima da UNIFIL, no Líbano. dificuldades, os senhores perceberão um dos
Outro ponto a ser destacado é que, sentimentos mais gratificantes do ser humano:
particularmente, nos últimos anos o GRUMEC acreditar na nossa capacidade de superação e
96 Periscópio
engrandecimento pessoal. essa opção de se tornarem Mergulhadores de
Portanto, dediquem-se; resistam à vontade Combate. Depende tão somente dos senhores
de pedirem pra sair. Perseverança é uma das suplantarem o inimigo interno de cada um.
chaves para o sucesso no curso e na atividade.
Desse modo, enaltecendo o lema dos Muito obrigado!
Mergulhadores de Combate, desejo que a sorte
acompanhe os audazes. Audazes os senhores já FORTUNA AUDACES SEQUITUR!
são, porque deram o primeiro passo e fizeram
Figura 3: GRUMEC
Periscópio 97
C
riada em 16 de dezembro de 1975, a NUCLEP tem como visão Com foco na área de defesa, o submarino nuclear tem como
ser empresa de referência na fabricação de equipamentos e diferencial o tempo de submersão e a velocidade que pode alcançar,
componentes pesados para atender as demandas normalmente superior aos modelos convencionais. Nesse propósito, a
estratégicas da nação, habilitada a absorver e desenvolver, NUCLEP enviou mais de 60 prossionais de inúmeros setores à França
continuamente, novas tecnologias. para entender as expertises de fabricação da Marinha francesa e
garantir mais essa excelência na construção naval brasileira.
A diversicação de sua carteira de obras permite que a
empresa atenda, não apenas ao setor nuclear, como também as áreas BENEFÍCIOS
naval, offshore e outras. Tudo isso ocupando um terreno com mais de 1 A parceria garante ao Brasil uma maior independência no
milhão de metros quadrados e, aproximadamente, 90 mil metros patrulhamento da Amazônia Azul, hoje com uma área de 4,5 milhões de
quadrados de área construída no bairro Brisamar, em Itaguaí – RJ. km², quase três vezes a área do estado do Amazonas. Através da costa
brasileira, é retirado 90% do petróleo nacional, bem como realizado 95%
Já desenvolvemos diversos projetos, como a construção dos do comércio exterior do Brasil.
cascos das Plataformas P-51 e P-56 da Petrobras; geradores de vapor
para a Usina Nuclear de Angra 1, em substituição aos inicialmente A previsão de conclusão das obras de fabricação do casco
fabricados; componentes para as Usinas Angra 2 e Angra 3 e cascos resistente do SBR-3 é setembro de 2017, totalizando um tempo de 2 anos
resistentes de submarinos para a Marinha do Brasil. e 7 meses. O trabalho demonstra o alto grau de maturidade da NUCLEP
no domínio das técnicas de construção adquiridas na transferência de
SUBMARINOS tecnologia envolvida no PROSUB.
Atualmente, a NUCLEP constrói os cascos das cincos unidades do
Programa de Desenvolvimento de Submarinos, o PROSUB, resultado de O impacto social da fabricação também é positivo, pois estima-
um acordo de colaboração e entrega de tecnologia entre Brasil e França, se que 144 mil itens, construídos por mais de 100 empresas brasileiras,
aprovado em 2008. Serão quatro submarinos convencionais diesel- farão parte dos quatros submarinos convencionais.
elétrico, dos quais já entregamos as Seções do SBR-1, SBR-2 e a
penúltima parte do SBR-3, além da fabricação do SN-BR, o primeiro
submarino brasileiro de propulsão nuclear.
PROSUB: DEFESA E SOBERANIA
Para contribuir com a defesa e a soberania Construído em uma área de 750 mil
sobre as Águas Jurisdicionais Brasileiras, quilômetros quadrados, o Complexo Naval
a Marinha do Brasil tem concentrado de Itaguaí abriga a Infraestrutura Industrial
esforços no Programa de Desenvolvimento e de Apoio, composta de uma Unidade de
de Submarinos (PROSUB), que ampliará a Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM),
capacidade operacional da Força para proteger dois estaleiros, um de construção e outro
e preservar a nossa Amazônia Azul. de manutenção e uma base naval (EBN),
Criado em 2008, o PROSUB prevê o um complexo radiológico, duas docas secas,
projeto e a construção de uma Infraestrutura oficinas, áreas administrativas, 13 cais e um
Industrial e de Apoio à operação de elevador de navios (shiplift) — com capacidade
submarinos, a construção de quatro submarinos para suportar 8 mil toneladas, além de um
convencionais e o projeto e construção do Centro de Instrução e Adestramento para as
primeiro submarino com propulsão nuclear tripulações dos submarinos.
brasileiro.
Periscópio 99
ARTIGOS DIVERSOS
100 Periscópio
Figura 3: Construção dos S-BR na UFEM.
Periscópio 101
ARTIGOS DIVERSOS
e de apoio logístico dedicado a meios navais tecnologia, que garantirá ao Brasil a capacidade
com propulsão nuclear, no hemisfério sul. de projetar, construir, operar e manter seus
Um dos aspectos mais notáveis do PROSUB próprios submarinos convencionais e com
diz respeito ao arrasto tecnológico a ser vivido propulsão nuclear.
pelo País, em função da transferência de
102 Periscópio
DOCUMENTOS DE DEFESA E A FORÇA
DE SUBMARINOS
1 INTRODUÇÃO avançadas.
O Livro Branco de Defesa Nacional, de
Política Nacional de Defesa (PND), dezembro de 2010, considerado referência em
Estratégia Nacional de Defesa (END), Livro transparência no trato de assuntos de Defesa,
Branco de Defesa Nacional e Plano Brasil é um livro para os cidadãos brasileiros, com
2022. Todos estes são marcos legais que visam foco nas ações em andamento e nos desafios
a transmitir, em especial, à sociedade em vislumbrados para a Defesa do País.
geral, à Academia e aos setores empresariais, No Plano Brasil 2022, de dezembro de
a política de Estado do país no que tange à 2010, que podemos considerar um Plano de
pauta Defesa. Metas a ser atingido até o ano do bicentenário
A PND, elaborada em 2005 e revista da Independência, uma das metas é assim
em 2012, é o documento de mais alto nível descrita, com todas as letras: “lançar ao mar o
do planejamento de Defesa. Está voltada, submarino a propulsão nuclear”. É com essa
prioritariamente, contra ameaças externas e “emissão” na marcação da Marinha do Brasil
estabelece objetivos e diretrizes para o preparo (MB) que vamos tratar do “aspecto” da Força
e o emprego da capacitação nacional, em todas de Submarinos (ForSub).
as esferas do Poder Nacional, seja militar ou
civil. 2 DESENVOLVIMENTO
A END, elaborada em 2008 e revista
também em 2012, estabelece diretrizes para Após compilar o quadro tático de todos os
a adequada preparação e capacitação das documentos acima descritos e filtrar ruídos
Forças Armadas (FFAA), de forma a garantir espúrios, a solução política adotada foi o
a segurança do país em tempos de paz e em Programa de Desenvolvimento de Submarinos
situações de crise. A END trouxe para o (PROSUB), a fim de proteger o patrimônio
debate público a necessidade de equipamentos natural da Amazônia Azul e garantir a
das FFAA e de reorganização da indústria de soberania do Brasil no mar, através da expansão
defesa e o domínio nacional de tecnologias da Força Naval e do desenvolvimento da
Periscópio 103
ARTIGOS DIVERSOS
104 Periscópio
Recentemente, a imprensa mundial noticiou e cooperação internacionais, participação civil,
o deslocamento de navios de superfície da responsabilidade ao proteger (não criar mais
Marinha dos Estados Unidos da América em instabilidade do que aquela que está tentando
direção ao Sudeste Asiático e ao Mar da China, evitar ou limitar), confiança e respeito mútuo
gerando grande apreensão sobre um possível e liderança civil são as linhas de atuação do
conflito entre EUA e Coreia do Norte. Mas, Poder Nacional. Está claro que o objetivo é
pergunta-se: quantos submarinos já estavam contribuir para a paz mundial e não conquistar,
operando na região, sem alarde, sem percepção subjugar ou explorar.
popular mundial de crise? O Brasil decidiu por adotar uma política
Uma Força de Submarinos adestrada e estratégica dissuasória e uma estratégia
profissional, independente da conjuntura marítima de defesa de negar o uso do mar ao
de um país em desenvolvimento, tende a inimigo, deixando o oponente com o arbítrio
disponibilizar recursos de forma extremamente de lidar com Forças de Defesa de envergadura
cíclica, restritiva e não-prioritária para a compatível com as necessidades de proteção
área de defesa, face ao desempenho dos do patrimônio nacional e preservação dos
índices econômicos e à necessidade de recursos para que as futuras gerações de
atender outras demandas da sociedade. Este brasileiros possam buscar seu desenvolvimento
fator traz, inclusive, desafios diferenciados econômico-social.
para a composição permanente de uma O PROSUB contribui para além
Base Industrial de Defesa e consequente dessa capacidade. Contribui para o
autonomia, desenvolvimento e independência desenvolvimento econômico, na medida em
tecnológicos. que estimula a indústria de defesa e capacita
o parque industrial e o capital humano do
3 CONCLUSÃO país. Esta capacidade também colabora para
que o país enfrente menos resistência para
A leitura dos documentos de introdução seu desenvolvimento e progresso, em especial
deste texto confere à Defesa do Brasil uma boa o científico-tecnológico, tão sujeito a atitudes
visibilidade e céu claro perante seus cidadãos e de “não-proliferação” por parte das Grandes
a comunidade internacional. Termos do Setor Potências, fruto da política permanente de
de Defesa (e não Setor Militar) como paz, intimidação, mal simulada, como o próprio
solução pacífica de conflitos, dissuasão, diálogo Plano Brasil 2022 relata.
Periscópio 105
ARTIGOS DIVERSOS
106 Periscópio
PSICOLOGIA DE SUBMARINO: DA PREVENÇÃO
À ATUAÇÃO PÓS-ACIDENTE, UM PERCURSO
TEÓRICO
Periscópio 107
ARTIGOS DIVERSOS
108 Periscópio
com a ocorrência de acidentes. Dentre os
principais, estão o modelo Heinrich ou teoria O psicólogo pode ter uma participação
dos Dominós, o Reason e o Shell. A partir importante como integrante de uma
da elaboração desses modelos conceituais, o comissão de investigação de acidentes. Com
enfoque sobre o erro humano, passou de uma uma atuação fundamentada e com bases
perspectiva mais individual para uma noção metodológicas definidas, o psicólogo pode
sistêmica, considerando as falhas latentes na fornecer contribuições muito importantes no
organização, que funcionam como precursores que concerne aos fatores humanos envolvidos
dos acidentes (Moreira, 2001). Em resumo, o em um acidente. Os modelos conceituais
desempenho humano resulta da interação de citados acima serão de grande valia no que
diferentes variáveis, abrangendo: diz respeito à metodologia utilizada em
investigação, a partir da análise dos fatores
• as individuais (aptidões, atitudes e individuais, psicossociais e organizacionais
valores); que interferem no trabalho e condicionam as
• as psicossociais, com diferentes papéis tarefas executadas (Molinari, 2007). Em outras
e relações interpessoais assumidos pelo palavras, o psicólogo busca identificar que
indivíduo; fatores estiveram influenciando o desempenho
• as ambientais, englobando temperatura, do homem - individuais, psicossociais e
ruído, luminosidade, visibilidade e organizacionais - em interação com os outros,
condições atmosféricas e, com seu espaço de trabalho, com o sistema
• as organizacionais que envolvem de apoio disponível e com o ambiente em
a cultura, a filosofia, as normas, os si, aqui compreendidos o ambiente físico e o
regulamentos, entre outras. organizacional (Moreira, 2001).
Com base no Modelo Reason, o psicólogo
Daí, percebemos a importância do analisa a interação entre os elementos de um
homem, uma vez que “a total eliminação do sistema sociotécnico, apresentados a seguir:
erro humano é uma meta irreal. Na verdade,
devemos trabalhar na sua detecção, correção e • Gerência Superior: representada por
no seu gerenciamento e, continuar a investir aqueles a quem compete a tomada de
no treinamento técnico, porém, sempre decisões e que são os responsáveis pelo
acompanhado de uma especial atenção estabelecimento dos objetivos e manejo
ao homem, aos seus aspectos e às suas dos recursos para atingir metas distintas
necessidades”(Moreira, 2001, p.38). (Moreira, 2001);
Para o incremento do trabalho do psicólogo • Gerência Executiva: são aqueles
em prevenção de acidentes nas atividades responsáveis pela execução das decisões
subaquáticas é necessário investimento tomadas pela Gerência Superior.
em pesquisa sobre a influência do aspecto
psicológico na ocorrência de acidentes. O terceiro elemento é representado pelas
condições prévias, a saber: a equipe de trabalho,
3 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES a capacitação dos trabalhadores, o acesso ao
Periscópio 109
ARTIGOS DIVERSOS
110 Periscópio
que uma reação aguda ao estresse seja bem humano é biopsicossocial, podemos ter uma
compreendida como algo esperado dentro de ideia da importância do papel do psicólogo
um contexto de perda, e que um tempo será e das contribuições de uma ciência humana
necessário até que a pessoa ou o grupo possa em sistemas até então influenciados pela
voltar ao seu funcionamento conhecido e engenharia e ciências exatas.
estável. Além disso, nesse retorno há que se Percebemos também que uma análise de
respeitar as características individuais, ou fator humano, precisa considerar de forma
seja, a cada um seja dado o tempo dentro sistêmica, o contexto em que um evento tenha
de suas possibilidades, características e ocorrido, para que seja possível conhecer os
recursos psicológicos. O reconhecimento elementos influentes. Destaque para aqueles
dessas características é de suma importância relacionados à cultura, que mostra o que é
no auxílio à recuperação após uma situação aceitável ou inaceitável dentro de determinada
de crise. organização, precisando muitas vezes ser ela
É recomendado que a intervenção em mesma modificada.
crise seja focal, ou seja, que seja considerado Sobre a investigação de acidentes, é
principalmente o problema da perda, sem importante que a instituição a perceba como
negligenciar questões concomitantes. O uma ação que visa unicamente evitar que
objetivo não é a modificação do padrão de determinados fatores em interação, possam
personalidade, mas sim perceber a situação da repetidamente se coadunar para então
crise levando em consideração as condições desencadear um acidente.
individuais da pessoa. Além disso, a intervenção No que se refere ao pós-acidente, a reflexão
psicológica em emergência procura reduzir contribui no sentido de que as possíveis reações
o estresse agudo causado pelo impacto do sejam aceitas e percebidas como naturais e
trauma através de ações como: restaurar a esperadas dentro de um contexto específico,
dominância da razão sobre a emoção, facilitar a bem como as ações de apoio sejam facilitadas
restauração do funcionamento das instituições e possam ser aceitas pelo grupo.
e da comunidade e o reconhecimento Outro aspecto muito importante é o fato
racional do que aconteceu. Essas iniciativas de que os problemas psicossociais possuem
também ajudam a restaurar ou aumentar influência no desempenho profissional,
as capacidades adaptativas por meio do consequentemente sobre a ocorrência ou
oferecimento de oportunidades para que se não de um acidente. Por isso, deve ser dado
possa avaliar e utilizar o apoio familiar ou da destaque às ações de prevenção de problemas
comunidade, de educação sobre expectativas psicossociais, tanto as que já existem como
futuras e oportunidade para os sobreviventes outras que ainda serão implementadas.
organizarem e interpretarem, racionalmente, o Para tal, é preciso promover a confiança nos
evento traumático. Núcleos de Assistência através da facilitação
da divulgação das ações de prevenção
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS psicossocial, do incentivo ao engajamento
em ações educativas, da participação em
A partir de uma noção sistêmica da projetos e, quando necessário, a utilização dos
organização e considerando que o elemento atendimentos disponíveis. Esses fatores de
Periscópio 111
ARTIGOS DIVERSOS
proteção aos riscos sociais, serão de grande MOLINARI, Márcia et al. Investigação de
importância na promoção da qualidade de acidentes aeronáuticos: atuação dos psicólogos
vida no trabalho de nossos militares, e isso no Brasil, In: BORGES, Janete. Coletânea
gera um impacto positivo quando o assunto é de Artigos Científicos, Rio de Janeiro, IPA;
a prevenção de acidentes. Sumaúma Ed. e Gráfica, 2007.
112 Periscópio
COMEMORAÇÃO DO 103º ANIVERSÁRIO DE
CRIAÇÃO DA FORÇA DE SUBMARINOS
Periscópio 113
PERISCOPADAS
22 DE JULHO DE 2017 –
Contra-Almirante Alan Guimarães Azeve- MISSA DE AÇÃO DE GRAÇAS AOS
do, Comandante da Força de Submarinos, fa- 103 ANOS DE CRIAÇÃO DA FORÇA
zendo a leitura da Ordem do Dia alusiva ao ani- DE SUBMARINOS PRAÇA ALMIRAN-
versário do Comando da Força de Submarinos. TE JÚLIO HESS NA BACS
22 DE JULHO DE 2017 –
CONFRATERNIZAÇÃO ALUSIVA AO
103º ANIVERSÁRIO DO COMANDO
DA FORÇA DE SUBMARINOS
114 Periscópio
PASSAGENS DE COMANDO 2017
22 de fevereiro de 2017
Submarino Timbira
26 de janeiro de 2017 Passa o Comando: Capitão de Fragata Al-
Submarino Tikuna varo Valentim Lemos
Passa o Comando: Capitão de Mar e Guerra Assume o Comando: Capitão de Fragata
Marcelo Henrique Carrara Leonardo Braga Martins
Assume o Comando: Capitão de Fragata
Luis Antonio de Menezes Cerutti
17 de abril de 2017
27 de janeiro de 2017 Comandante da Força de Submarinos
Base de Submarinos Almirante Castro e Passa o Comando: Contra-Almirante Oscar
Silva Passa o Comando: Capitão de Mar e Moreira da Silva Filho
Guerra André Martins de Carvalho Assume o Comando: Contra-Almirante
Assume o Comando: Capitão de Mar e Alan Guimarães Azevedo
Guerra Luiz Cláudio de Almeida Baracho
Periscópio 115
PERISCOPADAS
25 de setembro de 2017
Chefe do Estado-Maior do Comando da
12 de janeiro de 2017 Força de Submarinos
Chefe do Estado-Maior do Comando da Passa o Cargo: Capitão de Fragata Wladi-
Força de Submarinos mir dos Santos Lourenço
Passa o Cargo: Capitão de Mar e Guerra Assume o Cargo: Capitão de Fragata Helio
Alexandre Fontoura de Oliveira Moreira Branco Junior
Assume o Cargo: Capitão de Mar e Guerra
Jose de Andrade e Silva Neto
116 Periscópio
RELAÇÃO DO PESSOAL AGRACIA- PRAÇAS DA ATIVA
DO COM O DIPLOMA DE SUBMA- SO-ES Gyovanne Plácido Lima
RINISTA HONORÁRIO DE 2017 SO-BA Daniel Gonçalves
SO-ET Erinaldo Sousa dos Santos
SO-ES Alexandre Dias de Andrade
SO-CA Salvador Mauricio Barreto da Silva
SO-CA Rosemberg Gonçalves de Souza
1ºSG-MO Francisco Ronaldo Ferreira da Costa
2ºSG-MG Washington Luiz da Silva
2ºSG-MG Jairo Aguiar Rafael
3ºSG-ES José Renato da Silva.
3ºSG-MO Fabiano Barros Correia Lima
2ºSG-ES Rafael Goiabeira Cavalcanti
2ºSG-ES Robson Goulart Milato
OFICIAIS DA ATIVA 3ºSG-ET Joel Madeira Nunes Júnior
C. Alte Paulo Cesar Colmenero Lopes CB-ES Leandro da Silva Bastoni
C. Alte Luiz Roberto Cavalcanti Valicente
C. Alte (EN) Humberto Moraes Ruivo CIVIS
CMG (IM) Alexandre Augusto Lopes Villela Sr. Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho
de Moraes Sr. Renato Machado Cotta
CF (IM) Luiz Galhardo Pessoa Sr. Pierre Legros
CC (IM) Thiago Fernandes Lima Sr. José Antônio de Souza Batista
CC (IM) Luiz Antonio Girianelli Félix Sr. Orson Antonio Féres Moraes Rêgo
CC (IM) Márcio Luis Mota Pereira Sra. Denise Maria Mendes Correa
CC Bueno Otéro Nery Sr. Tim Taylor
1ºTen (RM2-S) Andresa Fogel Jales Soares Sra. Christine Dannison
1ºTen (RM2-T) Amanda Moraes Silva Chaves Sr. Osmar De Souza Cárdia Junior
1ºTen (RM2-T) Edna Batista da Silva Sr. Alvanir Silveira De Oliveira
1ºTen (QC-IM) Felipe Rangel Kopanakis Sr. Jardel Mesquita Da Cruz Silva
1ºTen (RM2-T) Gean Felipe Alves de Oliveira Sr. Luiz Carlos Pereira Da Cunha
1ºTen (RM2-EN) Celso Andrade Capute Júnior
MILITARES DE OUTRAS
INSTITUIÇÕES
Capitão de Fragata, (Commander), Richard
Harrison
(Homenagem Póstuma)
Coronel (EB) Will Mazon
Ten.Coronel (EB) Frederico Otávio Sawaf
Batouli
Periscópio 117
PERISCOPADAS
Horas de Imersão
20.000 horas
Horas de Mergulho
1.000 horas
118 Periscópio
Naval Group - Photo credit: ©Naval Group - Design: Seenk
NOVA MARCA
MESMA MISSÃO
DCNS agora é Naval Group
Ao longo de 400 anos de inovação aqui na DCNS, nunca fomos de descansar sobre nossos louros. É por isso
que entendemos ser hora de uma mudança de nome, para uma nova identidade que irá garantir a exposição
e a credibilidade em mercados internacionais buscados por nossa ambição. Um novo nome, mas o mesmo
compromisso de sempre. Como líder global em defesa naval e energia marinha renovável,
estamos comprometidos em trabalhar, dia após dia, salvaguardando os interesses da segurança,
entregando aos nossos clientes valor e desempenho no estado da arte, e pavimentando o caminho rumo
a uma energia futura mais limpa e mais verde para a sociedade do amanhã.
Construindo um mundo mais estável e sustentável.
Periscópio 119
Para maiores informações, acesse naval-group.com
HISTÓRICO
120 Periscópio
Periscópio 121
Usque Ad Sub Acquam Nauta Sum
122