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O BILINGUISMO COMO PROPOSTA

EDUCACIONAL PARA A EDUCAÇÃO Prof. Ana Santiago

DOS SURDOS – UMA CONTEXTUALIZAÇÃO


BILINGUISMO
Para os defensores do Bilinguismo, o uso da Língua de
Sinais traz grandes benefícios para a criança com surdez.
Aponta-se a necessidade do surdo ser “bilíngue”, ou seja,
de ter acesso e dominar a sua língua natural (Língua de
Sinais), e, a Língua Portuguesa, na modalidade escrita e,
quando possível, na modalidade oral (pelo menos,
compreendendo-a pela leitura orofacial).
Segundo Fernandes (1990), é fundamental o acesso à Língua de
Sinais o mais precocemente possível pois a dificuldade do surdo em
adquirir linguagem oral nos primeiros anos, traz consequências para o
seu desenvolvimento mental, emocional e sua integração social.

Poker (2002) em seus estudos constatou que o problema da surdez


não se localiza no retardo da linguagem oral em si, mas no que essa
privação linguística provoca: impede o sujeito de se expressar, de
explicar e de compreender diferentes situações ocorridas no
ambiente ao seu redor.
É importante que se ofereça à criança surda um ambiente
estimulante, que possibilite sua ação não só física, mas
principalmente, sua ação mental, que se reconheça o sujeito com
surdez como participante ativo do processo educativo, que se
proporcione situações constantes e sistemáticas de troca simbólica
com o meio e, por fim, que se entenda a linguagem como
instrumento efetivo de comunicação e expressão do pensamento,
capaz de desenvolver as estruturas cognitivas mais complexas.
O Bilinguismo implica no ensino da Língua de Sinais – LS, como primeira língua e a Língua Portuguesa –
LP como segunda língua para o processo de ensino e aprendizagem do aluno surdo, de forma que a
escola que trabalhe a partir desta nova perspectiva educacional, respeite às particularidades e
necessidades deste sujeito.
É necessário também, que o professor que atuará neste processo seja um professor surdo, o que
ajudará às crianças no desenvolvimento da sua autonomia e segurança no aprendizado da sua
língua materna.

Os professores ouvintes que também atuarão no processo de ensino deverá ser conhecedor da
Língua de Sinais e poderão mediar os conhecimentos da cultura ouvinte para os alunos surdos.
Esta se caracteriza como uma filosofia educacional que propõem mudanças profundas no
sistema escolar, principalmente para os alunos surdos. E deve acontecer desde a Educação
Infantil até o Ensino Fundamental I.

A aquisição da língua de sinais vai permitir à criança surda, acessar os


conceitos da sua comunidade, e passar a utilizá-los como seus, formando uma
maneira de pensar, de agir e de ver o mundo. Já a língua portuguesa,
possibilitará o fortalecimento das estruturas linguísticas, permitindo acesso
maior à comunicação. (KUBASKI e MORAES, 2009, p.3414).
Pressupõem-se assim, que o sujeito surdo deve adquirir a Língua de Sinais como a língua materna, já
que esta é considerada a sua língua natural. Pois, “A abordagem educacional por meio do bilinguismo
visa capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas: A língua de sinais e a língua
da comunidade ouvinte”. (KUBASKI e MORAES, 2009, p.3414).

Esta proposta ganha espaço e passa estruturar-se a partir do Decreto n.º 5.626/2005 que
regulamenta a Lei n.º 10.436/2002 que dispõe sobre a LIBRAS.
Com esta lei os surdos passam a ter o direito de aprender por meio desta língua e a Língua
Portuguesa é utilizada na modalidade escrita, como a sua segunda língua. No entanto, apesar
de ser respaldada em Leis, esta prática não acontece nas escolas inclusivas.
Esta proposta torna-se então, a mais eficaz e adequada para o ensino de crianças surdas, pois ao
respeitar a autonomia da LIBRAS, o Bilinguismo considera a experiência linguística, cultural e social desta
criança. Assim, as necessidades educacionais dos surdos serão respeitadas e será possível que estes se
desenvolvam e participem efetivamente no meio social de forma inclusiva.

A Língua de Sinais possibilita ao surdo o seu desenvolvimento, em todos os aspectos, por este motivo
muitas instituições tem adotado o modelo bilíngue para proporcionar a educação destes.
[...] o bilinguismo na educação de surdos representa questões políticas, sociais e
culturais. Nesse sentido, a educação de surdos, em uma perspectiva bilíngue, deve
ter um currículo organizado em uma perspectiva visuoespacial para garantir o
acesso a todos os conteúdos escolares na própria língua da criança, a língua de
sinais brasileira (QUADROS, 2012, p. 34-35).

Assim, pode-se compreender que o Bilinguismo ao propor a Língua de Sinais como a primeira língua
possibilita ao surdo o acesso à educação, a aquisição de conhecimento, a possibilidade de
comunicação entre seus pares. E a Língua Portuguesa como segunda língua permitirá que este tenha
acesso às informações, interações sociais e ao conhecimento da sua cultura e da cultura dos ouvintes.

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