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Tuatha Dé Dannan

“A mãe celeste, que dança na espiral das serpentes das estrelas, é a fonte de onde nasceu aquele
povo antigo, que trouxe o druidismo a terra da esmeralda, seu nome Dana, significa bailarina
brilhante.”
Cathbad

O mistério fundamental da religião celta e das cerimônias rituais que materializaram sua essência
serão sempre difíceis de compreender. Tanto a espiritualidade deste povo guerreiro, quanto o fato de,
inclusive, terem sido uma religião, viram-se eclipsados pela insistência romântica em envolver a
mística celta no mundo das fadas e dos espíritos.
A escrita era considerada desnecessária, pois as leis, lendas e ensinamentos tribais se perpetuavam
graças a poetas e sacerdotes. Eram eles que se encarregavam de memorizá-las e transmiti-las
oralmente. Da mesma forma que as proibições impostas aos heróis guerreiros, as quais determinavam
seu modo de vida e suas ações. A transmissão oral sempre foi um método eficiente para comunicar
todos os matizes dos acontecimentos importantes na vida da tribo. Para poder recordar e interpretar
mais facilmente as histórias intercalava-se os temas rituais referentes aos deuses: a imposição de
nomes, a pedra do oráculo, que gemia durante a coroação de um novo rei, os gêmeos divinos e o
guerreiro heróico. A constante metamorfose destes temas e a facilidade de ligação entre o físico e o
sobrenatural plasmaram o mundo da imaginação celta através de milhares de anos de relatos. Nos
contos, os seres divinos podiam passar de sobrenaturais a vulneráveis como o resto dos humanos e
regressar a seus domínios, sem ofender a suscetibilidade cristã dos escribas que, de vez em quando,
deixavam testemunhos das lendas.
Todas as divindades, por muito extraordinárias que fossem, se encontravam submetidas ao ritmo
desta vida e às exigências de uma dada população. Cada província ou região tinha seu lugar sagrado,
que era o centro do seu mundo. Seu topônimo mostrava a relação entre a Terra, o Céu, entre a Tribo e
seu Deus.
Nós aprendemos a separar o psíquico subjetivo do natural objetivo. Os povos primitivos, ao
contrário, têm sua psique convertida nos objetos. Sua paisagem não é só um ponto geográfico, ou
geológico ou político. Para os druidas, por exemplo, os bosques eram suas catedrais. Neles
celebravam seus rituais, festas e cerimônias mágicas. Cada árvore estava consagrada a um dia e
representava uma virtude. Estes “gigantes verdes” tinham grande importância na cultura celta. O
maior de todos os medos se localizava em lugares que acreditavam não serem bons, pois eram
habitados por espíritos maléficos. Cogitavam, por exemplo, que nas montanhas habitava uma grande
serpente e que as cavernas eram vigiadas por demônios serpentinos. Esta projeção do psíquico cria, de
maneira natural, relações de homens com homens, animais com coisas, que para nós são
absolutamente incompreensíveis, mas fascinantes para serem estudadas.
Todas as famílias celtas se originaram da Deusa Mãe. Da mãe vêm os ramos familiares da s deusas
e deuses. Assim como a maioria das famílias, eles representavam as polaridades do caráter humano. É
importante lembrar que cada Deusa e cada Deus representam um aspecto que você pode reconhecer
dentro de si mesmo e nos outros.

Os Tuatha Dé Dannan

Os Tuatha Dé Dannan foram a quarta raça de colonizadores que chegaram à Irlanda antes da era
cristã. Eles eram seres sábios, eminentes magos, cientistas e artesãos, possuidores de uma altíssima
vibração espiritual, verdadeiros “seres de luz”.
Os Tuatha eram provenientes da distante e mítica Hiperbórea, onde possuíam quatro cidades:
Falias, Gorias, Murias e Findias, nas quais aprenderam ciências e magia e a aplicação conjunta de
ambos os princípios por meio da instituição do druidismo. De cada uma dessas cidades mágicas os
Tuatha Dé Dannan trouxeram um tesouro:

Falias – Lia Fáil, a “Pedra do Destino”, onde eram coroados os reis da Irlanda. Era uma grande pedra
em formato de coluna que simbolizava a própria Terra, cujo poder só era compreendido pelo
verdadeiro Rei;

Gorias – a Gáe Assail, a “Lança de Assal”, que seria de Lugh, e retornava a mão após ser lançada
(associada ao elemento Fogo);

Murias – o Caldeirão de Dagda, chamado o “Inesgotável”, recipiente que continha a água, fonte de
toda a vida (protótipo do Graal);

Findias – a espada inescapável de Nuada (associada ao elemento Ar).

Hiperbórea é um dos principais mitos genéricos europeus: um lugar de paz e sabedoria, uma terra
de “leite e mel” de onde, provinha o primeiro homem branco estabelecido em algum lugar do norte do
mundo. Um paraíso mágico e melancólico que não teve outro remédio senão abandonar e seguir para
o Sul, quando grandes cataclismas mudaram o eixo da terra e transformaram o mundo alegre e fértil
em um charco árido e coberto de gelo.
Eles chegaram em Beltane (May Day) envoltos em uma densa névoa mágica, a qual causa um
eclipse de três dias. Imediatamente atearam fogo em suas próprias embarcações impossibilitando a
fuga de sua nova pátria. Estavam realmente dispostos a reconstruir sua civilização. Eles conquistaram
e governaram a Irlanda por 200 anos, e por fim, foram conquistados pelos Milesianos. Foi quando
migraram para os Mundos Subterrâneos das colinas (sidhe) e montes da Irlanda, ficando conhecidos
então, como “Daione Sidhe” ou “Povo das Fadas”. Bodb Dearg (Bodb, O Vermelho) foi escolhido
como rei, pois era o filho mais velho de Dagda.
Os filhos de Danu eram também conhecidos como “Os Que Sempre Vivem”, pois conheciam o
segredo da imortalidade. Eles possuíam um Banquete da idade, deste modo, ninguém envelhecia,
quando sustentados pelos porcos mágicos de Manannán e a cerveja de Goban, o Ferreiro. Os filhos de
Danu ainda possuíam um médico muito especial, Diancecht. Ele era o guardião da fonte da saúde,
juntamente com sua filha Diarmaid. Qualquer um que fosse morto ou ferido deveria ser colocado na
fonte para viver e se recuperar novamente.

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