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¹ (Lewis E. Mehl-Madrona MD, PhD (2004) Hypnosis to Facilitate Uncomplicated Birth, American Journal of
Clinical Hypnosis, 46:4, 299-312)
Resumo
(...) Após uma avaliação psicossocial, 520 mulheres grávidas em seu primeiro ou segundo trimestre de
gravidez foram randomizadas para receber hipnose pré-natal ou grupos somente de atenção. (...) O objetivo
era reduzir o medo do nascimento e da maternidade; para reduzir a ansiedade; para reduzir o estresse; para
identificar medos específicos que podem complicar o processo de trabalho (abordando-os sempre que
possível); e preparar as mulheres para a experiência do parto. O grupo de controle somente foi combinado a
um grupo de comparação sem contato. Mulheres que receberam hipnose pré-natal tiveram resultados
significativamente melhores do que mulheres que não receberam. Avaliações posteriores sugeriram que a
hipnose funcionava evitando que fatores emocionais negativos levassem a um desfecho complicado do
parto. (...) O uso pré-natal de rotina da hipnose pode melhorar o resultado obstétrico.
Resumo
Esse método foi realizado em 79 pacientes particulares que receberam alguma
informação sobre o parto psicoprofilático durante a gravidez. Durante o trabalho de
parto ocorreu estado de hipnose leve em todas elas, obtendo resultado satisfatório em
83,5%. O parto médio foi encurtado em todos os pacientes, a vitalidade fetal foi
satisfatória em 100% dos casos e a morbidade e mortalidade materno-fetal não foram
registradas.
PORTO, Ana Maria F.; AMORIM, Melania M. R.; SOUZA, Alex Sandro R.
38(10), out. 2010. tab. Artigo em Português | LULACS | ID: 574503
Conclusão
Hipnose e acupuntura são métodos não farmacológicos para alívio da dor que levam à
redução significativa da necessidade de analgesia.
● Em 1842, James Braid cunhou o termo hipnose, do grego Hypnos, que simbolizava
o Deus do sono na Mitologia Grega.
● A Escola de Nancy de Liébeault e Bernheim, por sua vez, retomou a ideia original
de Braid de que a indução hipnótica decorria da sugestão, em um processo natural
inerente a todo ser humano.
● Condicionamento psicofisiológico
Técnicas de respiração e relaxamento nos três momentos importantes (início do trabalho de parto;
contrações mais intensas durante o período de dilatação e no período expulsivo). Desenvolvimento
de comportamentos que precisam ser condicionados.
● Assume-se que a maternidade seja um projecto de longo prazo (mínimo 18 anos), distanciando-
se desta forma do acontecimento biológico que é a gravidez.
● O nascimento de um filho, sobretudo no caso de ser o primeiro, implica grandes mudanças e tem
um grande impacto na vida pessoal e familiar dos indivíduos (Relvas & Lourenço, 2001), e
modifica de forma irreversível a identidade, papéis e funções dos pais e de toda a família
(Colman & Colman, 1994; Relvas & Lourenço, 2001).
● Quando uma mulher confirma a sua gravidez, produzem-se duas reações: satisfação/aceitação,
se a gravidez foi desejada, ou surpresa, se não foi programada.
- O casal vai sentir mudanças a nível do plano afectivo, relacionamento sexual e das próprias
rotinas diárias;
- Esta época surge como um período de risco e de oportunidades;
- A gravidez e a maternidade assinalam a transição da conjugalidade para a parentalidade
(Relvas & Lourenço, 2001);
- Termina uma gravidez para surgir uma pessoa separada, com necessidades próprias e
específicas;
- Sua preocupação e preparação se focam no trabalho de parto, no parto e no bebé;
- Acontecem várias modificações fisiológicas;
- Representações cognitivas sobre as dores, sofrimentos e morte que poderão acontecer durante
o parto;
- As fantasias que foram criando acerca do seu aspecto físico, temperamento, padrões de sono,
entre outros aspectos, são finalmente confrontadas com o bebé real.
- A mulher será confrontada à saída da maternidade com uma tripla tarefa: (1) reavaliar ganhos e
perdas que a maternidade introduziu na sua vida; (2) aceitar as mudanças que este novo
período lhe coloca e (3) reconstruir objectivos pessoais;
- Menos atenção ao cônjuge/companheiro e mesmo às relações com o exterior do sistema
familiar (amigos, vizinhos, colegas, famílias de origem);
- Numa perspectiva desenvolvimental, as perturbações psicopatológicas da maternidade,
nomeadamente a depressão pós-parto, podem ser conceptualizadas como a tradução das
dificuldades da mulher numa dupla tarefa (1) lidar com a crise suscitada pelas mudanças
relacionadas com a maternidade e, (2) realizar de forma positiva as tarefas desenvolvimentais da
maternidade (Figueiredo, 1997).
- A tarefa de assumir a identidade materna para incluir um novo filho, pode ser mais exigente,
pois envolve, uma maior complexificação do sistema familiar, implicando a consequente
redefinição de papéis e tarefas (Canavarro, 2001; Canavarro & Pedrosa, 2005);
- Os filhos se organizam como irmãos definindo um novo espaço familiar geracionalmente
igualitário e de solidariedade tanto quanto de rivalidade e competição.
● Como ocorre a preparação da gestante para o parto normal sem dor, através da hipnose?
● Um dos maiores medos do parto normal é justamente a dor proveniente das contrações uterinas.
● A dor do parto é uma das mais temidas entre as mulheres. (mulheres que já tiveram pelo menos
um filho geralmente temem menos esse momento)
● A maioria das mulheres não quer nem saber de senti-las e já optam pela cesárea.
● O período de transição: que é o grande período de teste emocional, pois o colo já atingiu 8 cm.
Este deve ser reconhecido como o período doloroso do parto, pois, na média dos partos
normais, nos quais a parturiente se queixa de qualquer dor, estas são sentidas neste período. É
o período onde as contrações ficam mais intensas. Observa-se nas parturientes que não estão
seguras com a equipe, durante esse período, frustração, desânimo e excitação;
● A terceira fase ocorre quando o pólo fetal atinge o assoalho pélvico. As parturientes
mostram-se impacientes chamando por ajuda e querendo fugir desta situação. O que elas dizem
é sentirem não um desconforto físico, mas um terror antecipado do que sofrerão;
● A quarta fase emocional é real, e varia de mulher para mulher, coincidindo com a
distensão da vulva e desprendimento do polo fetal. Esta capacidade de distender-se varia de
uma para outra parturiente. Não há sensibilidade, nem mesmo quando há laceração; não há dor.
Elas descrevem esta sensação como “queimando ou ferroando embaixo”.
Se dividem em 3 momentos:
A dor da dilatação do colo uterino é semelhante a uma cólica menstrual, a qual se inicia de fraca
intensidade e de grande intervalo entre uma contração e outra. (1/10’)
Depois, estas cólicas ficam mais fortes e com espaço de tempo menores (3 a 5/10’)
- Esta dor ocorre quando há a contração da musculatura do útero para empurrar o feto, provocando a
dilatação do colo uterino, até que esta atinja 10 cm.
É importante que a paciente conheça todas essas fases para que ela tenha o entendimento do que
está acontecendo com ela e tenha paciência para aguardar o processo natural.
Enquanto não tiver os 10 cm o bebê não vai nascer. Depois que inicia o trabalho de parto, dilata 1 cm
a cada 1h a 1h30. É importante ela saber para que não perca a paciência precocemente.
Nas pacientes que não tomaram a anestesia ela pode ser um pouco mais intensa. Mas é importante
a paciente ficar tranquila pois isso faz parte da fisiologia, da normalidade do parto. É importante que
tome consciência que não há nada de errado. Essa contração intensa é uma proteção para que o
útero contraia e para que a parede do útero não sangre e ela perca tanto sangue
É interessante que quem for trabalhar com essas pacientes possa ter acesso a esse material para
apresentar. Isso ajuda a mudar o significado da dor para a paciente, pois o processo da dor passa a
ser visto como um processo natural e fisiológico. Ninguém vai morrer de dor do parto.
● Facilitação dos laços sentimentais com o bebê. (Quando se chega em uma maternidade, as
mulheres que tiveram cesárea andam curvadas com a mão na frente segurando a barriga.
Aquelas que tiveram o parto normal andam de pé na posição que chamam de Proud of
Pregnancy, orgulho da gravidez. Estão com o ombro e rosto levantado. Se sentem empoderadas
pelo processo fisiológico/natural que elas conseguiram atingir com o nascimento do seu filho.)
● Retorno do útero ao seu tamanho normal mais rapidamente. (No parto normal, como não
existe uma cicatriz no útero, o retorno daquele útero para o tamanho normal e com muito menos
aderência e cicatrizes é muito mais rápida.)