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CURSO EM UNIDADE DE TRATAMENTO

INTENSIVO
(UTI)

AULA 6

Enf ª Lisi Hermes


Hidrocefalia

A hidrocefalia é uma condição caracterizada


pelo acúmulo anormal de líquido dentro do
crânio que leva ao inchaço e ao aumento de
pressão cerebral.

Isso pode acontecer devido a infecções do


cérebro como meningite, mas também devido à
presença de tumores ou defeitos congênitos,
por exemplo.
Este líquido, chamado de líquido cefalorraquidiano (LCR), envolve o
cérebro e a medula espinhal e tem a função de o proteger.

Porém, quando há um bloqueio à passagem do líquido, um aumento


da produção do líquido ou uma má absorção do mesmo, ocorre
hidrocefalia que, embora seja mais frequente em crianças, também
pode ocorrer em adultos ou idosos.

A hidrocefalia nem sempre tem cura, no entanto, pode ser tratada e


controlada através de cirurgia para drenar o líquido e aliviar a pressão
no cérebro. Quando não tratada, as sequelas de hidrocefalia podem
incluir atraso no desenvolvimento físico e mental, paralisia ou até
mesmo morte.
Tipos de hidrocefalia

Os tipos de hidrocefalia estão relacionados com as causas de hidrocefalia e incluem:

Hidrocefalia Fetal ou Congênita: ocorre no feto, devido a fatores genéticos que levam
à mal-formação do sistema nervoso central, por conta de ingestão de drogas pela
gestante durante a gravidez ou a infecções na gravidez, como toxoplasmose, sífilis,
rubéola ou citomegalovírus;

Hidrocefalia Infantil: é adquirida na infância e pode ser causada por mal-formações


cerebrais, tumores ou cistos que provocam obstrução, sendo chamada de hidrocefalia
obstrutiva ou não comunicante, por hemorragias, sangramentos, traumatismos ou
infecções do sistema nervoso central, como meningite que causam um desiquilíbrio
entre a produção do LCR e a sua absorção, sendo chamada de hidrocefalia
comunicante;
Hidrocefalia de Pressão Normal: ocorre em adultos ou idosos,
principalmente a partir dos 65 anos de idade, devido a
traumatismos cranianos, AVC, tumores cerebrais, hemorragia ou
como consequência de doenças como Alzheimer.
Nestes casos, há má absorção do LCR ou excesso de produção.

A hidrocefalia nem sempre tem cura, pois o tratamento varia de


acordo com o tipo e a causa de hidrocefalia.

Os casos em que existem maiores chances de cura são aqueles


provocados por infecções, no quais a pressão pode regressar ao
normal depois de devidamente tratada a infecção.
Principais sintomas

Os sintomas de hidrocefalia variam de acordo a idade, a quantidade


de líquido acumulado e as lesões provocadas no cérebro:
Com menos de 1 ano Com mais de 1 ano

Cabeça maior que o normal Dor de cabeça


Moleira e veias da cabeça dilatadas Dificuldade em caminhar
Crescimento rápido do crâ nio Espaçamento entre os olhos e estrabismo
Dificuldade em controlar a cabeça Perda dos movimentos
Irritabilidade Irritabilidade e mudanças de humor
Olhos que parecem olhar para baixo Crescimento lento
Ataques epiléticos Incontinência urinária
Vômitos Vômitos
Sonolência Problemas de aprendizagem, fala e memória
Crianças maiores, adolescentes e
adultos jovens

• Dor de cabeça;
• Perda de coordenação, do Idosos
equilíbrio e de outras habilidades
já anteriormente adquiridas; • Demência ou declínio
• Náuseas e vômitos; mental, com perda
• Inapetência; progressiva da memória;
• Sonolência excessiva; • Instabilidade para caminhar
• Desatenção, irritabilidade; e lentidão de movimentos;
• Queda no desempenho escolar; • Dificuldade para reter urina
• Convulsões. e urgência frequente para
urinar.
Os principais sintomas de hidrocefalia em adultos ou idosos são a
dificuldade em caminhar, a incontinência urinária e a perda
progressiva da memória.

Nos adultos ou idosos não ocorre aumento do tamanho da cabeça,


porque os ossos do crânio já estão desenvolvidos.
Como é feito o tratamento

O tratamento da hidrocefalia pode ser


feito com cirurgia para drenar o LCR para
outra parte do corpo, como abdômen, por
exemplo, neuroendoscopia, que utiliza um
aparelho fino para aliviar a pressão do
cérebro e fazer circular o líquido ou
medicamentos para evitar a produção
excessiva de LCR.
Derivação ventricular
externa (DVE)

A Drenagem Ventricular externa é um dispositivo totalmente


hermético que assegura uma derivação asséptica do líquido
céfalo-raquidiano, a partir das cavidades ventriculares até uma
bolsa de coleta.
Local de inserção

A colocação do cateter, geralmente, é feita no ponto de Kocher,


localizado de 2 a 3 cm da linha média ou linha mediopupilar –
evitando o seio sagital – e a 1 cm anterior à sutura coronal –
evitando a faixa motora.
O sistema de DVE pode ser conectado a um transdutor de pressão ou
sistema de fibra ótica que permite a monitorização contínua da PIC.

A drenagem de LCR é quantificada em um dispositivo de sistema


fechado.
A bolsa coletora previne refluxo de líquor aos ventrículos.

O sistema deve ser fixado em um suporte próximo do leito para


evitar desconexões acidentais e, também, distante dos membros do
paciente, reduzindo as chances de contaminação por manipulação
inadvertida ou desconexão.
Uma derivação ventricular externa ou dreno extraventricular é um
dispositivo usado em neurocirurgia no tratamento de:
• Hidrocefalia
• Para aliviar a pressão intracraniana (PIC) quando a circulação
normal de líquido cefalorraquidiano no cérebro se encontra
obstruída.
• Distúrbios da circulação liquórica, pois a maioria desses pacientes
tem hemorragia subaracnóide ou intraparenquimatosa.

• Traumatismo cranioencefálico (TCE)


• Processos tumorais.
Alguns pacientes têm lesões expansivas agudas requerendo DVE
prévia ao tratamento definitivo.
Tempo de permanência do cateter

Em média 10 a 16 dias.
Alguns estudos descritos relatam um período médio de
permanência do cateter ventricular de 9,5 dias, com tempo máximo
de 29 dias e de 16 dias, com um período máximo de 44 dias.
CÁLCULO DE DRENAGEM DA DVE

* POR DIA: 24 horas x O PESO

* POR HORA: 10 A 15 ml X PESO /


horas

* Ex: 10 ml x 11kg = 4,6 ml/h

24 horas
Derivação ventrículo-
peritoneal (DVP)

A derivação ventrículo-peritoneal (DVP) é um


dispositivo usado para aliviar a pressão do
cérebro causada pelo acúmulo de líquido.
A DVP é um procedimento cirúrgico usado
primariamente para tratar uma condição
chamada hidrocefalia, que ocorre quando o
excesso de líquido cefalorraquidiano (LCR) é
acumulado nos ventrículos do cérebro.
PODE SER REALIZADA POR:

1. Cateter intraventricular
2. Transdutores Intraparenquimatosos
3. Monitorização Subaracnóide

O Sistema de Derivação Peritoneal apresenta três


partes:

1. Um catéter ventricular

2. Um reservatório e uma válvula para controlar o fluxo do LDR,

3. Um catéter distal que será introduzido por via subcutânea na


regial peritoneal.
VANTAGENS:

1. Reproduzir melhor a pressão da caixa craniana;


2. Drenagem terapêutica do LCR;
3. Obtém registros contínuos da PIC;
4. Acesso para administração intraventricular de medicamentos,
instilação de ar ou controle da ventriculografia;
5. Drena o sangue do ventrículo.
DESVANTAGENS:

1. Dificuldades na canulização do ventrículo;


2. Risco de infecção é máximo;
3. Hemorragia;
4. Obstrução dos sistemas por sangue ou tecidos cerebrais;
5. Risco de HIC iatrogência, pela conexão inadequada de um equipo
de soro no sistema;
6. Risco de mobilidade inavertida do paciente que pode modificar os
níveis de drenagem.
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES APÓS COLOCAÇÃO DA DVP

1. Extrusão do catéter pela pele;


2. Fístulas liquóricas e Perfuração de vísceras;
3. Subdrenagem
3.1. Desconexão, rotura ou obstrução do sistema de derivação;
4. Sobre drenagem:
4.1. Resultante do efeito-sifão, gerado pelas mudanças de posição
do paciente, levando ao colapso ventricular e à formação de
hematomas IC.
5. Ascite;
6. Peritonite causada por infecção;
7. Migração da ponta do catéter para o escroto causando
hidrocele.
Qual a diferença entre DVA E DVE ?

A DVE normalmente é indicada para situações emergenciais


e possui caráter temporário, por conta da exposição
microbiana.

A DVA(derivação ventrículo atrial) e a DVP seguem com a


criança para o resto da vida.
Quanto tempo dura uma DVP?

A válvula e todo o sistema de DVP (derivação


ventriculoperitoneal) não possuem tempo limite de duração.

Sobretudo as mais modernas (de 10 anos para cá), com


bastante silicone em sua composição.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM USO DE
DVE E DVP:
Cuidados de Enfermagem no Pré-Operatório

1.Observar e registrar sinais de irritabilidade, letargia ou atividade


convulsiva.
• Indica Patologia avançada.

2. Palpar as fontanelas e linhas de sutura quanto ao tamanho, sinais


de abaulamento, tensão e separação.
* Avaliar a evolução da hidrocefalia.
3. Medir diariamente o perímetro cefálico e pesar a criança.
* Avaliar a evolução da hidrocefalia.
4. Verificar e registrar sinais vitais
* Ver a evolução e estabilidade do quadro.
5. Evitar alimentação antes ou após manipulação da criança.
* Pode precipitar episódios de vômitos.
6. Observar e registrar aceitação da dieta alimentar.
* Evitar desnutrição.
7. Orientar jejum de 6h antes da cirurgia.
* Evitar complicações durante a cirurgia.
8. Apoiar a cabeça da criança ao movimentá-lo.
* Evitar tensão extra sobre o pescoço.
9. Promover mudança de decúbito a cada 2 horas.
* Evitar pneumopatia hipostática e úlcera de decúbito.
10. Observar e registrar entrada e saída de líquidos.
* Avaliar retensão líquida.
11. Observar e registrar características das eliminações intestinais.
* Evitar possível obstipação e/ou distensão abdominal.
12. Instituir medidas de higiene geral e cuidados à pele.
* Prevenir úlceras por pressão.

13. Encorajar a participação dos pais nos cuidados.


* Integração afetiva entre pais e filhos.

14. Oferecer apoio emocional e explicar os procedimentos aos


pais. demonstrar vontade e disposição de ouvir as preocupações
dos pais.
* Amenizar a ansiedade.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM USO DE DVE

1.Manter elevação de 30º;


2. Observar e avaliar o nível de consciência;
3. Posicionar a criança sobre o lado não operado;

4. Zerar o cateter de DVE no conduto auditivo externo, devendo ser zerado na


admissão e toda vez que for alterado o nível de cabeceira;

5. Manter a altura do DVE de acordo com a decisão da equipe de


neurocirúrgica;

6. Avaliar o funcionamento da válvula;

7. Observar se há extravasamento de líquor, a cada duas horas ou quando


instabilidade. Notificar quando alterações no débito;
8. Manipular com cuidado o paciente para evitar o tracionamento do cateter. Se
houver obstrução e/ ou tração, nunca desobstruir e/ou reposicionar;

9. Nunca aspirar ou ejetar solução no cateter;

10. Realizar curativo na região peri-cateter uma vez por dia e, se necessário;

11. Em caso de coleta de líquor, certificar-se do local da coleta (punção lombar ou do


cateter)

12. Nunca esquecer de abrir o cateter de DVE depois de realizar qualquer


procedimento. Solicitar da equipe clínica, qual o limite de drenagem.

13. Fechar o cateter de DVE durante o transporte ou quando abaixar a cabeceira.


14. Manter controle dos SSVV;

15. Observar e registrar entrada e saída de líquidos;

16. Registrar o tempo de permanência do cateter, comunicar a equipe após 14 dias;

17. Desprezar a bolsa coletora quando atingir 2/3 dew sua capacidade ao
manipular a via de saída da bolsa, manter técnica asséptica;

18. Observar e registrar aceitação alimentar, vômitos, responsividade diminuída e


atividade convulsiva.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇAEM USO DE DVP

CUIDADOS DE ENFERMAGEM:

1. Identificar sinais e sintomas da subdrenagem (são os mesmos do aumento da


PIC):

*Náuseas, vômito;

*Apnéia, bradicardia e irritabilidade;

*Convulsões;

*Fontanela tensa e protuberante, ingugitamento das veias do couro cabeludo;


Edema no trajeto dos catéters, devido desconexão e extravasamento de
LCR do sistema de derivação;

*Sensibilidade a luz e outros distúrbios visuais

2. Medir e avaliar perímetro encefálico diariamente;

3. Realizar curativo diário no sítio de inserção do catéter;

4. orientar aos pais sobre como lidar com a criança hidrocéfala ou a criança
com o catéter implantado funcionante.
DERIVAÇÃO VENTRÍCULO-ATRIAL (DVA)

Desvio do liquor do
sistema ventricular
intracraniano para a
cavidade atrial cardíaca
direita.
Indicação:
Controle da hidrocefalia e da hipertensão intracraniana

Contra indicação:
Gradiente pressórico entre os compartimentos intracranianos.
Endocardite.

Exames de indicação:
Ultrasson do crânio e venoso no pescoço,
Tomografia do Crânio,
Ressonância Magnética do crânio.
http://portalsbn.org/manualsbn/2016/09/07/3-5-derivacao-
ventriculo-atrial-dva/

https://www.tuasaude.com/hidrocefalia/

https://multisaude.com.br/artigos/derivacao-ventricular-
externa/

https://multisaude.com.br/artigos/o-que-o-enfermeiro-precisa-
saber-para-atuar-na-monitorizacao-da-pressao-intracraniana/

http://www2.ebserh.gov.br/documents/147715/395574/see_h
ipertensao_intracraniana_HIC.pdf

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