Você está na página 1de 1

D I V I S Ã O P R O J E T O S

Os Candidatos e a Comunicação
30 de Agosto de 2002 - Nas campanhas, os políticos deveriam se inspirar nos discursos
corporativos. Se o mundo corporativo se inspirasse nos discursos eleitorais, estaríamos
literalmente perdidos. Bastaram alguns minutos do debate na televisão, de dias atrás, para
perceber que nenhum candidato expôs claramente seu programa e suas intenções a quem e
a que querem servir. Ora superficialidade, discurso fácil, "achismo", ora uma batelada de
números, que o eleitor mal consegue digerir e muito menos acredita r ou concordar. Na
realidade, eles sim, nossos candidatos, poderiam se inspirar na comunicação do mundo
corporativo.
Nesse mundo, o corporativo, os deslizes acima são certamente fatais.
Foco, objetividade e concisão são requisitos indispensáveis para que projetos tenham
adesão e metas da organização sejam alcançadas. Distinguir claramente dados e
informações inúteis do precioso conhecimento que quase sempre está nas pessoas, na
cabeça do executivo, é um ingrediente fundamental.
O maior desafio e talvez o maior desejo de todo executivo é resolver os assuntos da
empresa rapidamente, sem explanações longas e argumentações intermináveis. Cada vez
mais, a linha de frente dos negócios tem menos tempo para tomar um número de decisões
que é cada vez maior. Quando um executivo for apresentar seu projeto para o board da
multinacional em que trabalha e incorrer no erro dos candidatos, de despejar um caminhão
de dados recheados por argumentos prolixos, o resultado será, no mínimo,
desastroso.
Nossos candidatos deveriam se alinhar com o mundo corporativo, que já descobriu que
tempo e atenção são recursos muito escassos. Em grande parte porque estamos sempre
sendo expostos a um colossal volume de informações que são literalmente impossíveis de
depurar e absorver.
Segundo estudos da Berkeley University, somente neste ano de 2002 geraremos a mesma
quantidade de informações produzida em toda a história da humanidade, desde o tempo
das cavernas - estamos falando de 40 mil anos. Some-se a isso outra pesquisa, desta vez do
Massachusetts Institute of Technology, que mostra que apenas 20% das informações que
nos chegam podem ser assimiladas pelo cérebro humano. A conclusão é que organizar e
filtrar a informação são prioridades e devem anteceder qualquer atividade de expressão das
idéias.
Por isso, dezenas de corporações têm-se apoiado cada vez mais no conceito knowledge
design, que basicamente é um processo de extração do conhecimento e depuração de dados
e informações para tornar a comunicação objetiva, concisa, focada e muito mais eficiente. É
ir direto à conclusão ou ao "lide", como se diz no jornalismo, comprovar suas teses
rapidamente e ser claro e assertivo em dez minutos, seja na reunião do board ou no
road show junto a investidores.
A audiência agr adecerá a informação (descartável) que não recebeu e entenderá melhor
seu propósito, o primeiro passo para concordar e se comprometer com o projeto. Quem
sabe, em uma próxima eleição, inspirado por essa experiência corporativa, que ainda é
recente, nosso s candidatos possam ser mais claros em suas propostas, acalmando mercados
e investidores e deixando o eleitor mais esclarecido.

Presidente da Baumon Knowledge Design


(Gazeta Mercantil / Página A3) ( Normann Kestenbaum )

Você também pode gostar