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Finanças Pessoais

Estratégias financeiras para a aquisição


de bens de alto valor
Depois de abordarmos as mais variadas situações de equilíbrio e de desequilíbrio nas
finanças pessoais, vamos abordar um assunto importantíssimo que tem grandes
reflexos na saúde financeira das famílias.

Nesta unidade, veremos as estratégias financeiras e os cuidados que precisam ser


tomados e seguidos na aquisição de bens de alto valor, principalmente na compra de
imóveis e veículos. Durante compra desses bens, nos relacionamos com profissionais
de vendas muito bem treinados que destacam apenas os aspectos positivos do
negócio, porém em algumas situações podemos nos relacionar com profissionais
mal-intencionados que exploram a inexperiência e o entusiasmo de quem está
fazendo a compra.

Ao comprarmos bens de valor, principalmente a nossa primeira residência ou o nosso


primeiro carro, nós pensamos apenas no prazer da conquista e no conforto que a
compra vai nos trazer e não analisamos os impactos da dívida nos meses e nos anos
seguintes.

Se errarmos em nossa decisão, dificilmente escaparemos de uma situação de longos


períodos de prejuízo e privações financeiras.

1. Alternativas financeiras para a aquisição de bens de alto


valor

Vamos começar analisando as alternativas de compra da tão sonhada casa própria,


principalmente por pessoas de renda mais baixa, porque as pessoas de renda maior,
normalmente, possuem alguém mais experiente para orientá-los.

Basicamente, as pessoas de renda mais baixa têm quatro formas principais para
fazer essa aquisição:

1. Comprando um terreno, comumente, sem infraestrutura, em uma região mais


afastada do centro de uma cidade, porque assim ele torna-se mais barato.

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2. Comprando um apartamento em um conjunto residencial, já com alguma
estrutura, mas que nem sempre é construído com materiais de boa qualidade e, às
vezes, com um acabamento ruim.

3. Comprando um imóvel usado, na maioria das vezes, com problemas de


manutenção e conservação.

4. e a alternativa menos usual: Comprando um consórcio ou comprando um imóvel


ainda na planta para entrega futura.

Todas as quatro alternativas, e até uma quinta ou uma sexta que podem ser
misturas dessas quatro, podem gerar sérios desequilíbrios na vida financeira do
comprador se alguns cuidados deixarem de ser tomados.

Em uma primeira abordagem, todas as situações são cheias de armadilhas e riscos.

2. Riscos financeiros na aquisição de bens de alto valor

Vamos às recomendações e contribuições para evitarmos a ocorrência de


desequilíbrios financeiros.

Sob o ponto de vista financeiro, o que mais acontece com as famílias na compra de
imóveis é elas assumirem um compromisso financeiro além das suas possibilidades,
pagarem algumas parcelas até, finalmente, serem obrigadas a devolver o imóvel por
falta de pagamento.

Outro problema muito comum é a compra de um imóvel que por motivos os mais
variados perde valor ao longo do tempo. Neste caso, o proprietário está se
descapitalizando a cada dia que passa.

Vamos analisar essas duas situações inicialmente:

1. Como evitar um compromisso além do que se pode pagar?

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Para se evitar essa situação, a primeira providência para quem pretende comprar um
imóvel é utilizar a planilha de entrada e saída do seu dinheiro para identificar se a
prestação cabe no orçamento.

Quando conversamos com pessoas que não conseguiram pagar suas prestações
percebemos que elas raramente são orientadas a fazer esta análise. Para evitar que
isso aconteça, a parcela mensal ideal em relação ao ganho do comprador não deve
ultrapassar 20% da renda líquida familiar. Pagar mais do que esse percentual
significa risco de impossibilidade de saldar as prestações.

Outro aspecto importante é solicitar ou montar, com base no modelo de contrato de


compra, uma planilha que preveja o comportamento da parcela mensal ao longo de
todo o contrato.

Existem várias modalidades de contrato de aquisição de imóveis. Em uma delas as


prestações começam com valores altos e diminuem ou se mantêm estáveis ao longo
do tempo, mas existem modalidades de pagamento que começam com parcelas
baixas e depois esses valores aumentam ao longo da duração do contrato. Ao
fazermos, então, a simulação desses valores na nossa planilha, podemos avaliar em
quanto a nossa renda precisa subir ao longo da duração do contrato de compra para
não comprometermos o nosso equilíbrio financeiro. Se não houver uma perspectiva
favorável, é melhor não efetuar a compra.

Vamos a outra situação: o imóvel perde valor ao longo do tempo e o prejuízo


acontece. Para fechar a compra de um imóvel é muito importante pesquisar o
seguinte:

• Verificar na prefeitura do seu município se há alguma previsão de obra pública


que passe nas imediações do imóvel e que possa desvalorizá-lo, como uma
avenida muito movimentada, um aeroporto, um viaduto, entre outras.
• Verificar se o imóvel possui histórico de alagamentos ou deslizamentos.
• Verificar a proximidade de indústrias poluidoras, de centros esportivos, de
bares ou casas de shows.
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Quanto à compra de terrenos com pouca ou nenhuma infraestrutura (falta de água,
esgoto, ruas, calçadas, áreas de lazer, transportes), embora seja uma das poucas
opções para famílias de baixa renda, é uma alternativa de investimento
desvantajosa, principalmente se a sua localização for muito distante do centro da
cidade.

É desvantajoso porque o tempo de deslocamento para o trabalho, escola ou compras


é um gasto cada vez mais importante.

Em relação à compra de imóveis usados, além de lançarmos o valor das prestações


na nossa planilha é necessário prever gastos altos com manutenção e conservação
do imóvel.

Em alguns casos, os gastos com manutenção e conservação são bem superiores ao


valor da parcela de amortização da compra.

Já em compras de imóveis em conjuntos residenciais com problemas de acabamento,


também pode haver altos gastos com manutenção e recuperação de acabamentos.

Outra fonte de perdas ocorre na aquisição de imóvel com documentação irregular.


Neste caso, a regra é simples: não compre nenhum imóvel cujo vendedor não
forneça os mesmos documentos exigidos para se obter um financiamento imobiliário.
São muitas as histórias de famílias que tiveram que devolver imóveis por não
exigirem os documentos que garantiriam a legitimidade da compra.

A quarta modalidade de compra de imóveis, que como já dissemos no item anterior,


e a menos usual no Brasil, é a compra através de consórcios e a compra de imóvel
na planta.

Além dos eventuais riscos de não entrega do imóvel em situações de falência da


empresa, construtora ou administradora, é necessário prever e projetar na planilha,
antes de fazer a compra, o pagamento simultâneo de uma prestação e de um
aluguel, pois esse acréscimo de despesas nem sempre é suportável.

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Mas, atenção, a opção pela compra por meio de consórcio tem uma grande
vantagem sobre as demais modalidades: o custo administrativo do consórcio na
maioria das vezes é menor do que o juro de financiamentos imobiliários. Então
precisamos considerar sempre esta alternativa de aquisição de um imóvel.

Mais ponto a se pensar é que devemos ter uma estratégia interessante para
testarmos a nossa capacidade de assumir uma nova prestação é aplicarmos
mensalmente na poupança, durante alguns meses, um valor igual ou maior do que o
valor que pretendemos assumir como prestação imobiliária. Se este valor se adequar
ao nosso orçamento, temos um bom indício que não enfrentaremos maiores
problemas financeiros.

Com relação à compra de um carro, de uma moto ou outro veículo para uso pessoal,
precisamos lembrar que neste tipo de aquisição as linhas de análise financeira são
bem diferentes.

O primeiro aspecto a considerar é a taxa de juros do financiamento, pois, na maioria


das vezes, compra-se um veículo e paga-se dois. As taxas de juros para
financiamento de veículos são muito altas e esse é o primeiro aspecto que deve nos
levar a tomar muito cuidado neste tipo de financiamento.

Outro fator desfavorável na aquisição de veículos é a sua desvalorização,


principalmente quando compramos veículos 0Km. A compra de veículos, na maioria
das vezes, não pode ser considerada como investimento.

Se o veículo se desvaloriza após a aquisição e se a taxa de juros é alta em


financiamentos, chegamos à conclusão de que a melhor modalidade para essa
aquisição é através de consórcio, que, por sinal, tem uma vantagem adicional: os
consórcios de veículos, na sua maioria, são bem estruturados e mais confiáveis.

Por fim, precisamos nos lembrar da alternativa de aquisição de veículos usados.


Apesar de haver boas oportunidades de compra de veículos novos, a compra de um
veículo usado de boa procedência precisa ser sempre considerada, porque o

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investimento é menor, o veículo já se encontra desvalorizado e mesmo havendo um
custo de manutenção maior, a relação custo-benefício pode ser melhor quando
comparada com as vantagens e desvantagens da compra de um veículo 0 Km.

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Resumo
Nesta unidade você conheceu algumas estratégias financeiras para aquisição de bens
de alto valor, os riscos financeiros na aquisição de bens de alto valor e algumas dicas
de como proceder para evitar que esses riscos aconteçam.

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Saiba mais
Indicamos o livro "Happy money: the science of smarter spending" (em tradução
livre, "Dinheiro feliz: a ciência de como gastar melhor").

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