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DIREITO EMPRESARIAL (Aula 1)

Diferença entre Direito Comercial e Direito Empresarial


O Código Comercial de 1850 regia as relações com base nas primeiras formas
de comércio da Antiguidade (artesãos, feirantes, burgueses), dando prioridade à
pessoa que explorava aquele nicho mercantil e desconsiderando demais setores, ao
passo que a evolução da Economia impôs uma maior complexidade às relações
comerciais que não foram acompanhadas por esta legislação.
O novo Código Civil de 2002 (que revogou o CC de 1916) revogou
parcialmente o Código Comercial, uma vez que a nova legislação passou a adotar a
teoria da empresa da doutrina italiana, que conceitua empresa como uma atividade
cuja marca essencial é a obtenção de lucros com o oferecimento ao mercado de bens
ou serviços, gerados estes mediante a organização dos fatores de produção.
Sendo assim, a única matéria comercial ainda em vigor do Código de 1850 é
parte do comércio marítimo (art. 457 a 796). Por este motivo, a disciplina a ser
estudada leva o nome de Direito Empresarial, pois a legislação vigente compreende a
empresa como uma atividade profissional, economicamente organizada, voltada à
obtenção de lucros. Para tanto, o empresário ou sociedade empresária que a
desenvolvem assumem riscos (taxa de juros, concorrência, não aceitação do produto)
e colocam à disposição do consumidor produtos e serviços.
Em 07/12/2016, entrou em votação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei
1.572/2011, o Novo Código Comercial, de autoria do Deputado Vicente Cândido
(PT/SP). O texto proposto ainda será muito modificado em razão das discussões que
ocorrerão no Congresso Nacional e não há data prevista para sua publicação.

Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens


ou serviços, e não se confunde com a sociedade ou empreendedor que a explora.

Princípios da Empresa (PL 1.572/2011 - Novo C.Com – art. 4-7)

- Liberdade de iniciativa: Decorre do reconhecimento da imprescindibilidade, no


sistema capitalista, da empresa privada para o atendimento das necessidades de cada
um e de todos; do lucro obtido com a exploração regular e lícita de empresa como o
principal fator de motivação da iniciativa privada; da importância, para toda a
sociedade, da proteção jurídica liberada ao investimento privado feito com vistas ao
fornecimento de produtos e serviços, na criação, consolidação ou ampliação de
mercados consumidores e desenvolvimento econômico do país; e da empresa privada
como importante pólo gerador de postos de trabalho e tributos, bem como fomentador
de riqueza local, regional, nacional e global.

- Liberdade de competição: Protegida mediante a coibição da concorrência desleal e


de condutas parasitárias.

- Função social da empresa: A empresa cumpre sua função social ao gerar


empregos, tributos e riqueza, ao contribuir para o desenvolvimento econômico, social
e cultural da comunidade em que atua, de sua região ou do país, ao adotar práticas
empresariais sustentáveis visando à proteção do meio ambiente e ao respeitar os
direitos dos consumidores, desde que com estrita obediência às leis a que se encontra
sujeita.

Conceito legal de empresário (CC, art. 966)


Empresário é aquele que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de
produção ou circulação de bens e serviços, organizando o negócio individualmente ou
com a união de esforços de seus integrantes.

Espécies de empresário
- Empresário é quem, sendo pessoa física ou sociedade, está inscrito como tal no
Registro Público de Empresas e exerce atividade econômica (empreendedor
individual). Empresário não é sócio da sociedade empresária, mas a própria
sociedade. Antiga denominação de firma individual. Não pode ser chamado de
comerciante em virtude da teoria da empresa. Todos os seus bens respondem de
forma ilimitada pelas obrigações que assumiu. A atividade econômica explorada não
possui relevância econômica, sendo enquadrados nesta categoria os negócios
rudimentares e os ambulantes.

- Sociedade empresária é a pessoa jurídica registrada na Junta Comercial (CNPJ)


que exerce atividade econômica de modo coletivo (sócios). Reunião de dois ou mais
empresários para exploração em conjunto de atividade econômica. (art. 981, 982). A
participação societária pertence a cada sócio, que pode alienar ou onerar sua quota,
pois esta não pertence à sociedade. A participação societária poder ser executada por
um credor, pois faz parte do patrimônio individual do associado.

Requisitos legais para ser considerado empresário


- Habitualidade: o exercício da atividade empresarial é profissão, não se enquadra
neste conceito as pessoas que eventualmente disponibilizam produtos e serviços.

- Lucratividade: atividade econômica explorada no intuito de obter lucro.

- Organização: articulação dos fatores de produção no exercício das atividades (força


de trabalho, matéria-prima, capital, uso de tecnologia).

Exercentes da atividade civil que não são considerados empresários (CC, art.
966, parágrafo único)

- Profissionais intelectuais: atinge o profissional liberal que é submetido ao regime


próprio de sua categoria profissional, regulamentada por lei para cujo exercício é
exigida formação superior. Significa que o profissional que possui como ofício sua
atividade intelectual (mesmo que empregue auxiliares) não é considerado empresários
para efeitos legais. Aquele que desenvolve atividade intelectual é regido pelo direito
civil e sua relação com o cliente é considerada uma atividade civil.
O profissional liberal poderá ser enquadrado como empresário quando sua
atividade intelectual envolver a contratação de outros profissionais e o resultado do
trabalho não for apenas fruto do seu intelecto, pois envolve a participação de terceiros.
A partir disto, sua atividade passa a ser considerada empresarial.
Ex.: Médicos, dentistas, advogados, fotógrafos, psicólogos, tatuadores.

- Atividade econômica rural: São exemplos de rurais a atividade econômica de


plantação de vegetais destinadas a alimentos, fontes energéticas, matéria-prima
(agricultura ou reflorestamento); a criação de animais para abate, reprodução,
competição ou lazer (granja, pecuária, equinocultura); extrativismo vegetal (corte de
árvores), animal (caça e pesca) e mineral (mineradoras, garimpo).

- Cooperativas: São consideradas sociedades civis (ou simples, de acordo com o CC


– art. 982), independente da atividade que exploram. Ainda que possa se dedicar às
mesmas atividades que a sociedade empresária, a cooperativa não se submete ao
regime jurídico empresarial, pois é disciplinada por legislação própria (Lei 5.764/71) e
contém previsões entre os arts. 1093 a 1096 do CC/02.

**As sociedades que não exploram atividade empresarial devem ser registradas no
cartório de registro civil de pessoas jurídicas, enquanto as sociedades empresárias
assim definidas por lei registram-se na Junta Comercial de seu Estado (art. 967:
obrigação legal do empresário de registrar-se).

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