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03-12-2009

Interrupção Voluntária da Gravidez

A LEI PENAL ESTABELECE, COMO PRINCÍPIO


GERAL, A PUNIÇÃO DO ABORTO

CONSAGRA, NO ENTANTO QUATRO


SITUAÇÕES DE NÃO PUNIBILIDADE
DO ABORTO

LEGISLAÇÃO

 Código penal:

 Fala do crime de aborto, distinguindo aborto consentido de

aborto não consentido


 Penas de prisão (para o autor e para a mulher que aborta) até 3

anos nos casos de aborto consentido e de 2 a 8 anos nos casos de


aborto não consentido.

 Nos casos de aborto agravado (em que existem danos para a

mulher) as penas podem ser agravadas até um terço.

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Artº 142
Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua
direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e
com o consentimento da mulher grávida, quando:
a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e
irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher
grávida
b) se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura
lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida e for
realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez
c) houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma
incurável, de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas
primeiras 24 semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetos
inviáveis, caso em que a interrupção poderá ocorrer a todo o tempo
d) a gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação
sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas
e) for realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez

CONSULTA PRÉVIA
É uma consulta obrigatória, anterior à realização da
interrupção da gravidez por opção da mulher.
Para a marcação da consulta prévia, a mulher dirige-se a um
serviço de saúde ou a um médico da sua escolha.
Se esse médico for objector de consciência e não
concordar com a interrupção da gravidez, deve
informar a mulher e indicar-lhe, de imediato, outros
técnicos/serviços a que pode recorrer.
Tendo em conta que os riscos de uma interrupção da gravidez
são tanto menores quanto menor for o tempo de gestação, o
período entre a marcação e a consulta não deve ser
superior a 5 dias

CONSULTA PRÉVIA
 A mulher afirma a sua intenção de interromper a gravidez. Tem
direito a tomar decisões, livre de pressões exercidas por
terceiros; poderá estar sozinha ou escolher alguém para a
acompanhar.
 São-lhe colocadas algumas perguntas sobre a sua história clínica,
como a data da última menstruação, doenças anteriores, etc.
 É determinado o tempo de gestação e confirmado, por ecografia,
que se trata de uma gravidez no útero e em evolução. Poderão
ser pedidas análises.
 É informada sobre os diferentes métodos de interrupção da
gravidez – cirúrgica e medicamentosa
 nalguns casos poderá escolher o método que pretende, desde que
clinicamente adequado à sua situação.

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CONSULTA PRÉVIA
 Dão-lhe informações sobre o decorrer do processo, o que vai acontecer e
como, e o que esperar;
 são explicadas as situações em que deve recorrer ao serviço em que fez a
interrupção da gravidez.
 É esclarecida sobre os métodos contraceptivos e poderá optar por um,
adaptado à sua situação, e que será iniciado imediatamente após a interrupção

No final da consulta prévia será marcada uma nova consulta onde


eventualmente:
 será realizada a interrupção da gravidez.
 Ser-lhe-á entregue o impresso do Consentimento Livre e Esclarecido.
 O Consentimento Livre e Esclarecido deverá ser lido, assinado e entregue ao
médico até ao dia em que tiver lugar a interrupção da gravidez.
 Nos casos das mulheres menores de 16 anos e das mulheres psiquicamente
incapazes o Consentimento Livre e Esclarecido terá de ser assinado pelo pai,
mãe ou pelo representante legal.

PREVENÇÃO

 PASSA POR UMA “CULTURA DAVIDA”

 NÃO PODE SER UM MÉTODO DE


PLANEAMENTO FAMILIAR

 MEDIDAS SOCIAIS A FAVOR DA FAMÍLIA

ENTRE OS MORALISTAS EXISTEM ALGUNS PONTOS


DE CONVERGÊNCIA
 É PREFERÍVEL A CONTRACEPÇÃO

 EXISTE O DEVER MORAL DE DEIXAR PROSSEGUIR UMA VIDA


HUMANA DEPOIS DESTA SE INICIAR
 NÃO SE ESTÁ EM PRESENÇA DE UMA QUALQUER VIDA ANIMAL,
DUM OBJECTO, NEM DUMA PARTE DO CORPO DA MÃE

 NÃO É ADMISSÍVEL A IDEIA DE LIBERDADE ABSOLUTA DA

MULHER

 COMO SE TRATA DE UM SER VULNERÁVEL E AMEAÇADO DEVE

SER MAIS PROTEGIDA

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PENALIZAÇÃO/DESPENALIZAÇÃO

 É O MELHOR CAMINHO  ÚNICO MEIO DE


PARA GARANTIR ACABAR COM O
ABORTO
PROTECÇÃO EFICAZ À
CLANDESTINO
VIDA NÃO NASCIDA
 ACABA COM A
 ABRIR-SE-IAM PORTAS DESCRIMINÇÃO DAS
PARA OUTROS ABUSOS MULHERES POBRES
CONTRA A VIDA  NÃO IMPÕE O
ABORTO A NINGUÉM
 A VIDA É O VALOR
 AUTONOMIA DA
FUNDAMENTAL
MULHER

TOMADA DE POSIÇÃO (CJ – 35/2002)

ORDEM DOS ENFERMEIROS

O QUE DIZ A ORDEM DOS ENFERMEIROS?


 Não existe consenso entre os que sustentam que o ser humano tem
direitos e merece toda a protecção desde a concepção e os que
defendem que o ser humano adquire direitos progressivamente com
o desenvolvimento embrionário até ao nascimento
 Ao abrigo do nº 1, do artº 24º da Constituição da República “a vida
humana é inviolável” (não faz qualquer referência à natureza extra e
intra-uterina dessa mesma vida)
 Artº 66º do Código Civil: só adquire personalidade jurídica com o
nascimento completo e com vida
 Estamos a lidar com duas identidades humanas distintas: a mãe e o
feto/embrião: autodeterminação / direitos do feto??
 O Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, artº 82º afirma que a
inviolabilidade da vida humana deve ser tida em conta “ao longo de
todo o ciclo vital e em todas as circunstâncias” e é neste pressuposto
que devem assentar todos os actos de enfermagem

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Pelo que conclui:


1. O enfermeiro no cumprimento do seu Código Deontológico e das
leis vigentes, tem o dever de respeitar, proteger e defender a vida
humana, em qualquer circunstância, sem distinção da sua natureza
intra ou extra-uterina;
2. Não faz parte das competências do enfermeiro proceder
autonomamente a uma IVG, mas apenas o desempenho de funções
interdependentes associadas ao método da IVG adoptado pelo médico
ou a administração de terapêutica devidamente prescrita por este;
3. Independentemente dos valores individuais do enfermeiro, a decisão
de interromper ou não uma gravidez deve ser respeitada, nos termos
da lei vigente;
4. Apo enfermeiro é reconhecido o direito à objecção de consciência,
nos termos do artº 92º do Estatuto da Ordem dos Enfermeiros.

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