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Quem foi Helmut Sick e por que você, observador de aves, deve brind

Salvo no Dropbox • 4 de mar. de 2021 20:04

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Quem foi Helmut Sick e por que você,


observador de aves, deve brindá-lo nesta
semana
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Helmut Sick morreu em 5 de março de 1991, há 30 anos – Foto: revista


Atualidades Ornitológicas

Por Ana Júlia Cano


Jornalista especializada em Marketing e coordena a comunicação da SAVE Brasil

desde outubro de 2020. Nasceu em Campinas, mora em São Paulo e passarinha

desde 2018

observacaodeaves@faunanews.com.br

Eu não sou
bióloga,
muito
menos
ornitóloga.
Comecei a
passarinhar
em 2018 e
todos os
dias
aprendo
Primeira página do livro 15 Histórias de Conservação, lições do
publicado no final de 2020 – Imagem: SAVE Brasil iniciante ao
avançado
com
pessoas incríveis com as quais tenho o prazer de conviver em
grupos sobre aves no WhatsApp. E esta semana, um colega
muito bacana chamado Guto Carvalho me escreveu por lá:
“Precisamos brindar Sick”. Dei um “pesquisar” no HD da minha
cabeça e o único arquivo encontrado foi uma memória.jpeg da
primeira página do livro 15 Histórias de Conservação, recém-
lançado pela SAVE Brasil. Nesta página, o livro todo é dedicado
a Helmut Sick, ornitólogo e naturalista. E isso era tudo que eu
sabia sobre ele até então.

Como passarinheira iniciante e novata na SAVE Brasil, me


restou pesquisar por que eu deveria brindar Sick nesta semana.
Exponho aqui sete das muitas razões pelas quais eu e você
devemos erguer a taça ao falecido ornitólogo.

1. Sick dedicou 50 anos da sua vida estudando as aves


brasileiras
Sick nasceu na Alemanha e veio para o Brasil em 1939. Ao
longo da sua vida por aqui, publicou mais de 160 trabalhos
científicos sobre as aves brasileiras, dentre tantas outras
contribuições que fez para a ornitologia e para a observação de
aves. A despeito de sua carreira como ornitólogo e naturalista,
ele não teve uma vida muito fácil em seus primeiros anos no
Brasil e você pode saber um pouco mais sobre isso a partir
deste achado – um texto que Carlos Drummond de Andrade
escreveu sobre Sick, intitulado “Um sábio discreto”.

2. Sick publicou um dos maiores e mais completos livros


sobre aves que temos até hoje no país
Em 1975,
Sick
publicou o
livro
Ornitologia
Brasileira,
uma
introdução.
O livro é

Capa do Ornitologia Brasileira, uma introdução, obra bem


difícil de ser encontrada para comprar hoje em dia

considerado a bíblia da ornitologia brasileira, sendo consultado


por muitos pesquisadores até hoje. Encontrei um curioso e
emocionante compilado de relatos, organizado por Marco
Aurélio Crozariol e Fernando Pacheco, contando como algumas
pessoas importantes na área da ornitologia e da observação de
aves adquiriram seus exemplares.

Quando questionado sobre o subtítulo do livro ,“uma


introdução”, Sick respondeu: “Esta modéstia é porque sei que
essas quase mil páginas são só um começo. Quem conhece as
aves do Brasil sabe bem por que mil páginas é quase nada, só
uma introdução. Tenho um diário com quase nove mil páginas”.
Leia a entrevista completa com ele, dada em 1989 para a
edição 28 da Atualidades Ornitológicas.

3. Coletou importantíssimos materiais ornitológicos em


suas expedições pelo Brasil
Depois de uma fase bem difícil de sua vida, Sick foi contratado
pela Fundação Brasil Central para estudar aves e, em 1946,
participou da expedição Roncador-Xingu-Tapajós, com os
Irmãos Villas-Boas. Nesse período, ele reuniu um precioso
conjunto de materiais ornitológicos, que se encontra no Museu
Nacional (Rio de Janeiro), onde trabalhou por muitos anos e de
onde partia para suas excursões para diferentes regiões do
Brasil – sempre com a preocupação de coletar o maior número
de dados sobre a avifauna brasileira. Sua produção científica o
tornou conhecido fora do Brasil e o colocou em contato com os
ornitólogos e as instituições científicas mais importantes do
mundo.

4. Além de se dedicar à Ciência, Sick se preocupou em


divulgar a observação de aves
Em 1974, junto com William Belton, Flávio Silva e Valter Voss,
Sick ajudou a fundar o Clube de Observadores de Aves do Rio
de Janeiro (COA-RJ), uma entidade destinada a reunir
amadores interessados na observação de aves em seu
ambiente natural. Ele era fã do COA-RJ e participava de todas
as reuniões e saídas de campo. Vale lembrar que hoje, além do
clube do Rio de Janeiro, temos COAs espalhados por todo o
Brasil.

5. Era sócio ativo da Sociedade Brasileira de Ornitologia


(SBO)
Sick contribuiu com diversos artigos científicos para a Revista
Brasileira de Ornitologia, chamada Ararajuba, publicada pela
SBO. Ele viu a comunidade científica dedicada à pesquisa
ornitológica se desenvolver e se animava bastante com isso.

6. Sempre ajudava de braços abertos pesquisadores e


estudantes que o procuravam
Sick ajudou muita gente, dando oportunidade para jovens
ornitólogos se desenvolverem com a sua orientação. Entre
esses, destacam-se Dante Luiz Martins Teixeira, Luiz Antonio
Pedreira Gonzaga, Lenir Berge, Maria Ignez Ferolla, entre
outros espalhados pelo Brasil. Seus alunos seriam hoje mais de
trezentos, considerando o registro de sócios da Sociedade
Brasileira de Ornitologia – e sem considerar tantos outros
estudantes que têm como livro de cabeceira o Ornitologia
Brasileira, uma introdução.

7. Ele descobriu o mistério de quase 100 anos da arara-


azul-de-lear
Descrita pela primeira vez em 1856, na Europa, com base em
exemplares empalhados, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus
leari) foi um enigma que intrigou pesquisadores durante quase
um século. Apesar de aparecer em ilustrações e em coleções
de animais de museus europeus, a ave nunca havia sido
avistada por ornitólogos no Brasil, o que poderia indicar sua
extinção. Somente em 1978, o mistério da arara-azul-de-lear foi
desvendado em uma expedição ao nordeste da Bahia, feita por
Sick. O habitat da espécie, a caatinga baiana, foi apenas uma
das várias descobertas dele. Leia na fonte.
Araras-azuis-de-lear – Foto: Cláudia Brasileiro

Este incrível ornitólogo nasceu no dia 10 de janeiro de 1910 e


faleceu em 5 de março de 1991, no Rio de Janeiro. Nesta sexta-
feira, prestamos homenagem aos 30 anos de seu voo infinito
para as aves. E agora, assim como eu, você também tem seus
motivos para brindar Sick. Siga as redes sociais da SAVE Brasil
e do Avistar para acompanhar nossa homenagem a ele.

Para escrever esta coluna, utilizei informações dos links acima


e trechos da edição 41 da Atualidades Ornitológicas.

– Leia outros artigos da coluna OBSERVAÇÃO DE AVES


Observação: as opiniões, informações e dados divulgados

no artigo são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es)

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Coluna semanal. Todas as terças-feiras.


Histórias, experiências, o mercado e a ciência cidadã são abordados por
quem tem a observação de aves como um estilo de vida e o seu
trabalho. Tudo isso ilustrado por belas imagens.

Quem escreve
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