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TÉCNICAS AVANÇADAS DE

ANÁLISE DE CUSTOS
AULA 5

Profª Neide Borscheid Mayer


CONVERSA INICIAL

Olá aluno, seja bem-vindo à aula 5 da disciplina de Técnicas Avançadas


de Análise de Custos.
Nesta aula, você será apresentado a um método de simplificação do
processo de apuração de volumes de produção em um cenário que contém um
mix de vários produtos no processo fabril, e que também pode ser utilizado para
fins de controle e gestão dos custos unitários de transformação a partir de bases
comparativas em uma única unidade de medida. O método que abordaremos
chama-se de Unidade de Esforço de Produção (UEP).
Bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

Como já vimos nas demais aulas desta disciplina, a adequada gestão e


controle dos custos de produção é fundamental para as organizações, no sentido
de contribuir com o alcance de seus objetivos estratégicos. Porém, quando
consideramos um cenário produtivo que envolve vários produtos com
características individuais diferentes entre si, a apuração dos volumes totais de
produção e a própria apuração do custo unitário pode ser de difícil mensuração
e controle.
Nesse sentido, foi criado o método UEP, que tem como propósito principal
a unificação da unidade de medida de todos os produtos do mix com base nos
seus consumos dos esforços de produção, viabilizando a simplificação da
apuração do volume total de produção. Outra funcionalidade desse método é a
apuração dos custos unitários de transformação e a medição facilitada de
indicadores de performance relacionados à eficiência, eficácia e produtividade
dos postos operativos e do processo de produção como um todo, cujo conceito
será apresentado ao longo dos temas da aula.
Assim como a maioria dos métodos de apuração e alocação de custos, o
método UEP apresenta pontos positivos e negativos, os quais serão abordados
no tema 5.

TEMA 1 – OBJETIVOS E NOÇÕES INICIAIS DO MÉTODO DA UNIDADE DE


ESFORÇO DE PRODUÇÃO (UEP)

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O Método da Unidade de Esforço de Produção (UEP) foi desenvolvido na
França por Georges Perrin, na época da Segunda Guerra Mundial (Bornia,
2009), com o propósito de unificar a medição da produção industrial, de maneira
a obter uma homogeneidade frente aos diferentes produtos e serviços
produzidos pelas organizações (Pereira, 2015). Nesse método, são
considerados os níveis de esforços “consumidos” em cada etapa do processo
produtivo.
No Brasil, o método passou a ser mais estudado e disseminado a partir
de 1978, por uma empresa de consultoria de Blumenau – SC, e depois de 1986,
com a intensificação de estudos e pesquisas pelos estudiosos da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) (Bornia, 2009).
Para Martins e Rocha (2010), a UEP refere-se a uma unidade de medida
de trabalho e recursos utilizados e alocados na produção de bens e serviços, ou
seja, “é uma metodologia de medição dos esforços empregados na produção em
uma mesma unidade de medida, em ambientes de produção diversificada, com
foco no conceito de custos de transformação” (Pereira, 2015, p. 62).
Nesse método, são trabalhados exclusivamente os custos de
transformação, ou seja, aqueles gerados para transformar a matéria-prima em
produto ou serviço, sendo considerados, nesse caso, a mão de obra direta e os
custos indiretos de fabricação. Em outras palavras, isso significa que o custo da
matéria-prima não está incluído na análise desse método e, por isso, deve ser
tratado separadamente (Bornia, 2009).
Outro destaque importante é que o objetivo principal desse método é o de
medir o volume de produção, não sendo seu foco principal a alocação de custos
aos produtos e serviços em si (Pereira, 2015). Ele é utilizado como “um
instrumento gerencial que converte os esforços de uma produção diversificada
em uma única, para mensurar e comparar a produtividade de diferentes
períodos” (Martins; Rocha, 2010, p. 57). Isso não significa que ele não possa ser
utilizado para alocação de custos, uma vez que ele dispõe de ferramentas que
viabilizam a mensuração e alocação de custos por produto ou serviço (Pereira,
2015).
O propósito, então, de tudo o que ponderamos até o momento, é o de
simplificar o controle e gestão da empresa. Se a empresa apresenta somente
um tipo de produto ou serviço, a medição do desempenho, ou seja, da eficiência,

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eficácia e produtividade, é muito fácil de ser realizada, podendo ser apurada, por
exemplo, dividindo o custo total de produção pelo volume de produção do
período (Bornia, 2009):
Custo unitário = Custos totais do período / Produção no período
No entanto, quando se trata de uma empresa que tem um mix
diversificado de produtos ou serviços, o processo se torna mais complexo,
porque não podemos simplesmente somar os volumes de produção. Em função
disso, o UEP procura simplificar o controle, gerando uma única unidade de
medida que pode ser utilizada para todos os produtos do mix da empresa
(Bornia, 2009).
Para exemplificar, vamos adaptar o exemplo de Bornia (2009).
Imaginemos que determinada empresa produz 3 produtos semelhantes, que
chamaremos de A, B e C, sendo a única diferença entre eles o fato de A ser
pequeno, B, médio, e C, grande. Consideremos que os custos totais de
transformação desse período são de R$ 100.000.

Tabela 1 – Quantidades produzidas por produto e período

Produtos Janeiro Fevereiro Março


A 500 600 700
B 600 550 500
C 700 670 630
Total 1800 1820 1830
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Se aplicássemos o mesmo cálculo de uma empresa que produzisse


somente um produto, o custo unitário seria:
Custo unitário em janeiro = R$ 100.000 / 1.800 = R$ 55.56
Custo unitário em fevereiro = R$ 100.000 / 1.820 = R$ 54,95
Custo unitário em março = R$ 100.000 / 1.830 = R$ 54,65

Dessa forma, estaríamos considerando os custos de transformação iguais


para todos os produtos e chegaríamos a um custo unitário que estaria
decrescendo no tempo. Essa seria uma conclusão equivocada, porque, por mais
que os produtos possam ter a mesma matéria-prima, tecnologia e
funcionamento, pelo fato de serem de tamanhos diferentes, exigirão um tempo
de produção diferente, ou seja, o esforço para produzir cada um deles é
diferente.
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Para situações como essa, surgiu o método UEP, que transforma todos
esses volumes de produção em uma única unidade de medida com base na
informação “sobre os trabalhos necessários para fabricar os três artigos, ou no
mínimo, das relações entre tais trabalhos, o que exige conhecer as relações
entre os trabalhos gerados pelos processos de transformação” (Bornia, 2009, p.
139). Nos próximos temas, detalharemos como isso ocorre.

TEMA 2 – UNIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO PELA UEP E DETERMINAÇÃO DOS


ESFORÇOS DE PRODUÇÃO

Como vimos no tema 1, o método UEP parte da unificação da produção


com base no seu esforço de produção. Mas o que é esforço de produção?
“Os esforços de produção representam todo o esforço despendido no
sentido de transformar a matéria-prima nos produtos acabados da empresa”.
(Bornia, 2009, p. 141).
Nesse sentido, são considerados todos os processos e trabalhos
realizados diretamente nas atividades produtivas da empesa, ou seja, as
atividades envolvidas na fabricação dos produtos e serviços em si. (Bornia,
2009). Podemos usar como exemplos: a mão de obra direta e indireta, o
consumo de energia necessário para que se consiga utilizar as máquinas e
equipamentos e os processos de controle de qualidade.
Nesse método, então, a produção é dividida em Postos Operativos. Para
Bornia (2009, p. 141), um “posto operativo é um conjunto formado por uma ou
mais operações produtivas, as quais devem apresentar características de serem
semelhantes para todos os produtos que passam pelo posto operativo”. De
acordo com Wernke (2005, p. 63, citado por Pereira, 2015):

Um posto operativo pode ser uma máquina ou um posto de trabalho.


No caso de posto de trabalho, este pode ser apenas uma fase de
transformação do produto que não utilize uma máquina, mas apenas
esforços humanos. Por outro lado, uma máquina pode comportar dois
ou mais postos operativos, desde que as operações realizadas nos
produtos sejam suficientemente diferentes. Além disso, um posto
operativo pode englobar duas ou mais máquinas se as operações
executadas nos produtos forem assemelhadas.

Dessa forma, entendemos que as atividades desenvolvidas em cada


posto operativo são as mesmas, mas o tempo gasto para cada produto é
diferente. Por isso, cada posto operativo consegue gerar ou repassar uma
quantidade diferente de esforço de produção, o que chamamos de potencial

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produtivo. Esse potencial produtivo é medido com base em uma hora de
produção no posto operativo, ou seja, UEP/h (Bornia, 2009).
E como se dá o processo de determinação das relações de esforços?
Para que possamos determinar as relações de esforços, são utilizadas as
informações de custos por hora de cada posto operativo, considerando todos
aqueles que forem relevantes. Esses custos são apuradores, normalmente com
a ajuda da equipe de engenharia, considerando-se efetivamente a quantidade
consumida no posto operativos (Bornia, 2009), lembrando que estamos nos
referindo aos custos indiretos de fabricação e à mão de obra direta e indireta.
Com essa informação, apura-se um índice de custos para cada posto
operativo. Bornia (2009, p. 143) faz a analogia desse índice como uma fotografia
da “estrutura de custos das operações produtivas no momento da implantação
do sistema”, considerando o funcionamento típico ou normal do processo
produtivo. Esses índices e suas relações são consideradas constantes, uma vez
que os postos operativos não mudarão ao longo do tempo.
Então, ainda de acordo com esse autor, “quando um produto passa por
um posto operativo, ele ‘absorve’ esforços de produção. Tomando os tempos de
passagem dos produtos pelos postos operativos, os esforços de produção (UEP)
são alocados aos produtos”.

TEMA 3 – ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO DA UEP

A implantação do método UEP, de acordo com Bornia (2009), deve ser


realizado em cinco etapas:

 Definição e divisão dos postos operativos.


 Definição dos índices ou custos horários.
 Definição dos produtos base.
 Cálculo dos potenciais de produção.
 Determinação dos equivalentes dos produtos.

Na sequência, detalharemos cada uma dessas etapas.

3.1 Definição e divisão dos postos operativos

De acordo com o conceito de Postos Operativos (PO) que vimos no tema


anterior, o primeiro passo para implantação do método UEP é definir os postos
operativos a serem considerados no processo de fabricação. Esse posto
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operativo, então, pode ser um “conjunto de operações, podendo ser diferente de
um posto de trabalho ou máquina” (Bornia, 2009, p. 144).
Dessa forma, podemos, por exemplo, ter a seguinte situação: um posto
operativo contém várias máquinas em uma produção de injeção de plástico, e
um posto operativo pode ser formado por várias máquinas injetoras. Da mesma
forma, uma única máquina pode ter mais de um posto operativo caso uma
injetora seja modificada de forma que, além, de realizar o próprio processo de
injeção, ela também efetue outra atividade considerada significativa na
composição dos custos, como estampagem ou algo do gênero.

3.2 Definição dos índices ou custos horários

A definição dos índices ou custos horários no método UEP são chamados


de Foto-Índices (Bornia, 2009), ou Foto-Índice do Posto Operativo (FIPO), e se
refere à metodologia de cálculo sugerida para esse método. “FIPO é o custo de
uma hora de operação de determinado processo operativo, obtido pelo
somatório de todos os custos de transformação” (Pereira, 2015, p. 67).
A definição de índice, de acordo com Bornia (2009), deve ocorrer de
“baixo para cima”, ou seja, considerando inicialmente os insumos efetivamente
consumidos no posto operativo, com excessão da matéria-prima como já
mencionamos anteriormente, e não partindo do total de custos com atribuição
por meio de rateios. Posteriormente, esse índice será utilizado para viabilizar a
estimativa de potenciais produtivos de cada PO.
O propósito, nesse momento, é entender a parte conceitual de o que se
refere ao foto-índice. No tema 4, detalharemos a operacionalização do método
em si.

3.3 Definição dos produtos base

Produto base é àquele a ser utilizado como referência para representar 1


UEP. De acordo com Bornia (2009, p. 144), “ele pode ser um produto realmente
existente, uma combinação de produtos ou mesmo um produto fictício, devendo
representar a estrutura produtiva da empresa”. Esse autor sugere que se utilizem
os “tempos médios de passagem dos produtos pelos postos operativos como
produto base” (p. 145).

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Outra possibilidade seria a de escolher o produto que passa por uma
quantidade maior de postos operativos ou aquele que transita pelos principais
(Pereira, 2015).

3.4 Cálculo dos potenciais de produção

Os potenciais de produção representam “o custo, em unidade de esforço


de produção, de uma hora de funcionamento de determinado posto operativo”
(Pereira, 2015, p. 69) e são obtidos dividindo-se o valor dos foto-índices pelo
custo do produto base, ou seja, o potencial de produção representa quantas
UEPs podem ser produzidas por hora no posto operativo. Vamos utilizar o
mesmo exemplo dado por Bornia (2009): digamos que os foto-índices de dois
postos operativos sejam de R$ 20.000 por hora e R$ 30.000 por hora e que o
custo do produto base seja de R$ 1.000. Nesse caso, os potenciais de produção
desses PO seriam: 20 UEP/h (R$ 20.000 / R$ 1.000) e 30 UEP/h (R$ 30.000 /
R$ 1.000).

3.5 Determinação dos equivalentes dos produtos

Com base em todas essas definições apresentadas, podemos, então,


compreender que “os produtos, ao passarem pelos postos operativos, absorvem
os esforços de produção, de acordo com os tempos de passagem” (Bornia, 2009,
p.145). Usando o exemplo dado por esse autor, digamos que um PO tem a
capacidade ou o potencial de produção de 50 UEP/h e determinado produto
gasta 0,1 h para passar por esse PO, absorvendo, portanto, 5 UEP na operação.
O mesmo processo é realizado com todos os postos operativos pelos
quais esse produto passar até que esteja finalizado ou totalmente pronto. Ao
final, basta somar todos os UEPs absorvidos nos PO´s para que se apure o seu
UEP equivalente total.

TEMA 4 – OPERACIONALIZAÇÃO DO MÉTODO DA UEP

Agora que já conhecemos os principais conceitos e objetivos pretendidos


com esse método, explicaremos como efetivar a implementação e a
operacionalização do processo.
O primeiro passo para implementação é definir o tipo de informação que
se pretende gerar, as principais aplicabilidades. De acordo com Bornia (2009),

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são as seguintes: mensuração da quantidade produzida, cálculo dos custos de
transformação e medidas de desempenho.
No que diz respeito à mensuração da quantidade produzida, o princípio
para utilização é o de simplificar o processo para empresas que tenham um mix
diversificado de produtos. O método ajudaria a transformar as quantidades em
uma única unidade de medida. Vamos utilizar o exemplo de Bornia (2009, p.146)
para que essa questão fique mais clara:

Tabela 2 – Cálculo da quantidade produzida

Quantidades Volume de Produção em UEP


Produtos UEP´s Equivalentes
Produzidas (Qtdes x UEP equivalente)
P1 1.000 1 1.000
P2 1.500 1,1 1.650
P3 2.000 1,3 2.600
Produção total da empresa no período 5.250

Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Pelo exemplo apresentado, é possível perceber que o volume de


produção da empresa em UEP foi obtida pela multiplicação das quantidades de
cada produto que efetivamente foram produzidas pelos seus equivalentes em
UEP.
Quando se fala em utilizar o método UEP para efetuar o cálculo dos
custos unitários de transformação, o cálculo também é muito simples, pois,
uma vez que já se saiba quais são os valores dos custos de transformação do
período, que são os custos indiretos de fabricação e a mão de obra direta, e os
volumes de produção em UEP, basta dividir um pelo outro. Vamos seguir
utilizando o exemplo de Bornia (2009, p.147) para mostrar como isso ocorre.
Digamos que a empresa apurou, conforme quadro apresentado
anteriormente, o volume de produção total de 5.250 UEP e que essa mesma
empresa apurou, no mesmo período, o total de custos de transformação de R$
105.000, Assim, o custo de transformação unitário seria de R$ 20,00 / UEP (R$
105.000,00 / 5.250 UEP).
Por sua vez, se a empresa pretende calcular o custo unitário para cada
produto, o cálculo parte desse custo unitário por UEP apurado com base no total,
multiplicando esse valor pelo UEP equivalente a cada produto. Vamos usar o P2
como exemplo, nesse caso, ficaria: (1,1 UEP x R$ 20,00 / UEP) = R$ 22,00 /
UEP.

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A utilização do método para medidas de desempenho tem a finalidade
de contribuir com o controle e monitoramento da produção em relação ao que foi
previsto para o período. Bornia (2009) sugere três indicadores para essa
finalidade: eficiência, eficácia e produtividade horária.
A eficiência, de acordo com esse autor, representa quanto foi produzido
no período em relação à capacidade normal de produção para esse mesmo
período, ou seja:
Eficiência = Produção real / Capacidade normal
Já a eficácia tem relação com a excelência do trabalho, porque leva em
consideração somente o período que o PO estava efetivamente produzindo, ou
seja, são descontadas as paradas inesperadas (Bornia, 2009):
Eficácia = Produção real / Capacidade utilizada
E “a produtividade horária é a produção do período dividida pelo tempo de
trabalho” (Bornia, 2009, p.147):
Produtividade = Produção real / Horas trabalhadas
Os indicadores de desempenho podem ser utilizados para a produção
como um todo ou para um único posto operativo.
Agora que já sabemos quais são os tipos de informação que podem ser
gerados por meio do método UEP, desenvolveremos um exemplo completo,
adaptando o exemplo apresentado por Bornia (2009).
Divisão da empresa: a Delta produz 3 produtos (P1, P2, P3) e, para
implantação do método UEP, dividiu a produção em 3 postos operativos (PO1,
PO2, PO3).
Cálculo dos foto-índices: para calcular os foto-índices por posto
operativo, foram divididos os custos de transformação pela quantidade de horas
de trabalho. Como custos de transformação, foram considerados a mão de obra
direta e indireta, a energia elétrica, a depreciação e os materiais de consumo.
Na tabela a seguir, demonstramos esses valores:

Tabela 3 – Distribuição dos custos de transformação por PO (R$ / h)

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Índices de Custos ($/h)
ITEM DE CUSTO
P01 P02 P03
MOD 5 5 15
MOI 10 5 10
Energia Elétrica 2 2 10
Depreciação 5 5 15
Materiais de Consumo 7 7 10
TOTAL 29 24 60

Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Determinação do foto-custo para o produto base: esse cálculo é


realizado multiplicando o tempo de passagem do produto base pelo posto
operativo, pelo valor do foto-índice desse posto operativo, apresentado na tabela
anterior.

Tabela 4 – Tempos de passagem (em horas) dos produtos pelos postos


operativos

Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3


P1 0,03 0,20 0,03
P2 0,03 0,04 0,03
P3 0,05 0,05 0,05
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Como já temos o tempo que cada produto consumiu da PO e o valor ou


foto-índice da PO por horas, basta realizar a multiplicação.

Tabela 5 – Alocação do custo (UEP) aos produtos

UEP R$ total
Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3
por produto
P1 0,87 4,80 1,80 7,47
P2 0,87 0,96 1,80 3,63
P3 1,45 1,20 3,00 5,65
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Para o exemplo da empresa Delta, o produto P2 será utilizado como


produto base na implantação do método UEP, sendo o custo base, nesse
caso, R$ 3,63, obtido por [(0,03 x 29) + (0,04 x 24) + (0,03 x 60)].

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Cálculo dos potenciais produtivos: para conseguirmos apurar os
potenciais de produção de cada posto operativo, basta dividir os foto-índices de
cada PO pelo custo base:.

Tabela 6 – Potenciais produtivos por postos operativos

Postos Operativos PO1 PO2 PO3


Foto-índice (R$ / h) 29,00 24,00 60,00
Custo base da UEP (R$ / h) 3,63 3,63 3,63
Potenciais Produtivos (UEP / h) 8 7 17
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Determinação dos equivalentes dos produtos: para encontrarmos os


equivalentes dos produtos, multiplicamos a capacidade de cada posto operativo
pelo tempo que o produto leva nesse mesmo posto. Como o produto do nosso
exemplo passa pelos 3 postos operativos, deve-se realizar o mesmo processo
para cada PO e somar os totais.

Tabela 7 – Equivalentes dos produtos (em UEP)

Equivalente
Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3
UEP
P1 0,24 1,32 0,50 2,06
P2 0,24 0,26 0,50 1,00
P3 0,40 0,33 0,83 1,56
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.

Com a apuração dos equivalentes de produção de cada produto, bastaria


trabalhar a informação para a finalidade da informação que a empresa pretende
gerar, que, como vimos no início do tema, pode ser de mensuração da
quantidade produzida, de cálculo dos custos de transformação e de medidas de
desempenho.

TEMA 5 – MÉTODO DA UEP E NECESSIDADES DA EMPRESA MODERNA

Ao longo desta aula, vimos que o método UEP tem como propósito
principal a simplificação na apuração das informações de volume e custos de
produção, além de outras vantagens. Porém, da mesma forma que identificamos
pontos positivos na implementação do método, há alguns aspectos que podem
vir a se tornar negativos e que também precisam ser tratados.
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A simplicidade da operacionalização em função da apuração dos
potenciais produtivos e os equivalentes de UEP possibilitam um
acompanhamento facilitado do desempenho da produção ao longo dos períodos.
Isso acontece porque as medidas de desempenho são geradas por meio de uma
linguagem simples e clara que permite esse acompanhamento sem
necessidades de grandes esforços para interpretação, o que torna os resultados
comparáveis, em termos de custos, demonstrando a importância de cada uma
(Bornia, 2009).
Como ponto limitação na utilização do método UEP, destacamos a falta
do registro de desperdícios, uma vez que todos os custos são alocados aos
postos operativos, que, por sua vez, referem-se exclusivamente às operações
produtivas. As operações não produtivas, também chamadas de auxiliares, que
consomem custos de transformação e que geram perdas, acabam não sendo
monitoradas individualmente. Seus custos estão agrupados nos postos
operativos (Bornia, 2009).
Como forma de minimizar o efeito dessa limitação, Bornia (2009) sugere
a criação de postos operativos improdutivos, que envolveriam aqueles postos
que trabalham diretamente com os produtos (por exemplo: movimentação,
inspeção etc.). Já os postos que não atuariam diretamente com o produto
continuariam sendo alocados nos demais postos operativos.
Ainda em relação ao controle de desperdícios, outra limitação do método
destacada por Bornia (2009) é o controle do consumo de esforços por meio de
tempos médios que acabam não evidenciando os tempos desperdiçados.
Outro aspecto importante a ser observado é o de que as organizações se
encontram em constante modificação e aperfeiçoamento. Nesse caso, os
padrões de tempo e consumo de esforços de produção precisam ser revistos e
atualizados sempre que essas mudanças levarem a diferenças significativas na
apuração dos resultados pelo método, para que, dessa forma, se consiga
efetivamente apurar a “fotografia” real da estrutura de custos da empresa. E,
caso essas atualizações ocorram de maneira muito frequente, o custo e o
esforço para atualização dos padrões podem inviabilizar a continuidade na
utilização do método UEP.

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TROCANDO IDEIAS

Imagine que você seja o profissional responsável pela implementação do


método UEP para apuração do volume de produção e dos custos unitários de
transformação de uma empresa que fabrica camisas. Discuta com seus colegas
quais serão os custos que devem ser considerados como custos de
transformação e como o processo de produção pode ser dividido em postos
operativos.

NA PRÁTICA

Para praticarmos um pouco com base nos conceitos vistos ao longo desta
aula, utilizaremos um exercício adaptado de Bornia (2009, p.155).
Uma empresa produz três produtos e usa o método das UEPs para
calcular os custos unitários de transformação. As equivalentes em UEPs dos
produtos A, B e C são, respectivamente, 2 UEP, 1 UEP e 3 UEP. Sabendo que,
no período, foram produzidos 100 produtos A, 200 B e 300 C e que, nesse
mesmo tempo, os custos totais de transformação totalizaram R$ 45.000, quais
foram os custos de transformação unitários dos 3 produtos?

FINALIZANDO

O objetivo desta aula foi desenvolver a metodologia UEP para apuração


dos volumes de produção em um ambiente fabril com uma linha diversificada de
produtos e prepará-los para contribuir com as organizações em que atuarão com
o conhecimento do método em si, bem como a percepção dos pontos positivos
e negativos que podem vir a ser observados na implantação do método,
deixando-os aptos a ponderar sobre a viabilidade de implantação em diferentes
processos e ambientes de produção.
No tema 1, tratamos dos aspectos conceituais do método UEP e
verificamos que se trata de “um instrumento gerencial que converte os esforços
de uma produção diversificada em uma única, para mensurar e comparar a
produtividade de diferentes períodos” (Martins; Rocha, 2010, p.57) e que
também pode ser utilizado para apuração do custo unitário de transformação
desses produtos. Já no tema 2, vimos como ocorrem a alocação do esforço de
produção por Postos Operativos e a divisão da produção em POs. Ao longo dos
temas 3 e 4, verificamos todas as etapas do processo de implementação e
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operacionalização do método, além de compreendermos as terminologias
técnicas utilizadas. E finalizamos a aula tratando de determinados pontos
positivos e negativos que podem ser observados em relação a outras
metodologias que visam a apuração desses tipos de informação.
Como o método UEP é totalmente voltado para a operacionalização do
processo de produção, ele pode contribuir com as organizações no processo de
melhoria contínua, visando sempre atingir melhores performances e resultados.

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REFERÊNCIAS

BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas


modernas. 3. ed. São Paulo: Altas, 2010.

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<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-21012016-103844/pt-
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