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ANÁLISE DE CUSTOS
AULA 5
CONTEXTUALIZANDO
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O Método da Unidade de Esforço de Produção (UEP) foi desenvolvido na
França por Georges Perrin, na época da Segunda Guerra Mundial (Bornia,
2009), com o propósito de unificar a medição da produção industrial, de maneira
a obter uma homogeneidade frente aos diferentes produtos e serviços
produzidos pelas organizações (Pereira, 2015). Nesse método, são
considerados os níveis de esforços “consumidos” em cada etapa do processo
produtivo.
No Brasil, o método passou a ser mais estudado e disseminado a partir
de 1978, por uma empresa de consultoria de Blumenau – SC, e depois de 1986,
com a intensificação de estudos e pesquisas pelos estudiosos da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) (Bornia, 2009).
Para Martins e Rocha (2010), a UEP refere-se a uma unidade de medida
de trabalho e recursos utilizados e alocados na produção de bens e serviços, ou
seja, “é uma metodologia de medição dos esforços empregados na produção em
uma mesma unidade de medida, em ambientes de produção diversificada, com
foco no conceito de custos de transformação” (Pereira, 2015, p. 62).
Nesse método, são trabalhados exclusivamente os custos de
transformação, ou seja, aqueles gerados para transformar a matéria-prima em
produto ou serviço, sendo considerados, nesse caso, a mão de obra direta e os
custos indiretos de fabricação. Em outras palavras, isso significa que o custo da
matéria-prima não está incluído na análise desse método e, por isso, deve ser
tratado separadamente (Bornia, 2009).
Outro destaque importante é que o objetivo principal desse método é o de
medir o volume de produção, não sendo seu foco principal a alocação de custos
aos produtos e serviços em si (Pereira, 2015). Ele é utilizado como “um
instrumento gerencial que converte os esforços de uma produção diversificada
em uma única, para mensurar e comparar a produtividade de diferentes
períodos” (Martins; Rocha, 2010, p. 57). Isso não significa que ele não possa ser
utilizado para alocação de custos, uma vez que ele dispõe de ferramentas que
viabilizam a mensuração e alocação de custos por produto ou serviço (Pereira,
2015).
O propósito, então, de tudo o que ponderamos até o momento, é o de
simplificar o controle e gestão da empresa. Se a empresa apresenta somente
um tipo de produto ou serviço, a medição do desempenho, ou seja, da eficiência,
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eficácia e produtividade, é muito fácil de ser realizada, podendo ser apurada, por
exemplo, dividindo o custo total de produção pelo volume de produção do
período (Bornia, 2009):
Custo unitário = Custos totais do período / Produção no período
No entanto, quando se trata de uma empresa que tem um mix
diversificado de produtos ou serviços, o processo se torna mais complexo,
porque não podemos simplesmente somar os volumes de produção. Em função
disso, o UEP procura simplificar o controle, gerando uma única unidade de
medida que pode ser utilizada para todos os produtos do mix da empresa
(Bornia, 2009).
Para exemplificar, vamos adaptar o exemplo de Bornia (2009).
Imaginemos que determinada empresa produz 3 produtos semelhantes, que
chamaremos de A, B e C, sendo a única diferença entre eles o fato de A ser
pequeno, B, médio, e C, grande. Consideremos que os custos totais de
transformação desse período são de R$ 100.000.
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produtivo. Esse potencial produtivo é medido com base em uma hora de
produção no posto operativo, ou seja, UEP/h (Bornia, 2009).
E como se dá o processo de determinação das relações de esforços?
Para que possamos determinar as relações de esforços, são utilizadas as
informações de custos por hora de cada posto operativo, considerando todos
aqueles que forem relevantes. Esses custos são apuradores, normalmente com
a ajuda da equipe de engenharia, considerando-se efetivamente a quantidade
consumida no posto operativos (Bornia, 2009), lembrando que estamos nos
referindo aos custos indiretos de fabricação e à mão de obra direta e indireta.
Com essa informação, apura-se um índice de custos para cada posto
operativo. Bornia (2009, p. 143) faz a analogia desse índice como uma fotografia
da “estrutura de custos das operações produtivas no momento da implantação
do sistema”, considerando o funcionamento típico ou normal do processo
produtivo. Esses índices e suas relações são consideradas constantes, uma vez
que os postos operativos não mudarão ao longo do tempo.
Então, ainda de acordo com esse autor, “quando um produto passa por
um posto operativo, ele ‘absorve’ esforços de produção. Tomando os tempos de
passagem dos produtos pelos postos operativos, os esforços de produção (UEP)
são alocados aos produtos”.
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Outra possibilidade seria a de escolher o produto que passa por uma
quantidade maior de postos operativos ou aquele que transita pelos principais
(Pereira, 2015).
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são as seguintes: mensuração da quantidade produzida, cálculo dos custos de
transformação e medidas de desempenho.
No que diz respeito à mensuração da quantidade produzida, o princípio
para utilização é o de simplificar o processo para empresas que tenham um mix
diversificado de produtos. O método ajudaria a transformar as quantidades em
uma única unidade de medida. Vamos utilizar o exemplo de Bornia (2009, p.146)
para que essa questão fique mais clara:
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A utilização do método para medidas de desempenho tem a finalidade
de contribuir com o controle e monitoramento da produção em relação ao que foi
previsto para o período. Bornia (2009) sugere três indicadores para essa
finalidade: eficiência, eficácia e produtividade horária.
A eficiência, de acordo com esse autor, representa quanto foi produzido
no período em relação à capacidade normal de produção para esse mesmo
período, ou seja:
Eficiência = Produção real / Capacidade normal
Já a eficácia tem relação com a excelência do trabalho, porque leva em
consideração somente o período que o PO estava efetivamente produzindo, ou
seja, são descontadas as paradas inesperadas (Bornia, 2009):
Eficácia = Produção real / Capacidade utilizada
E “a produtividade horária é a produção do período dividida pelo tempo de
trabalho” (Bornia, 2009, p.147):
Produtividade = Produção real / Horas trabalhadas
Os indicadores de desempenho podem ser utilizados para a produção
como um todo ou para um único posto operativo.
Agora que já sabemos quais são os tipos de informação que podem ser
gerados por meio do método UEP, desenvolveremos um exemplo completo,
adaptando o exemplo apresentado por Bornia (2009).
Divisão da empresa: a Delta produz 3 produtos (P1, P2, P3) e, para
implantação do método UEP, dividiu a produção em 3 postos operativos (PO1,
PO2, PO3).
Cálculo dos foto-índices: para calcular os foto-índices por posto
operativo, foram divididos os custos de transformação pela quantidade de horas
de trabalho. Como custos de transformação, foram considerados a mão de obra
direta e indireta, a energia elétrica, a depreciação e os materiais de consumo.
Na tabela a seguir, demonstramos esses valores:
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Índices de Custos ($/h)
ITEM DE CUSTO
P01 P02 P03
MOD 5 5 15
MOI 10 5 10
Energia Elétrica 2 2 10
Depreciação 5 5 15
Materiais de Consumo 7 7 10
TOTAL 29 24 60
UEP R$ total
Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3
por produto
P1 0,87 4,80 1,80 7,47
P2 0,87 0,96 1,80 3,63
P3 1,45 1,20 3,00 5,65
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.
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Cálculo dos potenciais produtivos: para conseguirmos apurar os
potenciais de produção de cada posto operativo, basta dividir os foto-índices de
cada PO pelo custo base:.
Equivalente
Produtos / Postos Operativos PO1 PO2 PO3
UEP
P1 0,24 1,32 0,50 2,06
P2 0,24 0,26 0,50 1,00
P3 0,40 0,33 0,83 1,56
Fonte: Adaptado de Bornia, 2009.
Ao longo desta aula, vimos que o método UEP tem como propósito
principal a simplificação na apuração das informações de volume e custos de
produção, além de outras vantagens. Porém, da mesma forma que identificamos
pontos positivos na implementação do método, há alguns aspectos que podem
vir a se tornar negativos e que também precisam ser tratados.
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A simplicidade da operacionalização em função da apuração dos
potenciais produtivos e os equivalentes de UEP possibilitam um
acompanhamento facilitado do desempenho da produção ao longo dos períodos.
Isso acontece porque as medidas de desempenho são geradas por meio de uma
linguagem simples e clara que permite esse acompanhamento sem
necessidades de grandes esforços para interpretação, o que torna os resultados
comparáveis, em termos de custos, demonstrando a importância de cada uma
(Bornia, 2009).
Como ponto limitação na utilização do método UEP, destacamos a falta
do registro de desperdícios, uma vez que todos os custos são alocados aos
postos operativos, que, por sua vez, referem-se exclusivamente às operações
produtivas. As operações não produtivas, também chamadas de auxiliares, que
consomem custos de transformação e que geram perdas, acabam não sendo
monitoradas individualmente. Seus custos estão agrupados nos postos
operativos (Bornia, 2009).
Como forma de minimizar o efeito dessa limitação, Bornia (2009) sugere
a criação de postos operativos improdutivos, que envolveriam aqueles postos
que trabalham diretamente com os produtos (por exemplo: movimentação,
inspeção etc.). Já os postos que não atuariam diretamente com o produto
continuariam sendo alocados nos demais postos operativos.
Ainda em relação ao controle de desperdícios, outra limitação do método
destacada por Bornia (2009) é o controle do consumo de esforços por meio de
tempos médios que acabam não evidenciando os tempos desperdiçados.
Outro aspecto importante a ser observado é o de que as organizações se
encontram em constante modificação e aperfeiçoamento. Nesse caso, os
padrões de tempo e consumo de esforços de produção precisam ser revistos e
atualizados sempre que essas mudanças levarem a diferenças significativas na
apuração dos resultados pelo método, para que, dessa forma, se consiga
efetivamente apurar a “fotografia” real da estrutura de custos da empresa. E,
caso essas atualizações ocorram de maneira muito frequente, o custo e o
esforço para atualização dos padrões podem inviabilizar a continuidade na
utilização do método UEP.
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TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
Para praticarmos um pouco com base nos conceitos vistos ao longo desta
aula, utilizaremos um exercício adaptado de Bornia (2009, p.155).
Uma empresa produz três produtos e usa o método das UEPs para
calcular os custos unitários de transformação. As equivalentes em UEPs dos
produtos A, B e C são, respectivamente, 2 UEP, 1 UEP e 3 UEP. Sabendo que,
no período, foram produzidos 100 produtos A, 200 B e 300 C e que, nesse
mesmo tempo, os custos totais de transformação totalizaram R$ 45.000, quais
foram os custos de transformação unitários dos 3 produtos?
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-21012016-103844/pt-
br.php.>. Acesso em: 5 jun. 2018.
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