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Manual de Procedimentos
Temática Contábil e Balanços
Fascículo No 01/2015

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// Contabilidade Gerencial Veja nos Próximos


A crescente importância da produtividade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01 Fascículos
Análise dos custos diferenciais - Uma ferramenta importante para a
tomada de decisões nos momentos de crise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
a A fórmula de W. Edwards

// Demonstrações Contábeis
Deming
a Demonstração do Resultado
Balanço Patrimonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 do Exercício (DRE)
a Há algo de errado com a
teoria da administração?
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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Temática contábil e balanços : a crescente


importância da produtividade.... -- 11. ed. --
São Paulo : IOB Folhamatic EBS - SAGE, 2015. --
(Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-2329-0

1. Balanços contábeis 2. Empresas - Contabilidade


I. Série.

14-13176 CDD-658.15
Índices para catálogo sistemático:
1. Administração financeira : Empresas 658.15
2. Análise de balanços : Empresas : Administração
financeira 658.15
3. Balanços : Empresas : Administração
financeira 658.15

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer
meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).
Boletim IOB

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
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Temática Contábil e Balanços

a Contabilidade Gerencial
A crescente importância da pensáveis à própria sobrevivência das sociedades
humanas, no seu feitio atual.
produtividade
SUMÁRIO Tendo em vista as previsões demográficas e as
1. Introdução generalizadas pretensões desenvolvimentistas das
2. O problema ecológico - Poluição e exaustão de economias mundiais, crescem as preocupações de
recursos naturais
cientistas, autoridades e homens de negócios no que
3. A produtividade como um dos fatores de superação
do problema ecológico respeita ao futuro do planeta, caracterizado como um
4. Conclusão sistema fechado (e, portanto, limitado) de recursos
materiais e energéticos.
1. INTRODUÇÃO
Em cada momento, são quatro as categorias de
Há muito tempo - provavelmente desde que se recursos utilizados na atividade econômica, sumaria-
tornou evidente o contínuo acirramento da competição mente descritos a seguir:
entre as empresas e a consequente necessidade do
cultivo de vantagens competitivas -, a produtividade 1 - recursos financeiros (dinheiro, investimentos e
tornou-se uma das mais destacadas priorida- demais ferramentas financeiras);
des do gerenciamento empresarial. 2 - recursos humanos (trabalho manual
Para a visão ou intelectual, criatividade, treinamen-
Mais recentemente, em face da convencional do to, capacitação administrativa e de-
expectativa de esgotamento dos capitalismo, o bem- mais instrumentos de preparação e
recursos materiais e energéticos do -estar econômico chega atualização da mão de obra);
planeta e dos já preocupantes níveis a ser mais importante do 3 - recursos de capital não financei-
de poluição das suas hidrosfera e que a preservação ros (construções, instalações, máqui-
atmosfera (tudo provocado - na sua ambiental nas e equipamentos de qualquer na-
maior parte - pela generalizada e descon- tureza); e
trolada intensificação da atividade industrial),
4 - recursos naturais (terras férteis, sistemas
o aumento da produtividade vem assumindo des-
vivos animais e vegetais, reservas hídricas e
taque como um dos principais fatores de superação
minerais, e demais fontes de matérias-primas
desses graves problemas.
e de energia).
Este artigo aborda o assunto, comentado alguns Na atividade econômica, os recursos humanos
dos postulados teóricos do chamado Capitalismo utilizam-se dos recursos de capital financeiros e não
Natural. financeiros, para, agindo sobre os recursos naturais,
transformá-los em produtos e serviços aptos ao aten-
Até recentemente considerada como um dos dimento das necessidades e desejos das pessoas.
carros-chefe da vantagem competitiva empresarial,
a produtividade - entendida no sentido que lhe é O presente texto examina a prevista consequên-
atribuído pelos engenheiros (ou seja: no sentido de cia ecológica da moderna organização capitalista da
“fazer cada vez mais com cada vez menos”) - ampliou atividade econômica (no seu conceito convencional),
consideravelmente a sua importância, revestindo-se indicando (em linha com as propostas dos teóricos
do caráter obrigatório de uma das providências indis- que se têm ocupado do assunto) a crescente produ-

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tividade como um dos mais destacados fatores de Não podemos esquecer, por um lado, que, con-
superação dos efeitos que esse tipo de organização forme ensinava Peter Drucker, “a primeira responsabi-
tende a exercer sobre o esgotamento e a poluição dos lidade social de uma empresa é o bom desempenho
recursos naturais. econômico, sendo impossível o cumprimento de qual-
quer outra responsabilidade, sem tal estabilidade”.
Obviamente, essa ótica expandida da produ-
Por outro lado, não se pode, também, esquecer
tividade impõe uma mudança significativa (já em
que as ameaças do previsto esgotamento de recursos
marcha) do conceito e da filosofia das empresas,
naturais e dos intoleráveis níveis de poluição (cujos
implicando em equivalente adaptação do seu estilo
efeitos já são claramente sentidos nos centros mais
administrativo.
populosos e mais industrializados do mundo) não
serão impunemente ignoradas, tal a gravidade das
2. O PROBLEMA ECOLÓGICO - POLUIÇÃO E suas consequências, as quais, certamente, com-
EXAUSTÃO DE RECURSOS NATURAIS prometerão, a médio e a longo prazos, até mesmo a
obtenção dos resultados econômicos de curto prazo
A filosofia básica da organização capitalista da que os homens de negócios visam proteger como sua
atividade econômica (no seu formato tradicional) responsabilidade prioritária.
inclui, entre os seus principais pressupostos, a ideia
de que, não obstante a importância para a preser- 3. A PRODUTIVIDADE COMO UM DOS FATORES
vação do meio ambiente, a preocupação diante do DE SUPERAÇÃO DO PROBLEMA ECOLÓGICO
problema não pode ter precedência sobre as exi-
gências do crescimento econômico, uma vez que a Conforme vemos, nos dias que correm, a remu-
manutenção de um elevado nível de vida é o objetivo neração máxima do capital e a supressão da sinto-
fundamental do sistema. matologia de fim de mundo que os ambientalistas
vêm denunciando (objetivos considerados, por muita
gente, como mutuamente excludentes) criam um sério
Como se vê, para a visão convencional do capi-
dilema gerencial: ou se atende ao objetivo básico das
talismo, o bem-estar econômico chega a ser mais
empresas (a continuidade do lucro máximo de curto
importante do que a preservação ambiental (como se
prazo) ou se contribui para a agilização da penúria
pudesse existir alguma forma de bem-estar em meio
apocalíptica (a anunciada hecatombe ecológica).
à desolação de um entorno destruído).
Nessa altura, surge a luta pela produtividade como
Se, por causa dessa política imprudente, ocorrer uma forma de conciliar (ao menos temporariamente)
algum eventual episódio de escassez de recursos os dois objetivos, resguardando o interesse econô-
naturais específicos, o sistema estará apto (sustentam mico, sem, no entanto, menosprezar, indevidamente,
os partidários da filosofia tradicional) a substituí-los a gravidade das advertências ambientais.
por recursos equivalentes, desenvolvidos mediante o
uso de novas tecnologias, em permanente evolução. Não se trata, no entanto, de uma luta esporádica
e intermitente pela produtividade, mas de um esforço
permanente e deveras ambicioso, que abrange todos
Essa concorrência entre dois objetivos conflitantes
os recursos (financeiros, humanos, naturais e previa-
representa, sem a menor sombra de dúvida, um novo
mente produzidos) e busca índices de eficiência de
e desgastante desafio para os gestores de empresas,
extrema ousadia.
uma vez que a inadiável necessidade de atender ao
problema ecológico não exime esses gestores da Segundo os pesquisadores Paul Hawken, Amory
responsabilidade de gerar a melhor remuneração Lovins e Hunter Lovins, o “Clube Fator Dez” - grupo
possível dos recursos financeiros investidos no em- reunido, na França, em fins do século passado, para
preendimento. discutir a ameaça do impacto ecológico e social do
uso inconsequente de materiais e de energia, con-
Será preciso ter muito bom senso e discernimento tando com representantes europeus, dos Estados
apurado para chegar a uma composição ideal entre Unidos, do Canadá, da Índia e do Japão - chegaram
objetivos que tendem à total divergência, caso não à conclusão de que “no prazo de uma geração, as
sejam adotadas sábias medidas para assegurar a sua nações poderiam decuplicar a eficiência com que
conciliação, sem que, a nenhum deles, seja atribuída empregam a energia, os recursos naturais e outros
uma indevida e desastrosa prioridade. materiais” na sua atividade econômica.

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Essa conclusão, que representa uma redução O problema não é simples e o esforço da sua
de 90% no volume de recursos consumidos na ativi- superação deverá ser longo e atribulado, esperando-
dade produtiva da humanidade, tornou-se (pelo seu -se, das empresas e dos seus gestores, as adap-
potencial redutor da pressão sobre o consumo de tações compatíveis com a relevância das metas a
fatores produtivos), uma espécie de meta para muitos serem atingidas.
ambientalistas, e é aqui citada apenas para dar ao
leitor uma ideia dos índices de produtividade que Podemos começar com a produtividade, mas,
esses especialistas têm em mente. certamente, a complexidade do problema exigirá
providências complementares (e ainda mais impor-
Possivelmente, avanços de produtividade dessa tantes), incluindo, talvez até mesmo o abandono, por
magnitude não sejam ainda factíveis, mas é preciso toda a humanidade, daquilo que Keynes chamava
considerar que mesmo índices muito mais modestos de “necessidades relativas”, ou seja, aquelas neces-
já serão relevantes para deter ou, ao menos, retardar sidades cuja satisfação “nos torna superiores aos
a tragédia do desabastecimento de recursos naturais nossos semelhantes” (o “consumo de ostentação ou
e da poluição da Terra. conspícuo”, de T. Veblen) e que, por isso mesmo,
são insaciáveis e ilimitadas e, portanto, impactam
Adicionalmente, deve-se considerar que os índi- significativa e inutilmente os limitados recursos pro-
ces atuais de produtividade são inexpressivos, tendo dutivos do planeta.
em vista o altíssimo nível de desperdício que ainda
vigora na quase totalidade da economia mundial.
N
Estudos são frequentemente desenvolvidos em
todo o mundo sobre o assunto, e não será de surpre-
ender que melhorias de produtividade de magnitude
próxima da prevista pelo “Fator Dez” revelem um alto
grau de viabilidade, desde que impulsionadas por um Análise dos custos diferenciais - Uma
ataque decidido contra os desperdícios.
ferramenta importante para a tomada
4. CONCLUSÃO
de decisões nos momentos de crise
SUMÁRIO
As pessoas mais otimistas recusam-se a acreditar 1. Introdução
na proximidade do apocalipse. 2. Um pouco de teoria
3. Custos diferenciais em aceitar ou rejeitar pedidos
4. Custos diferenciais nas decisões de comprar e deixar
Entretanto, a gravidade, a lógica e a intensidade de produzir
dos rumores que povoam os meios de comunicação, 5. Custos diferenciais no planejamento da capacidade
a autoridade da maioria das pessoas que subscreve no curto prazo
esses rumores e, principalmente, a indiscutível e con- 6. Custos diferenciais e expansão da capacidade
tínua eclosão de indícios de devastação do planeta 7. Conclusão
(tais como o incontido desmatamento e a irresponsá-
vel explosão demográfica) acentuam as expectativas
1. INTRODUÇÃO
pessimistas e conferem credibilidade aos dizeres dos Desde o final de 2008, quando refletiram no País
cartazes que velhinhos guedelhudos vez por outra os primeiros sinais da crise econômica mundial, exe-
expõem pelas ruas e esquinas das cidades: “o fim cutivos e empresários brasileiros têm se dedicado à
está próximo!”. busca de alternativas para reduzir esse impacto em
suas operações financeiras.
Seja como for - esteja, o fim, próximo ou distante
-, permanece a proatividade como uma das regras As mais diversas análises a respeito dessa crise
básicas do bom gerenciamento. continuam a demonstrar a incerteza dos números da
economia neste ano de 2009. A única certeza é que
Assim, no momento, a atitude mais racional é a crise será longa e mais severa do que se imaginava
mantermo-nos proativos e prepararmo-nos, antecipa- no início.
damente, para o pior, dando início, desde já, ao que
não pode deixar de ser feito para evitar os desastres A experiência das empresas e dos especialistas
previstos. tem demonstrado que, nesse momento, em quase

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todas as organizações públicas ou privadas, a ela- Chamamos de decision-making, ou tomada de


boração de uma boa análise financeira é fundamental decisões, o processo de estudar e avaliar duas ou
para ajudar na tomada de decisões. Essas decisões, mais alternativas de mudança. É também o processo
geralmente, envolvem o corte de custos, e o melhor que ajuda a escolha final. Independente da alterna-
caminho é buscar alternativas, analisar a produtivi- tiva estudada, a decisão será baseada em custos
dade, ter sempre um objetivo a longo prazo e agir com relevantes. Custos relevantes são aqueles que são
rapidez e clareza. Todos sabem que agir por impulso, pertinentes ou válidos e fundamentais para a deci-
fazer corte generalizado, esquecer o futuro, além de são a ser tomada. Geralmente, entre esses custos
prometer e não cumprir, são atitudes que podem surtir relevantes incluem-se os custos desembolsáveis.
efeitos negativos ou simplesmente não funcionar. Esses custos deverão requerer de imediato ou em
futuro próximo um desembolso de caixa. Geralmente,
os custos variáveis e diferenciais ou incrementais
Qualquer mudança na empresa, como de pro-
seguem essa classificação. Os custos desembolsá-
dutos, de processos, de equipamentos ou de layout,
veis são importantes no processo decisório porque,
sempre tem uma implicação financeira a ser conside-
através deles, a gerência deve investigar para deter-
rada. Todas as propostas de mudança implicam na
minar se a ação proposta trará, no mínimo, o retorno
expectativa de algum benefício, mas os resultados
inicial de caixa requerido.
não poderão ser realizados sem que os necessários
recursos sejam inicialmente disponibilizados. Desse
modo, surge a pergunta: os benefícios esperados são Os custos perdidos, por outro lado, são custos
maiores do que os custos antecipados? históricos dos equipamentos ou outros recursos
produtivos, os quais não apresentam relevância
econômica para o processo decisório. Na verdade,
Nem sempre é possível antecipar essa resposta, são os custos que já ocorreram no passado e que não
mas os responsáveis pela decisão procuram avaliar podem ser recuperados.
os benefícios e os custos de uma forma racional e
comparativa.
Os custos perdidos e os custos incrementais
(diferença entre os custos de duas alternativas)
Podemos destacar uma das mais úteis técnicas são fundamentais no planejamento e na tomada de
que os gerentes operacionais emprestaram de decisões.
finanças que é a técnica de análise de custos dife-
renciais (também chamada de análise marginal ou
análise dos custos incrementais). A análise marginal 3. CUSTOS DIFERENCIAIS EM ACEITAR OU
é utilizada especialmente para decisões de curto REJEITAR PEDIDOS
prazo. Valor marginal significa valor incremental ou
As empresas, em geral, não operam com sua
valor adicional. Por exemplo - um aumento de salário
capacidade total. Normalmente, operam no que
é marginal em dois sentidos: é uma receita adicional
chamamos de capacidade normal, que é menor do
para o trabalhador e um custo marginal de mão de
que a capacidade total, mas apresentam um índice
obra para o empregador.
de utilização razoável dos seus recursos dentro
do volume de produção requerido para atender à
O objetivo deste procedimento é contribuir com demanda e para gerar um retorno satisfatório sobre o
uma série de exemplos de análise de custos margi- capital empregado.
nais ou diferenciais, principalmente voltados para
gerentes operacionais empenhados em decisões de Algumas vezes, porém, as empresas recebem
curto prazo. pedidos especiais, os quais podem ou não seguir as
especificações dos produtos produzidos até então.
2. UM POUCO DE TEORIA Para ilustrar este ponto, vamos considerar as informa-
ções a seguir, segundo as quais um pedido especial
Antes de iniciar a análise de como os custos de 1.000 unidades de um determinado produto foi
incrementais podem ser aplicados pelos gerentes recebido pela empresa, propondo um preço de venda
operacionais, achamos interessante apresentar um de R$ 36,00 por unidade:
pouco de teoria, bem como trazer alguns termos téc-
a) capacidade total instalada: 10.000 unidades;
nicos essenciais para a utilização consciente dessa
técnica. b) capacidade atual utilizada: 8.000 unidades.

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Descrição Unitário - R$ Total - R$ Conforme já discorremos, a maioria das orga-


Estrutura de Custos nizações opera abaixo de sua capacidade de
- material direto 7,00 56.000,00 produção. Assim, elas geralmente possuem alguma
- mão de obra direta 15,00 120.000,00 capacidade ociosa, quer em termos de equipa-
- custos indiretos de fabricação 6,00 48.000,00 mentos, quer em termos de material, espaço, ou
Subtotal dos custos variáveis 224.000,00 pessoas. A pergunta é: o custo de utilização dessa
Custo fixo 85.000,00 capacidade ociosa será menor do que o preço pago
Custo total 309.000,00 ao fornecedor externo?
Custo unitário (R$ 309.000,00 ÷ 8.000 unidades) = R$ 38,62
Para desenvolver uma análise efetiva para a
Se for considerado o custo total, o pedido não tomada de decisão, deve-se sempre ter presente
deverá ser aceito, pois a sua aceitação implicaria que somente os custos diretos ou variáveis devem
em uma perda (R$ 38,62 - R$ 36,00 = R$ 2,62). ser considerados. Se a empresa decidir pela produ-
Todavia, nesse cálculo, existem alguns custos que ção externa de um determinado produto, o material
não serão alterados se a empresa decidir aceitar ou direto e a mão de obra direta serão eliminados.
não o pedido. No caso, são os custos fixos de R$ Recomenda-se um estudo detalhado da formação
85.000,00, considerados como não relevantes para dos custos do produto para verificar se, por exemplo,
efeito da decisão. Assim, se utilizarmos o raciocínio o equipamento utilizado na fabricação desse produto
do custo diferencial e forem considerados somente também não poderá ser eliminado.
os custos que sofrem alterações com a aceitação
do pedido, o custo de produção referente a esse Como ilustração, vamos supor que a Empresa “X”
novo pedido seria de R$ 28,00 (R$ 224.000 ÷ 8.000, está estudando a possibilidade de comprar determi-
contribuição marginal). Os custos fixos são incorri- nado produto de um fornecedor por R$ 10,00 (sem
dos em qualquer caso, e daí serem chamados de impostos, ou seja, impostos recuperados por ocasião
custos perdidos. Eles realmente ocorreram quando da compra) e deixar de produzi-lo. O passo inicial é
os ativos foram adquiridos. levantar os custos associados com esse produto, que
poderiam ser os seguintes:
Dessa forma, a empresa deve aceitar o pedido
porque ele gerará uma contribuição de R$ 8.000,00 Descrição Unitários - R$
(R$ 36,00 - R$ 28,00 = R$ 8,00 x 1.000). Essa contri- Custos diretos:
buição ou lucro marginal de R$ 8.000,00 não deixa de - variáveis 3,00
ser uma cobertura para parte dos custos fixos futuros. - fixos 6,00
Subtotal 9,00
4. CUSTOS DIFERENCIAIS NAS DECISÕES DE Custos indiretos alocados 6,00
COMPRAR E DEIXAR DE PRODUZIR Custo unitário total 15,00

Nas decisões de produzir ou comprar, geralmente Uma primeira observação é a de que a empresa
encontramos confronto entre alternativas opostas. deve comprar de terceiros porque o preço do
O que devemos levar em conta é se o custo de se produto comprado é R$ 5,00 menor do que o seu
produzir internamente é menor do que o de comprar custo total (R$ 15,00 - R$ 10,00). Todavia, conforme
de um fornecedor. Os seguintes exemplos podem ser já afirmamos, devemos levar em consideração os
citados: custos diretos e indiretos. Se todos os custos indi-
a) devemos produzir uma determinada peça que retos alocados (R$ 6,00) permanecerem e forem
estamos comprando de fornecedores? eliminados somente os diretos (R$ 9,00), a proposta
não deverá ser aceita, já que, se a empresa recusar
b) no caso de possuirmos uma frota de veículos a proposta, continuará tendo uma economia R$ 1,00
muito grande, devemos continuar comprando (R$ 10,00 - R$ 9,00).
serviços de manutenção de terceiros ou o
custo seria menor se fosse estabelecida uma
Na análise de decisões de produzir ou comprar,
oficina interna?
diversos outros fatores devem ser considerados além
c) podemos produzir as nossas ferramentas e dos custos. Existem algumas vantagens em produzir,
deixar de comprá-las de fornecedores? as quais são desvantagens em comprar e pontos
d) devemos continuar vendendo a distribuidores positivos em comprar, que são negativos para a pro-
ou devemos vender diretamente aos lojistas? dução. Por exemplo:

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a) vantagens em produzir: A Empresa “X” tem a seguinte previsão de vendas/


a.1) recebimento: a empresa não se expõe a procura, em horas trabalhadas, para o seu produto
atrasos no recebimento dos produtos; “A” no primeiro semestre do ano XY:
a.2) qualidade: produzindo internamente, a Meses Previsão
empresa poderá controlar melhor a qua- Janeiro 10.000
lidade do produto que comercializa; Fevereiro 16.000
Março 20.000
a.3) especificação: problemas de peso, ta-
Abril 7.000
manho e volume podem ser reduzidos
Maio 9.000
ou eliminados quando se produz interna- Junho 11.000
mente;
a.4) estoque: a empresa pode trabalhar com Dados adicionais:
um estoque menor quando não existe a
a) custo da mão de obra direta: R$ 200,00 por
dependência de fornecedores;
mês por empregado;
b) vantagens em comprar:
b) produtividade normal: 200 horas por mês por
b.1)
treinamento: comprando os produtos empregado;
de terceiros, o gasto com o treinamento
c) produtividade extra: 50 horas por mês por
pode ser reduzido;
empregado;
b.2) capacidade: o fato de a empresa possuir
d) cada unidade produzida requer: 10 horas
capacidade ociosa nem sempre indica
diretas;
que ela tem conhecimento da tecnologia
de produção do produto. Adquirir essa e) 10.000 ÷ 10= 1.000 unidades;
tecnologia pode envolver gastos de inves- f) custo de admissão: R$ 100,00 por empregado;
timentos em máquinas, treinamento etc. g) custo de demissão: R$ 200,00 por empregado;
Concluindo, a mudança de produzir para comprar h) custo da perda na falta de estoque: R$ 2,00
poderá aumentar, e não reduzir, os custos. Por isso, por hora/mês;
recomenda-se um estudo muito cuidadoso antes de i) estoque inicial: 1.000 unidades;
uma decisão a esse respeito.
j) custo do estoque: R$ 0,25 por unidade;
k)
mão de obra disponível atualmente: 60
5. CUSTOS DIFERENCIAIS NO PLANEJAMENTO DA
empregados;
CAPACIDADE NO CURTO PRAZO
l) a empresa não deseja contratar mão de obra
Uma outra área de utilização dos custos incre- temporária considerando o custo elevado
mentais ou diferenciais pelos gerentes operacionais desta no mercado.
é a do planejamento de capacidade para períodos
curtos. A Empresa “X” está atualmente ajustando sua
capacidade pelo processo de admitir e demitir
Para facilitar o entendimento, vamos a um empregados. O custo desta estratégia é demonstrado
exemplo: a seguir em R$ (000):

Procura em Mão de obra Produção horas Custos da mão de Custos de Custos de demissão
Mês
horas necessária (1) normais obra - R$ (2) admissão - R$ - R$ (3)
Janeiro 10.000 45 9.000 9.000,00 - 3.000,00
Fevereiro 16.000 80 16.000 16.000,00 3.500,00 -
Março 20.000 100 20.000 20.000,00 2.000,00 -
Abril 7.000 35 7.000 7.000,00 - 13.000,00
Maio 9.000 45 9.000 9.000,00 1.000,00 -
Junho 11.000 55 11.000 11.000,00 1.000,00 -
Total - - - 72.000,00 7.500,00 16.000,00

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Temática Contábil e Balanços

(1) Calculado por mês, conforme demonstrado a Custo total R$


seguir para o mês de janeiro: Mão de obra 72.000,00
a) venda/procura = 10.000 unidades; Admissão 7.500,00
b) estoque inicial = 1.000 unidades; Demissões 16.000,00
c) produção requerida = 9.000 unidades (a - b); Custo total 95.500,00
d) produtividade por empregado = 200 horas;
e) número de empregados requeridos = 45; Existem, ainda, duas alternativas além dessa de
admitir/demitir empregados que podem ser adotadas
(2) Empregados: pela Empresa “X”: nivelamento de produção ou paga-
mento de horas extras.
a) custo por empregado/mês = R$ 200,00;
b)
produtividade por empregado/mês = 200 A segunda alternativa seria a de nivelar a produ-
horas; ção mantendo a força de trabalho no mesmo nível.
c) custo por hora = R$ 1,00; A vantagem dessa alternativa é que evita problemas
com o sindicato, reduzindo os custos de admissão
(3) Empregados iniciais/demitidos: e demissão, permitindo uma maior oportunidade
a) quantidade de empregado iniciais = 60; no treinamento dos empregados, além de melhor
imagem para a empresa do ponto de vista social.
b) necessidade em janeiro = 45;
As desvantagens são os custos de manter o estoque
c) empregados a serem demitidos =15; e, principalmente, a falta de estoques. Isso significa
d)
custo das demissões (R$ 200 x 15) = que, algumas vezes, a empresa não terá possibili-
R$ 3.000,00; dade de atender à procura.

Os custos dessa alternativa seriam os seguintes:

Custos da mão de Custo do Perda na falta de


Mês Procura em horas Mão de obra (1) Estoques (2)
obra - R$ estoque - R$ estoque - R$ (3)
Janeiro 10.000 12.000 3.000 12.000,00 750,00 -
Fevereiro 16.000 12.000 (1.000) 12.000,00 - 2.000,00
Março 20.000 12.000 (9.000) 12.000,00 - 18.000,00
Abril 7.000 12.000 (4.000) 12.000,00 - 8.000,00
Maio 9.000 12.000 (1.000) 12.000,00 - 2.000,00
Junho 11.000 12.000 - 12.000,00 - -
Total - - - 72.000,00 750,00 30.000,00

Exemplo para o mês de janeiro: Custo total R$


(1) Mão de obra disponível = 60 x R$ 200,00 = Mão de obra 72.000,00
R$ 12.000,00. Estoques 750,00

(2) Procura - estoque inicial = produção requerida Custo de falta de estoques 30.000,00
(10.000 - 1.000 = 9.000). Custo total 102.750,00
a) produção normalizada = 12.000;
b) estoque adicional (12.000 - 9.000) = 3.000. Finalmente, a última alternativa seria o pagamento
de horas extras, fazendo-se estoque para se evitar
(3) Para fevereiro, teremos 1.000 unidades ao a compra externa. A mão de obra seria mantida no
custo de R$ 200,00 = R$ 2.000,00. mesmo nível, e os custos seriam os seguintes:

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Temática Contábil e Balanços

Mão de obra Mão de obra Custos mão de Custos mão de


Estoques -
Mês Procura necessária normal necessária extra Estoques (3) obra normal obra extras
R$ (5)
(1) (2) - R$ - R$ (4)
Janeiro 10.000 12.000 3.000 6.000 12.000,00 4.500,00 1.500,00
Fevereiro 16.000 12.000 3.000 5.000 12.000,00 4.500,00 1.250,00
Março 20.000 12.000 3.000 - 12.000,00 4.500,00 -
Abril 7.000 12.000 - - 12.000,00 - -
Maio 9.000 12.000 - - 12.000,00 - -
Junho 11.000 12.000 - - 12.000,00 - -
Total - - - - 72.000,00 13.500,00 2.750,00

Para o mês de janeiro teremos: capacidade disponível no segundo trimestre pode ser
utilizada com pedidos adicionais de terceiros.
(1) Produção do primeiro trimestre média (10.000 -
1.000 + 16.000 + 20.000) ÷ 3 = 15.000.
Através desses exemplos, mostramos como a
(2) 15.000 média - 12.000 mão de obra = 3.000. análise de custos diferenciais pode ajudar na redu-
(3) 1.000 (estoque inicial) + 15.000 (média) - ção de custos quando planejamos a capacidade
10.000 = 6.000. para períodos de curto prazo. Devemos considerar
também que a redução dos custos pode, algumas
3.000 (mão de obra extra) x R$1,50 =
(4)
vezes, não ser a melhor alternativa. A análise de
R$ 4.500,00.
custos diferenciais fornece um excelente enfoque
(5) 6.000 x R$ 0,25 por unidade = R$ 1.500,00. quando combinada com outras técnicas de maxi-
mização de lucros, como, por exemplo, técnicas de
Custo total R$ produtividade.
Mão de obra 72.000,00
Hora extra 13.500,00
6. CUSTOS DIFERENCIAIS E EXPANSÃO DA
Custo de fazer estoques 2.750,00
CAPACIDADE
Custo total 88.250,00
Até aqui, provamos que a empresa pode atingir o
A análise das três alternativas indica que a volume de produção utilizando a capacidade ociosa
terceira é a mais benéfica. A análise dos custos da fábrica. Em caso específico, a empresa somente
diferenciais indica uma redução de custos em poderá atingir o volume adicionando mais equipa-
relação à alternativa inicial de R$ 7.250,00 (R$ mentos ou outros ativos imobilizados. Mesmo assim, o
95.500,00 - R$ 88.250,00) e de R$ 14.500,00 em enfoque do custo incremental pode ser útil na análise
relação à segunda alternativa (R$ 102.750,00 - de sua estratégia. Com isso, o custo diferencial ou
R$ 88.250,00). incremental tende a ser variável ou semivariável em
sua natureza, custos fixos podem ser incluídos na
Em adição, alguns fatores qualitativos também análise dos custos diferenciais quando se tratar de
podem ser mencionados. Com a implementação da mudança de capacidade.
alternativa 3, não tivemos problemas com as admis-
sões/demissões e as vendas não serão perdidas A seguir, apresentamos um exemplo da aplicação
pela falta de estoques. Observa-se, também, que a dos custos incrementais nesse caso:

Descrição Capacidade 70% Capacidade normal 85% Capacidade 125%


Volume de Produção 7.000 8.500 12.500
Custos variáveis

Material direto (R$ 8,00 por unidade) 56.000,00 68.000,00 100.000,00


Mão de obra direta (R$ 15,00 por unidade) 105.000,00 127.500,00 187.500,00
Custos indiretos (R$ 6,00 por unidade) 42.000,00 51.000,00 75.000,00

01-08 TC Manual de Procedimentos - Jan/2015 - Fascículo 01 - Boletim IOB


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Temática Contábil e Balanços

Descrição Capacidade 70% Capacidade normal 85% Capacidade 125%


Custos fixos 85.000,00 85.000,00 100.000,00
Custo total 288.000,00 331.500,00 462.500,00
Custo unitário médio 41,14 39,00 37,00
Custo diferencial (1) 43.500 (2) 131.000
Custo unitário diferencial (3) 29,00 (4) 32,75
(1) R$ 331.500,00 - R$ 288.000,00

(2) R$ 462.500,00 - R$ 331.500,00

(3) R$ 43.500,00 ÷ (R$ 8.500,00 - R$ 7.000,00)

(4) R$ 131.000,00 ÷ (R$ 12.500,00 - R$ 8.500,00)

Nesse exemplo, assumimos que a empresa não deve inibir o leitor de procurar outras aplicações
está prevendo uma oportunidade de aumentar sua para esta técnica na sua atividade diária.
participação no mercado vendendo mais unidades
de seus produtos. Esse aumento de volume, todavia,
somente será possível pela compra de equipamentos Devido à limitação de recursos, a seleção das
adicionais. Não existe estoque nem capacidade para alternativas deve ser com base no lucro máximo ou
produzir o total requerido. custo mínimo para cada alternativa disponível. O
custo incremental gira em torno dessas duas premis-
sas básicas.
O problema, nesse caso, é decidir se seria ou não
recomendável a compra de equipamentos adicionais
para a capacidade de 125%. Estamos assumindo, Alguns efeitos, todavia, devem ser sempre con-
nesse exemplo, que não serão necessários. Conforme siderados quando se utiliza o enfoque do custo dife-
demonstrado, a distribuição dos custos fixos na capa- rencial. Por exemplo: devemos sempre ter em mente
cidade normal representa R$ 10,00 por unidade, ou que o aumento de volume pela redução de preço
seja, R$ 85.000 ÷ 8.500 e na capacidade plena R$ pode também ser imitado pelo competidor. Com isso,
8,00 por unidade, R$ 100.000,00 ÷ 12.500. O custo o enfoque do custo diferencial no preço deve ser
variável permanece o mesmo independente da quan- aplicado com muito cuidado.
tidade produzida. Caso a empresa venha a necessitar
de equipamentos adicionais, a sua depreciação será
incluída nos custos fixos de R$ 100.000,00. Finalmente, podemos concluir que uma empresa
que cobre os seus custos variáveis e somente parte
Observa-se, por meio desse exemplo, que a dos custos fixos não poderá operar continuamente
redução de custo de R$ 2,00 por unidade está cla- com sucesso por longo período. A longo prazo, todos
ramente refletida no custo unitário total de R$ 39,00 os custos são variáveis e, assim, devem ser recupe-
para o volume de 8.500 e R$ 37,00 para o de 12.500, rados.
pois estamos assumindo a utilização dos recursos já
existentes. Mantendo essa limitação presente, a gerência
poderá utilizar a técnica do custo incremental sempre
7. CONCLUSÃO que pretender tomar vantagens de oportunidades a
curto prazo para aumentar lucros ou reduzir custos.
Neste procedimento, demonstramos a utilização
dos custos incrementais para a análise decisória de
alguns problemas operacionais. Outras alternativas A aplicação da técnica dos custos incrementais
poderiam ter sido incluídas, pois a sua utilização é torna-se uma ferramenta de grande utilidade para
bastante ampla. O nosso critério na seleção das alter- decisões de curto prazo.
nativas apresentadas foi a frequência em que surgem
essas alternativas na vida prática. Este fato, todavia, N
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Temática Contábil e Balanços

a Demonstrações Contábeis
Balanço Patrimonial terceiros, se positiva, seria o que ela “deve” a seus
sócios (basicamente, o capital por eles investido na
SUMÁRIO empresa e os lucros por ela auferidos). Essa “dívida”
1. Introdução
2. Estrutura do balanço patrimonial
não seria, pelo menos em princípio, cobrada pelos
3. Classificação das contas no balanço sócios, como fariam terceiros - daí a denominação
4. Exemplo “não exigível”.

1. INTRODUÇÃO Nota
As disposições constantes do Procedimento Conceitual Básico (R1)
Segundo o Pronunciamento Conceitual Básico (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação -Financeiro foram recepcionadas, no âmbito da Comissão de Valores Mobi-
liários, por meio da Deliberação CVM nº 675/2011, e no âmbito do Conselho
de Relatório Contábil-Financeiro, do Comitê de Pronun­ Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC nº 1.374/2011 (NBC
ciamentos Contábeis (CPC): TG - Estrutura Conceitual).

a) o Ativo compreende os recursos controlados


pela entidade, como resultado de eventos 2. ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL
passados, e dos quais esta espera que fluam
Examinaremos melhor a estrutura do Balanço
benefícios econômicos futuros;
Patrimonial:
b) o Passivo compreende as obrigações presen-
tes da entidade, derivadas de eventos passa- ATIVO PASSIVO
dos, cuja liquidação se espera que resulte na Recursos controlados pela enti- Obrigações presentes da enti-
saída de recursos capazes de gerar benefí- dade dade
cios econômicos; Patrimônio Líquido
c) o Patrimônio Líquido representa o interesse re-
sidual nos ativos da entidade depois de dedu- Utilizaremos números: suponhamos que, na
zidos todos os seus passivos. O Balanço Patri- data de levantamento do Balanço, a empresa tenha
monial é exatamente a representação gráfica R$ 2.000,00 de bens e direitos e deva R$ 1.700,00
da posição patrimonial e financeira da entida- (obrigações presentes). Consequentemente, o valor
de em determinada data. do Patrimônio Líquido será R$ 300,00 e o Balanço, em
resumo, terá a seguinte configuração:
Estruturalmente, o Balanço se divide em duas
colunas: ATIVO PASSIVO
a) a da esquerda contém o Ativo; Recursos controla- Obrigações pre-
dos pela entidade R$ 2.000,00 sentes da entidade R$ 1.700,00
b) a da direita contém o Passivo, o qual se divide
Patrimônio Líquido R$ 300,00
em duas:
Total do Ativo R$ 2.000,00 Total do Passivo R$ 2.000,00
b.1) as obrigações presentes à entidade
(o chamado Passivo Exigível); e
Conclui-se, então, que, se a empresa tiver um
b.2) o Patrimônio Líquido (a situação líquida
montante de obrigações maior do que o de bens e
do patrimônio).
direitos, seu Patrimônio Líquido será negativo. Essa
situação, obviamente desfavorável, demonstra que,
Antigamente, dizia-se que existiam dois passivos:
mesmo que a empresa venda todos os seus bens e
o Passivo Exigível (dívidas com terceiros) e o Passivo
receba tudo o que tem direito, não terá como pagar
Não Exigível, que seria justamente o Patrimônio
suas dívidas com terceiros.
Líquido, ou seja, o que a empresa “devia” a seus
sócios.
Exemplificando: suponhamos que, na data de
Tal conclusão tinha certa lógica: a diferença levantamento do Balanço, a empresa tenha bens
entre o que a empresa “tem” e o que ela “deve” a e direitos no valor de R$ 800,00 e deva R$ 900,00

01-10 TC Manual de Procedimentos - Jan/2015 - Fascículo 01 - Boletim IOB


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Temática Contábil e Balanços

(obrigações com terceiros). Nesse caso, o valor do ATIVO PASSIVO


Patrimônio Líquido será de - R$ 100,00 e o Balanço
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
terá a seguinte configuração:
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
ATIVO PASSIVO Realizável a Longo Prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Recursos controla- Obrigações presen- Investimentos Capital Social
dos pela entidade R$ 800,00 tes da entidade R$ 900,00
Imobilizado Reservas de Capital
Patrimônio Líquido (R$ 100,00)
Ajustes de Avaliação Patrimonial
Total do Ativo R$ 800,00 Total do Passivo R$ 800,00
Reservas de Lucros
Intangível
Ações em Tesouraria
3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS NO BALANÇO Prejuízos Acumulados
No Balanço, as contas são classificadas segundo
os elementos do patrimônio que registram e agrupa-
3.4 Classificação das contas nos grupos do Ativo
das de modo a facilitar o conhecimento e a análise da
situação financeira da empresa. No Ativo, as contas são classificadas do seguinte
modo:
3.1 Grupos de contas do Ativo
I - no Ativo Circulante:
No Ativo, as contas são dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas a) disponibilidades (Caixa, Bancos Conta Movi-
registrados, nos seguintes grupos (Lei nº 6.404/1976, mento etc.);
art. 178, § 1º - com redação dada pelo art. 37 da Lei b) direitos (valores a receber, tais como duplica-
nº 11.941/2009): tas), inclusive estoques, realizáveis até o tér-
a) Ativo Circulante; e mino do exercício social subsequente (ou seja,
durante o ano seguinte àquele a que se refere
b) Ativo Não Circulante, composto por: Ativo Re- o Balanço), observando que são classificados
alizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobili- no grupo “estoques”:
zado e Intangível.
b.1) os bens destinados à fabricação de pro-
dutos (matérias-primas e materiais de
3.2 Grupos de contas do Passivo consumo industrial);
No Passivo, as contas são classificadas nos b.2) os produtos acabados e os produtos em
seguintes grupos (Lei nº 6.404/1976, art. 178, § 2º - elaboração no momento do levantamen-
com redação dada pelo art. 37 da Lei nº 11.941/2009): to do Balanço;
a) Passivo Circulante; b.3) os bens destinados à revenda (mercado-
rias);
b) Passivo Não Circulante; e
b.4) as embalagens e os bens destinados ao
c) Patrimônio Líquido, dividido em: consumo da própria empresa (o “almoxa-
c.1) Capital Social; rifado” de manutenção, de materiais de
c.2) Reservas de Capital; limpeza, de material de escritório etc.);

c.3) Ajustes de Avaliação Patrimonial; c) aplicações de recursos em despesas do exer-


cício seguinte;
c.4) Reservas de Lucros;
c.5) Ações em Tesouraria; e II - no Ativo Não Circulante:

c.6) Prejuízos Acumulados. a) no Realizável a Longo Prazo:


a.1) os direitos realizáveis após o término do
exercício seguinte (valores a receber
3.3 Grupos de contas na estrutura do Balanço
em prazo mais dilatado, tais como notas
Partindo daquela estrutura inicial de Balanço promissórias decorrentes da venda de
que vimos no tópico 2, podemos agora visualizar a bens do Ativo Imobilizado feitas a longo
distribuição dos grupos de contas: prazo);

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a.2) os direitos derivados de vendas, adian- III - Patrimônio Líquido:


tamentos ou empréstimos a sociedades
coligadas ou controladas, diretores, a) a conta do Capital Social (que deve discrimi-
acionistas ou participantes no lucro da nar o montante subscrito e, por dedução, a
empresa que não constituírem negócios parcela ainda não realizada pelos sócios ou
usuais na exploração do objeto da em- acionistas);
presa; b) as Reservas de Capital, que são contas que
b) em Investimentos: registram:

b.1) as participações permanentes no ca- b.1) a contribuição do subscritor de ações


pital social de outras sociedades (ou que ultrapassar o valor nominal e a par-
seja, o investimento feito pela empresa te do preço de emissão das ações sem
ao tornar-se sócia de outra pessoa jurí- valor nominal que ultrapassar a impor-
dica); tância destinada à formação do capital
social, inclusive nos casos de conver-
b.2) os direitos de qualquer natureza, não são em ações de debêntures ou partes
classificáveis no Ativo Circulante, e que beneficiárias;
não se destinem à manutenção da ativi-
dade da empresa (por exemplo: imóveis b.2) o produto da alienação de partes benefi-
adquiridos pela empresa mas não desti- ciárias e bônus de subscrição;
nados ao uso); b.3) o resultado da correção monetária do
c) no Imobilizado: os direitos que tenham por capital realizado, enquanto não capita-
objeto bens corpóreos destinados à manu- lizado;
tenção das atividades da companhia ou da c) os Ajustes de Avaliação Patrimonial, enquan-
empresa ou exercidos com essa finalidade, to não computadas no resultado do exercí-
inclusive os decorrentes de operações que cio, em obediência ao regime de competên-
transfiram à companhia os benefícios, riscos cia, as contrapartidas de aumentos ou dimi-
e controle desses bens; nuições de valor atribuídos a elementos do
d) no Intangível: os direitos que tenham por ob- Ativo e do Passivo, em decorrência da sua
jeto bens incorpóreos destinados à manuten- avaliação a valor justo, nos casos previstos
ção da companhia ou exercidos com essa na Lei das S/A ou em normas expedidas pela
finalidade, inclusive o fundo de comércio ad- Comissão de Valores Mobiliários;
quirido.
d) as Reservas de Lucros, que são as contas
constituídas pela apropriação de lucros da
3.5 Classificação das contas nos grupos do empresa;
Passivo e) as Ações em Tesouraria deverão ser destaca-
No Passivo, as contas são classificadas do das no Balanço como dedução da conta do
seguinte modo: Patrimônio Líquido que registrar a origem dos
recursos aplicados na sua aquisição;
I - Passivo Circulante: as obrigações da f) Prejuízos Acumulados, que é a conta que re-
empresa, inclusive financiamentos para aquisição gistra os resultados negativos acumulados
de bens e direitos do Ativo Não Circulante, cujo pela empresa ainda não absorvidos por lucros
vencimento ocorrerá no exercício seguinte (aqui se posteriores.
incluem dívidas com fornecedores de mercadorias,
matérias-primas etc., tributos a pagar, aluguel a Nota
ser pago, água, energia elétrica e telefone a pagar, No encerramento do exercício social, a conta de “Lucros ou Prejuízos
Acumulados” não deve apresentar saldo positivo. Eventual saldo positivo re-
entre outras); manescente nesta conta deve ser destinado para “Reserva de Lucros”, nos
termos da Lei nº 6.404/1976, arts. 194 a 197, ou distribuído como dividendo
(Instrução CVM nº 469/2008, art. 5º).
II - Passivo Não Circulante: as obrigações da
empresa, inclusive financiamentos para aquisição
de bens e direitos do Ativo Não Circulante, cujo 4. EXEMPLO
vencimento ocorrerá após o término do exercício Segue exemplo de balanço patrimonial elaborado
seguinte; com dados e valores meramente ilustrativos:

01-12 TC Manual de Procedimentos - Jan/2015 - Fascículo 01 - Boletim IOB


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Ativo Passivo

CIRCULANTE CIRCULANTE

Disponível Fornecedores

Caixa R$ 1.000,00 Fornecedores Nacionais R$ 12.000,00

Bancos Conta Movimento R$ 5.000,00 Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias

Total R$ 6.000,00 Salários e Ordenados a Pagar R$ 4.200,00

Clientes INSS a Recolher R$ 800,00

Duplicatas a Receber R$ 25.000,00 FGTS a Recolher R$ 300,00

Estoques Total R$ 17.300,00

Mercadorias R$ 12.000,00 Obrigações Tributárias

Materiais de consumo R$ 500,00 Impostos e Contribuições a Recolher R$ 1.500,00

Total R$ 12.500,00 TOTAL DO CIRCULANTE R$ 18.800,00

TOTAL DO CIRCULANTE R$ 43.500,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO NÃO CIRCULANTE Capital Social

Imobilizado Capital Integralizado R$ 6.000,00

Móveis e Utensílios R$ 1.800,68 Reservas de Capital

Instalações R$ 2.143,56 Reserva de Correção Monetária do Capital Social R$ 6.968,43

Depreciação Acumulada de Móveis e Utensílios (R$ 1.575,60) Reservas de Lucros

Depreciação Acumulada de Instalações (R$ 1.571,87) Reserva de Lucros a Realizar R$ 12.528,34

TOTAL DO NÃO CIRCULANTE R$ 796,77 TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 25.496,77

TOTAL GERAL DO ATIVO R$ 44.296,77 TOTAL GERAL DO PASSIVO R$ 44.296,77

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