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MARINHA DO BRASIL

DIRETORIA DE COMUNICAÇÕES E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA MARINHA


BOLETIM DE ORDENS E NOTÍCIAS
N° 147 DE 07 DE MARÇO DE 2008

BONO ESPECIAL

GERAL

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

RIO DE JANEIRO, RJ.


Em 7 de março de 2008.

ORDEM DO DIA Nº 1/2008

Assunto: Bicentenário do Corpo de Fuzileiros Navais

Completar duzentos anos de dedicação à Pátria, presentes, sempre,


nos momentos marcantes de nossa História, desempenhando com competência as
tarefas que a Marinha nos tem atribuído, angariando o carinho e o afeto da
nação, é feito que aos Fuzileiros Navais muito deve orgulhar.
Não nos inebriemos, contudo, pelas justas comemorações que
viveremos ao longo deste ano, sem antes refletir sobre as referências mais
caras que nos trouxeram a viver este momento e que deverão continuar a nos
motivar para que estejamos, sempre, aptos a responder, prontamente, aos
ditames da Marinha e do Brasil.
Embora o rigorismo histórico sugira que nossas raízes fincam-se no
final do século dezoito, começamos a contar nossa venturosa existência a
partir de 7 de março de 1808, dia em que a Brigada Real da Marinha aportou no
Rio de Janeiro, dando por finda sua missão de guarnecer as naus e embarcações
de guerra da Armada Real Portuguesa que demandaram a imensidão do mar oceano,
a fim de transmigrar para o Brasil as armas e os barões assinalados.
Desde sua chegada ao Rio de Janeiro, a Brigada Real da Marinha,
que nunca mais deixou o Brasil, empenhou-se em honrar os valores que
motivaram sua criação. Ainda em 1808, foi empregada na conquista de Caiena,
reação imediata de D. João à invasão francesa de sua terra natal. Mais uma
missão que cumpriu com pleno êxito.

Em decorrência de seus relevantes serviços, D.Pedro resolveu, por


provisão de 31 de agosto de 1822, dar-lhe nova organização, denominando-a
Corpo de Artilharia da Marinha, com oficialidade da mesma arma e com efetivo
de 4000 praças destinados a guarnecer a esquadra, fortalezas,
estabelecimentos navais e portos do Brasil, tarefas que acrescidas da
projeção de poder continuamos a cumprir até os dias de hoje com o mesmo
destemor e disciplina.
À projeção de poder logo tivemos que nos dedicar, a fim de
responder à razão primeira da criação da Marinha do Brasil: assegurar a
integridade do solo pátrio. Assim, quando em 3 de janeiro de 1823, Delamare
suspendeu do Rio de Janeiro com destino à Bahia, sua esquadra contava com um
destacamento de 1413 praças, artilheiros e fuzileiros, aos quais se vieram
juntar mais 950 chegados com Lord Cochrane, totalizando 2363 praças do Corpo

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(Continuação do BONO Especial Nº 147/2008 da DCTIM..........................)
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de Artilharia da Marinha que ombro a ombro com os imperiais marinheiros
operaram no mar e em terra por ocasião das lutas da Independência.
Quão raras são as marinhas do mundo que podem orgulhar-se de tão
belo feito no nascedouro de suas pátrias!
Desde então, os Fuzileiros - Marinheiros da Brigada Real da
Marinha, embora sob diferentes denominações, envolveram-se em todos os
conflitos internos e externos que ameaçaram a integridade brasileira ou seus
interesses. A História do Corpo de Fuzileiros Navais confunde-se com a
própria História do Brasil. No altar da Pátria, 1622 Fuzileiros Navais
imolaram-se por um Brasil uno e soberano.
A esses Fuzileiros Navais, em quem poder não teve a morte, que não
fugiram ao seu destino, nem quiseram servir a outra Bandeira, somos devedores
de profundo preito de respeito e admiração.
Desde que regressamos de Caiena, em 1809, ocupamos esta majestosa
Fortaleza de São José que a brisa marinha vem diariamente beijar para nos
lembrar que somos gente do mar. Portanto, nossa formação, cultura,
adestramento, organização e meios devem obrigatoriamente subordinar-se ao
ambiente marítimo e aos condicionantes da guerra no mar.
Neste venerável pátio, desde então, vêm sendo depositados os
sonhos, as esperanças, o suor, a dedicação, o sangue e a crença de todos os
Fuzileiros Navais, de hoje e os de sempre, que se permitiram sonhar
desmesuradas utopias, mas que, em contrapartida, jamais delas se afastaram.
Pois, foi o compromisso que mantiveram com suas utopias que lhes
possibilitou, não só, construir o Corpo de Fuzileiros Navais ao qual temos
tanto orgulho em pertencer, mas, sobretudo, fecundar na Marinha uma doutrina
anfíbia que veio a lhe conferir diferencial de expressivo valor estratégico.
Feito que se torna ainda mais admirável, na medida em que se constata que sua
gestação se deu em uma conjuntura em que o pensamento estratégico naval
brasileiro, condicionado pelas traumáticas experiências vividas no mar,
durante as duas Grandes Guerras, encontrava-se voltado para a proteção do
tráfego marítimo em que não havia espaço para a dimensão anfíbia.
Este é um extraordinário legado que não temos, quaisquer que sejam
as procelas vindouras, o direito de macular.
Hoje, na medida em que os conflitos mais se aproximam das fímbrias
dos mares, o Corpo de Fuzileiros Navais constitui instrumento anfíbio de
grande valor dissuasório. Nossas características de prontidão operativa e
capacidade expedicionária conferem ao Poder Naval brasileiro credibilidade ao
exercício de sua presença, razão porque, a Marinha, cônscia da importância de
sua capacidade de projetar poder nos cenários de interesse, tem atribuído
prioridade à manutenção e à obtenção de novos meios que lhe assegurem
adequado e harmônico conjugado anfíbio, ainda que só o possa fazer, mediante
o sacrifício de outras necessidades igualmente essenciais.
A este esforço só nos resta retribuir com mais profissionalismo,
com mais dedicação, com mais entusiasmo.
Portanto, Fuzileiros Navais, nesta data tão significativa, exorto-
os.
A portarem orgulhosos nosso Estandarte, mas a desprezarem a
soberba que impede a correção de erros e equívocos, pois seria veleidade
julgar que não os temos.
A cultivarem o profissionalismo, só alcançável mediante árduo e
diuturno adestramento, ao invés da improvisação da esperteza e do safismo
que, ao fim e ao cabo, tudo degrada.
A submeterem-se à servidão da disciplina, sem confundi-la,
contudo, com a subserviência que abastarda e humilha.
A sonharem utopias, mas a manterem com elas inarredável
compromisso, para que possam realizá-las.
A serem senhores do próprio destino, para que outros não se
assenhoreiem dele.
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(Continuação do BONO Especial Nº 147/2008 da DCTIM..........................)
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Enfim, a fazerem do serviço da Pátria uma devoção, pois, onde
houver um Fuzileiro Naval ali há de haver: honra, dignidade e acendrado amor
ao Brasil.
ADSUMUS!
VIVA A MARINHA!

ALVARO AUGUSTO DIAS MONTEIRO


Almirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral

BONO Especial Nº 147/2008.

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