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mais esquecer...
Derval Dasilio
Que significados têm o discurso da paz e da justiça segundo o Evangelho, frente à multidão
de homens e mulheres que vêm ao encontro de um rei sem poder político e sem domínio
sobre a natureza (a não ser no uso “docetista”, espiritualizado)? Lemos os jornais, que falam
de conflitos no Oriente Médio, guerra ao terrorismo, Iraque, Irã, Palestina, Israel, Estados
Unidos, Inglaterra, França, enfim, mais de cinquenta pontos conflituosos no mundo inteiro.
As imagens da mídia mostram campos de batalha sangrentos exigindo atenção e os mesmos
pontos de discussão: parlamentos internacionais debatendo a paz.
Inaugura-se o milênio com eventos belicosos jamais imaginados. Al Qaeda, Bin Laden, Bush,
invasão do Afeganistão e no Iraque, lutas tribais na África, genocídio no Timor Leste, tudo
sob a influência de clamores de guerra animados por pruridos patrióticos fanáticos. Um soco
no estômago, verdadeiro show de mortes, mutilações, lágrimas. Atos de crueldade, que
costuram a história sangrenta vivida por muitos povos, agregam a destruição sistemática de
bens culturais, o coração e a alma dos povos e das etnias. Conhecemos muito bem esses
aspectos, desde a dizimação das culturas pré-colombianas, do Caribe e da América Latina.
Mas o que significa a paz no âmbito do reinado de Deus?
Pode ser que a solidariedade com o mártir do reino, como ocorreu com seus seguidores
imediatamente ao seu martírio, nos obrigue a abandonar postulados religiosos quietistas,
acomodatícios, fatalistas (Calvino, disse num triste momento: “Deus não somente previu a
queda do primeiro homem, e nela a ruína de toda a posteridade, como também a quis;
concordando com o Alcorão: Deus perdoa a quem quer e tortura a quem bem entende”).
Talvez isso nos force a romper com ideologias e dogmas políticos ou religiosos, para
cantarmos com sinceridade o cântico das multidões: “Hosanas! Bendito ‘somente’ aquele que
vem em nome do Senhor”.