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Olá,

Tudo bem com vocês, “zamuris” meus?


Espero mesmo que sim!
VAMOS SEGUIR NO NOSSO CONTEÚDO?

DIREITO HEBRAICO, DIREITO GREGO E DIREITO ROMANO

1 – DIREITO HEBRAICO

A história de Israel abrange um período de vinte séculos, compreendidos entre 2000 a.C a 135 d.C.,
portanto, mais de quarenta séculos distantes da nossa época.

Conforme Wolkmer,(1) “Particularmente o estudo do direito hebraico antigo é recompensador


porque é um estudo das raízes da moderna civilização Ocidental e pela influência que tem exercido por meio
da religião; seu entendimento deveria fazer parte da cultura jurídica de todo profissional de direito.”

O decálago registrado em Êxodo 20:2-17.

Os Dez Mandamentos tornaram-se o fundamento moral e legal da civilização ocidental.


Os judeus legaram ao mundo um conceito de um Deus invisível, intangível, e que se relacionava com
a humanidade mediante um sistema de leis, esse conceito monoteísta que de certa forma transcendeu a
outras civilizações, com algumas adequações.

Nas palavras de Renan Aguiar, os hebreus são semitas que viviam em tribos nômades, conduzidas
por chefes. Retornaram do Egito, o denominado Êxodo, por volta do século XII a.C, instalando-se na Palestina,
entre os hititas e os egípcios. O êxodo, fuga do povo hebreu da perseguição e da escravidão faraônica no
Egito, foi comandado por Moisés, grande líder e legislador.

Consta nas Escrituras Sagradas que, por volta do Século XVIII a.C., Abraão recebeu um sinal de Deus
para abandonar o politeísmo e viver em Canaã (Palestina). Jacó, neto de Abraão, lutou com um anjo de Deus
e teve e o seu nome mudado para Israel. Foram os doze filhos de Jacó que deram origem as doze tribos que
formaram o povo hebreu. No século XV a.C, os hebreus migraram para o Egito, sendo escravizados pelos
faraós por aproximadamente quatro séculos.

A fuga do Egito foi comandada por Moisés, que recebeu no Monte Sinai as tábuas dos Dez
Mandamentos. A peregrinação pelo deserto durou 40 anos, até receberem um sinal de Deus para voltarem
para a terra prometida Canaã.

Durante o reinado de Davi os hebreus atingiram grande prosperidade, sendo Jerusalém transformada
num centro religioso. Posteriormente ao reinado de Salomão, filho de Davi, as tribos dividiram-se em dois
reinos: Reino de Israel e Reino de Judá. É nesse momento que surge a crença na vinda de um messias que
iria juntar o povo de Israel e restaurar o poder de Deus sobre o mundo.

Inicia-se depois que Moisés resgata os hebreus do domínio do Faraó (Amenófis), e se instaura as 12
tribos.

O povo das 12 tribos ainda tinham problemas com os povos cananeus. Assim, fez-se necessária a
presença de uma figura mais forte. Então, durante 420 anos, Israel foi governada por JUÍZES. Em regra, esses
juízes eram chefes militares.

Os mais velhos passaram a fazer os julgamentos – APLICAVAM AS LEIS. (Deuteronômio 21:19)

O período de Juízes começa com Otniel e termina com Samuel.

Os povos cananeus possuíam reis, enquanto os povos de Israel ainda viviam sob o domínio de juízes.

Assim, quando Samuel ainda era juiz, o povo manifestou o desejo de ter um rei, que, diferente dos
juízes, seria um governo baseado na hereditariedade.

Sendo assim, a tanakh explica que os primeiros reis foram escolhidos por um chamado divino para
salvar Israel de seus inimigos externos.

Embora o rei fosse enviado por Deus, não se consideravam ser a mesma pessoa.

Com os reinados, foi possível estruturar o exército e a administração local. ( 2 Crônicas 19: 5-6)

Os REIS também não estavam acima das leis divinas. Sendo assim, eles estavam sujeitos a cumprir a
lei. Quem fiscalizava o cumprimento da lei eram os sacerdotes.

Saul foi o primeiro rei, escolhido por Samuel. Consolidou as tribos do norte e do sul de Israel como
uma nação.
Davi traz estabilidade à nação de Israel, e aumenta os impostos das tribos. O reino unido dura 120
anos. Salomão (filho de Davi) também foi rei, e durante seu reinado construiu o Templo de Salomão em
JERUSALÉM.

O direito hebraico é um direito religioso, embasado em uma religião monoteísta, bastante diferente
dos politeístas que grassavam na Antiguidade. Dessa forma o Direito é dado por Deus ao seu povo, sendo,
portanto, imutável. Só a Deus é permitido modificá-lo, concepção que reencontraremos nos direitos
canônico e mulçumano. Os intérpretes, os rabinos, podem interpretá-lo adaptando-o à evolução social, mas
sem modificar os fundamentos básicos.

A lei era o resultado de um pacto entre Deus e uma nação; a sociedade patriarcal, as funções
religiosas e legais se concentravam na figura do chefe de família; Moisés e os juízes eram líderes religiosos e
funcionários legais; os reis desempenhavam um papel religioso e legal; os tribunais apresentavam uma fusão
da lei e da religião; atribuía-se uma intervenção divina em muitos dos julgamentos.

A Bíblia (TANAKH) hebraica é um livro sagrado, no qual constam as bases jurídicas do povo hebraico.

Divide-se o Antigo Testamento em três partes:

 1ª - Pentateuco: tem para os judeus o nome de Thora, ou seja, a “lei escrita” revelada por Deus. A
Thora é atribuída a Moisés, sendo composto de cinco livros: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio.

 2ª Profetas: que aborda principalmente o aspecto histórico.

 3ª Hagiógrafos: com enfoque nos costumes e tradições.

A Bíblia, além de fonte formal de direito, também ainda é a principal fonte histórica para
conhecimento do povo hebreu.

■ NÃO DIFERENCIAVA NORMAS LEGAIS, DAS LEIS RELIGIOSAS E DA MORALIDADE.

■ COMPOSTA DE LEIS APODÍTICAS E LEIS CASUÍSTICAS.

■ LEIS APODÍTICAS: AQUELAS QUE TRAZEM APENAS O QUE É CONSIDERADO CERTO E ERRADO.

■ LEIS CASUÍSTICAS: AQUELAS QUE DEFINEM O CASO ESPECÍFICO E ESTIPULAM A CONSEQUÊNCIA.


POSSUEM ESTRUTURA DEONTOLÓGICA.

■ OS PECADOS ERAM CONSIDERADOS CRIMES. SE TODA LEI ERA PROVENIENTE DE DEUS, QUALQUER
TRANSGRESSÃO À LEI ERA UM ATO DE VIOLAÇÃO DE UMA LEI DIVINA.

■ TIPOS DE PUNIÇÃO:

■ MORTE

■ BANIMENTO

■ CONFISCO DE BENS

■ FLAGELAÇÃO (TORTURA)

■ LEI DE TALIÃO
■ MULTA

■ ESCRAVIDÃO

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO HEBREU

Os hebreus criaram três tribunais, cada um com funções específicas:

1) Tribunal dos Três: julgava alguns delitos e todas as causas de interesse pecuniário.

2)Tribunal dos Vinte Três: recebia as apelações e os processos criminais relativos a crimes punidos com a
pena de morte.

3) Sinédrio (Tribunal dos Setenta): era a magistratura suprema dos hebreus, tinha como Incumbência
interpretar as leis e julgar senadores, profetas, chefes militares, cidades e tribos rebeldes.

PRINCIPAIS INSTITUTOS

Família, estrutura patriarcal, pais responsáveis por atos ilícitos (pecados) que os filhos praticassem; as filhas
poderiam ser vendidas como escravas ou a maridos, eram tratadas como um bem de quem a adquiria,
poderiam também servir por dívidas.

Quanto à sucessão só o primogênito tinha direito a herança, as mulheres não tinham direito sucessório.

O direito penal do povo hebreu era profundamente dominado pela razão religiosa. O apedrejamento era o
modo comum de se aplicar a pena capital (de morte). Outras penas eram a prisão, flagelação, excomunhão,
pena de talião dentre outras.

No rol das leis sobre violência, o livro de Êxodo desempenha importante papel, ele enumera no seu capítulo
21, desde seu versículo 12 ao 36, as regras sobre violência. Vejamos algumas:

Êxodo 21

12. Quem ferir a outro do modo que este morra, também será morto;

14. Se alguém vier maliciosamente contra seu próximo, matando-o na traição, trá-lo-ás até
mesmo do meu altar, para que morra. (Homicídio Doloso);

15. Quem ferir seu pai e/ou sua mãe, será morto;

16. Quem raptar alguém, e o vender, ou for achado na sua mão, será morto. (rapto e sequestro);

22. Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem
maior dano, será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará
como juízes lhe determinarem.(Responsabilidade Civil);

28,29. Se algum boi chifrar homem ou mulher, que morra, o boi será apedrejado, e não lhe
comerão a carne; mas o dono do boi será absolvido. Mas se o boi dantes era dado a chifrar, e
seu dono era disso conhecedor, e não o prendeu, e o boi matar homem ou mulher, o boi será
apedrejado, e também será morto seu dono. (Responsabilidade Criminal);

As penas capitais eram executadas por:


Timpanamento: prendia-se o condenado em uma trave e em seguida batia-lhe com malhos e cacetes no
abdômen. Era costumeiramente usado por gregos e romanos.

Sufocação: enchia-se um buraco, ou uma torre, com poeira e cinzas, e logo em seguida arremessavam o
condenado para o fundo, totalmente impregnado de poeira. Com isso a respiração era dificultada e o
condenado morria por asfixia. Essa foi a pena imposta a Menelau, por ordem de Antíoco Eupator.

Decapitação: era a forma mais prescrita na época dos Juízes.

Lapidação: constituía-se no método mais ordinário de execução entre os hebreus. Havia uma ordem que na
ausência de especificação da execução, dever-se-ia usar a lapidação em qualquer crime. A lei doutrinava que
as primeiras pedras fossem jogadas por testemunhas de acusação do julgamento, e, em seguida, o povo
continuava arremessando-as até matar o condenado. A lei que regulava o apedrejamento era a Mishnah 6.1
6.4.

Pena por fogo: são raras as vezes em que encontramos na história a execução por esse modo. Sabemos que
era usada em delitos muito graves. Há menção em Levítico: 20,14; 21, 9

Morte pela espada: era usada cortando a cabeça do acusado ou lhe transpassando. Encontramos tal
prescrição em Deuteronômio 20, 13.

Flagelação: Jogava-se o culpado no chão ou amarravam-no em um tronco, aí era maltratado com varas. O
Direito Hebreu não permite que ultrapasse a 40 varadas, circunstância que faz com que judeus apliquem 38
+ 1, para que não errem a conta e maculem a lei. Já entre os romanos não havia limites, dependia
exclusivamente do juiz ou do algoz.

Prisão: apesar da prisão não ser muito usual entre os judeus, havia sim algumas prescrições para essa espécie
de pena temporal. Moisés usou muito dessa pena na época que regia o povo judeu. O profeta Jeremias sofreu
esta punição por ser muito zeloso e intrépido. Na modalidade prisão, vale ressaltar que os cárceres naquela
região eram bem diferentes dos nossos atuais. Ernest Renan explica em seu livro como eram as prisões
daquela época: A prisão não era isolada: o detento, com os pés presos por troncos, era vigiado num pátio ou
em salas abertas, e conversava com todos os transeuntes.

Escravidão: era muito prescrita na reparação dos danos. Como ressarcimento do dano vendia-se a pessoa
como escrava.

Havia no Direito Processual hebreu uma espécie de inquérito policial dos nossos dias. Esse
procedimento era conhecido como Hakirah, e tinha a fase investigativa (Derishah) e a fase do interrogatório
(Bedikah) do indiciado. Esse procedimento era previsto pela Mishnah Sanhedrim 40a.

Na fase processual penal havia uma espécie de defesa (contestação) que o acusado impetrava em seu
auxílio para provar sua inocência. Era o famoso ordálio (prova de Deus). Era muito usado nos casos em que
não havia provas e o acusado protestava sua inocência. O indivíduo que mais usava essa prova de inocência
era a mulher acusada de adultério pelo marido. A prova se constituía na ingestão de uma água colhida numa
tigela de barro e o sacerdote acrescentava um pouco de pó tirado da parte mais intima do santuário. O
acusado que ingerisse o líquido e não sentisse nada em seu interior, ou que não ficasse com o ventre
protuberante e nem os quadris flácidos, ficava livre de toda e qualquer atribuição criminosa. Mas se tivesse
culpa no crime, Deus no alto de sua potência celestial enviaria uma doença grave para o acusado.

Podemos perceber nessa prática o quanto eram arcaico e semisselvagem os procedimentos


processuais do Direito Hebraico.
Quem processava, julgava, possuía a jurisdição? Abordaremos agora quem eram esses juízes
aplicadores do Direito Hebraico.

A necessidade de haver homens dotados de paciência e saber divino existiu desde a época de Abraão
quando este junto com seu sobrinho Lot e sua mulher saíram em peregrinação pelo mundo. Criaram tribunais
com número de dez homens eleitos por prazo determinado e escolhidos entre as tribos. Quatro mestres de
religião e seis leigos. Eles não podiam ter menos de 25 anos e nem mais que 60.

Com o passar do tempo e já com o comando de Moisés o povo judaico passou a ter juízes
exclusivamente com papéis de resolver os litígios entre pessoas de uma tribo. Moisés, seguindo conselho de
seu sogro Jetro, nomeou alguns homens devido ao assoberbamento de tarefas que possuía. Esta história está
toda relatada em Êxodo, 18: 13-27.

A proclamação oficial deste instituto “Juiz” foi ordenado por Deus em Números 11, 16: Lahweh disse a
Moisés: “Reúne setenta anciões de Israel, que tu sabes serem anciões e escribas do povo. Tu os levarás à
Tenda da Reunião, onde permanecerão contigo. [...] “Assim levarão contigo a carga deste povo e tu não a
levarás mais sozinho.

Já no final da saga Mosaica, no livro Deuteronômio, Moisés institui um novo modelo de tribunal. O
tribunal passou a se chamar de Tribunal dos Três e existia em todas as cidades cuja população fosse superior
a 120 famílias. Com a criação dos tribunais nasceu a necessidade de se criar uma corte suprema, que pudesse
apreciar as questões em que os pequenos tribunais tropeçavam. Tal organismo foi nomeado de Sinédrio, em
hebraico Sanhedrim, que quer dizer “sentados juntos”. Nas palavras de Durvalina de Araújo: “O Sinédrio,
além de se comportar como Tribunal de terceira instância, julgava originariamente os profetas, os chefes
militares, as cidades as tribos acusadas de rebeldia”.16

Eram as penas previstas para os condenados por crimes no Direito Hebraico. Contavam-se 36 crimes
que eram condenados com a pena de morte. Havia 17 que eram condenados por lapidação, 10 condenados
com a fogueira, 3 pela espada, e 6 pelo sufocamento.

Crimes contra a pessoa:

Homicídio culposo, homicídio doloso, lesões corporais – seguidas de morte, agressão mútua, agressão
a escravo, aborto, opressão, lesão a escravos, lesões resultantes de culpa, resgate, maus-tratos e o crime de
golpe baixo(mulher que agarra os testículos);

Crimes contra o patrimônio:

Roubo, furto, crime de dano, apropriação indébita, fraude, depositário infiel, agiotagem, sonegação de
salário e seqüestro.

Crimes contra os costumes:

Rapto, estupro, prostituição, sedução, coito bestial, crime de abuso, atentado violento ao pudor,
adultério, homossexualismo, relação sexual com escrava, relações sexuais com a filha e mãe, relações sexuais
entre filhos e pais;

Crimes contra a honra:

Mentira, falsidade;

Crimes contra a fé:


Feitiçaria, necromancia, crime de maldição, sacrifícios e oferendas a Deuses pagãos (paganismo),
blasfêmia (o crime mais imperdoável do Direito Hebreu) e idolatria;

Crimes contra a família:

Desobediência filial, dissolução e profanação do leito paterno;

Outros crimes:

Falso testemunho, crimes in vigilando, crime de incêndio, crime de incitação a multidão, corrupção,
suborno e adulteração de pesos e medidas.

Blasfêmia: o crime mais abominável do Direito Penal. O indivíduo podia praticar qualquer crime que
sua família poderia velar sua memória. Entretanto, se praticasse o crime de blasfêmia, seria totalmente
esquecido daquela sociedade. A condenação se dava pela lapidação. A história narra que todo cidadão judeu
sentia prazer em jogar pedras em um blasfemo. Era uma total alforria no dia que havia um condenado a ser
morto. A lei principal que preconizava a blasfêmia era a Mishnah 7.5; que lecionava a consumação do crime
de blasfêmia quando a pessoa pronunciava o sagrado nome de Deus (Lahweh, Javé, YHWH) que só podia ser
dito uma vez no ano em uma festa sagrada e pronunciado somente pelo Sumo-sacerdote. A Mishnah 7.4
prevê a execução da pena por apedrejamento. Na Torah encontram-se duas aplicações do crime de
blasfêmia, em Levítico 24, 14: “Tira o que blasfemou para fora do arraial; e todos os que ouviram porão as
mãos sobre a cabeça dele, e toda a congregação o apredejará”. Em Levítico 24, 16: “Aquele que blasfemar o
nome do Senhor, será morto; toda congregação o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto”.

2 – DIREITO GREGO

Narra a lenda, segundo Protágoras que “quando foi criado, o homem vivia uma existência solitária e
não era capaz de proteger a si próprio e sua família dos animais selvagens mais fortes que ele.
Consequentemente, os homens se reuniram para proteger suas vidas fundando cidades. Mas as cidades
foram conturbadas por lutas, porque seus habitantes faziam mal uns aos outros por ainda não conhecerem
a arte da política que lhes permitiria viver em paz juntos. Assim, os homens começaram a se dispersar
novamente e a perecer. Zeus temia que nossa espécie estivesse ameaçada de ruína total. Assim, enviou seu
mensageiro, Hermes, à terra, com duas dádivas que permitiriam aos homens enfim praticar com êxito a arte
da política e fundar cidades onde pudessem viver juntos em segurança e harmonia. As duas dádivas de Zeus
eram a aidos e a diké. Aidos é um sentimento de vergonha, uma preocupação com a opinião alheia. Diké
significa respeito pelos direitos dos outros. Implica senso de justiça e torna possível a paz civil resolvendo as
disputas através de julgamentos. Ao adquirir aidos e diké, os homens finalmente se tornariam capazes de
garantir sua sobrevivência.”

O DIREITO NA GRÉCIA

Renan Aguiar, em sua doutrina jurídica História do Direito afirma que os gregos não foram grandes juristas
na acepção do termo, já que não se empenharam em construir uma ciência do direito, nem mesmo
sistematizar as suas instituições de direito privado. Em compensação, além de melhorarem as tradições dos
direitos cuneiformes e transmiti-las aos romanos, entendiam que o direito devia fazer parte da educação de
todo cidadão.

Com isso, diz Dantas, como todos deviam conhecer seus direitos e suas obrigações, não houve espaço para
a profissionalização do direito, já que todos deviam estar aptos para enfrentar os tribunais.

O direito das cidades gregas, mais especificamente de Atenas, que será o objeto deste estudo, não parece
ter sido formulado nem sob a forma de textos legislativos, nem sob a de comentários de juristas. O direito
era consequência da noção de justiça que estava difusa na consciência coletiva.

Para os pensadores gregos, a fonte do direito é o nomos o meio de limitar o poder das autoridades, já que a
liberdade política consiste em não ter que obedecer senão à lei. Como consequência, os gregos fizeram
poucas leis no sentido moderno do termo, visto que nomos significa tanto lei como costume. É na filosofia
que está a principal contribuição dos gregos para a cultura ocidental, principalmente com sócrates, Platão e
Aristóteles.

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO ATENIENSE

Tanto ATENAS quanto ESPARTA acreditavam na laicização do Direito, isto é, a ideia de que as leis podem ser
revogadas pelos mesmos homens que as fizeram.

A mais antiga legislação conhecida de Atenas são as leis de Drácon, de 621 a.C., que põem fim a solidariedade
familiar e tornam obrigatório o recurso aos tribunais para o conflito entre os clãs.

Busca-se criar uma amizade cívica, um espírito aberto aos outros de fora da família.

O Primeiro Código de Lei de Atenas introduziu o princípio no direito penal que é a distinção entre os diversos
tipos de homicídio: voluntário, involuntário, em legitima defesa.

Na legislação de Drácon tanto o furto como o assassinato recebiam a mesma pena: a morte. Dêmades,
político ateniense do século IV, certa vez asseverou: “as leis de Drácon foram escritas com sangue e não com
tinta”.
A legítima defesa que era chamada por Cícero de “lei sagrada, lei não escrita, mas que nasceu com o homem,
lei anterior aos legistas, à tradição, aos livros, e que a natureza nos oferece gravada em seu código imortal
[...] lei pensada num perigo iminente, preparado pela astúcia ou pela violência, sob o punhal da cupidez ou
do ódio, diante disso todo meio de salvação é legítima”.

Trinta anos após a regência da legislação draconiana, surge Sólon, um homem do povo e para o povo.

Sob seu regime, Sólon cria um novo código de leis, além de promover reformas institucionais, econômica e
social. Sólon é considerado um dos sete sábios da Grécia Antiga.

AS CONSTRIBUIÇÕES DE SÓLON

Institucional: criação do Tribunal de Heliaia, a lei encontrava-se acima do magistrado que tinha o cargo de
sua aplicação.

Jurídica: igualdade civil, suprimiu a propriedade coletiva dos clãs, servidão por dívidas, limitou o poder
paternal, estabeleceu o testamento, a adoção, em parte sob a influência das leis egípcias.

Sólon redigiu em sua lei que o cônjuge ofendido por adultério, poderia se vingar do adúltero como bem
quisesse, além de poder processá-lo para cobrar indenização ou para propor ao Tribunal que lhe apenassem
com castigo físico.

Curiosidade: Havia um ressarcimento financeiro nos casos de adultério (moikheia) chamado dekhreos, ao
qual representava a entrega do maior bem do adúltero ofensor.

Aristóteles, na sua obra A Constituição de Atenas diz: ao que parece estas três constituem as medidas mais
populares do regime de Sólon: primeiro, e a mais importante, a proibição de se dar empréstimos incidindo
sobre as pessoas; em seguida, a possibilidade, a quem se dispusesse. De reclamar reparação pelos
injustiçados; e terceiro, o direito de apelo aos tribunais, disposição esta referida como a que mais fortaleceu
a multidão, pois quando o povo se assenhoreia dos votos, assenhoreia-se do governo”.

A atividade advocatícia era vista com maus olhos, como se fosse uma cumplicidade para o engodo. O ideal
era que o cidadão se sentisse indignado com qualquer ilícito, mesmo sem ser a vítima.

PRINCIPAIS INSTITUTOS JURÍDICOS:

Direito privado – deixou poucos traços no nosso direito moderno. Os gregos pouco souberam exprimir as
regras jurídicas em fórmulas abstratas, no entanto há várias palavras no mundo jurídico que são de origem
grega: exemplo: hipoteca.

Direito público - o que impressiona no direito grego era a clara distinção entre lei substantiva e lei processual,
muito próxima do nosso direito material e processual atual.

PROCESSUAL: tratava dos meios e dos instrumentos pelos quais os fins deveriam ser atingidos, regulando a
conduta e as relações dos tribunais e dos litigantes com respeito à contenda em sí.

ARBITRAGEM PRIVADA: maneira simples e rápida de se resolver um litígio fora dos tribunais; não emitiam
julgamento, mas buscavam uma conciliação, acordo.

ARBITRAGEM PÚBLICA: pessoas com mais de 60 anos, escolhidas em sorteio, que emitiam julgamentos com
possibilidade de apelação.
AÇÃO PÚBLICA: impetrada por qualquer cidadão até contra o próprio Estado.

AÇÃO PRIVADA: impetrada apenas pelas partes.

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL

Direito popular de acusação julgamento; Publicidade de todos os atos de processo; inclusive o julgamento;
Prisão preventiva; Liberdade provisória sob a caução, salvo nos crimes de conspiração contra a pátria e a
ordem pública; Procedimento oficial nos crimes políticos e restrição do direito popular de acusação em certos
crimes que mais lesavam o interesse do indivíduo do que o da sociedade.

DAS PENAS:

As penas, em geral, eram: castigos, multas, feridas, mutilações, morte, exílio. Sistema penal centrado na
acusação popular, quando se tratava de crimes públicos. Qualquer cidadão tinha a faculdade de sustentar a
acusação, apresentando suas provas e formulando suas alegações perante o Tribunal competente.

JURISDIÇÕES CRIMINAIS DOS ATENIENSES:

ASSEMBLEIA DO POVO: composta pelos Senadores e Magistrados populares que discutiam apenas os crimes
políticos mais graves.

AERÓPAGO: o mais antigo e célebre tribunal, inicialmente julgava todos os crimes e posteriormente julgava
os crimes apenados com morte.

TRIBUNAL DOS EFETAS: composto por 51 juízes escolhidos pelo senado que julgavam aqueles que cometiam
homicídio não premeditado.

TRIBUNAL DA HELIAIA: Assembleia que se reunia na praça pública da cidade e tinha jurisdição comum,
julgando os recursos a ela apresentados.

PROVAS: podiam depor por escrito ou pessoalmente. O depoimento dos escravos era precedido de tortura.

INFLUÊNCIAS NO NOSSO DIREITO:

JÚRI POPULAR (o direito a um julgamento por um júri formado por cidadãos comuns foi uma invenção de
Atenas);

ADVOGADO ( originária do logógrafo, aquele que redigia a defesa para outros);

DIFERENCIAÇÃO DE HOMICÍDIO VOLUNTÁRIO, INVOLUNTÁRIO E LEGÍTIMA DEFESA;

MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM;

GRADAÇÃO DAS PENAS DE ACORDO COM A GRAVIDADE DOS DELITOS;

RETÓRICA E ELOQUENCIA FORENSE;

LIMITAÇÃO DO PODER PATERNAL;

MAIORIDADE DO FILHO;

TRANSFERÊNCIA DA PROPRIEDADE APENAS POR CONTRATO.


É o que temos até aqui! Direito Romano, temos outra apostila para não ficar tão extenso.

Bjus da prô

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