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TEMAS RELAVANTES DE DIREITOS HUMANOS

FUNDAMENTAIS
Direitos fundamentais
em matéria penal

Luciane Magioni Rodrigues


Breve evolução do direito penal
 Vingança do ofendido ou de seus
parentes com cunho religioso que estavam
originando a disseminação das pessoas;

Lei de Talião (Código de Hamurabi –


1780 a. C.)

 Desenvolvido na lei babilônica a lei


destaca-se pela aplicação da
proporcionalidade do ato cometido no
princípio do “Olho-por-olho; dente por
dente”;

 Prevê vária formas de pena de morte


(fogueira, forca, afogamento e empalação)
além de marcas corporais, pena de exílio,
pena multilação, pena de chicotadas.
Código de Hammurabi
A Leis das XII tábuas (453 a. C.)

• Nascida no Direito Romano, prevêem várias forma de


pena de morte: como sacrifício ao Deus Ceres; tortura
anterior e morte, morte por fogo, jogado no precipício ou
em rio, esquartejamento e tortura.

• No entanto, a Lei das XII Tábuas reflete um caráter de


luta por igualdade e amenização nas punições corporais
quando prevê a indenização por alguns atos ilícitos,
amenizando algumas penas impostas pelo Código de
Hammurabi.
Direito Canônico – A influência da Religião cristã

• Conjunto de regras impostas igreja Católica, em nome de Deus,


que teve grande influência à partir de Teosdósio I, com a
imposição da religião cristã. (379 a. C.)

• As penas eram de tratamento médico e os crimes descritos na


norma eram meramente eclesiáticos. (penas de excomunhão
(forma de exílio da igreja) ou de penitência (recolhimento na sela)

• Procurava o arrependimento
do agente infrator.
O sistema canônico foi extremamente humanitário até o Concilio de Verona
em 1.184 com a implantação da Inquisição Medieval, que trouxe inúmeras
atrocidades à humanidade.

Neste período passou-se a utilizar-se da tortura no processo de investigação


(inquisitório) e a implantar várias formas de morte capital.

De 1.184 até o final do


século XVIII reinou o
período da crueldade
humana á perseguição
de pagãos pela igreja.
Brasil
• Colonizado e ocupado pelos Portugueses no período da Inquisição, somente
se tem notícia da aplicação do direito penal colonial nas Ordenações Filipinas,
que ingressou no ordenamento Português em 1.603 quando Don Felipe III da
Espanha reinava em Portugal.
• Originária do feudalismo e da Santa Inquisição, seus artigos possuem várias
demonstrações de influência da religião católica.

• As ordenações são compostas de cinco livros e


aditamentos, sendo que os delitos e as penas
vem descritos no título cinco.

• Os crimes previstos no ordenamento nasce


desde a religião, crimes contra a igreja, contra o
rei e a rainha (lesa-majestade), homicídios,
fraude, adultério, estupro, pedofilia, roubo entre
outros.
Neste mesmo período ocorre o julgamento Tiradentes, feito durante a vigência
das Ordenações Filipinas.
Condenado pelo crime de lesa-majestade como
idealizador da conspiração em 1792.
“Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva
Xavier por alcunha o Tiradentes Alferes que foi da
tropa paga da Capitania de Minas a que com baraço
e pregão seja conduzido pelas ruas publicas ao lugar
da forca e nella morra morte natural para sempre, e
que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e
levada a Villa Rica aonde em lugar mais publico della
será pregada, em um poste alto até que o tempo a
consuma, e o seu corpo será dividido em quatro
quartos, e pregados em postes pelo caminho de
Minas no sítio de Varginha e das Sebolas aonde o
Réu teve as suas infames práticas e os mais nos
sitios (sic) de maiores povoações até que o tempo também os consuma;
declaram o Réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens
applicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Villa Rica será
arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique e não sendo
própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados e no
mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infamia
deste abominavel Réu; igualmente condemnam os Réus Francisco de Paula Freire
de Andrade Tenente Coronel que foi da Tropa paga da Capitania de Minas, José
Alves Maciel, Ignácio José de Alvarenga, Domingos de Abreu Vieira, Francisco
Antonio de Oliveira Lopez, Luiz Vás de Toledo Piza, a que com baraço e pregão
sejam conduzidos pelas ruas públicas ao lugar da forca e nella morram morte
natural para sempre, e depois de mortos lhe serão cortadas as suas cabeças e
pregadas em postes altos até que o tempo as consuma as dos Réus Francisco de
Paula Freire de Andrade, José Alves Maciel e Domingos de Abreu Vieira
nos lugares de fronte das suas habitações que tinham em
Villa Rica e a do Réu Ignácio José de Alvarenga, no lugar
mais publico na Villa de São João de El-Rei, a do Réu Luiz
Vaz de Toledo Piza na Villa de São José, e do Réu Francisco
Antonio de Oliveira Lopes defronte do lugar de sua habitação
na porta do Morro; declaram estes Réus infames e seus filhos
e netos tendo-os, e os seus bens por confiscados para o
Fisco e Câmara Real, e que suas casas em que vivia o Réu
Francisco de Paula em Villa Rica aonde se ajuntavam os Réus
chefes da conjuração para terem os seus infames
conventiculos serão também arrasadas e salgadas sendo
próprias do Réu para que nunca mais no chão se edifique.”
• No mundo a influência do Iluminismo
prestigia a necessidade de uma humanização
na sociedade.
• Através dos ideais Iluministas, em especial,
na influência de Cesare Bonesana “Marques
Beccaria” na obra “dos delitos e das penas”
(1.625) e a influência de Rosseau e Montesquie
o Direito Penal passa a sofrer mudanças.
• Nega-se a justiça absolutista; (limitação dos poderes)
• Prega-se a prevenção dos crimes;
• Leis penais claras com base nas provas e nos fatos (princípio da
legalidade);
• Defende o direito da defesa e da valoração das provas (princípio da
ampla defesa e do contraditório);
• A publicidade dos julgamentos;
• Invoca a razão e o sentimento;
•Defende a separação da justiça humana e da justiça divina.
Revolução
Francesa

• Advém a Revolução Francesa que implanta os princípios de Liberdade,


Igualdade e Fraternidade. (Jean-Jacques Rosseau)
• Resultando na abolição dos direitos feudais e da servidão.
• A monarquia é abolida e muitos nobres abandonam o país, vindo a
família de Luis XVI a ser guilhotinada em 1793.
• O Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja
Católica, passando o clero a ser funcionários públicos.
• A França aprova a Declaração dos Direitos dos Homens e dos cidadãos.
Independência do Brasil

• No Brasil, os reflexos do Iluminismo e as mudanças decorrentes da


Revolução Francesa refletem na proclamação da Independência em 1.822.
• Com a implantação da Constituição do Império 1824 faz-se necessário um
ordenamento penal, sancionado em 1.848 o “Código Criminal do Império”
• Este código prevê o princípio da legalidade, cria-se o crime de imprensa, a
figura da culpabilidade do agente, o princípio da insignificância e a reparação
de danos por ato ilícito decorrente de crime.
• As desigualdades de tratamento entre escravos e cidadão continuam a
persistir.

• Permanece a pena de morte, no entanto, já não com tanta intensidade e


somente prevendo como pena a forca.
O caso do Fazendeiro Mota
Coqueiro

Em 11.09.1852 Francisco Benedito da Silva, sua


esposa e seus 05 filhos foram mortos.
Manuel da mota Coqueiro, fazendeiro, foi acusado
como mandante do delito.
O fazendeiro negou a autoria e com medo da
sentença fugiu, causando maior ira na sociedade e na
imprensa.
Em meados de 1855 D. Pedro II negou o pedido de
conversão da pena de morte em prisão perpétua,
sendo executado.
Após a execução um mestiço de nome Herculano
confessou ao filho a autoria delitiva, gerando
desconfiança no sistema criminal, quando da
ocorrência de erro judiciário irreparável.
Após este fato D. Pedro II passou a conceder
clemência a todos os condenados à pena capital.
• Com a Proclamação da República em
15.11.1889 o Código Criminal do Império é
revogado.
• A pena de morte já em desuso 1852 é
• O decreto 774 de 20.09.1890 acaba com as
penas perpetuas prevendo que o réu somente
poderá ficar preso pelo período de 30 anos,
prevê a prescrição da pena e abole as penas
Proclamação da de gales (trabalho forçado).
República
• O Ministro da Justiça Campos Sales
encomenda a confecção do novo Código Penal
que é aprovado em 11.10.1890 sob o título
“Código Penal dos estados Unidos do Brasil”
• Com penas mais brandas, regras de
prescrição da ação penal e a criação da
reabilitação criminal o Decreto 22.213/90, foi
altamente criticado pelas lacunas existentes,
que geraram inúmeras leis esparsas que foram
consolidadas em 1932.
• Após o golpe de 1.937, Alcântara Machado foi nomeado a formular um
novo projeto do Código Penal que foi submetido á comissão revisora e
publicado o Decreto 2848/40 (atual Código Penal);
•Embora o Código ingressou no regime totalitário o Código Penal possui
princípios liberais, como a progressão de pena e o princípio da legalidade;
Constituição de 1988

Instaura-se os seguintes princípios fundamentais:

• Princípio da dignidade humana (art. 1º, III da CF);


• Princípio da legalidade e da anterioridade da Lei penal (art. 5º
XXXIX da CF);
“XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal;”
• Irretroatividade da lei penal mais grave (art. 5º XL da CF);
“XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;”
• Pessoalidade da pena (art. 5º, XLV da CF);
“XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;”
• Princípio da humanidade da pena (art. 5º, XLVII da CF);

“XLVII - não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do artigo 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

• Individualização da pena ( art. 5º, XLVII e XLVIII da CF);

“XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,


de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do
apenado;”

• Garantias da execução penal (art. 5º, XLVIII, XLIX e L da CF);

“XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física


e moral;”
Referências bibliográficas:

• Bittar, Eduardo C. B., História do Direito Brasileiro, 2ª Ed. – São Paulo: Atlas, 2010.
•Horta, Ana Clelia Couto Horta. Evolução Histórica do direito Penal e Escolas Penais. Disponível
em: http://www.esmesc.com.br/upload/arquivos/4-1246972606.PDF -, Acesso 23.09.2011.
•Rodriguez, Victor Gabriel. Fundamentos de direito penal brasileiro: lei penal e teoria geral do
crime – São Paulo: Atlas, 2010.
•Sarlet, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais e direito penal: breves notas a respeito dos
limites e possibilidades da aplicação dasa categorias de proibição de excesso e de indulficiência
em matéria criminal: a necessária busca da superação dos fundamentalismos hermenêuticos.
Disponível em: http://www.esmesc.com.br/upload/arquivos/4-1246972606.PDF , Acesso em
28.09.2011.
• http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en%7Cpt&u=http://
www.britannica.com/EBchecked/topic/581485/talion
•http://www.cacp.org.br/historia/artigo.aspx?lng=PT-R&article=1039&menu=13&submenu=2
•http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos/2649327

•http://www.criminal.caop.mp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=521

•http://www.jurisciencia.com/pecas/a-sentenca-de-tiradentes/35/

•http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_das_Doze_T%C3%A1buas

http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/12tab.htm

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Tancredo_Neves

http://tortura.wordpress.com/category/tortura-medieval/

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http://favelaemfoco.wordpress.com/luz-nunca-e-d-2/brasil-fome-por-arnaldo-carvalho-jc-imagem-2/

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