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SUMÁRIO

HISTÓRIA DA PARAÍBA ................................................................................................................................. 2


A INQUISIÇÃO NA PARAÍBA E A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS......................................................................... 2
A INQUISIÇÃO NA PARAÍBA .................................................................................................................. 2
A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS .................................................................................................................. 3
A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA - 1817 .............................................................................. 5
A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO PRAIEIRA ...................................................................................................... 8
REVOLUÇÃO PRAIEIRA ATINGE A PARAÍBA ........................................................................................... 9
FINAL DO CONFLITO ........................................................................................................................... 10
O RONCO DA ABELHA: 1851-1852 .......................................................................................................... 10
EXERCÍCIOS ................................................................................................................................................ 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................... 16
HISTÓRIA DA PARAÍBA
A INQUISIÇÃO NA PARAÍBA E A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS
A INQUISIÇÃO NA PARAÍBA
A Inquisição Medieval (Tribunal do Santo Ofício), foi criada pela Igreja Católica na Europa
do século XII com o objetivo de perseguir quem discordasse dos princípios e dogmas do
catolicismo ou desrespeitasse suas práticas e escritas sagradas, como os dez mandamentos.
Esses ficaram conhecidos como Hereges. O procedimento da Inquisição, para aqueles que eram
identificados como hereges, era dividido em etapas: perdão, delação, interrogatório,
julgamento e execução. Na fase do interrogatório era iniciada a tortura, a fase mais cruel de todo
o procedimento. Na grande maioria das vezes o herege era considerado culpado, recebendo a
pena capital: a morte.
Depois de um certo período de decadência, a
Inquisição voltou à tona quando das Reformas
Protestantes na Europa no início do século XVI,
que quebrou com o monopólio da fé cristã da
Igreja Católica. Como medida de contrarreforma
os católicos criaram o Tribunal do Santo Ofício
(novo nome da Inquisição), que tinha como
objetivo, além dos da época medieval, caçar os
protestantes e os cristãos-novos (descendentes de
judeus).
Dois países foram de suma importância nessa
retomada: a Espanha e Portugal. Ambos queriam
garantir que a crescente população de suas
colônias d’além mar se tornasse obediente à fé
católica, controlando-as com rédea curta,
principalmente em relação aos cristãos-novos.
Instrumento de tortura da Inquisição: a Este segundo momento da Inquisição, portanto,
"roda alta". O herege tinha os membros foi marcado por um controle muito maior do
amarrados a uma roda de ferro ou Estado, que financiava os tribunais inquisitórios.
madeira que girava sobre brasas ou No Brasil eles atuaram durante o período
objetos de perfuração. Fonte: colonial por quase 200 anos. Seus representantes
https://bityli.com/TjNiL. eram as autoridades eclesiásticas locais, que
tinham liberdade de identificar casos de
desobediência aos dogmas católicos, realizar investigações e prender os suspeitos, que eram
enviados a Lisboa, onde o processo era concluído. Assim, não tivemos uma sede da inquisição
na colônia, mas ela mostrava todo seu poder quando enviava inquisidores para realizarem
“visitas pessoais” em várias capitanias.
Temos três visitações mais importantes no Brasil: a primeira passou por Bahia,
Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, entre 1591 e 1595; a segunda, de 1618 a 1621, foi à Bahia; a
terceira, de 1763 a 1769, ao Grão-Pará e ao Maranhão. Dentre os principais objetivos e alvos de
perseguição dos inquisidores no Brasil, podemos destacar:
➢ Prevenção das heresias (práticas contrárias à fé católica);
➢ Envio de manuais de orientação;
➢ Controle da vida cotidiana;
➢ Tentativa de controle da sexualidade (sexo somente entre casados e voltado
somente à reprodução);
➢ Analisar acusações da prática do judaísmo (novos-cristãos, que eram perseguidos e
obrigados a se converter ao catolicismo para escaparem da inquisição);
➢ Perseguir praticantes de Heresias: recitar orações (superstições);
➢ Perseguir sodomitas (praticantes de relações homossexuais à época);
➢ Analisar a sexualidade ilícita (eram heresias: masturbação, prostituição, sexo por
prazer etc.).

Na Paraíba suas atividades inquisitórias marcaram o século XVIII. Havia muitos judeus na
província que eram senhores de engenho e comerciantes, com certa influência econômica e
política na sociedade. Eles chegaram à província, principalmente, no período de domínio
holandês e continuaram por lá após a expulsão dos mesmos.
A primeira visitação dos inquisidores à província aconteceu em 1774, quando
confiscaram bens e riquezas daqueles que eram considerados hereges e novos-cristãos. Os bens
eram transferidos para a metrópole portuguesa. Assim, a presença da inquisição na Paraíba é
considerada um fator de atraso econômico para essa capitania, pois ela tinha como alvo
principal comerciantes, negociantes e senhores de engenho. Isso contribuiu para a pobreza do
local.
Os julgamentos eram secretos e as denúncias eram anônimas, por isso, era um momento
ideal para vinganças, com delações de todos os tipos. Como as visitações criavam um clima de
insegurança muito grande na sociedade, elas prejudicam os negócios. Muitas denúncias
recaíam sobre aqueles que possuíam muito dinheiro e faziam empréstimos a juros. Quando
condenado, o herege poderia ser obrigado a fazer “doações” para a construção ou reparo de
igrejas, retirando os recursos que poderiam ser investidos no setor produtivo.
Nesse sentido, pode-se afirmar que as atividades inquisitoriais no Brasil, com a
transferência de significativas riquezas para a metrópole, era mais um instrumento do Pacto
Colonial.
A Paraíba foi a segunda capitania mais perseguida pelos inquisidores nesse período,
ficando atrás apenas de rio de Janeiro. Foram mais de 40 pessoas condenadas à prisão perpétua
e 2 habitantes da capitania enviados à Lisboa para serem queimados vivos em praça pública. A
maioria desses eram condenados por “judaísmo”.

A EXPULSÃO DOS JESUÍTAS


Os padres Jesuítas foram os primeiros missionários a chegarem à Paraíba, a partir de
1585, ano em que os portugueses consolidaram a sua vitória contra os nativos Potiguaras e
expulsaram os franceses do litoral paraibano nas guerras de conquista que culminaram na
criação da Capitania Real da Paraíba.
Logo, os franciscanos, os carmelitas, os beneditinos e, principalmente, os jesuítas (por
meio da Companhia de Jesus) se tornaram os principais agentes educativos da população local
e da catequização dos povos nativos, principalmente. Aliás, esse era o objetivo maior dessa
ordem religiosa. Os governantes argumentavam que a presença desses religiosos na capitania
era de grande importância por eles conhecerem a língua dos índios e, assim, servirem de
intérpretes em possíveis negociações.
Entre outros feitos, fundaram colégios e aldeamentos nos principais centros
populacionais; formaram sacerdotes para a catequese; instruíram indígenas e não indígenas
nas primeiras letras, na doutrina cristã, na matemática, na música, artes e retórica, dentre
outros ensinamentos europeus. Para realizarem atividades pedagógicas e religiosas, eles
construíram seus aldeamentos, que serviam também como uma muralha ou barreira para a
proteção dos moradores contra ataques dos inimigos de Portugal.
Os jesuítas, representados
primeiramente por Jerônimo Machado, Simão
Travassos e Baltasar Lopes, eram os que mais
possuíam terras, prestígio e poder na região.
Isso os levava a entrar em constantes
conflitos com a administração colonial. O
primeiro atrito se deu em 1589, quando o
governador Frutoso Barbosa passou a
responsabilidade dos aldeamentos indígenas
da capitania para a ordem dos franciscanos,
com exceção do aldeamento controlado por
Piragibi, cacique dos Tabajaras, que
continuou sob controle dos jesuítas.
Pouco tempo depois, os jesuítas
arranjaram problemas com o governador
Feliciano Coelho de Carvalho, por causa da
questão referente à escravidão dos povos
indígenas. Eles eram os que mais
Gravura de Jan van Brosterhuisen, detalhando as pressionavam a Coroa para proibir a
construções das ordens religiosas. Fonte: REIS FILHO escravidão indígena, e isso ia contra os
(2000), a partir de exemplar da Biblioteca Nacional, interesses dos senhores de engenho que
Rio de Janeiro. In: Anais do III Encontro Nacional de queriam utilizar a mão de obra escrava dos
Estudos da Imagem, Londrina, 2011, p. 2017. nativos em suas plantações de cana-de-
açúcar.
Apesar das desavenças com os governadores, o prestígio que adquiriram junto à educação
dos moradores da vila era a garantia da sua presença no local por bastante tempo, o que
auxiliava a Coroa portuguesa a colonizar, ocupar e manter as terras do interior da Paraíba.
Inclusive, os colonos requisitavam junto à Coroa uma ajuda de custo para o fortalecimento da
presença e atuação dos Jesuítas na região, principalmente na educação dos seus filhos, e
também para a reconstrução da sua Igreja e a criação de uma casa conventual e de um colégio
– fato ocorrido em 1675.
Contudo, as coisas mudaram na segunda metade do século XVIII quando ocorreu a
implantação da Lei do Diretório dos Índios (ou Reforma Pombalina) pelo então ministro do rei
D. José I, o marquês de Pombal. Tal lei tinha por objetivo “civilizar” homens e mulheres
indígenas, visando transformar os antigos aldeamentos de catequização da América Portuguesa
em vilas de índios. Ou seja, essas aldeias seriam governadas por juízes, diretores, vereadores e
outros membros da justiça. Uma das mudanças mais drásticas dessa lei era a proibição dos
costumes indígenas nas aldeias, a imposição da língua portuguesa e o forte incentivo ao
casamento com os não nativos.

Essa lei foi criada no momento em que a monarquia portuguesa estava em


decadência. O rei estava perdendo força para outros segmentos da sociedade, como
por exemplo para a Companhia de Jesus, que possuía forte influência no governo
português, na cultura, na educação (eram professores em escolas, universidades e
nas missões jesuíticas). Pombal foi influenciado pelas ideias iluministas,
principalmente pelo anticlericalismo que defendia uma clara separação entre a Igreja
e o Estado nas questões políticas.
Pombal queria promover uma série de reformas políticas, administrativas e
econômicas em Portugal. Sabendo da influência que a Companhia de Jesus possuía
na administração portuguesa, transformando-se quase em um Estado dentro do
Estado, Pombal determinou a expulsão dos jesuítas de Portugal e das colônias – uma
clara medida de caráter iluminista, pois a administração pública, a cultura, a
educação deveriam ser norteadas pela razão e não por princípios religiosos.
Pombal era um típico representante do Despotismo Esclarecido, ou seja, a
forma de governo em que monarcas, influenciados por algumas ideias iluministas,
empreendiam reformas para tentar salvar seus governos. Foi o caso de D. José I,
com seu ministro Marquês de Pombal.

A Reforma Pombalina, portanto, ia contra os interesses dos missionários jesuítas que


resistiam à sua implementação. Para atingir seus objetivos, sob o comando do Marquês de
Pombal, começaram a perseguir os membros das mais diversas ordens religiosas que atuavam
na colônia, uma vez que queriam criar escolas e formas de educação laica dentro dos princípios
iluministas que estavam em voga na Europa.
Outro fator para a expulsão dos jesuítas diz respeito ao confisco dos seus bens. Durante
o período em que estavam nas colônias portuguesas eles conseguiram arrecadar muito
dinheiro fazendo comércio de especiarias desses locais. No Brasil, por exemplo, eles
exploravam e comercializavam as chamadas Drogas do Sertão.
Em 1759 os membros da Companhia de Jesus foram expulsos do Brasil por determinação
do Marques de Pombal, tendo seus bens confiscados: fazendas de gado, sobrados, casas,
dinheiro etc. Na Paraíba, assim como em outras províncias, a expulsão dos padres jesuítas
provocou muitas contestações por parte dos colonos. Os jesuítas eram os principais educadores
da colônia e, a partir desse momento, sobraram poucos professores, escolas ou bibliotecas para
estudos.
Como consequência, o controle das missões jesuíticas passou para os funcionários da
Coroa. Os nativos se tornaram cidadãos portugueses e passaram a ter nomes lusitanos. Foram
proibidos de falar sua língua (o português se tornou obrigatório). Os caciques viraram capitães
e juízes e as lideranças locais vereadores municipais.

Algumas das principais medidas da Reforma Pombalina


➢ Novo Código Penal;
➢ Desenvolvimento do Exército e da Marinha;
➢ Reconstrução de Lisboa após o terremoto de 1755 (seguido por um Tsunami);
➢ Expulsão dos jesuítas de Portugal e das colônias;
➢ Abolição da escravidão indígena;
➢ Fim das Capitanias Hereditárias;
➢ Mudança da capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763 (nordeste
passava pela crise açucareira e não fazia mais sentido manter a capital na região);
➢ Criação de impostos (finta e derrama na região das Minas Gerais);
➢ Incentivo para instalação de manufaturas no Brasil.

A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA - 1817


Desde o final do século XVIII, muitos movimentos que buscavam a independência de
Portugal eclodiram no Brasil. Influenciados pelos ideais iluministas, começaram a se articular
na América portuguesa movimentos de caráter emancipacionista, ou seja, que defendiam a
autonomia política da Colônia em relação à Portugal.
A insatisfação e o descontentamento no Brasil já eram muito grandes devido ao rígido
monopólio exercido sobre a produção colonial por parte de Portugal, que controlava os preços,
proibia a instalação de manufaturas no território e taxava altos impostos sobre a população
(principalmente da região das Minas Gerais). Em troca, oferecia pouco incentivo econômico aos
exploradores. Somou-se a isso a rígida fiscalização no processo de extração do ouro, o
monopólio português do comércio da colônia (Pacto Colonial) e os elevados preços praticados
pelos comerciantes portugueses da colônia. Todos estes fatores impulsionaram movimentos de
contestação e revolta popular.
É nesse contexto que eclodem movimentos como a Inconfidência Mineira (1789), em
Minas Gerais, e a Conjuração Baiana (1798), na Bahia, ambos de caráter separatista e
republicano, que ocorreram no final do Brasil colonial. Apesar de terem sido duramente
reprimidas pelas autoridades portuguesas outra revolta começou a ser organizada, dessa vez
em Pernambuco, em 1817.
Como as antecessoras, ela também foi provocada, principalmente, pelo descontentamento
com a cobrança de altos impostos por parte da Coroa portuguesa. Isso era feito para financiar
seu modo de vida luxuoso, o que provocava grande insatisfação e forte rejeição popular ao
governo português. A escassez de alimentos e uma grande desigualdade social também foram
importantes, pois ajudaram a mobilizar as camadas populares.
A revolução Pernambucana começou no dia 6
de março de 1817, quando o governo local tentou
prender supostos envolvidos em uma conspiração
para conquistar Recife. Houve resistência, grupos
rebeldes ocuparam quartéis generais e os bairros
centrais, sendo que logo depois destituíram o
governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro,
que fugiu para capital Rio de Janeiro. Os rebeldes
vitoriosos instituíram um Governo Republicano
Provisório.
Os líderes pertenciam, na grande maioria, à
elite local: Domingos José Martins, José de Barros
Lima, Cruz Cabugá e Frei Caneca. As suas primeiras
medidas foram: Proclamação da República na
Capitania de Pernambuco; soberania popular;
liberdade de expressão e crença; igualdade de
direitos; instituição dos três poderes (executivo,
legislativo e judiciário); manutenção do trabalho
Benção da bandeira, de Antônio escravo.
Parreiras, representando a Revolução Podemos observar que, apesar de ser um
Pernambucana de 1817. Fonte: movimento inspirado nos ideais iluministas da
https://bityli.com/lE7Dh. liberdade, as medidas do Governo Provisório
visavam atender os interesses das elites locais e não
necessariamente promover uma sociedade mais igualitária e justa. O fato de terem mantido o
trabalho escravo evidencia esse caráter elitista, uma vez que participavam da revolução
latifundiários que eram contrários à abolição.
Apesar disso, a Revolução Pernambucana se espalhou pelas capitanias vizinhas, que
organizaram “juntas revolucionárias” na Paraíba, no Rio Grande do Norte, no Ceará e na Bahia.
Cabe destacar que a Paraíba participou ativamente do movimento, sendo o segundo estado
mais importante na manifestação.
A notícia do ocorrido em Pernambuco chegou a Paraíba no dia 7 de março. À época, era
comandada por um triunvirato, desde o falecimento do governador Antônio Caetano Pereira:
André Alves Pereira Ribeiro Cirne (Ouvidor Geral), Francisco José da Silveira e Manoel Ribeiro
de Almeida. Desses, Francisco José da Silveira era adepto à causa da Revolução e angariou
dinheiro, trabalhadores e ajuda de membros da elite como Amaro Gomes Coutinho e Estevão
da Cunha.
Itabaiana foi a primeira cidade paraibana a aderir ao movimento pernambucano. Lá, o
jovem de nome Manoel Clemente Cavalcante teria proclamado “independência e liberdade,
sendo seguido por toda a população. Quando Amaro Coutinho, Estevão da Cunha e Francisco
José da Silveira ficaram sabendo do ocorrido, reuniram-se para desenvolver um plano para
favorecer ainda mais a rebelião.
Logo depois, no dia 13 de março de 1817, o Ouvidor Geral André Alves foge, alegando
insegurança. Amaro Coutinho, Estevão Cunha e José Peregrino de Carvalho aproveitaram o fato
para tomar o Palácio da Redenção e a Fortaleza de Santa Catarina, dando início à Revolução na
Paraíba, o que acabou com o triunvirato e proclamou um novo regime.
Os novos dirigentes escolhidos para governar a Paraíba foram: Francisco Xavier Monteiro
da Franca; Padre Antônio Pereira de Albuquerque, Inácio Leopoldo e Francisco José da Silveira,
que juraram defender a liberdade e a nova pátria. Os ideais da revolução republicana se
difundiram por quase toda a Paraíba, como nas cidades de Mamanguape, Bananeiras, Serra da
Raiz, Cabaceiras, Pombal e Campina Grande. A Paraíba estava em peso participando da
revolução. Inclusive, pensavam em propor à Pernambuco que a capital da nova república fosse
Campina Grande.
Contudo, apesar do grande apoio das camadas
populares e das elites da região, a revolução durou
apenas 74 dias, pois foi intensamente reprimida pela
Coroa portuguesa. Além disso, algumas divergências
internas entre as lideranças enfraqueceram o
movimento, o que permitiu que as tropas da coroa
retomassem o controle da Paraíba, do Rio Grande do
Norte e do Ceará.
O principal líder de Pernambuco, Domingo José
Martins, foi fuzilado. José de Barros Lima foi enforcado
e teve as mãos e cabeça decepadas e colocadas em
exposição, sendo que seu corpo foi arrastado pelas ruas
de Recife, o que acontecera também com os corpos do
Padre João Ribeiro e de Vigário Tenório.
Na Paraíba, os líderes também sofreram as
mesmas consequências: José Peregrino de Carvalho,
Amaro Gomes Coutinho, Francisco José da Silveira,
padre Antônio Pereira de Albuquerque e Inácio
Leopoldo de Albuquerque Maranhão acreditaram que,
rendidos, escapariam da pena capital. Inclusive
Portugal prometera que não os julgaria por crime de
Placa que relembra a Revolução de
lesa-majestade.
1817 em João Pessoa. Fonte:
A promessa não foi cumprida e todos eles foram
https://bityli.com/JA2nZ.
enforcados e esquartejados. Seus membros, como
cabeças e mãos, foram distribuídos e expostos nos
principais locais da cidade em João Pessoa, como advertência.
Apesar da derrota do movimento Republicano, muitos brasileiros já expressavam o desejo
de independência de Portugal, sentimento que se espalhava por várias regiões do território.
Portanto, isso era muito importante para o processo de independência do Brasil, uma vez que
saiu da fase preparatória da conspiração (Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana ficaram
nessa fase) e efetivamente aconteceu. Apesar de terem fracassado, os ideais de liberdade
permaneceram nas pessoas pelos anos que se seguiram. Podemos afirmar que a Revolução
Pernambucana foi um “ensaio para a independência” do Brasil, em 1822.

A Revolução Pernambucana de 1817


Fatores:
➢ Crise econômica (decadência açucareira + povo miserável).
➢ Insatisfação com o absolutismo monárquico português (D. João VI).
➢ Aumento dos impostos.
➢ Influência = Iluminista.
Características:
➢ PE + PB + RN + CE.
➢ Elitista (aristocracia açucareira).
Emancipacionista.
➢ Republicanismo.
➢ Domingos José Martins, Padre João Ribeiro, Frei Caneca, Padre Roma,
Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, Antônio Carolos de Andrada e
Silva, dentre outros.

A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO PRAIEIRA


Durante o Império brasileiro, especificamente no Segundo Reinado de D. Pedro II, a
política em Pernambuco era controlada por poucas famílias, como a dos Cavalcanti (tradicional
e muito rica) que eram representantes da elite agrária local. Eles exerciam seu poder na
província de modo absoluto e agressivo. Esse monopólio provocou grande insatisfação e revolta
de uma parcela de senhores de engenho e de uma parte do grupo dos liberais mais radicais.
Em 1842, membros da elite intelectual do Recife, excluída do poder político, fundaram o
Partido Nacional Pernambucano, que agregou integrantes do Partido Liberal, dos liberais
radicais, republicanos e socialistas. O partido divulgava suas ideologias políticas por meio de
um jornal, o Diário Novo, com sede na rua da Praia e que, por isso, ficou conhecido como o
“Partido da Praia”. Em janeiro de 1849, lançaram um documento chamado Manifesto ao
Mundo, defendendo:
➢ a liberdade de imprensa;
➢ voto livre e universal (sem exigência de renda mínima);
➢ a extinção do poder moderador e a separação dos poderes;
➢ expulsão dos portugueses;
➢ organização federativa;
➢ liberdade de expressão.

Cabe destacar que os praieiros foram influenciados pelos movimentos liberais


europeus, que na década de 1840 lutavam pelo fim dos governos autoritários em
vários países, como na França. Como possuem socialistas entre seus participantes,
também foram influenciados pelas ideias dos socialistas utópicos europeus do
século XIX, como: Pierre-Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.
Entretanto, os integrantes do movimento não manifestavam nenhum
questionamento quanto ao trabalho escravo.

Já os conservadores, representando os Cavalcanti, criaram o Diário de Pernambuco para


expor suas ideias políticas. Os praieiros chamavam seus adversários de guabirus (uma espécie
de rato), considerando-os ladrões sorrateiros dos cofres públicos.
Aos poucos os praieiros crescem ao eleger deputados da Assembleia Legislativa
Provincial, mostrando força política. Em 1845, o gabinete da Corte indicou para o governo de
Pernambuco um praieiro, que implantou uma série de reformas visando equilibrar o domínio
dos Cavalcanti na província.
Em 1848, contudo, para conter a ação dos praieiros, o poder imperial autoritariamente
colocou os conservadores novamente no poder. Foi o estopim para a revolta começar. Os
praieiros se negavam a entregar o seu cargo aos conservadores e, por isso, pegaram em armas
e tomaram a cidade de Olinda. As camadas populares, por sua vez, viram uma oportunidade de
lutar para se livrar dos comerciantes portugueses que cobravam preços altos dos gêneros de
primeira necessidade. Assim, os praieiros contavam com apoio de grandes proprietários,
profissionais liberais, artesãos e populares que tomaram conta da província.
A liderança mais importante no primeiro momento da revolução foi do capitão da
Artilharia, Pedro Ivo Veloso Silveira, que havia lutado, por exemplo, na guerra dos Cabanos do
Pará como militar a serviço do Império. Isso o ajudou a forjar sua consciência em defesa dos
mais miseráveis.
No início de 1849, em fevereiro, os
praieiros entram em Recife com mais de
dois mil homens com o objetivo de derrubar
o Presidente Manuel Vieira Tosta. Contudo,
eles encontraram muita resistência,
perdendo mais de 200 combatentes. Depois
disso, com o objetivo de propagandear os
ideais revolucionários e adquirir adeptos
para dar continuidade à luta, dividiram-se
em dois grupos. Um foi para Garanhuns e
outro para Goiana, em Pernambuco.
No dia 13 de fevereiro de 1849, o sítio
A rua da Praia. Athayde d’Avila. Fonte:
Pau Amarelo, nas proximidades de Goiana,
https://bityli.com/nCa0m. foi atacado pelos Revolucionários de Olinda.
A cidade estava sendo defendida por um
efetivo de 60 homens da Força Pública da
Paraíba, sob o comando do Capitão Genuíno Antônio Atahyde de Albuquerque e de mais alguns
componentes da Guarda Nacional. Os revolucionários conseguiram a vitória e invadiram a
cidade de Pedras de Fogo na Paraíba, no dia 15 de fevereiro, seguindo em direção a Itabaiana,
Alagoa Grande e Areia.
REVOLUÇÃO PRAIEIRA ATINGE A PARAÍBA
Antes mesmo de invadirem Pedras de Fogo, seus efeitos já haviam atingido o Presidente
da Paraíba João Antônio de Vasconcelos, quando lhe foi informado da possibilidade de os
revoltosos invadirem a capital. Para evitar que isso acontecesse, Vasconcelos mandou 400
soldados para auxiliar a vizinha Pernambuco a colocar um fim à rebelião. Contudo, quando os
revoltosos invadiram Pedras de Fogo, o presidente ficou alarmado, pois havia deixado
desguarnecida a capital, restando apenas 45 soldados.
Apesar disso, sob o comando de Pedro Ivo, os praieiros ignoraram a situação da capital ao
preferirem ir para a cidade de Areia depois de lutarem e vencerem, em Pedras de Fogo, 40
homens da Força Policial e um contingente da Guarda Nacional, sob o comando do capitão
Genuíno Antônio Athayde de Albuquerque. Eles escolheram Areia por ela possuir melhores
condições de defesa, visto ser uma cidade localizada em uma serra, o que proporcionava uma
visão mais ampla de toda movimentação em sua volta. Além disso, seus habitantes e
autoridades simpatizavam com a causa liberal e, por isso, os praieiros conseguiram apoio de
certo número de cidadãos da cidade como do Dr. Maximiano Lopes Machado, que acolheu em
sua residência alguns dos revoltosos.
Poucos dias depois da chegada dos praieiros em Areia, as forças legalistas do império a
invadiram, dando início a um disputado conflito, no qual os rebeldes foram derrotados.
Comandados pelo Coronel Feliciano Falcão, os legalistas atacaram na cidade do dia 21 de
fevereiro de 1849, em uma batalha com duração de 10 horas, resultando em 11 Revolucionários
mortos e 64 feridos e presos. Alguns sobreviventes praieiros fugiram, mas foram alcançados
nas proximidades da atual cidade de Pocinhos onde foram, finalmente, vencidos pelo coronel
Feliciano Falcão.
FINAL DO CONFLITO
Após vários conflitos nas províncias de Pernambuco e Paraíba, o governo imperial
conseguiu acabar com o movimento no final de 1850. A falta de apoio de outras províncias foi
um fator decisivo para a desarticulação do movimento pernambucano.
Os líderes foram julgados e condenados à prisão em Fernando de Noronha, sendo que
alguns conseguiram fugir para o exterior (como Pedro Ivo, que morreu durante a viagem. Seu
corpo foi sepultado no mar em três de março de 1852). Depois, concedeu-se ampla anistias aos
líderes que estavam aqui presos e também àqueles do exterior. Contudo, os revoltosos das
camadas mais populares não foram julgados. Como pena, alguns foram recrutados à força e
outros fuzilados. A Revolução Praieira foi a última rebelião do Império.

A Revolução Praieira
Influências:
➢ Socialismo utópico.
➢ Movimento liberais europeus de 1840, que lutavam contra o autoritarismo.
Objetivos:
➢ Manifesto ao Mundo: a liberdade de imprensa, voto livre e universal (sem
exigência de renda mínima), a extinção do poder moderador e a separação
dos poderes, expulsão dos portugueses, organização federativa, liberdade de
expressão.

O RONCO DA ABELHA: 1851-1852


Menos de dois anos depois da Revolução Praieira tivemos mais uma revolta nas
províncias do Nordeste. Durante o Segundo Reinado do Brasil (1840 – 1889), entre dezembro
de 1851 e fevereiro de 1852, ocorreu, em várias cidades e vilas da Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Ceará e Sergipe, um movimento popular armado conhecido como Revolta do Ronco
da Abelha (Paraíba) ou Revolta dos Marimbondos (Pernambuco). Essa revolta foi mais
intensa nas províncias de Pernambuco e Paraíba e ficou assim conhecida devido aos sons que
os revoltosos faziam, semelhantes aos de uma abelha.
Encontra-se o motivo dessa revolta em dois decretos imperiais de junho de 1851, o 797 e
o 798, cujo objetivo era instituir o primeiro Censo Nacional e o Registro Civil de Nascimento e
Óbitos. Ou seja, D. Pedro II, tentando implementar ideias modernizantes no Estado brasileiro,
queria realizar um controle demográfico, cadastrando o número de nascimentos e mortes do
país. O decreto 797 estabelecia o Censo Geral do Império, para realizar a contagem da
população; e o 798 obrigava todos os brasileiros a fornecer nas paróquias locais seus dados
pessoais, como data e local de nascimento, filiação, estado civil e cor da pele.
Esse Censo geraria informações importantes para o Estado organizar a mão de obra no
Brasil após o fim do tráfico negreiro em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós, pois necessitava
saber qual era o número de trabalhadores em potencial no país. Registrar e contar eram
medidas que procuravam mapear os recursos humanos do Império.
Contudo, a implementação dos decretos foi ressignificada pelo imaginário da população
mais humilde como uma tentativa de escravizar os mais pobres da região, tanto negros como
brancos. O contexto do Brasil à época é importante para entendermos o fato, pois o fim do
tráfico negreiro para o país ocasionou a falta de mão de obra disponível. Assim, o povo não sabia
como o governo conseguiria encontrar mais mão de obra e, por isso, perguntava-se: “E se o
império quiser escravizar brasileiros pobres, negros e pardos?”.
O juiz de paz de Santo Antão,
Pernambuco, chegou a escrever: o
motivo pelo qual o povo se ostenta tão
descontente e ameaçador é porque diz
que (os decretos) têm por fim escravizar
seus filhos, visto que os ingleses não
deixam mais entrar africanos (no
Brasil)". O povo acreditava que a
verdadeira intenção de D. Pedro II era
identificar quem eram as pessoas livres e
pobres para transformá-las em novos
escravos.
Por esse motivo os decretos
receberam o apelido de “Lei do
Imagem representando os manifestantes na Cativeiro” ou “Lei da Escravidão”. O
Revolta do Ronco da Abelha, 1851-1852. Fonte: povo, com medo e reagindo a tais boatos,
https://bityli.com/8W3FF. começou a se organizar. Um exemplo foi
quando, armados de foices, enxadas e
espingardas, atacaram prédios públicos (como delegacias e prédios do Poder Executivo)
gritando palavras de ordem como “abaixo a lei, morra o governo”. Outra articulação aconteceu
em Pernambuco no dia primeiro de janeiro de 1852, quando o povo invadiu a igreja Matriz de
Pau D’Alho, sob a liderança de João dos Remédios (possivelmente um benzedor ou alguém que
conhecia tratamentos com plantas), para arrancar das paredes avisos sobre os decretos.
Algumas vezes chegavam a ameaçar de morte funcionários públicos e até integrantes de
forças de segurança, tomando povoados e vilas. Isso aconteceu em Limoeiro, Pernambuco,
quando foi ocupada por cerca de 500 pessoas, Guaranhuns por 300 e Jaboatão por 400 pessoas
armadas. Na Paraíba, em Bananeiras, mulheres armadas de pedras esperavam que nas missas
se lesse a lei para atacarem-nas para, assim, começar os tumultos. O chefe de polícia da Paraíba,
não contendo seu espanto, teria exclamado: “até as mulheres?”.
O clima de medo e desespero se espalhou entre as autoridades, delegados, juízes de paz,
presidentes de província e senhores de engenho de várias províncias do Nordeste. Alguns
membros do clero, especialmente padres e missionários de ordens religiosas, aproveitaram o
movimento para também criticar os decretos, pois a igreja perderia importância, uma vez que
o batismo simbolizava o registro da pessoa e a certidão de óbito era obtido, igualmente, por
meio dela. A partir desse decreto imperial, os cartórios cíveis começariam a fazer o registro de
nascimento e de óbito. Quem ficaria, a partir de então, responsável pelos registros de
nascimentos, casamentos e óbitos seria o “juiz de paz”.
Acredita-se que o nome associado ao ruído parecido a um enxame de marimbondos tenha
surgido quando a multidão de homens e mulheres livres e pobres dessas províncias marchavam
para rasgar editais de leis afixados nas portas das igrejas ou para invadir engenhos e delegacias
exigindo a suspensão das mesmas. Na Paraíba o movimento chegou em cidades como Ingá,
Alagoa Grande, Alagoa Nova e Campina Grande, promovendo grande resistência popular contra
os decretos impostos pelo governo imperial.
Cabe destacar que, apesar de documentos oficiais classificarem os participantes do
movimento como “povo mais miúdo” “vagabundos”, “mais ignorante”, “gente da última ralé”,
ou “sem nenhuma importância social ou política, eles não podem ser rotulados como ignorantes
ou fanáticos, alheios às discussões políticas, pois possuíam objetivos claros: não queriam que
os decretos fossem colocados em prática e não engoliam as explicações das autoridades.
Quando se juntavam protestavam nas praças locais, contestavam a ordem vigente, reclamavam
dos impostos cobrados e gritavam por liberdade. Queriam e faziam ser ouvidos, dialogando com
os poderes instituídos.
Devido à grande pressão popular e à violência das ações, no dia 29 de janeiro de 1852 o
governo revogou os decretos. O Registro Civil ficou vigente por 29 dias e o Censo previsto para
julho daquele ano não saiu do papel. Somente 20 anos depois, em 1872, o país teve seu primeiro
Censo realizado, contabilizando 9,9 milhões de pessoas: 1,5 milhão destas eram escravas
(15%).
A Revolta do Ronco da Abelha mostrou a desconfiança da população pobre do Brasil em
relação ao império, muito disso devido às pouquíssimas mudanças sociais promovidas após a
independência em 1822: a escravidão continuou, o povo estava afastado da vida política, da
educação e da saúde, as terras permaneceram nas mãos de poucos, enfim, as estruturas de
poder que promoviam a desigualdade social e a miséria do povo brasileiro foram mantidas.

O Ronco da Abelha: 1851-1852


Fatores:
➢ Decretos Imperiais 797 e 798 (censo geral, registro de nascimento e de óbito).
➢ Crença populacional de que o governo queria escravizar os pobres.
Características:
➢ Resistência popular (homens, mulheres e crianças).
➢ Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe.
➢ Revogação dos decretos 797 e 798.

EXERCÍCIOS
1. (2014 Banca: IBFC Órgão: PM-PB Prova: IBFC - 2014 - PM-PB – Soldado da Polícia Militar
Combatente) O movimento popular ocorrido entre dezembro de 1851 e fevereiro de
1852, que envolveu vilas e cidade de cinco províncias do Nordeste, ficou conhecido como
Revolta do Ronco da Abelha. Os incidentes foram provocados por dois decretos
imperiais, de junho de 1851, que são:
(A) Decretos 796 e 797.
(B) Decretos 797 e 798.
(C) Decretos 798 e 799.
(D) Decretos 795 e 796.

SOLUÇÃO RÁPIDA - GABARITO B


Encontra-se o motivo dessa revolta em dois decretos imperiais de junho de
1851, o 797 e o 798, cujo objetivo era instituir o primeiro Censo Nacional e o
Registro Civil de Nascimento e Óbitos. O decreto 797 estabelecia o Censo Geral do
Império, para realizar a contagem da população e o 798 obrigava todos os
brasileiros a fornecer, às paróquias locais, seus dados pessoais como data e local de
nascimento, filiação, estado civil e cor da pele.

SOLUÇÃO COMPLETA - GABARITO B


Menos de dois anos depois da Revolução Praieira, tivemos mais uma revolta
nas províncias do Nordeste. Durante o Segundo Reinado do Brasil (1840 – 1889),
entre dezembro de 1851 e fevereiro de 1852, ocorreu, em várias cidades e vilas da
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe, um movimento popular armado
conhecido como Revolta do Ronco da Abelha (Paraíba) ou Revolta dos Marimbondos
(Pernambuco). Foi mais intensa nas províncias de Pernambuco e na Paraíba e ficou
assim conhecida devido aos sons semelhantes aos de uma abelha que os revoltosos
faziam.
O motivo para o começo dessa revolta foram dois decretos imperiais de junho
de 1851, o 797 e o 798, cujo objetivo era instituir o primeiro Censo Nacional e o
Registro Civil de Nascimento e Óbitos, ou seja, D. Pedro II, tentando implementar
ideias modernizantes no Estado brasileiro, queria realizar um controle demográfico,
cadastrando o número de nascimentos e mortes do país. O decreto 797 estabelecia
o Censo Geral do Império, para realizar a contagem da população; e o 798 obrigava
todos os brasileiros a fornecer, às paróquias locais, seus dados pessoais como data
e local de nascimento, filiação, estado civil e cor da pele.
Esse Censo geraria informações importantes para o Estado organizar a mão de
obra no Brasil após o fim do tráfico negreiro em 1850 com a Lei Eusébio de Queirós,
pois necessitava saber qual era o número de trabalhadores em potencial no país.
Registrar e contar eram medidas que procuravam mapear os recursos humanos do
Império.
Contudo, a implementação dos decretos foi ressignificada pelo imaginário da
população mais humilde como uma tentativa de escravizar os mais pobres da região,
tanto negros como brancos. O contexto do Brasil à época é importante para
entendermos o fato, pois o fim do tráfico negreiro para o país ocasionou falta de mão
de obra disponível. Assim, o povo não sabia como o governo conseguiria encontrar
mais mão de obra e, por isso, perguntava-se: “e se o império quiser escravizar
brasileiros pobres, negros e pardos?”.
2. (UPENET IAUPE 2016) A rica literatura sobre a Insurreição Praieira ensina que sua
história tem início na década de 1840, quando apareceu, em Pernambuco, uma
dissidência do Partido Liberal, mais conhecida pelo apelido de “Partido Praieiro”.
CARVALHO, Marcus J. M. de. Os nomes da Revolução: lideranças populares na
Insurreição Praieira, Recife, 1848-1849. Revista Brasileira de História, São Paulo, V. 23,
nº 45, pp. 209-238, 2003. (Adaptado) Esse movimento insurrecional teve como
principal(ais) característica(s) sociopolítica(s) a
(A) configuração de um movimento militar de caráter republicano.
(B) defesa da emancipação do Brasil com o apoio dos comerciantes.
(C) batalha pelo fim do regime escravista e a liberdade de imprensa.
(D) manutenção do poder das elites e a repressão aos comerciantes.
(E) luta contra oligarquias locais e certa influência do socialismo utópico.

SOLUÇÃO RÁPIDA - GABARITO E


Lutando contra as oligarquias locais (latifundiários como a família Cavalcanti)
os praieiros foram influenciados pelos socialistas utópicos europeus do século XIX,
como: Pierre-Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier.

SOLUÇÃO COMPLETA - GABARITO E


A Revolta dos praieiros não foi um movimento militar, mas um movimento
político que lutava contra as oligarquias locais (latifundiários como a família
Cavalcanti), as elites, que exerciam seu poder na província de modo absoluto e
agressivo. Esse monopólio provocou grande insatisfação e revolta de uma parcela
de senhores de engenho e de uma parte do grupo dos liberais mais radicais.
Em 1842, membros da elite intelectual do Recife, excluída do poder político,
fundaram o Partido Nacional Pernambucano, que agregou integrantes do Partido
Liberal, dos liberais radicais, republicanos e socialistas. O partido divulgava suas
ideologias políticas por meio de um jornal, o Diário Novo, com sede na rua da Praia
e, por isso, ficou conhecido como “Partido da Praia”. Em janeiro de 1849, lançaram
um documento chamado Manifesto ao Mundo, defendendo: a liberdade de
imprensa, voto livre e universal (sem exigência de renda mínima), a extinção do
poder moderador e a separação dos poderes, expulsão dos portugueses,
organização federativa e liberdade de expressão.
Cabe destacar que os praieiros foram influenciados pelos movimentos
liberais europeus, que na década de 1840 lutavam pelo fim dos governos
autoritários em vários países, como o da França. Como possuem socialistas entre os
seus participantes, também foram influenciados pelas ideias dos socialistas utópicos
europeus do século XIX, como: Pierre-Joseph Proudhon, Robert Owen e Charles
Fourier. Entretanto, os integrantes do movimento não manifestavam nenhum
questionamento quanto ao trabalho escravo.

3. (ENEM-2009) No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia


Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava “uns pós não sabe de quê, e
outros pós de osso de finado, os quais pós ela confessante deu a beber em vinho ao dito
seu marido para ser seu amigo e serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-
lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas e que os diabos lha
ensinaram”. (ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade
urbana colonial. Brasília: UnB/José Olympio, 1997.). Do ponto de vista da Inquisição:
(A) o problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação, que acabava por
enganar o enfeitiçado.
(B) o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja e somente a justiça do
fogo poderia eliminá-lo.
(C) os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram condenados porque
afetavam a saúde da população.
(D) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram perceptíveis suas
tendências feministas.
(E) os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo exclusivamente
aos ensinamentos da Igreja.

SOLUÇÃO RÁPIDA - GABARITO E


O caso em questão demonstra a utilização de feitiçaria para melhorar um
casamento. Essas “feitiçarias” ou “mágicas” eram relacionadas ao demônio e,
portanto, altamente condenáveis pela Igreja Católica. Denúncias sobres sua
utilização aos inquisidores que visitavam o Brasil Colonial eram comuns. Para a
Igreja Católica, o casamento é um sacramento, logo, encoberto de orientações
doutrinais, de seus dogmas.

SOLUÇÃO COMPLETA - GABARITO E


A Inquisição Medieval (Tribunal do Santo Ofício) foi criada pela Igreja Católica
na Europa do século XII, com objetivo de perseguir quem discordasse dos princípios
e dogmas do catolicismo ou desrespeitasse suas práticas e escritas sagradas, como
os dez mandamentos. Quem o fizesse ficava conhecido como Herege. O
procedimento da Inquisição para aqueles que eram identificados como hereges era
dividido em etapas: perdão, delação, interrogatório, julgamento e execução.
Nas colônias do “Novo Mundo” a prática foi utilizada para que o povo se
tornasse obediente à fé católica, controlando-o com rédea curta, principalmente os
cristãos-novos (judeus). No Brasil a Inquisição atuou durante o período colonial por
quase 200 anos. Seus representantes eram as autoridades eclesiásticas locais, que
tinham liberdade de identificar casos de desobediência aos dogmas católicos,
realizar investigações e prender os suspeitos, que eram enviados a Lisboa, onde o
processo era concluído. Assim, não tivemos uma sede da inquisição na colônia, mas
ela mostrava todo seu poder quando enviava inquisidores para realizarem “visitas
pessoais” em várias capitanias.
Temos três visitações mais importantes no Brasil: a primeira passou por Bahia,
Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, entre 1591 e 1595; a segunda, de 1618 a 1621,
foi à Bahia; a terceira, de 1763 a 1769, ao Grão-Pará e ao Maranhão. Dentre os
principais objetivos e alvos de perseguição dos inquisidores no Brasil podemos
destacar: prevenção das heresias (práticas contrárias à fé católica); envio de
manuais de orientação; controle da vida cotidiana; tentativa de controle da
sexualidade (sexo somente entre casados e voltado somente à reprodução); analisar
acusações da prática do judaísmo (novos-cristãos, que eram perseguidos e
obrigados a se converter ao catolicismo para escaparem da inquisição); perseguir
praticantes de Heresias: recitar orações (superstições); perseguir sodomitas
(praticantes de relações homossexuais à época); analisar a sexualidade ilícita (eram
heresias: masturbação, prostituição, sexo por prazer etc.).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CÂMARA, Leandro Calbente. História. São Paulo: FTD, 2018

CAMARGO, Rosiane; MOCELLIN, Renato. História em debate. São Paulo: Editora do Brasil,
2013.

CORDEIRO, Lysvania Vilela. História: ensino médio. Curitiba: Positivo, 2016.

DINIZ, Leandro. Contar é preciso: as resistências ao recenseamento na Paraíba oitocentista. In:


XVII Encontro Estadual de História – ANPUH-PB. v. 17, n. 1, 2016.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. História: sociedade e cidadania. São Paulo: FTD, 2013.

OLIVEIRA, Maria Luiza de. O Ronco da Abelha: resistência popular e conflito na consolidação do
Estado nacional, 1851-1852. Disponível em
http://www.revistas.usp.br/alb/article/viewFile/11610/13379. Acesso em 20/05/2020.

SAAVEDRA, Renata. Recenseamento e Conflito no Brasil Imperial: o caso da Guerra dos


Marimbondos. Disponível em
http://www.revista.ufpe.br/revistaclio/index.php/revista/article/viewFile/444/440. Acesso
em 21/05/2020.

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