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No ano de 1542 a Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora de Guadalupe apareceu

ao índio Juan Diego, essa aparição também marca notadamente o catolicismo na américa
Latina, pois com a aparição da Virgem sobrepõe-se o culto cristão ao culto asteca, tendo
características mestiças, com a sua cor morena Nossa Senhora é acolhida pelos indígenas e
com isso eles se sentiram pertencentes ao mundo cristão. Vale ressaltar, que as autoridades
religiosas logo de início rejeitaram o episódio da aparição, porém, logo depois reconheceram
e difundiram a devoção entre os indígenas.
Segundo o historiador, os espanhóis também acreditaram na história da aparição,
como se sabe na Europa já havia cultos consolidados e com o evento de Guadalupe se viu um
sinal de que a cristianização daquele povo estava acontecendo e chegaram à compreensão de
que eles eram todos abençoados, dessa forma, elegeram a Virgem como sua padroeira, assim
como também os indígenas viram em Maria uma mãe que apareceu a eles. É notório como em
todo o continente Latino-Americano há fortemente o culto mariano, uma das características
do catolicismo mais forte na América.
Como a evangelização era comandada pela coroa, os reis estabeleceram regras para a
catequização, então, a cada encomienda, exigia-se do colonizador que investisse na
evangelização dos índios daquela área. Com a chegada dos religiosos, em especial, frei
Bartolomé de Las Casas e Frei Toribio Bonavente, o Motolinía, ficaram bastante conhecidos
por suas ações religiosas, políticas e por terem escrito crônicas sobre histórias vividas na
época e sobre o povo, essas crônicas serviram como fontes de informações sobre a época,
principalmente sobre os costumes indígenas, é importante ressaltar, que toda informação
perpassava sobre a ótica religiosa dos padres.
Nesse período colonial o que ficou marcado também foi a dissenção teológica entre
Bartolomé e de Las Casas e os religiosos franciscanos, de Las Casas defendia que o
cumprimento da missão estava ligado a uma conversão de fato, e para tal feito era preciso a
evangelização dos indígenas e ensiná-los as crenças cristãs, já pelos franciscanos que eram
influenciados pelo milenarismo e acreditavam na iminência do fim do mundo, queriam que se
administrasse o sacramento do batismo ao maior número de pessoas, onde ocorreu uma
disputa teológica para saber se um batismo foi válido sem a cerimônia e sem os rituais
prescritos pela Igreja.
Bartolomé nasceu em Sevilha entre 1484 e 1485, ficou bastante conhecido por suas
obras e pela sua luta em favor dos indígenas, era chamado de “o grande apóstolo das
Américas”, por Simón Bolívar. Ao chegar na América em 1502, de Las Casas era
encomendero, possuía índios que trabalhavam em suas terras, mas depois de ouvir o discurso
do frei Antonio de Montesinos em defesa dos índios, ele passou a defender o povo indígena
ferrenhamente, renunciou sua encomienda em 1514. Vale ressaltar, que a luta do religioso por
meio de denúncias gerou várias contendas, havia ganhado uma área para praticar uma
conversão pacífica, mas o processo foi fracassado, pois os espanhóis sabotaram esse projeto
por medo de perderem suas encomiendas.
Bartolomé depois dos seus fracassos ingressou na ordem dos dominicanos, com o
apoio da instituição conseguiu ganhar uma causa pelos indígenas no ano de 1540 quando
retornou para Espanha, criou algumas leis, em 1542 aplicou-se a lei que proibia as
encomiendas na América, mas não foram obedecidas adequadamente, então ele reivindicou
novamente para que a lei fosse cumprida, com isso, foi nomeado bispo de chiaps, mas seu
bispado durou por pouco tempo devido algumas orientações que ele fez não foram acolhidas
pelo povo local, renunciou o bispado em 1547, retornou para a Espanha e em 1550 e 1551
participou de um debate teológico sobre a justiça ou não da guerra contra os indígenas na
América, em Valladolid.
O frei Toríbio de Benavente, o Montolinía, era da ordem dos franciscanso, escreveu
muitas cartas, a mais famosa é a carta al emperador, endereçada a Carlos V, ele manifestou na
carta suas divergências com de Las Casas, pois ele não concordava com as denúncias de Las
Casas, a preocupação de Motolinía era com a idolatria dos indígenas, então, sua intenção era
extirpar os costumes indígenas para que o catolicismo prosperasse na América. Segundo o
autor seria anacrônico cobrar do frei Toríbio que naquela época tivesse o princípio de
tolerância e liberdade religiosas que se defende atualmente.
Percebe-se que não há como dissociar a colonização da América Latina da religião
católica, sabe-se que além de uma conquista militar e material, houve uma conquista
espiritual, onde houveram várias formas de conversão ao cristianismo, pois foram vários os
sujeitos e diferentes ordens que atuaram nesse processo, cada um ao seu modo, no entanto,
não se pode falar em conversão absoluta, porque quando os europeus chegaram nas américas
o povo já tinha seus costumes e crenças, se percebe que do ponto de vista histórico houve sim
uma troca e assimilação de cultura tanto dos clérigos, quanto dos fiéis.

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