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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE GUARATINGUETÁ SP.

Autos n.º 0001619-86.2020.8.26.0220

VITOR FRIGINI LUCHI, brasileiro, seminarista, portador do


RG sob o n.º MG 17522994, e inscrito no CPF sob o nº 107.846.847-82, residente e
domiciliado na Fazenda Belém à Rodovia Municipal Estrada dos Pilões, s/n, Bairro Córrego
Manso, Guaratinguetá-SP, tendo como seu endereço Postal a Caixa Postal 525, CEP 12511-
970, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, representado pelo seu advogado
constituído, que esta subscreve, apresentar

MANIFESTAÇÃO À CONTESTAÇÃO

a qual faz pelas seguintes razões fáticas e de direito:

I. DO PROCURADOR

Inicialmente, conforme procuração acostada aos autos, requer-se


que as intimações sejam feitas em nome do procurador, Renato Januário Naldi Junior,
inscrito no CPF sob o n.º 382.827.468-43, devidamente registrado na OAB/SP sob o nº
429.476, com escritório na Praça Doutor Benedito Meireles, n.º 17, apto 81, na cidade de
Guaratinguetá, estado de São Paulo, integrante da Sociedade de Advogados Renato Naldi
Advogados Associados, devidamente registrada na OAB/SP, sob o n.º 35.351, e-mail
advogadosassociados@renatonaldi.com.br requerendo que seja feita a respectiva
anotação nos autos e demais sistemas que se fizerem necessários, na qualidade de patrono
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do requerente.

Praça Doutor Benedito Meirelles, n.º 17, apto 81


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II. DA JUSTIÇA GRATUITA

A parte autora não possui condições de arcar com as despesas do


processo, sendo insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas
processuais, inclusive no recolhimento de eventuais custas recursais e honorários
sucumbenciais; uma vez que, conforme já demonstrado nos autos, é missionário e membro
em formação da Ordem dos Cônegos Regulares da Santa Cruz, no Mosteiro Belém desta
comarca, não auferindo renda para as suas atividades.

Destarte, o demandante ora formula o pleito de gratuidade da


justiça, o que faz por declaração, sob a égide do art. 99, § 4º c/c art. 105, in fine, ambos do
CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado.

III. DA VEROSSIMILHANÇA DOS FATOS

A verossimilhança dos fatos apresentados, inicia-se com as


informações apresentadas aos autos da própria ré, em contestação de fls. 27-33.

Em fls. 27-28, a mesma afirma existir um contrato de n.º 15242837,


cujo trata-se de acordo cadastrado em 16 parcelas de R$ 121,39 como o vencimento da
primeira parcela para o dia 21.02.2019, e que, por um erro (confesso) da requerida, os
boletos das parcelas foram entregues no próprio endereço da instituição, e não no
endereço do requerente, não trazendo-lhe publicidade da inscrição.

Portanto não há que se falar em ausência da verossimilhança dos


fatos!
O que se pretende demonstrar é exatamente que houve o
cadastramento deste débito, enviado os boletos para outro endereço, e negativado o nome
do requerente sem que o mesmo tivesse acesso a qualquer informação. Ou seja, o autor
nunca tivera ciência deste contrato ou recebera o acordo demonstrado em
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contestação. Além do mais, tivera negativado SIM o seu nome no Serasa!

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Conforme demonstrado em fls. 8-9, o contrato de n.º 15242837
estava, a data da consulta, com apontamento no Serasa, fazendo, além de outros
prejuízos, como baixar o score do requerente ou sofrer com a eminência de não
conseguir concluir o noviciado, abalos de cunho emocional e psicológico.

Insta ENFATIZAR que o autor é missionário voluntário, membro


em formação da Ordem dos Cônegos Regulares da Santa Cruz, no Mosteiro Belém desta
comarca, sendo vígil no tocante ao zeloso cumprimento de seus deveres legais.

Apesar do ônus da prova ser invertido, diante das respostas dos


ofícios apresentados em fls. 21-24, há que se salientar os áudios das gravações entre as partes
apresentados e depositado neste juízo, conforme certidão de fl. 3.
Requer, respeitosamente, que Vossa Excelência escute os áudios,
especificamente o áudio nomeado como 05-04 tentativa 2 realizada parte 2 Itaú, no
minuto 16, onde a atendente é incisiva ao afirmar o seguinte (áudio transcrito):

Em sistema nós contemos dois tipos de contratos: um que já


foi baixado que era em relação ao cartão ponto frio, ao qual o
senhor entrou com uma ação, e já foi inclusive finalizada. A
obrigação de fazer do banco já foi cumprida. Então não tem
nenhuma restritiva em relação a este contrato. E o outro que
consta em aberto, ele é referente a uma composição de dívida
de um cartão que seria do Pão de Açúcar 2.0. (sic)

Após pelo requerente ter sido informado que ele não possui
nenhum tipo de cartão, a atendente continuou, em minuto 16:44:

Aqui no sistema consta que essa composição de dívida, ela


teria sido uma proposta, … (não compreendi para
transcrever) devido de 6 parcelas, onde há 42 dias ela consta
em aberto, o valor eu não consigo visualizar (…) Então este
valor é o que consta junto ao apontamento aos órgãos de
defesa do consumidor. Realmente ele já tem a restritiva… (sic)
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Ainda, no mesmo áudio, em minuto 29, a atendente reafirma:

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Como não teve o pagamento deste valor, houve assim então
por consequência a negativação! (sic)

Portanto, inequívoco a verossimilhança dos fatos apresentados pelo


autor com a realidade.
Diante disto, ainda se entender Vossa Excelência ineficaz a prova
apresentada em fls. 3 e os áudios também apresentados aos autos, onde afirma veemente a
atendente estar negativado o nome do autor, requer-se que seja oficiado o Serasa afim de
apresentar um extrato de movimentação do nome do requerente no ano de 2019.

IV. DA EXISTÊNCIA DA PRETENSÃO

Em fls. 29, o réu apresenta a seguinte informação:

O Réu somente tomou conhecimento do problema trazido


nos autos após o ajuizamento desta ação, não tendo a Parte
Autora comprovadamente procurado nenhum dos canais de
atendimento disponibilizados pelo Réu para solução de
conflitos (Agência, Central de Atendimento, Fale Conosco,
Ouvidoria), como tentativa de evitar o litígio.

Mais uma vez é inverídica a informação! Além do requerente ter


conduzido-se a agência bancária em abril de 2019, como demonstra o protocolo em anexo,
ligou inúmeras vezes para o banco a fim de sanar a questão. Mas infrutíferas as tentativas.

Assim, diante PRINCIPALMENTE das gravações apresentadas


a este juízo (fl. 3), é enganosa a afirmação da ré ao afirmar que não conhecia da lide antes do
ajuizamento do presente processo.

V. DA EXISTÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR


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Conforme já apresentado, trata-se de uma negativação indevida.

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Demonstrada, portanto, a ocorrência de tal, com todo acervo probatório apresentado e pode-
se apresentar, diante do ofício supra requerido, o dano moral, além de qualquer outra
afirmação que possa-se fazer, é presumido. Este entendimento é pacificado na doutrina e
jurisprudência, fazendo-se desnecessário quaisquer fundamentações, tratando-se de dano “in
re ipsa”.

Ademais, importante sublinhar que o requerente é membro em


formação da Ordem dos Cônegos Regulares da Santa Cruz, no Mosteiro Belém desta
comarca. Sua relação com a religião é regida, entre outros cenários, pelo Código
Canônico.

Portanto, apesar de demonstrado o abalo que trouxe essa situação à


vida do requerente, apresentando os áudios e demais provas colacionadas ao processo, no
Código Canônico 1983, no Capítulo III “Da admissão dos candidatos e da Formação dos
membros” no Artigo I “Da admissão ao noviciado”, é determinado:

644 Os Superiores não admitam ao noviciado clérigos


seculares sem primeiro terem consultado o Ordinário dos
mesmos, nem os endividados que não sejam capazes de
saldar as dívidas. [g.N]

Portanto, além de tudo que é presumido e demonstrado, o autor


ainda sofre a premissa de não conseguir formar-se e cumprir a sua missão, objetivo de sua
vida, que é servir a Deus.

VI. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

É inconteste que a demandada se enquadra na classe de fornecedora


de serviços (CDC, art. 3º). Igualmente a demandante se ajusta à categoria de consumidora,
porque a mesma é destinatária final dos serviços/produtos (CDC, art. 2º).

Por conta disso, há inegável relação de consumo.


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Portanto, vencida a questão consumerista, é indiferente se há
conduta culposa do fornecedor, existindo defeito na prestação do serviço (CDC, art. 14).
Assim, configura-se a teoria da responsabilidade civil objetiva.

Não podemos perder de vista que, uma vez sendo a relação jurídica
entre as partes consideradas de consumo, incide, óbvio, as normas do Código de Defesa do
Consumidor. Abre-se, por isso, a responsabilidade objetiva da Ré.

Insta transcrever as lições de Fábio Henrique Podestá:

Aos sujeitos que pertencerem à categoria de prestadores


de serviço, que não sejam pessoas físicas, imputa-se
uma responsabilidade objetiva por defeitos de segurança
do serviço prestado, sendo intuitivo que tal responsabilidade
é fundada no risco criado e no lucro que é extraído da
atividade. “(PODESTÁ, Fábio; MORAIS, Ezequiel;
CARAZAI, Marcos Marins. Código de Defesa do
Consumidor Comentado. São Paulo: RT, 2010, p. 147). [g.N]

Importa destacar o precedente jurisprudencial:

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. RELAÇÃO DE


CONSUMO. AUSÊNCIA DE CONTRATO. CARTÃO
DE CRÉDITO. DÍVIDA INEXISTENTE.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INSCRIÇÃO
INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA.
INVERSÃO DO ÔNUS. PROVA NEGATIVA. DANOS
MORAIS CABÍVEIS. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Apelo
próprio, regular e tempestivo. 2. Recurso interposto pela
instituição financeira ré em que alega a legitimidade da
contratação e dos débitos em questão, dos quais teriam
originado a negativação do nome da parte recorrida, tendo
agido sob o manto do exercício regular de direito. Requer a
improcedência dos pedidos iniciais e, subsidiariamente, a
redução do valor fixado a título de reparação pelos danos
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morais. 3. A relação jurídica estabelecida entre as partes é de

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natureza consumerista, devendo a controvérsia ser
solucionada sob o prisma do sistema jurídico autônomo
instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n.
8.078/1990). 4. O art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor preconiza que “o fornecedor de serviços
responde independentemente da existência de culpa, pela
reparação de danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços (...)”. 5. A responsabilidade
civil dos fornecedores de serviços, a cujo conceito se amolda
a instituição financeira é objetiva e solidária, fundada no risco
da atividade desenvolvida, conforme arts. 14 do CDC e 186 e
927 do CC, não se fazendo necessário perquirir acerca da
existência de culpa. Em caso tais, basta a comprovação do
liame de causalidade entre o defeito do serviço e o evento
danoso experimentado pelo consumidor, cuja
responsabilidade somente poderá ser afastada nas
hipóteses de força maior, eventos imprevisíveis,
inexistência do defeito e culpa exclusiva do ofendido e
de terceiros. 6. Dos autos, consta que o nome do autor fora
inserido no cadastro de inadimplentes, por força de dívida
contraída em cartão de crédito vinculado à instituição
financeira ré, ora recorrente. 7. De acordo com a distribuição
ordinária do ônus da prova (art. 373 do CPC), cabe ao autor
a comprovação dos fatos constitutivos de seu direito e, ao réu,
a demonstração dos fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos. 8. Diante da verossimilhança das alegações
apresentadas pelo autor, no tocante a inexistência de contrato
firmado com a instituição financeira ré, ora recorrente, cabível
a inversão do ônus da prova, pois impossível ao consumidor
comprovar fato negativo. 9. Com efeito, a inversão do ônus
da prova, consagrada no art. 6º, VIII, do CPC, opera-se
no ambiente processual onde o consumidor não tem
acesso aos meios de prova necessários e suficientes à
demonstração do dano causado, como sói ocorrer no caso
dos autos, em que competia ao réu, ora recorrente, colacionar
o contrato entabulado entre as partes, ônus, todavia, do qual
não se desincumbiu. 10. E, nesse particular aspecto, a parte
recorrente insiste que o recorrido efetivamente pediu que lhe
fosse liberado o cartão de crédito do qual gerou a
“negativação”. Este, que seria o Cartão Ipiranga Itaucard, no
dizer da recorrente, fora solicitado através de ligação
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telefônica, a qual está em parte transcrita na peça de defesa e


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nos memoriais que recebi em Gabinete, da ilustre Advogada

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da recorrente. Mas a prova da existência desta ligação - com
efetiva solicitação do Cartão Ipiranga Itaucard - não está nos
autos. 11. A transcrição unilateral de um suposto diálogo entre
o autor e um preposto do banco não é suficiente para
comprová-la. Primeiro, porque não se pode concluir que o
contato tenha sido feito realmente pelo recorrido. Segundo,
porque o breve diálogo não diz a qual cartão se refere a
suposta solicitação. Com efeito, o autor/recorrido não nega
ser usuário de outro cartão fornecido pelo Banco Itaú, mas
em parceria com o Extra Hipermercado (não com a Ipiranga),
então a conversa transcrita pela recorrente pode
perfeitamente ter se reportado ao cartão de uso do autor,
persistindo, então, a falta de demonstração pela ré de qualquer
fato extintivo do direito reclamado no bojo desta ação. 12.
Para além de tudo isso, consta na fatura do Cartão Ipiranga
Itaucard um endereço no qual nunca residiu o recorrido, o
que torna ainda mais verossímil a versão dos fatos que ele
sustenta, de nunca haver contratado a aquisição combatida.
13. Diante da não comprovação de eventual negócio jurídico
firmado entre as partes, tocante à aquisição do Cartão
Ipiranga Itaucard, escorreita a sentença que declarou a
inexistência de débito em nome da parte autora. 14. É
pacífica a jurisprudência no sentido de que a
negativação indevida, por si só, viola atributo da
personalidade, porquanto restringe indevidamente o
crédito do consumidor, impondo-lhe a mácula de mau
pagador. Trata-se de dano presumido (in re ipsa), não
havendo que se falar em prova de sua existência, pois
decorre do próprio ato ilícito, nos termos do artigo 14, §
1º, da Lei n. 8.078/90. 15. Apesar do alto grau de
subjetivismo que circunda a fixação dos danos morais, três
fatores contribuem decisivamente para que ela se dê de forma
ponderada, adequada e, sobretudo, justa: capacidade
econômica das partes, gravidade e repercussão do dano e nível
de reprovação do ato culposo. 16. Em atenção aos princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, registre-se que o valor
arbitrado em sentença amolda-se ao conceito de justa
reparação. 17. Outrossim, os juros de mora fluem a partir do
evento danoso, em conformidade com o art. 398, CPC e
Súmula 54, STJ. 18. Sentença mantida. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Condenado o
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recorrente ao pagamento das custas processuais e dos


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honorários advocatícios, arbitrados em 10% (dez por cento)

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sobre o valor da condenação. 19. A súmula de julgamento
servirá de acórdão. (art. 46, Lei 9099/95). (TJ-DF
07266047320198070016 DF 0726604-73.2019.8.07.0016,
Relator: EDUARDO HENRIQUE ROSAS, Data de
Julgamento: 07/11/2019, Primeira Turma Recursal, Data de
Publicação: Publicado no DJE: 18/11/2019. Pág.: Sem Página
Cadastrada.) [g.N]

Uma vez que, nessa situação, o dano é presumido, maiormente face


ao apontamento no SERASA, cabe ao Réu, por isso, tentar comprovar a regularidade nos
serviços ofertados e realizados.

A responsabilidade objetiva apresenta-se como a obrigação de


reparar os danos causados, independentemente de qualquer atuação dolosa ou culposa do
responsável, sendo necessário que tenham acontecido durante atividades realizadas no
interesse ou sob o controle da pessoa responsável.

VII. DO ÔNUS DA PROVA

Portanto, é nítido no presente caso tratar-se de demanda abarcada


pela lei consumerista, onde de um lado temos o Requerente, na figura de consumidor, e de
outro, a Requerida como fornecedora do serviço prestado (artigo 2º e 3º, do Código de
Defesa do Consumidor), sendo certo que a proteção do consumidor está respaldada na
Constituição Federal, em seus artigos 5º, inciso XXXII e 170, V.

Doravante, o CDC reconhece, ainda, a vulnerabilidade técnica,


fática e econômica do consumidor, por meio do disposto em seu artigo 4º. Já o art. 6º, VI da
mesma carta consumerista, por sua vez, assegura a efetiva reparação de Danos Patrimoniais
e Morais e a facilitação da defesa dos Direitos do Consumidor, inclusive com a Inversão do
Ônus da Prova, a seu favor, no processo civil (art. 6º, VIII, CDC). O que, desde já, se requer.

Nas palavras da eminente Ministra Nancy Andrighi do Superior


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Tribunal de justiça (REsp 476.428/SC):


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A relação jurídica qualificada por ser “de consumo” não se
caracteriza pela presença de pessoa física ou jurídica em seus
polos, mas pela presença de uma parte vulnerável de um lado
(consumidor), e de um fornecedor, de outro. É a relação de
desigualdade – seja esta fática, econômica, técnica ou
informacional – que justifica e determina a proteção especial
do consumidor.

Deste modo, o que determina a incidência ou não do Código de


Defesa do Consumidor não é a natureza objetiva do contrato, mas a natureza subjetiva dos
sujeitos: é preciso que se tenha um ou mais fornecedores em um polo e um ou mais
consumidores no outro e, entre eles, um produto ou um serviço, situação que se amolda ao
conjunto fático em exame.

Diante deste contexto, medida impositiva de Direito ao Requerente


é o reconhecimento da relação de consumo, com a consequente inversão do ônus da prova,
dada a vulnerabilidade do autor em face da Requerida.

VIII. DO JULGAMENTO ANTECIPADO

Diante do dano presumido e das provas apresentadas, com ênfase


nas ligações apontadas e da própria confirmação na contestação da ré, cumulado com o
periculum in mora, a luz da fundamentação que se fez, apontando o código canônico e o
prejuízo para o requerente, requer-se o julgamento antecipado do mérito.

Uma vez, que as provas documentais e de áudios produzidas


mostram mais que suficientes à formação do livre convencimento sobre a matéria,
desnecessária é a produção de prova testemunhal.

Prescindível, pois, a produção de outras provas, mostrando-se


suficiente a prova documental já produzida, tanto do requerente quanta da requerida,
que somente afirmou parte do apresentado pelo requerente.
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Assim, a luz dos princípios Constitucionais e Processuais da

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Dignidade da Pessoa Humana e Economia Processual, deve a ré cancelar a cobrança e
arcar com os danos morais requeridos em peça vestibular.

Usando das palavras sempre seguras e sábias do eminente e saudoso


Desembargador Nildo de Carvalho, o qual sempre dizia em suas decisões “OCEÂNICA É
A JURISPRUDÊNCIA”, assim só nos resta trazer decisão que aniquila a matéria objeto
deste litígio, opus citatum:

O magistrado tem o poder-dever de julgar antecipadamente a


lide, desprezando a realização da audiência para a produção
de prova testemunhal, ao constatar que o acervo
documental acostado aos autos possui suficiente força
probante para nortear e instruir seu entendimento. (STJ -
REsp. 66632/SP) [g.N]

Presente as condições que ensejam o julgamento antecipado


da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade, assim
proceder. (STJ - REsp nº 2832/RJ)

Vigora aqui o pedido de julgamento antecipado do mérito, que


assim vem descrito no artigo 355, I do CPC:

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo


sentença com resolução de mérito, quando:
I - não houver necessidade de produção de outras provas.

Theotônio Negrão (Código de processo civil e legislação processual


em vigor. Ed. Saraiva; p. 408 -nota: artigo 330 nº 01) assevera que:

Não pode o juiz, por sua mera conveniência, relegar para fase
ulterior a prolação de sentença, se houver absoluta
desnecessidade de ser produzida prova em audiência.

Pelo acima explanado, visando os Princípios da Razoável Duração


do Processo; Celeridade e da Boa-Fé, é que se requer o JULGAMENTO
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ANTECIPADO DO MÉRITO.
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Não obstante, na remota hipótese de entender Vossa Excelência de
forma diversa data máxima vênia, requer-se a produção de prova oral, através de depoimento
pessoal.

IX. DOS REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer-se:

i. Que todas as notificações, intimações e publicações sejam realizadas


exclusivamente em nome deste patrono, para que cumpra seus efeitos legais;

ii. Que seja concedido ao requerente a justiça gratuita, sendo insuficientes as suas
condições financeiras para arcar com as custas judiciais sem prejuízo próprio;

iii. A inversão do ônus da prova, com fulcro no artigo 6º, inciso VIII do Código de
Defesa do Consumidor;

iv. Que seja reconhecida a responsabilidade objetiva da ré;

v. Que seja julgado antecipadamente o processo para condenar a requerida ao


pagamento de danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

vi. Alternativamente, se entender Vossa Excelência que as provas não são suficientes
para que ocorra o julgamento antecipado, que o Serasa seja oficiado para apresentar
a movimentação completa do CPF do requerente de novembro de 2018 a dezembro
de 2019.

vii. Que seja, também, a requerida condenado ao ônus de sucumbência, arcando com as
custas processuais e honorários advocatícios no importe de 30% sobre o valor da
causa, ou no importe não inferior a 2 (dois) salários-mínimos, vigentes ao tempo da
12

liquidação de sentença.
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viii. Do mais, reitera-se os pedidos elencados na exordial.

Termos em que,
pede deferimento.

Guaratinguetá, 29 de março de 2021.

Renato Naldi Advogados Associados


OAB/SP 35.351

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