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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO/Campus I

Departamento de Letras e Artes/Coordenação do Curso de Letras-Português

Componente Curricular: Literatura Portuguesa da Mod. e Contemporânea


Professor: Diógenes André Vieira Maciel

Aluna: Rideusa Caroline C. Do Nascimento

Avaliação I

Questão 1: Maria Helena Nery Garcez, ao discutir a novela camiliana, aponta como
elemento relevante para a sua análise-interpretação uma imagem potente: a QUEDA,
“que sucede, a vários níveis, ao par de apaixonados e mesmo a alguns dos que os
rodeiam”, adensada mediante um importante traço estilístico – a saber, um
“procedimento aparentemente banal de evitar [...] designar as personagens pelo nome
próprio, buscando diversificar o modo de nomeá-las”. Assim, responda ao que se
pede:

A- Quais as hipóteses críticas (e seus resultados de análise) que a autora levanta


para justificar a produtividade deste recurso na novela?

Resposta:

O romance Camiliano, em especifico “Amor de perdição” apresenta o traço


estilístico da “queda” como nomeia Maria Helena Nery Garcez em sua análise quanto a
obra, que se dá em uma declinação gradativa do princípio ao fim da obra. Garcez nos
apresenta sua interpretação sobre o fenômeno sobre dois importantes prismas que ao
serem analisados dão luz a outros elementos. O primeiro deles que gostaria de aqui
destacar está diretamente ligado com os acontecimentos da própria narrativa, uma vez
que os personagens principais possuem posição social e em virtude do amor de perdição
que sentem passam por uma série de situações que de certo modo os retira destas
importantes posições. Teresa passa de “a fidalga” ou filha do fidalgo para uma
prisioneira de um convento, leia-se aqui prisioneira em virtude de estar em um convento
de clausura e não por vontade própria, mas sim para resistir a vontade de seu pai de
casar-lhe com outro homem. Enquanto Simão passa do filho do corregedor ao
degredado, condenado a morte e mais tarde ao exilio.

Um outro importante ponto apresentado por Garcez deve-se aos nomes dados
aos personagens à medida em que vivenciam determinadas situações, que evidenciam
mais esta característica estilística do autor. De certo modo, os personagens principais
vão sofrendo uma perca da identidade inicial, a princípio são referenciados pelos nomes,
e no caso de Simão (e dos homens da narrativa em geral) também são apresentados
pelas suas ocupações profissionais, agregando um certo valor devido ao posicionamento
social, mas a medida em que vão sofrendo a transição citada anteriormente, a
condenação da prisão e até o degredo, estas posições sociais já não são mencionadas
pois aparentemente não representam mais nenhum valor. Simão que foi filho do
corregedor, estudioso em uma universidade de prestigio em Coimbra, agora nada mais é
que um prisioneiro condenado ao exilio nas índias como um qualquer, e assim é
retratado nos trechos finais da obra, bem como Teresa que passa o resto de sua breve
vida definhando em sua clausura, tornando-se como ela mesmo se intitula um mártir,
em virtude do amor que sente.

B- Como ela explica esta relação estilística, em vista da análise da personagem


Mariana, notadamente no que se refere às suas designações e ao tema da QUEDA?

Enquanto que os personagens principais vão sofrendo uma queda gradativa ao


longo da narrativa, com Mariana ocorre o efeito inverso, a medida em que ela aparece
e influencia na trama vai conquistando o direito de ser chamada pelo nome, até mais
que o personagens principais, e receber até adjetivos como “anjo de misericórdia”.
Como bem coloca Garcez, Mariana é a personagem que mais cresce em dignidade, já
que ela assume um papel de controle sobre suas escolhas, enquanto que Teresa está
aprisionada em um convento não por vontade, mas por pressão de seu pai, Mariana
escolhe ir para o exilio com Simão por vontade e amor, motivos os quais também o
fazem abraçar a morte como sua companheira. Mariana se mostra como uma
personagem de personalidade forte, decidida e o ideal do amor, por lutar até o fim de
sua vida pelo amado.

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