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FALTARAM MUITOS
EM N UREMBERG

Mais de trinta anos transcorreram.


A Cidade de Nuremberg continua asso—'
ciada, na memória dos contemporâ-
neos, ao julgamento dºs crimes de al-
guns dos primipaisrlideres nazistas O
“julgamentº do século ” como foiw
O TREBUNAL DE
chamado Tema sido um julgamento
justo,, & impaijciial, como disse, aliás,
Harry Truman, o homem que pôs fim
à guerra no Pacífico com uma bomba
atômica sobre Hiroxima, iniciando en—
tão () terror nuclear de que somos
vitimas agora? Ou, gomo pensam tan-'
tos, foi um simples tripúdio de vence-
dores contra vencidos?
Estas perguntas capitais, e muitas
outras, o historiador Bradley F. Smith
levanta nesta análise ———- muito mais que
um relato jornalístico —— do Tribunal
de Nuremberg. Convém não. esquecer
que, após as 403 sessões públicas do
Tribunal, começava a “guerra fria“
seguindo-se uma série de conflitos e
agressões, como a invasão da Tcheco- _
Eslováquia pelos tanques soviéticos e
as monStruosidades americanas no
' Vietnã merecedoras de um julgamento
tão aparatoso quanto aquele. Sem es—
_ quecer crimes contraos direitos huma——
nos, contra'a natureZa, contra o futu-
ro, perpetuados ainda hoje em nome '
do “progresso” e da “civilização”. (

O jornalista David Nasser'declarou,


nos seus tempos da revista O Cruzeiro,.
que faltava., alguém em Nuremberg.
Ager-'à diríamos que faltam outros tri-
bunais internacionais desse porte para
julgar muitos criminosos à solta,. Tão '
insensíveis e hediondos quanto os na-
zistas que ocuparam, de novembro de
1945 a outubro de 1946, o banco dos
réus em Nuremberg. .
Livro fascinante, este de BradleyF.
' Smith, pelo que nos faz pensar acerca
da precariedade da juStiça. O Tribunal
de Nuremberg revela,. pela primeira
vez, as intimidades do julgamento, as
pressões e as simpatias contra e—a faVor
de determinados réus, as manobras de
bastidores,. as reações dos juizes — in-
cluindo as anotações pessoais que um
deles fez durante as sessões.
Bradley F. Smith

Tradução de
Henrique de Araujo Mesquita

Livraria Francisco Alves Editora. S.A.


Copyright “1977 by Basic Books, 1110.
Título original: Reaching Judgment at Nufemberg

O autor agradece a permissão de inserir um excerto de “Birds and Fishes”,


in The Beginning and the End and Other Poems, de Robinson Jeffers.
Copyright © 1963 by Steunen Glass. Publicado com a permissão de Ban—
dom House, Inc. Para Helen

Capa: Eugênio Hirsch

Impresso no Brasil
Printed in Brazil

1979

Ficha Catalográfióa
CIP—BRASIL. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

Smith, Bradley F.
8646t O Tribunal de Nuremberg / Bradley F. Smith; traduçãó de Henrique
de Araújo Mesquita. -—— Rio de Janeiro: F. Alves, 1979.

Tradução de: Reaching judgment at Nurémberg


Bibliografia

1. Tribunais de crimes de guerra —-—' Nuremberg“, 1946—1949 I . Título

' CDU -—. 341.64 5 ª


79-0837 ' /341.164/

Todos os direitos desta tradução reservados à


LIVRARIA FRANCISCO ALVES EDITORA S.Aª
Rua. Sete de Setembro, 17'? -—- Centro
20.050 Rio de Janeiro, RJ
SUMÁRIO

Prefácio, XIII

CAPÍTULO 1

A implantação, 3

"CAPÍTULO 2
O Caminho para Nuremberg, 21

CAPÍTULO 3

A Conferência de Londres e () Indiciamento de Nuremberg, 49

CAPÍTULO 4

O Julgamento, '78

CAPÍTULO 5

Decisão I: Conluio, 131

CAPÍTULO 6

Decisão II: Disposições“ Gerais e Organizações Criminosas, 162

CAPÍTULO '?

Veredictos Individuais de Hermann Goeríng & Seyss—Inquart, 189

CAPÍTULO 8

Os Veredictos Difíceis: de Albert Speer & Karl Doenitz, 235

VII
CAPÍTULO 9 AGRADECIMENTOS
As Absolviç-ões: Shacht, Papen, Fritsche, 285

CAPÍTULO 10
&

Conclusão, 318
A preparação deste volume muito deve & historiadores e arqui—
Apêndice 1: Réus e Veredictos, 326 vístas que trabalham em várias instituições e que nos prodigalí—
zaram tempo e ajuda,, especialmente Agnes F. Peterson, da
Apêndice II: Lista Parcial dos Membros dos Grupos de Promotores Hoover Institution, Universidade Stanford; Marina Guptíl, John
Mendelsohn, Edward Reese, William Cunlifíe, Robert Wolfe (che—-
e de Juízes, 327
fe do Setor Militar Moderno) e Patrícia Dowling (Setor Diplomá—
tico), dos Arquivos Nacionais; James Miller e James Hastings, do
Notas, 329
Federal Record Center, Suítland, Maryland; Donald Schewe, da
Biblioteca Franklin D. Roosevelt; Harry Clark e Philip D. Lager-
Ensaio Bibliográfico, 360 quist, da Biblioteca Harry S. Truman; Jon Kepler, da Biblioteca
Dwight D. Eisenhower; Davi-d Crºsgon e Gene Gressley, da Univer—
sidade de Wyoming; Edward Lyon e Carolyn A. Davis, da, Univer—
sidade de Siracusa; D. C. Watt, da, Universidade de Londres; Mary
K., Hembree, Thomas Marvin & John Martín? do Ministério da, Jus——
t-íça. Devo também registrar minha, gratidão a John Men-delsohn,
dos Arquivos Nacionais, pois fºi quem me sugeriu que estudasse
os documentos Biddle abrigados na Universidade de Síracuga.
Várias pessoas gentilmente leram as primeiras versões de mae—
nuscrito, no todo ou em parte, inclusive Rudolph Bínion, Agnes
Peterson, Richard Purvís, John Mendelsohn, Bruce Richardson,
Carole Norton e Helen Jackson. Quero deixar registrado aqui que
lhes sou síngularmente grato. John Mendelsohn e Agnes Peterson
prestaram—me também valiosa assistência no que diz respeito às
ilustrações, e Martin Kessler e Jed Horowitz contornaram e resol—
veram grandes e pequenas dificuldades editoriais.
O que sustentou grande parte da pesquisa foi uma doação do
Fundo em Memória, de Mabel McLeod Lewis,.da Universidade de
Stanford., A Hoover Institution teve a bondade de permitir que
eu lançasse mão de dinheiro que me facultou uma Viagem, vín—
culada & outro projeto, para examinar materiais necessários ao
presente projeto.
A. todos que me assistiram, de uma ou entra, forma, repito aqui
os meus agradecimentos e realço que, se a bondade foi deles, não
há dúvida, de que me cabe a responsabilidade pelo resultado final.

VIII
——- Não, não! -—— disse a Rainha.
—— Primeiro, a, sentença -—-—— depois, 0 veredicto.
—— Bobagem! —— disse Alice.
PREFÁCIÚ

O curso do tempo poderá mostrar que você tem


razão e que eu estou errado.
Juiz ROÓGT'É Jackson, da Suprema
Corte dos Estados Unidos

O futuro pouco se íncomodará com nossas opi—


nioes ——-— certas ou erradas.
General William Donovanl

No dia 20 de novembro de 1945, Sir Geoffrey Lawrence, da


Grã—Bretanha, inaugurou. a primeira das 463 sessões públicas do
julgamento dos principais criminosos de guerra, nazistas pela Tri-
bunal Militar Internacional, em Nuremberg, Alemanha. Quando
Sir Geoffrey deu. por terminada a última sessão, no dia 19 de ou-
tubro de 1946, uma centena de testemunhas fora. ºuvida e milhares
de documentos tmham sido examinados; o Tribunal recebera cer—
tidões com centenas de milhares de assinaturas. O julgamento
durou 10 meses e resultou na absolvição de três homens, na, con—
denação de sete à prisão e de doze à morte na forca, figurando
entre estes últimos um homem julgado in absentia. Proclamou-se
que três organizações nazistas emm criamúnosasª A proporção Que
se acumularam as estatísticas e que vagarosamente se reuniram
as provas que conduziram aos Veredictos e às sentenças, &, maior
parte do mundo tomou. consciência, do que se. passava para acres-
centar & seu vocabulário & expressão “o julgamento de Nurem—
berg”. Quando baixava o pano sobre os trabalhos, já não se duvi—
dava de que, pelo menos para a época em que Vivemos, a cidade
de Nuremberg não...evocaría, em primeiro lugar, a, ópera de Wagner
DieMeisteàºSiàigéàr/º von Niimberg, nem os enormes comícios nazistas
de Hitler: evocaria em nosso espírito O que todos consideramos o
julgamento de criminosos de guerra.
A atenção do público norte—americanº não ficou. magnetizada
pelo julgamento durante “todo o seu desenrolar. Os anºs de 1945 e
1946 assinalaram & transição da guerra para a paz, e animaram
& Vida da maior parte dos norte-americanos com problemas com—
plexos e' interesses novos. O que sucedia, em Nuremberg enfrenta—
va a competição das primeiras vergênteas da “guerra fria” e dos

XIH
primeiros automóveis norte—americanos, com modelos novos, fa.- ram, encontrando, por fim, abrigo em notas de rodapé e em bí—
bricados em quatro anos. Não era possível que o julgamento blíograíías. , .
vencesse essa batalha, especialmente porque do próprio cunho do Nos 15 ou 20 anos que se seguiram a, 1946, o julgamento gozou
sistema processual de Nuremberg emanavam, de forma inevitável, de breves ressurreições de interesse popular e legal. Aqui e ali., no
sessões enfadonhas e repetitivas. O interesse público fulgurou ín— noticiário, aparecia um problema ou um indivíduo associado com
tensamente no começo e no fim dos trabalhos, mas, entre esses Nuremberg; periodicamente, voltavam as Nações Unidas a cogitar
dois momentos, só uma ow outra, vez iluminou-se por ter apare— (ía codificação do “direito de Nurembergª”; o Juiz Jackson morreu
cido uma testemunha muito dramática ou um documento meª em 1954; de temp-os em tempos, corria o boato de que Martín Bor—.
donho. mann, condenado à morte in absentia, aparecera em um ou. outro
lugar do mundo. Vez por outra,, algum editor ou prºdutor de tele-
O mesmo não se pode dizer, no entanto, do interesse nos meios visão deixava chegar à superfície uma epopéia de Nuremberg e
jurídicos: ali o interesse não esmoreceu. Em todo o decurso do jul— esta, por sua vez, provocava breves vagas de reminiscências do
gamento, e durante quase quatro anos após concluído, lavrou na julgamento.
comunidade legal norte—americana,. uma controvérsia viva e, por
Nos derradeiros anos da década de 1960, porém, voltou a'ser
vezes, amarga. Algumas das mais eminentes e respeitadas figuras
mortalmente séria & preocupação com crimes de guerra. Pois os
jurídicas americanas tinham participado do julgamento: Francis
Estados Unidos sofriam então a, “tortura do conflito do Vietnã, e
Biddle, que exercem, o cargo de Procurador Geral dos Estados Uni——
era imediata a importância dos “velhos problemas de Nurembergª“
dos, sentou—se entre os juízes; Robert H. Jackson, da Suprema
quanto à responsabilidade criminal e ao lançamento da guerra de
Corte, foi O chefe da promotoria, norte-americana,; entre os con-
agressão. Debatemm—se calorosamente analogias entre () compor—
selheiros dos membros americanos de Tribunal esteve nada me-
tamento americano no Vietnã e o dos réus ªo tribunal ãe Nurem—
nos que 0 Professor Quincy Wright, um dos luminares do país
em matéria, de Direitº Interna.-cional, Tamo esses homens como berg; as publicações legais ficaram repletas de artigos sobre os
temas da, década, de 1940. Mas já, agora se queria saber também
outras personalidades da equipe de Nuremberg, além de especia»
se o julgamento de Nuremberg não em um precedente para ju].—
listas que n㺠haviam tomado parte no julgamentº, defenderam
gar—se &, política dos Estados Unidos no Sudeste àsiáªcíco, O jul—-
Nuremberg vigorosamente, de viva voz, nas tríbunas ou nas pu“-
gamento que Bertrand Russell. levou a efeitº em Estocolmo conde-+“
blícações legais. Mas também partiram críticas contunâentes ao
julgamento, do seio da fraternidade legal norte—americana __..__.._ n㺠nou & política norte—americana e considerou os dirigentes àos Es—
tados Unidos culpados de crimes de guerra, mas parece que 0 cará—-
apenas dissensão murmurada, em surdina,, comº os rumºres mui.»—
tº propalados e, ae que tudº indica,, corretos, ãe que membros da
âer propagandistico do julgamento foi demasiado evidente para
Suprema, Corte discorªdavam do papel do Juiz âackso-n em Nurem— que as atividades do tribunal. de Estocolmo produzissem qualquer
berg, mas críticas minuciosamente técnicas da lavra de autorida— resultado maispr-ofundo na opinião pública. nortemamerícana. É
evidente que o ponto doloroso no debate norte-americano quanto
des da reputação de um Pro-fessor Hans Kelsen, de Berkeley, Os
ao Vietnã não em Estocolmo: era-Nuremberg. Havia um senti—
debates sobre Nuremberg saltavam das páginas das publicações
mento inquietante de que os líderes norte-americanos pudessem
legais norte-americanas: seriam, na verdade, crimes puníveis por
ser considerados culpados, se a nós fosse] aplicada a lei que se apli-
lei “o lançamento da guerra, de agressão” e a prática de “Crimes
contra a Humanidade”, ou não seriam mais do que palavras sonon cou no julgamento dos líderes nazistas, um quarto de século antesfª
É uma, pena que essa. preocupação não tenha conduzido a um
ras com que os vencedores cobriam o expurgo dos vencidos? Podia
reexame sério do que foram, na realidade, as acusações em Nurem-
um julgamento solucionar“ atrocidades tão ínauditas, sem violar
berg “e" ,as . decísões---dc'Tribunal; antes que o problema do Vietnã
os princípios fundamentais da lei ocidental? 0 que se passava em
Nuremberg podia, ser tido na. conta de um verdadeiro julgamento, caminhasse nessa direção, começou & desinteressar & opinião pú:
ou não passava de uma Vingança. partidária enfeitada com as 'blíca. Pouco tempo depois, fez-se novamente silêncio nas publica—»
ções jurídicas, silêncio que deixou. sem resposta uma pergunta
cores de lei em post facto“?
importante: se Nuremberg levara & algum lugar ou não,
Apesar do fogo que animou essas controvérsias no início, Enquanto o interesse popular e legal em torno de Nuremberg
houve um declínio gradual no interesse em torno de Nuremberg oscilou com & cambiante maré do valor que o julgamento tinha
nos primeiros anos da década. de 1950. Saindo () julgamento do no noticiário, foi completamente diverso o curso que seguiu a
foco da opinião pública, as discussões legais também se abranda—— preocupação dos historiadores com o assunto. Nos anos imedia—

XIV XV
tamente após a II Guerra Mundialb o julgamento constituiu
ria. Só neste momento começam a tornar—se acessíveis muitos
verdadeira, bênção documentária para. historiadores empenhados
dos documentºs essenciais a, uma avaliação do pano devyfundp e do
em compreender a Alemanha nazista e a diplomacia da, década. que ocorria nos bastidores do Julgamento. Embora, nao seja, tão
de 30, Nuremberg em uma mina de que podiam extrair um completa, e tão ampla, quanto se possa desejar, & documentaçao
número enorme de documentos, sem enfrentar as dificuldades e
agora disponível é suficiente para fornecer resposta & multas per—
os segredos com os quais governos nervosos costumam proteger
guntas cruciais e colocar o Julgamento numa nova perspectlva.
registros oficiais de passado recente:. Em resultado, quase tudo
Os estudos prévios tiveram necessariamente de contentar—se em
que se escreveu nos finª da, década, de 50 sobre Os anos do nazis— resumir os autos e as sentenças publicadas ou em tecer genera-
mo foi tributário dos documentos que o julgamento de Nurem—
lizações um tanto grandiosas quanto a princípios legais e inten-
berg divulgou. Sobreveio, então, uma contracorrente: os historia—
dores principiamm & alimentar dúvidas quanto a, esses documen—
ções aliadas. Este é o primeiro estudo que vai mais fundo do
que as sessões públicas do Julgamento, recorrendo a documentos
tos e quanto ao que pretendiam provar.,3 As críticas andavam
até agora, confidenciais dos governos dos Estados Unidos da Amé-
no mesmo passo do ritmo em que se abria, à pesquisa um tesouro
rica e da Grã—Bretanha, e registros das deliberações secretas de
de materiais novos dos cofres dos governos aliados e das multí-
dões de arquivos nazistas capturados e que não haviam sido
Tribunal. Como este livro penetra em território novo, é bom pro-'-
usados em julgamentos de crimes de guerra. Pode—se dizer, pelo porcionar ao leitor uma Visão antecipada dos panoramas que irá
descortinar e de alguns dos proveitos que lhe valerão & viagem.
menos, que há um aspecto irônico no fato de que esses novos
documentos tenham agravado as dúvidas quanto à. fidedignidade Os documentos norte—americanos e britânicos mostram, de
dos documentos de Nuremberg, pois o julgamento e & publici— forma indubitável, que nunca houve um plano ou uma política
dade que cercou. as provas docúmentais ali. apresentadas haviam fixa e bem—definida para Nuremberg. Foi aos tropeções & nue—'
encorajado fortemente os governos aliados a.. divulgar mais ma.—— diante compromissos que os aliados entraram na negociação de
teria]. Não obstante, na altura da década de 60, com exceção um grande julgamento de criminosos de guerra, e nem os líderes
de. um ou outro momentâneo lampejo de atenç㺠despertado governamentais, nem, os promotores apreenderam claramente as
pela descoberta de algum documento extraviado nos arquivos da incertezas inerentes ao empreendimento. Falou-se muito na ne—
promotoria, as provas apresentadas no Tribunal deixaram de re- cessidade de um julgamento, e também houve quem apontasse
presentar um papel central. no estudo histórico. Vinte anos de— possíveis perigos, mas poucos contavam com que Nuremberg-
pois de encerrado o julgamento, os historiadores profissionais abrisse uma caixa, de Pandora tão farta, tão abundante que os
haviam relegado Nuremberg à-gaveta do esquecimento. trabalhos quase fugiram ao controle dos governos. Assim, os
líderes e os promotores aliados mergulharam de cabeça no as-
Só agora, os historiadores estão passando gradualmente a sunto, amontoando pontos duvidosos sobre pontos complexos, até
compreender aquilo que uma parte do público pre-ssentíu o tempº que tudo se tornou de tal maneira confuso que a ordem e a luz
todo: queNuremberg não foi apenas uma fonte de material his- só podiam surgirpor imposição do que estava no alto -—-— isso
tórico, mas um aspecto Vital e absorvente da História contempo— quer dizer que os juízes de Nuremberg, e não os líderes governa-—
rânoaa.4 Basta um momento de reflexão para se perceber que mentais ou os promotores, tiveram, em última instância, de colo-
muitas das fºrças relevantes que model-aram & transição euro— car () caso numa. ordem indispensável para que pudessem re—
péia e norte—americana da guerra para a paz, e da. paz para a digir uma. opinião geral e emitir uma série de veredictos.
guerra fria, apareeeram em gérmen durante o julgamento. As
modificações que a H Guerra, Mundial e suas sequelas provoca— Foi árduo o esforço dos juízes para solucionar, de forma
ram nos valores e na política, norte—americanos transparecem juridicamente ªççítável, os problemas, os verdadeiros enigmas
com inconfundível claridade em Nuremberg. É possível que, ainda colocados "pºr" “acusações como conluio e guerra de agressão, e.
mais do que por isso, o julgamento mereça,” nossa atenção, por outras que íncríminavam organizações nazistas. A opinião geral,
se haver constituído num episódio crucial no esforço que faz o , ou. Decisão do Tribunal, e as considerações escritas com que foi
homem moderno para lidar com a responsabilidade de dirigentes apresentada, corrigiram muitas das fraquezas mais flagrantes e
no desencadeamento de guerras e na produção de atrocidades dos perigos mais ameaçadoras implícitos na decisão que tomaram
em massa. os aliados de submeter os inimigos derrotados &, julgamento.
Quando o Tribunal. se concentrou no caso de cada réu, indi—
Mas a significação de Nuremberg não é o único motivo que vidualmente, voltou & dividir—se com frequência, sendo que muitos
leva agora os historiadores & encarar o Julgamento como Hístó- de seus veredictos e sentenças emergiram de votos arduamente

XVI XVII
disputados e de dares compromissos. Neste volume, é possível ver CAPÍTULO 1
como, na realidade, a Corte de Nuremberg selou & sorte dos 21
réus. Por exemplo, Albert Speer, em seus diários do cárcere, re—
centemente publicados, coloca uma pergunta insistente, & saber,,
por que motivo ele teve de passar 20 anos na, prisão em Slz)a,nólfc1:u...5
Se com isso o que: ele quer, de fato, é saber por que os juízes 0
sentenciaram & 20 anos?—em vez de absolvê-Io, ou «o condenarem à.
morte, ou a outra pena qualquer, tanto ele como o leitor poderão A Implantação
descobrir logo a resposta, pesquisando as páginas que dizem res-—
peito especificamente & Speer neste livro. Lá, Spear descobnrá,
que os juízes britânicos e franceses lhe eram de tal forma, favo—
ráveis que não que-riam mais do que uma sentença simbólica
em seu caso. Os juízes soviéticos, no entanto, pretendiam vê—lo
na forca e, embora o titular, o mais graduado dos juízes norte——
americanos, Francis Biddlez, formasse uma boa impressão da per-
sonalidade de Speer, também esse juiz, de início, tencionava man-
"Sinto—me perfeitamente bem sem advogado.
dá,—10 para fora deste mundo. Albert Speer escapou do carrasco
e foi viver 20 anos em Spandau porque os juízes britânicos-e fran— Rudolf Hessª
ceses concordaram, & título de compromisso, em subscrever uma.
sentença de prisão por “tempo mais longo do que tinham em
mente, persuadindo assim Biddle & abandonar a exigência. de
que o réu fosse executado, e & aceita? uma sentença de prisão
por tempo relativamente moderado.
Como este livro contém infºrmações && mesma espécie nº
tocante a todos os réus, desde Hermann Goering até Franz von
Paper], muit-as das interrogações e dos mistérios que, por mais Não podemos avaliar a decisão em que resultou um julga—
de 30 anos, paíraram como fantasmas em torno do julgamento mentº sem, primeiro, conhecer quem julga, quais são as acasaçõefs
de Nuremberg poderão agora, descansar em paz, Embora esta, formuladas contra os réus e qual 0 sistema legal que se aplica.
parte em sí seja de considerável significação histórica, convém 'É difícil alcançar esse 'Objetivo, chegar a esse conhecimentº,
colocá—l—a num contexto mais amplo e mais significativo. Os mesmo no mais simples, no mais corriqueiro dos julgamentog.
juízes de Nuremberg atuaram mais como:” uma corte nos moldes E claro, portanto, que haverá dificuldades imensas para, tocar o
tradicionais, é tiveram um papel muito mais importante na so— âmago dessas questões no caso de um processo de proporções
lução do problema que lhes foi submetido e nos acontecimentos gigantescas, como o do Tribunal Militar Internacional de Nuremb-
subsequentes do que foi até agora reconhecido. bag.. Mas, se lograrmos resumir o que pode ser tratado com.
almphcldade, seremos entao capazes de chegar às raízes dos
O que se segue, portanto, é a história, desses homens —- o aspectos mais complexos do assunto.
desenrolar do julgamento de Nuremberg Visto da bancada dos
guízes. É relevante, porque muito do que está aqui se fundamenta
ComonãtªVia—júrí em Nuremberg, & própria, Cºrte presidiu
ao julgamento e deu o veredicto. Tecnicamente, designavam—«se os
em material novo que descreve a função decisiva desempenhada
membros da Corte como “membros do Tribunal”, e não comº
pelos juízes, “Etambém uma história, complexa, cheia de decisões juízes, embora este último termo seja, encontrado neste livro?
ligadas a políticas governamentais e de controvérsias jurídicas
por motivo de comodidade. Havia oito membros: um titular e um.
intrincadas. Mas, além disso, e mais do que isso, é a história,
suplente de cada uma das Quatro Potências aliadas vitºriºsag
muito humana de oito homens que tiveram de responder & ques—
na guerra européia. O titular norte—americano, Francis Bíddleª
tões sérias e que o fizeram de uma, forma, que dá a, nós todos mais
cujº papel no julgamento será um aspecm central desta, narrativa,?
motivo dae confiar do que de temer. em um respeitável representante da, &ociedade de Filadélfia; fora,
durante a guerra, o Secretário da Justiça, dos Estados Unid-Gs da

XVIII 3
cºncluídº, dª?/POIS de refletir, que talvez não comíesse acentua?
ªmérica, e ninguém. o desconhecia nos círculos do New DeaZJª-ª e papel dommante dos Estados Unidos no julgarnen'ãaa.Fã Gs nºr-te—
O suplente de Biddle, John Parker, era, figura menos conhecida, amemcançs Çlpham Sião os maiores defensores da idéia, de um
um juiz federal da, Carolina do Norte, cogitado para ocupar um PTOHCGSSO Jªd-10131 para crimes de guerra, e a maior parte das Hasta,»
assento na Suprema. Corte. Parker entendeu como seu dever lagoes e do pessoal que funcionaria no julgamentº lhes pertencia,
assegurar que o julgamento fosse efetuado de forma, aceitável
Pºª-S em nª zona ªmegicana de ocupação na. Alemanha que mãº
pam os membros da àssociação Americana de Advogados.? O se Pªssªvª- ;AS heªtaçoes de Riddle foram fortementê incrementa——
titular britânico, Sir Geªõffrey Lawrence (mais tarde elevado &, ªªi-ªs Pelº Juª-4? dª Sªpfema Corte Robert Jackson, primeira figura,
Lorde Oaksey), pareceu aos norte—americanos uma c-orporifícação na promotºria nºme—americana, homem cuja influência e gas-ãe?
sangúínea, e alegre de John Bull: em nada brilhava mais do que
310 trato dos acºntecimentos quotidianos na saia de sessões. Por
çspelhavam e reªlçavam & forte presença norte-americana nº
julgamepto. Quando Jacksºn instou com Riddle para que este
outrº lado, Nºrman Birkett, suplente britânico, fora. um dos consegu1sse_ (fipe ps francesses votassem em Sir Geoffrey Lawence
maiores advºgados da Inglaterra,, antes de ser promovido à, magísw Pªrª &. preadencm da Corte, Riddle cedeu e concºrdou. Em outubrº
tratam, & se revelou. um redator legaÍ de mão-cheia. O suplente de 1:94:59 (lu-ªmd? ”O Tribunal se reuniu. pela primeira %% em
francês,“ Robert Falco, membro do Tribunal de Recurscas da França,
Bem?“): 95 “1133111098, que se haviam armado para, lutar pela.
mostrºu-se um jurista, capaz, tanto no plenário da Corte como
nas âelíbemções entre,,juízes. O titular francês, Donnedíeu de
presmenma, descobmmm que só os soviéticos queriam ver ªdªga
no posâo; os franceses e O próprio Biddle favoreciam Sê?" Geºffmyg
Vabres, em um, prºfessor de Direito na, Sorbonne; embora se
áesse bem (cºm aas-colegas, pareceu—lhes, amiúde, ser um homem Geoffrey Lawrençe era um homem de temperamentº íácií?
marcadº pe㺠camisa acadêmica? com pouca experiência das coisas ªnª-91103 que, ªª Presaáêncâa revelºu mma remºàâmia em ”imp-Gr
munáanasy e âaâvez insignificante.-'ª Em contraste acentuadº cºm uma. msm-pªm SeVªm & seus cºlegas juízes., às qaaâmaáeg mae &
&SÉG fátima? © suplente sºviéticº, Tenente—Coronel &. F. Vºlchkevy ajudavam emm “talentº para chegar &, am amrdºs âmâepmámâew
exibia meias as cameteúsàâeag && um elementº partidáriº && mmm meme ªª FOMOS ãe “Vista dauwmámos ºu mágicºs? & am emmnm
mim,? mªtramígmm, & muitag vezes perdidº na estmmm Sistema, pessoa]; aque“ çonªêºmava &, maior parte ªºs Cºmum & ressenti—
mªcªcº ºcíáemaí, G titular sºviético? Major—General 1, Te Nikita mentos mevúavels num julgamentº t㺠pmhngaẠ% ,
chamªm? em quase a. antítese de Velchkov: inteligente, senhor de & Lawrence cabe muitº créâím , pela, capaciâaáe ca que %%
“um espírim vim & alegre, compreendia, º sistema ocidental; " _ a Tribun
,.. a]. de funciºnar mansamemes às primeira m últimª ca.
ãe “vez? Nikitchemm áíscordºu da prática, jurídica, dos ací—== ª? 5885095» ªpªsªf dçs muitºs germens de mmpmwções & divagª—
âemtais & defenâeu. vigºrosamente os interesses soviéticºs, mas 91335» Houve? sem duvida,, mmores e prºblemas, . n㺠pôâe
seu sensº; e sua, cºrâiaíidade foram. um dºs maiores recursos evrtar desapontamentº, pºrque perdem, a presidência,, Birkett?
com que contou a. Corte? embora, º esconâessp cuidadosamente dos demais, ficou muitº
magoado porque, primeiro, lhe ofereceram o posto de titular bri—
Fºi pouco, o que ºs acordos, mediante os qúaís as Quatro tamco, mas .de'pms O preteriram' e colocaram Sir Geoffrey am
Potências estabeleceram o Tribunal, previram em matéria, de regras
de procedimento; contudo, impuseram que se elegesse um Presí—
lugªr.? AOS 3111268 porte—americanos e britânicos desorientavam
dente' da, Corte, antes da inauguração do julgamento. O governo mªtªs vezes as I"eªçoes misteriosas dos juízes franceses e soviéticos,
britânico supôs ique Biddle ambicionava & presidência e fez cuida-== pºl? “todos, 88888; tendiam a. encarar ºs problemas e os métºdºs
doses preparativos para. desviá—lo desse objetivo. Os ingleses gurldlcos por prlsmas muito diferentes daquele pelo qual os angle.-
penetraram bem nos desejos de Biddle, mas este último já, havia saxoes 05, encaravam. .Por outro lado, os representantes dos “três
" .. .. " .

Pªº-Sªes omdentals, com freqúência, não compreenáiam º que movia


0? SOVíétICOSf nao sabiam prever sua reação em determinadas
ªº O New Deal, ou “Novo Pacto”, foi a, orientação de cunho politicamente liberal
eda intervenção econômica, do governo na, sociedade, em favor dos desprovidos,- Sltuaçoes. Não ºbstante, durante 10 meses, esses oito hºmens
estabelecida, nos Estados Unidos desde 1933 por Franklin Roosevelt e os homens tengzesj'âgmbalharam juntos e se apreciaram reciprocamente, tantº
que o cercavam. Sua. significação em termos de justiça. pode ser bem carac-
terizada. pela. expressão que "Franklin Roosevelt usou para, definir a distinção, na
no mnterlor dª 0015138 como fora, dela,. No fim, superaram todºs ºs
Suprema, Corte, entre membros conservadores e partidários do New Deal: os
º_onflltos” momentaneos e cumpriram & tarefa que lhes fora con—
primeiros, segundo Roosevelt, eram aqueles preocupados sobretudo com “direitos tadª.—a. Nao se pºqe negar que foi uma. proeza moªsável essa maps-»
da prºpriedade"; e os segundos os que se importavam, antes de tudo, com. os fªçãº, porque Cºm-Cidia. com o começo da guerra fria.
“direitos humanos”, (N. do T.) '
Elªbora Lawrence e G resto da Corte lutassem com os proble— apmião de especialistas jurídicos norte—ªmericanos. Como_ a
mas tremendos com que se defrontavam, poupou—se—lhes pelo menos maioria das figuras políticas, Bíddle tambem usava, um sexjwçe
enfrentar exigências diretas dos Vários governos. Nada diziam ºs de recortes de jornais para manter-se & par do que sentla &
acordos que estabeleceram o Tribunal quanto à independência ou opinião pública, n=0rte—americana_ qua,;ntªq' ao jtztlgargaento.ªLD ;Esses
dependência dos juízes com relação a seus respectivos governºs. arranjos de Bíddle para consegulr opmlaío legal e“ lgformaçap _de
O que os governos britânico e norte—americana presumiram pare-= imprensa mostram, que aquele juiz_ segula & traduçao da pratma
ce ter sido que seus juªzes gozaríam da tradiciºnal autonomia gºvernamental e legal norte—amencana, e que, por outro. lado;,
.judiciária, As provas documentais que existem“ apontam na não alimentava & menor intenção de comportar—se "como Slmples
direção- de que, de fato, os juízes anglo-americanos ficaram isentos executor das vontades dos dirigentes de Washington, No cursa-
de orientações governamentais. Não havia nada, de que Biddle das deliberações do Tribunal, tanto Biddle como Parker demogs—
mais gostasse do que de uma, oportunidade para mostrar que Hamm liberdade, votando e tornando a votar contra, posmoes
era dono do próprio nariz, e há, sinais de que Washington não assumidas pela promotoria norte-americana
queria, meter-se com qualquer um de seus dois represextrta1fltce.'sª
No meio de julgamento, quando 0 Departamento de Guerra norte-« No que diz respeito aos membros britânicos do º'I"rí'gkrutpial,, as
provas documentais disponíveis mostram apenas (1018 mczlzdentes
americano principiou & preocupar—se com uma decisão do Tríbunai
que poderia afetar a sorte do enorme número de membros das marginais em que transparece que seu governo Ihâes deu mstru—
88 e da polícia, alemã,, prisioneiros do Exército americano, 0 cães. Antes da, sessão inaugural em. Berlim, no mes de outubro,
Éírkett e Lawrence receberam esclarecimento-s da pgrtqde fun:
Subsecretário da Guerra., Howard C. Peterson, não procurou apra-»
ªmar-se dos juízes n.ºrtewamerícanos, apelando, em vez disso,
mamários do Foreign Office quanto a, algumas quest'oes lªgadas &
organização && Corte? inclusive à, presidência.,“ Mem. leªn
para Robert Jacksom, o alem da prºmºtoria dºs Estados Unidos mmªteus
dezembrº de 1%5, um representante de Famiglia. Offme
&& '.àn'aértiícaª O própriº ãackson, 310 entantº, pºuce pôde socorrer
«& da, Guerra nº prºblema, país;, comº mandou dizer ªas. Relações Exteriores britânicº) e mim, dªs fºrças mglesas
ãe acupação, estiveram com Riddle para digam.?ª uma çecmm da
&, Pªcers-On? as ªfinmrmações confidenciais” ãe que àispunha derme
Tríbumal que influemcíaria, O àestíno ãe um numerº lmenm ãe
"tavam ' que os juízes amerícamºs & “britânicos íncíinavam—«se pºxª
membros das 88 e da Gestapo prisioneiros dos àliados.” Excetuªn—
umadecisãe contrária, à causa da prorlrjoªtoria..8 No fim, o Tribunª;
âºuse esses dois incidentes, mão há, regisªum de Outras interveígçºes
n㺠apoiºu muims áaa acusações da. prºmotºria, inclusive aquela,
gwemamemaís. Esse silênciº das fontes, consideradº em cºomupm
de que se tram nesta, passagem, mas O que é importante? neste
sºmªm, é que os juízes emm de! tal forma independentes que com. GS traços gerais do caráªser e da, personalíàade jóias aims julges
“ao Guerra, mem sequer vislumbrava 0 que pensavam, Mítânícos, “toma praticamente certo que n㺠repebzam mstmçoes
relevantes da parte de Londres. Nasdelíbemçoes, assecaamm—se
eª º próprio Jackson teve ãe mesma a, rumores e & ingênuações
pam avaliar—lhes & posição. Isso não significa que não houvesse com mais constância às posições assumiãas pela pro-mºtorºla dº
entendimwto ou comunicação, além das relações oficiais, entre
que o fizeram os juízes norte-americanos, mas, por outrº lado?
as juízes norte-americanos e seus compatriotas na promotoria, esforçaram—se por manter, mais que no caso dos norte—amencanos,
distância, social e pessoal, do grupo britânico de promotores.13
duran-te O julgamento. Riddle e Jackson já, se conheciam de muito,
e' vez por outra - em, por assim dizer, automática a comunicaç㺠Os escassos materiais, atualmente a nosso dispor, relacionadas
entre eles-.Quando Julius Streícher, () infame “caçador de judeus”, com as ações dos juízes franceses mostram que, num momento
nº banco .dastestemunhas, explicava como havia se tornado anti—= determinado das deliberações, Donnedíeu de Valores reconheceu
..isemíta; e comentou que encontram muitos judeus “no Partidº francamente "quejfora..oficíalmente notificado dºs desejos (êle seu.
Democrata”, Bidle notou que o seu colega democrata, “Bob” gavefno quanto a um aspecto em consideraçao pelo ”Tnb-Lªnari
Jªkson, olham para ele e sorrira.º Tais incidentes mostram que (esse aspecto dizia respeito ao problema de “orgamzaçoes crlml—
.ll㺠havia, muro que separasse os juízes dos promotores, mas o nosasªª),1ª Dada a escassez de material a respeito, sería extrema
mesmo se podeldizer de qualquer Corte. Os juízes e os promotores imprudência, chegar, por esse incidente,. à, conclusao çíe_ .que
norte—americanos viam-se informalmente, fora da Corte; além, Donnedíeu de Vabres e Robert Falco eram, comumente, dmgldos
dissº, nem Biddle nem Parker estavam desligados da influência. por Paris. A. melhor luz possível a, esse respeito é fornecida pelo
dia, àssociaçãoàmerícana de Advogados. Contavam com conselhei— comportamento que tiveram durante as deliberações: os mgª].—
ros Iegais emNuremberg e, além disso, obtinham pelo correio &, mentos que apresentavam e a maneira por que votavam eram “taº

65% ?
independentes'que, muitas vezes, discordavam da, promotoria, dos; modo mecânico. Tudo bem considerado, é sensato concluir que?
outros juízes e”, quase com a mesma frequência, um do outro. embora, os membros do Tribuna]. gozassem de diferentes graus
É evidente que a. posição dos membrºs soviéticos do Tribunal de auto-nomia, e embora cada juiz usasse de forma singular suas
representa um problema de feitio todo particular“ Comportavam— prerrogativas, os réus enfrentaram uma Corte surpreendentemente
se, por vezes, de modo que pareciam autômatºs que, como supunha isenta de controle exterior.
& maior parte dos observadores ocidentais, só estavam em Nu— Antes que possamos descer mais fundo na“ análise da Corte
remberg para cumprir ªgrdens de Stalin, Afermmm—se à defesa ou. das ações dos juízes, devemos, primeiro apresentar os réus
da linha soviética, mas devemos notar que,ª de quandº em quando, e passar então, para, a tarefa muito mais complicada, de examinar
os norte-americanos e, especialmente, os "britânicos, agarraram—se as acusações e os fundamentos legais do julgamento Paradoxal—
aos interesses dos países respectivos com a mesma força, dos mente o que há de mais importante no tocante aos acusados
russos, Os soviéticos, e Volchkov em particular, seguiram cons— é saber quem não estava no “banco dos réus e não quem estava
tantemente uma linha dura, votando pela condenação de “todos Cinco pessoas brilhavam pela ausência no julgamento dos líderes
os réus em todos os ítens da acusação e em favor do enforcamentº nazistas: Adolf Hitler, Heinrich Himmler Josef Goebbels, Martin
de qualquer possível acusado, No entanto, foi mais comum encon— Bormann e o chefe do conglomerado Krupp. Os quatro primeiros
trarem pelo menos um membro da bancada, do Ocidente para tinham sido as figuras mais poderosas no crepúsculo do Terceirº
apoiar-lhes as posições rígidas do que não encontrar nenhum.. Reich, masHímmler e Goebbels estavam mortos, não havia dúvida,
Fizeram registrar opiniões fortemente discordantes em numero- alguma, Hitler provavelmente morrem e Bormann desapareceª-Jrªaiª
sos veredictos e na sentença, que garantiu a. Vida & Rudolf Hess, (» muito possívelmente passara, deste mundo para pior Com
Mas foi tarde? no curso do julgamento, que os soviéticos “tomaram referência ao quinto &, promotoria deu. um mau passo aº colocar
'a decisão de discordar de público, e Francis Riddle só foi. âíssua— Gustav entre OS réus Krupp n㺠gozava de saúde mental,,
âído ãe tºmar igualmente pública, sua, discºráâncía (Em case && o que levou. a, Cºrte em úitima analise & decidir eme n㺠âevia,
àlmimmte Kari Doemtz), por um acºrdº de úitima hora? dº ser julgado fin absezgâia; seu casº foi. pºrtantº apartadº ªº casº
último momenta- Embom GS repfesentanâes soviéticos possam “ãe? cios áemaís ?éus acoma aliada que esªsabeíecem & Tribunª
Sião Objetº de maior cºntmle de rédeas && que seus colegas permitia julgamento m abs-enfia e embºra nao se tenha apiicaàa
Ocidentais, mão diferiram de modo mdâcaL em sua conduta,, ªºs & àisposição & Krupp, & prºmºtoria, lançou m㺠àeia no eam dªs
outrºs juízes. Enquantº âummm as sessões públicas, as instrum- Bormann, Com uma lógica que talvez os advogados cºmpreendam
ções gerais evidentemente recebidas pelos russos capacitavam-«mes melhor que os leigos, os juizes decidiram que, cºmº mãe se podia,
& “tratar dos problemas inesperados, dºs problemas pouco usuais comum“ com a, presença. ãe Bormarmª mm. se pºdia, sequer afirmar
que surgiam e que a Corte “tinha, de sollicionaxzª iniciadas; nº que estivesse vivo, seria aprºpriadº julgáum m ameniza,
entanto as deliberações dº veredictº nada havia, de tão impor— Em conseqúência, O julgamentº ªos mais altos dirigentea
tante quanto as manobras e os compromissos, e não havia instru— nazistas caminhou sem que aparecesse no banco dos réus qual—
ção capaz de, por si só, resolver as questões que se coloCaram quer representante da, indústria pesada alemã,; () processo zºn
Nikitchenko acomodou-se com muita rapidez às circunstâncias e absentia contra Bormann foi pouco mais que um julgamento
revelou—se tão bom na ”barganha quanto seus colegas oeidentais. simulado. Não estando ali Hitler e Himmlers e só em. nome
Numa, sessão deliberativa, Biddle e Nikitchenko queriam condenar estando ali Martín Bormann, formou-se inevitavelmente & impres—
Hjalmar Schacht à prisão perpétua,, enquanto Lawrence e Don-=-
são de que os réus no Tribuna]. não passavam de figurantes secun-
neãieu de Vabres batiam-se por uma sentença de prisão de prazo dários. Hermann ._Goering, um pouco mais magro, livre do vício
curto Era tão cego o nó que se atou entre essas posições que das drogas,-- e-ra-----—0 único dos réus presentes que fora um dos
foi preciso ordenar um recesso Terminado este, Nikitchenkº principais líderes-durante os anos gordos do regime e que mami——
meteu—se ao lado de Biddle, quando caminhavam de volta à sala vera certa autoridade quase até o fim. 'Mas o próprio esforço
de deliberações, e perguntou o quanto Biddle pensava teriam os de Goering de ocupar o centro do palco em, em parte, uma, ficção
russos de “encurtar” o que pediam para, lograr um outro voto
com que cuoíaboraram tanto a defesa como &. promotoria, Os
que apoiasse uma sentença dura,.15 Através de uma série de elos promotores queriam condenar um nazista de primeiro plano, e
inesperados e curiosos na. cade-ia de seu. julgamento, Schacht- Goering queria mostrar-se o mais vigoroso defensor do Terceiro
acabou absolvido-, mas o comportamento e as ações de Nikitchenko Reich e leal paladino de Hitler; ambos os lados buscavªm esconder
nesse caso não foram os de um robô que executasse ordens de o fato de que, desde 1941, a carreira de Goering resumim—se ao

8 %
consumo de drogas e às Charadas teatrais ãe sua propriedade em. nem sequer fora membro do Partidº; mas ainda assim fºi
Karinhall. 0 Marechal-do—Reich só se reerguera 3105 últimos dias " cºlºcado no lugar de protetor de alguns dos territórios tchecog
da guerra para, fazer gestos vaos em favor de uma paz negociada, . ocupados. e “tornou-se o carrasco de Praga. 'Foi “prolongada &,
-——- gestos que levaram Hitler & ordenar que fosse presº de imediato, carreira de Seyss-Inquart nos “territórios conquistados, primeira
Ainda, assim, Goeríng podia exibir uma, carreira muito mais na sua Áustria natal, depois como auxiliar de Frank. na Polônia,
relevante, muito mais cheia de significação do que a. do únicº e, finalmente, como Comissário nazista na, Holanda. Depoíg de
ºutro nazista eminente gue sobreviveu ao desastre final, Rudolf 10 anos como Ministro do Interior, chegou a vez de Wilhelm Friel;
Hess, Hess fora secretário do Partido Nazista e confidente de em 194.3, quando () enviaram a- Praga como protetor, depois que
Hitler até 1941, quando empreendeu um curiosº vão até a Escócia, Neumth renunciam ao título e que o vice-protetor, Reinhard-
com o objetivo ostensivo de procurar a paz, Depois de quatro Heydrich, das 88, fora assassinado. A Bal-dur von Schirach, «que
anos sob custódia dos britânicos, Hess foi levado &, Nuremberg, por “tanto tempo chefiam & Juventude Hítlerísta, reservou—se uma,
embora fosse óbvio que sua condição apenas marginalmente e forma mais agradável de exílio do centro de poder em Berhm,
habilitava & enfrentar o julgamento. A gritante desordem mental. quando o fizeram Gauleiier de Viena, em 194.0, Franz von Papen
de Hess —-—- desordem que conduziu um dos advogados da defesa a, seguiu uma carreira, de exílio distante, depois de abandona? º
referir-se “às crateras extintas na face de Hessª'ª'l'õ — cercou O posto de Vice-chanceler, em 1934. Não sendo membro do Paradº
julgamento todo de uma. aura de irracionalidade. Nazista, Papen escapou de cumplicidade em assassinam, ao desem—º
Joachim von Ribbentrop, que ocupam & Pasta do Exterior, penhar, primeiro, as , funções de Embaixador em 'V1e11_a e, em
sempre parecem figura um tanto cômica em círculos diplomáticos,. seguida, ao passar os anos da guerra no posto relatlvamente
era rastejando diante de Hitler, ora se enchendo de vento” comº inafensívo de representante da Alemanha, na Turquia.,
se ele próprio fosse um homem de força e decisão. Na Corte, A esses funcionários políticos juntaram-se nº bancº dos réus,
ele se bamhwa em mares ãe autopiedadeª sustemando que mada em Nuremberg, quatro oficiais do Exército e da. Marinha, Q
sonham da, política externa de Hitler, e que só em parte; em, Mmímmte Erich Baader comandam & frota alemã, até 1943;
exagero, mas que poucº 0 ajudou, aos olhºs da Cºrtes & parecer qaando foi substituído pelo chefe da frºta alemã de submarinos?
mais impºrtante ou mais “alema Mmimnâe Kari Dºemªcz, & este último emma ainda, &, auréºía
& maior parte dos outros réus que tinham desempenhada de ter sido escolhidº por Hitler para substituímíe na, chefia da
funções pºlíticas figurava entre aqueles a que Hitler aplicam, seu. regime nazista, nos dias em que tudo agonizava dº ladº alemãº&
métodº favorito para livrar—se ãe pessoas de poucº valor coiecaàas O Marechal—de—Campo Wilhelm Keítel, como chefe do Supremº
no cºração da liderança, de Estado e dº Partido Nazista.. & “tais Qamand-o das Forças Armadas; desempenham & mais alta funçãa
homem enâregavamuse administrações locais, govemºs, “prºteto— militar na Alemanha, durante a guerra. & General Mim-d Jodi
rados”, e cargos semelhantes em territórios cºnquistadosª Depois servira, como chefe do setor de operações? sob as ordens de Keitel,
de passar meses e anos numa, competição repleta de frustrações no. Supremo Comando Militar.
com milhares de funcionários que se precipitavam para. agarrar Os outros réus incluíam um par de homens bem-conhecidos
as migalhas que caíam da mesa, de Hitler, & esses homens que que bem cedo na era nazista haviam sido despojados do poder
fracassaram na luta por influência coube certa autoridade e e influência, e um grupo maior de figuras que tinham gozado
certo poder nas províncias. Alto, no entanto, foi 0 preço pago de pouca atenção pública, mas conservaram em mãos um poder
pelo poder, porque a eles cumpriu executar as políticas raciais bastante substantivo, até o fim. Julius Streicher, um dos vete—
desastrosas e assassinas que irradiavam de Berlim. Alfred Rosen— ranas do nazismo, fora Gauleiter de Nuremberg e notório jor—
berg, o, homem de letras, o “filósofo” do movimento nazista, o naãísyta .e ..por-nógra-fo"extremadamente anti—semita, cujas extrava—
homem cuja confusão intelectual era notória, lutou. anos seguidos gâncias levaram Hitler, em desespero de causa, & retirar—lhe, em.
para, influenciar as diretivas de Hitler, mas se viu, por fim, 1940, todas as funções que exercia no Partido Nazista,. Uma outra,
forçado a, fazer uma espécie de tabula rasa da terra russa para "baixa, nos primeiros tempos de batalha política, O conhecido
preparar aiii & instalação de colônias nazistas. Hans Frank, Hjalmar Schacht fora, antes da, guerra, diretor do Reichsbank
advogado de Hitler e homem que se proclamam o porta-voz do e Ministro da Economia, e mantivera o título de Ministro sem
Direito nazista, foi despachado em direção à Polônia para presidir Pasta até 1943. Schacht não era membro do Partido Nazista, mas
a um programa de assassinato e exploração em massa.. O velhº um. aristocrático homem de finanças & quem teria horrorizado
Konstantin von Neurath, Ministro do Exterior entre 1933 e 1938, ver seu nome! associado ao de Streícher nesta narrativa., ou em

m 1.1,
qualquer outra, parte. Mas Spa carreira não dyíferiu da de Streicher, nazistas” da, II” Guerra Mundial. Mas, dado o devido descontº
«parque se salientçq nofreglme de” Hltler ate 193839, aquando-'de— ao ”fato de que faltavam figuras centrais em razão da ausência de
.-sapareceu do cenarlo pubhco,_a Pªtº ser para emerglr & supe'rflme, Hitler e de Himmler, Vê—se que o grupo possui certa unidade,
vez por outra, em alguma cemmoma. Walter Funk, que o sucedeu Os réus ali estavam como representantes das organizações e dos
mmo presidente do Reíchsbank e Ministro da, Economia, em um episódios do Terceiro Reich que os aliados acharam mais relaxe—=-
homem de aparência insignificante e de modestos talentos, que ensíveis e mais merecedores de punição. É preciso acentuar O
reteve certa, autoridade__ no que dizia respeitº , à economia do
caráter coletivo e representativo dos réus, pois além dos indivíduos
regime até 0 fim. Toda,” autoridade econômica que escapou áas
mãos de Funk passou, em grande parte, para, as de dois outros que eram julgados, os promotores aliados pediram ao Tribuna,].-
réus; Fritz Sauckel e Albert Speer. Sauckel em. um nazista de que declarasse “criminosas” seis organizações nazistas alemãs.
velha data, um trabalhador curtido pela Vida, e líder do Partido Entre elas achavam—se as organizações paramilitares mais conhe=
na Turíngia, que, durante a H Guerra Mundial, chefiara 0 cidas —— os camisas—cinzentas, S.A. (tropas de assalto), e os famosos
programa trabalhista alemão. Do posto resultava para ele a res— camisas—pretas, SS. Não faltava a representação do aparato policial
ponsabilidade de recrutar, ou extrair à, força, mão-de—a'izºm dos de Himmler; & promotoria procurou fazer com que a. Gestapo e
territórios ocupados e trazê—la para, juntar—se ao esforço alemão 0 SD (ºriginalmente O serviço de segurança das 88) fossem unidos
na, indústria, e na agricultura. Desde 1942, foi. Albert Speer, arqui— num só estigma: considerados uma, só organização criminosa. &
teto favorito de Hitler e Ministro dos Arruamentos, () homem que promotoria aliada também queria atingir a todos os que ocuparam
fixou as quotas de necessidades de mão—de—obra no setor da posições de autoridade no Partido Nazista, até os que se limitavam
indústria,, a. serem preenchidas por Sauckel. - ao nível municipal, conseguindo que o Tribunal. desígnasse como
organizaç㺠criminºsa, todº O “corpº de líderes mazistasªªº Toma—
Fumaª Sauckei & Speeíº abusaram da, fºrça e de meios de ram-ªse passíveâg dejmgammm OS membms de governº pºr uma,
cºmpuls㺠em ativmades econômicas, durante a guerra» . decíamçàa de que mâas ºs membrºs da Gabineâe de ' àesàe
1%2, Ernst Kaitenbmmmº, como imediata de Himmler, manºbma 19339 âãmham sida membrºs de um grupº criminosº“ POE“ fim? &,
os ànstmmemtos de repress㺠de que dependiam seus cºlegas.. prºmºtºria, relaciomml aqueíes que ªsinham ocupadº pºsições de
homem lente & ãe elevada, estamm, advºgadº & relevº nº piamejammm & na, parte ªxecutíva entre as milíâares
poiieial, esteve enfermo &, maiºr parte do julgamentº,. Nº entantº, alemães? HDS períodos que precederam & se seguiram à guerra,?
mºrtos Himmler & Heydrich, e mortos também ou escondidª e exigiu que esse comjunto, apelidado “Estaáo-Maiºr Geral &
muitos chefes dº segundº escalão das SS, & promºtoria hâscºu Mm das Forças àrmadas”, fºsse também moda,
cºlocar mas ombms de Kaltenbmnmr & responsabiliàade pelo que eliminam, '
se passam 310 insanº mino SS —-— Gesâam.
Na, acusaç㺠aparecem também os nomes de duas outras A. promotoria afirmou que havia, “represemames” inãividuais
pessoas: Robert Ley, que dirigira o serviço alemão do trabalho, de cada uma dessas organizações entre os que se sentavam no
mas logrou suicidar-se antes do início do julgamento, e Hans banco dos réus. Isso era correto, no que dizia respeito a grande
Frítzche, um funcionário do escalão mediano no Ministério da número de eai—membros do Gabinete e do “Corpo de Líderesªª do
Propaganda que, embora julgado juntamente com os outros réus Partido Nazista; ali estava, Kaltenbrunnefr para, responder pelos
em Nuremberg, evidentemente nunca fora dono de mais do que SS e, juntamente com Goeríng (este último, durante curtº
de um poder muito pequeno, nos anos nazistas. Fritzche, de fato, período), pela, Gestapo—SD. Havia certa, confusão, no entanto?
só fora. acrescentado à lista de réus porque Goebbels falecera, e relativamente ao Estado-Maior e ao Altº. Comando- das Forças
o próprio Fritzche fora um dos raros funcionários capturados Armadas....Embom---a lista de postos a, que se recorreu para, indicar
pelos soldados soviéticos. O "governo russo queria ver, pelo menos, participação no grupo incluísse os que foram, por muito tempo,
uma, amostra de seus prisioneiros entre os réus, mas a escolha ocupados por Jodl, Keí'tel e Raeder, & forma, pela qua]. fora, feita,
de Frítzche foi desastrada; ele nem sequer pertencem ao escalão não permitia que Doenitz fosse tido na. conta de membro do
dos funcionários secundários e, desde o início do julgamento., sua
grupo até o momento em que assumiu 0 Comando da Marinha,,
absolvição parecia, mais do que provável.
em 1943. É ainda mais relevante O fato de que, entre os réus, o
Numa primeira olhadela, pode parecer impossível estabelecer,
único representante das SA que desempenham papel importante
entre esses homens, as características comuns que levaram os
governos aliados & considerá—los “os maiores criminosos de guerra na organização era Hermann Goeríng, e ele abandonam tal papel
desde 1923!
12
13
Assim, a acusação pôs em julgamento tanto indivíduos como conformes às realidades do século XX. Por esse "ponto, eram,
organizações Os réus, em sua, maior parte, estavam presentes, considerados crimes o assassinato, o extermínio e ea. “perseguição
mas Bormann não estava. A maioria das organizações existira por motivos políticos, raciais ou religiosos”, cometidos “antes ou
como unidades reais durante o Terceiro Reich mas o Est-ado— durante a guerra.”, desde que tais atos fossem empreendidos ou
Maior e o Alto Comando não existiram realmente como unidade. executados em ligação com outros atos “sob a jurisdição do Tribu—
A liderança da maior parte das organizações estava representada nal”. Assim, a perseguição religiosa em passível de punição, desde
por, pelo menos, um réu no banco dos acusados, mas os chefes que cometida. em ligação com um crime de guerra, tal como
das SA não figuravam ali. Essas anomalias somadas ao próprio especificado no ponto três (ou em ligação com as ações previstas
plano de julgamento de organizações individuais, deveriam alertar nos montes um. e dois, ítens que serão examinados logo abaixo).
amplamente para & circunstancia, de que os pontos da pronúncia O ponto quatro é & conseqíiência lógica, da, guerra total. mas
e os fundamentos legais do julgamento fugiam ao costumeiro e contém os germens de uma grave controvérsia legal. Acrescen—
continuam a ser de difícil compreensão. tando & expressão “antes ou durante a, guerra”, 0 ponto quatro
tornou possível que se tratasse em Nuremberg de ações que se
A, pronúncia, continha quatro pontos, mas, como no caso da tinham passado na Alemanha nazista de antes de 1939 e" nos
maior parte das características do julgamento, é provavelmente territórios da Tcheco-Eslováquia e da Áustria ocupados “pacífi-
mais sensato não relacionar os itens em ordem numérica direta.. camente” em 1938. Permitiu, assim que fossem. julgados “crimi-
Na realidade, o ponto três em a acusação mais claramente defi- nosos de guerra” anteriores à própria guerra O núcleo da crítica.
nida e que é mais simples resumir. Sob o ponto "três, a, acusação que se dirige ao ponto quatro reside no fato óbvio de que não
denunciou 18 dos réus como culpados de Violar as leis de guerra havia código de Direito ou acordo internacional em. existência,
tradicionais, porque tinham cometido atos como a imposição de em 1933, 1939 ou. mesmo em 1944, que tomasse ilegais persegui-
maus-tratos aos prisioneiros, assassinato e devastação não-justifi— cões religiosas ou, o extermínio de populações., Issº quer dizer que,
cada. por necessidade militar. O terceiro ponto conjugou apenas se levarmos em conta, apenas o Direito escrito? 0 julgamento de
as seções das Regras de Haia sobre guerra terrestre e da Conven— atos anteriores e contemporâneos à guerra? pelo ponto quatro,
ç㺠de Genebra qUe proíbiam certas ações em tempo de guerra constituiu um exercício de aplicação de lei ecc post facto; porque,
contra forças militares & navais, e também contra civis & proprie—
ao mesmo tempo, se declarou crime e se puniu um ato cometido
dade civiL Seria possível formular dúvidas quanto a quem estava anteriormente. Por implicação, 0 ponto quatro procurou. enquam
amparado pelas regras de Haia e de' Genebra 9 Quem não estava? «==
drar funcionários d—a Estado, assim como aqueles que formularam
também é possível sustentar que a Vitória, completa isenta o vito— & política do Estado Pelo ponto três, era. possível submeter a.
rioso das obrigações impostas pelas regras. Mas nada nos obriga julgamento um general impiedoso que de mom prºpria mandasse
aqui & preocupar-nos com tais considerações. O ponto “três cobriu, fuzilar reféns ou queimar, sem razão aiguma, uma aldeia, mas
de modo geral, violações de leis e regras tradicionais de guerra,, e esse ponto permitia que escapassem os líderes do governo, ou os
só Hess e Fritzche foram absolvidos, dentre: os 18 réus pronunciados verdadeiros e mais altos detentores do poder. Mas é difícil, se não
por esse ponto impossível, imaginar que extermínios ou deportações em massa“
Mas a guerra “total e os movimentos ideológicos de massa em podiam ser executados, & não ser em virtude de ordens. que
muito ampliaram O âmbito, & forma, e os males da, guerra, no emanassem das mais altas autoridades do Estado. A pronúncia
século XX. Muitas das Vítimas da II Guerra, Mundial não podiam dos homens que fabricavam & política e dos Chefes de Estado
invocar proteção com fundamento em regras codificadas, como as representava problema tao delicado e tão ponderável que, por
de Genebra ou de Haia, porque esses acordos não foram prepara— milita tempo, os diplomatas e os advogados internacionais e evita-
dos para um mundo em que existiram câmaras de gás e em que ram. Mas não há dúvida de que a intenção do ponto quatro
existem armas atômicas. Não se podia exata, inambíguamente pro- (assim como dos pontos um e dois) em enquadrar tais indivíduos.
nunciar, pelo ponto três aqueles que haviam massacrada civis Assim, os críticos disseram que o ponto quatro em, na. realidade,
para aterrorizar um governo ou quebrar a vontade popular Direito novo, tanto nas pessoas que atingia, como naquilo &. que
da oposíçao Os exterminadores ou promºtores nazistas não viola- visava.
mm a maior parte das regras tradicionais de guerra —— conclusao
essa que os mmbalídos povos da, Europa simplesmente não podiam Os que redigimm &, pronúncia. de Nuremberg defenderam 0
aceitar em 1945 Assim, &, promotoria recorreu ao ponto quatro, ponto quatro contra tais críticas, assinalando o caráter assassino
“Crimes contra, a Humanidade”, para, tomar as leis. de guerra da, farsa em que se transformam o Direitº Internacional, por

14 15
causa da imunidade, da impossibilidade de submeter-se & julga-— templava diretamente as mais altas autoridades do Estado, pois
mento aqueles que determinavam as políticas dos Estados e os tinham sido elas, sem sombra de dúvida, que haviam planejado
soberanos, Era absurdo, sem a, menor dúvida,, julgar um tenente e executado as decisões que levaram à guerra. Mas O que dotava,
porque fuzilara, um punhado de reféns, e não punir ao mesmo de mais singularidade o ponto dois em o fato de conter dois
tempo o Chefe de Estado ou de governo responsável pela or— elementos de igual valor, a, saber, “guerras, de agressão” e “guerras
dem de que resultam o ato do oficial subalterno. A guerra que Violavam tratados, acordos e promessas internacionais”. Por
moderna já não era Isa—ma, luta entre cavalheiros: tornara-se _— meio dessa redação dupla, &, pronúncia contornou um espinhoso
e, neste ponto, os criadores de Nuremberg repetiram o que dís— problema em Direito Internacional -- não havia, definição do que
sera Adolf Hitler —— um combate de massas e. de ideologias, fosse guerra de agressão. Em todo o decorrer do julgamento, a.
sem regra ou limite. Os que redigiram & pronúncia de Nurem— Corte enfrentou um par de alternativas desagradáveis; podia
berg, no entanto, foram além disso e declararam que só seria tentar definir guerra de agressão ou podia limitar os “crimes
possível o. reino da paz na humanidade, desde que se impusesse, contra, a paz” &, violações de acordos e tratados 0 Tribunal. esco—
com a força. do Direito Internacional, responsabilidade aos líde— lheu, em geral, a segunda alternativa, mas isso não resolveu a
res governamentais pelo que fizessem. Além disso, alegaram que dúvida, legal, porque permanecia intacta & questão perturbadora
_ tal conclusão não constituía, inovação, seja no Direito ou no de saber se os tratados internacionais previam sanções penais,
pensamento modernos. As fontes do Direito não se limitavam ou implicitamente as autorizavam. Isso quer dizer: alguns desses
aos tratados e regulamentos, especialmente em relações inter- tratados especificaram sentenças ou declararam quem deveria
nacionais; o Direito surgia do costume e daquilo em que acre- ser considerado criminalmente responsável no caso de violações?
ditavam os países “civilizados” do mundo.. Por volta de 1945, A. resposta a que não se pode escapar é a de que nenhum “tratado
o extermínio em massa de civis passara a, ser crime internacional; compreendia tais disposições, não apenas porque sua formulação
as Potências Aliadas tinham, repetidas vezes, advertido os líderes seria. complexa e sujeita & controvérsias em Direito Internacional,
do Eixo de que tais atos eram criminosos e seriam punidos. Só mas porque os homens que redigiram os acordos pensaram que,
havia. inovação relativamente ao processo; a consciência pública eles próprios, seriam quem mais prºvavelmente os violaria. Há
internacional definira o crime,“ não sendo assim o ponto quatro ]imites evidentes às inovações em matéria do sacrifício pessoal
aplicação de Direito esc post facto.. (me se pode esperar de estadistas,
Este “breve resumo esclarece suficientemente o fundamento do Mas os criadores do julgamento de Nuremberg, os que fºrmu—
ponto quatro, passando a ser dispensável prosseguir no exame laram o plano americano e os que assinaram o Tratado de
da questão. O próprio Tribunal não se aprofundou muito na, base Londres, não queriam reconhecer que o ponto dois em pura, e
legal do ponto; dos 17 réus pronunciados sob esse ponto, só Hess Simples inovação. Recorreram novamente ao argumento de que
& Fritzche foram absolvidos. Os leitores que desejarem examinar o Direito Internacional, como 0 Direito anglo-saxão, brota, de
melhor os aspectos legais do assunto encontrarão indicações na. modificações de atitude e de evoluções do costume; em 1939 os
bibliografia ao fim deste volume; por outro lado, muito maiores “povos do mundo civilizado haviam chegado à conclusão de que
problemas terão os tímidos de enfrentar nos pontos um e dois. 18 o? início de guerras de agressão era um crime não apenas moral—
Foi tão importante o segundo ponto da, pronúncia, intitulado mente condenável, mas um crime que justificava punição severa.
“Crimes contra. a Humanidade”, e tão singular era. sua redação Embora conclordassem em que acordos bilaterais, como o Pacto
que parece preferível reproduzi-lo por inteiro: de Não-Agressão entre nazistas e soviéticos, de 1939, não conti-
nham listas de sentenças por violações, ou sequer implicitamente
Todos os réus, juntamente com diversas outras pessoas, du- previam & exist-ência de tais sentenças ou penalidades os que
rante-um período de anos que antecederam 8 de maio de 1945, par- defendiam o ponto dois apresentaram a necessidade de ultrapas-
ticiparam no planejamento, na, preparação, no início e na. conduta sar tais acordos especific-os para refletir o ambiente do momento"
de guerras de agressão, que também foram guerras que violaram Desde a passagem do século, um movimento jurídico crescente,
tratados, promessas e acordos internacionais.19
obediente à opinião pública, procurara limitar & crueza da guerra,
A expressão—chave que abria o ponto dois, “crimes contra a
com as Regras de Haia. e buscam prevenir a declaração e o
paz”.. em uma inovação em Direito Internacional, assim como alastramento da guerra, mediante acordos como oPacto da Liga
o era a expressão “crimes contra, a, humanidade”, no ponto quatro. das Nações (1919) e o Pacto Kellog—Briand (1928), instrumentos
0 ponto dois, de forma ainda mais explícita que 0 quatro, con- que denunciavam o recursoa aguerra como um meio de desenvol—

15 l'?
ver a política nacional. Além disso, negociaram—« se entendimentos entendimento entre duas ou mais pessoag para-cometer um ato
regionais, como a Resolução de Havana, firmada em 1928 pelos criminoso. Prova—se & culpa. individual, demºnstrandº—Se quê 0
Estados americanos. O acordo de Havana não definiu. a agressão réu consciente e voluntariamente participou de um planº “para,
mas declarou que a guerra de agressão era “um crime intêma— cºmeter um crime como ta]. reconhecido, Tem—se verificadº uma
cional contra a, espécie humana.”, admissão crescente, na moderna, prática, legal anglº—americana,
A. Alemanha aderím & vários de tais acordos: juntam—se à, de que O julgamento de conluio é coisa sujeita ai gmnáes abusos;
Liga das Nações, em 1926, e assinam o Pacto Kellog—Briand em porque é quase sempre difícil provar conhecimento ou consciência
1928 (embora,, mais tarde, em 1933, abandonasse & Liga e n㺠de que se tratava de plano para cometer crime como tal rece-=
tivesse, como é natural, jamais aderido à declaração de I—Imrana)º nhecido, e porque pode aprºximar—se, de maneira perigega, óia,
Ainda assim, & promotoria pediu que 0 Tribuna]. concordasse n㺠perseguição a opiniões e idéias ímpopulareâ, Julgamentos - mais
apenas com o fato de que a Alemanha, assinam, para depºis recentes, como º dos Sete ele Chicago, voltaram a. demºnstrar as
Violar, o Pacto da Liga das Nações e o Pacto Kellog—Briand, mas dificuldades e os perigos ão enquadramentº jurídico da cºnluioª
com o fato de que os líderes do pais eram passíveis de puníçãa Tais perigos condazíram & que se (Siege-1- miveasem regras de uma
parque tinham “tomado parte na tendência crescente nos acordes precisão fora, do comum em matéria de prºvas, nº Direitº magic—=»
mtemacíonais para ”tomar implicitamente ilegais & guerra de saxão que ”trata de cºnluio; não obstante, mesmº em países em
agressão e as violações de “tratados, Assim, quanáo os nazistas? em que vige de longa, data a lei relativa &, conluios, ainda se ªbra?-a
Segredo, trataram comº um mero pedaço de papel o Pactº Ger— de um item de acusação a].namente sujeito & controvérsias
mano—Soviético e desencadearam uma invasão maciça da “Uni㺠No domínio do Direita Internaciºnal, são infinitameme
Soviética, em 19413 deveriam “ter sabidº, pela tenãêncía geral dos maiores os perigºs Muitos sistemas ].egaia inclusive OS && Ewgpa
acordos internacionais, que a ºpinião pública e ºs gºvernos aliados cºntinemmi mão memhecem o crime ãe mªmilº e assim mão
mmiãemriam criminºso esse cºmpºrtamento, É ómâe que %% Mªtam cºm qualquer das saãvagmamag que cercam %%%& “ªsiª-w ãe
argummtaçàa em cºmplexa, e de âmmm muitº ampla Peãia && julgamento HO Direitº nºrtewamericang & Em britânica., Os gªstª“
Tribunal que ímprimísse cunho de vaiidaáe & uma série ãe amª“ mas legais da Framça, Memamas Bªi㺠Sºviética, e dºs Qutms
mativas sobre a História e a sociedade contempºrâneas,, . mm países cºnâinenmis cujªs representantes parâicipavam em Miga-«
de que foi para 0 Tribunai muito mam âifícíí lida? com esaf; mem mentº de Nuremberg possuem leis que visam. a camª & s ãe
da que com os pontos trêg & quatrº regsalta às pmiºngaáo exame mmbinações ºu atividades de grupºs © que esses, Sistemas nâa
610 pontº dois no tema dn veredicm finª e da, áecisãg tºmaâa cºntêm s㺠dispogíções para acmgcemm qualquer gspêczàe ãe
“pelº Trmunaí de abmíver quatro dºs % réus acusadºs sab €SS€ awsação ãe comiam à, acusaç㺠de um am criminºsº quª emwâve
ponto. . mais de uma pessoa,, Comº & julgamemg eªe Nuremmrg dependia
Por árduo que possa parecer o tratamento do ponto dois ele día ação conjunta de quatro potências? duas fias quais emm
é um modelo de simplicidade quando comparado com os. proble— Esâados continentais, & inclusão de um item relativo & cºmmo
mas que suscitou 0 pontº um. O primeiro ponto na pronúncia cºlocou dificuldades fºrmidáveis, & menor das—; quais m㺠em &
acusou todºs os 2.2 réus de partícaparem de um plano comum circumtâncía de que os réus alemães desconheciam e mam—m
eu conluio, para preparar e executar os crimes substantivas emu-= legal dº conluio. à guisa. de compromisso, a, pronúncia. menciºnou?
memdos nos pontos dois, três e quatro. Citando & pronúncia: ao mesmo ªce-,mpo um conluio e um “plano comum” termº :ate
Todos os réus, juntamente com Várias outras pessoas, e durante que os juristas comtmentais canheclam melhºr pºrque em us.:ade
um período de anos que antecederam 8 de maio de 1945, tomaram no julgamentº de crimes coletivos eu de grupº Mas esse acréscimº
parte como líderes, como organizadores, como instigadores, ou cúm— não soluciºnºu--"inteiramente O prºblema cºm maes?e d e f m atamw
plices, na formulação ou. execução de um plano comum ou conluio
para cometer, ou que implicitamente levava a que fossem cometi—
os advogados continentais. A novidade para eles residiu em acres-3—
dos, crimes contra. a paz, crimes de guerra e crimes contra, a centar—se um segundo nível de criminalidade —-—— o nível 㺠plane—
humanidade . . .20 jamento-, ou. de conluio —— a uma construção (iªe crimes &nbstan—
“tivos tais como os maus—tratos impostos ”& prisioneiros, & des—
Conluioª' é um conceito velho e bem—firmado em Direitº truição irracional e ímotívada de propriedade, e outros que, por
anglo—saxão; & característica que define o crimee um acordº ou sí, podiam ser juridicamente enquadrados e julgados.
un.—_—
Assim, sem entrar no mérito de' problemas mais sutis colºcados
“ No original, conspiracy. (N. dªo T.) pela redaçao do item um —— o emprego de expressões cºmo “dw-er-

18 19
sas outras pessoas”, e o fato de que se fixava vagamente & data CAPÍTULO 2
para, 0 conluio, ou plano comum, num “período de anos que
antecederam 8 de maio de 1945” —— podemos ver os problemas
extremamente árduas que o ponto um fez'surgír, Não obstante,
como () demonstram as observações preliminares feitas no Tribu—
nal pelo assistente da promotoria norte—americana, Sidney Alder—-
man, a acusação atxsibuiu grande importância ao ponto um. O Caminho para Nuremberg
Segundo Alderman, “a, questão do conluio no ponto um e a fase
de agressão em todo este caso constituem realmente, pensamos,
o núcleo do que está em julgamento”.21 No curso das deliberações
finais da, Corte, essa. opinião foi repetida nos mesmos termos pelo
Juiz Norman Birkett, quando este solicitou aos demais juízes,
não enfraquecer o aspecto de conluio no julgamento, porque, se
º fizessem, temia, perder-se—ia, () “núcleo” da, questão.ºº Por fim,
o ponto um dividiu 0 Tribunal mais funda e duramente que quai-—
quer outro aspecto do julgamento, e os veredictos finais refletiram - Será, que alguém pode citar um exemplo na.
& profundidade das divisões. Só oito foram considerados culpados, História do mundo de uma organização considerada
entre os 22 réus sobre os quais incidia () ponto um, e tºdos esses culpada.? Algum tribuna,]. já. condenou uma, organi—
zação?
culpados também foram considerados culpados de planejar Henry Margenthau. JN
“guerra. de agressão” sob o ponto dois.
Evidentemente, & pronúncia, confrontou 0 Tribunal. com
muitos desafios legais e, em última instância, forçou—0 & fazer
concessões importantes.. A. base escrita do julgamento, a Carta de
Londres, e os acontecimentos que se sucederam amante º própriº
processo provocaram muita reprovação, muita dúvida no espírito
dos oito juízes. Antes que possamos espera,]? medir a importância
relativa, desses Vários fatores? temos de examinar como ºs gove?“ É possível que o cursº da maré na, guerra mmpéia se
nos aliados chegaram & presentear o Tribunal com tal série de invertido com as batalhas de Moscou,, em 1941, e de Stalingrado
problemas temíveis. Para fazê-10, cumpre-nos descrever sucinta—- e E]. Alamein, em fins de 1942, mas só nos últimos dias do verão
mente os pontos lmportantes na, teia dos crimes de guerra que de 1944 começaram & desfazer—se as nuvens de preocupaç㺠que
se desenrolou durante a II Guerra Mundial. ' a guerra, fazia, pairar sobre Washington.. àquela, altura, os aliados
gozavam de um domínio aéreo quase completo nos céus da Ale-
manha,, e os submarinos germânicos “tinham sofrido uma, derrota
severa no Atlântico. No mesmo verão, o que se Via no Oriente em
o progresso incessante do Exército soviético, e, no Ocidente, & con-—
solidação pelos aliados de seu desembarque na. Normandia, e seus
esforços,m,,caminho'de. Reno., Pare-cia, inevitável a derrota alemã,.
Em ”Washington, fortaleceu-se tanto a certeza da iminência. do
colapso da Alemanha que pareceu. ao Ministro da, Guerra, Stimson,
que essa onda. de euforia, em seu. crescimento, poderia prejudicar
seriamente a, produção de guerra. e o recrutamento de militares?
Mas também lhe pareceu que se deveriam fazer preparativos para.
o caso de um súbito colapso alemão. O Ministério da. Guerra, dei—
xara de elaborar planos apropriados, antes da precipitada, queda,
de Mussolini, em 1943, e pagam por essa imprevísão alto preço
em aborrecimentos pºlíticos; assim, ao mesmo tempo em que pare-

29 31
fifa o 39131.m contra os perigos do excesso de otimismo, Stímsen países reinava certo ceticismo quanto às informações sobre crimes
.aes-ªêiªam agora áecidido & impedírque se. verificassem no referente à de guerra,, ceticismo que nascia, dos exageros em. matéria de atm—«
, Qaeda da Alemanha, os mesmos erros de planejamento tão dani- ciãades alemãs na, Bélgica, que os próprios anglo—americanos iti—
nhas no caso da, queâa de Mussolini. nham feito divulgar durante a I Guerra Mundial. Em entre os
Os governºs no exílio que representavam os territórios ocupa— chefes militares—; em Washington e Londres, no entantº, que se alí—=
dos ;;;-eia Alemanha, “tinham razões ainda mais fortes para acredi— mentaxra com mais Vigor a resistência a que se” publicassem os
tar, em meados de 194%, que se impunha que os aliados planejas— crimes de guerra, porque temiam esses chefes que um excesso de
sem seriamente a que fariam com a. Alemanha, no pós—guerra. Ba— publicidade ameaçadora &. esse respeito pudesse desencadear lªâplºC—f
temdo os nazistas em retirada, queriam esses gºvernos não. apenas sálías. inimigas contra prisioneiros de guerra aliados. Era “tão fun-—
saber 0 que os aliados pretendiam fazer com a Europa libertada, da a apreensão desses homens que, no momento em“ que os Exérci—
mas tªmbém queriam que se avisassem os alemães,. em termos tos Vi'soríosos iniciaram na Sicília,? em 1943, julgamentos de crimes
mambxguos, de que não deveriam desencadear uma. onda. final de de guerra, 05 dois governos aliados apressaram—se & intervir e sus——
morte e destruição. Ao que pensavam esses governºs, nada tão ur— tar tais julgamentos. Em 1944, o Exército dos Estados Unidos reª
gentemente necessário quanto uma política definida em matéria casou—se & segregar, nos campos de prisioneiros, os alemães suspei—
ele crimes ãe; guerra que ameaçasse os malfeitores alemães com toa da prática de crimes de guerra,, e o governo britânico seguiu
duras consequências, caso ordenassem novas a'trcaciidades.3 Por outro a mesma política.5
gado? ºs grupos judeus, que naquele momento já eram senhores de Tendo em Vista o que pensava 0 Departamento de Guerra,, e
l_nformaçoes pormenorizadas quanto ao extermínio em massa dos a frieza que, de costume, 0 Departamento de Estado opunha aº
judeus europeus; instavam com os aliados para, que recºrressem que lhe parecia íntervençãg indevida e exterior, é muitº imprºvá—
& mães º-symems posa-síveísa desde 0 bombardeiº de àuschwítz até vel awe ºs Egªãzaânos Unidºs âivessem sidº influenciados pºr pressãº
& âmMgaçag de ama poijãªàica ãe castiga para as crimea de gueíª'm? ªºs. gºvernos aliadºg menºres ºu ªos grupos judeus? & tivea.$em
na SEH'ÉÍÉÚO ãe reggamr as infelizes "vítimas ameia, mtre . as garras cºnsentidº em adºtar, nºs fim em “ver㺠«ãe 19%? uma, pºlíâíea de-a
ªºs Hamsmgf mmm em matéria de criminosºs de guerra alemães., Nos mas de
& E dam que? já, antes de 39%, se erguem © apelº dos gºvemQS agf-OSÍO, HO entanm, guiam pºâer mais forte se fez ouvir messe assumª
a_hams menºres & ªas ºrganizações judaicas em. pmi de uma poli-= “55,0. Em a vez sempre vigorosa, e? algumas vezes, agressiva da Seara—«
tica, capªz de âêsemºmjar os crimes de guerra,, Desde o ínicio da ÉáÉÍiO são Tesºuro Henry Morgemhau, 31":
guermy hmmm—se mwir várias declarações agowemas, embora, “va—» De 1943 a 1944, Morgenthau ficava cada vez mais preocupado,
gasª sabiªs um castigº iminente como a Declaração de: Saint ãamesâ na medida em que chegavam a, Washingtºn infºrmações pmcisas
em 1342, e &, âeeiamç㺠dºs ministrºs em Exteriºr dºs Três Grandes, miafe extermínies maciçºs de judeus eurºpeus pelos nazistª.. Não
egn, Masami? 1943“ Mêm ªssº, pºr vºlta dº outmm ãe ”1942, as po— eram apenas as atrociàaâess cºnsideradas nº que tinham elas
tencms pcadentais haviam entrado em acordo quanto à, formaç㺠próprias de inacreditável, de horrível, que moviam. as entranhas
da, Cºmissao de Crimes de Guerra, das Nações Unidas [UNWCC], de Morgenthau, mas também o enfurecia & atitude afetada do go-
que“ um aint) mais tarde entrou & coligir listas de pessoas acusa,» verno norte-americano a respeito do assunto. De ta]. forma se
das de cumps de guerra. Os russos não se juntaram à UNWCC, aborreceu Morgenthau com & hesitação do Departamento de ES“
mag seu Egeycím? na medida em que progredia, deu. um anúncia ”sadia em empreender medidas extraordinárias que auxiliassem as
mays especzzflcog, embora, unilateral, do destino que aguardava os Vítimas que tomou a, si iniciar uma cruzada pessoal, destinada a
namstas _crlminososo Nos fins de 1943, nos enormes e muito pro— empurrar o governo de Washington no caminho da açãº.6 Em
palados Julgamentos de Kharkov, de funcionários alemães e de grande & influência-pºlítica. de que dispunha Morgenthau, em raw
colaboradores, soviéticos? os russos demonstraram que não se tra— zãe da posição que ocupava, e de sua, longa amizade pessoal com
tªvª, de ameaças vazias. Relutavam, no entanto, os governos brim Franklin Delano Roosevelt.
tamco e nºrte-americano em dar indicações específicas do que ea.— O que Morgenthau sentia, quanto ao holocausto revigorou seus
bena aºs culpados de crimes de guerra enfrentar, e se opunham & pºntºs de Vísâa, sobre os planos para & alemanha no pós—guerra.,
que qualquer processo “tivesse início, antes de terminada. a guerra., Nº seu entender, já não assistia à. Alemanha qualquer direito de
Prevaleçgu essa, atitude, em parte porque nem os Estados Unido& receber tratamento leníente, dadas as crueldades cometidas pelºs
da, àmemca, nem a Grã—Bretanha tinham experimentadº & “bene—= alemães, ãepoís de terem, por duas veges num quarto de SéCUíÚ;
Mosa realidade de uma ocupação nazista, em parte porque nesses mergulhadº o mundº nas chamas da guerra. Acreditando que a
Frô

2. 23
paz só poderia, reinar no mundo desde que se exercesse, logo após & ser obedecida quanto à Alemanha,.“ Logo que se formou o com
a guerra, o mais severo controle sobre a Alemanha, _Morgenthau mitê, Morgenthau entrou. em ofensiva. _O_ Tesouro eªaporou & ago—
partiu para a. Europa em agosto de 1944, com () objetrvo ostenswo ra famoso “plano Morgenthau”, que emgla uma. pohtlca de rum-«
de examinar a situação financeira. Na, Inglaterra, um dos numero- lização” Visando a reduzir a, capacidade guelgrena cita Alemanha,
sos representantes do Tesouro destacados junto às Forças Arma— no futuro. No entanto, o plano ia além de ,desmdustrlalgafr & ”Ale-=
das norte-americanas —— homens cuja própria existência irritava manha; compreendia um sistema completo de des-ngmfgcgçao 'e
o Exército —— mostrou & Morgenthau uma cópia, das disposições desmilitarízação, e o internamento de massas de funclonanos pu—
do. Exército para o Watamento da. Alemanha map-34:13“7 Essas blicos e funcionários do Partido Nazista. Os memorandos (19 Te»
disposições, produto do pedido de Stimson de planejamento ante- sauro sugeriam que se criassem equipes de trabalho, com llderes
cipado e acautelatório, referiam—se principalmente à administração do Partido Nazista, funcionários governamentam e soklados, para
do território alemão no período que se seguiria, de imediato, à con- 0 emprego em reparações, em consertqs em paíseg ahados de)/'as-
quista, ou ocupação. Mas, aos olhos de Morgenthau, & tônica. col-o— tados pela guerra e pela ocupação namsta. Tambem se sugemu a.
cada na, reconstrução constituía um sinal chocante de que o Exéru deportação maciça. de nazistas para lugar-gs remoto—s do globo, e
to pretendia “amaciar” os alemães, lidar com a economia e a so— chegou—se a tratar seriamente, numa, reumao do Tesourç, do pro-
ciedade germânicas de uma maneira que significava que & Ale-» blema espinhoso do que fazer com os filhos menores de segs anos de
manha não era mais que um outro país libertado pelos aliados: idade dos 88113 Mo-rgenthau e os que o acompanhavam nao tinham
que não era um inimigo derrotado. tempo a perder, não tinham paciência, com processos cqmplexos no
De regresso a Washington, Morgenthau desencadeou intensa relativo a crimes de guerra. Aceitaram & promessa, ainda de que
campanha para substituir as disposições do Exército por um dum os criminosos de guerra do escalão inferior seriam. mandados _de
plan-0 de ocupação. Juntamente com funcionários do Tesouro, volta ao cenário dos omnes que praticaram para çncontrar ah o
passou & bombardear o Departamento de Guerra e o Departamento destino que lhes coubesse. Quanto aos grande?» crimmpsos de. guerv
de Estado com perguntas e queixas quanto ao que se previa, para ra,, aos altos funcionários públicos e do Partido Namsta, brilhava,
a Alemanha do pós-guerra Recorrendo, à guisa, de munição, aº pela simplicidade &. soluç㺠descoberta pelo Tesouro: que ge en-
manual de disposições e de planejamento do Exército, Morgenthau tregasse uma lista de criminosos à vangqardq das. forças ahadas;
foi diretamente & Roosevelt áesafiar as políticas alemãs de Sting;-, estas, com a lista, identificariam e passariam lmedlatamente pelas
son e Hull. Formulou críticas de Viva. voz e deixºu um memoranda armas ºs criminosos capturados.“-
em que citava passagens do manual, com. o fito de demonstrar que
Enquanto, no Departamento de Estado, o plano Morgenthau
O Exército pretendia impor aos alemães um jugo ameno.8 Muito ' causou cautela e frieza, do lado do Departamento de Guerra, 0 que
perturbado, Roosevelt, que, como disse mais tarde, atravessava “um.
veio foi uma crítica sem contemplações que incidiu sobre pode O
estado de ânimo de severidade” com relação à, Alemanha,9 descarre-
plano do Tesouro, desde os momentos em _que esse planpyfm. ence—
gou um memorando para Stimson, no qual declarava. que “este ma—
nual não 'prestaª'lº e exigia, que se seguisse na. Alemanha, no pós-=
tado, Embora. já contasse com 77 anos de 1dade,_ na ocasmo, e aba-
guerra, uma, política, muito mais áspera. A essa altura,, Roosevelt via tido por uma enfermidade cardíaca, Stimson muda em :um anta—-
gonista temível. Não obstante carregasse & cruz do Parado Repu—
a, Alemanha com os “óculos de Morgenthau, pois apesar de dizer que
tomara ele próprio, e por sua, própria micíativa, conhecimento do blicano, era grande 0 prestígio político de que gogava mesmo Junto
aos democratas do New Deal, graças a, uma carreªr? governamental.
que estava no manual'do Departamento de Guerra, as passagens
prolongada e de singular relevo. Fora () Secretano de Guerra do
que transmitiu & Stimson saíram do memorando de Morgenthau,“
Presidente Taft, fora. coronel na, França, durante a I Guerra:, fora
O apoio concedido por Roosevelt & Morgeznthau. encurralou o governador daS”'Filípinas e Secretário de Estado do Pregldente
Departamento de Guerra e 0 Departamento de Estado.. Tanto Hull Hoover. Roosevelt Compreendera que ninguém Ine-1301” que Stlmson,
como Stimson, já vergados ao peso de um enorme saco de proble— . ao mesmo tempo, dirigir-ia, vigorosamente os mllltares, no curso
mas de guerra, eram homens de idade avançada e pouca saúde.. da, guerra, e serviria de anteparo ao Departamçnto de Guerra con-
Agarrando—se, com 0 mesmo entusiasmo com que dois náufragos tra ataques políticos internos. Como Secretario de Guerra desde
se agarram & uma bóia, &, uma oportunidade de entendimento 1941, Stímson, de fato, preenchem as esperanças de Roosevelt, de-
com Morgenthau, os dois apressaram-se & concordar em juntar-se fendendo fortemente o domínio do Departamento de Guçrrg._ Mas
a ele e ao conselheiro íntimo de Roosevelt, Harry Hopkins, num O próprio escopo da experiência, políigica de .Stímgon mgmfmarva
comitê incumbido de auxiliar o presidente na. política de ocupação que Egeu. pensamento e sua. atividade mam mult-0 alem dos confms

24 25
do Departamento de Guerra,. De há muito, interessava—se ele por se demasiado brando, Stims-on telefonºu ao Subsecretário de Guer—
questões de cooperação internacional, e se preocupava, em par— ra, John J', McCloy, para tratar da possibilidade de; medidas mais
ticular, em fortificar e promover a causa da legalidade interna—- fortes que se aplica,:ãsem aos criminosos de guerra. Sºbre as che-—
cional. Foi Stímson quem, em 1931, como Secretário de Estado., iões; disse Stímsºn, & “punição deveria cair como um mão”; 0 pro-—
feriu. verbalmente os japoneses por causa da invasão da Manchú— cesso de acusação e de julgamento, então,,descería pela hierarquia
ria; apelidou—se de' “doutrina Stimson” & política oficial norte— do comando abaixo, iniciando—se com o confinamento de toda &,
amerícana, de recusa ge reconhecimento do Estado nipônica de Grafitapc).18 Mas Stimson queria “também encorajar 0 povo alemãº
Manchukuo. ' & punir seus próprios bandidos., particularmente o grupo a que se
A oposição do Departamento de Guerra, ao plano Morgenthau referia, como as “tropas de assalto”, denominação com que, é
foi mais profunda, que uma simples crítica, às suas idéias econô— presumível, cobria, tanto as SA como as 88.19 Não se pode negar
micas simplistas. Morgenthau metem—se diretamente no reino de que essas idéias eram bem vagas, mas é evidente que Stimson.
Stíms-on, com planos ”fundamentados em políticas de poder arbí— pensava em julgamento e' em alguma forma de punição de grupoº
trárias. Repetidas vezes, Stímson dirigiu-se & Roosevelt e & Mor— & altura de 5 de setembro de 1944, o que pensava assumiu forma
g'enthau para, assinalar as óbvias armadilhas implícitas no plano. um. “tanto mais clara. Resumíu articuladamente suas opiniões BS“
Não se podia destruir a indústria alemã sem prejudicar a economia crevendo & Roosevelt e & Morgenthau:
européia. e ameaçar de fome milhões de alemães. A “repressão
econômica” em uma arma perigosa, escreveu Stímson & Mor-
genthau, porque tais métodos “não previnem a guerra; tendem É principalmente mediante a prisão, a investigação e 0 jul——
gamen'to“ de todos os líderes nazistas e de todos os instrumentos
&. gerá—laªªfª“ S'tímson fez também. poderosas objeções à proposta do sistema, nazista de terrorismo, como a Gestapo, com a ímpçsin
de execução sumária de líderes nazistas. Seria necessário recorrer ção de castigo tão rápido, tão pronto, tão severo quanto posswel
a alguma forma, de processo judiciário, pois, como declarou & que poderemos demonstrar O sentimento de horror que tal sistema
Roosevelt, “O próprio fato de que: esses homens serão punidos de inspira ao mundo e fazer com que os alemães compreendam nossa
uma maneira digna, de uma maneira, coerente com o estágio de determinação de, uma vez por todas“ extirpán-Io e a todos os seus
frutos.ºº
civilização em que nos encontramos produzirá maior efeito na
posteridade. . . . Inclinomme & acreditar em que, pelo menos no que
diz resp-eito aos mais importantes funcionários nazistas, devería—
Essa, era uma boa estocada, no duelo com Morgenthau, mas
mos participar de um Tribunal internacional instituído para jul-=
ainda, faltava forma clara, e processo definido à idéia de combiw
gá—los”,16 Acentuando que se opunha “de maneira inalterável” & nar-se um julgamento com punição coíetfwa. O itinerário que
grande parte do programa econômico e político de Morgenthau, Stímson indicava abria & possíbílídacíe desagradável de que os Es,»-
Stimson buscou, ao mesmo tempo, convencer O presidente de que
tados Unidos se atolassem numa, cadeia. infinita de julgamventosªª
não favorecia “um tratamento brando”. O único ponto de discóru desde que realmente se quisesse purificar & Alemanha...
dia, residia “numa questão de método”, escreveu, pois “estamos
Não obstante o entusiasmo “de cruzados dos dirigentes de
todos tentando divisar maneiras de proteger o mundo contra &
areincidência, da parte da Alemanha,, em tentativas de dominar
Washington durante a. guerra, nada tão pouco do ”agrado de Roa—
osevelt e dos que o cercavam quanto uma presença perpétua. nº
.a todos”.”
continente europeu. Para muitos deles, a característica mais seduw
A posição firme que Stimson assumiu, em. favor de um proces- tora. do projeto de Morgenthau era o fato de que constituía uma,
so judiciário tornou indispensável que o Departamento apresen- política de “golpear- .e 13.3,”51rar-se'ª..21 O governo dos Estados Unidos
tasse um projeto que oferecesse & perspectiva, de controlar & Ale— queri-a, estabíellééઠum mundo justo e correto, mas só se o pudesse
manha, sem recurso 'à, repressão econômica, à deportação e à. fazer rapidamente.
execução sumária,. Os rudimentos de tal projeto podiam ser en— Coube ao Subsecretário McCloy & responsabilidade de elaborar
cºntra,—dos na versão original das disposições do Exército quanto à um plano do Departamento de Guerra capaz de anular permanen—
Alemanha,. Entre outros aspectos, tais disposições tinham previsto temente & periculosidade da Alemanha, madiante ação judiciária,.
a captura, e a detenção dos mais altos líderes nazistas e de todas simples e rápida. A tarefa de traçar, de fatº, esse plano rolou. abai—
as outras pessoas que pudessem representar um risco no terreno xo pelos elos da cadeia de comando de McCloy, até que, final——
da segurança., Dois dias depois de emitida a nota, em que Roosevelt mente, caiu numa, espécie de oficina de serviços gerais, de pessoa,],
lhe: indicava que o programa de ocupação da Alemanha talvez fos— convºcado, intitulada “Escritório de Projetº-&; Especiais”. Em ra—

26 2?
zão de sua evidente preocupação com a sorte dos prisioneiros de & importância, de descobrir—se um sistema, simples que proporciona,—
guerra norte—americanos em mãos dos. alemães, () Departamento ria ao Departamento de Guerra uma. boa resposta ao plano Mor—
de pessoal Vinha, de muito temp0,pensando em modificar & pres— genthau,
são crescente para, julgamentos de crimes de guerra, evitando Bernays enfrentou esses problemas ”durante a primeira, parte
assim represálias da. parte dos alemães.22 O chefe do Escritório de de setembro; então, no dia 15, apresentou um memorando de seis
Projetos Especiais, um advogado de Nova Iorque, de nome (coronel) páginas encimado pelo título: “J ulgamento dos Criminosos. de
Murray C, Bernays, tinha consciência da forte pressão que exer— Guerra, Europeus'º.24 Nesse documento sucinto reside a fonte mais
ciam grupos judeus em prol de uma. declaração pública de uma. importante das idéias que modelaram os processos subsequentes
política, em matéria de crimes de guerra. de molde a deter os as— em Nuremberg. Talvez seja um dos documentos de maior signifi—
sassinatos nazistas. No entanto, como muitas pessoas em Wa— cação no Direito Internacional moderno. Bernays, no início, re—
shington, em, com dificuldade que Bernays lograva concentrar a sumiu os obstáculos no caminho de um processo nos moldes cos—
atenção nos extermínios praticados durante a guerra. Sempre que tumeiros, nos moldes tradicionais; indicou, nesse sentido e em
tocou no assunto, 0 ponto central de seu interesse parece ter—se particular, o número enorme de possíveis réus, e a'evidente dificul—
deslocado, de forma, inexorável, para longe dos extermíni-os em dade de julgar crimes cometidos pelos nazistas. antes da, guerra
plena guerra,, e para perto das perseguições nazistas na Alemanha, como se fossem crimes de guerra. Bernays deu muito relevo à exi-
anteriores à guerra. É difícil explicar ”essa preferência por acen— gência que faziam os governos aliados menores, de que fossem
tuar as perseguições relativamente moderadas da década, de 1930 classificados como crimes. de guerra os praticados antes da guerra,
num período em que o assassinato- em massa. ainda, prosseguia. de que fossem punidos os autores, para que oslsobreviventes das
Em momento tão tardio quanto 1949, quando já se descortinava perseguições sentissem que fora feita justiça. Não seria, coisa ea»
todo O panorama do holocausto do tempo de guerra, Bemays, filho paz de pacificar todos os grupos e nacionalidades perseguldos
de pai judeu, fez a incrível afirmação de que a maior parte das julgar apenas uma fração dos atos nazistas, na suposição de serem
atrocidades cometidas contra. os judeus datava de “antes. da guep reincidentes, em sua, maior parte, os que incidiam nesses últimos
raªªºªª Já em 1944, deve ele ter visto relatórios de extermínio, mas, atos., Impunha—se imprimir um caráter coletivo aos crimes e aos
evidentemente, tais reiatóríos não penetraram em sua, consciênm criminosos, para restaurar algum sentí⺠de ordem e justiça?—**
cia, assim como não penetraram na consciência, da maior parte Essa, foi uma das principais razões por que Bemays rejeitou.
dos que os leram em Washington. Vários fatores desempenharam inteiramente a. idéia alimentada por Morgenthau sobre execuções
um papel nessa. verdadeira, pane de compreensão dos relatórios sumárias; ninguém ficaria contente com umas poucas liquidações
sobre Auschwitz e outros campos: dúvidas arraigadas quanto à feitas em surdina. Além disso, o plano Morgenthau ia & contrapelo
veracidade de narrativas de atrocidades, uma, incapacidade de dos ideais jurídicos norte—americanos, e não resolveria o caso dos
apreender a realidade do holocausto, e a aparente futilidade de milhares de delinqúentes nazistas de segundo escalão. No mermo—=-
qualquer esforço para interromper os extermínios» É preciso regis-= mndo, por conseguinte, Bernays traçou audaciosamente- um plano
trar aqui que uma das explicações para, () estrabismo intelectual que prometia não apenas resolver todos os problemas existentes,
de Bernays é. que Washington fervilhava de refugiados judeus e mas, além disso, responsabilizar os líderes alemães pelos atos
não—judeus da Alemanha de antes da guerra, refugiados esses que praticados pelos subordinados, e demonstrar ao povo alemão os
serviam como funcionários executivos e conselheiros do governo perigos do racismo e do totalitarismo. No projeto de Bemays, o
norte—americano. É muito natural que ten-dessem & atrair os olhos Partido Nazista e as organizações do governo ”alemão, como & Ges-
oficiais para as ações nazistas de antes da guerra, pois as conhe-ª tapo, as SA eas SS, seriam acusados diante de uma corte interna-=
leiam muito melhor. ..Çíonal de ter entrado em conluio para, a. prática de assassinato,
A circunstância de que a visão de Bernays sobre as atroci= terrorismo e outros crimes semelhantes, em Violação das leis de
dades alemãs em limitada, como limitada, era a visão da maior guerra. A corte internacional que Bernays tinha em mente só
parte de seus colegas nesse particular, tornava—o perfeitamente julgaria. réus individuais, mas cada um deles representaria uma or-
apto a desempenhar a função de que fora incumbido. Sua tarefa, ganização acusada, de fazer parte de um conluio criminoso. Quan—
não consistia principalmente em elaborar um plano para que do um réu representante de organização fosse considerado culpa—
cessassem as atrocidades, mas em formular um sistema que adias—= do, e fosse sentenciado, então considerar-se—íam todos os outros
se para depois da guerra O momento de entrar em açãe, evitando membros da mesma organização como envolvidos na trama, crimi-
assim represálias contra. o pessoal norte—americano. Não era menor nosa, e todos seriam passíveis de prisão, julgamento sumário e

28 29
punição pelas autoridaáes aliadas.. Como os encarregados da. pro—— se a assinar cópias do plano em que Mergenthau âelineam &
meteria, na corte íntemacíomal fariam presumivelmente valer 'a, 'ºruralização” da Alemanha, e firmaram também 0,3 projeto. cem-=
idéia de que () conluio datam dos primeirºs dias de regime naãísm, binado de Simon e de Morgenthau para a «execução sumáma dos
todos os limites costumeiramente aplicáveis a. crimes de guerra, líderes nazistas.
desapareceriam, e os crimes de antes da, guerra seriam incluídos
Já, há muito tempo, ninguém ignora que Roosevelt e Margen—
na acusação de conluio, Todo o problema dºs crimes de guerra
thau atuaram em Quebec sem 0 consentimento ou, mesmo, o cel-
seria.. dessa forma, redazido & uns poucºs elementos simpiegz &
nhecimento dos próprios membros mais poderosos do gabinete
rapidez do processo judiciário contentaria as exigências sºmadas
norte—americano, como Hull ou .Stímson. O que até hoje se ígnoya—
ªos mais variados grupos de vítimas, e proporciºnaria aos aliadºs,
va é que, com relação ao problema, dos crimes de guerra? “tambem
m, ocupação da, Alemanha,, um instrumento flexível para, liquidar
Churchill e Simon decidiram de maneira arbitrária, e independen—
mm o potencial guerreiro dº país. O projeto não garantía aºs
temen'te dos governos de que faziam parte. Em momento tão aptçm
membros das organizações nazistas as prºteções amais de preca— cípado como 0- mês de junho de 1942, Anthony Eden, Secretarw
30 em boa e devida forma, mas 0 aspecto vulnerável desse pºnto, do Exterior, preparam um documento ministerial em. que aconse—
seu aspecto crítícável, não pareceu, na época., tão importante ou. Ehava um caminho político, e não uma soluç㺠jurídica, parap-
premente, Diante de) que planejam Margenthau, qualquer pro-ce-
promema dos mais elevados chefões nazistas, mulata—;= nenhuma açaº
dimento judiciário beneficiava-se com uma aura de mºderaç㺠e de gabinete resultam de tal documento?? Depois disso, em “mºvem-=
de humanidade.. Da mesma maneira, naquele momento, 110 auto— bm de 1942, o Embaixador britânico em Moscou sondou Molotºv
no de 19%, não pareceu coisa grave e frágil confiar na:) conceito,,
quanto aos sentimentos soviéticos relativos à execução sumária,
singularmente anglo-saxão, de conluio, pois o Departamentº «de Mºlºtov cercou, sua regpºsta de cautelas, mas acentuou & neces—
Guerra n㺠se preºcupam em eiabomr cºm minúcias 0 prºjetº de sidade de “fºrmalidades adequadas” porque Stalin temia que, &
um jªlgamenm real; aeguim de que necassítava em, uma pmpwâa
mengs que hOHVEÉSQ julgamenm, tamº ele cºmº Roºsevelt e Chu?»
jêurídíca para, 0 pós-«guerm que cºntentasse os QUE falavam gm chilli fºssem acusaóíºs de terem assassinadº Hitler et mmm-a, pm?
mame das amrmemadas "vítimas, e, aº mes-mta “tempº; fragâmsge mºtim && vingança pessºal?
ºs esforçºs de Hemºy Margemhau, Em 15 de satembm de Mªia
Bemays gemia, que lºgram esge resultam, & 0 memoran-Ạsobre Foi só em nºvembrº ãe 1943 que e gabineâe bfítàmícº lºgrºu.
“Julgamentºs dos Criminosos de Guerra Eumpeusªª entrou. & Cªmi-a considerar fºrmªlmente a, execuç㺠sumária, mas “t㺠fundas fan
nham“ pelas camais dº Departamento Cie Guara. ram as àâvergêncías que nenhuma àecis㺠emergiu, Em fevereim
de 19%, mima O gabinete ao assunto,,- e, dessa, feitas foi abram—afiada
N㺠temºs mecessiàade de estudar cada, um dos degraus que um plano em que Churchill sugeria & execução Sem mais aquela
o plano subiu., em seu itineráriº. É suíícímte dizer que, em maaãos das líderes: nazistas? mamªdº, em seu luga, que tais “criminosos
de outubro, chegam ao escritório dº Departamento de Gaara, internacionais“ fossem rigorosamente confinados. Churchill trans-—
ºnde foi ouvido com simpatia pºr McCloy e pelo Secretário Sªaímsºn. portou essa idéia, do gabinete para a reunião do Cairo, e, segundº
Gs acontecimentos de setembro e dos primeirºs, áías de guisubm os documentos "britânicºs, Roosevelt” “externou interesse” pela pr.-0—
haviam tomado partimíarmente opºrtuna & recepção do planeta sde jetooºº Na realidade, nº entanto, os morte—americanos não 0 julga—
Bemays. No início de setembro, as que mao indica? já criam,-Mam ram suficientemente promissor para, lhe dar andamento, e, entre
ºs planos de Mergenthau para a, Alemanha do pág—guerra cºm 0 os britânicos, tanto 0 primeiro—ministro como 0 Ministério de Exte-
placet de Rmsevei't. Quando, naqueles dias;, o Presidente cºmiam m âendíam ainda. "para, a, execução sumária. Nº início da prima—
Margemhau &, j untar—se & ele, em Quebec? num encontro com Wins— vera de 19%; o gabinete incumbiu () Mínígtérío do Exterior de lhe
ton Churchill, o Secretáriº do Tesoum carregºu cºnsigº uma có— apregemar “um“ãócumenm global sobre o problema dos principais
pia, de plano.“ Churchill, profundamente cônscíco Cias agruras fi»- Grimm-0305 de guerra; em consequência, tanto 0 Ministério do EX—
nanceims que aguardavam &, Grã—Bremnha, terminada. a guerra, teríor como o SIP (Serviço de Informações Políticas do Ministériº
catava, como é fácil cºmpreender, sequioso de ouvir as opiniões da Guerra britânico) prepararam listas em que figuravam entre
econômicas de Morgenthau. Por outro ladº, este último encontrou 50 e 100 nomes de nazistas mais eminentes que seriam executados,
um aliado inesperado na principal figura judiciária do gabinete de de imediato, ao serem capturados.,ªº Eden advogam por dois anos
Churchill, Lorde Simon, que “trouxera, & Quebec seu próprio plano que se “solucionasse” politicamente a sorte dos líderes nazistas,
para executar? sem julgamento, os mais altos chefes nazistas.. ªº mas, chegado o momento de assumir a, liderança na obra. de “trazer
final da conferência de Quebec, Roosevelt e Churchill apressaram— à luz um procedimento de execução, ele vergou ao peso de dúvidas

30, 31
e hesitaçõesº Sir “William Malkin, consultor jurídico do MiniStéª em Londres com Churchill & Simon, com um arrefecimento do in—
rio do Exterior, deu os últimos retoques no projeto de uma pro- teresse em torno do problema. Em vez disso,. foi; qem acentuada
posta a, ser submetida. ao gabinete, tendo vários funcionários do frieza, que e receberam Stimson e Hull, estando este último espe-
Ministério acrescentado argumentos em favor da proposta, em cialmente irritado com. & incursão de Morgenthau no domínio da
minutas anexas. Embaixo dessas minutas, no entanto, Eden es- política externa de alto nível. Formando ,os Secretários de Estado
creveu: e de Guerra. frente comum contra o Secretário do Tesouro, parecia
É)? inevitável mais uma batalha, no conflito que se travava, no gabi-
nete norte—americano, em torno dos planos para a. Alemanha do
Confesso não ter lido mais do que as minutas acima. Tão
completa é, porém, minha. confiança em Sir William Malkin, em pós—guerra. Mas nunca se travou essa batalha de gigantes, porque
tudo, e tão pequena. a, inclinação que sinto por esse assunto que se cortou a grama debaixo dos pés. da poderosa poSição política de
estou pronto a concordar com tudo que é proposto aqui. AE., 26 de Morgenthau, antes que fosse lícito encetar—se & luta..
maio [1944]?1
Chegou aos ouvidos da, imprensa notícia do plano Morgenthau
e dos acordos celebrados em Quebec, e foi provavelmente o Depar»
Amparado por um defensor tão frouxo? é fácil entender que, tamento de Estado que deixou transpirar & novidade; ergueu-sºe ta—
ainda dessa vez, a execução sumária. não tenha logrado &, aprova- manha vaga de protesto público sobre 0 governo que quase afogou
ção do gabinete, durante os debates gerais ”a respeito, no mês de Henry M'orgenthau, Jr.,ªº Josef Goebbels, o mestre da propaganda
junho.32 - nazista, veio adicionar vinagre às amarguras de Morgenthau, pois
Mas Churchill não permitia que se abandonasse o problema, lançou mão do que transpirara na imprensa americana para alen—
8,110 mês. de agosto-, escreveu ao Major—General Sir Hastings Ismay, tar a resistência. do povo alemão, pintando com cores sinistras um
Chefe do Estado-Maior do ministro da. Defesa, insistindo em que quadrada miséria que o plano de secretário de Roosevelt provo-
a melhor forma de abrir uma “brecha” entre os líderes nazistas e caria na Alemanha derrotada. Melhor lutar até morrer, bradou,
o povo alemão seria publicar uma lista, de líderes, entre 50 e 100, Assim, quando os aliados passaram a progredir mais devagar, em.
marcados para a execução sumária,.ªª Não obstanta quando () ga— fins de setembro e princípios áe ºutubro, grande parte da. impren»
binete se reuniu, em 4 de setembro, não lhe foi submetido 0 novo sa mortes-americana viu nissº 0 resultado de uma resistência alemã,
planº de liquidação sumária, que fora preparado por Lorde Simon que a ameaça, ão plano Morgenthau enrijecera. De “tal forma foi--
e dois. de seus colegas. O gabinete foi. apenas informado de que o desarmada Morgenthau que Stímson acorreu em sua defesa, de—
documento de Simon chegam às mãos do primeiro—ministro, mas clarando, em carta. pública, que o Departamento de Guerra não
não se sºlicitou a opinião do gabinete & respeito e, em conseqííên— atribuía ao Secretário do Tesouro & culpa pela vigorosa resistência,-
cia, nenhuma ação foi executada.—ªª Só em 18 de setembro, depois dos alemães ou pelo número de baixas .aliadas.ªº Roosevelt, por seu
que () primeiro-ministro regressou de Quebec?35 () Ministério do EX- lado, procurou de todas as maneiras desvencilhar-se de qualquer
terior tomou conhecimento do documento de Simon; nada tão sociedade com as idéias de Morgenthau. Numa oportunidade, re-
conheceu que se cometem “erro grave” em. Quebec, mas, recorren-
evidente quanto & contrariedade do Ministério do Exterior .com ()
açodamenbo com que se conduzira o assunto.36 A. altura. do dia 27, do a, todo o seu astucioso encanto, disse também não se lembrar de
jamais ter assinado () memorando de Morgenthau.41
o próprio Churchill se deixam invadir por “uma certa apreensão”,
por causa do eterno“ temor de que qualquer anúncio de uma, polí— Yarridas as forças de Morgenthau do terreno, já não subsistia
tica, oficial, nessa matéria, pudesse levar & retaliações contra, os obstaculo no caminho do plano do Departamento de Guerra para
prisioneiros de guerra britânicos.“ Na reunião do gabinete em 4 os criminosos nazistas. Ordenou-se que 0 Coronel Bemays se apre-
de outubro, recomendou o primeiro-ministro que nada se fizesse sentasse,—---n0 dia"'24' de óutu'bro, preparado com um resumo mental
com relação ao problema dos criminosos de guerra, e que se dei- de suas idéias, ao escritório do Secretário de Guerra. Stímson, que
xasse que os acontecimentos “seguissem seu. curso”, até que, no construíram parte de sua reputação jurídica num caso de conluio
assunto, se divisasse com clareza a posição dos Estados Unidos da relacionado com a aplicação da, lei antítruste, ficou bem-impressio—
América. e da, União Soviéticaªª Com isso, a política britânica nado com 0 que lhe disse Bemays que, três dias mais tarde, enviou
quanto aos principais crimes de guerra entrou num sono. letár— () memorando deste último sobre o “Julgamento dos Criminosos
gico do qual só começaria a despertar passados seis meses. de Guerra Europeus”, fortalecido com uma. nota que redigiu com
Quando Morgenthau regressou a Washington, Vindo da Con- seu punho de titular da Pasta, ao Departamento da Marinha e ao
ferência de Quebec, não se deparou, ao contrário do que sucedera Secretário Hull?2 Nos meses seguintes, enquanto- a influência. de

32 33
Morgenthau estava no nadir, celebraram—se numerosas conferênm vida civil, em típico das opiniões de grande: parte dos que Labºu—
cias no Departamento de Guerra, com a participação de represenm tavam no Departamento de Guerra.. “Colocou-se Um ponto final
tantes dos Departamentos da. Marinha,, de Estado e da Justiça. Os nos duelos”, escreveu ele, numa carta de 20 de dezembro de 1944,
fundamentos legais do plano de Bemays também foram examina— “tornando-'os crime comum e' retirando—lhes &. auréola de honra e
dos nos escritórios do Chefe da. Justiça ”Militar, da seção jurídica, cavalheirismo que os ilustram. Procuremos fazer o mesmo com a
do Departamento de Estado, e por especialistas do Departamentº guerra, como instrumento de política 1c1a,cio1:1a1..“ª5
da Justiça. &. .
Como o Departamento de Guerra estava tão ansioso em tentar
Outro problema de crimes de guerra logo complicou, no en— reprimir a guerra mediante um julgamento, não é de estranhar-
tanto, essas cogitações e deliberações. Alguns países aliados me— que partissem do Departamento da Justiça, em maior número, as
nores juntaram—sel no patrocínio de um projeto de resolução que objeções ao projeto de julgamento. Num memorando de 29” de
pedia às Nações Unidas declararem que o próprio desencadea— dezembro, () Subsecretário da Justiça, Herbert "Wechslerª instou
mento da guerra constituía um crime pelo qual os líderes nazistas para, que se retirassem do plano todas as disposições que íncrimí-f
teriam de responder. O Ministério do Exterior "britânico rejeitou nravam os nazistas por atos praticados antes. da guerra e por atos
de imediato “& idéia, como proposta para a qual não havia funda— praticados contra alemães, e também as que os íncríminavam'por
mento no Direito Internacional vigente, e com isso concordaram terem desencadeado & guerra, pois tais disposições representariam
muitos altos funcionários do Departamento de Estad0.ªª Mas, nos uma pronúncia em post facto. Wechsler também observou qua a
bastidores, Stímson queria que o projeto fosse considerado com conluio era um conceito peculiarmente anglo—americano, e sugeriu
seriedade. Fora ele que patrocinam () não-reconhecimento das que, em seu lugar, se recorresse & uma, forma mais limitada de
conquistas japonesas em 1931; agora, como que lhe caía dos céus “plano comum”, Na, opinião de Wechsler, 0 prºjeto exibia outras
& oportunidade de firmar “uma, base legal para 0 contrºle! coletivo falhas, &, saber? & íncriminação de organizações e O fatº deº prºjeto
da agressão, Em 2? de nºvembro, aº pé de uma carta dirigida &, exigir que uma corte internacional trabalhasse demasiadº miam
Hull? Stímson gravou. uma nota que dizia: “Tenho essa matéria múmem muitº gmnde de questões-ªªª O superb? de Wechsãers & Sem
na conta de coisa “tão importante que peço meseja dada uma opor-» cretáríe da, âustiça Francis Riddle, parece tea“ cºmparâímadº mui-=—
tunidade para exprimir“ minhas opiniões pessoais % Secretária âas das dúvidas do primeiro:. Em memorandº da, lavra dº Secretáíªªm
ou, em sua, ausência,, ao Secretáriº interinº. HLSPª—ª Come Sªim— áa ªMsªlzíça, de 5 de janeirº de 19%, acentuam que n㺠àeveúam
son lutava, tanto pelo projeto referente à guerra de agressão? ser julgados ato-s cometidos antes do imícig da guerm, e expmmia
quanto pelo pro-jeto relativo aos criminosos de guerra, em certº graves dúvidas quantº a quaisquer acusações de cºnluiº pam
que OS dois projetos se entreiaçariamª - guerra de agressãº., à nota, do Secretário óia áustíça também mªa—
Em fins de dezembro, em ”iminente & reunião dos Três Grandes nifestava preocupaç㺠com O julgamentº de Organizações e apre—
em Yalta, e impunha-se aprovar uma orientação em matéria de sentava, & sugestão de que, em lugar desse método de abordar O
crimes de guerra, para o caso de o problema surgir durante a problema, se lançasse mão de muitas cortes para, o julgamema
conferência. O debate sobre os crimes de guerra elevou-se rapida— de criminosos subordinados.” .
mente ao nível do gabinete do governo dos Estados Unidos, e o O que empresta tanto sentido às reservas do Subsecretário da
Departamento de Guerra transmitiu aos de Estado e da Justiça Justiça. é o fato de que, mais tarde, ele trabalhou como consultor
uma versão modificada do plano de Bernays, incluindo—se, nesse jurídico dos juízes norte—americanos, durante a, maior parte do
novo texto, a guerra de agressão como. um dos crimes de que eram julgamento de Nuremberg. Ainda mais. importante, sem chívvfidaª
acusados os líderes nazistas. Os que defendiam esse projeto com— em o fato de que o, Secretário da Justiça, Riddle, que alimentam
binado acreditavam que-' representava muito mais do que mera tais dúvidas --quantoªáao plano Bernays, emendado, tornar-se—ia 0
alternativa para. as idéias formuladas por Morgenthau, pois previa juíz titular norte—americano no Tribunal de Nuremberg. É evi—
o procedimento tradicional de julgamento na questão do destino dente que as dúvidas que perseguiam “Wechsler e Biddle quanto ao
a ser dado aos líderes nazistas. Mas esse julgamento,. sendo tradi- conceito de conluio e sua, aplicação, e quanto à pronúncia de crime
cional como método, sería, paradoxalmente, um passo enorme, uma coletivo, desempe'nharíam papel de prime-im plano na moldagem
inovação no caminho do desenvolvimento de' um Direito Interna- do julgamento de Nuremberg, em outubro de 1946.
cional capaz de reprimir futuros agressores. 0 que pensava o Cen-ª Tão importante quanto isso, e muito mais difícil de compreen—
mnel William Chanler, subchefe do Serviço de Assuntos Civis, mem-= der, e & elrcunstâncía de que Riddle mudou temporariamente de
bro da firma jurídica de Stimson e amigo pessoal deste último na opmlao, entre 5 de janeiro de! 1945, quando entºm. suas críticas ao

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plano do; Departamento de Guerra, e 21 de janeím, quando apro— Punição dos Criminosos de Guerra Jªíazzífâsasªº,.ª30 Pedía que fosse
vou um resumº emendado da mesma proposta. É claro que eram instituído um tribunal aliado para julgar os líderes alemães e suas
grandes as pressões que o passar do tempo fazia pesar sobre organizações pela prática de “crimes atrozes” e por participação
Biddle, embora seu Departamento conseguisse introduzir algumas conjunta. “numa, ampla. empresa criminosa” para cºmeter esses
modificações no plano do Departamento de Guerra. Mas impu— crimes. Os pontos de denúncia a serem cobertos pelo conceito de
nha—se desenvolver rapidamente um sistema que aumentasse o pre— “ampla empresa criminosa” eram: atos praticados antes que se
sidente. em, Yalta, e, tentª) caído em desgraça e plano Morgenthau. iniciasse & guerra;; os cometidos contra cidadãos alemães; e, em
o Departamento de, Guerra apresentara & única, proposta bem-arti— especial, “o lançamento de uma guerra ilegal de agressaoªªêl Che—,
culada, Como aconteceu repetidas vezes, no que diz respeito às gande, por fim, os três membros do gabinete & um consenso,, o
decisões políticas norte-americanas durante a, guerra, a iniciativa problema parecia resolvido, e ao final de janeiro 0161945, Roosevelt
coube, ainda nesSe caso, ao Departamento de Guerra,. Em janeiro levou consigo o memorando para Yalta. Na conferência de “Yana“,
de 1945, o próprio Roosevelt usava o linguajar daquele Dep:-nªta» no entanto, porque outras controvérsias ocuparam os participam“—
mento. Em 3 de. janeiro, numa. nota para O Secretário de Estado, tes, os Três Grandes não discutiram o problema dos criminosos de
as observações de Roosevelt sobre o planejamento do destino dos guerra. Assim, no momento em que o presidente voltou. & Washing—
grandes criminosos de guerra, pareciam tornar implícito que se ton, no mês de fevereiro, ainda se encontrava num limbo & política
verificaria. um julgamento, pois escreveu: “Entre os pontos da norte—americana quanto aos principais criminosos de guerra. O
indíciação- deve figurar & guerra de agressão, e a, guerra, não-pro— presidente dera sinais de que simpatizava com o projeto do Depar—
vocada, em violação do Pacto Kellºg. Talvez esse e outros pontos tamento de Guerra, mas não aprovam Oficialmente, ou sequer ru—
possam unir—se numa indiciação por conluio”.48 Franklin Roosevelt ,bricara, o memorando de Secretário Stimson.
caminham muito, internamente, desde Quebec, e um experimen— Nas semanas que se sucederam a Yalta, várias questões de
tado político de New Deal, como Biddle, reconhecia que não tinha importância vital no domínio da guerra na Europa e na, Ásia exí—
sentido chocar—se contra a meta para que se dirigia o presidente, giram decisão, E o início do (parto mandato do presidente foi
especialmente "em tempo de guerra,. marcado por novas e complexas dificuldades nos. setores da paz e
Tendo agora, Stimson juntado forças com o Departamento de dos arranjes para a pós—guerra. Ao mesmo tempg em que cresciam
Esta-'do e» contando a, posição de Stimson com a simpatia de Roose- esses problemas, diminuía a fibra de Roosevelt, pois ele adoecem
velt, eliminam—se qualquer possibilidade de que fosse rejeitado () gravemente. No mês de março, empreendeu um último esforço
plano do Departamento de Guerra, Além disso, ocorreu no curso para, solucionar, junto com os aliados, a, questão dos crimes de
de janeirº ai mais clamºrosa atrocidade nazista contra, soldados guerra, incumbindº 0 redator- de seus discursos, O Juiz Sam Rose-n-
norte—americanos —— o massacre de um grupo de prisioneiros de man, de extrair & ferros uma, fórmula, que agradasse às duas partes,
guerra, americanos por um destacamento das SS em Malmedy, ,em Londres. Rosenman, que se achava na Europa no cumpri—=
na Bélgica.. Era uma atrocidade, por assim dizer, modesta, em mento de outra missão, em velho amigo de Bernays eu simpatizava
comparação com as coisas horríveis que os nazistas praticavam, muito com o ponto de vista do Departamento de Guerra.-“ªº Mas
mas feriu o governo de Washington. Fora cometida, por um. desta— nem ele, nem qualquer outra pessoa, contava com o consentimento
camento de' combate“ das SS, 0 qual, ao que tudo denotava, parecia escrito de Roosevelt, para o plano desse Departamento.
ter eXecutado ordensfde autoridades superiores. Até que isso suce-ª Pouco variam & posição britânica quanto aos principais cri.—
desse, o próprio Stimson dava idéia de nutrir reservas quanto à minosos de guerra,, entre outubro e' a chegada. de Rosenman, em
inclusão de todos Os SS militares. (os Waffen SS) na acusação de março. Em meados ,de outubro, Churchill estivera em Moscou €.,
organizações criminosas. Malmedy varreu todas essas hesitações.ªº durante & visita;"ouvíra de Stalin & opinião de que se impunha,
Daí por diante, o' Departamento de Guerra, queria que todo SS de forma absoluta; um julgamento dos chefões nazistas. A posição
fosse incluído na acusação, e passaram a ser formuladas sérias forte de Stalin, na, recusa de uma execução sumária, acentuou
questões quanto à «responsabilidade do alto comando do Exércitº ainda. mais a inclinação de Churchill para não insistir numa.
alemão pelo usa.-de tais soldados e pelos métodos que empregavam. decisão dos aliados a respeito do assunto, ou mesmo numa decisão
Em plena. onda; ºddhorror e da, cólera provocados por Malmedy, de gabinete.—”'ª Tanto o chanceler quanto o chefe do Ministério
Francis Biddle' juntou sua, assinatura às de Hull e Stímson, num Público da Inglaterra, Donald Somervell, mantinham-se ainda em
resumo emendadº do plano do Departamento de Guerra.; esse re- oposição a um julgamento, mas, juntamente. com todos os mais
sumoifntitulava—se. “Memorando para o Presidente: Julgamento e altos funcionários ingleses, comentavam-se com uma política de

38 3—7
esperar para ver. Não viera de Washington uma nota oficial que tinha feito.. Em vez de aprovação, deparou—se, 3.0
quanto ao assunto, desde a conferência de: Quebec, mas, ao que com uma oposição unânime, pois o gabinete chegou 'à
tudo indica, entrevistas informais com especialistas do Departa— de que Lorde Simon conseguira casar as píores'caracteri
mento de Estado norte-americano levaram o Ministério do Exterior alternativas jurídica e política. A “opinão geral” doa
julgamento d«__Ww—. - ;
inglês a acreditar que o governo dos Estadºs Unidos ainda se
fºi dº que eStªVª “fora de cogitação” um
opunha & um julgamento.“ Numa oportunidade, chegou ao Minis— nazistas..58 Simon recebeu ordens de informar Rosenman de que
tério do Exterior britânica uma indicação, da parte do Embaixador o governo britânico não aceitam a proposta do “documento de
em Washington, Lorde Halifax, de que Stímson era favorável a, inculpação” e que dera a. ele próprio, Simon, e ao Ministério do
um julgamento, mas só em janeiro de 1945 Londres passou a di— Exterior instruções para. que preparassem mensagens & Washing—
visar sinais de que se verificava em Washington uma séria con-» ton explicando os motivos que levavam () governo britânico & opor-
tegtação política quanto ao tratamento a ser dispensado aos cri- se. a um julgamen't',o.59 -
mlrgosos de guerra,-e de que os que advogavam o julgamento pa—
recmm mais próximos da Vitória.,55 Nesse ínterim, Rosenman, inteiramente ignorante das diver—
gências no campo britânico, sofria dúvidas quanto à sugestão
'Assim, Rose'nman colheu os britânicos completamente despre— de'Simon sobre um “documento de inculpação”. Sem saber oque
vemdos, quando desembarcou em Londres com o plano de julga—= fazer, pediu, por telegrama, ao Departamento de: Estado instruções
mento que Hull, Biddle e Stimson tinham preparado para () pre-=- ministeriais sobre como deveria, reagir; mas a resposta que lhe
sldentqem janeiro. Depois de algumas evasivas e certa contº. - chegou às mãos em 11 de abril, da, parte de Edward. Stettinius, que
sªo, os mgleses arranjaram para Rosenman entrevistas com uma. substituíra Hull como Secretário de Estado, apenas dizia, que não
serie de altos funcionário-s; Rosenman discutiu mais de uma vez seria, factível coordenar as opiniões dos Departamentos de Guerra,
o ªssunto com Simon, e passou um fim de semana com () prime-iro— de Estado e da, Justiça “até amanhã.“.60 Mas esse “amanhã” e essas
mlnistro. Não parece ter sido de importância o encontro de Rosen— instruções nunca se materializamm para Rosenman e sua missão,
map “com Churchill, mas Lorde Simon buscou envolver Rosenman,
porque, no dia 12, ele foi informado de que 0- governo britânico
lmpmgindo—Ihe o velho plano de execução sumária que fora usada não endossara o plano de Simon, e de Washington lhe vieram no—
em Quebec. Rosenman, porém, logo disse não à idéia de execução tícias ainda mais decisivas: Roosevelt acabara, de falecer em Warm
sem Julgamento, e acrescentou que também Stimson & ela se opu— Springs, Geórgia.
nha, Vigorosanrlente.56 Não se mencionou a posição de Roosevelt“
nem se formularam perguntas quanto ao que acontecera com suas Esvaziaram—se as discussões em Londres, e: Rosenman :apres»ª
opmiões desde Quebec. Ainda assim, Simon viu as palavras gra.— sou-se & regressar a Washington para o funeral. A capital acha—
V-adas na parede —— o gabinete norte—americano e Stalin eram va—se em estado de choque, e os programas que não tinham sida
ambos contrários à execução sumária, o que terminava de uma oficialmente sancionados pelo presidente, entre eles, 0 dos crimeS
vçz por todas com o projeto favorito daquela alta autoridade ju- de guerra, pareciam seriamente ameaçados.. Mas Harry S. Tru—
dlciária britânica.. Os ingleses dispuseram-se & aceitar o planº man tomou posse na presidência com muito mais rapidez e fir—
nºrte-americano» de julgar organizações criminosas. como um arti-a meza do que a maioria dos observadores esperava, Em 17 de
non? para atingir os criminosos de “escalão intermediário”, os que abril., o Juiz Rosenman telegrafou à Embaixada em Londres di—
havgam desempenhado papel de relevo em qualquer das organi— zendo que conversam com o novo presidente, e que o encontrara.
zgçoes. No que diz respeito aos principais criminosos, Simon pro— “definitivamente contrário ao arranjo político sobre os principais
pos que os aliados reparassem o que chamou de “documento de criminosos”, embora provavelmente. inclinado a fazer algumas con—
inçulpação” estabelecendo um registro minucioso dos crimes que cessões em matéria de," processo de julgamento.61 Foi essa & bifur—
tals pessoas haviam praticado. Aos criminosos sería. concedida cação crucial no. caminho que conduziu & Nuremberg. Truman
uma, breve oportunidade de refutar as acusações contidas no do— aceitam o memorando sobre criminosos de guerra, preparado em
cumento, e, se não o conseguissem, teriam as respectivas sortes janeiro pelos três secretários, como a política estabelecida do
(le_Hnídas por uma decisão política dos governos aliados. Simon governo norte-americano, e não se dispunha. & afastar—se muito
dglxou transparecer que com isso queria significar a execução, mas do que continha o memorando. Punha-se ponto fina]. nos debates
nao excluía & possibilidade de um confinamento prolongado.“ em Washington quanto ao que se fazer com os criminoos de: guerra,
Enqpanto Rosenman e seus conselheiros examinavam & pro- e' a utilidade de um julgamento; Truman, que fora juiz no cursº
posta, Slmon correu ao gabmete para conseguir a. aprovação do de sua, carreira,, tomara uma decisão e não havia mais o que dizer..

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Em fins de abri-1 e inícios de maio, tornou-se mais visível & crescente maré na opinião pública. norte-americana, em favor de
firmeza do presidente nesse e em outros pontos.; também Viu—se que se tomassem, de imediato, medidas quanto aos acriminosos de
claramente: que a guerra contra a, Alemanha chegaria, em breve guerra, os dirigentes ingleses decidiram andar lentamente e com
a, seu término, deixando os Estados "Unidos numa posição de muita cautela.“ Mesmo quando chegou. a Londres. a notícia de que
mando, econômica e! militarmente, na. Europa Ocidental. O go— Truman resolvera que se faria um julgamento, a primeira reação
verno dos Est-ados Unidos. em consequência, estava, pronto a atuar de Lorde Simon foi despender esforços no sentido de atrair ºs
com determinação e coná—iança, embora não com excesso. no to— Estados Unidos para a alternativa da execução sumária.67 Mas O
cante & todas as questões. não-resolvidas. fluxo dos acontecimentos apanhou 0- govern-o britânico. Em 2 de
”No começo de maio, Rosenman foi enviado à Conferência, das maio, Anthony Eden, que encabeçava & delegação britânica em
Naçoes “Unidas em São Francisco, encarregado da tarefa de con— São Francisco, solicitou com urgência, pelo telégrafo, instruções do
vencer os britânicos, os russos e os franceses a aceitarem 0 planº gabinete que o habílitassem & opinar numa reunião sobre crimes
norte-americano de julgamento dos crimes de guerra. Revigora— de guerra, que os ministros do Exterior dos Três Grandes celebra—
Vªm-no nesse trabaiho descomunal os sinais evidente-s da convic— riam, ao dia seguinte.. O gabinete britânico discutiu o- telegrama,
çao do governo norte-americano sobre o assumaªªº Em 29 de abril, no dia 3 de maio, e concordo-u em que», tendo os Estadºs Unidos
_o Juiz Robert H, Jackson, da Suprema Corte, concordou em chefiar e a União Soviética tomado, em caráter definitivo, uma decisão
os esforços da promotoria sobre os crimes de guerra europeus; em favorável ao julgamento, não havia mais sentido em continuar a
2 de maio, Truman designou Jackson oficialmente para. o posto oposição inglesa,. Mortos Hitler e Mussolini, os membros do gabi-
de “Chefe do Ministério Público na inculpação da Criminalidade mete acharam que se poderia, ajeitar um julgamento de conluio e
df) Eix-oª'”.63 O título altissonante do posto, e a indicação de figura de organizações criminosas para que] se produzisse um processo
“tao eminente nos meios jurídicos para preenchê—lo, denotava "com simples e eficaz. Por conseguinte, o gabinete decidiu. aceitar a
clareza que os Estados Unidos não estavam mais dispostos & espe—— idéia, em princípio, passando, no entanto, para os norte—americanos
rar. As preparações que a, equipe norte—americana fazia nos bas- 0 ônus de “criar um processo praticável”, antes de' “engajar em
tidores demonstravam idêntico espírito de resolução. Durante 'se- caráter final” o governo “britânico “num acordoºªêª Ninguém em.
manas, um grupº interministerial norte—americano, contandça aín- Londres parece ter suspeitado de que os norte—americanos já, ti—
da dessa vez cºm o concursº dº Coronel Bemays, vinha peíezjando nham preparado & aperfeiçoadº um plano de julgamento.
para transformar o plano americano num acordo de forma sim- Em 3 de maio, Rosenman mostrou 0 pro-jeto de acordo exe—
plificada, ou, em outras palavras, num acordo “executivo”, para cutivo & Molotov e & Eden, durante uma, reunião especial promo—
apresentá—lo às outras potências em São Franciscofªª Quandº vida pelo Secretário de Estado Stelttínius. Eden conseguiu não
Jackson passou a, ser promotor—Chefe:, mas antes que se divulgasse demonstrar o que lhe ia pelo íntimo, e disse que os ingleses esta—
spa nomeação, esse acordo executivo ÍOI substantiv—amente medi—» vam prontos a desistir da oposição a um julgamento, desde que
Doado por Bemays, pelo Coronel Cutter do Departamento de — nas palavras com que Rosenman se dirigiu & Truman —— “os
Guerra, pelo Subsecretário da Justiça, Wechsler, e pelo próprio Juíz russos & nós se juntaram na idéia-'de um julgamentoªª.ªº Como os
Jackson.64 Embora em 30 de abril estivessem concluídos seus ele- soviéticos sempre se tinham manifestado favoráveis a um julga,—
mentos essenciais-, () documento continuou a ser corrigido e reda— mento, e voltaram & reiterar esse desejo em São Francisco, os
t110gmfado até o momento em que foi. entregue aos represent-antes norte—americanos conglderaram que a observação de Eden cons—
aliados em São Francisco. tituía & capitulação final dos britânicos na batalha do julga,—
Ainda dessa feita, o governo britânico não aproveitam com mento. No entenderlldos norte-americanos, o'úníco problema, re-
a mesma eficácia que os norte—americanos o tempo transcorrido manescente era-"conseguir que as outras potências concord'assem
desde a morte “de Roosevelt. Embora John J . McCloy os alertasse, .com o plano de inculpar & guerra de agressão e outros crimes. como
'no curso de uma Visita a Londres. em meada de abril, para o fato parte das acusações & serem feitas contra organizações criminosas.
“de que Stimson estava empenhado em que houvesse julgamento,85 Os ministros do Exterior não se preocuparam com esta última
e embora também avisado-s pela Embaixada britânica. de uma questão, mas consentiram em permitir uma discussão imediata. do
acordo executivo norte-amerícanopor especialistas das Três Po-
** O acordo em forma símplicada, ou o acordo “executivo”, é., o que entra em- tências, juntamente com um representante francês.“? Foi a 5 de
vzgor com & autondade do presidente, sem a aprovação de dois terços do maio a primeira sessão em que os especialistas legais dos quatro
Senado. (N. dm T.) . ' Estados aliados usaram seus escalpelos jurídicos, Rosenman, com

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o apoio do Subsecretário McCloy (Jackson não foi a São Fra]?— Rosenman, no entanto, parecia pensar que o núcleo das dífi—
cisco), tentou. conseguir uma decisão rápida, mas, como se dewa culdades consistia em que os especialistas andavam lentamente,
ter esperado, levantaram-sel Várias questões que provocaram emªil—« e muita. coisa preocupava os ministros do Exterior" para que pu—
das em palavras ou novas redações. Surpreendentemente, & ideia dessem dar o assentimento dos respectivos governos ao plano em
de conluio não suscitou protestos da parte dos representantes dos sua, forma, definitiva. Em 10 de maio,, Rosenman encarregou
países continentais, ou seja, dos franceses e soviéticos. *Os. pontos McCloy das discussões e tomou às pressas o avião para Washing—
em torno dos quais se registraram as principais controversas con- tºn,. não sem antes. informar as outras delegações de que estaria
sistiram no problema de incluir—se, ou não, 0 “crime” de “desen— de volta, logo- que recebessem instruções para assinar.?3 Embora
cadeamento de guerra de agressão”, e no problema de resolver—se se “te-nha ainda discutido, perfunctoriamente, as questões depois
& maneira, pela qual seriam redigidas as inculpações das org-ani— que Rosenman partiu, evaporou—se & vaga possibilidade de que
zações criminosas. A proposta contida no acordo executivo norte» se pudesse atingir um acordo final em São Francisco. Ainda uma
americano sugeria um Tribunal composto por quatro juízes, cada vez, o centro do problema dos crimes de guerra deslocou—se para,
qual representando uma das Quatro Potências, e um método de Washington, mas já não reinava alí qualquer confusão quanto a,
votação que exigia três votos para”; o veredicto. Tanto britânicos quem incumbía & responsabilidade pessoal pelo tratamento. do
como soviéticos ergueram” objeções & esse método, e, em conse— assunto.. Jackson dele se íncumbíra, e superou com facilidade um
quência, os Estados Unidos- co-ncordaram em acrescentar & seguin- derradeiro esforço de Morgenthau para destruir o plano de julga-=
te frase: “Se não houver acordo no Tribunal quanto à, decisão, O mento, Jackson também persuadiu as autoridades militares a
réu poderá, ser submetido a. julgamento por um segundo Tribu- adiar a, maior parte das medidas que tomavam contra criminosos
nalªª.“ No processo de reesboçar o texto, retirou-se do mesmo, mais de guerra de menor importância e a coordenar suas atividades
tarde, essa passagem, mas, nas verdadeiras deliberações do Tribu— cºm as dele..“ Reuniu, rapidamente, um grupº de promotoria de
nal de Nuremberg, () “titular soviético voltou a colocar a quest㺠alto nível, colocando em segundo lugar, nesse grupo, Sidney M»
do processº de voto. Embora, sem dúvida, um problema dessa âerman, chefe do serviço jurídico da, Southern Railway, e também
espécie fosse árduo e exigísse um tempº preciºso, teria validº a mie incluindº º Gene-ral William Dºnovan, diretºr do Escritóriº de
pena resolvê—lo logo e diretamente. Ainda são mais significativas Serviços Estratégicos (OSS) [Office ºf Stmtegíc Services]? sewiça
as incursões freqíientes que os soviéticos faziam no âmago de Genma]. de infºrmações durante a, guerra, 0 aii—Subsecretária dà
questões cruciais, incursões essas que, num caso, levaram a que Justiça Francis Shea, e o Coronel Bemays, que foi requisitado &&
se incluíssae uma nºva frase final no projeto de acºeráez Departamento. de Guerra. Esses homens começaram a elaborar &
pmmg da estrutura da, organização de prºmotoria norte—americana,?
Os signatários concordam em que 0 Conselho de Controle da e a. fazer preparativos para coligir provas, Fizeram—se arranjos
Alemanha. estabelecerá, diretivas e procedimentos para (a) que com o Departamento de Estado e com o Escritório de Serviços
as pessoas na Alemanha inculpadas de crimes regressem ao lugar Estratégicos, para a coleta de documentos. Além disso, Donovan
onde os praticaram de acordo com a Declaração de Moscou, e
prometeu. dotar o- pessoal da promotoria, com membros do serviço
(b) que se entreguem, dentro da Alemanha, as pessoas que se
acham Sob custódia de qualquer dos signatários, & qualquer “das da OSS, em grande número.?5
partes deste acordo que necessitarem de tais pessoas para levar
adiante seu julgamento.»72 Com planos tão vastos e apoio tão forte, dificilmente Jackson
aceitaria, os resultados ambíguos que tinham surgido do final da
Essa era uma formulação muito vigorosa das promessas que Conferência; de São Francisco. Como Rosenman, tudo indica ter
Roosevelt fizera. & Stalin em Yalta, quanto “à. extradição de crimi— acreditado que a raiz do problema se encontrava no passo lerdo
nosos de guerra e de cidadãos soviético-s. Até hoje, até na popu— dia diplomacia,----norte-amerícana e' em sua ineficiência, e que a
laridade atual do livro de Soljenítzin O Arquipélago Gulag, ainda. maneira de solucionar o assunto residia em exercer maior pressão..
ecoa & controvérsia a respeito dessa questão. No momento a que nos Seguindo o impulso de Jackson, o Secretário de Estado ordenou às
referimos, a passagem em debate foi abrandada em redações ulte— Embaixadas norte—americanas em Londres, Paris e Moscou que
riores, mas sua inclusão no documento de São Francisco denotava ínstassem com os governos aliados para que aceitassem () plano
que seria difícil alcançar-sel acordo completo, se não por outro americano, e nomeassem chefes de promotºria de nível comparável
motivo, pelo fato de que as ramificações do problema dos crimes aº de Jackson. Londres sofreu cutucadas no mesmo sentido, da
de guerra enlaçavam-se & outros aspectos Vitais das relações entre parte de uma série de Visitantes, entre os quais figuravam Joseph
as Grandes Potências. E“ Davies e o próprio Jackson..76

342 43
cer provas contra colegas, levando com isso O julgamento a uma
Aos britânicos desagradou um pouco a pressão e & publici—z rápida, conclusão-.ªº
dade que cercaram a nomeação de' Jackson. “0 qu? np; aguardam
são mares bravíos”, escreveu um membro (São Mitmsterlo do Exte— O primeiro encontro entre Jackson e os britânicos terminou,
plano
rior, no mês de maio, “se não aceitarmos inteirªmente o assim, num clima de otimismo, e mal o juiz norte—americano deixou
norte—americano??? Ainda desejoso de reduzir as “ªldeias umjantio LOndres, os ingleses anunciaram que aceitavam, em princípio, a
vastas” dos norte-amewicanos, o Ministério do Exterior quema res— proposta norte—americana,, e convidaram ,os outros governos & reu—
tringir 0 número de réus? simplifígar as formªs do processo e, _se nir—sei em Londres, no dia 25 de junho, para negociar tlm acordan—
possível, celebrar em Londres, e nao e-m_Wash1ngt0n, as neg001a— nal. Passado certo tempo, também os franceses. e os soviéticos anun— '
ções entre os aliados no tocante ao conjunitow do ,pzçoblemaíf No cíara'm que estavam prontos .a participar da reunião em Londres;
entanto, o governo britânico tomara sua demaao bamça, e heatava havia, no entanto, confusão quanto à escolha dos respectivo-s
em alterá-la, principalmente porque a crise que opa-us atravegsara chefes da promotoria dos três governos. A nomeação inglesa de
ao fim da guerra introduzira no poder uma espec1ç de gabmçtç Maxwell Fyfe (mais tarde enobrecído com o título de Conde de
interino que receava tomar decisões. Em ;8 5515: malo, um cgrmte Kilmuir) teve de ser revogada, bem no meio das negociações em
especial do gabinete recomendou, em prmzczíplp, & ªceltaçao do Londres, porque os conservadores perderam as eleições gerais,,
plano norte-americano, e os funcionários "brltfamcos nao dançaram Lorde Shawcross, do Partido Trabalhista, assumiu a. posição da
escapar a oportunidade de garantir aos amemganos qqep governo chefe do Serviço Britânico de Crimes de Guerra, e Maxwell Fyíe
inglês, tendo abandonado sua, idéia de execuçoes spmamas, estava desceu ao posto de subchefe. Os franceses escolheram o Professor
preparado & cooperar com os americanos no senado de apressar Donnedieu de Valores (mais tarde nomeado juíz titular da França
tanto quanto possível 'o andamento do assumo.79 em Nuremberg)? mas logo mudaram de opinião e enviaram o Juiz
Robert Falco para negociar na reunião de' Londres (ele também
Assim, quando Jackson chegou a Londres, no dri; 28 de' maio, reapareceu em Nuremberg, mas como suplente francês). Os sovié—
ele encontrou, entre os britânicos, & mais concíliatona das autu— ticos delegaram 0 General I. T”. Níkitchenko para chefiar—lhes 0
des.. Embora aguardassem uma aprovação formal do gapineteg os grupo nas negociações de Londres; também ele tomou-seª mais
ingleses estavam prontos a entrar no assunto, na sup051çao de que tarde., juiz em Nuremberg. Assim, muitos dos que se sentaram. na
"50 novo Ministro da Justiça David Maxwell Fyfe sería colocado num bancada, dos juízes em Nuremberg, ou que aos juízes se associa——
posto de promotor e! negºciador comp-arável ao post:? qqq—ackson mm estreitamente, já tinham desempenhado papéis na, formulaçãº
”ocupava; de fato, em 29 de maio, Maxwell Fyfe fel Offlglalmente das leis em que se fundamentou o julgamento. Não se deve es-
"escolhido para o lugar., Da. mesma, forma, foi na supoaçao d? que quecer que, além dos três juízes que acabamos de mencionar,
o gabinete interino daria. seu endosso ao plano norte-amemcano tanto Herbert Wechsler como Francis Riddle tinham contribuído
'-—— como de fato o fez em 39 de maio -——-— quel os ingleses se prçpa— para que se desenvolvesse o plano norte-americano.
raram para prosseguir as discussões.ªº O ponto aÉê onde vanam
& posição britânica transpareceu numa“ obseçvªçª—o que Maxwell Apesar dessas singularidades, para não falar em pecadilhos
Fyíe fez: & Jackson. 0 Ministro da Justlççà bmtamco chegara, dç— jurídicos, os Estados Unidos. tinham logrado-, à altura de meados
pois de refletir, à conclusão de que um julgamento apresçnícana de junho e mediante uma pressão irresistível, o objetivo que se
uma, vantagem muito clara, pois., se coubesse ao gçvemo brrlfcamco propunham, As outras três Potências haviam concordado em. ce»
manter forças na, Alemanha para Vigiar O país, “e necessamo que lebmr um julgamento e em aceitar o projeto norte—americanº de
contemos com o apoio da opinião pública”. A inglaterra estavª, São Francisco como base? para as. discussões em Londres. Mas os
portanto, tão ansiosa, quanto GS Estadq-s Unidos para, consegqlr meios a que senilrlçççjrreuhpam conseguir o acordo resultaram em
provas—irrefutáveis das atrocidades praticadas pelo reg_1me_ naz1s— que os representantes aliados chegassem & Londres com mais per»
mºª.“ De sua “parte, Jackson mostrou—se altamente satmfeltqcom guntas do que respostas. Conforme Jefferson Caffery, embaixador
& atitude britânica (& hospitalidade em Claridge parece ter des— norte—americano em Paris, informou sua Chancelaria, em 19 de
lumbrado todos os norte—americanos que visitaram Londres, 'l— junho, a. apenas uma semana da abertura dos trabalhos da con—
rante & guerra) e esforçou—se de todas as maneiras Qara ser-tao ferência: '
sensato e moderado quanto possível. Visivelmente, inchnava—se por
limitar & ínculpação de organizações criminosas às SS e à Gestapo, Embora ainda. pareça reinar confusão nos espíritos dos fran-
e repetiu a opinião de seu. imediato, General Donovan, _de! que al- ceses quanto às funçoes exatas dos representantes que de31g_na.—
mm para. negociar com o Juiz Jackson e com os delegados buta—
guns líderes nazistas, “de caráter fraco e baixo”,“ poder1am'forne-
4.5
44
nicos e soviéticos é de acreditar-se que esse ponto possa sel norte-americana à, confusão geral. Disse & Novikºv que:, nº mês que
melhor explicado na, Conferência. de Londres 83 se seguiria às discussões em São Francisco, o governo dos Estados
Unidos tinha, preparado uma nova e refinada versão da pro-posta
Também os soviéticos pareciam perplexos diante da proposta nor— original, pois, nas próprias palavras de Stettinius, os Estados Uni—
te—amerícana, porque alimentavam opiniões próprias quanto à me- dos “tinham o documento na conta de um texto básica no desen—
lhor maneira de lidar com os criminosos de guerra. Em 28 de volvimento do futuro Direito Internacional”.
maio de 1945, no curso de uma reunião no Kremlin entre Stalin
e o enviado especial de Truman, Harry Hopkins, surgiu o problema N a verdade, o pessoal de Jackson e do Departamento de Guerra
do que se deveria fazer com os oficiais do Estado-Maior Geral ale— havia caprichado em revisões e novas redações, durante o período
mão. Stalin acentuou que, com a expressão “oficiais de Estado- que se seguiu 'a São Francisco, mas. tinha efetivamente completada
Maior”, não se queria apenas referir aos que se tinham especiali— seus labo'res em meados de maio. O governo norte—americano já
zado em Estado—Maior, mas a todos os oficiais alemães que haviam aprovam a revisão final havia um mês, enquanto insistia, com os
executado trabalhos de Estado—Maior Isso abrangia 25 mil pes— aliados para que aprovassem, em princípio, o projeto original, a
soas. Stalin prosseguiu, dizendo que todos esses homens deveriam versão antiga. Ao que tudo indica, apenas em seus entendimentos
ser mantidos sob custódia, “possivelmente durante 10 a 20 anos" com Novikov, Stettínius formulou em voz alta. a possibilidade de
Hopkins não levantou objeções, mas comentou que os Estados que os americanos “adiant'asse'm o assunto”, permitindo aos alia-
Unidos queriam julgar () Estado—Maior Geral como organização dos examinar () pro-jeto renovado. Novikov, com & irômca concisão
de um mestre, replicou que tal passo seria “de proveito”, e, garan-
criminosa., ao que Stalin respondeu, em tom de gracejo, que acha-
tindo-lhe Stettínius que seriam remetidas cópias do projeto revisto
va a idéia “muito boa, desde que possível, do ponto de Vista legal”.34
às Embaixadas soviética, francesa e: britânica, Viu o russo desem-
O fato de que Stalin formulasse dúvidas de natureza legal deve-
ria ter forçado uma pausa na animada arrancada dos Estados "Uni— baraçado o caminho para deixar o Departamento de Estadia86
Tanto tardou, porém, o esforço norte—americano para. inteirar os
dos rumo a um julgamento de crimes de guerra. aliados das revisões que a nova versão, entregue à. Embaixada. “bri—
Numa conversaçãa entre o Secretário de Estadº Stettínius e tânica em Washington, só foi registrada no protocolº do Minis—
0 Ministro soviético em Washington, Nikolai V. Novikov, em 14: de tério do Exterior em Londres em 3 de julho _- duas semanas de-
junho, os norte—americanos deixaram de distinguir novos sinais pois de chegados & Londres os negociadores amerícanos..87
de que, possívelmepte, se armavam tempestades no caminho que
seguiam Novikov ignorava que o governo soviético concordam em Dois dias depois das conversações entre! Stettinius & Novikov,
participar da conferência de Londres, e persistiu em exprimir suas Washington recebeu novos sinais de que talvez fossem complexas
dúvidas, embora Stettinius lhe garantisse, repetidas vezes., que os as atitudes soviéticas com relação aos crimes de' guerra. O embai—
soviéticos estariam na reunião. A menos de duas semanas do início xador britânico em Moscou, Clark Kerr, debatem () problema com
dos trabalhos em claro que os norte—americanos tinham ido longe Molotov, em 13 de junho, e um sumário do que! os dois disseram
demais e com demasiada pressa. Novikov, em seu deSconhecimento passou de Londres a Washington no dia, 16. Molotov declaram &
& sua perplexidade, continuava & ressuscitar as duas considerações Kerr que os soviéticos estavam prontos a aceitar o projeto norte—
que! o governo soviético lhe dissera que se impunha levantar quan— americano de São Francisco (ele ignorava, é claro, que a, versão
to ao plano norte-americano. Perguntou, especificamente, como Os original fora revista), com “algumas emendas de menor impor—
aliados poderiam julgar a, Gestapo e as. SS, quando os Três Granáes tância”, Acrescentou Molotov, no entanto, que ”talvez se impuses-
em Yalta já haviam condenado essas organizações e ordenado que se discutir “os casos de Paulus e outros generais-alemães nas mãos
fossem dissolvidas — para os soviéticos, essa condenação de Yalta dos soviéticos? e....COnsi'derar o auxílio que “alguns deles” tinham
era definitiva, e_ qualquer novo processo a respeito seria, desprovi— proporõíonado à União Scwíétíca.88
do de sentido, e talvez blasfelmo. Em segundo lugar, no idioma juri-= Paulus comandava as forças alemães que se renderam em
dico soviético, os chefes de promotoria, que aos olhos dos norte—ame" Stalingrado; juntamente com outras altas patentes alemãs, con—
ricanos desempenhariam com independência as respectivas Tunª—« cordam em cooperar com as autoridades soviéticas, depois de cap-
ções, se tinham convertido numa “Comissão de Investigaçãoª'ªª _— turado, e dirígíra, aos alemães que ainda resistiam, numerosas
nome que, ao próprio Stettinius, pareceu um tanto sinistro. Mas o exortações para que se rendessem ou derrubassem o governo de
Secretário de Estado avançou, sem temor, pondo de lado as per- Hitler. Aos países ocidentais, vinham de há muito inquietando as
gumas de Novíkov como “questões de detalhe”, e fez nova. dádiva. intenções soviéticas quantoªà “Comissão de Alemães Livres” que

46 47
os russos tinham formado com prisioneiros alemães dispostos a CAPÍTULO 3
colaborar, e com um núcleo de comunistas refugiados, da mesma
nacionalidade. Seria natural que qualquer referência & Paulus
& &. “oficiais alemães prestativos” despertasse em Washington um
sinal de alarma. Não constituíam problema. simples os crimes de
guerra: constituíam problema que facilmente podia entrelaçar—se
com outros pontos sensímeis que rapidamente se abriam no corpo
das relações entre Ocidente e Oriente.. A Conferência de Londres e o Indiciamento
. Não'obstante, todos os indícios de perigo foram ignorados.. de Nuremberg
Os britânicos tinham sido forçados a mudar publicamente de po—
sição, os franceses debatiam—se em total confusão e: os soviéticos
_- pela observação de Stalin quanto à, “legalidade” do assunto, e
pelo que dissera Molotov & respeito de Paulus —— demonstravam
que O julgamento dos crimes de guerra podia, ser coisa, tão difícil
quanto & quisesse tomar qualquer uma. das Grandes Potências. Aos
americanos, no entanto, cabia & iniciativa, e eles decidiram pros-—
seguir em. frente, a toda, velocidade. Se estiverdes decididos a. executar um homem,
qualquer seja. o caso, não há lugar para julgamento:
o mundo não respeita os tribunais que só se cons-
tituem para condenar.
Robert H. Jackson1

0 pessoal norte-americano, numeroso e bem—equipado, che-


gou & Londres em 20 de junho de 1945.“ Viera para negociar mpi»
damente um acordo, e para preparar os documentos necessários
a um julgamento. Não obstante os graves erros cometidos nas
gestões diplomáticas preambulares, contava, a delegação norte—ame»
ricana com muitos trunfos de valor. Desembarcam numa, Europa.
melancólica e abalada, naquele verão de 1945, numa Europa, que
sentia com angústia a, necessidade e a urgência de: um novo co—
meço. Os norte—americanos, com seu entusiasmo,, recursos finan—
ceiros e equipamento-,. pareciam capazes de resolver todos os pro-
blemas, desde à:"s'"'férr0vías destruídas até os crimes de guerra.
Os europeus estavam atolados nos destroços e no horror que
resultaram de seis anos de guerra, e 12 de nazismo. Ninguém duvi—
dava. de que a Alemanha nazista, desencadeam & guerra.. Milhões
de pessoas tinham perecido, e ainda constituía uma realidade
amarga, do coração da, Rússia até o Atlântico, a memória da sel—
vagem ocupação nazista,. A. cada dia, os. jornais estampavam novos
capítulos na história, da, bestialidade dos campos de concentração
e das fábricas de morte, como Auschwitz e Treblinka. A. Alemanha

418 49
nazista ímprimira muito fundamente () ferrão de seu poder e sua norte—americana em que pode.,ría sem dificuldade e sem demora
violência. Havia contas a ajustar, e impunha—se construir os ali— chegar a, um acordo. Consta, que, no começo de junho, Jackson
cerces de um edifício que impedisse () renascimento de tal. poder, disse a um de seus auxiliares que esperava concluir o acordº no
O ânimo do governo norte-americano e da delegação amerí— espaço de uma semana? Em 25 de junho, na Véspera do início das
cana em Londres harmonizam—se intimamente com o que preva— negociações, de tal forma, o otimismo tomou o juiz que ele, depºis
lecia entre os povos da Europa. Embora se tivesse poupado aos de trocar breves opiniões com o chefe da delegação francesa, en—
americanos a maior partse dos flagelos da guerra, eles ansiavam viou um telegrama à Casa Branca. para dizer: “são boas as pers—
por proceder com rapidez, e introduzir inovações, onde necessá» pectivas de acordo quanto ao protocolo. Peço que me diga se",
rio. O próprio Presidente Truman, numa carta que dirigiu à Ge— desde que tudo. lhe pareça correto, estou autorizado a" assinar. . .
neral Evangeline Booth, do Exército da Salvação, concordou em Julgo muito desejável que meus poderes me habilitem & concluir
que se faziam necessárias medidas fortes e, talvez, sem preceden- o assunto, se possível”? Poucos dias depois,. recebeu a autorizaçãº
tes, no caso-dos criminosos de guerra. Em conseqúêncía de seus desejada, mas já. àquela altura as negociações estavam em pleno
“métodos bárbaros”, afirmou Truman, “cabe—nos o inflexível dever vôo, e Jackson tinha & desagradável consciência de que pobres
de ministrar—lhe & dura lição de que o povo alemão deve mudar“ eram as perspectivas de conclusão rápida.
de costumes., antes de ser reintegrado na família das nações cívi— Não cabia aos britânicos muita culpa pela decepção de Jack--
lízadas e amantes da paz”..2 Esse tom justiceiro pode, em nossos son, pois eram de pequeno parte os obstáculos que colocaram na
dias, parecer um tanto embaraçante, mas coadunam—se perfeita- corrida que os americanos empreendiam "em direção "aOªÍaCOK'd-G'.
mente com os tempos e não provocou em 1945, qualquer ressen— Notava—se neles algum ressentimento diante da desenvoltura ame—
timento popular contra os Estados Unidos. O que irritava & opi— ricana, e a preocupação com a forma pela. qual se poderia encon—
nião pública era a timidez da parte dos outros governos aliados e trar um processo de julgamento que concílíasseª os sistemas juri?—
a preocupação que revelavam com os aspectos técnicos e legais da dicos soviético e ocidental? Os britânicos, tal “como os que” se
questão dos crimes de guerra, achavam no canto norte—americano da mesa, revelaram também
O problema com que os americanos se confrontavam n㺠uma ignorância de provocar assombro no tocante à natureza, sis»
residia em inovar, mas numa tendências tão velha quanto a temática das atrocidades nazistas, Em determinada oportunidade-e
república, & crer que a inovação norte-americana contentaria, & por exemplo, Maxwell Fyfe disse, como se estivesse descobrindº
todos e seria aprovada, no mesmo instante. Em geral, essa ten-— uma, verdade até então ínsuspeíta, que o campº de concentração
dência é sofreada pelo. sentimento ísolacionista e pelos diplomatas de Maidenek “só podia ter sido dirigido com-& aprºvação do gºve?
profissionais do Departamentº de Estado. Durante a, H Guerra no germanico” 7 Oque mais prejudicou o grupo britânico ainda,
Mundial, no entanto, muito se afrouxamm esses freios. Os grupos mais que a ignorância em matéria de nazismo, foi a idéia confusa.
de negociadores inexperientes, cºmo o de Jackson, tendiam & per— que formou com relação ao conteúdo do projeto americano de
sonificar “totalmente as características nacionais, e, tendo pouca julgamento. No grupo as opiniões dividiam—se entre os que acre—
prática diplomática, mergulhavam, cegos, nos. assuntos. Jackson ditavam que os americanos tinham em Vista, um único julgamentº
não se subordinava ao Departamento de Estado, pois o presidente e os que a isso contrapunham & idéia. de que eles preferiam três
lhe confiam mísaão especial.. O juiz comunicava—se diretamente ou quatro.ª Justifica—se & confusão que nesse particular, reinava
com Truman. Ficou & critério de Jackson decidir que informa- no espírito britânico, pois no dia 9 de junho, o imediato de Jack-
ções transmítíría, ao Departamentº de Estado, e mesmo se cen—- son, o General Donovan disse aos ingleses que entrevia uma sé.—
Viria transmitir uma que fosse. Não se conformam com o espírito rie de julgamentos pelo mesmo tríbuna1,n0 mesmo indiciamentº”?
dos que acompanhavam Jackson & idéia de andar passo a passo; de grupos de réus nazistas.º Há indicações de que Maxwell Fyfe
na, maioria, eram jovens oficiais da reserva transportados pe1a pensou que se deveria, subordinar qualquer outra consideraç㺠à
vaga de confiança que se ergueu com a Vitória, norte—americana na de demonstrar & culpabilidade] de Goering em crime capita1,pcar—
Europa,. Na. missão, Viram o venturoso clímax do serviço militar que, em seu sentimento, o fato de se condenar um político nazista
que cumpriam, não se deixando impressionar pelas ruínas da ci— da importância de Goeríng desacreditaría todo o regime.“
vilização européia, que os rodeavam, nem acreditando na. perspec- Também foi difícil para os britânicos compreender o que os
tiva de longas e atadas deliberações,—ªª norte—americanos pretendiam com () indiciamento por conluio e n
Contudo, mesmo dando—se o devido desconto a essas circuns- de organizações criminosas, e os de'snorteou & questão de saber se
tâncias, ainda causa. espanto & intensidade da fé na dellegaçao a. tônica do processo incidíria nos crimes-de guerra, ou na- guerra?

50 5-1
decidiram seguir em frente e formar subcomissões para, as mimª“
ãe agressão. Depºis de pmlongadas discussões, decidiram tentar ras redações de um indiciamento e para que se pianejasse & arga—
prender a. atenção dos norte-americanos num “conluio nazista para,
nização real do julgamento.
dominar a. Europa”, vendo nesse aspecto a. melhor maneira, de re-
duzir () número de réus & a quantidade de provas mecessz'n'ías.,11 Já os franceses e soviéticos não Viram as cºisas com 08 mea—
Os ingleses puseram abaixo uma floresta de trabalho, pesquisando mos olhos, quando chegaram, respectivamente? nos dias 24 e 25
dados biográficos sobre a liderança nazista colígídos pelo Minis- de junho-. Os deiegadas que provinham do cºntinente necessiªãza—
tério do Exterior inglês «a- dados muito mais precisos e completos vam de tempo para medir a situação, mas, quando & conhecemm?
do que aqueles a que os norte—americanos reucorreríam, subseqíien— tomaram consciência de que os aliadºs anglo-americanºs n㺠ape— .
temente..12 Desse denso labor emergiu uma lista compacta de 10 nas se haviam entendido no tocante &. numerºsºs aspecms de ca,—
réus — Goeríng, Hess, Ribbentrop, Ley, Keítel, Streícher, Kalten— ráter geral, mas já se encºntravam &, meio caminhº dia, argam—
brunner, Rosenberg, Frank e Frick. Contavam os ingleses conven— z-ação prática, do julgamento. & fragilidaãe dº gºvernº fmmês
cer os americanos, com essa lista,, de que não era apenas possível, não lhe permitia protestar com força, mas as poderºsas sºviéticaã
mas desejável, um julgamento fundado no— tema do “conluio para, sentiam—sel ofendidos, & não sem motivo, © cºmpºrtamento anglº-
dominar a, Eurºpa”.,13 amerícam era, ponto por ponto, o que melhor se adiaptava &
despertar as suspeitas soviéticas, e levou Os russºs &, cºmpem—
Na altura, em que Jackson e seu grupo aterrissaram em Lon--
trar—se de' que em preferível. retardar 0 761t ªos trabalhºsª &
ares, ansiosos por conquistar () endosso britânico ao projeto revisto decisão norte—americana de: apresentar 0 prºjetº revisam 'que Stet—
de acordº executivo, Maxwell Fyfe e seus auxiliares já. tinham
tinius mencionam & Novikovy em vez de submeter às demais âeleª
concluído grande parte de seus próprios trabalhos prepeurzal.'r,ez')1"zi_os=
gações () ”texto examinada em. São Francisca, propºrcionºu aºs
Assimº encemmm—seª de imediata amplas negºciações entre “ingle—
soviéticos um meiº perfeitº de pamâisar & Eºcºmmíva anªº—«ame—
ses & norte—americanºs,, & despeitº de que ainda, n㺠hºuvessem
ricana.. âacksºm buscºu apressar as whºres? na primeim sessªº
chegaâg & Lºndres as âeie-gações sºviética e francesa. Comº em
ela conferência, em % de junhº? mas 08 Sºviétimg & ºs franceses
Éຠàbvm & prazer que áespertava, enim os americanos & coopera—= queixaram—se ªe que Só ma véspera Enes chegam àg mãºs © mªm
çãa Mªcânica? os iªgieses legº passaram à, ofensiva, cºlocando na, revista Qm pmje'm de acºrdº executivas“ Em ªmis circumtàmsâass
;. à guisa de esperançºsa experiência, a lista de réus quê
Sendº eviáentememte pºucº sensata & mâvânáicaçàa Hºmemameúm
haviam elabºradº.. Tantº ºbcecam Jackson & consecução de um
cana de que tudº se decidisse velºzmente? masºn vmnse Íwçadº
acomg aliadº para, & linha.—mestra 010 sistema, de julgamentº que
&, assumir atitude mais hesitame e conciliamrmº && fim 5% ªia?
uma atenção dispensar-a, à. seleção dos réus. Comidas de suª»
houve acordo em. que as delegações Eerâam as pmmstas america-
presa? pºucº mais puderam fazer ºs nome—americanos que exp??-
nas? e faziam, então? as recgmendàações ºu mvisões que jaigagsem
mírª Gassemimenm em que n㺠cºmviria “superlotar” lista, man-=
necessárias., © progressº da sess㺠fem milimétrico? mas Jack—
tendo—se, no entantº, aberta & possibiiidade de que mais nomes se
son e os que o rodeavam parecem ter atribuído isso à necessiàaáe
acrescentaªssem aos primeiros, futuramente. -
de negociar em três diferentes idiomas? e sentiam-se relativamente
Em todo of decorrer das negociações com os britânicos, Jack—» contentes com os resultados. Voltaram, no entanto, a, interpretar
sºn mostrou—se aberto às opiniões alheias, embora seus comen— erroneamente 0 que se passava, pensando, aº que tudº indica, que,
tários e opiniões indicassem sentimentos ambíguas no tocante aos terminado o estudo do projeto pelos soviéticos e franceses, 635385
soviéticos. Declarou que não queria que se realizasse o julgamento dois grupos de delegados concordariam com o text-0 cºm a mesma
na, zona, soviética, de ocupação da Alemanha, e acentuou também. facilidade dos ingleses.
que, se n㺠chegasse a tempo a delegação russa, propunha “um
anúncio público de adiamento das discussões das Quatro Potên— Pouco-s días-bastaram para destruir essas esperanças, e G plans.)
cias” que faria a responsabilidade pesar sobre os ombros dos so— norte-americano foi sujeito a, uma tempestade ãe críticas e Suges-
viié'ísfãges»15 Nº entanto, em outra oportunidade, o juiz observou que tões, ªos soviéticos preocupava & substância de alguns dos crimes
era essencial não alienar os franceses e os russos na, suposição de mencionados no projeto, e os procedimentos previstos para 0 in—
que'se'reservava aos ingleses e norte—americanos “& defesa da jus-— diciamento e julgamento dos réus de tais crimes. O impactº da
tiçza no mtmdoªº»16 Aos ingleses, Jackson continuou & impressionar crítica, soviética dirigiu-se à, idéia de juliígar organizações., Foi muitº
depressa que Nikítchenko tirou da manga, as messmas ohjeções que
bem, na curso das conversações, e, em geral, ingleses. e norte—ame—
ricanos estavam “tão mutuamente satisfeitos com a moderação de Novikov opuseram & Stettínius: como um simples Tribunal pºderia
que faziam prova, e com as perspectivas de rápido acordo, que ter a pretensão de decidir sºbre uma questão comº & crimmaâi—

53
5.52
dade das 88, questão já decidida pelos Três Grandes? Comq'podia francês ou se manifestava & impaciência soviética, até o ponto em
ser julgada uma organização como a, Gestapo, quando 321 fom- que uma ou outra dessas delegações voltassepzà idéia de que se
dissolvída pelas autoridades aliadas e não mais existia? Aprofun— deveria abandonar de todo o problema do conluio.ºº
dandO—se no assunto, Nikítchenko pôs em dúvida tada & idéia de Todas essas dificuldades e críticas amonto—aram-se sobre o
crime, “organizacional”. Nesse ponto, foi logo apoiado pelos fragl— Juiz Jackson, cuja, posição não era forte o bastante para que as
ceses, e, em última instância, também pelos ”ingleses que, reflexaa soiucíonasse ou contornasseº O melhor método aberto aos norte—
feita, nutriam dúvidas quanto à legalidade do julgamento de' orv— americanos para que conseguissem o concurso dos aliados residia,
ganízações criminosas e Éentiam crescente apreemão quanto aos em que se mostrassem donos do assunto e afirmassem que o in».
planos norte-americanos de indiciar os líderes econômicos da Ale- dicíamento sería coisa fácil. Nos bastidores, no entanto, poucos
manha de antes da guerra.18 Temiam os britânicos que ataque-s eram os sinais que dava o- grupo de Jackson de um trabalho S&TGMO
dirigidos & companhias alemãs pudessem suscitar problemas ou e tranqúílo. Dadas as circunstâncias, fora reunido rapidamente
acusações que embaraçassem firmas anglo—americanas. e eram heterogêneos os elementos que () compunham. Contando
O que também muito se criticou no projeto norte-americªno com pouco tempo para harmonizarem as mútuas dificuldades pes—
revisto foi o fato de que os crimes nele: enumerados constituam soais, exigiu—se—Ihes que organizassem, de imediato, as negociações
crimes ea: post facto. O argumento cortava fundo, cqmo um "bis—- e o indiciamento. A equipe compreendia muitos advogados mili»
turí, poís 0 projeto continha palavras de uma, audácm pouco co- tares, jovens, com pouca prática de julgamento, ainda menos ex-
mum, quando, por exemplo, afirmava que atos como 0 desençadea- periência administrativa, e sem qualquer familiaridade com as
mento da guerra de agressão constituíam, em “todo () sentªdo de requintadas complexidades das relações internacionais. Parcos
termo, atos criminosos., Do documento constava um paragrafº eram, em geral, os conhecimentºs que possuíam sobre a Alemanha
em que se âefima 0 Direito internacional cºmo a soma dgs ;trata- nazista, embora? em parte? compensassem essa deficiência recor-
das? das leis das nações, e dos “ditames da consciênma publicam19 rência & um contingente bem numeroso de refugiados políticos
Essa. idéia m㺠preocupºu. maite os soviéticos, mas preocupou. 0ª aiemãesº
hrítànímss cautelosog, & ºs franceses, precisos. Essa emaranhada, simaçãg exigia, um chefe gua reªzmísses cºm
passamm, nº entantº? de inofensivas çscaramuças & ques—= extraºrdinária felicidade, o “talentº da, diplomacia, e .o da comanda
“ªt㺠ªa íncrímínaç㺠em pºst facto e a contrºvérsia quantº & erga-= & Rºbert Jackson n㺠se pºáia negar um “brilhº particular, mma
nizações criminosas, desde que comparadas com & verdadelm prºmotor público, e um poder estilísticº- fom do normal, na, meia.-==
tempestade Que provocou 0 indiciamento por conluiº: Nº tocante ç㺠de textos legais., & forma como se saíra, Has funções. ãe pmm
a esse problema,? separaram—se imediatamente OS dels mªpas m motor geral, secretáriº da, ânstiça, e membrº Cia, Suprema. Corte
de um latim ºs países de mntinemtes França e “Uni㺠Sowetma, e, granjeamàhe © respeitº de Felix Frankfurtef e]. Outros gigantes
de outrº, OS britânicos e OS nene—americanos. No curso de grande jurívziimaa—㪠Jackson m㺠em um bom chefe, não em um "bom
parte dos debates, franceses 'e russos pareciam incapªzes de .com—- administrador, e deixava transparecer irritação e belicosidade,
preende'r tudo que essa, idéia envolvia; quando, por 13111, 0 perce— sempre que submetido a, pressões. É também possível que, naquele
beram, sentiram—se sinceramente chocados. Aos franceses, isso pa» lugar, nenhum outro homem lograsse manter a dignidade que con-—
recia um anacronismo legal. de bárbaros, indigno do Direito me» vinha a um juiz da Suprema Corte, atuar, ao mesmo tempo,
“demo, enquanto se diria que os soviéticos não podíamgcrçditar agressivamente, como chefe, e servir de árbitro & problemas entre
no que ouviam —- reação que os cépticos atribuirão à, lnvela. G os membros do serviço. Tal como as coisas se passaram, Jackson
aspecto mais relevante, porém, na crítica, soviética à noçao de nem se firmou fortemente na direção, nem resolveu os conflitos e
conluioresídia nen-fato de ser ela, muito vaga, e tão pouco famí— os rancoresos feudos pessoais que dividiam seus. funcionários. Essa,
líar aos franceses e a .eles próprios, e, além disse? aos alemãegª insegurança na chefia caracterizou-0 durante as negociações e no
que provocaria. infinita confusão. É impossível negar o funda— próprio julgamento. .
mento dessa crítica, mas a distância, até onde os norte—amerícanog Não era apenas nas negociações que o caminho se achava se—
tinham avançada. não lhes permitia retirar completamente a, idéia meado de obstáculos, mas também na logística da coleta de provas.
de conluio do papel; entraram assim, mediante compromissos e Haviam sido estabelecidos, em Washington, Londres e Paris, cen.—
novos projetos de texto, pelo caminho de desarmar cada objeçãa tros para recolher materiais; ínstituíra—se um sistema aperfeiçoado
soviética, e francesa? dando ao conceito uma redação mais fami— para a tradução das provas conseguidas, Além disso, um velªda-
liar e aceitável,- Vez por outra, no entanto, cíntilava o nervosismº deíro exército de investigadores norte—americanos, armados com

54 55
máquinas de escrever e mimeógrafos, percorria & Inglaterra e º erguiam objeções aos artigos que se referiam & orgamz-ações crí—
continente, colígindo, ao que tudo denotava, os fundamentos nen- '- minosas. No dia 4 de julho, em informação que remeteu ao Secre—
cessários & uma acusação irrefutável. Essa formidável aparência, tário de Estado James Byrnes (que acabava de substituir Stetti—
de eficiência certamente auxiliou os norte-americanos & conven— nius), falando sobre as possibilidades de acordo, chegou à se—
serem os colegas de que, se concordassem com o projeto, a. causa guinte, cautelosa conclusão: era “demasiado cedo para contar com
estava praticamente vencida. Na verdade, o sistema de coleta de resultado seguro, mas não se pode dizer que a, situação seja, de
documentos apresentava uma falha muito grave — simplesmentsª qualquer forma, desesperadora”.25 Em 12 de julho, realentou—o 0
não produzia os documentos necessários. otimismo, e mandou comunicar à Casa Branca que tinha, “poucas
Em 30 de junho, Jackson informou 0 subsecretário de Guerra dúvidas de que sairemos vitoriosos, na parte substantiva do ne»
de que, embora estivesse bem organizado () fluxo de documentos gócio”.% Seis dias mais tarde, no entanto, no curso da “terceira
que procediam do continente, não chegava a Londres “prova para semana de negociações, informou McCloy que “a posição russa
0 ponto mais amplo da acusação”---— 0 da premeditação nazista e é desanimadom”, e que estava.. esboçando uma proposta alterna—=
existência de um conluio.“ Jackson chegou. à, conclusão de que tiva, & ser apresentada “como último recurso” antes de “romper
essa prova de importância capital teria, de Vir dos cofres dos aru- as negociações” 27 N o dia seguinte, porém, em telegrama em pessoal
quivos do governo norte-americano e de outros governos aliado-s —— empenhado no mesmo assunto em Washington, disse que “agóm
esperança, sem dúvida, vã, à altura, dos fins de junho de 1945. Ao parece provável que lograremos um acordo para julgamentos inter-=
Coronel Bemays, que fora convocado de Washington para servir de nacionais que conterão & substancia, de 110350 plano”.ºª Também
consultor, no curso das negociações, foi atribuída & responsabili- em 19 de julho Jackson telegrafou & Byrnes: “brilha, em meu. in»
dade de coligir documentos em Londres, No começo de julho, em teríor &, esperança de que, breve, estará prºnto para a assinatura,
quase desespero o que sentia, Bernays; o material que obtivera, com um acordo quanto aos principais criminosos”.29 Não obstante, no
() OSS de nada servia, em sua maior parte, e pouco resultam do
dia 20, Byrnes informou que só dobraria os russos “algo muito
míserrogatórío de prisioneiros inimigos. Em carta que dirigiu a próximo a um ultimato”.ªº
um amigo no Departamento de Guerra,, disse ele que só um “pe- Dando-se às agruras que enfrentava os descontos que se deve
queno milagre” possibilitaria armar adequadamente a acusação dar e levando--se: também em conta os altos e baixos nas negocia-—
AA“... “m,-un.— “ªr).—“ná- fã!-,,? «furl-3.795” &nnlnmnqq nin. “ w m m n n m n n a m a m - ª l m a ... papº rnfâghdnc: "nn alma egn?mrig "ínnlzqmn fim:; a i n d a gggím naiºma'fº
....- _ ; u u ; m _ _ ._..— " . _ . . . -

rlamente à, causa, com palavras brilhantes, em reuniões; mas que não estava, em suas mãos o controle dos acontecimentos.. As
aquilo de que, de fato, dispomos, como provas mais, cabe numas atitudes e métodos das outras delegações, para ele continente
poucas fichas 3 X 5, preenchidas num só lado?”22 Não obstante, nºvo payecíam sinceramente surpreendê—10, e quase o levam ao
Bernays não se dava por vencido. Em agosto, aumentando o fluxo desespero a facilidade com que soviéticos e franceses saiam de
de documentos capturados e dalineando—se diante do grupo de pontos controvertidos e a eles regressavam. Parece ter abrigadº
Londres uma imagem mais clara daquilo com que tinham de lidar,, insídíosas suspeitas dos soviéticos, antes de iniciadas as negocia-=
revigorou—se & confiança de Bernays e a da. maior parte dos mem-— ções, suspeitas que, segundo tudo indica, se revigoraram, em con—
bros do pessoal norte——amerícan0 em Londreqs Mesmo entao, essa versas que manteve com oficiais norte-americanos empregados no
confiança interna não chegou aos pés da imagem de segurança continente oficiais de que ouviu repetidas queixas de que lhes pa,-=
que os norte-americanos,aparentavam em público., recía, “má,—fé, teimosia.” sowetma 31 A altura da terceira semana
Teriam de ser de ferro, na realidade, os nervos de Jackson, de julho o mais tardar, de tal forma se compenetmra Jackson de
para que tratasse com equanímidade as reivindicações que fa— que os soviéticos eram difíceis e perigosos que passou a cogitar
ziam osaliados, de mudanças radicais, contando os americanos em romper as negocmçoes e levar à barra da justiça, apenas os
com tão escassos documentos. Logrou manter uma aparência, pú- criminosos de guerra, sob custódia dos Estados Unidos 32
blica de calma, no curso das negociações, mas, no íntimo, atraves- Não se deve ignorar que era, muitas vezes, de causar perplexi—
saram violentos altos e baixos suas esperanças quanto à situação dade o comportamento dos soviéticos em Londres, e que Nikit—
e perspectivas que se abriam. Na véspera das negociações, ani- chenko era, um feroz negociador. A. Jackson importava, sincera—-
mava—0 0 otíumismoj,23 e, depois do primeiro dia de trabalho, mandou mente, que aos réus fosse concedido algo próximo a um processo
dizer & Rosenman que “quanto à, substância do assunto, reina con— em boa e devida forma; isso nada importava aos soviéticos. Tam—
córdia geral entre todas as partes”? Três dias mais tarde, já ele bém Jackson percebeu que um dos problemas essenciais da questãº
telegrafava, ao seu staff em Washington dizendo que os soviéticos dos crimes de guerra, dividiria o Ocidente do Oriente, e nisso sua

56 5”?
zºa-!
&:
:* .

intuição funcíopou muito melhor, e bem mais cedo, que a, da aliados indíciaria e julgaria os criminºsºs de guerra em seu res—
maior parte dos escalões oficiais de Washington. Obtemperou a" pectivo podenª5 Menores eram as perspectivas de êxito desse
Byrnes, em telegrama de 6 de julho, que convinha aos Estados projeto do que as do plano original, poís continha muitas das
”Unidos antecipar uma ezxcusa aos pedidos soviéticos de troca, de complicadas características legais que haviam preocupado fran—
criminosos de' guerra, pois, na opinião de Jackson, muitos de tais ceses e soviéticos, e nada oferecia, comº concessão, em outros
pedidos teriam motivos puramente políticos,' e magras seriam as pontos. Tal, no entanto, era, a decepção de "Jackson com os. aliados
possibilidades de julgamepto equ'àJaíme.33 Nesse ponto, as claras continentais que se lhe esvaziara o entusiasmo por qualquer jul—-
lunetas anti-soviéticas deªª Jackson divisaram perfeitamente a, si— gamento conjunto. Com os soviéticos, e que lhe reStava de pa,-
tuação, mas, em outros pontos, não se pode] negar & parcialidade ciência estava prestes & agonizar. Mesmo sabendo que os russos
com que rejeitava sugestões russas. hesitavam em escolher o local exato do julgamento, insistiu na
necessidade de que se concordasse, sem mais demora, sem efetuar
É indubitável o acerto da opinião soviética de que os projetos
o processo na, zona norte—americana de ocupação, em Nurembergª
norte—americanos quanto a crimes de guerra eram, ao mesmo 'tem-
Esgotou—se—lhe & paciência quando os soviéticos, depois de concor—
po, de uma complicação extrema, e sujeitos & controvérsias. É difícil darem em acompanhar as outras delegações numa viagem preu—-
colher uma só crítica. ou sugest㺠soviética, desprovida, de substân— mínar à cidade bávara, mudaram de idéia, na última hora. Jack-—
cia. Mais fundamental, porém, é o fato de que as outras três dele—
son parecia obcecado pela, idéia, de que constituía ponto essencial
gações, diferentemente do grupo de' Jackson, não gozavam de líber- tomar logo uma decisão quanto ao local do julgamento, para que
dade na escolha das cartas que punham na, mesa., pois se subordi— se pude-sse prepará—lo adequadamente. É preciso-, aliás, dizer que
navam diretamente aos respectivos Ministérios do Exterior.. Não ha- Nuremberg era º melhor local disponível para sede do julgamento,
via sugestão de importância, ou modificação de projeto de emenda.,
não só porque proporcionava excelentes prédios para a prisão dog
que escapasse aos densos. canais burocráticos para. obter aprova- awsados, mas também. em razão de sua significação histórica,, .A
ção do governo. Os arquivos do Ministério do Exterior britânico caminho daquela, cidade, ciceroneando franceses. e britânicos, Jack-
demonstram que“ nem sempre 1880 era fácil, mesmo para, os ingle- son refletia sobre os recursos com que contam para armar uma,
ses.. Daí se pode imaginar a dificuldade que o mesmo processo definitiva, confrontação com os russo-s. 3“
representava para franceses e soviéticos. Mas Jackson não se acha-
va em estado de ânimo que o mªhna“? fa. mnªremmrízãr 91.1 em 6 que primeiro lhe ocorreu foi arranjar-se em. sagrada cºm
posição que lhe permitisse fazer concessões, em pontos fundamen— "britânicos e franceses, para então colocar os soviéticos diante de
tais. Os americanos se tinham posto a caminho, muito cedo, e um ultimatº, que aceitariam ºu os obrigaria & sair das fileiras dº
haviam avançado, muito, para que viessem a abandonar, em mea—— grupo jurídico aliado.. Essa idéia fantástica, foi engavetad-a. depois
dos de julho, o projeto básico, e grande parte do pessoal de Jack— de— uma, reconsideração, e Jackson regreSsºu & Washington, para
son, especialmente o autor do projeto, Coronel Bernays, encarava ver se McCloy e Byrnes podiam conseguir uma solução na, Con-»
qualquer modificação substantiva como “traição ao projeto e] aos ferência dos Três Grandes, em vésperas de ser inaugurada, em
ideais norte—americanos. Em vez. de concordarem" com um con—- Potsdam.“ A. preferência, de Jackson, nessa, altura., inclinava—se
junto de acusações específicas, e de deixarem de lado as questões para um esforço “sensato” no sentido de conseguir acordo com ºs
do conluio & das organizações criminosas., os americanos foram soviéticos, mas, falhando isso, queria que se decidisse adotar o
buscar outros recursos paraa solução de seus problemas. plano alternativo nos termos do qual os Estados Unidos julgaria-m
seus próprios prisioneiros de guerra?8 Byrnes ouviu.— com simpatia
Em primeiro lugar, exigiram um aumento considerável do
as dificuldades e os projetos de solução de Jackson, mas acentuou
número de réus. Isso causou pânico entre os ingleses, que logo
imaginaram o fantasma de um julgamento gigantesco, com 300 ou. que o presidente.....ehtregara o trabalho apenas ao Departamento
400 réus..34 No. círculo da delegação norte—americana, fabricou—se da, Justiça, não cabendo, portanto, aº Departamento de Estadº
uma resposta ainda mais extremada às críticas que sofria o projeto in'izerfeerfir.,as
de julgamento. Em meados de julho, os americanos tinham pre- Mas a questão de um julgamento de «crimes de guerra veiº à
parado um novo projeto de acordo que, embora contivesse os mes- baila, em Potsdam, e a idéia. de' um julgamento internacional foi
mos pontos do projeto original (crimes de guerra, guerra de agres- ajudada; e, é provável, decidida, em última, instância, pelas deli—-
são, conluio e assim por diante) e embora permitisse O julgamento bemções dos Três Grandes. Os britânicos vinham se preocupanda
de organizações criminosas, acrescentava que, em vez de um crescentemente com a atitude anti—soviética, de Jackson e queriam
julgamento conjunto a. cargo das Quatro Potências, cada, um dos atribuir—lhe & culpa do impasse, e não & Nikitchenko. Também

58 59
chegou ao conhecimento dos britânicos & inclinação de Jackson Em Londres, entretanto, o Juiz Jackson cogit-ava em medidas
para torpedear as negociações de Londres, e seguir caminhº“ ainda, mais extremas do que as que lhe tinham ºcorrido antes
isolado, e ansiavam por lançar mão da oportunidade da confe= para provocar a ruptura das negociações, e evitar 0 “aborrecido
rência de Potsdam para impedir que isso sucedesse, ªº Entravou—os trabalho de juntar—se aos russos num julgamento”? Mas agora
& confusão que cercou as eleições gerais. na Inglaterra, das quais os soviético-s queriam conseguir, muito depressa, um acordo. Nada
resultou que] Churchill entregasse O posto de primeiro-ministro & há de concreto que relacione essa atitude cominatória, dos SOVié“
Clement Atlee, do Partídojrabalhista. Essa alteração sucedendo ticos com o desejo que animava Jackson, de ruptura de negocia—
bem no meio da, conferência, pareceu. enfraquecer a influência ções; na, verdade, não há prova, de que os russos conhecessem.
britânica, mas não impediu Atlee de alcançar o principal ºbjetivo as agitações no interior do campo norte—americano. É provável
buscado pelos negociadores britânicos na questão dos crimes de que as conversações em Potsdam, e o compromisso ali assumido
guerra., O primeiro-ministre logrou obter de Truman uma, pro— quanto a um prazo que se esgotaria em setembro, tenham resul-
messa, de que os Estados Unidos se manteriam atados ao projeto tado em instruções para que a, delegação soviética em Londres
de um julgamento conjunto pelos Quatro Grandes; isso desarmou buscasse & conclusão rápida de um acordo, Não quer isso dizer,
as ameaças de Jackson e, nas próprias palavras de um membro necessariamente; que antes desse momento estivessem os SOVÍé-ª
do Ministério Cio Exterior britânico, (lataria () “Juiz Jackson com ticos dificultando as coisas, com o deliberado propósito de exercer
mais paciência”ºf]L pressão política. —-—-- embora, o menos que caiba dizer é que foi
Por muito tempo, parecem aos ingleses que o maior ºbstáculo intrigante & deserção soviética,, no último momento, da excursão
no caminho de um acordo residia, na, forma raivosa com que Jack— conjunta que levaria todas as delegações & Nuremberg. Também
son se comportava em relação aos soviéticos e nas suspeitas que se pode atribuir o ritmo lerdo dos negociadores soviéticos ao ca—
por eles sentia" & prºmessa de Truman amansaria Jacksºn .e abri— ráter cºnfuso e complexo do projetº norte-americanº, e a uma
m uma “vereda para, que mov-amente prºgredissem as mmzema— carência de instruções sºviéticas muito claras, & qual explicaria
gºes em Londres.,” a extrema cautela, de Nikítchenka

Mas m㺠fºram os byí'tàmcºs que deram O empurr㺠final; Ímã


Qualquer que seja, 0 caso, deve ”ter brilhado como luz 111.333“ª
Gulºsa,ª aos olhos dos americanos em Lºndres, dispostºs &, cºnfmn-vª
Byrnes, que pretendia ajudar Jacksºnº Nenhuma dificuldade sa
ªca? ºs soviéticos com um ultimato, &, súbita boa, vontade ãe Nikitª
ºpunha, & trazer º assuntº à. baila em Pºtsdam.ª país 0 Mamehaã
Stalin ansiava por discutir os crimes Ole guerra e,, ainda, mais 㺠chenkº, NOS últimos 15 minutos de uma curta. sessão de mª
geeiações, no dia, 2 de agosto, Níkitchenko anunciou amavelmente
que issº, ºs criminºsos de guerra., Stalin “trabalhou. O espíritº ªºs
outros grandes para, qm publicassem um. cºmunicadº cºnjunto que os soviéticos aceitavam & última, redação norte—americana, dº
com os mmes dºs ííáeres nazistas que seriam julgados., Áes britâ— parágrafº em qae se afirmava & “existência, de um plano comum
nicos e norte-americanos, não agradava & idéia, de resolver-se em e conluio”. Como também concordou ___—. Molotov o deixava ím—
Potsdam, com a especificação dos nomes dos réus, o que cabia plícíto em Potsdam —- com que Nuremberg fosse o loca]. do jul—
aos negociadores em Londres decidir. Byrnes buscou inclinar Os gamento e asseverou, para, terminar, que os russos estariam pron—
russos & uma atitude de cooperação mais ampla nos entendimen— tos & assinar um acordo final, em três dias.“ Aquilo por que
Jackson batalham arduamente, seis semanas seguidas, foi—lhe
tos londrinos. No mais aceso dos debates em Pºtsdam, ele decla—
dado de presente, em 15 minutos; caía () pano sobre as negociações
rou., sem rebuços, &. Stalin que “se o marechal der a seus repre—
de Londres.
sentantes instruções no sentido de que tentassem chegar a acordo,
tudo correria às mí]. maravilhasºªfª Stalin, enigmático, limitou.— . E m 8 de agosto,. ,com a solenidade de regra, OS chefes das
se a, responder que “esse é outro problema” e insistiu em que os quatrº “delegaçõ'és firmaram dois documentos concisos, respecti—
Três Grandes chegassem & um acordo quanto a uma lista de vamente intituladºs o “O Acordo” e a “Carta, do Tribunal Militar
nomesfª Por fim, no entanto, concordºu com. uma solução de Internacional”, A. União Soviética sugerím sabiamente que os
meio—termo, segundo a qual os aliados “deveriam” publicar, à entendimentos entre os aliados. fossem resumidos num “acordo”
altura de 15 de setembro, uma, relação dos principais réus na- separado da Carta que serviria de fundamento legal para, O
zistas. Manteve—se, assim, a unidade aliada e, além disso, Viram-se julgamento. O acordo de duas páginas continha uma, promessa,;
cercada de condições, de que os aliados restituiríam os criminosos
os negociadores de Londres obrigados a, completar, até meados de
menores “ao cenário dos crimes que praticaram”. As dúvidas de
setembro, sua própria lista, abrangentefõ Jackson quanto a entregar qualquer pessoa que os soviéticos
60 #61
quisessem ínculpar de crime-s de guerra tinham resultadº em , “plano comum ou conluio” nos pontos dois e três (Crimes de Guaru
que se apagasse & cláusula, incluída em São Francisco, que pm— ra e Crimes contra a Humanidade), No finzinho dp artigo "VI,
metía “extraditarªº qualquer pessoa. “sohc1tada” por uma das acrescentou—se uma frase que levou ao máximo o que se podia,
potência.s.:ª—ª8 conseguir em matéria, de compromissos capazes de suscitar con—
fusão: '
A “Carta do Tribunal Militar Internacional”? com sete pás-«
gínas, mantinha os principais pontos introduzidos pelo-s morta-
americanos, mas também ªêxíbía os efeitos de muitºs esforços de Os chefes, os organizadores, os ínstigadores e os cúmplices
redação e muitos compromissos. A Carta compunha—se de sete que participaram na, formulação ou no cumprimento de um plano
subseções principais, a, primeira das quais se intitulam & “Cons— cºmum ou conluio para que se cometesse qualquer dos crimes
tituição do Tribunal Militar Internacional”, referindo—se a última, referidos, são responsáveis pelos atos levados a, efeito por quais-=
quer pessoas na execução de tal plano,
de maneira muito mais terrena, & “Despesas”; essa. cláusula tinha
apenas uma frase, A. primeira subseção dizia respeito a alguns
dos processos a, serem seguidos pela Corte, e continha uma cláuw
sala da' maior importância,, a cláusula, I à ( c ) , & qual estabelecia à primeira, Vista, concluír=sehía que essa frase tinha por finali—
que as decisões seriam, todas elas, tomadas. por voto da maioria, dade configurar um quarto crime sujeito. a julgamento-, ou seja,
cabendo ao presidente do Tribunal o poder de solucionar todos conluio. Vistas as coisas mais de perto, no entanto, é difícil. man—=
os impasses, exceto os relativos & veredictos e sentenças, Esses ter essa, impressão. Os crimes enumerados no artigo VI contavam
exigiriam “o voto afirmativo de:, pelo menos, três membros dº com números identificáveis, desde Ma), para “Crimes contra a,
Tribunal”, Talvez por acaso, assegurava & inclusão dessa clã?— Paz”, até 6(c), “Crimes contra a Humanidade”? mas n㺠correa-»
sula que, se & promotoria não lºgrar—ase formular uma acusaçaº pendia, qualquer número à. frase final referente & sºnham e plano
convincente cºntra, um réu qualquer, impor-seda uma, infinita cºmum (a express㺠que está, na Carta,)ª Essa Omiss㺠indica
Mama, ele manobras e de recíprocas concessões, entre ºs juízes? que n㺠se colocou essa frase com a intenção de que servisse ãe
pam que se juntassem três “votos, prímeim, nº veredicto, e entãº, pºntº independente num indiciamemtoe àdemais, comº se incluiu
desdie que se decidisse pela culpa, para estabelecer a, sentença, específicamente entre os Crimes contra a, Paz a “participaçãº
num plano comum ou conluiº”? mas ºmitiu—se isso dºs Crimes de
De lºnge? a parte mais relevante da Carta em & encabeçada. Guerra e Crimes contra a Humanidade? fica implícita & cºnclusãº
pelo títulº “Jurisdição e Princípios Gerais”, Fígumva na, Carta, ãe que cada um desses crimes sería, tratado de fºrma diferente
me artigo Ví dessa subseção, & lista Cie crimes que! o Tribunal __ 0 que n㺠se coaduna com a idéia de que a express㺠referente
podia, julgar., Nesse pºntº; semíam—ge as marcas deixadas pelas & conluio e plano cºmum? no fim do artigo VL fºi aii posta
cautelas e recomendações francesas e soviéticas,” &: se afastam do para que se aplicasse igualmente a todas as três acusações. Por
primeirº plano grande parte da idéia de indiciamento pºr can— fim, uma interpretação cuidadosa dessa frase demonstra que a
iuío e organização criminosa. A. seção introdutória" incluía & 'de-= tônica incidiu na, responsabilidade penal de um participante da
claração de (311190 Tribuna]. tinha poder para julgar pessoas qaer ' ' conluio pelos atos de qualquer outra pessoa envolvida na, execução
como “indivíduos”, quer como “membros de organizações”, mas do plano. Em Direito anglo-americano, é um elemento implícito
não se colocava o conluio como crime separado. Em vez dissº, nas acusações de conluiº & responsabilidade penal por atos que,
falava-se apenas em três crimes sujeitos & indiciamento: “Crimes embora praticados por ºutras pessoas, tenham relação com () con-=
contra a Paz”? “Crimes de Guerra”, e “Crimes cºntra a Humà— laio, além da responsabilidade que cabe ao “conspirador” por sua
nídade”. O título “Crimes contra a Paz” parece haver sido suge— própria “ligação-commo aSsunto. No entanto, a redação do artigo Ví,
rido pelodelegado substituto dos soviéticos, &, L. T'raínín, enquantº na forma, em que está, denota que a intenção principal da frase
tudo indica. ter sido o especialista ”britânico em assuntos legais, final do mesmo, artigo em salientar a responsabilidade pessoal dos
Hersch Lauterpacht, quem lembrou & Jackson & expressão “Cri-= criminosos de guerra nazistas por todos os horrores e atrocidades
mes contra. & Humanidadeªªfº Uma parte da idéia norte—americana, consequentes ao que prepararam e planejaram.
de conluio transpareceu na redação do “texto, da seguinte maneira:
“planejamento, preparação, início ou desencadeamento de uma Seria, possível, é'claro, pôr de lado essas considerações, como?
guerra de agressão... ou. participação num plano comum eu em última análise, o fizeram aqueles que redigímm o indiciamen—
conluio para a execução. de qualquer dos crimes acima enume— to? na, esperança de que o Tribunal decidisse &, favor de uma acusa—
rados”, No entanto, não se incluíram cláusulas semelhantes de ção de» conluio, ligada não apenas & Crimes contr-a & Paz, mas

“62 63
também & Crimes de Guerra e Crimes contra a, Humanidade; ato do qual o individuo possa ser declarado culpado) que o grupo
ou organização a que pertencia o indivíduo era. uma organização
quando, no entanto, o Tribunal entrou a ponderar as acusações, criminosa
no indiciamento, o único texto em que podia, buscar orientação
legal residia na linguagem impura do artigo VI, e quando procurou
alí tal orientação, nada encontrou que sustentasse acusações re— É de se presumir que ÍSSO significasse que o indiciamento inculpa-
lacionadas com Crimes de Guerra, e Crimes contra, a, Humanidade. Ha uma, série de Organizacões. Condenando o Tribunal um réu
As" recíprocas concessõesªque as partes praticaram em Londres individual podería também classificar como “criminosa” qualquer
enfraqueceram, assim, e seriamente, o plano norte-americano, tor— das organizações constantes de lista e da qual o réu. fora membro.
nando impossível uma inculpação- clara que se fundasse no ponto Assim, por exemplo, se o Marechal——de—Campo Keitel preparam
de um amplo conluio. planos para a guerra, cie agressão e era membro do Alto Coman-
Não havia muitos elementos próprios & suscitar controvérsia do das Forças Armadas então o Tribunal podería classificar o
no artigo VI, que consistia, em sua maior parte, numa enumeração Alto Comando como “organizacão criminosa”. Mas a Carta. não
de atos tradicionalmente considerados crimes de guerra, como o entrou no pormenor de especificar o grau de intimidade que se
assassinato, a destruição de' cidades sem motivo, e outros seme- imporía entre o réu e a organização para que a condenação do
lhantes. Mas era, a um só tempo, complexa, e confusa, & classifi== primeiro acarretasse & classificação da segunda como “criminosa”
cação do novo crime: “Crimes contra a Humanidade”, Depois de nem esclareceu., quanto aos atos envolvidos no julgamento, se te—
relacionar uma série de atos, como “escravização”, e “extermínio”, riam, necessariamente, de ter sido praticados pelo réu em sua, ca-
passou o parágrafo 6(c) & declarar que se tratava de Crimes con- pacidade oficial de membro da organização. É óbvio que as graves
tra & Humanidade, desde que cometidos “em execução de qualquer dificuldades e os perigos implícitos na acusação & organizações,
dos crimes na, jurisdição do Tribunal, ou relacionados com esses e, em particular, o esforço para ligar réus & organizações, não
crimes, e Violem ou; não a lei interna, do país em que foram per- haviam encontrado solução no artigo IX. Muitos desses proble—
petrados”. Surgiram sérios problemas de pontuação nos ras—- mas tinham Vindo 'à tona em Londres, nas discussões, sendo ali,
cunhºs desse subparágrafofº mas 0 que é mais importante com em geral contornados por uma nuvem de palavras. Como sucedeu
referência à, definição é O fato de que os Crimes contra & Humaa com a questao de conluiº fºram entregues ao Tribunal. para
nidade limitavam-se estritamente no tocante ao “tempo& Como ºs
que os resolvesse.
anglo-americanos não escondiam & relutância em dar a atos come—
A. Carta, continha também uma série de compromissos quanto
tidos pelo governo alemão antes da guerra, o caráter de crimes
ao papel da acusação e aos métodos & serem seguidos pelo Tribu-
contra. o Direito Internacional, os Crimes contra a Humanidade
nal. Aos promotores.. trabalhando em “comitê”, para usar a ex—
foram relacionados com. outros atos & que se atribuía ilegalidade
pressão soviética,, caberiam coisas como aprif'ovaxw & lista de réus.
e que caíam na jurisdição do Tribunal, ou seja, atos que ocorre—
ram depois de iniciada a guerra ou depois de preparado um con-= mas cada. uma das nações acusadoras gozaria de grande indepen—
luio ou plano comum para que se desencadeasse &, guerra. de agres— dência no encaminhamento da causa.. Concedendo—se— grande au—
são Em conseqúêncía, & menos que a, Corte decidisse que houvera tonomia aos promotores de cada país, tornava-se difícil & coorde-
nação entre os mesmos e, em última instância, cairia nas costas
conluio, nada, do que_ fizera 0 governo alemão (perseguiçõeqs tor-
do Tribunal 'a tarefa de juntar as partes separadas.. Felizmente,
turas ou qualquer coisa semelhante) constituía um Crime contra
no entanto, a Carta concedeu à Corte poderes muito amplos;
a Humanidade, desde que houvesse ocorrido antes de 10 de setem-
podia interrogar os réus, empregar regras simplificadas, e filtrar
bro de 1939. Apenas um veredicto de que houvera conluio antes
os materiais de prova para, determinar— lhes & relevância,. Num
daquela data podia servir de fundamento para decidir—se que
esforço para acelerar e encuruar () processo, a Carta impôs poucas
tinham sido cometidos Crimes contra a Humanidade na Austria,
Tcheco-Eslováquia, ou na própria Alemanha.. restrições ao poder do Tribunal A tônica que a, Carta colocou no
As disposições relativas a organizações criminosas fizeram au— poder que assistia ao Tribunal para afastar provas impertinentes
mentar & confusão. A redação do artigo IX em especialments visava a, impedir que os réus fizessem discursos “políticos” ou que
tortuosa: se formulassem, no Tribunal, acusações de qUe os aliados tinham
cometido crimes de guerra..51 A não ser como fator atenuante, foi
o Tríbtmal proibido de admitir alegações fundadas no escudo de
No julgamento de qualquer indivíduo membro de grupo oú ordens superiores; esse tipo de defesa fora rejeitado no primeiro
organização, o Tribunal pode declarar (em ligação com qualquer texto norte—americano, e proibido em qualquer dos textos subse-

6%: 65
qúentesPº Também eram limitadas as atribuições da Corte quanto.. Como já Vimos, ta,]. lista resultou de prolongadas discussões e re“
a, organizações criminosas. Coube-lhe o direito de decidir se era presentava um meio-termo entre aqueles que nada. mais queriam,
ou não criminosa determinada organização, mas não lhe deram na lista, do que cinco ou seis nomes, de réus, por assim dizer, re-
pode]: para, determinar a sorte dos membros das organizações, e:»;— presentativos, e aqueles que buscavam grandes números, de 50
ceto no caso dos 22 réus & ela submetidos. Deixou-se às autori- e 100. A relação final que os ingleses prepararam foi'objeto de
dades de ocupação aliadas a tarefa, de tratar com a massa de trabalho muito cuidadoso e incluiu pessoas que pertenciam a cada
membros de organizaçõeã'. A principal tarefa, da ”Corte em pro- uma das áreas do sistema, nazista, selecionadas pelos norte—ame.—
nunciar veredictos e sentenças individuais, decidir quanto ao ca— ricanos no primeiro projeto de acrardna.53 Foram indiciados todos
ráter das organizações, e fornecer uma explicação dos “motivos” de os 10 réus que figuravam na lista britânica; oito dentre eles foram“,
seu julgamento. ao final dos trabalhos, condenados 'à morte; só Hess escapou
com Vida, condenado à prisão perpétua; Ley suicidou—se, antes de
,., De início, os norte—americanos tinham ideado um processo se abrirem as sessões do Tribunal. Mas foi tão despreocupada—_
tap ?Igorosamente organizado e tão entrelaçado com acusações mente que os britânicos apresentaram a lista. de seus réus favo—
crlmmaís, que pouco rest-aria ao Tribunal, além de aceitar as ritos que os norte—americanos a. tomaram como resultado de pouco
apresentações da promotoria, aguardar a defesa, e, em seguida..
mais do que troca de opiniões, entre Xícaras de chá, ou de con--
pronunciar o- julgamento-, com base nas linhas simples do plano ve'rsas sociais depois do jantar.
norte—americano. Mas as concessões e revisões de que resultou a.
Cart-a de Londres tinham modificado tudo isso. Qualquer que fosse É evidente que tal falta de espírito de sistema, de seriedade,
ª redação do indiciamento, ou o caminho por que enveredasse & não produzia, bons. resultados, e assim os norte-americanos puse-
promotoria, ainda caberiam ao Tribunal decisões legais impor- ram-se & elaborar sua“ própria lista.. Bema'ys e um de seus auxilia-
tªntes. A. Carta tinha, de ser a base do julgamento da Corte, e & res atravessaram 0 dia, 22 de junho trabalhando na, lista de réus
nevoa, que cobria as disposições da primeira,, em especial no to- norte—americana. Significativamente, colocaram em primeiro lu-
cante & conluio & organizações criminosas, significava que () Tri— gar as cinco organizações nazistas alemãs que mais desejavam es—
bunal não poderia, fugir & deliberar, interpretar e julgar como tigmatizar como criminosas: o “Corpo de líderes” do Partido Na.—
verdadeira, Corte. mista; o' Conselho de Ministros do Reich, 0 Estado—Maior & Alto. 00—
”No entanto, não era apenas a, Carta que: causava as compli- mando das Forças Armadas, as SS e a, Gestapo. Na, hora do julga-
caçoes _Cºm que se confrontaría () Tribunal. Antes que se chegasse mento, & promotoria pediu que fossem declaradas criminosas seis
ª» um Jillgame'nto, impunha-se uma indiciação e, se estivesse em organizações, figurando em sexto lugar as SA (as tropasde assalf=
f0?rr_1a,_clara e convincente, algumas dificuldades poderiam ser to ou. 'ªcamísas—pardas”). Bernays iniciou a seleção dos réus. decie
mmlmlzadasm Um documento dessa. natureza exigia uma, lista, dinda- quais os líderes alemães que melhor representavam as cinco
das acusações contra, os réus, cada um deles, e as organizações, organizações que citam. Sua primeira. lista incluía, 46 nomes, mas
cada, uma delas, lista. essa necessariamente completa,, com um quando se eliminaram duplicações de nomes ocasionadas pelo ia,-«-
sumario, de provas para indicar que havia motivo para julgaa to de um mesmo indivíduo pertencer a mais de uma organização,
mento. Mas, embora. um subcomitê anglo-americano começasse a. reduziu-se o número total, primeiro para 26, e, em seguida, para 16.
trabalhar nos primeiros esboços de uma. 'indiciação em junho, só Todos esses 16 terminaram entre os réus de Nuremberg, com ex-
dois meses depois, ao final das negociações da Carta, é que surgiu. ceção de Ley e Hitler, sendo que o nome desse último apareceu na
acordo entre as Quatro Potências quanto ao indiciamento, Pois, lista como graciosa contribuição do mundo dos mortos». Contudo,
da mesma, forma que havia sucedido com as negociações para a tão interessantes —- quanto os nomes que constam da lista de Ber-
Carta, ”houve uma série de complicações imprevistas que resulta— naysde---22- de"-“junho são os nomes que dela não constam. Fritzche
rªm, em longos adiamentos de solução e em inflamadas contro— e Raeder não foram incluídos. porque eram prisioneiros nas mãos
versms. - ' dos russos e, em junho, os norte—americanos não sabiam que. os
. Os, comitês britânico e norte-americano de indiciamento fize— dois estavam presos. Ainda, não se tinham reunido documentos que
ram um esforço de curta duração para completar uma lista. dos provavfam & importância do papel desempenhado por Sauckel,
réus até o mês de junho,-- imediatamente antes do início das nego— Jodl e Bormann, nas fases mais tardias do regime. Em contrapo—
Cia«Ções da, Carta. Em 21 de junho, os britânicos, como por acaso. sição, Schirach, Papen e Neura'th parecem ter sido omitidos, em
apresentaram a lista de réus que haviam fabricado, e na qual parte porque o grupo encarregado do indiciamento ainda não. divi-
Goering figurava, entre outros 10 nomes, como o mais importante. sava, com clareza a forma de lidar com as primeiras fases do regime

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nazista. É claro que também ocorriam na lista simples incongru— sideração, () projeto conciso de indiciamento —-— o que teve por
ências: Shacht, personagem que muito cedo caíra «de uma poºuíCãO” finalidade, ao que tudo indica, apaziguar os britânicos — mas,
proeminente foi incluído na lista,? enquanto não o fºram Paper). e na realidade, no começo de agosto, o grupo dos Estados Unidos
Neurath, outras personalidades em desgraça, desde OS primórdios parece ter superado a, maior parte de sua hesitação em arrumar
do período nazista. Característica singular na lista, norte—america— sistematicamente a causa, e se ínclínava por um grande julgamen—
na era a circunstância de que meia, faltava 0 nome de qualquer ªco com múltiplas acusacões, e grande número de réus. Essa segu—
líder industrial de importância; só Funk Speer e Schacht figura—— rança nada tinha a ver com as negociações da Carta que trope—
vam como representantes?" do setor econômico. ªª çavam ainda na beira de um impasse, mas sargíu da melhoria
Como teria sucedido com qualquer lista, os 16 nomes selecio— do método norte americano de selecionar provas, método esse que
nados por Bernays não contentaram & todos. Os britânicoa obser— àquela alªsura, começava a produzir resultados
varam, com surpresa, que faltaw o nome de: Schírach, e também
ergueram objeções à inclusão do Almirante Doenitz, porque o A1— Muitos dos documentos mais dramáticos que, mais tarde,
mirantado britânico acreditava que a Marinha, alemã, comporta— foram usados no julgamento já se encontravam em poder dos
ra-se “muito bem, no todoªª.“ Essa posição presta—se & ironia, nor te-americanos no início de agosto entre eles as notas de Hos—
quando se sabe que, nas deliberações finais, os juízes britânicos sbach sobre a reunião de Hitler com seus mais altos auxiliares,
exigiram que Doenítz, indiciado e julgado, fosse condenado, em— em novembro de 1937, e a assim chamada “ficha de Schmundt” que
continha a crônica. das ações alemãs contra & Tcheco—-Eslováquia em
quanto um dos juízes norte-americanos se bateu pela absolvição.
1938.57 Havia ainda brechas graves e, ocasionalmente, um chocan—
Muito mais importante que esses fatores que influíram na
“te desconhecimento de fatos Embora em junho Bemays “tivesse
inclusão ou. exclus㺠de nomes singulares foi o método a que se
pleparado & lista, dos réus em par?;e com a intenção de julgar 0
recorreu na preparação geral da lista dos réus. Escolheram—se os
Estado—Maior como uma das organizações criminosas ele deu, em
nomes antes que se preparasse um indiciamento, e antes mesmo
2 de julho, ordem a um de seus assistentes para, que colhesse
que se houvesse negociado a Carta que estabelecia a, lei mediante a
informacões adicionais quanto ao assunto porque, disse ele, se
qual alguns deles seriam julgados. O que orientou a, seleção dos
sentia. muito pouco “seguro quantº aquilo que realmente é o
nomes não foi a ação pessoal, a. crueldade ou & notoriedade dos
Estado—Maior Geral alemãoePaquílo em que consiste” 58 Não lhe
réus, mas a consideração de que se encaixavam no plano norte—
faltavam, de fato, motivoa de intranqúilidade, porque 0 “Grande
amerícan-ro para julgar organizações. Com freqúêncía, tratou—se o
Estado—Maior Geral” fora. abolido depois da I Guerra e, embora.
julgamento de organizações em Nuremberg como se fosse uma
se contassem Oficiais do Estado—Malaiº nas Wehrmacht (forças ar—
espécie de idéia surgida no último momento, mas, de fato, com—
madas) de Hitler dificilmente se poderia dizer que estivessem no
tituía () centro do projeto norte—americano de inculpação. Os réus.
controle de posições decisórías em matéria de política militar
como indivíduos, não passaram dos atores através dos quais se ref—
presentava O drama principal ' Ainda assim não obstante tals perseguições ocasionam de fan-
tasmas & promotoria mostrou——se crescentemente feliz em seus es-
Só o que se efetuou no indiciamento, durante a última parte
forços para coligir & documentação necessária. Em 20 de julho,
de junho, foi a elaboração da lista de 16 réus e algumas discussões,
Bemays foi capaz de entregar as outras delegações um memorando
de caráter geral, quanto a pontos de redação. Em meados de
de cinco páginas em que se esboçavam as categorias segundo as
julho, os britânicos propuseram um plano de indiciamento funda-
quais cumpria reunir provas que sustentassem as acusações &
do em oito pontos, dois em conluio geraí, quatro em “atos agres—
serem provavelmente formuladas no julgamento Eram quatro as
sivos específicos”, e dois em violações da. Convenção da, Haia. Todo
o projeto britânico, nele incluída uma, lista experimental de réus, categorias: o “plano central do nazismo” (conluio para. a guerra. de
agressão) , “medidas preparatórias” (preparações para a agressão);
cobria apenas duas páginas e meia. O caráter conciso da lista
“ocupação de áreas alemãs vizinhas; e “conquista. militar” (atos
coadunam—se com o desejo britânico de evitar um julgamentocom—
de agressao e crimes de guerra, praticados durante o período
plicado: os britânicos recorreram & acusações simplificadas e a
1923849415).59 Esses quatro pontos gerais, com seus numerosos
uma seleção de provas mediante “espécimes”. De início, não tinham
subtítulos, correspondiam de muito perto à organização que os
querido qualquer julgamento, mas, no final de junho, falavam
norte-americanos usaram, mais tarde, na elaboração de sua parte
num julgamento estritamente limitado, e, mesmo em meados de
no processo de Nuremberg. Quando começou a funcionar bem 0
julho, ainda advogavam o julgamento de muito poucos réus, e
ãístema de coleta de documentos, os norte;-americanos puderam
por culpas simples.—"*ª Os norte-americanos solicitaram, para con»
gaatar () seu tempo na redação do indiciamento, porque o que se
68
5:79
fato, os quatro grupos de promotores agarraramase à idéia. com
encontrava, todos os dias fortalecía, & idéia americana «de que era. grande entusiasmo, e ela. não serviu apenas para repartir & res»
factível um julgamento amplo e complexo Como o Juiz Jackson ponsabilidade na preparação das provas, mas tºrnou—se um esque—
mais confiante, mandou dizer a, Washington no curso do mês dé ma, para as formulações em Nurezirnberga63
julho: “estamos conseguindo provar a responsabilidade das auto—
ridades superiores em casos de crimes, e num plano comum para É possível encontrar nesse acordo de 13 de agosto a origem
utilizar terrorismo extermínios etc., com melhores provas do que de grande! parte da, confusão durante os trabalhos da. Corte, e a
esperávamos”.“ªº & origem do fato de que, em última instância, 0 papel decisivo foi
desempenhado pelo 'Itribunal. Num memorando de 145: de agosto,,
Só dep-ois que as negociações para, a Carta passaram a, pro——
norte—americanos, com
Jackson informou seu pessoal dos termos do acordo, e declarou
meter êxito iminente, voltaram-se os
maior atenção, para, os réus que tinham em mim, e para () indicia— que as outras potências tinham concordado com que os norte—
mento. Em 4: de agosto, divulgaram uma, enorme lista comentada americanos preparassem um processo contra as organizações cri-=-
minosas e. também referente & “plano comum ou conluio” para
de 100 nazistas do mais alto escalão, nela figurando um "resumo
biográfico de cada pessoa e respectivas vinculações com organis— cometer “Crimes contra a Paz” e “qualquer outro crime”, a saber,
mos. Nos dias subsequentes, o grupo norte-americano elaborou e “Crimes de Guerra” e “Crimes contra & I-Il.'!.1'1f1a,1:1idade”ª.6ª O grupo
transmitiu & Jackson uma. par de "breves .projetos de indiciamento de promotores norte-americanos Viu nisso uma aprovação, por
.e um longo projeto de acusação, relativo à guerra de agressão,“ parte dos aliados, da, proposta americana de um processo amplo e
Em 9 de agosto, no dia que se seguiu à assinatura da Carta, os a rejeição da idéia britânica de um processo limitado. Supôs, ade»
norte—americanos explicaram & representantes dos aliados o siste— mais, que em seguida sería, redigido um indiciamento não somente
ma “de coleta de documentos que empregavam, Entre “todos, os de conluio para a, prática de “Crimes contra a, Paz”, mas de: conluio
soviéticºs fºram os que mais se mostraram impressionados com o para, a prática, de “Crimes de Guam,” & “Crimes contra &, Huma—
nidade”, & Carta, de Londres, que fora, firmada menos de uma, se—
caráter “científico e eficienâe” da orgamzaçãº, e “todos os promo—
tºres'salicitamm aos martenamerícanos licença, pam lhes consultar mana, antes mão autorizava claramente as duas últimas acusações
die conluio & um processº que se âesenmlvesse pºr esse caminha
a coleç㺠de documentºs.. Mas, megmo quanຠos promotores norte——
americanºs concerâamm em franquear &, coleção & todos, não abriria flancº &, um ataque fundado por parte da áeíesa as?
lºgraram apaziguar queixas e discordâncias. O “britânicos queriam
termo em Vista, que ºs norte americanos dispunham dos documenm
.simplifícar as provas? avaliar as disponíveis, selecionar os réus & “aos de pessoa,]. e de entusiasma em inevitável que levassem. o mais
iniciar, de imediato, O julgamento, Os norteuamerícanes, por outro longe possível a, quest㺠ªº comum e de argamzações Mímânosasy
lado, acentuamm que 0 que pretendiam não consistia apenas em recorrendo a “todº crime substantivº concebível como prova da
demonstrar &. culpabilidade de um punhadº de réus, mas lançar existência de conluio. Partindº do âªgulº dº conluio, 0 que prepa-
a rede da forma, mais ampla possível, chegaram a sugerir que se ravam cobríma inevitavelmente muitº de mesmº terreno que co—
aprontasse "um indiciamento com uma lista de mais ou. menos 100 “nriríam os outros promotores, tratando de acusações mais especí-
participantes no conluio. Os franceses e os britânicos oscilavam, ficas. O Tribunal teria, de ouvir duas vezes toda a, história, e dís—
Orca parecendo favorecer a idéia, norte-americana de um julgamento solvía-se & esperança de realização do julgamento rápido que a
amplo ora, apoiando a insistência britânica num processo curto
Carta, de Londres pedia.
e simples ªº Todas essas consequências necessárias do acordo de Londres
chegaram a verificar—se: houve um julgamento amplo, o indíciw
Em 13 de agosto, os soviéticos lembraram uma solução. Em mento incluiu múltiplas acusações de conluio e a Corte ouviu os
3e de debater—se, coletivamente, o caso como um todo, recomen— prºmotores "repetidamente, apresentar de diferentes ângu105,0
daram que ele fosse dividido em quatro partes. A eles caberia mesmo material Esses três fatores, no entanto combinaram—-»se no
preparar a, parte relativa aos crimes de guerra e aos. crimes contra,
sentido de aumentar a, importância, do Tribunal, pois só ele podia
a:.humanidade sucedidos na Europa Oriental, e aos franceses ca— resolver os problemas legais e processuais que resultaram das cír-
beriam osmesmos crimes, quando ocorridos na Europa Ocidental. cunstâncías.
Os britânicos tratariam da preparação do processo dos crimes
contra a paz, e os norteuamerícanos tomariam & si os crimes de O acomode 13 de agosto foi o sucesso decisivo na, preparação
conluio e as organizações criminosas. Essa idéia, “foi aceita, pelos, dos acontecimentos. .A. maior parte do que ocorreu depois foi uma.
países ocidentais, que, no entanto, insistiram, durante a discussão,
espécie de antíclímax, exceto no que diz respeito a uma série de
am que a divisão só se aplicava. à, preparação do julgamento. De incidentes e conflitos que, como Jackson mandou dizer ao Presi—

rm 71
dente Truman, eram de: “fazer rir ou chorar“, dependendo do ponto praticado com o zelo que se impunha & distinção entre os vários
de vista em que estivesse & pessaoa.65 Na “terceira, semana de agosto, " membros da família. Na confusão e na luta que se seguiram para
num momento em que a maior parte dos mais altos chefes nazis-= que se chegasse à relação definitiva de réus, os norte—americanos
tas se encontrava, sob custódia dos norte-americanos, as Quatro retiraram o nome de Alfried, o cérebro diretor da firma. Krupp, &
Potências fizeram reuniões para preparar a, lista, definitiva dos em seu lugar, colocaram o de seu pai, senil e incompetente, Gus-
réus. Todos; os interessados concordaram em que podiam dar Hitler tav. .
como pessoa morta, e seu nome desapareceu de considerações. Uma vez adotada, a lista. de réus, e sem que pressentíssem ()
Franceses e russos concorª-ªdaram então em aceitar os outros 15 problema que representava o nome de Gustav Krupp, os principais
nomes da lista que «os norte—americanos tinham preparado, origi- promotores aliados pareceram perder O sentimento de urgência.. O
nariamente, em junho. As duas delegações continentais insistiram pessoal norte—americano em Londres continuou a trabalhar num
em adicionar mais nove nomes, especificamente, Krupp, Raeder, projeto de indiciamento e num sumário de culpa. (que um dos
Schímch, Sauckel, Jodl, Bormann, Papen, Neurath e Fritzche. funcionários americanos disse ser “da espessura de cinco polega—
Os Britânicos ansiavam por manter tão curta quanto possível alista das”).71 Jackson, entrementes, fez várias viagens à Europa, du—
dos réus, mas, em última, instância, os anglo-americanos concorda- rante esse período, entre elas uma a Roma, onde recebeu um
ram com essas nove adições, e assumiu caráter definitivo a lista dossiê do Vaticano, quanto às perseguições que a Igreja. Católica
dos 24 réus que deveriam comparecer diante do Tribuna]. de Nu— sofrera da parte dos nazistas. Finalmente, em meados de setembro,
rem'loer'g.66 No julgamento, & promotoria não se deu muito bem no contra, a. vontade dos britânicos transportou-se com seu pessoal
que diz respeito aos nove réus que os franceses e os soviéticos tí— para Nuremberg, de onde podia fiscalizar diretamente .os prepara—
nham acrescentado, Hermann foi. condenado à morte m absentia, tivos finais para o julgamentofª Nesse mesmo período, os soviéti—
mas só houve, entre eles, duas outras sentenças de morte (Jodl e cos retiraram Nikítchenko e os franceses retiraram Falco das fun—
Sauckel). Papen e Frí'tzche foram absolvidos, Krupp nunca foi ções que ambos desempenhavam como chefes das. respectivas dele-
julgadº, os três outros réus —-— Raeder, Schimch e Neurath —-—- gações naquele torneio em que o' processo se negociava; não houve
foram sentenciadoa & penas de prisão. Em contrapartida, dos 15 pressa,, em qualquer dos dois casos, m, nomeação de substitutos.
que figuravam na lista, inicial norte-americana, um foi absolvido Os britânicos mantiveram a melhor direção geral de todas as de—
(Schacht), (mim? comº mencionamos anteriormente, suicidou-se legações, embora só em nome Lorde Showcross estivesse no coman—
(Ley), três foram condenados a. prisão (Speer, Funk e Doenítz), do, cabendo & Maxwell Fyfe as decisões quotidianas.
e 03 outros 10 foram afamados, '
A altura de 17—18 de setembro, os membros restantes das qua——
As complicações censeqúentes aos acréscimos soviéticos e fran- tro delegações atingiram finalmente uma “impressão geral” de
ceses à lista, nao “tiveram de esperar até o julgamento, pois já em acordo para, as disposições de indiciamento quanto aos pontos um
agosto surgiram problemas e surpresas. Em 24: de agosto, Jackson- e dois, ou seja, conluio e “Crimes contra a Paz”.72 Em 20 de setem-
envíou uma lista de 22 nomes ao Departamento de Estado, junta— bro, o Corºnel Telford Taylor, em nome dos Estados Unidos, 9 An—
mente com uma nota em que informava & Byrnes de que se tratava dré Gros, em nome da França, fizeram algumas recomendações
da, lista final de réus. Quatrº dias mais tarde, voltou. & tele-gram]: para, emenda do projeto de índicíação preparado por Roberts, da
ao Departamento de Estado, para comunicar que “acabara de Inglaterra,. As sugestões francesas eram “apenas de importância
saber que 'os ruga—aos têm:, em custódia, Raeder e Fritzche”, e pediu, menor”, as revisões que os norte-americanos propuseram consti—
um tanto humildemente,- qUe esses dois nomes fossem acrescentados tuíam também, nas palavras de Taylor, “mudanças mais de for—
à lista, para, que então se tivesse na, conta de final o consequente ma que de substância,? As quatro delegações presentes em Lon—
rol de 2411011163.“ No telegrama de Byrnes; o nome de um dos. réus dres, portanto; “passaram a acreditar que, no dia 20 de setembro,
figurou como “Alfred Krupp”.ªª O-Departamento de Estado enviou heiravam &“ concórdia final.% Mas, quando os textos foram reme—
& Jackson um telegrama de endosso, mas corrigiu o nome referido tidos & Nuremberg, partiram muitas objeções do seio da delegação
para: “Barão Alfríed Krupp”;ªº depois disso, Jackson, em 27 de norte—americana, e o chefe da seção de documentos, Coronel Ro—
agosto, remeteu novo telegrama & Byrnes, dizendo—lhe que modi— bert Stormy, recomendou & Jackson que “se reexaminasse toda. &.
ficaase 0 nome de Krupp de “Alfríed” para “Grugta'v”.TO Os fran- indícíaçãoªªfª Parece óbvio que a isso se ínclinava. () juíz, poís passou
ceses e os russos tinham pretendido incluir um Krupp na lista. a. redigir com seu próprio punho, uma nova versão do documento.
mas os Krupp se encontravam na zona norte—americana. de ocupa— Em 23 de setembro, chegou aos ouvidos britânicos & notícia. dos
ç㺠e as forças dos Estados Unidos evidentemente não tinham novos esforços redacíonais de Jacksc>n.?6 A0 que tudo denota, foi.

72 73"
por não suportar mais esse último exemplo de arbitrariedade nor derrotar a proposta, americana por três & um.82 Esse voto foi. ()
te americana que Maxwell Fyfe simplesmente jogou o problema,- coroamento final e apropriado daquelas curiosas negociações, pois
todo no colo dos americanos, dizendo—lhes que, quando os Estados representou a rejeição, da. parte da. União Soviética, de uma. suges—
Unidos chegassem & um resultado final, os britânicos 0 examina» tão, formulada pela maior potência capitalisªõa, de que se incluíssem
riam, mas não antes.TT Voltaram os redatores norte—americanos & mais líderes industriais entre os réus.. Por, fim, terminava, & bata—
transpirar na preparação de uma nova forma. do ponto um com— lha do indiciamento e, no dia 6 de outubro, o documento foi firma,—
bínando, desta feita, as vergões de Londres e de Jackson 0 conjun—
do e autenticado pelos quatro principais promotores,-
to mereceu a aprovação dé Jackson, em 26 de setembro, e os bri—
tanícos que entrementes se delícíavam em água morna concor— Era cheio de alçapões o terreno do indiciamento & da. lista de.
daram, então, em enviar & Nuremberg dois representantes para, réus que & promotoria submeteu a julgamento. A. lista dos réus
reexaminar os pontos um e dois. Triunfou & calma, e a boa edu— se tinham acrescentado alguns indivíduos e algumas organizações,
cação; & delegação britânica em Nuremberg aceitou o grosso das cºm pouca reflexão ou. preparação. Mesmo antes que se assinasse
emendas norte-americanas, voltando depois a Lºndres para arrema— o indiciamento, já se matavam sinais de' apreensão em membros da.
tar o acordo final.78 Com um maravilhoso senso de ínoportunídade, promotoria quanto a, alguns dos réus. Nenhuma preparação se
os franceses escolheram esse momento para recomendar que todo fizera relativamente & Fritzche, pois os soviéticos o haviam joga—
o indiciamento fosse sujeito a nova redação, mas Maxwell Fyfe e do entre os réus tão tardiamente; quanto & Neurath, já em 4: de
o norte—americano Sidney Alderman, impacientemente afastaram outubro, um dos promotores norte—americanos, depois de rever as
essa idéia monstruosa, e, em 10 de outubro bateram-se por outro provas recomendou que fosse excluído do processo..83 Mas nada
acordo em princípio” quanto a todo () indiciamento. *º se fez para solucionar o caso de Neumth, ou para calafetar ou—
tras fendas
Mas ainda, não terminara, & ópera,—bum Em 2 de outubro Jack.—«
son. telefonou de Nuremberg exigindo que o Estado—Maier Geral O maior problema residia na falta de direção central na. pre—
alemão, que se deixam antes egcapulír da lista de organizações paração do indiciamento e dos papéis da. promotoria. As negocia—
criminosas, fosse reintegrado àquele rol. Os britânicos, que antes ções prosseguiram, formaram-se comitês, % os promotores titula—
se tinham oposto a essa, idéia, protestaram veementemente contra
res reuniam—se! periodicamente; mas os norte-americanos temiam
a, modificação. O atribulado Alderman, nesse meio tempo, logrou associar-se muito de perto com os aliados, e as reuniões em pouco
o apoio francês e soviético para. uma fórmula mediante a qual se resultavam. É claro que havia outras questões prementes como
o preparo dos documentos do júlgamento e as disposicões & serem
definiam os oficiais de comando de operações e do Estado—Maior
alemão como “Estado—Maior e Alto Comando”. Por três votos _a, um,
tomadas sob o aspecto material, em Nuremberg, mas, sem que um
acrescentou—se essa entidade à. lista de organizações résêº O punho firme segurasse () leme, eram inevitáveis os sintomas de ne—
gabinete britânico reteve sua aprovação desse acréscimo até 9 de gociações labirintícas no caminho do indj;cíancaelrrt0º Não se pode
outubro, mas seis organizações (SA., 88, Ge$tapo-SD, Conselho d e ' negar que cabe & Jackson uma parte maior de responsabilidade
Ministros do Reich, “Corpo de Líderes” do Partido Nazista, e Esta— por essa, situação, mas nenhuma das delegações se caracterizou
por uma liderança forte e serena, durante esse período crítico.
cio-Maior Geral e Álto Comando das Forças Armadas) foram, nao
obstante, adicionadas ao indiciamento 81 O mais clamoroso exemplo de descuido ocorreu depois de entre-
gue à imprensa o texto doindíciamento, 12 dias após ter sido assi—
Na noite de 3 de outubro, Jackson voltou & telefonar de Nu— nado pelos promotores. O' promotor soviético reclamou abrupta—
remberg. Dessa feita, o que comunicou foi 0 surpreendente pedido mente que se modificasse, no indiciamento, & passagem, incluída a
de que se colocassem três novos nomes de industriais entre: os réus. pedido dos próprios soviéticos, em. que se dizia; que os nazistas ha.-
Não háqualquer indicação de que o juiz se tinha, conscientizado Viam assassínàdó'ém Katyn, perto de Smolensk, 925 oficiais polone—
do equívoco que se cometem ao incluir na lista Gustav Krupp: ses: a cifra deveria aumentar para, “11 mil oficiais poloneses.”. De
apenas parece ter sentido que cabia conceder aos líderes Índ'USª qualquer forma, é provável que saísse pela culatra o tiro que os 30—
triais uma representação mais generosa, no banco dos réus.. No viéticos queriam desferir contra os nazistas na questão do massacre
dia seguinte, Alderman obedientemente tentou conseguir () assen— de Katyn, pois as provas que depóis apareceram no julgamento
”cimento dos outros negociadores para introduzir entre os réus os mostraram, em sua maior parte, terem sido os russos os autores do
nomes que Jackson apresentara e para ele próprio acrescentar um massacre, e não os alemães. Mas. não havia melhor maneira de
punhado de seus nazistas favoritos. Mas as outras delegações, cuja produzir um verdadeiro desastre em termos de propaganda, que
paciência se esgotam, concentraram—se rápida.. e firmemente para & adotada pelos soviéticos: mudar publicamente de opinião e, sob
74:
'?5
Ao final, as dúvidas de Troutback, Woodward e «outros foram
os olhos da, imprensa mundial, aumentar o número de vítimas em . esmagadas pelas ações dos governos aliados; mas esses atos não
cerca, de mil por cento. foram cometidos às cegas, nem se inspiraram apenas" em amargura
Contudo, não é inteiramente justo acentuar os pontos fracos e ódiº. Juntamente com as pressões que exercia o sentimento pú—
da indicíação e da Carta,, ou mesmo indicar com muita insistência blico de indignação, também havia um elevado propósito moral
as sementes daninhas alí plantadas e que produziriam frutos aín— —-«—- as Grandes Potências nãc deixariam esCapar, dessa, vez, & Opor-
<Íia mais daninhos durante o julgamento. As negociações tinham tunidade de garantir a paz aplicando o Direito Internacional ao
constituído uma tarefa enoªíªme, com poucos precedentes que orien— julgamento de crimes.
tassem os participantes. Ninguém, por exemplo, prevíra as com— Em 21 de agosto de 1945, no vórtice dos debates quanto à indí-
plicações que resultariam do projeto norte—americano. Ainda ciação, Jackson dirigiu-se & Stímson, para agradecer-lhe por uma,
aai—35511113ª todas as Quatro Potências acreditavam sinceramente que carta. A carta de Sªmson, escreveu Jackson, alentara-o durante
impedir tais excessos era, tão importante quanto criar um meca—- os longos dias das difíceis negociações em Londres. As palavras
mismo que funcionasse suavemente. Os britânicos tentaram, desde que estimularam Jackson lembram a todos que havia mais nas ne—
os primeiros momentos, modificar os planos ambiciosos de seus gociações, de Londres de que trabalho apressado, fraqueza huma—
aliados; os soviéticos e os franceses buscaram limitar os perigos na. e ódio. Treze anos depois de condenar a agressão nipônica à.
possíveis de um indiciamento por conluio e organizações crimino— Manchúria,, eis o que escreveu Stimson:
sas; e os norte—americanos estavam determinados a evitar qualquer
coisa que parecesse um julgamento soviético do tipo “expurgo”.
Essas atitudes acautelatórías, aliadas a problemas enormes e à Sinto—me particularmente satisfeito em ver que a campanha
que encetamos em 1932 com-eça & respirar ares de vitória,. “Em
escassez de tempo, garantiram que o resultado não seria, simples, verdade a terra gira-HªSG
e claro.
É certo que o que carregou os aliados, por cima de todos esses
obstáculos, foi “tanto o desejo de vígança e o ódio por coisas nazis—-
tas e germânicas, quanto a determinação de punir atos criminosos.
Não faltou quem indicasse, realistícamente, »os recifes no caminho
que seguiam os negociadores. Já em 30 de junho, John M. Trout—
back, Conselheiro do serviço germânico do Ministério do Exterior
britânico, preparou um memorando sobre os perigos inerentes a
um julgamento por conluio. Troutback advertiu que “conluio cri—
minoso” tomar-saia expressão de uso corrente nas futuras»: rela—
ções internacionais, e que os Estados passariam a recorrer a da, pa—
ra justificar políticas de qualquer espécíefªª Um mês depois, o con—
sultor do mesmo Ministério para assuntos de História., E. L. Wood-
ward, exprimiu dúvidas, do ângulo histórico, quanto ao julgamen-
to de nazistas pela preparação de guerra, de agressão. “No fundo,
não houve trama,”, escreveu Woodward, “ . . . as outras Grandes
Potências sabiam em 1937 que o ritmo das preparações militares
alemãs fortaleceria () país. . . É, portanto-, irreal _— e parecerá
irreal aos historiadores —- falar numa trama ou conluio alemão,
só porque as outras Potências estavam sempre prontas a perdoar
todas as quebrag de palavra, da parte dos alemães, e a celebrar
acordos com o governo germânico”. Observando que “é sabidamen—
te difícil comprovar ªintençõesª com 0 auxílio de documentos dí—
plomáticos”, Woodward sugeriu que seria. melhor pôr de lado as
acusações relativas a questões de política externa, e concentrar os
trabalhos nos crimes de guerra, e nas atrocidades nazistas.85

76 77
ÇAPÍTULO 4

.juigammto

Estou. convencido de que os réus foram julgados


com equanimidade.
Harry S. Truman-1

u.,

Onde se encontrou a Justiça “. os juízes de Nuremberg reunidos em sessão


a portas fechadas (da esquerda para. a, direita: Norman Birkett,
Sir Geoffrey
Lawrence, Tenente—Coronel A. F. Volchkov, Major—«General I.
T. Níkítchen—
koi John Pagker, Francis Riddle, Robert Falco e H. Donnedieu de Valores).-
Ate agora nao se cqnpecia o que se passou nessa câmara — como votaram
No dia, 12 de setembro, o Presidente Truman nomeou Francis os gmzes e como chegaram aos veredicto s
Biddle e o Juiz John Parker para os postos de juiz titular e juiz ARQUIVOS NACIONAIS
Suplente norte—americanos no Tribunal de Nuremberg. Mal ha—
viam sido nomeados, já os promotores norte—americanos passaram
& ínstigá—Ios & partir, de imediato, para a Alemanha. A Parker,
no. entanto,-'não agradava & idéia de viajar de avião e, como os
britânicos tardaram & nomear seus juízes, os norte—americanos
não divisavam motivos. que [os levasse & apressar—se. O grupo ame—
ricano deixou Nova York a bordo do Queen Elizabeth, no dia. 2
de outubro, iniciando uma, aprazível e 'vagarosa, travessia até &
Europa.2
A viagem maritima proporcionou aos juízes e seus ajudantes,
encabeçados pelos Professores Quincy Wright de Chicago e Herbert
Wechsler da Universidade Columbia, excelente oportunidade para
que ponderassem os principais problemas legais que o julgamento
colocava. Celebraram—se prolongadas reuniões em 2 e 4 de outubro;
o que de mais importante surgiu. nos debates foi resumido num
memorando de oito páginas preparado para, auxiliar os juízes nor-
ªce—americanos, uma vez reunido o Tribunal. A-inevitável conclu—
são a que se chegava, lendo o memorando, em de que, não obstan—
te a Carta,, uma, multidão de problemas legais aguardava o Tribu—

73
O Juiz Francis Bíddle --—— seus diários pessoais, recentemente descobertos,
lançam nova luz sobre o julgamento
ARQUIVOS NACIONAIS

O Juiz Robert Jackson, chefe da promotoria norte—americana, ouvindo os


sumários de culpa.. A estratégia geral seguida. por Jackson tornou—se para
muitos juizes um problema-chave '
UNITED [PRESS INTERNATIONAL
'ÉÉÉÉZCHÉ
von NEURATH "ª ª“
absolvido

SPEER “' ªººª ' SHCACHT


SEYSSJNQUART ªº ªnºs ªbáºlVidºi

von PÁPEN
.
absolvido

JODL
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von SCHIRACH
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1325:n 20 ªnºs . FUNK.


DOENITZ prisâo perpétua ' brisa:“
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KALTENBRUNNER
forca-

forzª; .

vo'n RIBBENTR

forca

ÉOERING'
forca.

Os réus _- e seu destino final. Rudolf Hess, & quem coube prisão
perpétua, é o único; que não se vê. Está. escondido atrás de Goering
WIDE WORLD PHOTOS
Os advogados de defesa, enquanto discutiam o processo (da esquerda para Um momento de “descontração” -—- os réus riem de provas apresentadas.
a. direita.: Dr. Hans Marx, de Julius Streicher; Drº Otto Stahmer, de Her-— (Na fila, da frente, da esquerda para. a direita: Hermann Goeríng, Rudolf
mann Goe-ring; Dr. Fritz Sauter, de Joachim von Ribbentrop; e Dr. Gunther Hess, J oachim von Ribbentmp e o Marechal-Jde—Campo Wilhelm Keitel. Na
von Rohscheidt, de Rudolf Hess) segunda fila, da esquerda para a direita: Almirante—de—Esquadra Kar]. Doe-
WIDE WORLD PHOTOS nitz, Almirante—de-Esquadra Erich Raeder, e Baldur von Schirach.)
UNITED PRESS INTERNATIONAL
Albert Speer no julgamento. A sentença de 20 anos de prisão a que foi con—
denado resultou de um acordo a que nenhum dos juízes era. favorável.
inicialmente
UNITED PRESS INTERNATIONAL
Julius Streicher, o “caçador nazista de judeus”, ao entrar na Corte. Pesa“
ram muito contra ele, na opinião dos juízes, sua, aparência, pessoa.], e a. fora
ma comº em geral se comportou
UNITED PRESS INTERNATIONAL
63

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De todas as decisões tomadas pºr qualquer dos membros do novembro de 1945, já terminara, () período de negociações e de
Tribuna]. de Nuremberg, & mais importante talvez tenha sido essa: domínio total da promotoria —— passariam & predominar as neces—
firmar—se na Carta e abrandá—la, sempre que necessário. É muito sidades e opiniões do Tribunal.
pouco o que sabemos sobre a, maneira, pela qual os juízes franceses Nos termos da Carta de Londres, o Tribunal deveria, celebrar
e soviéticos encararam, inicialmente, a causa; no “tocante aos bri— sua. primeira sessão em Berlim. Os membros norte-americanos da.
tânicos, sabemos que, de início, preocupavam—se mais em amorte— Corte chegaram às ruínas de Berlim no início da segunda sema-—
cer os conflitos amerícargo—soviéticos do que traçar possíveis ave— na de outubro, depois de um episódio em que 0 Serviço de Trans——
nidas jurídicas no emaranhado do julgamento.5 No curso dos; porte Aéreo os conduziu a, Paris, em vez de levá-los & Berlimª Uma
trabalhos, no entanto, juízes de outros países gradualmente che— vez plantados no local apropriado, os norte—americanos dedicaram
garam à mesma conclusão a que chegara Bíddle, ou, pelo menos, os primeiros dias a, conhecer os colegas de Tribunal. A Biddle pa,——
adaptaram-se à forma pela qual ele via as coisas.. A opinião final, ou receu cômico () aspecto geral. dos juízes franceses; considerou
Julgamento, acompanhou a, Carta quase passo a passo, com algu—- ineptos os britânicos, e, em suas notas, abrevíou logo para “Nick”
mas. raras digressões no campo mais amplo do Direito Interna» e nome de Níkitchenko.T A escolha do Juiz Lorde Lawrence para
cional, quando as disposições da Carta se mostravam especialmente presidir ao Tribuna]. em nada abalou a segurança interna de Riddle,
espinhosas. Isso não significa que os norte—americanos, ou os outros e em suas notas ele confidenciou que ainda. lhe caberia papel
juízes, estivessem isentos de preconceitos, ou fossem capazes de predominante no “cenário“, de tal forma, Lawrence se lhe mostrava
pairar acima da Vig'orosa'reivindicação pública de obrigar os líderes dependente.8
nazistas & expiar os malefícios que tinham praticado. Nenhum dos Desde o início, tanto o Tribunal quanto &, promotoria muito
oito juízes parece ter, por um só momento vacilado em acreditar se preocuparam com o sistema IBM de tradução simultânea & que
que os réus eram homens que mereciam severo castigo; no entanto se recorreria, pela primeira. vez, numa reunião internacional. Os
por mais paradoxal que se possa considerar esta minha afirmação, membros da Corte não sentiam confiança no funcionamento desse
ouso dizer que essa atitude dos juízes não representou, ela só, papel sistema, e duvidavam de que proporcionasse uma "versão precisa
decisivo. Como Biddle e Parker logo compreenderam, o núcleo do dos depoimentos orais. Com tudo isso, quem mais se aborrecía em
problema que enfrentavam no Tribunal em tentar atingir um ve— Jackson, pois, se o sistema falhasse, o resultado seria cômico, e o
redicto publicamente aceitável, e sustentar ao mesmo tempo, uma
próprio Jackson observou, significativamente, que o que mais temia,,
Carta cujo fundamentº em Direito Internacional em precário. no curso do julgamento, não era o “ódiº dos réus”, mas () “ridí—
Pretendiam atravessar essa, situação sem manchar as respectivas
culoªrªi.9
reputações nos meios legais, e preservando a qualidade do processo
Ditos como esse indicam que as responsabilidades de Jackson
judicial. Em suma: não se deve dizer que foram decisivos apenas
os preconceitos dos juízes contra os réus; foi também decisãva & ainda lhe vergavam os ombros e que sua posição não lhe permitia
avaliar de modo adequa-do o ânimo do Tribunal. Embora ele tenha
atitude dos juízes relativamente ao processo lega]. e as complexi—
corretamente aconselhado & Cortea não celebrar uma reunião ve—
dades da, situação.
dada ao público, com a presença, exclusiva dos promotores, mais
Haveria um julgamento em Nuremberg e tanto & promotoria- tarde concordou em entrevistar-se em particular com Bíddle, Par——
quanto a defesa, desde que capazes de avaliar de forma precisa a ker, os conselheiros destes, Wechsler e Wright, e o especialista legal
situação que se apresentava ao Tribunal, gozariam da possibilidade que assistia as autoridades americanas de ocupação, Charles Faby.
de marcar muitos pontos. Haveria boa possibilidade de êxito para Nessa reunião, Jackson defendeu fortemente a idéia de que a Cor—
as exposições que se orientassem pela Carta, proporcionando ao te não deveria estabelecer seu próprio serviço administrativo mas
Tribunal justificações aceitáveis para escapar aos aspectos de mais recorrer“ à organização da promotoria. Bíddle, com o mesmo vigor,
difícil digestão, no documento, particúlarmente os que se referiam argumentou que a Corte necessitava de seu próprio— pessoal admi—
& organizações criminosas. É claro que a defesa não contava com nistrativo, para preservar sua independência e imparcialidade. Jack——
muitos motivos para esperar a Vitória,, mas, certamente, em nada son-.re'cUsou—se & ceder, opondo & isso quenão se tratava. de um
& ajudariam apelos eloqúentes ao Direito Internacional. A Corte julgamento como 'os outros, e que já se passara por cima de algu-
conhecia os problemas legais e não carecia de que alguém os mos— mas delicadezas técnicas, quando Nikitchenko passou. de negocia—
trasse pormenorizadamente; o que ambicionava em uma solução dor—promotor & juiz. Essa foi uma séria, gafe, pois sem dúvida
para dificuldades, solução essa que não residisse na inimaginável Biddle, de alguma forma, em sensível ao fato de que ele também
opção de encerrar os trabalhos e libertar todos os réus. A altura de representam um papel nas fases preliminares da, formulaç㺠do

90 91
planejamento do problema dos crimes de guerra e em conseqíiên—n Mostrou-se muito mais grave o caso de Krupp, pois, em mea-
cia,, estava especialmente resolvido a. fazer vingar os “traços «caracaª " dos de novembro, ninguém ignorava que Gustav Krupp era, um
terísticos da imparcialidade judicial.lº homem senil cuja mente não podia controlar seus pensamentos
Foi essa. a primeira luta entre um timlar && promotoria, e ou sua bexiga. Reconhecida & condição em que se achava, não
um membro do Tribunal, e o promotor, sem dúvida, perdeu. Tanto se cogitou mais em submetê-lo & julgamento, e nenhum dos mem-
em Berlim como em Nuremberg, () Tribunal demonstrou que rejei= bros do Tribunal, entre eles os próprios representantes soviéticos,
tava a idéia, de Jackson de eque cabia à Corte reconhecer sua origem foi favorável a que () colocassem no banco dos réus. Embora ()
_maculada, e coabitar com & promotoria. A Corte determinou regras Tribuna]. tivesse concordado em julgar Bormann in absentia, nem
de procedimento, armou seu próprio secretariado e começou a os juízes nem & promotoria pensaram seriamente em julgamento
tratar dos problemas práticos associados ao julgamento. Quando da mesma espécie para Krupp. O Tribunal só teve de enfrentar a,
os membros da promotoria britânica escolheram unilateralmente tristeza de um único julgamento m absentía, pois & promotoria
um modelo que deveriam seguir os membros de organizações em americana apresentou uma sugestão ainda menos usual do que
suas petições ao Tribunal a Corte censurou duramente os "britâ— julgamento desse tipo, no caso de Krupp. Pediu que se emendasse
nicos por não respeitarem suas prerrogativas e exigiu que se re— o indiciamento, colocando—se () nome de Alfríed Krupp onde cons-—
tirasse de circulação o arbitrário modelo dé requerimento “ Logo tava o nomeldo pai. Essa substituição de um nome por outro teria
Jackson fºi forçado a trocar de campo quando o Tribunal assumiu resultado em que se atrasasse, embora pouco, a abertura do jul-
o comando Ele de início, apregoam & boa vontade da promotoria gamento, prevista para 20 de novembro. Os promotores franceses
em abrir à defesa materiais de prova mas, quando a Corte () pres— e soviéticos, depois de tenderem, temporariamente, a um julga-
sionou para, que aceitasse métodos de acesso às provas ele recuou, mento m absentia do velho Krupp, mudaram-se com armas e 'ba—
em razao do que lhe pareceu significar aquela proposta: que lhe gagens para a sugestão de Jackson: & substituição.“ Mas os "bri—
pudesse caber & Obrigaç㺠deiauxâlíar &, defesa. Embora Regasse tânicos combateram & idéia, infiexivelmente, A Lorde Showcmss,
qualquer desejo de tomar-«se um prºmotor cruamente 2181080, ma» & sugest㺠pareceu. uma afronta, e ele & denunciou nº plenário da.
bordável, ãackson realçou. que sua, tarefa, limitava—se à prºmºtoria, Cºrte, dizendo: “Esta, é uma Corte de Justiça,, não um jogo em
e que a. Corte teria de solucíomar as questões relativas &, pmmg para, que se poâe fazer entrar em campo um. suplente? quando falta ºu.
uso da defesa, ªssim procedendo, Jackson. sublinhou., reforçam, adoece 0 “titular.,ªªª àbalou-se assim a unidade da promotoria, e
aquilo que os membros morte—«americanos do Tribuna]. tinham, de n㺠andou melhor a harmonia de opiniões entre os promotores e
início, buscado lograr; ou seja, que & promotºria se confinasse & juízes que representavam, em cada cas-03 os mesmos países.. Quan»
seu papel de costume, para que a imagem da Cºrte n㺠se manº— dº º promotor francês, Charles Dubost, defendeu. a substituição
chasse com &, 001ª da. parcialidade 12 de nºmes, O» juiz titular francês, Donnedieu de "Valores? perguntou:
“O senhor acaba., de dizer que, em sua opinião, se deveria subs——
Traçada, essa. fronteira, ocorreu a primeira provação do siste=
títuir o nome do velho Krupp pelo nome do jovem Krupp. O senhor
ma na segunda e na, terceira semanas de novembro quando a Corte quis dizer realmente ªsabs,títuírª“.?”.16 O próprio Jackson enfrentou-
se Viu forçada, a lidar com requerimentos prévios ao julgamento,
dificuldades com os juízes, e as perguntas que Biddle passou às
em favor de Hess, Streicher e Krupp Por interessantes que sejam.
mãos do presidente do Tribunal, de Lawrence, & tal ponto coloca—
não há aqui necessidade de nos determos nas audiências em que ram Jackson na defensiva que ele solicitou à Corte que pusesse um
se tratou de Streícher e Hess pois não houve qualquer divisão de
Krupp, pelo menos um, entre os réus, porque, caso contrário des—
opiniões--- digna, de registro, entre os juízes, quanto a qualquer dos fazia--se todo o processo contra os “fabricantes alemães de arma-
dois. O Tribunal. considerou Streicher em condições de enfrentar
mentos” NQ fim O chefe da, promotoria norte--americana formulou
o julgamento; as audiências sobre Hess ocuparam os primeiros
sugestao inacreditável de que talvez o jovem Krupp quisesse
dias dos trabalhos da Corte e encerraram se quando Hess anun»
voluntariamente, “colocar--se no lugar” ,do pai. ªº”
cíou dramaticamente que sua amnésia fora pura fita e que estava,
pronto a ser julgado. Nada, indica que a Corte tenha, atribuído Nas deliberações & portas cerradas quanto à moção para emen-
muita importância às declaracões de Hess; considerou- -o um excên— dar-se o indiciamento, os membros franceses, britânicos e norte—
trico, com uma, capacidade mental diminuída, mas que era, sob americanos do Tribunal uniram—se em oposição à troca de um nome
o ângulo legal mentalmente são e capaz de suportar e julga.— por outro. A. idéia deixou Birkett e Parker visivelmente chocados,
mento Com isso, solucionou se o problema colocado pela, figura. e também Riddle rejeitou & “espantosa” sugestão de Jackson, Só
de Hess “ os soviéticos deixaram de partilhar os escrúpulos legais dos; cole-

92 93
gas e favoreceram a. troca de nomes. Durante a maior parte das americana,, e Jackson e seus auxiliares precisavam de Vitórias ini-
deliberações e da. votação, Nikitchenko esteve ausente, mas seu" ciais que os fizessem brilhar. .
substituto, Volchkov, argumentou vigorosamente em favor de que Jackson abriu os trabalhos da promotoria com uma, oração
se acrescentasse o nome de Alfried Krupp à lista dos réus, e lançou longa. e comovente, que visava mais aos problemas geral:—3 do que
mão de todas as possíveis manhas processuais para lograr um aos “homens alquebrados” que enfrentavam & Corte. Para Jacksozfx,
voto'favorável, ou forçar um adiamento na decisão do Tribunal. os pontos principais consistiam em conluio e nos atos das sem
Por fim, os membros das ªferês outras nações juntaram-se uns aos organizações acusadas, em particular o “Corpo de Liderança” do
outros e, numa série de moções de redação impermeável, rejeita—— Partido Nazista; ele pediu ao Tribunal que marcasse um tento &
ram a petição da promotoria de que se emendasse & indiciação, e favor da, paz, condenando a máquina, bélica nazista e seus líderes.
também todos os pedidos de adiamento formulados por Volchkov, Mas o que estava em jogo no julgamento transcendía tudo isso,
& decidiram que se deveria apartar dos outros o caso de Gustav disse Jackson, pois ele tinha a intenção de deixar claro que, para
Krupp, para que este não fosse julgado em sua condição de inca- que o Direito servisse & um prºpósito útil, era “preciso condenar a
pacidade. Quando “terminou. a votação, Nikitchenko, que estava agressão por parte de qualquer país, mesmo por parte ,daqueles
presente à discussão final, declarou que, embora muito lhe desa-— que, no dia de hoje, estão aqui sentados, julgando os maus”;19 A
gradassem os resultados, não usaria do direito que a Carta assegu- missão do Tribunal, afirmou Jackson em conclusão, residia em
rava à Rússia: não faria registrar discordância para. fins de conhe— satisfazera—o apelo da civilização para, que se colocassem “do lac'lp
cimento público.18 da paz as forças do Direito Internacional, seus preceitos, suas prox.—
bições e, acima, de tudo, suas sanções, para que os homens e
É muito difícil superestímar & significação das audiências so—
bre os Krupp, não apenas relativamente à política. aliada. do pós—— mulheres de boa vontade tenham a, possibilidade de Viver livre-
guerra para com a economia alemã e para o futuro da própria, fir— mente, de sua própria autônoma iniciativa, sob o império da lei”.?"
ma Krupp, mas também no que diz respeito ao próprio julgamento Foi um desempenho de mestre, digno do renome de. Jackson
de Nuremberg. Não se fragmentou, por causa, do caso Krupp, & como tribuno forense de primeiro plano; de um só golpe, restau—
onipotente máquina da promotoria, mas & discordância pública. ram—se & imagem da promotoria, e se reparam grande parte dos
de Lorde Showcross e as amargas discussões que ocorreram & por- danos causados pelas quizilas que antecederam o julgamento_. Ao
tas captadas mostraram que"'já, não se podia pressupor & manutem realçar a necessidade de estabelecer-se um precedente no cammho
ção dai'ªªªímídade da, promotoria. 0 Tribunal demonstram à, defesa do controle legal da ages-são, Jackson não apenas apelou para
e a ele próprio que podia resistir a uma. pressão vigorosa da parte os ardorosos anseios da população que sofrem com a. guerra, ,mas
da promotoria, Nos bastidores, & Corte atravessam 0 primeiro de- também armou para o Tribunal a, plataforma de um prçpomto
sacordo interno grave; o fato de os soviéticos terem desistido do tão elevado que lhe justificaria fechar os olhos a algumas irregu—
direito de discordar indicava, que seria possível pôr em andamento laridades jurídicas no caso. Para firmar uma paz estável, as cortes,
o processo de debates e de concessões mútua-s, na, câmara de deli- e em especial a Corte de Nuremberg, teriam de desempenhar um
berações. papel significativo no sentido de tornar cabal aos fabricantes de
Seja dito, abrindo aqui um parêntese, que as audiências sobre guerras que poderiam ser severamente castigados.
Krupp talvez tenham planta-do sementes de dúvida, quanto & Era hipócrita, em parte, a afirmação de Jackson de que a
Jackson, na cabeça de Francis Biddle. No passado, os dois homens mesma lei a todos se aplicava, sem distinção, pois nem & promoto-
“tinham trabalhado juntos, sem que se vissem sinais de fricção, e ria, nem 0 Tribunal permitiriam aos réus invocar os desvios dos
haveria ocasiões, no curso do julgamento, em que se tratariam aliados-como justificativa para os crimes dos alemães. Quem esta—
reciprocamente com consideração, e mesmo com amizade. Mas, va, em julgamento eram os alemães, e não se admitiria o exame
no decorrer dos processos, Biddle sentiu repugnância, pelo que das ações dos aliados. Não obstante esse pormenor, & idéia_ de J ack—
considerou como atitude doutrinária de Jackson e por suas reinci- son de que os juízes e promotores estavam ali para aphcar uma
dentes demonstrações de perda do autocontrole. Tenha ou não “lei. geral.”, seria muito bem recebida,. Embora só tivessem de
sido crucial & questão de Krupp, eram índisfarçáveis, desde os ocupar-se com aquele julgamento e com aqueles réus, seguyarngen—
primeiros dias, as dúvidas de Biddle com relação & Jackson. Na te perturbam os juízes & semelhança, entre o processo que dmglam
altura em que a, Corte abriu a. sua sessão formal, no dia 20 de e atos praticados em virtude de uma lei adotada em _“estado ge
novembro, estava maculada & imagem de toda & promotoria norte— sítio”, de uma lei qualquer adotada para possibilitar &. meulpaçao

% 95
de indivíduos especificados? O que se concluiu. do discurso de J ack— como ferro em brasa, uma, impressão que o restante “diª
son era que os governo-s aliados consideravam aplicáveis em geral não apagaria. Nenhuma defesa teria sido capaz de em =
os princípios da Carta de Londres —— suposição muito duvidosa, acometida inicial da promotoria norte—americana, m: "
mas que declarava publicamente que o Tribunal. não se cobria ticular & posição dos advogados alemães era, ainda ;
com uma lei de exceção. Não competia ao Tribunal apurar como quer outra, e tudo que podiam fazer não passava de 1
os: aliados subseqúentemente, cumpririam & promessa de Jackson: cia simbólica.. As autoridades aliadas não haviam te
só se preocupava com que o processo que tinha pela frente não blªir advogados de talento excepcional para os réus; o q
tomasse & forma de uma vendetta retocada. . foi um grupo respeitável de advogados aprovados pela. verte. Úm
Nos calcanhares do eloqúente discurso de Jackson, compareceu réu podia escolher um desses advogados ou solicitar aprovação da,
um exército de promotores armados com todo um equipamento Corte para um nome que ele próprio lembrasse. Entretanto, sofriam
de documentos capturados; sucederam-se disciplinadamente na. tri— ºs advogados, como todos os alemães, o choque da derrota, e da,
buna, onde, cada um por sua vez, relataram pormenores do conluio destruição e tristeza que os cercavam. Selecionados em geral por
nazista. O Tribunal, os réus e a defesa foram submetidos a um nutrirem sentimentos antinazístas,- ou se terem comportado com-
fogo cerrado e trovejante de fatos e acusações. Não se podiam clas- fríeza em relação ao regime de Hitler, os advogados de defesa ale-
sificar de imprevistas as acusações: os nazistas tinham cuidadosa- mães, em sua, maioria, responsabilizavam os réus pela, desgraça
mente planejado & captura. da. Alemanha, para dela. fazer uma ba- própria e pela desgraça do país,.22 Eles estavam tão chocados, e
se de onde atacar o resto da Europa, e então, com uma. selvageria, freqíientemíente tão irritados, como a Corte e o público assistente
calculada, apropriar—se, em proveito próprio, do legado do conti— ' pela revelação de exemplos de fria brutalidade. Amavam também
nente Mas se eram facilmente previsíveis as acusações da promo— com várias desvantagens práticas. Cºntavam com poucos auxilia—»
teria,, não o eram o escopo e os pormenores cheios de significação res e não dispunham de recursos áou de autºridade & Que não
dos documentos capturados; e isso provocou grande sensação. O faltava, à promotoria) para colher provas em meio aos escombros
' sistema norte—americano de coleta de'documentos que teve inícios do país. Ademais, fora,-lhes proporcionado muito pouco “tempo pa
tão decepcionantes, no mês de junho, funcionam com eficiência de ra, preparar a, defesa; Viram-se & braços com inovações em matéria
agosto a novembro, Embora apenas 40 por cento dos documentos de. Direito Penal, e, pelo menos até o Tribunal entrar em funcio«
norte-americanos estivessem registrados à altura de 7 de novem— mamento, não podiam fazer mais que tecer sonjecturas quanto ao
bro, era, evidente que 0 resultado desses esforços tinha, deixado escopo das provas no recesso da promotoria. As regras e métodos
estupefatoso Tmibunal e a defesa,.21 Havia numerosos documentos Usados no julgamento constituíam uma, mistura, de Direito anglo-«-
dos níveis mais altos do governo do Reich, tais como & fria e cal- americano e Direito continental, () que colocava a defesa diante
' calada explicação que Hitler prestou anos mais altos funCíonáríos de problemas adicionais. É claro que a própria, promotoria não
do Reich, em 1937, quanto aos métodos alternativos & serem em» estava famíliarízada com alguns aspectºs dº processo-, mas () siste—
pregados na destruição da Tcheco—Eslováquia, e na captura da ma fora, por ele estabelecido, 0 que lhe dera tempo para refletir
Áustria, ou os planos para, & pilhagem da Rússia, feitos em..1944, sobre ele e adaptar—se às inovações. O fato de o sistema da Corte
que tinham o ar de uma brincadeira,. de esconder assassinafªªªª Pa— repousar mais em provas documentais que em depoimentos de tes—'
recia inesgotável & reserva de documentos em posse dos america— temunhas lembrava, antes o costume continental do que o anglo-»
nos, cada nova, revelação desvendando fatos mais atemorízantes, americano, mas prejudicou a defesa,, em razão da fartura de do—
cada novo texto vazado em linguagem mais brutal que o ante— Cumentos em poder da, promotoria, norte—americana. .E quando, no
rior. curso do julgamento, a tônica se transportou para os depoimentos
O tom idealista de Jackson, em seu "discurso de abertura, e a orais, novamente a defesa atravessou dificuldades, devido à mex-«
subseqúen'te avalancha de documentos imprimiram no Tribunal, periênma alema partilhada, aliás pelos outros países da Europa
Continental, quanto às técnicas do exame contraditório-. **

Em inglês, bill of attainder: em Direito da Inglaterra, em Direito antigo, uma


lei aprovada pelo Parlamento para condenar qualquer pessoa sem julgamento ª - É quase “desnecessário dizer que, nos países anglo—Saxões, o chamado cross—'
judiciário. Bradley Smith acrescenta. a isso a noção de que o bill of attainder f examination é feito diretamente pelos promotores e advogados. No Brasil, as
se destina, & ferir pessoas específicas. (N. do T.) perguntas são dirigidas ao réu por intermédio do juiz; o que se faz no Brasil
* ª“ O texto da explicação de Hitler aos funcionários alemães, em 1937, e palha " .é o que se faz na Europa, continental Também no Brasil, como nos países
dsos planos de pilhagem na Rússia encontram--se no livro de John Tolan'd ' da, Europa, continental, as provas documentais t-êm mais importância que os
Adolf Haile? 2 volumes, Editom Francisco Alves, (N. do T ) .. ' depoimentos 01ais, em plena ...,.Corte (N. do T.) .

96 9“?
Em geral? era extremamente difícil para advogados educados sintomas de que & promotoria se empenham mais em. conseguir
na tradição da, Europa continental compreender ri,—forma, _cqlgtesta— publicidade jornalística do que no cumprimento das ordens da“;
tória, de julgamento, tão familiar aos anglo-saxoes. A ldela que Corte no sentido de que se dedicasse, antes de mais nada, a. for-—
faziam do melhor meio para. que () Tribuna,]. chegasse a uma con- necer documentos em Várias línguas. Reagiu 0 Tribunal com um
clusão judiciosfa não em o combate irrestrito entre & promotoria e comando rígido de que as provas fossem: apresentadas nas Várias
a: defesa, funcionando os juízes como árbitros. Estavam acostuma— línguas presentes, e também conseguiu uma solução genial para,
dos a, um sistema fundªdo em maior entendimento entre a defesa, O problema da tradução. Declarou que só poderia ser aceito cºmo
& promotoria e os juízes; em Nuremberg, porém, a, defesa, e' a pro- prova, o documento da. promotoria que fosse não em sess㺠da,
motoria eram inimigas mortais, e. os advogados alemães não logra- Corte. Assim, o documento passaria, de forma. automática, pelo
vam fugir à impressão de que os outros os tinham na, conta de au— sistema IBM de: tradução em quatro idiomas, e se tornaria dispa—
xiliares dos bandidos. Alguns dos promotores, e muitos dos solda,—- níve]. em inglês, alemão, francês e russo. Com essa decisão, & Cºlºªne.
dos aliados de serviço em Nuremberg, encaravam com hostilidade não apenas resolveu um problema técnico, mas também solapºug
não apenas os réus, mas os alemães em geral. Cruzava—se, então, fundo, o plano de ataque da promotoria. Os promotores norte—ame-
o ponto alto das regras que proibiam & confraternização entre ven- ricanos pretendiam explorar ao máximo- seu tesouro documantah
cedores e vencidos, e lembrava—se sempre aos advogados de defesa,, contando submergir & Corte e a oposição sob ta]. riqueza de prºvas
seja em matéria de contatos pessoais, seja no que dizia respeito às que se comprovarâa, de modo incontestável, & existência da ampla
instalações postas à disposição dos mesmos, que eram cidadãos de plano central nazista., Mas quando se exigiu que os promotores
segunda, classe, desde que fosse possível considerá—los cidadãos de lessem em voz alta cada passagem das provas de que dispunham,
qualquer espécie.23 É possível que esses fatores tenham, em última restringiu—se em muito a quantidade de material que podia ser
análise? encorajado os advogados alemães & identificar—se mais de usada,,25 Foi. imperativo que & promºtoria se àescartasse de muitos
perto com seus clientes, e & "batalhar mais em defesa destes últi— de seus cofres de documentos; por outro lado, os prolongados reci—
mos, mas, nos primeiros dias do julgamento, não há a menor tais da promotoria, inevitáveis diante da ordem da Corte, reveia—ª
dúvida de que a atmosfera hostil os abateu. ram—se tediosos e, em muitos casos, contrapmducenteso

Os êxitos iniciais ãe Jackson e do grupo norte=americanos nº A saúde da, promotoria nunca se recuperou. totalmemte àeaseã
entanto, não fizeram & âefesa debandar, pois & promotoria, sem ataque, Subseqíientemente, sucederamnse muitas exposições “Vigo—«
guindo uma inclinação que se lhe tomou característica,, exagerou, rosas, mas elas exibiam os sinais de um “trabalho improvisados, e
Os promotores estavam tão ávidos de explorar as provas documen» nunca atingiram a, mesma, altura e a mesma, força das primeiras
tais que tentaram fazer com que a Corte aceitasse uma enxurrada acometidas norte-«americanas. Aparados os excessos documentárioa
de traduções inglesas de documentos, sem prºporcionar cópias em da promotoria, & falta de coordenaçãa entre 03 promotores mag—=»
alemão, francês ou russo. A. defesa alegou que ficava inteiramente trou-Se de forma cada vez mais clara, e a Corte “teve de suportar
à mercê da promotoria, sem meios para avaliar ou contestar as erros inumeráveis no planejamento da acusaçãoº Para deixar con-
provas, antes que os promotores as apresentassem à Corte. As fuso 0 mais alerta dos observadores, bastaria, & seqíiência das axu
reclamações alemãs foram apoiadas pelos membros franceses e so— posições, durante o primeiro mês: Por exemplo, o titular da, prºmo——
viéticos do Tribunal, que não viam mais claro nos documentos do toria britânica? Lorde Showcross, tinha coisas importantes a fazer
que via a defesa. Na, verdade, foi com tal autonomia, que procede- em Londres e, assim, pronunciou seu. discurso de abertura nos in—
ram os norte—americanos que aos próprios britânicos não coube tervalos da apresentação dos promotores norte-americanos. Então,
cópia dos documentos? Os promotores norte—americanos garan— os, norte-americanºs acrescentaram mais um dia de provas referem—=
tiram à Corte que se despendiam todos os esforços possíveis para tes aº-ponto "um“(ConluioL & eles se'seguindo novamente os bri—
fornecer ao Tribunal e à defesa cópias dos documentos nas várias tânicas, com uma exposição que se concentrava no ponto dºis
línguas que ali se falavam, mas declararam enfrentar insuperáveis (“Crimes contra, a, Paz”). A. essa altura, regressaram 03 america—=
dificuldades no caminho da tradução. A Corte ainda se achava imerªª nos ao tablado para, apresentar, durante outra, semana,, no tºcante
em em cogitações quanto à melhºr maneira de solucionar & situamª ao ponto um, provas relacionadas com os pontos três e quatrº
ção, e já os norte—americanos cometíam nova gafe: entregaram à (“Crimes de Guerra” e “Crimes contra a, Humanidade”). Essa es»
imprensa cópias de documentos que pretendiam submeter à Corte? pécie de jogo de cabra—cega no trabalho da, promotoria ºcorreu Ve—
no futuro. Tanto Biddle como Lawrence se aborreceram visivel-» zes seguidas, durante o julgamento, de vez que era necessária
mente com esses comunicados à imprensa, poís neles divisamm . contentar OS interesses de todas as quatrº nações que julgavam, &.

98 99
que ser impunha, com frequência, corgígír erros cometidos no curs'p gum-ou & um dos promotores & quem ele se; referia ...cºm. 9 Hªmm
“Marechal—dO—Reich”. Não se pode "dizer que.]essa, pergunta fºsse
das expºsições., à propºrção que O Julgamento 1a envelhecendo,
"tomava—se dolorºsamente evidente, aos olhos de todos que», nas pa— apropriada &, inspirar confiança entre o público; pºrque 0 prima-4
“pal entre os réus era () Marechal—do—Reich Herman. Goermggªª Mas
1avms.de—.,um dos promotores britânicos, os norte—amemcanos se
em geral, 0 Tribunal ocultam melhor sua ignorância; e é ainda,
tinham “instalado como posseiros” nos terrenos reservados aos ou—
tras promotoria—s?º Repetâam—se, indefinidamente, os mesmos argu— mais importante que isso o fato de que ali estava, para, apmnâerª
mentºs & matavam-use paga os autos as mesmag pªssagens documen— enquanto o papel que cabia aos promotores em ensinar”. '
As apresentações da promotoria estenderam—se de 21 ãe na—
tais. Só foram sujeitas a um tratamentº tylphce algumas qqes—
iões singulares, como a preparação economlca para & acometlda Vembro de 1945 até mea-dos de março de 1946, e & qualidaáe precá—
ria da organização, além das repetições, foram fazendo subir 0 nívei
contra a União Soviética, mas examinaram-se pelo memes duas ye—
ZEE quase todos os incidentes significativas que tinham ocorndlo de irritação no Tribunal. Os promotores francesa e soviéticas, no
durante os anos do nazismo, fim da causa da promotoria, que contavam 'Com poucas” documen—
tos novos, enfrentaram também a maior das dificuldades mmo
Também, de alguma maneira, a, ignorância sobre o Direito gon— Sistema processual. Por conseguinte, n㺠é surpreenãema & Chªmma”
tínezntal fazia. com que claudicassem os prºmºtores pqrfíe-aynçnca— tância de que também fossem eles os que mais se embaraçazªam
nos e britânicºs, e “todos ºs promotores tinham sua eflcacm ªmªssada, com os juízes. Desde meados de janeirº de 1946, as news deBiddle
pelo fato de n㺠âhes serem familiares a História ”e ag ínsmtmçoea transbordaram de queixas contra a morosidade dos prºmºtores
da Alemanha, A. maioria dos que faziam exposgçoes sta: Ciºlíte nem franceses, Dubost em especial, que pouco parecia saber seu:
sequer na eu cºmpreendia. a língua alemã? e pag havm Jem? pelo aobre seus documentos, exasperando com i880 03 membrag 'âCe Tri—
qual Se pudegsem proteger completamente Ele meldeznteg grocescos bunal..”ªº O impaciente Birkett, empurrada até a última bozºâa da
& efeitos cômicos que não estava na intençao dps exposxtores pro-=- abismo do desaspero, queixou—se de que, depois de Úuvir OS narize—
duzir. Repetidas vezes, as promotºres confundiram OS pçstos do americanos "tratarem das provas de uma maneira exageradamente
Parti-sáo Nazísâa cºm 03 postozã do governo alemao, e tambem repe- pormenºrizada, os francesa o forçavam & “ficar sentadº num Si—
Éidas vezes extraViaram—se indefinidamente com. termos ouAsijsua— íêncío constrangedor, enquantº uma “mz. estºnteante, mºnoeómia,
ções germânicos que exigiam pesquisa em documentos teutomcos. ãnsípida, zumbe e zumbe palavras intermináveis que peràemm 'í'â'l—ª.
Num incidente, sºb esse aspecto característico, () suplente da. pro—- teiramente () sentido”.ªª
mataria, norte-americana, Sidney Alderman, informou solenemente N ão cabia, aos franceses e aºs russos & principal responsabili—
& COÉÉE, no dia, 29 de novembrº de 1945, de que “temos &, fortuPa, dade por essa situação: após a. primeira, tempestade de decumentog
de contar com o diário manuscrito do General Jodi em alemao, americanos, já se desgastam & possibilidade que tinham as m'a—-
língua quªe não sei lerªª.“ Só as tentativas que_ os promºtores fa— ivas documentais de suscitar emoção. Documentos que, em ºutra
ziam,, de quando em vez, para lograr um humorlsrpo do genero po— Tribunal, “teriam parecido únicos no gênero, pareciam» coisa, repeti—
pular ultrapassavam esses acontecimezgtqs: Num mageçte propa—
da. e de significação marginal em Nuremberg. A altura; do terceirº
lado, um nervoso promotor americano 1mc1-ou &: expos1çao (fazendo mês de julgamento, a Corte literalmente varreu de sua frente Estas
à. Corte que nuncafos joelhos lhe haviam tremldo tanto, “desde o intermináveis de estatísticas econômicas e outros documentos fi—
dia em que pedi a minha, maravilhosa esposa que se casasse co» nanceiros. Em 30 de janeiro, o infeliz Dubost Chamma atenç㺠de
miga”,28 Essa declaração levou Birkett, homem um tanto Éormal, Lawrence para um documento particular que fora apresentado à
& escrever em seu diário que o “mau gosto assume propqrçoes ma— Corte, poucos dias antes. O presidente nenhum esforço empreenâeu
credítávéis” ; Francis. Biddle, no livrinho em “que resumla as pro—= para, localizar o documento, limitando—se a. "observar que a pro-
vas, conseguiu exprimir numa, palavra. &, reaçao que lhe provocam. motoria-submetera- tan'tas provas escritas que “se todas se- acumu—
o incidente Le— ..“Jesus! ”29 lassem na, mesa diante de nós, os senhores não nos poderiam ªver”?I
Em meados de dezembro, emm tantos os erros graves que os Contudo, & acreditar-se em Birkett e Riddleº O próprio Lawrence
promotores haviam cometido que um (3108 adyogadqs observou, sem contribuíra para a dificuldade, mostrando—se muito poucº severo
camente: “se continuam por esse cammha, e posswel alcançar a. no controle das exposições.35 Queriam que Tse afirmasse com mais
absºlvição da ,Gestapoª?.ªº Para, ser justo com 'os membros da pro— vigor, mas Lawrence não ia além de intervir, numa ou ºutra opor—
motoria, no entanto, deve notar-se que tambem ocorreram exem— tunidade, com um. comentário acre, ínstando- os promotores; & que
plos graves de ignorância da parte do Tribunal.. No curso de uma. seapressassem e evitassem alguma“ repetição; Quando: se iniciºu a
TGÚHÍÉGG da. Tribuna], nº dia. 10 de dezembro? Lorde Lawrence perª- apresentação da defesa, a. Corte pagou. alto:.preçe pores-sa“ frouxa
atitude dos juízes.
1%

O fundamento da redundância e do tédio derivam do sistema manhas vivas. Embora & promotoria não conseguisse tirar um par-=
norte-americano de exposição. Jackson estava, convencido de que “tido hábil de suas testemunhas, as histórias pessoais que, de vez
devia caber & maior importância, aos documentos e não ao depºsi—= em quando, surgiam no meio das sessões capturavam claramente
mento de testemunhas. Ele venceu a oposição entre os membros o interesse dos espectadores e dos membros do Tribunal. A promo—
de sua própria equipe e conseguiu comunicar essa convicção aos toria, em geral, deixava de recorrer a, pessoas para sustentar sua
promotores titulares das três outras potências.. Era uma idéia. causa, mas a defesa tinha poucos recursos a não ser, depender de
pouco comum para uma Qorte anglo-saxônía, mas Jackson aduzíu testemunhas. Dispondo de poucos documentos que pudessem utili—
que era essencial explorar as ricas descobertas documentais para zar, os advogados de defesa colocavam os clientes na, plataforma
erguer autos históricos indiscutíveis. Os britânicos abraçaram &. e cruzavam os dedos, ansiando por que tudo desse certo. Pode pa,—'
sugestão com entusiasmo, não apenas porque esperavam impedir recer paradoxal, mas, embora fosse altamente suspeita & humanida—
que fossem reveladas algumas de suas fontes de documentos, como de de algumas dessas pessoas, essa maneira de proceder da defesa.
os registros do Almirantado, mas também porque contaram com consegulu humanizar & causa.. Os juízes, obviamente, relaciona-
que O processo proposto por Jackson resultasse num julgamento vam-se emocionalmente com os réus e, no curso das deliberações,
breve e rápido.36 Também aos promotores franceses e soviéticos & deram numerosas indicações de que os haviam estudado com 0
sugestão pareceu simpática., pois viram as vantagens de recorrer maior dºs cuidados. Os membros do Tribunal teceram comentários
aos recursos documentais norte—americanos, e lhes era. mais. fa» quanto a aparência,, à forma de expressão e ao caráter de réus indi—
minar O julgamento fundada em documentos.. Na, véspera da. inau— viduais —-——- em proveito de alguns e detrimento de outros.39 Mas
guração das sessões da Corte, Jackson alterou um pouco sua posi— ?oçlos os réus foram avaliados como seres humanos, enquanto os
çãa, & decidiu lançar mãe de umas poucas testemunhas “para, Ver gumes .raramente se referiam à causa da promºtoria,“ em termos
como reagiria & defesa” e para “introduzir alguns efeitos dramá— pessoas. '
ticos no caso”, A. essa altura, no entantº, os britânicºs se tinham
tornado ainda, mais contraditórios que os norte—americanos ao usº A. clauçiicação da. promotoria no jeito com que tratam as tes-«
temunhas Juntava—se outra, fraqueza, conseqíiente ao plano norte—=
ãe testemunhas, temmdo que isso pudesse prolongar 0 juigamenta
e também suscitar questões que ajudassem a defesa.,37 Por mais fun— americano. Não chegou. distintamente aos ouvidos de Nuremberg
dadºs e fortes que fossem. os argumentos de Jackson. e dos britâni-ª o grito angustiado das vítimas dos campos da, Gestapº e das SS,
cos, & orientação do processo pela. Via dos documentos revelou—se daqueles que tinham sido torturados física e psicologicamente.
admiravelmeme apropriada &, proàuzir um julgamento tedioso. & ' Vez por outra, essa voz em levantada, e o Tribunal e o público pa,-
imprensa foi a primeira a demonstrar sinais de tédio; 0 númerº recíam congelar—se de horror. Mas era, com muita parcimônia, que
(ie-repórteres foi dimimuindo rapidamente, e a atenção que & ima» se recorria & testemunhas de grandes atrocidades, e raramente
prensa devotava ao caso todo decresceu. As repetições interminá—= ínterrogaram-se as que compareceram de forma a dar Vida às dores
veis fizeram também com que os participantes sucumbissem. Entre e aos tormentos que tinham, padecido. A. questão de importância
os promotores , titular—es, Lorde Showcross praticamente nunca se suprema, para os norte—americanos em o planejamento da guerra
encontrava na Corte, e os outros promotores só permaneciam,“ de de agressão, e eles só acentuaram os crimes de guerra, que suge—
modo regular, no Tribunal quando os respectivos grupos macio-«- mam & existência de um plano de conluio ou podiam ser relacio—
nais faziam suas apresentações. Por fim, Jackson evaporam-se da nados com a programação de uma guerra.. O que os americanos
sala de sessões, semanas a fio, e os réus, com freqúência, cochila—á simplesmente não reconheciam era que, não obstante alguns mo-
vam, em meio dos trabalhos. As notas de Birkett e Biddle estão tivos para ceticismo quanto & atrocidades que teriam ocorrido em
atulhadas de referências ao distraído repouso dos réus, e o própriº 1944“, º íat0,_<;entra1 de-.1945—46 consistia nos programas nazistas
pessoal do Tribunal não escapou ao fastio. Em determinado mo— macíçõs de tortura e extermínio humanos, A indignação pública e
mento, foi preciso tratar, em sessão fechada ao público, de um es— a _reivindicação européia. do pós-guerra, () clamor por vingança,
cândalo de importância, menor provocado por um ajudante francês naº se centralizavam numa, discussão abstrata dos planos de agres—
do Tribunal, o qual roncara tão alto que, com isto, interferiu nos são nazista de 1937, ou numa insidiosa trama, contra os sindicatos
alemães, ”em 1933; era, uma. indignação que decorria do massacre
trabalhos.38
de civis aliados, do tratamento impiedoso que os germânicos im—
Depois das primeiras semanas, só quem podia romper o torpor puseram aos prisioneiros de guerra e, especialmente, do cunho sís-
que de todos se apossara e fazer ressuscitar o Tribunal eram teste= temático dos horríveis extermínios. Contudo, as atrocidades ocupa—,

102 103
ram pouco lugar na, apresentação norte—americana,, e ainda menos ia. fraquejando, à proporção que o julgamento se arrastava. Jack-
na causa. britânica, quanto aos “Crimes contra a Paz”. Quando son vacilava e parecia, frequentemente, ter perdido interesse pela.
chegou a vez dos. russos e dos franceses, já. se firmam & esforupuraldo causa; o respeito que sentia pelos franceses em mínimo, e nao se
julgamento e a tônica na parte econômica ponei? contmbum para dava ao trabalho de disfarçar a desconfiança e a má "vontade com
animê,—10. Sempre que comparecia um dos assassmos ou uma das que encarava os russas;Ets Em conseqúência, & promotoria encon—
Vítimas, a, atmosfera sofria súbita mudança,“ O Coronel SS Otto trava dificuldade em avaliar O que ia pela, alma dos juízes, e em
Ohlendorf, um dos lídàres das campanhas de extermínio na Rús— harmonizar—se perfeitamente com esses estados de espírito. Isso
sia, foi colocado pelos norte—americanos na plataforma das teste-» se verificava não apenas no que dizia respeito às atrocidades, mas
munhas, e a maneira tranqúila com que“ descreveu os massacres "também no» tocante aos problemas legais que a Carta 'e o indicia—
em massa converteu & Corte num gélido bloco de horror. Mas nin.- mento deixaram sem solução. & promotoria não chegou sequer &
guém, do lado da promotoria, parece ter retirado disso 9 (angina- especificar a data em que os alemães tinham dado início ao tãº
mento que se impunha, e continuaram a ser usados parolmomosa- alegado planejamento de guerra. Em vez disso, apresentou um
mente os ' depoimentos sobre atrocidades, Tão complet-0 era 0 pro- emaranhado de provas em que se incluíam notas das palestras ãe
cessº de desenfatízar as atrocidades que mais tarde, no cursa-do Hitler para seu Estado-Maior, estatísticas quanto ao rearmamento
julgamento, a, defesa tomou a decisão inacreditável de chamar'cç— & várias citações labirintícas de Mein Kampf, Mas, sem uma data
mo testemunha, Rudolf Hess, comandante do campo de extermlmo definida, entregou-se à Corte a “tarefa de escolher um ano especí—
de Auschwitz, para abandonar a tese de que se tinham praticado fico & dacídír, então, quais dentre os réus eram conhecedores do
os extermínios maciços em segredo, e que não integravam qualquer plan-0, Da mesma forma., no tocante ao grande conluio, & promotoria,
plano geral de conluio. Já é cºisa muito surpreendem? () fato ªe reluntou singularmente em dizer, de modo claro, quem em parte
que Hess, que se! encontrava nas mãos dos norte-amerlcanos,nao do mesmo, quando º cºnluio havia, principiaâo, e se seus objetivºs
tenha sido usado como testemunha da promotoria, mas & circuns— criminosos tinham sofrido alteração com a passagem do tempo..
tância de que de tal forma se equivocasse & defesa quantoaos De muitas das provas apresentadas se pode tirar a conclusão de
Sentimentos da opinião pública., acreditando que & auxiliaria & ie-e que & promotoria queria que o Tribunal declarasse que 0 001111110
ªtiva e meticulosa crônica de sofrimento de massase massacresfeita remontava, & 1920; de uma ou outra maneira, & promotoria não
por Hess, denota o ponto extremo & que a obsessão norte-america- se firmam quanto a uma data. âefinída ºu. quem ªgem parte ãe
na do conluio chegara a dominar todo O julgamento.“ conluio em qualquer momento determinado.
Essa obsessão do conluio, no entanto, não governou os sen—- A reticência da, promotoria aumentou a dureza da carga. 6.0
timentos dos juízes, quer durante os “trabalhos da Corte, quer du,-'- Tribunal, e agravou ainda mais os problemas da defesa. Aproxi-w
mnte & deliberação. Deixaram transparecer forte reação emocionaí »mando—se o fim da apresentação da promotoria, cresceu o nervº—
às atrocidades, desde o primeiro filme sobre os campos de concen— sismo da defesa quanto ao caráter vago ãe certas aiegações, espe-
tração, até os depoimentos, muitas vezes confusos, das poucas víti— cialmente as que se relacionavam com O pedido da promotoria
mas que soviéticos e franceses convocaram como test(amam;las.42 de que determinadas organizações fossem declaradas criminosas.,
A decisão do julgamento demonstrou também que o Tribunal atri— 'A. defesa queria esclarecimentos quanto & alegações relativas à
buiu grande prioridade aos “Crimes de Guerra” e aos “Crimes con- composição dos membros das organizações, e aos períodos duran—
tra & Humanidade”. Dos 18 réus submetidos a, julgamento por mo— te os quais-se acusavam os grupos de terem participado de crime,
tivo desses dois tipos de crime, só dois foram absolvidos; dos 16 Por muito tempo, alguns membros do Tribunal tinham sido ator——
conSiderados culpados, dois foram condenados a. prisão por prazos mentados por dúvidas quanto às organizações, e nada do que fizera,
maison menos longos, dois a prisão perpétua, e 12 foram enforca— & promotoria;——em suas exposições, conseguira dirimir substanciai-
dos. mente essas dúvidas. Nos primeiros dias de dezembro, o Tribunal
instituiu um subcomitê, composto apenas por Birkett e Parker,.
A. promotoria deixou de mudar de método e de ajustar—se ao [para que estudasse () problema dessas dúvidas, e Birkett vacilou
ânimo da Corte; decorreu isso principalmente do mesmo problema nos escuros limites da ética, judiciária, discutindo a questão com
que a marcou desde o início: a falta, de uma orientação geral.. No representantes do Ministério do Exterior britânico e com as auto—
princípio, os norte—americanos tomaram a iniciativa, mas só () fi- ridades britânicas de ocupação na .Alemanha..44 Em 12 de dezem—
zeram com a intenção declarada de dominar o julgamento, deixan— bro., celebrou. o Tribunal uma audiência com os promotores, e du—
do os restos" para os outros promotores. No entanto, sua Liderança, rante essa, sessão Jackson aferrou-se teimosamente à idéia de que

10.4 105
a prova. do conhecimento individual de crimes não constituía dos, precisava o Tribunal conhecer as intenções da promotoria,
elemento necessário para. que se estabelecesse .a criminalidade ora quanto a um grande número de assuntos. Perguntou, de forma. esmº
ganizacional. Jackson alegou que, desde que alguns membros pra== pecííica, à promotoria que tipos de padrões de criminalidade os
ticassem atos criminosos, isso era suficiente para responsabilizar & promotores tinham em mente aplicar a organizações e respectivos
todos —— presumivelmente, como Bíddle gravou com acrimônía em membros. Condicionava—se & participação, a, qualidade de membro,
- seu livro de notas, até as faxineiras.45 aº fato de ser voluntária? Impunha-se qúe os membros tivessem
.As respostas de' J ackâon não contentamm () Tribunal e, numa, conhecimento dos propósitos criminosos das organizações para que
sessão a portas cerradas, em 5 de janeiro, os juízes deram & Birkett e Tribunal Classificasse tais organizações de criminosas? Além.
instruções para. que preparasse & minuta de uma carta aos pro- disso, a Corte desejava que & promotoria fixasse () período exato
motºres, formulando—as questões que intrigavam () Tribunal. Sete no tempo em que se configuram a alegada criminalidade de cada.
dias mais tarde, os membros do Tribunal passaram a discutir a organização, e que decidisse se quaisquer subgrupos deveriam ser
minuta e, em outra, sessão a, portas cerradas, decidiram por três isentados desse caráter criminoso do todo,. Por fim, pediu um rea
votos a, um que não lhes cabia autoridade para impor sentenças sumo fatual da natureza criminosa de cada, organização, e uma
& membros individuais de organizações que houvessem sido decla-u explicação da forma. pela qual essa criminalidade se relacionava
mdas criminosos, e que tampouco tinham jurisdição sobre as Cortes com os atos dos réus individuais.-“
a que pudessem recorrer as potências de ocupação para. julgar “tais
indivíduos. Ao adotar essa, posição, a maioria. não somente repro-a Jackson tomou. a sí, imediatamente, preparar a, resposta da,
duzia as cláusulas pertinentes da Carta de Londres, mas tentava,- mamão-oria e, quase tão rapidamente quanto o fez, embrenhou-se
novamente limitar em toda, a, medida. dº possível &. responsabilida» em graves dificuldades.. O pessoal da promotoria norte—americana,
de legal e jurisdicional dos membros da. Cºrâe, No amªram, & tal. & britânica, e as próprias autoridades de ocupação ma ªlemanha,
pºnto preºcupavam o juiz titular francês, Donnedíe—u de Vafmesº fez shaver sobre ele sugestões quanto à melhºr maneira, de prece—
injustiças potenciais e inerentes à íncuípaç㺠de organismos? que àer..48 infelizmente, femava acentuada, divisão entm essas Opiniõeã
ele serecusou & cºncordar com o mm ªe a Cºrte âimítar sua, autºm MMO em relação a questões de métºdº, quanto ao número de cºn»-
rcídade mesmo no próprio caso que» tinha diante dela, e votou cessões & serem feitas para, contentar G Tribunal,, Jacksºn. mm,-=
cºntra & moç㺠de que se colocassem as semtenças individuais e a preendeu & seriedade da, preocupação ªos juízes, mas pesava. sobre
conduta das cortes de ocupaç㺠fºra, dº àmmm dº Tribunalfª ele uma, press㺠muitº forte para nada, ceàef e exigir que O Tribus»
Essa sessão foi. secreta,, mas a, carta à prºmºtºria que? da ban» nal emitísse uma espécie de cheque em. ”branco de criminalidade?
cada dos juízes, Ímã. recitada, ao Tríbmm], Elº aia H ãe janeiro às gem impor conâíções ou. limitações. Os britânicos mlostmmmmse
1948, incluía perguntas que deveriam ter despertado em mãºs a, pausa inclinados & tratar o problema, de mºdº realista? ou a, ceder
consciência, das graves incertezas que a Corte alimentava, ÁS mesmº ao Tribunal? mas aquele que mais vigorºsamente combatia. qual-
tempo em que negam qualquer desejo de interferir na maneira, quer compromisso em o subsecretário de Guerra norte—americana
pela qual & promotoria dirigia sua incumbência, ”observou 0 Tri.“ª Hºward Petersen, & quem perturbam & perspectiva de julgamento
hunal que, de acordo com 0 Artigo IX da Carta, exigia—se-lhe que cie membros de organizações que o Tribunal viesse a considerar
estabelecesse os métodos & serem seguidos pelas pessoas que se quí— criminosas. Nos primórdios de fevereiro, Peterson não apenas exigiu.
sessem dirigir ao Tribunal, quantº à, possível classificação de deter» que & promotoria requeresse do Tribunal uma declaração em bran—
mimada organização como criminosa? Antes de firmar tais méto— cº da, criminalidade das organizações, mas também que exigiss-e
sentenças predeterminadas, segundo a hierarquia dos membros de
cada. organização. 0 que ele evidentemente tinha em vista consisw
ªfª Artigo IX da Carta. de Nuremberg: “No julgamento de qualquer membro indi— tia em. que-0 "Tribunal atribuísse & cada posto na hierarquia uma
vidual de qualquer grupo ou organização, o Tribunal poderá. declarar (em. certa sentença: por exemplo, os líderes SS de mais alto escalãº
ligação com qualquer ato de que o índivíduó venha, a. ser considerado culpado)
que era. uma, organização criminosa aquela a que o indivíduo pertencia.. . .
receberiam uma sentença de, digamos, 20 anos; os líderes de esca=
Depois de receber o indiciamento, o Tribunal publicará, conforme julgar apra-= lãs intermediário receberiam sentença de 10 anos, e assim por
priado, que & promotoria pretende solicitar ao Tribunal que faça, tal declaração; diante, em ordem decrescente na linha hierárquica. Ta]. forma de
qualquer membro ôba, organização terá, direito de pedir licença, ao Tribunal para, prºceder alíviaria, sem dúvida, as preocupações que Peterson nu.—
ser ouvido pela Corte quanto à questão do caráter criminoso da, organizaçaºª
Caberá ao Tribunal o poder de deferir ou indeferir o pedido.. Se o Tribunal de=- tria. quanto a saber se dispunha ou não de pessoal suficiente para,
ferír o pedido, poderá o mesmo dizer de que maneira os requerimentos serão re= efetuar julgamentos reais; estabelecendo-se por antecipação os
presentadvos :e ouvidos.” (N. do T.) crimes e as sentenças, tudo que c-ompetiria & processos subseqíien—

106 107
tes seria a. identificação e a categoria dos réus. Todo o resto teria, sões e comprçínissos para que se lograsse alguma coisa do Tribunal;
sido resolvido a«5113311115tratimalrxttente.50 . em. sua opmlao, o que se propunha, dizer à Corte seria “provaveh
Quando Jackson, na preparação do discurso que dirigiría' à
mente o melhor que podemos fazer””.54 '
Corte, deixou de atender às sugestões de Peterson, 0 subsecretário Isso não constituía grande conforto para. Peterson, mas, na
de Guerra escreveu longa carta ao juizª—; para protestar contra a verdade, não havia grande motivo para que se preocupasse, pois
idéia. de que se fizessem concessões ao Tribunal, quaisquer que uma mensagem quase simultânea., da parte do General Lucius
fossem. Um resumo tàegráfíco das queixas de Peterson chegou às Clay, o membro norte-americano do Conselho Aliado de Controle
mãos de Jackson, em 18 de fevereiro, quando este se encontrava da Alemanha, proporcionou uma resposta para O problema. Depois-
bem no meio da redação de seu. discurso. A. essa altura, o subsecre— de citar as dificuldades que podiam surgir na inculpação de mem-
tário já. abandonara seu pedido de que determinassem sentenças ”prog de organizações criminosas, com fundamento numa decisão
antecipadamente, mas ainda, o perseguia () medo de que resultassem limitada do Tribunal, Clay, com uma inflamada adaptabilidade
“julgamentos individuais incrivelmente prolongados” desde que se que poderia ter agradado às autoridades policiais da Alemanha dos
facultassem & membros de organizações criminosas motivos que po— tempºs hítlerístas, disse & Peterson que “qualquer seja, a, decisão
deriam alegar em defesa própria, em processos subsequentes. Acre- de '?nbunal, estaremos em posição, através de uma lei de desnazifi=
ditava Peters-on que, em julgamentos. ulteriores, & acusação não eaçaoquewse apresenta agora, [lei que toma criminosas as citadas
teria de provar “conhecimento de criminalidade”; não queria per— orgamzaçoes], de dispor dos membros n㺗escolhidos pelo Chefe
mitir outra defesa, além de “erro de pessoa” ou compulsão & “tor— da Consultoria ou. por seu. suplente para julgamentos criminais
nar—se membro de certas organizações ou & nelas permanecer. separado??? Em outras palavras, se o Tribuna]. não fornecesse &,
Mesmo nesse caso, não queria Peterson permitir, cºmo forma 1egí« lei. aº Exercxto, a própria Exército faria sua lei e ainda âecidíría &,
tima, de defesa fundamentada em compulsão, () que chamou de sºrte dos membros das ºrganizações criminosas, por meios admin
medo de “retaliação política ou econômica”. Em tudo isso, 0 que ngstrativos, desde que 0 desejasse. Clay foi fiel a sua palavra; no
preocupava Peterson não era a, situação judicial ou mesmo & pos- da 5 de março, aprovou—se & nova lei de desnazificação &, como o
sível criminalidade das organizações e de seus membros. Tudo que general subsequentemente comunicou & Peterson, “nos termos desta
lei? temos irmãos de lidar com a massa dos casos de participantes de
cito norte—americano e, por outro lado, um número de homens grgamrzaçges, qualquer seja a decisão do Tribuna]. relativamente às
muito exíguo & uma quantidade de dinheiro deveras insuficiente orgaínçoesªª.“ Com tal resolução e versatilidade legal, () Exérci—
para que se efetuassem verdadeiros julgamentos Qm grande núme— to Ja, nao precisava incomodar 0 Tribunal ou Jackson.
ro. O problema que o Exército enfrentava era administrativo., e No entanto, os problemas preparatórios: do juiz ainda se acha,-
Peterson queria que a. Corte lhe proporcionasse um fundamento vam multo longe de terminar. Em 20 de fevereiro, O titular da,
para uma solução adminis“traxtíªva..ªªªL Jackson respondeu & Peterson promotoria soviética,, General R. A. Rudenko, depositou um aviso
do modo ,mais conciliatório possível, no dia 26. de fevereiro,, mas forma.; de que os russos se opunham & qualquer concessão no refe—
acentuou que, ao que tudo indicava, pobre em a perspectiva de que repte as organizações. Os soviéticos, que tinham sido extremamente
o Tribunal emitisse uma declaração de criminalidade geral para írlqs em respeito à idéia de julgamento de organizações na Con-=
todas as organizações. Citou Vários motivos práticos pelos quais íerencrta de Londres, tinham passado a ser seus. maiores defensores
se impunha o compromisso e sublinhou, então, a. certeza de que os em Nugemberg. Rudenko informou Jackson de que, no entender
membros britânicos e norte-americanos do Tribunal queriam da: Uniao Soviética, não assistia ao Tribunal autoridade para dar
“cumprir todo o seu dever, na atribuição de criminalidade & mªga- orleuntação às Cortes. aliadas que julgariam os membros de organi—
nízações, mas não. desejam ser amados & um canto em que se zaçoes....Se-»o Tribunal tentasse estabelecer distinções entre os sub=
vejam forçados a fazer uma declaração demasiado ampla, a qual grupos dg qualquer organização, os russos o considerariam uma
provocará & todos aqueles que controlam grandes áreas na Euro— forma de mterf—erência nas prerrogativas das Cortes de ocupação e,
pa, & autorização para um novo reinado de terror.52 Jackson tam— por conseguinte, uma tentativa de prática de “uma limítacão alta—«
bém mostrou claramente que suas próprias suspeitas em relação mente.importante na soberania nacional” (sublinhado õriginal)
aos soviéticos () tinham colocado numa situação singular, pois d'a Umao Soviética. Além disso, Rudenko declarou que o Tribunal
acrescentou: “não me encontro em posição de dizer que esse medo ja x_ªecebera. provas Suficientes e que, portanto, nem sequer se deu
carece“ de fundamento”.58 O juiz acentuou que comprendía o pro- vemam çâlamar “testemunhas de defesa, no “tocante às organizações.
blema do Exército, mas achava não haver como escapar & conces— Na oplmao dos russos, nenhum das membros deveria ser isentada

”108 109
da declaraçãode criminalidade, e não se devia ceder uma polega— organizações ; por outro lado, permaneceram vagos os períodos em.-—
da, que fosse às dúvidas que o Tribunal formulam.57 tos durante os quais, na, opinião da promotoria, as organizações
A isso Jackson reagiu com vigor e eficácia Declarou aos 30- tinham incidido em crimes. O indiciamento dizia que cabia consi—
viéticos e aos outros promotores que se impunha fazer concessões; derar criminalmente responsáveis as SA, as SS, e o “Corpo de Li.—.
& Corte deixara patente que se algo não fosse feito, iria por água deres” dos nazistas desde os primeiros dias do Partido; quanto às
abaixo toda a causa da promotoria com relação às organizações. organizações estatais ——- a Gestapo, o Conselho de Ministros do.»
Ele não se opunha, & que os outros promotores teimassem em diver Reich e o Estado-Maior Geral —-—, & indícíação os considerava culpa-—
gir, ou manter suas pasições de princípio em sessões abertas da dos por atos ou intenções praticados ou alimentados desde 1930,
Corte; os Estados Unidos, no entanto, fariam concessões ao Tri— Embora Jackson não repudiasse esses períodos de tempo, concedeu
banal.58 O caminho de um negociador em busca. de compromissos ele que cabia ao Tribunal “autoridade para limitar sua declaraçãº
é eivada de dificuldades, mas ,o é ainda muito mais se o homem a de tal forma, que cobrisse um espaço de tempo menor que o estabe—
quem“ cabe buscar acordos é o mesmo que, de princípio, tomou lecido no indiciwamento” ªº Essa parecia uma insinuação muito cla-
uma posição forte. Jackson levou. tudo adiante com energia; aque—- ra de que desde que o Tribunal mantivesse suas dúvidas quantº
1a foi, sem dúvida, uma de suas horas mais felizes na qualidade de à inculpação de organizações, seria,, preferível declarar criminosas
líder da promotoria. todas as organizações, por períodos limitados, do que eximir de res-
Depois de. duas semanas de cuidadosa, preparação, o juiz dirí— ponsabilidade diversos grupos ou abandonar as acusações. Essa pre-
ferêncía ainda mais se patenteou pelo anúncio de que & promotoria
giu—se ao Tribunal, em 28 de fevereiro. Defendeu & idéia de que se
estava preparada & eximir apenas um punhado de subgrupos ——- 03
inculpassem organizações, alegando que os seis grupos a. que se re—
grupos dºs líderes partidários nazistas de mais baixa categoria
feria tinham constituídº o instrumento de poder nº sistema. nazígm.
Era preciso atingi—los, não apenas para. apagar do quadrounegro 0 (Ortsgmppen, ou grupos de cidades, ZeZZen, ou grupos de bairros, &
estigma. da crueldade nazista, mas também para facilitar a “tarefa BZOCkZâiÍQT, ou; grupos de 11138)? vários membros honorários da re-
da ocupação, neutralizando os nazistas mais perigosos.. Jackson, serva. das SA, e também unidades de guarda das mesmas SA., e os
no entanto, engoliu as. próprias dúvidas e garantiu à Corte qua empregadºs de faxina & dºs escritórios da Gestapo.“
havia escassa possibilidade de que os membros das organizações Mesmº hoje em dia é difícil compreender o Slstema que miem—
ficassem sujeitos & j ulgamemo & granel pelas autoridades de ocupa— tava, essas exclusões. A promotoria, afirmou que as organizações
ção. Passando às tarefas com. que se confrontam o. Tribunal, Jack— emm ilegais em razão da criminosa, camaradagem entre seus memeª
son concordou com que “os princípios legais costumeiros” coloca— bros e em razão das funções ilegais que executavam. Por conseguiu-»
vam sobre & promotoria o ônus da, prova, e formulou cinco crité-= te comº os reservistas, das SA não eram membros de pleno direito
rios a serem empregados na determinação da criminalidade de não participavam inteiramente da organização, entendia—se que
organizações. Não seria uma, “organização” aquilo que não fosse fossem excluídos; também se compreendia a exclusão do pessoal
um grupo com um propósito geral; impunha—se, no que se refere de limpeza da Gestapo, porque não lhes couberam funções crimino—
aos membros, o critério da voluntaríedade; os objetivos da organi— sas e não faziam parte de qualquer coisa que se aproximasse de
zação deveriam enquadrar—se nos crimes definidos pela Carta de uma ordem ou fraternidade. Em compensação, os membros das
Londres; necessário em que] os membros houvessem tido uma cons— SS com funções de limpeza permaneceram entre os que eram crí—
ciência. “global” dos objetivos criminosos do grupo, e também era minalmente responsáveis, pois & promotoria sustentou que não
preciso que alguns dos membros da organização estivessem sendo eram apenas empregados, mas membros de uma fraternidade de
julgados e, mesmo, houvessem sido considerados culpados de um. sangue. É de causar perplexidade & decisão tomada no sentido
delito “com fundamento no qual se possa declarar criminosa & de que....se. excl-uí-ssem de “julgamento os funcionários partidários de
organização”.59 escalão mais baixo, pois essas pessoas, quando não eram apenas
Jackson caminham muito para aliviar o trabalho do Tribunal, gente de escritório (e, na verdade, os BZockZeiter muitas vezes não
abandonando algumas das exigências extremas que, de início, &, dispunham de pessoal), assemelhavam—se mais a, membros das SS
promotoria formulam; agora, já se exigia que se apurasse () cará- de escalão inferior do que a servidores doméSticos da Gestapo. Em
ter voluntário da participação no grupo, e que se comprovasse alf— conseqíiência, embora & promotoria quisesse que essas exclusões
gum conhecimento geral, pelos membros, dos objetivos e propósitos fossem definitivas, e Jackson acentuasse que, no entender da pro-
da organização. Mas o discurso de Jackson deixou de esclarecer meteria, não se impunha qualquer definição mais precisa, dos
inteiramente a relação entre os réus individuais e a acusação de grupos, não se firmaram critérios precisos que justificassem por

110 111
que motivo se apartavam alguns subgrupos dos que seriam julga— quanto &, futuros julgamentos formulada por Donnedieu de
%.,Tajbr'egº
dos, enquantº entre os réus se mantinham outros. Tudo bem con— Da, mesma forma, quando Bíddle procurou encostá—lo à parede
siderado, no entanto, esse era um defeito de pouca, importânma no apontªndº os perigos implícitos na tentativa de se ªincriminaren
f
desempenho de Jackson, pois ele logram responder à maioria das orgamzaçoes inteiras, porque a Lei nº 10 adotada, pelo Conselho
perguntas formuladas pelo Tribunal e, ao que tudo denotava, re— Allqdo de Controle da Alemanha relacionava sentenças que in—
erguera o caso das organizações criminosas. clulajm & pena cªpital para o simples fato de alguém pertencer
No recesso, os juízea exprimiram contentamento com o dis—= a tals orgamzaçoes, Jackson replicou: “sou suficientemente ho—
curso de Jackson; sentiram, evidentemente, que aliviam muitas nesjzo para dizer que, se- fosse eu o autor, não & teria redigido comº
das cargas legais que lhes pesavam nos ombros. Bíddle' partilhava estajª.“ Instado prementemente por Biddle & elucidar por que.
de entusiasmo geral, mas observou que ainda subsistiam algumas mqtlvos só se excluíam da lista. funcionários de escritório e faxi—
questões; em particular se um número maior de “subgrupos” ou nelros da Gestapo, & não funcionários da mesma categoria perten—
“classes” de membros deveria ou não ser exch.1.:í.olo.,62 Durante a centes a, todos os grupos, & franqueza de Jackson atingiu novos
sessão da, tarde de 28 de fevereiro, e a sessão matutina de pri—- e;:tremos. “Um dos problemas que nos confrontam nesta Corte”
meiro de março, os outros promotores e um grupo de advogados dlgse, “é que ela procura, ser lógica, e talvez 0 devesse ser, Sempre
;
de defesa ampliaram as observações de Jackson e teceram co— fm _nu pensamento, no entanto, que o mérito maior do sistema
mentários & respeito. às declarações suplementares feitas pela do Jur'l cons1ste em que os jurados não estão adstritos 'à lógica, e
promotoria pouco acrescentaram de novo, mas os advogados de que Qos, quando acusamos, tampouco somos obrigados a, obedecer
defesa tocaram pontos sensíveis —- os perigos da idéia de culpa &, looglca.ª'ªªT Eªrosseguindo em sua argumentação, aduziu o juiz que
coletiva; as dificuldades em relacionar algumas organizações, como, ªopreoçupaçao do Tribunal carecia, em maior parte, de fundamem
por exemplo, as SA, com réus singulares; e os enormes problemas ._, p01s
práticos inerentes à tarefa, de lidar com centenas de milhares
de membros de organizações, membros esses que desejavam fazer
depoimentos em" nome' da defesa. Os norte—americanos não . viajaram 3.500 milhas até aqui
para). processar amanuenses, estenógrafos e faxineiros. Não é
Aproximando—se o fim da sessão de primeirº de marços Jack- essa
esperam. de crlme que pretendemos punir, mesmo se sabiam algu-=-
son voltou a falar, discutindo os argumentos da defesa, e' respondem-» ma._ cqgsa daquilo que perseguimos, pois não é essa, espécie
de
do às perguntas do Tribunal. Em resposta & alegações da defesa de dehnquente que ameaça a. paz mundial.68
que os membros da organização poderiam ser desonrados por uma
declaração gera,]. âe criminalidade? J ackson declarou. duramente
que para tais homens nada. havia que os desonrasse mais do que Foi outra excel_er-1te declaração, mas ainda deixou ao Tribun
al
já estavam.ªª Defendeu também sua“ posição, submetido ao fogo o problema de dealdlr por que motivo, tendo em Vista 0 que dis-
das perguntas do juiz francês, Donnedie—uf de “il-abres, 0 qual sus- sera Jackson, não excluir de culpabilidade todos os funcio
nários
citou a possibilidade de que o Tribunal deveria tentar limitar os subalternos. .
castigos que poderiam ser impostos por cortes de ocupação que Graças a sua franqueza espontânea, Jackson logram transpor
se formassem subsequentemente. Jackson rejeitou completamenu uma dlflculdade em seu entendimento com o Tribun
al, sem no
te essa sugestão-, concordando com o promotor soviético em que, entanto fazer mais que concessões muito pequenas 'à defesa
. Por
nos termos da Carta. de Londres, o Tribunal tinha seu mandato suanvçzz o promotor suplente da Inglaterra, Maxwell Fyfe, parece
u
limitado a fazer uma simples declaração de criminalidade e nada de 111319 saírlsetão bem quanto Jackson, ou“ mesmo melho
mais.64 Quando se lhe: apontou que o Artigo IX da Carta referia—se r. A
uma 1.n81nuaçao"--d0 Tribuna,]. de que seria necessário
provar que
à punição imposta a um membro de organização “pelo tribunal”, os Énembros tinham ciência dos propósitos criminosos da
organi—
Jackson continuou recusando—se & aceitar a idéia de que o Tribu— zaçao & que, em cada caso, pertenciam, Maxwell Fyfe
observou
nal pudesse restringir a ação das cortes futuras. Com a franque- que em “verdade, uma verdade triste” que tais funcionários
za, que. era seu traço mais atraente, limitou—se a observar: “Para tlgham
se
habituado a “esconder as cabeças 'na, areia, procu
rando
dizer a. pura, verdade, a. redação desse artigo Ine tem deixado no nao saber de coisas d.esagra,(fiáveisºº.69 Afirmou, no entant
escuro quanto ao que sígníficaªªªª; afirmou no entanto que, em o que
egse tlpo de comportamento não devia constituir atenuante &
qualquer hipótese, estava certo de que 0 artigo não abonava & que
so cabiawao Tribunal decidir quanto a, um aspecto: “se, consiâierada
sugestão de que-& corte se arrogasse psderes restritivos gerais & questao sob o ângulo da sensatez, deveria a pessoa, na posição

112
113
que ocupava, ater'tido conhecimento da prática, dos crimes?“ Em ao público e destinadas ao caso das organizações criminosas. A «ela—
uma resposta firme, sem flancos vulneráveis, perfeitamente afina- qúêncía do Juiz Jackson resolvera todas as dúvidas do Tribunal,
da com os sentimentos e necessidades leg-ais do Tribunal; no en— e a defesa lograra marcar alguns pontos positivos. ' É precisº? nº
tanto, quando o interrogatório se concentrou na indicação das entanto, ressaltar que O elemento preponderante nas audiências
organizações específicas, o bom senso de. "Maxwell Fyfe abando— não foi a. defesa: foram os próprios juízes. Não haveria cºntra
nou—o rapidamente. Biddle perguntou-lhe: “O senhor diria que
, discussão de assuntos legais, aberta ao público, durante o julga.—
um membro das SA que, digamos, tenha ingressa do no organis mo mento, e isso demonstra os inúmeros problemas que atormenta,—
em 1921, e se tenha demitido no ano seguinte [ou seja., 1? anos vam os membros do Tribunal. Tanto a defesa como & promºtoe
antes da II Guerra Mundial], é culpado de conluio para () desen- ria deram respostas vigorosas às perguntas específicas do Tribu—
cadeamento de guerra, de' agressão, e culpado de Crimes de Guer— nal, mas neghum dos dois lados tirou qualquer conclus㺠mais
ra?” Sem hesitação, Maxwell Fyfe respondeu na, afirmativa, e vol— ampla. O Trltgunal dera provas de que necessitava de ajuda para
tou a responder afirmativamente quando Biddle lhe perguntou navggar pela aguas rasas da Carta,; não lhe pareceu que & indíg—
ngçao moral da promotoria, ou que as vagas referências & ques—
se isso também se aplicaria & um membro das SA que se tivesse
toes del prí_ncípío formuladas pela defesa,, fossem de muita valia,
juntado àquele corpo depois do sangrento expurgo que valºrem
para solucwnar os problemas práticos com que se defronta-vºa..
a liderança, do organismo, em 30 de junho de 1934; Maxwell Fyfe
Nenhugna dªs partes que] se apresentavam ao Tribunal, seja &,
disse que tal homem ainda era culpado, porque as SA sobreviveram
como um ª_“símbolo”.71 Imediatamente depois desse diálogo, o 'ti— acusaça—o, seja a, defesa, parece ter compreendido que, se o Tri.“-
bunal enfrelgtava um problema dessa, natureza no que, ãiz re:-aperto
tular da promotoria soviética, Rudenko, teve de enfrentar as mes—
mas perguntas quanto às SA e forneceu, em essência., as mesmas & orgânlzaçoes criminosas, provavelmente tinha a, mesma preo—
respostas estranhas de Maxwell Fyfe. cupaçao no tocante 'a outros pontos, tais como conluio e planeja—-
mçnto de guerra de agressão.. A clara lição que cabia “à, defesa
No dia, seguinte, 2 de março, um grupo de advogados de e & ªoqsaçao retirar das audiências sobre organizações crimingsas
defesa, passou, por sua vez, pelo crivo de interrogatório dos mem- con51st1a em que uma e outra deveriam. ter imaginado maneiras
bros do Tribunal. O Dr. Egon Kubuschok, patrono do Conselho de de tratar desses assuntos de modo & inclinar 0 Tribunal a favor
Ministros do Reich, alegou que o órgão que representava, por de suas respectivas posições. É verdade que a Corte nunca mes
muito reduzido, não justificava ser processado como organização deu esse conselho, nem lhes pmporcíºnau oportunidade fºrmal
criminosa.. Esse argumento, evidentemente, calou no espírito dos parª apresentar tais argumentos. Mas era, óbvio 0 ânimo da Cartes
juízes, pois a decisão o mencionou como um dos motivos maiores & maio 'co-nvínha perder qualquer ocasião para apontar caminhos.
para que não se tivesse o Conselho na conta de criminosos? 011— aos Jumes. Em vez de proceder assim, & promotoria empregºu os
tros advogados de defesa. acentuaram «que o teste definitivo a ser dias que lhe restavam adicionando pormenor sobre pormenºr su—
aplicado a todas as organizações deveria consistir em apurar se plementar e, depois disso, deu por terminada, sua apresentacão,
os membros eram ou não conscientes dos propósitos criminosos no dia 5 de março. - ª
de seus chefes, e aduziram que seríavímpossível provar tal “cons-
ciência, pois o Fúhrer e seus ajudantes tinha mantido em segredo Durante: o intervalo entre a exposição da promotoria e &, cªía
o que: arquitetavam. A Riddle, esse argumento pareceu ponder᪠defesa, ,o qua]. ocorreu. entre 2 e 13 de março, o Tribúnal realizou
vel, e ele, em conseqúêncíaª gravou-o em suas atletas,73 Em todas uma serie aparentemente interminável de discussões a portas
as exposições em nome da defesa, as quais estavam para começar, calçadas, sobre o problema das organizações. Os juízes soviéticos
quase todos os réus diriam que não haviam tido conhecimentº aceltamm in total qs argumentos da promotoria; aos franceses preo—
prévio dos planos criminosos de Hitler. A. muitos observadores, cupavam'pmfúhdamente questões de princípio; os britânicos pa,—'-
tais alegações de ignorância pareciam absurdas e ofensivas, como ;ªecgalãn incapazes de decidir que caminho convinha, seguir. Biddle
hoje nos parecem ser, mas & promotoria e o Tribunal tornaram a, 113s15t1a em que o Tribunal deveria, de momentº, ignorar as ques-
consciência dos propósitos criminosos das organizações prova cru—= toe; de ordem moral, limitando-se a escolher a, forma pela quai;
cial, e o menos que se pode dizer é que nada havia de extraordi— sçnaxy ouvidas as futuras testemunhas, no que se referia às orga—
nário em que a, defesa fizesse desse ponto um elemento—chave no mzaçoes. A. opinião norte—americana terminou por prevalecer;
caso de cada réu. nq dig. 13 de março, o Tribunal anunciou que seria, formada uma, co—
Depois de dois dias e meio de discursos e interrogatório, en- mlssao especial, sob a presidência de dois dos assistentes legais
cerraram-se fmalrnente, no dia 2 de março, as audiências abertas da Corte, para ouvir depoimentos de membros das organizações..

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Seria, também-facultado à defesa, perto do fim do julgamento, muito ponderáveis os obstáculos práticos com que se confrºntam
apresentar testemunhas que representassem organizações parti- & relativamente reduzido número de] profissionais empenhados na,
culares, e fazer uma, exposição geral sobre as organizações. Com defesa. Citamos, & título de exemplo, as dificuldades que lhes en—
isso?? eles resolveram o problema mais urgente; no entanto, não fi- travavam os deslocamentos no interior da, Alemanha, Em nada
zeram mais que adiar a solução 01% questões de âmbito mais amplo. foram amenizados esses obstáculos com &. cautela que tomou 0
, A defesa iniciou seus trabalhos no dia 8 de março, com a Tribunal, ao firmar & necessidade de que se filtrassem os pe-
parte relativa, ao Mafechal—do—Reích Hermann Goering. 0 com—- didos dos advogados em prol do comparecimento de testemunhas
portamento e a postura do Dr.. Otto Stahmer, advogado de Goe—= ou 01? çbtenção de documentos. A. Corte sucumbm; em parte? aº
ring, indicava bem a modificação que se tinha verificado na defe— cgntagw dp medo que perseguia os promotores como uma, obsesê
sa., durante os três meses de atividade da corte. Já tinham desa— sao: 0 recem de que a, defesa passasse a utilizar táticas destinadas
parecido, em sua maior parte, & perplexidade e o desalento, e & tpmultuar os trabalhos recorrendo a “ataques contra & promul—
Stahmer demonstrou que a defesa se aprestava. & lutar com vigor. “toma”, com o objetivo de prolºngar e de desacreditar e julgamen?
A muitos advogados ainda atordoavam os métodos do Tribunal, “to. Muito antes de ter início o julgamento, os promotºrês haviam
e o que faziam parecia, algumas vezes, desajeitado e tardio, mas reallzado angustiadas reuniões, buscando um escudo que as, res-
isso pode ter resultado tanto dos 12 anos de experiência em guardasse dessa ameaça, e aproveitavam cada opºrtunidade que
cortes nazistas, como dos aspectos singulares do julgamento de se oferecia para tomar a Corte conscíeme dessa, possibilidade“,
Nuremberg. Em Visível que a. defesa, já, desconfiava muito menos Para que'uma, testemunha comparecesse ou que lhe fºsse facul—=
da Corte do que antes. Embora reclamassem de certas decisões tado um documento, era preciso que a defesa redigisse cada xeque—=
dos juízes, como é costume dos advogados, davam sinais de con— ramento com “tal habilidade que o pedido n㺠dessa chance à
siderar que o Tribunal atuava, em geral, de maneira imparcial Promotoria, de levantar &, possibilidaãe de que 0- deferimento do
e sensata,. Três dias antes de Stahmer tomar a palavra,, o ânimo pedldo pudesse beneficiar 0 nazismo. Em t㺠prefumde 0 mesm
de todos os advogados de defesa fora revigorado, pois o Tribunal quªe os promotores sentiam da, propaganda nazista,, que lançaram
repreendem as autºridades de ocupação por permitirem ataques mao de táticas altamente discutíveis com O objetivº de cortar
da, imprensa aos advogzuílos..75 Além disso, o Tribunal elogiam os qualquer possibilidade nesse sentidº.. No mês de dezembro, Goering
serviços prestados pelos advogados em condições que os juízes º_oncedeu uma entrevista coletiva. à imprensa e O promotor sºvié—
compreendiam ser extremamente difíceis, e notificara oficialmente tlco logo convenceu seus colegas de que eram tamamhas as perigass
O Comandº Militar Aliado na Alemanha de que os advogados de regultaptes do acontecimento que se impunha, &, cada prºmºtºr
defesa se encontravam sob a, proteção do Tribunal, e de que a Corte ,fªdlscutlr O assunto entre quatro paredes”, com os juízes,, pam
não toleraria quaisquer outros ataques públicos ou pela imprensa, ampedír que “tais incidentes se repetissem no futuro.” '
que lhes fossem dirigidos. . Mas_ O esforço da promotoria nesse sentido assumiu ar ªê
A defesa,. foi. seriamente atingida por apenas uma. das deci— cºisa magnificante, quando comparado com 0 que ela fez relati—
sões do Tribunal: a exigência de que fossem submetidas à, aprova,—- valme'nrte aos documentos que me podiam prejudicar a causa;
ção prévia do Tribuna]. as listas de testemunhas e os documentos Nao ha prova que nos indique terem os promotores “ajeitada” da»
a que os advogados pretendesse'm recorrer. Esse procedimento cumentoso capturados, mas não resta, a, menor dúvida de que &
encontrava abono na Carta de Londres, que o prevíra para evitar promotorla, receava que os advogados, por sua vez, se puseSsem
que a, defesa fizesse do Tribuna]. um palco para a propaganda, & acusar os aliados, desde que certos documentos aparecesSem
nazista. Também auxiliou & promotoria, em cujo poder se encon— com? prova. Mesmo. antes que se inaugurasse e julgamentos. Os
trava o grossº dos documentos e que controlava & maior parte brltanlcos» e» os-wamerícanos convieram em não usar de-âsermmÍa;
das possíveis testemunhas de defesa, e assim desejava que o Tribu— dos documentos dos arquivos do Departamento de Estadº e do
nal joeirasse cuidadosamente os pedidos da defesa, recusando Minªstério do Exterior, e em não permitir acesso aos arquivos dº
quaisquer solicitações capazes de exigir pesquisas longas e infrutí— Almlrantado britânico, em razão da, existência de materiais cuja,
feras. O Tribunal acolheu. as razões da promotoria e estabeleceu, apresçptação “pºderia, ser embaraçosaªªfª' Alguns desses documen—n
em. conseqúência, um processo próprio para ser seguido nos casos tosª dlzlam respeito- às relações entre nazistas e sºviéticos; outros
de pedidos de provas. Sob o aspecto psicológico, isso colocou a ferlam pontos comprometedores para os países ocidentais, como",
defesa numa situação nitidamente desvantajosa: na posição de por exemplo, os papéis que tratavam dºs preparativos britânicos
um pedinte diante do Tribunal e dos promotores. Também eram de desembarque na Noruega, anteriores ao ataque alemãº., Ade-

na H”?
mais, os membros da promotoria viam com. clareza que muitos dos está, fora de dúvida é que muito raramente conseguiram captar
documentos diplomáticas aliados não fºrtalecíam as acusações, os sinais que revelavam o ânimo dos juízes. A. Corte recolheu-se
um tanto rudimentares, de agressão nazista contidas no indicia- & mais possível para deixar a defesa lidar, da maneira, que lhe
mento, Assim, é impossível escapar .àconclusão de que nascem aprouvesse, com as testemunhas que lhe foi permitido apresene
em parte, de um desejo de manter fora do alcance da. defesa dou tar? mas em geral, os advogados limitaram—se & conduzir os de—
camente-s aliados comprometedores, & decisão de fundamentar a, poentes por um itinerário de prolongadas narrativas de' interesse
acusação apenas em dgcumentos alemães.?8 histórico, e de declarações em abono das qualidades de tempera—
mento e caráter dos réus. A indulgência de que Lawrence deu
No curso do julgamento, o Tribunal mostrou—se muito aberta
a sugestões da promotoria de' que argumentos tu. quo que (ºu prºva, deixando a defesa com as rédeas soltas, em seus labirinti—
cos propósito-s, suscitou tanta oposição da parte de membros óio
seja-,, argumentos dizendo que os aliados tinham cometido os mes- Tribunal como havia suscitado () cunho frouxo das exposições da
mos atos de que acusavam os réus) seriam ínadmíssíveis, e de
promotoria. Os soviético—s apresentaram protestos formais contra,
que se deveriam evitar quaisquer discussões gerais sobre políticas
as coisas irrelevantes que foram ditas ou apresentadas; Birkett;
dos aliados ou condições diplomáticas européias. Ainda, nesse
ªgr _seu lado, atingiu tal grau. de irritação que escreveu em ,seu
parâicular, no entanto, não há, qualquer prova documental que
la.-no:
denote ger do conhecimento do Tribunal que os promotores es—
tavam controlandº a, forma, e o tipo de materiais apresentados à
Corte? para, manter a defesa afastada de documentos que pudes— Quando tomo consciência da. inteira inutilidade de resmas &
sem lavar ou atenuar a culpa dos réus. Parece que a. Corte mais resmas de papel e de milhares de palavras, enquanto a
hesitou em deferir requerimentos, da parte da. defesa,, de do— vida segue seu curso inexorável, ºptante-io esse intelectualmente
cumentºs poliª-13605 gerais quantº à, moldura àipiºmática e his—— injustificável desperdício de tempo.
...cpegueí agora a, um, desalento completo, e só me resta sofrer
Mªca, && que se passam. antes & mirante & ascens㺠dº nazismº? aa.].aao, em desespero impotente.79
pamue temia, que? uma. vez aberta, essa caixa, n㺠mais pudesse
fechªm ——-— embºra, & CONE, comº também OS advogados de defesa?
âgnwasse & que comtínham ºs arquivos alíadgsª Já “vergade && Riddle queria, juntarwse 3,0% sºviéticos e pôr termo aº que chamava
pesº ãe um fardº de problemas legais não—sºlucionadºs, n㺠ani—— ãe “besteiraªªªªº mas Lawrence & Donnedíeu de Vabres firmaram
mam & Tribunaí qualquer desejo de distribuir justiça quantº à pé cºntra, tal precedj.1233.913tª Enterrompendo—se assim a linha que
história gem] da. Europa, no. períºdº entre as duas guerras. àssímª âesejava seguir? com º impasse que se criaria, com um mm de dois
“tºdas as âentativas que empreendeu & defesa pam submeter aº juízes contra dois, também Riddle abandonou.—se ao cursº dos
omg clínica dº Tribunal assuntos cºmº © Tratadº de Versalhes fatºs e,, à, altura, de fina]. de mais? registrou. nº seu. livrinhº par»=
foram cºrtadas pela migª É cerco, pºrém, que algums advogados ticular, no seu diário, que “morria de tédioªªfª Nos últimos dias
da defesa, interpretaram ma]. as intenções da, Corte, e fizeram els—=- da apresentação da defesa, o próprio Juiz Lawrence sucumbiu e!
ferços repetidos, quase desesperados, para trazer tais problemas bem no meio de uma torturante e repetitiva exposição da. defesa
à baila, alegando que um. sentimento de eqííidade para, com e inclinou-se e perguntou & Biddle, num sussurro, ,se recordava uma.
povo alemão, e também para com os réus, exigia, que fosse exami— Velha. e índelcorosa canção de teatro de revista com um verso que
nado todo o pano de fundo europeu da II Guerra, Mundial, antes dizia. “não se pode impedir que uma garota penseªíªº Taís de—
que a Justiça Se manifestasse & respeito da questão do conluio, monstrações de bem—humorada. simplicidade da parte do Juiz Law—
Na,, verdade, a, Corte estava buscando afastar-se, com a maior rence'contríbuíram, provavelmente, para que não se verificasse
rapidez possível, do problema geral do conluio, e nas deliberações uma“,;hsurreíção---entre--os juízes, mas também. levaram os advo—
que oTribunal realizava, & portas cerradas, & maioria, de seus mem- gados de defesa a concluir que as coisas corriam bem, e que as
“bros ía adotando atitudes cautelosas relativamente ao grosso das exposições que faziam logravam um êxito que, na verdade, nãº
alegações da promotoria, ocorria, Através de um caminho eivada de argumentos e fatos
Evidentemente, faltavam, aos advogados. de defesa, meios, por irrelevantes, e de repetições, & defesa deixou escapar as melhores
assim dizer, à prova de fogo, para aquilatar o grau. de imparcia— ºportunidades que lhe foram oferecidas para impressionar e in—
lidade da, Corte. Por outro lado, não dispunham de qualquer mo— íluencíar 0 Tribunal.
tivo que os co-mpelísse & abandonar a suspeita que sentiam quantº Houvesse predominado & opinião soviética, pouca oportuní—=
às intenções aliadas. Por uma ou ºutra. razão, no entanto, 0 que dade se teria dado à defesa para empenhar—se em assuntos irrele—

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vantes ou em qualquer outra coisa,. Quando os juízes examina—» casse por 10 a, soma das vítimas do massacre.. Subseqúentemente,
vam & seleção de testemunhas de defesa, Níkitchenko voto-u, repe— foi demonstrado de forma bastante convincente que os próprios
tidas vezes, para, que não se aceitassem testemunhas que os outros soviéticos haviam praticado o massacre «— talvez; por causa de
juízes estavam prontos & admitirªª Na Véspera das exposições da uma. confusão na interpretação de ordens —— mas, mesmo na oca“
defesa, o juiz titular soviético também se opôs, e duramente, à Sião do julgamento de Nuremberg, havia aígumas características
prática, de permitir—se que os réus nazistas testemunhassem, sob“ obviamente intranqúílízantes, com relação tantº aos fatos quanto
juramentos especialmente quando sentados no banco das testemum às alegações soviéticas. Níkítchenko viu.—ser forçado a trabalhar
nhas, lugar que fora “(?ª—sado pelas pessoas que a acusação chamam diligentemente, e a recorrer a cada átimo da boa vontade de seus
a depor. Essa reação soviética & tal ponto enraiveceu Parker, que colegas, para, elaborar fórmulas que limítassem as exposições Ío—
este ameaçou demitir—se, mas Riddle o acalmou & os dois se um?.-, renses da questão de Katyn. Os outros membros do Tribunal aca—
mm para derrotar Nikitchenko m, votação, garantindo assim o baram concordando, e permitiram aos soviéticos salvar as aparên—
direito de depoimento dos réus., Lawrence apresentou, então, uma cias, com um mínimo de observações p'ro forma da parta dos
fórmula cominatória de seu feitia84 Observando que a posição do juízes e dos promotores ocidentais, Não obstante, o fato de a
banco das testemunhas avizinhava—se perigosamente de uma das defesa contímuar & mergulhar () escalpelo na questão de Katyn
extremidades da mesa, dos juízes, aquela em que se sentava Birkettâ provocou “tensão entre os aliados, e parece ter aumentado & ãís-
Lawrence concordou em deslocar um pouco o banco dos depoente&ª tância que separava os juízes soviéticos dos ocidentaísºªª
resguardando assim a segurança dos membros do Tribunal. Dessa
forma, 'os réus puderam depor, e Nikítchenko pôde sustentar que O problema de Katyn provocou poucos ataques pelo flanco, &,
Se fizera uma distinção visível entre as testemunhas de acusaç㺠não ser os que visavam & mostrar que talvez n㺠pertencesse aos
e as da áefesaªªª nazistas () monopólio das atrocidades, mas um segundo alvo dos
dardos da defesa revelou. implicações mais sériasª às vésperas da
Talão issº fam amem ãebatídg & msaívíâa antes que se inicias—= invas㺠da, Pºlônia pelos nazistas, & Umiâa Sºviética e & Memam
sem os àepgimemes da âefesa,ª amante & apmgentaçãa em áefesa?
arma, de Hitler firmaram um pactº de ªãO—agressãaª O mm de
pmpriameme dita.? a única., Ghjeçàg Séria, que Nikitchemko Emma-w que 08 russos se tinham enfileiradº aº lado de Hitler em 393%
Em àirigiuuge à, taíeyàmía & à paciência exâremas ãe Lawrmceª ªcima de uma. “vez por tºdas, 0 tapete de debaixº dºs pés da acusa-=»
Mesmº nesse pontº, na mªl-Janteª n㺠amavam Níkítchenm çãº? que pretendia, “ter sido “tão Óbviº e dam O planº nazista, de
muitºs Mªmães Que O habilitassem & protesta“º cºm muita energia? agress㺠que o mais humilde dos réus n㺠pºdia, Mega? cºm sea
poís ms últimºs momentºs da apresentação algums dºs pmmOW-m meáade ignorância, quantº ºs .prºjetos às reªlizamª
res soviéticos “tinham divagadº, surgindº mesmº, entre ºutros m㺠se Éê—ª
mmm & issº a, dificuldade _- além dº pactº geral? 0 acºrdº entre
james? &, idéia de intervenç㺠da Cºrte para disciplinar as fura—=- " nazistas & sºviéticos cºntinha, cláusulas secretas mas Quais OS dois
balhos. Eddie sugeriu Que se íntermmpesse umdos pro-— parceiros se tinham arrumado para, friamente, dividir a Polônia
motores soviéticos, foi Nikitchenko quem acºnselhou complacêm e estabelecer esferas de influência que penetravam em grande
cia, pois a, intervenção dos juízes poderia/“perturbar o pzrªon'lcfcorªº.36 parte da Europa Oriental. Em logicamente inevitável & conclu—
O Tribunal “tudo suportou, nessa e em outras ocasiões, "de' sorte que, são de que, como correta a argumentação de que houvera con“—
na oportunidade em que a defesa se perdeu, mais tarde,, em elu- chavo, ou conluio, nº planejamento da agressão à Polônia. em
cubrações intermináveis e insignificantes, Níkítchenko só se! sentiu 1939, Stalin em parte desse conluio. Os advogados de defesa lan-=
à, vontade para formular um único protesto. Frustrada sua ten—— çamm mão de toda, e qualquer oportunidade para enfiar esse
,tativa, ele mergulhou no mesmo saco de tédio em que se haviam ponto, como uma lança, no peito dos juízes, mas o que buscavam
,me-tido os colegas juízes.“
ante.s..de-- m-aís----nada em uma ocasião que lhes permitisse pôr em
Os advogados de defesa nada sabiam dessa situação, mas pres-ª relevo as cláusulas secretas do pacto, A primeira dificuldade com
sentiram a, possibilidade de suscitar problemas que embaraçassem que a defesa- se deparou consistia em que nenhum dos réus cona
os soviéticos, emmquecendo, ao mesmº tempo, as acusações cm.-.= servam consigo as famosas cláusulas secretas, e sem a redaçãº
tra os. réus, Concentraram seu poder de fogo inicial mas acusa,»— real do “texto perder-se—ía muito do possível efeitº dramático da
ções de que os nazistas tinham exterminado grande quantidade questão. Nessa difícil cºnjuntura, parece ter baixado sºbre a
de oficiais poloneses na floresta de Katyn. Os soviéticos haviam defesa o auxílio da parte de uma fonte muito pouco provável _—
incluído específicamente essa acusação no indiciamentº &, comº um membro da promotoria que passou. “às mãos da defesa uma
o dissemos anteriormente, tinham pedidº depois que se multiply cópia, confidencial das Cláusulas secretas.ªº ªntes de iniciado 0

120 3.21
julgamento, tanto os promotores britânicos come os norte—ameiª? juízes uma brecha irreparável, () que conseguiu foi uma sensaçãº
canos dispunham de cópias desse. documento, e muito cedo,";iá, de desapontamento, O incidente revelou mais .um aspecto vulne—
nos meses de outubro e novembro de 1945? tinham preocupada-=- rávei no ponto relativo & conluio na causa da acusação, mas já.
mente díscutido as formas de reduzir ao mínimo as embaraçosas há. muito tempo alguns juízes "tinham dado sinais de não ver nesse
dificuldades que o documento podería produzir.ºº Ainda não é ponto o que ela parecia valer. Quaisquer que tenham sido as
clara a identidade do indivíduo que entregou o documento, mas dificuldades ou as pressões do momento, 0 Tribunal não foi dels-
parece certo que o pagel saiu do grupo norte-americano. Já de traído» por qualquer novo embate em torno do problema do conluio,
muito tempo, o sentimento anti—soviético estava para transbordar ou por uma ruptura entre juízes ocidentais e soviéticos, Nunca..
no seio da comunidade de promotores norte-americanos. Desde surgiu no banco dos juízes qualquer coisa de comparável ao zela
Jackson, no topo da hierarquia do grupo, até 0 de mais baixo anti—sgviétíco que tomou conta, da promotoria norte-americana.,
grau, erguia-se um interminável coro de queixas contra os russos No prºprio momento em que os juízes se dividiam quanto ao ocor—
e de observações mordazes & respeito deles. Jackson possuía uma rldp em Katyn, e quanto ao pacto entre nazistas e soviéticos,
cópia, do documento em seus arquivos, mas, com toda probabilim umam—se em outros problemas, e as divisões não se cristalizaram
dade, não foi por sua ordem que a cópia chegou aos aókvogados?1 em tºrno de: filamentos geográficos ou. ideológicos. Os juízes fica-=
Não obstante, o juiz armam o clima, moral que tornam possível mm de olho nas questões práticas, sempre procurando evitar a.
O incidente, e pouco ou nada foi feito para, identificar e punir & mtmmissão de novos problemas, e, em sua maioria, guardaram
pessoa que tinha entregue à, defesa o protocolo secreto. () senso de humor., Através de ”tudo aqui]-0, os juízes ocidentais
O que fazer com o documento representou para o Tribunal 0 conservaram relações amistosas com “Nick”; nem Katyn, nem
mais árduo problema relativo a provas que: “teve de enfrentar du— qualquer outro problema, parece ter ameaçado seriamente a re»
rante o julgamento, Os soviéticos envergaram uma cara de bronze solução) por todºs partilhada, de se entenderem uns com os outrºs?
para negar qualquer insinuação da defesa de que aquilo fºsse selucien aryos prºblemas, e produzir uma decis㺠final merece-=
admiâido cºmº prova,, e procuraram também bloquear qualquer âem de credito.,
depoimemº de testemunha quantº ao assrammª Os juízes Gaiden-» &. animada cººperaçã o entre os juízes, & qual amorteceu aim
tais Viramuse capturados no interior de um ªlema: ºu respeita? as gamª dºs melhores movimentos da defesa,, também produziu, vez
mgms costume-iras em matéria de provas, ou precipitar séria, crise pºr ºutra,, ínmluntariamente, confus㺠quantº à, atitude dos juízes
cºm os juízes russos. Por fim, o Tribunal. atinou. com um ham—= mm relaç㺠& réus singulares erespect ívos advogados, O mais
1153080 jeitº de sair—se de problema, -—— ºs juízes permitiriam. &, grave am de 98361310 registrou—se Em que dizia, respeitº à atituáe
apresentação dº documentº como prova, desde que os advogadºs de Khawrence com relação ao advogadº de Dºenítz, Floãiemichfe?
pudessem atestarmlhe &, autenticidade, explicandº como G tinham (Jum da Marinha,) Ottº Kranzbuemer, Taí em & cºmsídemcãº
ºbtido?—'ª Sentindo um frio na espinha, os advogados compreende- com que Sir Lawxence tratava Kranzbuehler que o advogado fla,-
ram que estava. terminado o jogo do documento; é claro que ne» va; pªssou a ser Jocosamernte chamado pelos outros advogados de
nhum dos promotores ousaria autenticar 'o documento, ou revelar “bmhmho çle estimação" de Lawrence.93 Quando Kranzbuehler
os meios pelos quais o papel chegara ao poder da defesa. Só com requereu Doença. para, questionar o Almirante norte—americano
O depoimento de pessoas que haviam participado das negociações Chester Nimitz, com & evidente intenç㺠de justificar os ataques
do pacto de não—agressão, especialmente do ex—Mínistro de Ex— dºos_submarinos alemães contra navios'mercantes, citando ataques
terior Joachím'von Ribbentrop e de seu secretário, logrou & defesa $1m11ares da parte dos norte—americanos contra barcos mercantes
incluir a essência das cláusulas secretas nos. autos do promessaº ]agoneses, o Tribunal deferiu o pedido, Isso parece ter sido atriw
Mas esse expediente, maquinado e indireto, privou & informação b_u1da,,,,_p0r...outros-advogados de defesa. a mais um exemplo claro da.
da maior parte de seu impacto.. Slmpatia de Lawrence para com Kranzbuehler, mas, na realidade?
É provável que, embora se mantivessem as aparências, os Lawrence tivera () intento de indeferir & solicitação-, e nunca her-—
membros ocidentais do Tribunal alímentassem algum ressentimen— 8113011 em sua, firme disposição de condenar Doenítz pela. maneira
to contra os soviéticos, por terem sido obrigados a, passar por tal como este último conduzíra & guerra submarina. O pedido de
prova. É lícito imaginar que tenha ocorrido aos juízes o papel Kranzbuehler foi aceito, contrariamente à opinião de soviéticos
que & promotoria norte—americana desempenhou no incidente, e e britânicos, pela simples razão de Biddle não querer abandonar
que isso lhe tenha maculado & reputação. Mas, se a defesa contou a, opinião de que devia ser deferido, fazendº de assunto um ponto
com que a questão invertesse 0 011180 da causa, ºu. abrisse entre os relativo a, autonomia de cada juizª
&

122 123
De um ªmado geral, os sentimentos dos juízes quanto aos qualquer hipótese, os interesses deles não foram expostos ao Tri-—
outros advogados não influenciaram mais os trabalhos, ou a "de— banal. com suficiente clareza, mas transparece, na consulta aos
cisão final, do que a simpatia que todos acreditavam sentir Law- documentos ainda, existentes, que mesmo cada passo hesitante
rence com relação & Kranzbuehler. Os dois advogados que mais feito em prol das SS foi prejudicado pelo suspeito advogado su—
irritavam Birkett eram os que representavam Papen e Speer. A plente &, quem coube a maior parte das apresentações na Corte.
Birkett as exposições do primeiro desses advogados pareciam va— No entanto, deve ser reiterado que isso não passª de conjectura,
zias, e a ele se referiª, certa vez, como “minha, provação destes e que se trata do único caso em que se pode dizer que & antipatia.
últimos diasºª.ºõ Quanto ao defensor de Speer, Birkett, em seus pessoal coincidiu com uma decisão nebulosa,. Tudo bem consi-f
papéis pessoais., censurou—o por prosseguir na mesma “tradição demão, tendº em Vista a, triste reputação que cercava & maior
maligna, com um zelo desavergonhadol & em nada diminuídoªiºº parte dos réus e as fraquezas de muitos dos advogados, os juízes
Contudo, na decisão final, Speer foi. condenado a uma sentença. mostraram—se notavelmente imparciais.
branda, se consideradas as outras sentenças de' Nuremberg, uma
Pode—se dizer, de modo geral, que a. defesa foi mais ajudada
pena de 20 anos de prisão, e Papen foi absolvido. Entre os advo—
gados de defesa que mais inflamavam & ira de Riddle estava o pelos erros de Jackson do que prejudicada pelas claudicações dos
chefe dos advogados de Baader e também o advogado das SA, que próprios defensores. Não eram de pouca monta as dificuldades
ele, respectivamente, alcunhara “atrevido” e de ª“Icmurrí..?,símoªªl97 Ain—
que os advogados, e também os promotores soviéticos e franceses,
da nesse caso, porém, os verendíctos finais não carregaram traçºs enfrentavam, com O método, para, eles pouco conhecido, de exame
desse rancores, pois poupou-se & Raeder o laço fatal no pescoço, e sucessivo das testemunhas pelos próprios advogados e promo-—
o Tribunal recusou—se & incriminar as SA., O único caso em que tores? e seria de prever que, em ta]. tipo de procedimento, caberia,
os defeitos pessoais de um advogado de defeªga podem ter influen— a vantagem à acusação anglo—americana. Na realidade, nos pri-=
mórdíos do julgamento, Jackson recomendou que não se permi—
ciado um. veredicto final diz respeito ao defensor suplente das &&
Biddle, repetidas vezes, exprimiu alto e bom som & antipatia tisse aos soviéticos e aos franceses efetuar interrogatórios direitos
que lhe inspirava o homem e a ”baixa estima em que “tinha () tm.— mais impºrtantes? pois tudo indicava que “periam & pemer as
balho deste como advogado. As notas tomadas por Riddle chegam boas oporªlrmai.dades”..100 Fossem quais fossem os problemas que o
a indicar que, numa, opoytunídadeº () que sentia pelo advogado método representou para a, defesa ou. para os promºtores de forma—»-
das SS não diferia, do que sentia Goeríng, poís observou que 0 ção européia, continental, esses problemas passaram a parecer mí—
nimos diante da derrota catastrófica, que Jackson sºfreu em seus
Marechal—do—Reích não parava de sorrir durante! tºda uma sessão
interrogatórios dire-tos —— primeiro, diante de Goeríng, e depois
de interrogatórios feitos pela promotoria e pela defesa., no curso da
diante de Schacht. Já foi tantas vezes ”contada a história dessas
qual o desafortunado ãefensor se houve, “como de costume”, “abº-
minavelmente”.ºª duas batalhas forenses que é pouco o que interessa repetir a res—
peito. Que seja suficiente dizer que o discernimento de Jackson
O que atuava nessas opiniões em mais do.. que simples anti- talvez estivesse obscurecido, por não ter sido nomeado presidente
patia pessoal. O advogado em questão solicitam donativos da da Suprema Corte de Justiça, quando faleceu o Juiz Harlan Stone,
parte dos homens das SS que temiam 0 que lhes poderia acontecer e por ter-se empenhado numa controvérsia pública pouco condi—
se a organização fosse considerada criminosa, embora o Tribunal zente com sua alta hierarquia, com O Juiz Hugo Black, também
houvesse proíbido estritamente toda e qualquer coleta de fundos. da Suprema Corte. Jackson não atentou nos sinais que Goering deu.,
Esse caso de mau procedimento foi enviado ao Tribunal do Mu» logo no princípio, de fibra, e, no fim, sube'stímou. seriamente os
.nícípío de Nuremberg, para que opinasse & respeito; quando os que se lhe opunham._ Tanto Schacht como Goeríng eram senhores
juízes de Nuremberg decidiram contra () advogada Bíddle anotou de umcert-o --domínío do inglês, enquanto Jackson não compreen—
em seu caderno, entusiasticamente, que o Tribunal despira, de. dia alemão; os réus logo apreenderam o ponto central a que Visa—-
imediato, o advoga-do de' suas funções.99 E” claro que os feitos e a vam as perguntas, e go-zaram de tempo suficiente para preparar
reputação das SS eram de tal ordem que seria insensato colocar cuidadosas respostas, enquanto fingíam que estavam esperando a
muito da responsabilidade de sua íncrímínação pelos juízes nas tradução das questões. Os resultados de tado isso foram desas—
costas de um teimoso advogado de defesa. Mas havia,, pelo menos, trosos para Jackson. Os réus apararam—lhe os golpes, e evitaram-—
uma possibilidade de que certos subgrupos, tais como as unida- lhe as ciladas, reagindo, além disso, com respostas intermináveis
des das SS militares (as Waffen), que eram compostas de grandes que tornavam confuso cada um dos problemas, Ao final do pri—-
números de recrutas, pudessem ter escapado “à condenação. Em meiro dia de interrogatório direto pelo promotor, Jackson estava,

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fora de 51 e chegou ao conhecimento do Tribunal notícia da cºn— minou & luarragão desse] curioso encontro, em seu bloco de notas.
dição confusa em que se encontrava a cabeça do titular da promo- com & pbservaçao de que J ackson “está cheio de amargura.. Pare—-
toria norte—americana. Norman Birkett entendia que parte da. ce—me lngusto e infeliz. Compadeço—me deleºt104 Birkett, por sua
culpa por aquele desastre cabia à, própria Corte, e queria ordenar vez, _se,nt_1u que em Jackson penetram, dura e dolorosamente todo
&, Goeríng que limítasse objetivamente as respostas às questões o eplso-cho dq interrogatório, e que “o que! lhe sopra, o instinto é
que lhe fossem dirigidas. Parece que, de: início, Lawrence foi da fuglr do cerfarío em que fracassou.ºª.lº5 Não obstante, Jackson se—
mesma opinião de Birkett, mas Biddle depreciou causticamente gurou—seg ate o mês de maio, quando interrogou o ex.—Ministro da
qualquer “necessidade” que pudesse 0 Tribunal ter de “proteger” Economla e Diretor do Re'íchsbank Hjalmar Schacht. Voltaram à.
Jackson, passando—se então Lawrence para 0 lado de Bíddle e re— tona, as mesmas dificuldades que tinham ocorrido no caso
de'
sultando de tudo isso que o Tribunal não emitiu & ordem que Goermg, de maneira, é verdade, diferente; também Schacht foi
Birkett desejava. Na interpretação deste último, o motivo que capaz, graças a seu incomparável conhecimento técnico, de lan—
levou Parker e Biddle & opor-se à emissão da ordem fora & antipatia, çªr poema nos olhos de Jackson e. da Corte. Nas palavras
de
que partilhavam com relação & .]"auckson...101 Não há dúvida de que . Blrkettujudo aquilo se caracterizou por um “fracasso”; “não passou
a. irritação com aquilo que 0 Tribuna]. tinha, na conta. de compor- 98 unªmterro-gatório inteiramente fútílªªfº'ª Bíddle classificou
de
tamento errático & autoritário de Jackson vinha crescendo entre fraco lº? o exame da testemunha e, pondo de lado qualquer trace
os juízes norte-americanos, e talvez ”entre outros juízes, desde qge lhe restasse de simpatia por Jackson, acrescentou que
esíe
que se iniciara o julgamento. Pode muito bem ter havido um quê nao se mostrar? à altura, da “astúcia de Scha,cht”.ª“ªS Desapa
receu
de malicioso prazer na decisão que tomou o Tribunal de deixar qualquer vestlgio do primitivo domínio que Jackson exerce
m.
Jackson, sozinho, fazer frente aos touros. Seja qual for 0 caso, sobre & Cortç e sobre e Julgamento, chegando alguns membr
os
depois de uma, partida um tanto precária, Jackson conseguiu da plfomotoma norte—americana até mesmo a mandar dizer
&
atravessar o segundo dia, de interrogatório de: Goering, “nervoso, Washmgton, abertamente, que o titular da acusação poderi
a aban—
um tanto irascível”, conforme gravou Bíddle em suas notas ím— donar o cargo e voltar à terra. 1r1f.a,ªl3a,1..109
placáveísFºº Contudo, não terminaram ali os efeitos do incidente.
No entanto, mesmo contando a seu favor com esse acentu
Birkett acreditava que o fracasso de Jackson em romper & resistên— ado
fracasso da promotoria, & defesa, não foi capaz de utilizá—
cia de Goering, e o fato de o Tribunal ter he'sítado em constran— lo eficaz—
mente, durante os cinco meses em que ocupou a tribuna.
ger & testemunha fizeram com que O julgamento. saísse dos trilhos., Como
Blrliíejafi observou, a maior parte dos testemunhos
Parece que lhe assistia razão.,103 As frouxas e labirintícas apresen— não era apenas
repeutlvªz eram depoimentos que nada tinham que ver
tações da def-esa, que se verificaram subSeqúentemente, nasce— com os
pr1nc1pals pontos em conflito.110 A defesa nunca dirigiu
ram provavelmente da confrontação entre Jackson" e Goering & a mira de
sua; arma; para, os pontos sensíveis, em parte porque era
da, atitude liberal da Corte, mais do que! 0 compreendeu quaiquer ainda
mas desumda, que & promotoria. Os 22 réus tinham origens
dos advogados de defesa. muito
ªlfegentes, e se dividiam profundamente segundo linhas
de pro—
O que alguns dos membros do Tribunal foram forçados ..a re— flssao e classe social. Alguns dos réus nutriam um ódio
recíproco
conhecer, com a passagem do tempo, foi que Jackson Sofrem uma como Schacht e Goering. Os que eram aristocratas de
velha data“;
profunda humilhação em todo O episódio com Goeríng, e seu do— trªtavam os. plebeus com uma condescendência coberta
, por um
mínio sempre frágil sobre as próprias emoções enfraquecer-a, ainda veu. 11311t fmo. Os militares desprezavam os civis, e o conjun
to
mais. Três semanas depois do entrevero com Goeºring, Jackson dos reas tmham Streícher e' Kaltenbrunner na conta de
persona-=
arranjou uma entrevista particular com Parker e Riddle, e “num lldades muito desagradáveis para, o convívio comum. Como
promºtoma ge'lecionarabs que se sentavam no banco &
estado de ânimo selvagem e iúcontrolável” despejou todas as suas dos réus se—
queixas contra a, Corte e! seus membros. Acusou Lawrence de gundq o crlterío da representação das diversas organizações
e
sempre decidir as questões de maneira contrária ao que queriam dos dlversos aspectos do sistema nazista, variavam acentuada—
os norte-americanos, censurou Bíddle por solapar o ânimº da, mentç o; passados políticos de cada um e as acusações que
sobre
promotoria, e por fim ameaçou demitir—se. Os juízes norte—ame— eles, ªnçldlam. Kaltenbrunner, por exemplo; fora figura poaerosa
ricanos viram-se na situação anômala de procurar apaziguá—lo nos. ultlmos dias do nazismo, mas Neurath já se aposentara. há
e reconfortá—lo, mas Riddle compreendeu que Jackson lhe dedi— multa pempo, antes desses dias, e Speer, na mesma altura
dos
cava profunda animosidade pessoal. Ao que tudo indica,, Biddle, aqentemmentos, desobedecía, de forma sistemática, às ordens
de
por seu turno, sentia por Jackson boa _dose de antipatia, e ter— Hrtler. Em Nuremberg, Goering assumiu o papel de defensor do

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regime, enquanto Schacht, que passam os últimos dias da. guerra, igentar as acuºsações contra organizações criminosas que significa—
num campo de concentração, denunciava sem rebuços o nazismo. mam um destmo incerto para, centenas de milhares de membros
Em tais circunstâncias, não havia maneira de construir uma, defesa individuais de unidades como as SA. e as 88.111 'Foi no tocante aº
unida, e não foi possível estabelecer acordo mesmo quanto &, problemª das organizações que a defesa alcançou maior êxito
no
acusações tão fundamentais quanto a de planejamento conspira-— estabeleclmento de posições sensatas e de uma. frente comum.
tório para que se desencadeasse guerra de agressão. Embora, in— Argumentos específicos, tais como a idéia de que tão reduzido em
cídisse sobre todos a ªcusação do ponto um, como participantes 53 Conselho de Ministros que não se podia comparar em pé dê
de um conluio geral, havia seis entre os réus sobre os quais não igualdade, com outras organizações, ou a idéia de quªe, 0 Alto
Co—
pesava & acusação de planejamento de guerra agressiva, segundo mando e () Estado—Maior Geral não constituíam um grupo
com '
o ponto dois, inclusive Bormann, Frank, Streicher, Kaltenbrunner, ldentldaçe comum, auxiliaram organizações particulares. No
en—
alguns dos réus mais famosos. Mesmo entre! os 16 acusados de tgmtpa so_os advogados de defesa. das SA. sublinharam aspecto
s
planejarem agressão, não era possível chegar a, um acordo comum. Slgmflcatlvos que chegaram perto do núcleo da causa da promo—
Se, por exemplo, a defesa acentuasse que não se deviam manter tona. A. defesa apresentou o argumento sólido de que:
as SA
as acusações de- guerra agressiva anteriores ao ataque contra, a pemeram Slglglficação em 30 de junho de 1934, quando Hitler
elí—
Polônia, em 1939, isso poderia salvar algumas personalidades co= mnzlalja seus llderes, no Expurgo Sangrento, e que porta
nto já não
locadas em segundo plano, como Papen e Schacht, mas o peso ass1st1a & esse organismo qualquer importância, duran
te o tempo
adicional das acusações recairia sobre os ombros dos chefes mi— ço verQadçlro planejamento de guerra. Essa inegá
vel alteraçãona,
litares de 1939, tais como Raeder, Keitell e Jodi. Da, mesma forma, lmportanma das SA salvou-as, não há menor dúvida
. de serem
se a defesa procurava alegar que as ações militares subsequentes, declaradas pelos juízes como organizaç㺠criminosa., Éoder—
se-ía
como as empreendidas contra a, União Soviética, não constituíam tem; apresentado argumento semelhante, embora muito
mais com-
atos separados de agressão, mas apenas consequências do ataque ppcado, no que se refere às SS: que também naquele caso
0 orga-
ºriginal, então aqueles profundamente envolvidos em ações ulte— msmo sofrera _radical alteração no decursº da. guerra e
de que
riores, como Rosenberg, poderiam escapar, mas seria maior a, res—« muutas dªs umdades (Waffen-) SS compunham—se
principalmente
ponsabilidade dos que tinham participado inicialmente da, decisão de conscmtos. Mas, além das divagações do advogado suplen
te das
de atacar a Polônia. SS? a,_ dre-_fesawfoi dificultada por lhe faltarem dados releva
ntes e
Diante da acusação geral de conluio, & reação natural de essa ldem, nao foi apresentada com o Vigor que se
impunha.) '
cada réu em, alegar ignorância e dissociar—se, na medida do pos- A d1f1c11 parega com que se confrontavam os advogados de
sível, dos aspectos horrendas do regime. Quando uma pessoa afir- defem
sa da; orgamzaçoes tornou-se virtualmente impossível, pois
mava. que se tinha oposto ao extermínio dos judeus, ou. que outro alguns
dps reus buscaram salvar a, pele, a qualquer custo. Apena
dos réus assim procedem, isso significava admitir conhecimento s Goe-=-
rmg e alguns dos generais e almirantes fizeram mais
dos assassinatos em massa, e expor-se, assim, a ser responsabili- que esforços
de façhad—af para escudar os que lhes eram subordinados
zado como cúmplice ou como elemento principal num conluio cri-= . Nenhum
dqs reus dlsp'qnha-se &, assumir o ônus da. responsabilidade
mínoso para a prática de “Crimes contra a Humanidade”. O fato geral
8813, pelas at1v1dades do Conselho de Ministros, das SA, da, Gestap
de & promotoria acentuar de maneira excessiva & questão do o,
dªs SS, ou dos funcionários do Partido Nazista,, A melhor
plano comum. e da unidade nazista forçou a, defesa a exagerar ilustra:
çao do aperto em que se encontrava a defesa reside no caso
& diversidade e falta de homogeneidade no interior do sistema. O de'
Kaltenbrunper e das SS. Kaltenbrunner fora imediato de Himm
que resultou foram duas enormes caricaturas do nazismo. O re— ler
durante dOlS anos. Sua formação em a, de advogado e passara
trato que & promotoria traçam de uma conspiração cheia de ,
1031105“ çmpenhado no” mais repugnante tipo de trabalho policial
membros, mas, ainda. assim, unificada, e que se cumprím através ,.
Nao hawa pampªs: margem sensata para que alimentasse
de uma, fusão de guerras agressivas e atrocidades encontrou o seu espe-i
rança de abs01VIçao. Ainda assim, ele suportou dia após
contraponto na colagem que. fez a defesa de 22 indivíduos, cada, dia na.
plataformª: negando todo e qualquer conhecimento dos
um dos quais alegava ignorância e se exímia de responsabilidade. fatos e
responsaxbllldade pelos mesmos. Terminado o julgamento,
e con-
Os advogados de defesa, porém, procuraram impedir que a. denado a, morte. um dos advogados da defesa a ele se ache-go
u (»
causa se fragmentasse completamente porque, se cada. um dos réus perguntou-lhe por que não assumira & responsabilidade pelas
buscasse salvar—se, colocando a, culpa nos outros, & antropofagia atromdades das'SS e por que não ajudara & Corte-, identificando
«?
geral os destruiria & todos. Além disso, também tinham de en— protegendo, no mteríor das SS, os inocentes. A resposta de Kalten
»
11,28 129
brunner incorpora todo o cinismo e todo o egoísmo do regime na—ª CAPÍTULO 5
zista... “O julgamento é um jogo”, escameceu, “e todos jogam
para, ganhar..”112 Tendo como clientes tais pessoas, nenhum grupo
de advogados poderia ter levado a efeito uma defesa fundada em
princípios e num sentido de responsabilidade»
Só os advogados acreditavam em adotar uma posição que
protegesse o homem coªªhmm da, Alemanha e defe'ndesse & reputação Decisão I: Conluíío
do país. Em sua frustração, acreditavam eles ser seu dever
escudar () nome da Alemanha da mácula de culpa, coletiva, “ª e
despenderam nessa missão enorme quantidade de tempo e de ener»
gia. N as circunstâncias, tratava-se de um esforço compreensível e
talvez louvável, mas pouco tinha de ver com o caso em julga,—»
mento. Embora os franceses favorecessem & idéia de uma, det-313,“
ração de culpa coletiva alemã, o Tribunal nunca a levou a sério,
Mas 'os advogados se sentiam tão oprimidos em razão das acusa= '

Conluío e uma dessas coisas que, quanto mais


ções gerais, da impossibilidade de efetuar uma, defesa Verdadei-ª nelas se fala,, mas obscuras se tornam.
ramente unida e das provas terríveis diante da Corte que se
deixaram obcecar pela necessidade de que constasse dos autos a James Rowel
existência de uma outra e melhor Alemanha.
Tais preocupações eram tão distantes dos problemas com que
os. juízes se debatiam que a Corte pode mesmo “ter ignorada (»
que a, defesa estava tentando fazer. No entanto? a, Corte coma
preendelu que nem as referências que os advogados faziam à,
Alemanha, de Goethe, nem as afirmações repetidas e desesperadas
de inocência, da. parte dos réus, [ajudariam & resolver os problemas Os oito homens a quem cabia resolver os prºblemas legais
legais em exame. A promotoria deixam de esclarecer a maior de Nuremberg não eram juristas de velha, experiência, nem de
parte-dos problemas básicos no caso. .As- exposições da defesa, estatura proeminente. Não havia entre eles um Hºlmes-lou? um
similarmente, pouco tinham feito para, aproximar o Tribunal de Coke. Como, por outro lado, alguns juristas eminentes dos Estados
soluções efetivas. Permaneciam ainda sem resposta, Velhas ques-= Unidos da América e da Grã-Bretanha se “tinham negada & Sªrªvá?
tões: que fazer com as organizações criminosas? Houveram ou não entre_ os juízes de Nuremberg, o único juiz da, Suprema—Corte
um grande“ conluio? Em que consistia O planejamento de guerra, amerlcana presente ao julgamento, o Juiz Jackson, fazia—," curiosa—_—
de agressão? No meio do caminho das exposições da defesa, os mente, o papel de promotor, e não estava assim em posição Que;
membros do Tribunal, relutantes e preocupados, vieram & reco-. lhe pçrmitissq aconselhar o Tribunal. Nenhum membro "da-' Coiªte
ínhecer que não havia socorro no horizonte e que, para que o tra,— possula experlência no trato de relações internacionais,. e someºnªtíé
balho fosse realizado,-teriam eles próprios de executá—lo, um deles, Francis Biddle, ocupam no governo um posto & níVe-l;
Deixou—se que se prolongassem, sem rumo, as sessões públicas de gabinete. N uma, carta, que escreveu no curso do “julgamemd,
da Corte. Nos bastidores, o Tribunal reuniu—se em sessões secretas
Normªn Birkett.....lamen—t0u os talentos modestos e aª eXperiêâêia
quase contínuas, desde meados de junho até setembro. Nessa grªmada dos colegas, Entendia que aquilo de que Se neceSsita'Va
atmosfera confidencial, os juízes ponderaram e discutiram os pro-» 139,0, gra apenas conhecimento das leis, mas conhecimento— da,
Hlstorm, em particular, da, História. da Alemanha, e conhecimento
blemas vitais do julgamento e, no» fim, foi ali que os resolveram.
dos homens e dos assuntos mundiais”? Nenhum dos juízes de
Nuremberg era dono desse conhecimento erudito, mas todos “eles
carregavam boa, bagagem de preconceitos políticos e pessoais., Bixº-«
Reªçt, entre amigos, sustentou que não eram apenas os réus Que-o
Tnbuna]. julgava: julgava também “toda uma zaaçãoª'º.3 Termina-—

130 131
dºs os trabalhos, Si? Geoffrey Lawrence admitiu francamente
que, em sua, ópinião, um dos objetivos do julgamento fora “tomar nossos dias, mas, no fundo, não eram tão importantes no contexto
O povo alemão e os povos do mundo conscientes dos abismos de do caso com que se confrontavam os juízes (em-1946, Em qualquer
infâmia em que a prática da guerra total mergulham & Alema— hipótese, está claro que, no curso do julgamento, o bom cumpri——
nhaªª'fL Em seu próprio estilo brusco, pois não era de meias—pala— mento que os juízes deram às respectivas tarefas, mesmo em
vras,, Biddle deu vazão aos mesmos sentimentos, gravando, em
questões tão rotineiras quanto testemunhas e pedidos de da—
suas notas, que uma das atrações que Himmler exercia sobre as cumentos, em muito contribuiu para, dota—los com um conheci—
88 era “muito alemã,”? depois do julgamento, declarou que “éra— mento razoável e necessário às funções que. exerciam, de pºvo e
mos jurados, ao mesmo tempo em que éramos juízes” e “nos dos processos da Alemanha de Hitler. A0 fim do julgamentº, eles
condicionavam, inevitavelmente, correntes conflitantes de precon— sabiam muito mais sobre o que se passara, especialmente durante
ceitº e de po].í.tica,ª"º.,6 os anos da guerra, do que a maioria dos supostos especialistas
em assuntos da Alemanha nazista aos quais não tinha, assistido a,
É lícito acusar os juízes ao mesmo tempo de preconceito e de mesma, oportunidade que assistira aos juízes de examinar dommen—
certa, dose de insensibilidade, em razão do conforto, se não do luxo tos de prime-ira mão sobre o funcionamento do sistema zaazista
que usufruíam, entre as ruínas e 'o sofrimento geral da devas— entre 1939 e 1945. . '
tada cidade de Nuremberg. A cada um cabia uma residência,
particular,. 'e as respectivas mulheres a, eles se juntaram, na parte A maioria dos membros do Tribunal em composta pºr ju—
finai do julgamentº —— privilégio negado aos advogados de defesa ristas suficientemente bons e homens suficientemente hºnestos
para que não os perturbassem os aspectos legais do caso, mesmo
e mesmo aos promotores.,7 Também possuíam despensas e adegas
bem guarnecidas; muitas soirées judiciárias passavam—se em festas enquanto se sentiam um tanto perdidos no oceano dos fatºs his—
tóricos. Já em dezembro de 1945, Lawrence e Riddle interrºga—
suficientemente alegres para, turvar os cérebros legais nas sessões
ram com muitº afinco º Coronel Storey, cia prºmºmrm nome—ame—
da Tribunª da manhã seguinte.8
ricana, & respeito de certos problemas relativos &, organizaçõas
“Contudo, há também muito a, dizer em defesa dos juízes do ecIªtijmílnosas..11 Ao mesmo tempo, Bíddle— recebeu. um memºrando
Tribuna,]; de Nuremberg. As sessões do julgamento eram longas e em que um de seus mais eminentes assessores legais, Herbert
emfadonhase A elas se seguiam, com frequência., discussões a, Wechsler, cobria. com uma, nuvem de àúvidas “mao (» prºblema
portas estradas não menos enfadonhas, embora nem sempre tão do processo das organizações acrirr111139335..12 Em janeiro, Donnedíeu
longas.— - Em razão. das novidades técnicas naturais num julga— de Vabres apresentou, no curso de uma discussão fora da Sala, de
mento como 0 de Nuremberg e pela ausência, de procedimento sessões do Tribunal, moção que, se aprovada., teria firmado uma
firmado,; claro, a Corte tinha constantemente de examinar e de» série de regulamentos protetores para os membrºs de organiza-
cidír pontos de importância, menor que teriam sido solucionados, ções que pudessem ser conduzidos &“ julgamento em cortes ãe
rotineira-mente, por um funcionário qualquer num tribunal norte— ocupação. A moção foi derrotada por três votos contra, um,13 mas,
americano ou britânico? O que consumia, muito tempo e forçava depois que se discutiu em plena Corte, com a presença do público,
os juízes & trabalhar durante muitas horas extraordinárias era nos meses de fevereiro e março, a Questão das organizações crimi—
o exame de requerimentos em que a defesa solicitava documentos nosas, () Tribunal demonstrou dúvidas crescentes quanto a esses
ou testemunhas. Acima,, de tudo, embora alguns membros do aspectos do caso, e, à altura de maio, estava pronto a considerar
Tribunal se poupassem. mais que outros, todos dedicavam muitas que se apartassem dos organismos acusados certos subgrupos., in—
horas a suas funções na Corte e a discussões fora, dela, em câmaras clusive subunidades das SS.14 _Na. mesma época., Lawrence nãº
fechadas.? Muitos, além disso, empregavam tempo no estudo e: na apenas indicou que .o, advogado do Alto Comando das Forças Ar—
análise do caso. Esse“ árduo trabalho tendia a compensar alguns mada-s lograraquemara espinha—dorsal do caso que & prºmºtoria
dos aspectos mais perigosos do fato de ignorarem & História, da construíra contra. aquele organismo, mas também suscitou & hi—
' Alemanha; e: as relações internacionais no período entre as duas pótese-, numa, das reuniões celebradas em câmara privada, de
guerras-. ”Podemos citar incontáveis exemplos de erros que come- que se abandonasse por completo esse caso particular.“
teram em matéria de acontecimentos, de dados reais, e também
numerosos-exemplos de excessiva, inocência nas opiniões dos juízes.. Há, provas de que também Biddle atravessava dificuldades
Alguns desses. exemplos, como o do rabisco que Biddle escreveu internas quanto ao caso do conluio, muito antes de terminar a,
aº «lado do nome. de Adolf Eichmann, num primeiro rascunho da. audiência de testemunhas. Em janeiro, acentuou ele em mas
decisão—finale? “De quem se trata?” --—, parecem chocantes em notas que não constava entre as acusações de guerra, de agregsão
& absorção da Áustria pela Alemanha, e que todo o problema. da
132
133
Áustria dependeria, em consequência, da acusação de 0011111193“ agrupavam os “acadêmicos” (Wechsler e Wright) contra os mais
'Um. mês mais tarde, ele fez o suplente da promotoria britânica, jovens (Fisher, Rowe e Stewart) que tinham vindo para Nurem-u
Maxwell Fyfe, atravessar um ordálio, através. de uma série de per- bgrg imediatamente após o serviço militar, Esse último terceto
gumas curtas, mas duras, que visavam & forçar & promotoria & nao toleram muito bem, de início, o que tinha na. conta de re—
definir claramente quais eram os elementos da acusação de con— servas_a,bstratas e acadêmicas de Wechsler e Wright em matéria
luio e a indicar, com precisão, o momento exato em que se iniciam, de aphcação de justiça sumária, aos criminosos nazistas.. A medida,
o planejamento conspíªratório.” Maxwell Fyfe conseguiu desven— que sg esgotam o julgamento, no entanto, as ásperas opiniões
cilhar-se das perguntas de Biddle, mas as respostas que forne- dos tres “militares” suavizaram-se um pouco e, à altura, da prima»
ceu de pouco serviram para. que se elucidasse & situação ou dimi- vem de 1946, crescendo—lhes. & maré da moderação, Viram-se na
nuísse o peso- das dúvidas que cresciam entre os juízes. conªtrole da situação)-ªª poís Wright regressam aos Estados Unidos
malto cedo no curso do julgamento e Wechsler voltara à Univer—
A. altura. dos últimos quatro meses do julgamento, a tal sidade Columbia em abril ou maio de 1946. Mesmo assim, Biddle
pontº se desenvolvem & familiaridade dos juízes com os fatos e alªda depçndia, muito dos conselhos de Wechsler e Wright, de—
com os problemas,. que eles intervinham, repetidas vezes, no inter- p01s que 33 eles se achavam nos Estados Unidos. Com eles, tro—
rogatório das testemunhas. N ão apenas a Corte demonstrou maior cava cartas sobre assuntos cruciais, e pelo menos parte do Julga—
presença, atalhando depoimentos. irrelevantes, mas alguns juízes, mento final foi. redigida por Wechsler.
como Biddle, em especial, tomaram a si grande parte do intermu-
gatório direto das testemunhas e dos réus. Quando o réu Fritz _ Os assessores jurídicos dos outros três países não podiam
Sauckel se instalou na plataforma, o- juiz titular norte-americanº agualar o número ou a. qualidade dos norte-americanos. Os fran—
fêªlio sofrer um interrogatório quase tão longo, e muito mais cçses e os rgssos contavam com funcionários de formação jurí—
penetrante, do que o que sucedem no curso das perguntas din—=ª dlca, mas nao com conselheiros comparáveis aos que acompa—
ºgiãas ao réu diretamente pela promotorialª Incidentes como nhavam Bíddle. O consultor jurídico do Ministério do Exterior
es.-se mostram não apenas até que ponto o controle do caso fugira. mitâníco, Patrick Dean, fora incluído no grupo de promotores
“das mãos da promotoria, na primavera de 1946, mas também O mgleses e, depois das sessões iniciais em Berlim, só esteve em
elevadº pºnto a que chegam a confiança e- o conhecimento dos consuÉta com um juiz compatriota uma única, vez (quanto à
rfatos e- do caso entre os juízes.. Seis meses antes, 0 que Francis qqegtap das organizações criminosas, acima discutida). Os juízas
Biddle sabia, de Fritz S-auckel não era bastante sequer para que bmtamcos liecorreram & um militar, o Major Airey M. Neave, para
desse a. esse último um mínimo de atenção imparcial. Em junhº., exeçtgtar varios serviços de que a Corte necessitava, tais comº
faicapaz de desenrolar uma linha de perguntas que demonstraram aumhar os réus & conseguirem advogado e ouvir petições apre—
um domínio firme dos problemas envolvidos, a ponto de ferir sentadas por membros de organizações criminosas. O lugar—tea
muito claramente a. defesa de Sauckel. - nente ou assessor legal do Juiz Lorde Lawrence, John Phipps, em
advogado e amigo de família, mas só recentemente completam
" O rápido" crescimento do conhecimento e da "eficácia de Biddle sua formação legal. Não estava, em condições de dar a Si?“ Geoffre'v
no cur'So- do "julgamento muito devia aos esforços do pessoal jurí— aconselhamento legal ponderado, ou de emprestar 0 lustre de mh
dico? norte;-americano. Difícil teria sido para Riddle e para Parker nºme reputado nos arraiais judiciários aos argumentos que apre-
reunir um (grupo mais competente de conselheiros e assessores sentava, embora fosse competente, trabalhador e devotado & Law—
do que aquele formado por Wright, Wechsler, James Rowe, Adrian renca.
Fisher e: Robert Stewart. .As credenciais de Wright e Wechsler,
Cómo autoridades legais universitárias, eram impecáveis; além .O verdadeiro motor da delegação britânica-era () juiz suplente,
disso?, todos Os membros do grupo, com a única exceção de Stewart., NormªzãBírkettç-Emcºntraste com Sir Geoffrey, que adorava & sala
“possuíam larga experiência, no trato de coisas governamentais. de _sessoes, mas detestava & papelada legal,20 Birkett em um ex—
“Os cinco cºnselheiros mantinham também laços pessoais e pro—— penmentado e altamente competente redator de textos jurídicos.,
fissionais muito estreitos" com os juízes. Stewart em velho amigo Como os norte—americanos e os franceses, da mesma, forma que
gde.,família do Juiz Parker, e os outros quatro homens tinham os mgleses, sempre hesitavam em permitir que os soviéticos falas——
cooperado intimamente durante os anos em que este chefiara & sem em nome da Corte., e se opunham, assim, a qualquer sugestão
“Departamento da Justiça. Havia, é claro, diferenças e conflitos, de que coubesse, sucessivamente, a cada um dos quatro juízes titu—
. mainteríor- desse grupo consultivo. Não era sempre que "Wechsler lares & responsabilidade de servir de porta—voz às opiniões do Tri-
.e1Wright. sa «entendiam, e. reincidíam ,as linhas divisórias que bunal, era, inevitável que recaísse em Sir Geoffrey, como presidente -'

3134 135
da Corte, a. responsabilidade de preparar as opiniões escritas de dos papéis que exprímíam as posições da Corte, e para a tarefa
Tribunal. O processo que resultava desse fato em o seguinte:" o_s que lhe foi confiada tinha. ele, à disposição transcrições ipsis vewºbz's
juízes deliberavam, adotava—se uma decisão e atribuía—se & SZ?” dos trabalhos do Tribunal até aquele momento. Além disso, cada
Geoffrey o encargo de preparar um documento que exprimisse juíz tinha preparado sumários pessoais de prova,, enquanto proce-
& opinião da Corte, e então era Norman Birkett quem, de fato, & diam as sessões, e é possível supor que pelo menos os resumos
redigía. Dur-ante () julgamento, Birkett conseguiu conservar uma de Lawrence, tanto quanto os de Birkett, estivessem às ordens
aparência externa queª, denotava que se satisfazia com seu papel deste último.. Tanto 0 pessoal da delegação norte—americana quan.—
de redator, e de fato, tudo indica, que ele hauriu algum prazer to 0 da, delegação britânica haviam também decidido, nos primeiros.
na circunstância, de ser, em segredo, o verdadeiro regente da voz da dias do julgamento, preparar sinopses das provas para serem usa-
Corte. Mas o diário que manteve durante o julgamento mostra das na tarefa de aprontar—se uma opinião. e julgamento finais. A
que, por baixo de uma fina camada de satisfação, havia um Phipps, no caso da Grã—Bretanha., e- & Fisher, no caso dos Estados
reservatório de amargura, poís fora preterido na escolha, do juiz Unidos, se tinham retirado todas as outras incumbências; devo—
titular e se tornam o redator do que pensavam pessoas que ele taram & maior parte do período de julgamento à preparação
sentia lhe serem inferiores.“ Ele parece ter acariciado e alimen- desses sumários.ºª Em maio, passaram, cada um de seu lado, a
tado um sentimento de vítima de injustiça, É possível que se reduzir o material de que dispunham & memorandos que seguiam
tomou a si, com tão boa vontade, muitas tarefas de cansativa para a consideração de Birkett. Dos documentos com que. conta-
rotina judiciária, foi por desejar reforçar o sentimento de que o mos, não é possível avaliar o conteúdo e! o escopo dos memorandos
exploravam. Essa síndrome fez estragos terríveis em sua psico— . de Phípps. No entanto, no mês de maio, Fisher terminara do—
logia, mas foi de uma ajuda, maravilhosa. para o Tribunal. Como cumentos sobre “O Ponto Que o Co-nluío Atingiu em Meados de
Birkett tudo redigía, em possível conter dentro de limites ra— 1933”, “Planejamento Econômico e Mobilização para uma Guerra
zoáveis as divergências quanto à redação dos textos, e, na época de Agressão", “Crimes contra a Paz”, “Ação Agressiva contra a
em que o- julgamento muito progredira, Birkett desenvolvem uma Áustria e Outros Países”, “Perseguição aos Judeus”, “Trabalho
capacidade valorosíssima de sintetizar ºs principais problemas do Escravo”, “Campos de Concentração” e “Crimes Gerais de Guer-v
caso. mªiª Esses memorandos influenciaram evidentemente & minuta de
Em abril de 1946, quando os membros do Tribunal tiveram Birkett. Alguns dos argumentos de Fisher e mesmo algumas de
de enfrentar o fato de que a eles próprios caberia, resolver as suas frases e parágrafos passaram inteiros para o trabalho de
principais dificuldades legais, o processo que adotaram para lidar Birkett. No cursº das primeiras semanas de junho, Stewart &
com a situação brotou diretamente do método que tinham usado Rowe juntaram—se & Fisher na", preparação de mais memorandos
para lidar com qualquer outra das decisões que fora exigido ao sobre questões políticas de ordem geml, sobre organizações especí—
Tribunal tomar. Sir Geoffrey, na qualidade de presidente, per»- ficas e réus individuais. É lícito imaginar que parte desses papéis
guntou & todos se não lhes parecia ser chegado .o momento para, também tenha ido parar nas mãos de Birkett, mas a maioria deles
que começassem a trabalhar no sentido de uma. opinião geral, ou. foi composta depois de terminada a primeira versão de seu projeto.
decisão. Por ºutro lado, sugeriu —-—— tenteando, ao que tudo indica, Birkett trabalhou na opinião desde o fim de: abril até a terceira
o terreno — que se deveria dividir a tarefa, entre as quatro dele— semana de junho. No decorrer de seu trabalho, mostrou um
gações. No dia. 12 de abril, Wechsler enviou & Biddle um Ine-« esboço & Lawrence, Biddle e Parker, e pediu-lhes opiniões e críti—
morando cheio de conselhos, delineando algumas idéias quanto
cas.º—'ª Com fundamento nas sugestões que apresentaram, fez ou—
ao texto final da decisão, mas acentuando que, por consenso
unânime, a, responsabilidade de preparar o projeto deveria. caber tras emenda-s, :agpiªojeto, emendas essas que» culminaram no su-
ao “presidente”.22 A opinião de Wechsler prevaleceu, e foi entregue mário'débito páginas e no projeto de 64: páginas que 0 Tribunal
& Sir Geoffrey & tarefa de apresentar um projeto de opinião, o passou a discutir, a portas fechadas, numa sessão de 27 de ju-
que significava, como todos sabiam na. Corte, que Birkett & pre- nho.26 É importante acentuar que, até o encontro de 27 de junho,
pararia. não havia, sinais de que se poderia. configurar desacordo básico
Mesmo para a vocação de mártir que tinha Birkett, deveria quanto à natureza e à forma da, opinião.. Os juízes concordaram
ter parecido excessivo um encargo de tal monta, mas Várias em que lhes cabia um arbítrio praticamente ilimitado quanto ao
circunstâncias combinaram—se para aliviar o fardo. Aquela altura, processo a ser seguido no fim do julgamento. A Carta, limitava-se
Birkett contava com cinco meses de experiência na preparação & declarar que os juízes deviam “efetuar o julgamento” e “estabe—

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lecer as sentenças”, fornecendo, ao mesmo tempo, “os motivos“
talívez, no problema geral de guerra de agressão, Mas Donnedieu
em que se mudavam suas decisões.27 =
de Vabres apontou. para. a, questão do conluio, e ..Biddle reagiu
Não obstante alguns desacordos graves no curso do julga- prontamente, aprovando a posição do juiz francc:ês..30 Os outros
mento, e a preocupação cada vez maior com problemas legais espe—- membros do Tribunal continuaram a falar sobre os pormenores
cíficos que tinham levado a Corte a começar a redigir uma opi— da prio-jeto de Birkett, mas já era tarde demais para isso. O
nião antes de terminado O julgamento, nenhum dos juízes parece conlmq convertem—se no problema que dominaria as discussões
ter sentido que se deria travar uma batalha grave quanto dos 3u1zes pelos próximos dois meses e meio, e que não apenas
à Decisão. É esse, provavelmente, o maior paradoxo na forma pela, moldada & forma da decisão final, mas também dos verendictos e.
qual a, Corte conduziu todo o julgamentº., Os juízes sabiam que dias sentenças de muitos dos réus.
estavam correndo grande risco, começando a preparar um projeto
de opinião antes que a, defesa houvesse acabado de apresentar “_ Donnedíeu de Vabres expôs sua. argumentação contra o con-«
sua causa.. Birkett, ao distribuir as cópias de seu esboço de deci— Imo em duas prolongadas sessões deliberativas (em 27 de junho e
14 de agosto); sustentou suas declarações verbais com dois Ine-.
são do Tribunal, avisou os colegas de que. teriam de guardar o morandos, redigido o primeiro logo após a reunião do dia 27, e o
maior segredo, pois o fato de estarem examinando um projeto de. segundo em 8 de ju1h0.31 Partindo da óbvia objeção de que o
Decisão àquela altura dos fatos prestava—se inevitavelmente & cume de conluio em desconhecido tanto do Direito dos países
“incompreensões”, desde que se tornasse conhecido do público.?8
continentais quanto do Direito Internacional, Donnedieu de Vau
Mesmo na segunda semana de julho, quando escreveu & Wechsler
byes acentuou que, no caso em estame, & promotoria avançam 0
em busca das opiniões deste último quanto a um ponto legal espe—
ama?]; da, própria prática anglo—americana, e acusam os líderes
cífico, Biddle acentuou o completo segredo que cercava e devia
namstas de um grande conluio de 25 anos de duração e que cobria
cercar as madrugadoras preparações pela Corte de um acórdão,
& instou com Wechsler para, que guardasse o assunto exclusiva— a, História da metade de um continente. Na opinião de Donne-diem
mente para, si mesmaªº No. entanto, ao preparar a, decisão, os de Yapres, &. promotoria não lograram estabelecer a condição ne—
cessama para, que se condenasse alguém por conluio ou plano
juízes não atuaram como se os problemas em tela fossem sérios
o bastante para justificar tais riscos.. Não se empreendeu qualquer comum —— não provam que um grupo de pessoas tinha, em mo—
esforço para cortar o nó dos maiores pontos de controvérsia, tais mento e lugar específicos, concordado quanto a objetivos defiw
como guerra, de agressão-, organizações criminosas, eu conluio. mdamente criminosos e quanto aos métodos criminosos & que pre-—
antes que Birkett iniciasse & redação do projeto. Era como se os tendia recorrer para levar adiante tais objetivos. Em vez disso &
membros do Tribunal soubessem que os problemas existiam, sou- promotoria limitam-se & coligir Várias expressões de princípios
bessem de que alguma coisa tinha de ser feita., mas ainda espe-- nazªstas em Mein Kampf, afirmando que tais expressões formavam
rassem, de vez que as provas fundamentais estavam registradas 0 n_ucleo de um plano criminoso determinado, Segundo & promo-
nos autos, que as respostas pudessem , nascer naturalmente e toma,, bastªva isso para estabelecer que uma pessoa, qualquer que
fosse,—ques mgressara no Partido tinha, cientemente. entrad
fosse «possível che-gar & compromissos que evitassem conflitos o num
conímo _criminoso. Tal idéia,, no entanto, era errônea, argume
graves ou divisões profundas no seio da Corte.. ' ntou
Donnedleq de Valores, porque não houvera qualquer plano nazista
Uma vez realmente iniciada a. discussão prática do projeto predetermmado. A conquista do poder pelos nazistas na Alemanha?
de Birkett, no, dia 27 de junho, logo se evaporou & esperança de
e &. subseuqúente expansão pela, Europa, resultam não de um plano
que se alcançasse acordo unânime e fácil quanto a uma decisão
çentral claro, mas de uma série de improvisos. Além disso, era
final. A cada juíz se pediu que, por sua vez, exprimisse sua opinião
quanto ao texto que Birkett redigira. No que disseram Lawrence, mapossível considerarcrímes o planejamento da' conquista do poder
Nikítchenko e Bíddle houve a costumeira mistura de elogio, crítica na Alemanha ei'afâ'preparações feitas para romper pactos como o de
Vçrsalhe-s, pois o (conluio não em crime que se configurasse nº
e conselhos práticos. Donnedieu de Vabrers, no entanto, não ape-
nas contribuiu com algumas críticas pormenorizadas do esboço, Direito Internacional no momento em que os atos foram pratica.—
mas defendeu, longa e apaixonadamente, & idéia de que a Corte dos. Qualquer condenação fundada em acusações de: um enorme
abandonasse qualquer acusação de plano comum e conluio. conluio teria de ser em post facto, e representaria uma, afronta à,
justiça, '
Até o momento em que Donnedíeu de Va'bres usou. da pa.-
Ademais, segundo Donnedieu de Va'bres, & promotoria não era,
lavra, o tópico que parecia ser o que mais fatalmente dividiria &
capaz, sequer, de traçar um quadro distinto das acusações legais
Corte consistia no ponto relativo a organizações criminosas, ou,
do» que se supunha ter constituído conluio. A. Carta de Londres
138
139
Até aí, tudo bem, mas como poderia O juiz francês contornar
relacionam três crimes pelos quais as pessoas seriam processªdas o duro fato de que tanto a Carta como o indiciamento declaravam
.—-—— Crimes de Guerra, Crimes contra, a Humanidade e Cmmes especificamente constituir crime internacional “participar de
contra a Paz, sendo que este último compreendia, em 1,111]. de seus plana comum ou conluio” para a, prática de tais crimes? Donne——
aspectos, “participação num plano comum ou oonlmoª para pªo—- dieta de Vabre's buscou esse caminho de contorno, fingindo ignorar
jetar, preparar, iniciar ou desencadear “uma guçrra de agressan, a possibilidade delicada de que a Carta pudesse conter um erro
ou uma guerra em violação de tratados”. Aq f1m do Arago VI, legal; em lugar disso, ele acentuou um número de motivos práticos
acrescentam-se o parágrafo curto e místemoso que declarava por que o Tribunal não deveria considerar que os réus fossem cul—
que todos aqueles que haviam participado “ªinumccplano 8911115111] ou pados de participação num conluio para a prática de Crimes contra '
conluio” para cometer qualquer crime senam responsavel; por a, Paz. Em primeiro lugar, indicou que não se impunha ta]. vere—
todos os atos executados por qualquer pessoa em execuçao do «filiste—ª pois seria, fácil provar o crime substantivo do desencadea—
plano”.32 Como j á dissemos acima, no entanto, quando os prom?— mento de guerra de agressão. Como os réus tinham planejado.
tores traçaram o indiciamento não procederam na. base _de tres preparado, iniciado e praticado a guerra, melhor seria proceder
crimes, mas quatro — Crimes contra a Paz (ponto dels) , Cmmes de na base de que. o “crime” absorve o “conluio” e “tê—los como culpa-
Guerra (ponto três), Crimes contra a Humanidade (ponto qua- dos do que tinham feito, e não do que poderiam ter maquinado
tro), e o crime acrescentado, ponto um, que acugava todos «qs fazer,-ªª Ademais, Donnedieu de Valºres fez a afirmação surpreen—
réus de participarem de um plano comum ou conlmo para pran- dente de que as provas apresentadas pela. promotoria não tinham
car os outros três crimes. Assim, & promotoria -apropr1ara—se do demonstrada a existência de um conluio para, a guerra de agres—
misterioso parágrafo final do Artigo VI da Carta, e o usara como sãº. Em sua. forma de ver as coisas, declarações em que Hitler
fundamento para a. acusação de participação num grande cgnlmo anunciava o intento de “quebrar” o compromisso internacional da
destinado à prática de crimes contra a humanidade, e tambem de Tratado de Versalhes, sem explicar os meios pelos quais chegaria
crimes contra, a paz. No entender de' Donnedieu de Vabres, nada a esse fim, não poderiam servir de fundamento para que se consi-
havia que justificasse tal interpretação da. Garça. Susterªtogt qu? demssem outros indivíduos culpados de participar num plano crí—
o parágrafo final do Artigo VI visava à cumphmdade e nao cogu—— minose. Só se ficasse comprovadº que sabiam do intenta de
tava, de um crime geral específico” de conluio.ªª Alegou que, em Hitler de recorrer a métodos ilegais, tais ataques agressivos, pode»
'conseqíiêncía, não existia base em lei escrita. para processar em riam. esses homens ser considerados culpados, mesmo como cúm»
justiça um grande conluio, e o Tribunal teria de abandonar esse plices. Na opinião do juiz francês, mesmo reuniões nos fins da
ponto de acusação. década,, de 1930, em que () Fame?" disse a, seus mais graduados as»
Ao apresentar seu argumento, forçoso foi para Donneudíeu de sessores que pretendia, expandir seu domínio no sentido do Oriente.
Valores ter em mente numerosos problemas legais e objeçoes pos—- usando a, força, não podiam ser citadas como exemplos de planos
síveis. Como asseverou que conluio não era um crime interna.— conspiratórias. Para. Donnedieu de Vabres, & idéia, de conluio em?»
cíonal ao tempo em que ocorreram os fatos apresentados pela gia que houvesse determinado grau de igualdade entre os partici—.
promotoria, configurou-se o problema de decidir se, de fato: os pantes, mas não houvera traço de tal igualdade no Fúhrerstaat
Crimes contra a Humanidade ou. os Crimes contra a Paz tenam da Alemanha nazista. Nas reuniões dos fins da década de 30.
constituído crimes, na época dos acontecimentos mencionados na “só uma, vozººªªª se fazia ouvir, e essa- voz era a de Hitler, Os que
indiciação. Para, resolver essa dificuldade, Donnedíeu de Valores deram ouvidos a essa voz e trabalharam para, executar as ordens
recorreu ao amparo do argumento da promotoria norte-americana: emitidas tornaram -se,.no exercício dos comandos, cúmplices; no
como os norte-americanos, também ele afirmou que o Direito In— entanto, prosseguiu-Donnedíeu de Valores, eram de condição muitº
ternacional não reside principalmente no Direito escrito, mas se vi]. e passiva para, serem acusados de participantes num plano com
forma e cresce mediante prece-dentes e alterações na opinião pú— mum ou conluio. Resumindo o que pensava numa declaração em
blica.. Nessas condições, os atos nazistas de agressão e as atro— 14 de agosto, o juiz francês solicitou aos colegas que: punissem
cidades por eles praticadas eram crimes quando foram cometidos os réus por crimes substantivos, quando necessário, e que também
e os réus sabiam disso. Mas na, altura, em. que os fatos se passaram, punissem os cúmplices ou co—autores, mas que abandonassem as
ninguém dissera que conluio ou planejamento para a guerra egam acusações de conluio, evitando assim a, aparência de um processº
um crime internacional, e por esse motivo os réus não podlam ea: past facto que desagradaria à opinião jurídica. internacional...
saber que era criminoso esse aspecto de _seu comportamento.
1411
140
O fato de Donnedíeu de Vabres ter—sel disposto a expor essa e, por fugn, no pé da, escada, e menos responsáveis
argumentação na atmosfera vingativa. de 1946, estando seu país que todos colocou
os 22 reus que compareciam perante a Corte.?” Essa
ainda fraco e combalido, requeria coragem moral pouco vulgar. e=s€ranha e
cunosa estrutura tanto espelham o- medo que sentia
Depois do julgamento, quando publicou resumos cautelosamente Donnedieu de
Valores de que a doutrina do conluio pudesse servir de alicerc
redigidos de sua exposição, foi saudadºs como herói moral e legal e para,
uma, nova lçnda de “punhalada pelas costas?, quanto Ihe
por todos aqueles que, em especial na Alemanha, mais criticavam espelham
0.3 preconcel'tos antigermânicos. Se o Tribunal inc'ulpaSse
O processo de Nurembegg. Mas impunha-se aos críticos de Nurem- pelo na=
msmo um. _punhado de homens diante da Corte e
berg que usassem com muito cuidado e discernimento o argumento os condenasse
por partlglparçm narra conluio criminoso, bem poderi
de Donnedieu de' Valores, poís facilmente podia virar-se contra eles. a. a, massa
dos alemaes dlzer, entao, que não lhe cabia, qualquer
Uma, das principais objeções que se faziam às provas que cons- responsabi— '
heªl-ade pelo que se passara desde 1933, pois tudo. result
tavam dos autos de Nuremberg residia em que os resumos das am de uma
escondªda, trama, nazista. Depois da, I Guerra Mund
reuniões celebradas por Hitler, em fins da década de 30, com seus ial, Hitler e' as
ge'nerals puseram a, carapuça da derrota num conlu
cºmandantes militares e assistentes políticos., não refletiam, de io de marxistàs
e Judejus. Depois da II Guerra, Mundial, poderia o mundo
maneira correta, na medida. em que seus subordinados tinham correr
() perlgo de que a carapuça fosse colocada pelo povo
ousado falar livremente e exprimir opiniões quanto aos planos do alemão na
testa dos namstas conspiradores. Na opinião de Donn
líder do país, e críticas a tais planos... Ainda se debate duramente edieu de Va-
bresf portantq, mais certos andam-am os aliados em
sobre .o valor de! tal objeção às provas de Nuremberg, mas uma. condenar os
22 reus por cumes específicos e atribuir-lhes senten
coisa é agora indiscutível: se qualquer dos resumos usados em ças moderadas
do_ que em alimentar “racionalizações conspiratórias”?
Nuremberg houvesse incluído exemplos de comentários e de críticas mamadas as sentenças, seria, possível colocar a pedra Deter:
por parte de indivíduos que continuavam a servir ao regime, um angular de
uma, ªpura, paz, declarando—se & quem realmente]
dos argumentos mais contundente-s de Donnedieu de Va'bres contra cabia & res—
popsablhdafie e a, culpa pelo que se passara, ——
a acusação de conluio gera]. teria sido destruído. Se houvesse apa— todº o povo ale-
mao.38 Assum, embora tivesse adquirido, depois
recido nas provas quaique'r diálogo animado e que denotasse uma do julgamento
a fama de' moderado, não animava Donnedieu de Valore
relativa, igualdade entre Hitler e homens como Neurath e Raeder, s qualquer
desejo de complacência para com os alemães, nem jamai
seria fácil afastar as objeções de Valores, e condenar os partici— s foi acusa-—
do pelog, cºlegas de semelhante intenção., N ão foi segun
pantes por um conluio para guerra de agressão? tal como definida do O critério
de sentlmentos & favor ou contrários aos alemães que
pela, Carta,. se “traçou
a fronteira, do debate entre os juízes; dividiramuse
os magistrados
, Muitos .observadozªcefs aíemães, incluindo alguns advogados-de no_ toçapte ao problema de decidir se deviam ou.
não abandonar
defesa, acreditavam que a acusação de conluio continha uma 0 1nd1c1amento por conluio.
acusação implícita contra, todo o povo alemão, a “culpa, coletiva,”.ªª Na, primeira discussão sobre Conluío, no dia
Na medida em que Donnedíeu de Valores solapou a acusação'de mente Blddle mostrou mmta simpatia pela posiç 27 de junho, so—
ão de Donnedieu
conluio, ele podia ser tido na conta do salvador da honra alemã. . . ”de Valores. Quando, por sua vez, Biddle buscou angariar algum
Mas transparece distintamente & disparidade entre os. pontos de apºlº entre os assistentes legais norte-american
os para, Sua, idéia
vista sustentados pelo juiz e! os que sustentavam muitos alemães de por de lado as acusações de conluio, só enco
ntrou apoio numa.
que, mais tarde, () aplaudiram, quando se lhe examina 'a ºpinião carta que lhe fçi dirigida por Wechsler. Todos
os outros envol—
quanto a quem, de fato, era responsável pelos horrores do nazismo. Vldos no Paso flcaram firmes na tese de que se
deveriam reter '
Embora hesitasse muito em publicar suas opiniões quanto a esse as acusaçoes de conluio, e o mesmo se passou com
os quatro juízes
problema, depois do julgamento, Donnedieu de Vabres. não ali- spplençes e com.,todos OS.-assessores jurídicos norte—ameri
mentava qualquer intenção de absolver &. Alemanha. No curso das tmham permanecido em Nuremberg, Aos juízes canos que
partidários de que
deliberações, repetidas vezes salientou, para benefício dos colegas, se retlvessg & acusação de conluio foram necessárias
que, conforme entendia, &. principal causa, dos “crimes de Hitler” três prolon—
gadas sessoes deliberativas, & portas cerradas (14,
15 e 19 de agos—
arraigava-se fundamente no povo alemão, e ergueu uma hierarquia to), para, que expusessem seus argumentos; além
disso, redigiram
de três andares para nela arrumar a responsabilidade e a culpa
pelo nazismo. No andar de cima, colocou, como o mais culpado, eo É . . -
povo alemão como um todo; logo abaixo, instalou Adolf Hitler, que O tªmo raczonagzzqçao é usado no sentido que tem em psiquiatria, como
esco & de _uma. 1dé1a, çom'o _bode expiatório, para, &
Donnedíeu de Valores considerava apenas moderadamente culpado, uma culpa. que não temos
a coragem lnterna, ª'pswologlcaºª, de assumir,
(N. do T.)
142
143
tantos memorandos que, a determinada; altura,_Do_nnedieu de Va— Hitler não se coadunam com a existência de um conluio. Segun—
bres queixou—se de. que lhe doíam as fendas 1nfrmg1d=as pela. escala do Sir Geoffrey, 0 Fiéhrer limitam—se & conceber as idéias de
e pela intensidade do bombardeio de mvamorandos;.39 agres—
são; sem os assistentes que o rodeavam, não se teria traçad
o qual—
O ponto que mais sublinharqím os advogados da idéla dg con: quer plano de guerra, de agressão, nem tais guerras se teriam
tm—
mm e plano comum foi & noçao elementar de que os lldererf Vªdo. Lawrence também considerou inválida & afirmação
de que
nazistas se tinham, de: fato, empenhado eng plapejar e prepara a condição para que se configurasse um conluio era a. necess
idade
guerras de expansão. Embora, dando de mao beljada o ponto de. de determinado grau de igualdade entre os participantes, pois
não
que era lícito divergir sobre a dªta, em que começou o planeja.- havia possibilidade de medir-se & igualdade, e a idéia, de
Vabres -
mento, Lawrence €* Nikitchenko, Juntos com. os suplentes, flzeram não constava de qualquer texto legal aceito quanto & conclui
o.43
soar fortes argumentos de que houve planejamento de guerra de Falco, o suplente francês, apoiou os argumentos de Lawren
ce, '
agressão. O que não sabiam, com a mesma certeza, em se podmrp acrescentando que o recurso da defesa do Fúhrerpaz'pªª fora
ex—
intitular de ilegal esse planejamento. Todos, no entªnto, comm— cluído pela disposição da Carta que proibia aos réus valer—s
e de,
diam em considerar que o planejamento de guerra felto pelos na— ordens superiores como meio de defesa completa.44 Nikitc
henko,
zistas incidia na disposição punitiva dos Crimes contra a Paz, rela- como é compreensível, não Viu. incongruência alguma entre
existir
cionados no Artigo VI da Carta de Londres. Mas _Parker, Blrkett uma. ditadura e O planejamento comum para a guerra
; partindo
ªe Falco hesitav'am em decidir se tramar 0151 planejar uma? guerra de um ponto muito diverso no quadrante político, pareceu
tam—
de agressão fora, de fato, um crime em Dlrertq Interpamqnal no bém & Parker que as duas coisas eram perfeitamente compatí

momento em que, ao que. se alegava, os namstas dlscutlram & veisrªª Como se fºlga, & voz de uma América mais jovem
e ingê—
planejaram suas guerras, nas décadas de 20 e; 30, Lawrençe, por nua, Parker alegou que “são quase sempre os ditadores
& seus
outro lado, estava disposto a afirmar abertameígte que a Tribuna? lacaios que desencadeiam & guerra, de agressão”ª.;ªº6 e
assim era,
“tinha, de seguir a Carta,, qualquer fosse [& caregar) & que esta. cpm-— essencial que não se enfraquecesse &, idéia de punir um
conluio
duzisse; numa das sessões, qua-se chegou a, sustentar que se lm- para, a. guerra. de agressão, idéia essa, que constituía um
meio tão
punha & aplicação dos termos da Carta, mesmo se resultassem eficaz de cortar O mal pela, raiz.
em, veredictos injustos ou em post façto. Blddiãcle escrevçu no ca,-» Vez sobre vez, os que sustentavam & acusação de conlu
demo que aquela sessão mostrou os ingleses “no que tmham ãe iº repi-
saram as consequências graves que, acreditavam, resultariam
pior“?º Mas tanto Lawrence como B1dd1ç parecem tel: flcado , caso
fosse seguida a orientação de Donnedí-e-u de Vabres. Níkitc
mudos diante da. posição de Nikitchenko. 0 11112 russo, obv1gmçqte henko
alegou que, sem a arma, do conluio, não havia, fundamento
irritado com as discussões em torno de pgotglemas de prmmplo, para
convencer de crime o funcionário do Ministério da Propa
sublinhou que, em sua, opinião, cabia, aos ]ulzes aâilªr como hc— ganda
Hans Frítzche,“ e Biddle reconheceu “que essa, era, também a
mens práticos e não como um “clubg de debates? . Em uma, única
acusação que podia enredar o ex.-Ministro da Econo
novidade,- disse Nikitchenko, &, acusaçao de comum çomo cume mia e diretor
do Reichsbank, Scktaach'txª8 Em meados de julho, Biddle formu
em Direito Internacional, e reconheceu que resultar1a_ em vere— lou
observação similar, numa carta que dirigiu & Wechsler,
dietas em post facto. No entanto, indagou: por que aqullo pertur- sustentan—
do que, uma vez que se. pusesse de lado 0 ponto do conlui
bava de tal forma os ocidentais? Observouçom 1111.1113? calma que o, não
haveria jeito de condenar Fapemª“ Olhando o panorama
havia inovações em grande número das mgdldfas d'ojrrlbunal, congo de um
ponto mais alto, o suplente soviético, Volchkov, argum
& definição de determinados crimes e 0 nao admlur-se & alegaçao entou que
os odiosos crimes nazistas, tais como os exterm
de obediência a ordens superiores; com esses: pfoblemas, Royem, íníos, eram tão
complexos e amplos—que seria impossível decidir a sorte de todos
ninguém parecia se preocupar muito. Na: opmlao dos sov1et1cos. culpad as, & menos que-"se empregasse alguma, idéia. geral,
os juízes estavam ali para inovar, e davam reconhecer franca-= tal
como o conluio.50 Nikitchenko reforçou o argumento de Volchk
mente que estavam estabelecendo um novo fundamento para o ov,
observando que a própria, complexidade dos inter—relacio
Direito Internacional.“ namen—
tos dos fatos e dos crimes dispensava & aplicação das estrita
s .re-
Para. o gosto dos juízes ocidentais, tal posição em um tanfro gras. costumeiras em matéria de processo de conluio da lei
interna
audaz, em demasia, além de potencialmente perlgqsaa e eles, ªs
pressas, conduziram de novo o argumenço para os llmltes do dlS-
ªº“ O princípio da obediência, ao Fiihrer, ao líder, que Eichmann invocou
Curso legal costumeiro. Lawrence repe'hu oargumenfnp de Don- salém
e que, segundo declarou, substituíra. para ele, eticamente, &
em Jeru—
nedi'eu de Valores, de que a,. realidadeda todo-poderosa dltadum de Emmanuel Kant, na Crítica da Razão Prática, (N. do
doutrina de
T.)

flª—'à
145
que O Artigo IV da Carta estabelecia que, registrando-se um empate
anglo—Sªxônia.. Tão graves eram os crimes, e tão complicados, de dois a dois, entre os votos dos juízes titulares, sobre qualquer
desbas tar novas “terras na
a Corte estava cercada de razões para questão que não fosse um veredicto ou uma, sentença, caberia ao
punição de conluio crimino so íntezrn:«31,ci.010_a,1.51 .
presidente do Tribunal, se assim o desejasse, o voto de Minerva.-”35
Preocupava fundamente Parker pensa? que, se» Jogadas fora, Se O problema do conluio fosse levado ao extremo, o grande canluia
as noções de plano comum e conluio rela-Clonadas com a guerra “teria. sido mantido, em última, instância, por três Votos contra dois,
de agressão, ver—se-ía frustrado o progresso mango e lento no SIED-'- Biddle foi sensato () bastante para. ver onde iriam para]: as cºisas
tid-o do controle da gãaerra. Para. Parker, se. nao fos_se poss1y+31 e, desde que se iniciou o debate, indicou O desejo de que se alcan—
punir as pessoas que planejavam & guerra, serlam despldos de; 51g— çasse um compromisso. Alguns outros juízes, do. outro lado da
nifícação esforços para prevení—la, tais como o Pacto Kellog-Brland. barreira, também compreenderam que uma vitória numa quegtão
Também formulou um argumento contundente: ehnyngndOO-âeªa fundamental constituiria certamente uma vitória de Pirro. Parker
idéia de conluio, difícil sería, justificar uma declaraçao Jigdlcmgía mostrou—se pronto a fazer concessões, e disse aos colegas, na dia
de criminalidade contra, .as organizações, pois “tal dqclaraçaç terça., 19 de agosto, que era mais importante lograr um entendimento
necessariamente, de repousar no princípio de que; ta1s orgamzagoes geral do que prevalecer a, opinião de qualquer pessoa..56 No curso
constituíam “co—nluíos criminosos”.52 Se, não obsmnte, o Tripu— das discussões, alguns outros, que advogavam que se retivesse &
nal afastasse o ponto de conluio, e, aindª ªassqn, persçgmsse idéia de conluio, também deram indicações de que estavam pmm—
organizações, privar—se—í'am os membros índ1v1dua1s de ªtas gru— tos & limitar, ou mesmo abandonar, certos elementos da acusaçãº
pos, na opinião de' Parker, do que sem para eles o melhor escudo geral. Os “três- suplentes ocidentais estavam preparados para aban—
judiciário. As regras que definiam () conlum, & saber, & deºque & donar as acusações que alegavam um conluio que se somava aºs
participação tinha de ser voluntária, e de que os membros tmham Crimes de Guerra e aos Crimes contra a Humanidade.. Parker
de conhecer as intenções criminosas do grupo, eram a melhor concordou com Donnedieu de Valºres em que esses pontos no índi—
proteção possível para réus acusados de] serem membros de orga— ciamento não repousavam em qualquer base escrita no Artigº VI
nizações criminosas. Assim, no entender de Parker, em pÉecrlsº ou na, Carta.“ Falco, por seu lado, pensava que eram legalmente
conservar () conluio na acusação para, prºcessar orgamzaçoes &, “válidos, mas achou que, uma, vez que & promotoria não os tinha.
ao mesmo “tempo, proteger indivíduos inocentes que ra. ellas perten— comprovado, cumpria, que fossem abalo.o'lonzmbs.58 Bem no meio de
cessem contra castigo imerecido.“ Sua apaixonada defesa do conluio, Birkett “também reconheceu que
Parker foi autor da mais sofisticadadefesa' da noção de cºn-= gastam prontº a “não fazer caso” desses áºis aspectºs do grande
luío, mas foi Birkett quem pronunciou a denúncia mals emotwa conluio, embora não esclarecesse se os considerava vulneráveis sob
e de maior alcance das idéias de Donnedíeu de; Valores. O' que o aspecto legal ou sob o aspecto das provas apresentadas.-“ªº Estandº
mais importava no julgamento, disse Birkett aos colegas, no dla, _15 Donnedieu de Valores, Riddle e os três suplentes ocidentais incli—
de agosto, em provar a existência de um plang comum ou (303311110. nados & restringir a acusação de conluio & Crimes contra a, Paz,-
Perdendo-se esse ponto, arrancar-se—ía () coraçao—do casp e-1r1accpor tornou—se muito mais fácil elaborar um compromisso amplo.
água abaixo-- o próprio valor do julgamento. Resultªma um dg— O desenrolar dos pontos que formam a base do comprºmissº
sastre nacional”, pois mesmo se condenados por cume determl— pode ser traçado no argumenta, geral a que recorreram alguns dos
nados réus, sem conluio, o regime nazista seria absolwdo, e assxm, que sustentavam & idéia da acusação de grande conluio. Dois dºs
presumivelmente, () sofrimento e () saçrífício que tinham toynaídp assistentes legais norte—americanos, Fisher e Stewart, redigâmm
possível a vitória dos aliados perdema todo e qualquer Slgmh— memorandos emmaio e junho de 1946 —— antes que “Donnedíeu de
cado?4 « .. H
Valores, apresentasse seus argumentos ——- nos quais discutiam ()
É óbvio que, falando tão alto, as paixões e havendo dpnsoes problema do conluio, e ambos coincidiram em achar que houvera
tão fundas, & Corte necessitava desesperadamen? de umaxforgnula um conluio Visando à guerra de agressão.ªº É significativo o fato
de compromisso. Se os juízes se agarrassem estªticamente as.d1spo— de nenhum dos dois ter levado a sério a idéia da promotoria de
sições da Carta, contavam aqueles que favoreçlºam o conlqm com que tinham existido conluios para a prática” de Crimes de Guerra
os votos necessários para. vencer a jogada dec.1swa. Mas remava &- ou Crimes contra a Humanidade. Ambos pressupuseram que a
divisão entre os juízes titulares: enquanto Nilgltchenko eULawrence acusação de conluio limitar-se—ia aos Crimes contra a Paz.
favoreciam & idéia de julgar os réus por conlum, ponneQ1eu de 'Va-
Num memorando sem data,, Stewart empenhou—se em soluciº-
bres e Bíddle inclinavam-se pelos menos, & limítajla, multo, apegar nar & questao do momento em que se formam o conluio para a
da probabilidade de isso tornar problemáticas multas condenaçoes,
147
146
ayldela. plorou &. questão de modo muito mais ampla, chegando a canela—
. guerra de agressão e, de pronto, rejeitou com-p iªilínprovável” sões mais definidas. Depois de novamente joeimr cuidadosamente“
da promotoria de que se deveria fuçar esse 1,111010 na íundaç ao do
as provas, pintou. de novo um impressionante quadro circunstan—
Partido Nazista, nos primeiros anos da decada de 20. Stçwart cial de um grande impulso nazista, diplomático e militar, me senti-—
achºu que se poderia afirmar “justificadamente” (351800 conlum co— do da. expansão territorial. Mesmo concedendo que Hitler “traba—
meçara no momento em que Hitler anuncmq de pubhco o rearma- lhara de improviso, e reconhecendo uma tendência “para esmbe—
a, zona,
mento (1935) , ou no momento em que os nazistas ºcuparam lecer um laço que pode n㺠haver existidn na épºcaºªfº Fisher
desmilitarizada do Rena. (1936). Estava seguro, no entanto, de que estava pronto a sustentar que existia um planº criminoso «de agreg—
“ngm
em qualquer caso “as provas demonstram que fora formulado são no final de 1933, e que, a partir daquela, data, os líderes dº geª—
acordo” à altura. de 5 de novem bro de 1937, quando Hltlexí, pa asmm
(me Vemo e do Partido deveriam ter sabidº que eram parâes de um
chama.—da “coiaferência de Hossbach”, anunciam aos amstllmrega empreendimento criminoso., No final de 19339 ºu iníciº de 1934, a
estava resolvido & apossar—se da Áustria e da Tcheca —Eslov aqma,
oposição no interior da Alemanha fora gugbrada pºr expurgos & pela,
pela força das armasfª1 repressãº; tinham terminado as sªias dº governo de cºalizão &? na
Em numerosos memorandos durante os meses Qe maio e jupho opiniãa de Fisher, Os que permaneciam sabiam sem. dúvida mm “ªse—=
de 1946, Fisher tocou em Vários aspectos da. questao do conluw e riam de auxiliar 0 programa nazista, inclusive em suas dígposí»
da guerra de agressão. Eliminou com poucos traços_ de pena,, em ções expansionistas. Se essa. linha de raciocínio cºntinha demasia;
dois curtos memorandos relativos à perseguição dos ]udeqs, & afiªr- das suposições para, que lograsge canvencer & 1506105, Fisher de=-
matíva da promotoria de que 0 programa, nagísm de antl-semltls— senvolveu 0 que lhe parecia, um argumento ainda mais forte para
mo fora levado a efeito para destruir a, oposição mterpa aos planos sustentar a, existência, ãe um plano de guerra de agresgãa em mea—»
governamentais de guerra de agressão. pone-laia Flsher: () pro- dos da década de 30, A altura de 1936, os nazistas Éinham dilace—
grama anti—semita fora “um ódio cega e irracmnag,” que resultam radº as cláusulas do Tratado de Versalhes que limitavam os arma—-
da própria. “mente enferma de Hitlerªªí e nada unha & ver com 1116311305, e haviam mocupada & região âesmííítarizada ªº Rena, 3836,
as preparações para a, guerra de agressao.ºª segundo Fisher, nada, deixava no tratado sen㺠mas diªposiçõeg
A0 examinar a base econômica para o progama pie _rearma— territoriais e, em conseqúência, sempre que Hitler falava em “112—
mento, Fisher também encontrou dificuldade em distrlbm; & reg— bertar & Alemanha das algemas de Versailles”? qualquer pessoa“
ponsabilidade criminal, ou provar & existêncm de um (3011111195, pms sensata, deveria, ter concluído que se recorram à força para capm—
as provas da promotoria tinham sido devotada s'a mogtrar. como rar os territórios que a, Alemanha fora obrigada a ceder aos vªzia
a Alemanha, se rearmara, & não por que motivos O D'ZBI'a'Úªª De nhos depois da I Guerra..67 Se então -— concluía Fisher -—-— os %*
um modo geral, Fisher concluiu que não havia prova_d1gna (êle ser forças desesperados da, Alemanha para, aumentar seu poderio bélicº
levada, em consideração quanto à existência, de cqnlum na decada, fossem considerados em conjunto com suas ações diplomáticasá
de 2.0, e (11.18 janeiro de 1933, data em que Hitler fm alçado ao posto formar—seda um caso indestrutível para demonstrar que ezástim,
de Chanceler do Reich, tampouco servia como bom ponto de par—- de fato, um plano de guerra de agressão à, altura de 1936358
tida, pois a maioria dos membros do seu primeirº Çonselho de
Ministros n㺠fazia parte do Partido Nazista. Em possrvel escolher Os memorandos de Stewart e Fisher foram lidos pelo menos por
"uma data em meados de 1933, mas Fischer observou serem poucas Biddle e, provavelmente, por Parker, & embara as notazs escama
“as provas diretas contemporâneas” desse períoclio para mostrar por Riddle “à margem do memorando indiquem que n㺠o impressio-
que o governo atuava com fundamento num “so plano ou. con— nava &, argumentação com que Fisher procurava provar a existência
lu,-ia”? Fischer inclinava—se, em geral, a deixar em aberto % ques- de um conluio no final de 1933, ele parece ter sentido que “"bons ª
tão de decidir se houvera planejamento de guerra agresswa em motivos” podiam' ser alegados para que se fizesse o início do con-
qualquer momento anterior a meados da década 30. Enª deteyzgfn— luiº em 19.36.69 Alguns dos memorandos, mas não O longo memº—
nadº momento, ele, como Stewart, asseverou ser questao sulelta, rando de 22 de junho, em que Fisher tratava diretamente do con-—
& áebate saber se tal conluio existira em 1933 ou. 1936, mas _“é luio, também foram dados & Birkett para. que os usasse nº preparo
patente que havia um conluio em 5 de novembro de 1937”, ou SEJEL, do projeto de opinião.. Como Stewart e Fisher antes dele, Birketâ:
no momento da conferência, de Hossbach.65 n㺠enfrentou diretamente a possibilidade de rejeitar as acusações
Durante junho, no entanto, Fisher voltºou & Nurembergupara de conluio; limitou—se & narrar os acontecimentos diplomáticos e
redigir um memorando de 40 páginas, especmcamente sobre () Con—-
militares da década, de 30, em sequência cronológica, criando assim .,
a impressão dia que eram parte de um sistema, Ou plana cºerente.
'luio para Desencadear Guerra de Agressao”, e nesse trabalho ex—
149
Mas Birkett çonjugou seus exames dos pontos um e dois, o que flo-aªa, Só uma minoria entre os juízes e seus auxiliares
queria
significava que os dois pontos podiam ser amalgamados num só, rejeltar totalmente a idéia, do conluio, mas mesmo
a maioria,
limitando assim a, acusação de conluio para os Crimes contra a daqueles que desejavam mantê-la estava deteMinaªda
& limitá—la
Paz, e pondo de lado as idênticas acusações de conluio corre:- pojaçmpo e restringi—la. na forma. Nunca se teve na conta.
de pos»-
iacíonado com Crimes de Guerra e Crimes contra & Humani—= smmdgde séria,, durante as deliberações do Tribunal, &
esperanca
dade. Em lugares escolhidos de seu manuscrito, Birkett tam- entretlda por Washington de desenvolver a idéia do conlu
io & uªm
bém incluiu “notas. dirigidas ao Tribunal”, e essas notas forne— grau_ q'çe condenaria todo? o sistema nazista, mas & qúestã
o crucial
cem indicações de vaíor inestimável da forma pela, qual ele cons1st1a em saber se essa idéia deveria ser integralmên
te rejeitada
enxergava o problema do conluio-. Na opinião de Birkett, o pro- ou apenas estreitamente limitada. Uma, vez que Donn
edieu de'
blema crucial com que se defrontam & Corte consistia em de— Vabres naqlogrpu conquistar dois juízes titulares para,
sua. causa.
cidir se era necessário determinar o momento em que se iniciara tomava-se mçyltável uma, forma modificada do concei
to de con:
() cºnluio de guerra agressiva, e ou se bastava indicar a data 131103 e os papas. preparados por Stewart, Fischer e Birke
tt deixam.
em que 0 conluio vingara de fato.“) Birkett obviamente fa.vo— obv1q 0 modelo que o acordo teria de seguir. O conlu
io limitar-se—ia
receu & segunda alternativa., e em ambas as ocasiões, quandº & Cr1mes_ contra a Paz, eliminando—se as acusações da,
promotoria
discutiu essa questão, sugeriu que se usasse &, mesma data. —— fins de conlmo para, a prática, de Crimes de Gúerra e Crime
s contra &,
de 1937, depois da Conferência de Hoss'laach.,71 A. única dificuldade Hçllgqnldade. De mais a mais, estabelecer—se—ía data,
certa para
que, na opinião de Birkett, 0 Tribunal podia encontrar, caso se— 0 1111010 do conluio, & os primeiros exames do probl
ema indicavam
guisse esse caminho, ligava—se às acusações de Crimes contra a que essa data incidiria, com mais probabilidade,
entre 1936 e
Humanidade. Como a, Carta declarava que tais crimes só ocorriam 1938“ Desde que se aceitasse um ponto determinado
nesse período
em conjunção com outro crime, e como os Crimes. contra, a Paz e tal cpma & reuni㺠da Hossbach, em coisa pacífica que
se teria dé
os Crimes de Guerra não podiam ter ocorrido antes da, guerra, os sggmr () conselho de Birkett de que o Tribunal concentrass
e & aten—
Crimes contra a, Humanidade anteriores a 1939 teriam. de ser Vin- çao em “planejamento criminoso específico”, em vez
de fazê-lo no
calados ao conluio. Mas mesma essa consideração não impediu programa geral nazista,, pois, em meados da décad
a de 30 já 'de
Birkett de preferir 1937 como a. data em que se configuram 0 malto tempo se haviam encerrado os dias do desen
volvimeilto do
conluiº, pois, como explicou numa passagem ligada à. perseguiç㺠programa nazisíw. e: se avizinhavam as operações contr
a a, Áustria
dºs judeus, mesmo se isso deixasse ações anti-semítas anteriores & Tcheco-Eslovaqma e a Polônia,.
,
a. 1937 fora da jurisdição do Tribunal, “os pogroms judeus de no— & Incllnado & um acordo, desde o começo, Biddl
vembro de 1938 e, os massacres de judeus depois dessa data, for-= e tomou & inicia-
tiva, dg encontrar uma, fórmula que fosse aceitável
mam um conjunto diante“ do qual; os anos anteriores quase per-— para todos, Em
19 de Julho, escreveu longa carta & Wechsler, resum
dem & significa;ão”º.72 Assim, muito antes de Donnedieu de Vabres indo a situa-—
çao e transcrevendo críticas que Dbnnedieu de
erguer seu desafio, Birkett adotam a posição de que o foco da Vabres fazia ao
progesso por grande conluio. Depois de sublinhar
acusação de conluio deveria, incidir na, guerra. de agressão e se que &. argumen—
tgçao de Donnedieu de Valores muito o impression
deveria limitar aos anos de 193745. Ele também aconselham o am, Biddle pe—
dm ? Wechslern que enviasse uma, carta contando
Tribunal a fundar seu veredicto em “planejamento criminoso esª suas próprias
reaçoes e reflexoes.“ No mês muito longo que se
pecífico”, em vez de confiar em ilações tiradas do “programa na,- seguiu enquanto
& Cprzjse se dedicou a trabalhar em disposiçõe
zista como um-tod.o”.ª*'3 É óbvio que todas essas condições com. que s gerais? quanto à
Dçc1sao, Wechsler Viu—se & braços com o probl
ema
Birkett cercou () problema formavam um estreito espartilho em Blddle mar_cou passo. A altura, do dia 19 de agost do conluio e
torno da interpretação de conluio. o, O juiz tituíar
neyt'efgmerlcano....recebera, evidentemente, & respo
sta de Wechsler'
Quando se comparam os escritos de Stewart, Fisher e Birª pms, naqu ela data, meteu-se no meio da controvérsia
sobre conluic;
kett com as opiniões expressas por Donnedieu de Valores, tomam» e sugerm aps outros juízes que chegara () tempo
de entrarem em
se extremamente claras as razões para muito do que se passou em acordo.75 Blddle concedeu que se teriam de conservar
algumas par-
Nuremberg. Quase todos os ocidentais ligados à banca. dos juízes “tes. do ponto de conluio geral. para que fosse possí
vel atingir réus
deixaram de partilhar a, opinião do governo norte—americano de como Schacht, mas também argumentou que as
acusações de con—«-
que, na realidade, existira um grande conluio, e, das diversas re— 11110 para a pratica de Crimes de Guerra e Crime
s contra &' Hu“
ferências que temos a respeito, parece também. que os juízes sovié— mamdaíde deveriam, em definitivo, ser lançadas ao
mar como car—
ticos atribuíam pouca ou nenhuma, importância a essa Visão ame— ga superflua. Realçando que o planejamento em
partejintegrante

158
151
tância não são diferentes”ª..81 Abordando o problema por esse ângu—
do desencadeamento da guerra, e concentrando—se numa série de
10, os dels norte-americanos lograram evitar uma discussão inícial
planos de guerra de agressão, em vez'de apontar para, um_con1u1_º
geral, Biddle acreditou que seria posswel. contentar ces deseª os III).-3.15 quanto a saber se, de fato, existíra um grande conluio nazista.
Tendo parcialmente pacificado Donnedieu de "Valores e Nikitchen—
prementes de cada, um dos juízes. Depms de uma dlscussao amda
ko, ou, pelo menos, tendo manobrado melhor que eles, Biddle &
dessa proposta, Biddle foi autorizado a, preparar um esboço de
fórmula de concerto de opiniões. Em 4 de setembroª ªpresentou a Wechsler passaram a tratar da idéia da promotoria deque 0 Par—
tido Nazista, estivera, empenhado num conluio de guerra. agressiva
minuta que Wechsler elaboram. Num voto introdutono quanto“ ajo
durante os 36 anos que se estendiam de “1919 ao fimda guerra de
assunto, Biddle, Lawrencê' e Donnedieu de Valores superaqam. N1k1—
1945”. Concordaram em que a Carta não definia “conluio”, mas,
tchenko, e foram deixadas de lado as acusaçoes de conmlo para, a
do ponto de vista deles, “tinha de ser “claramente configurado em
prática de Crimes de Guerra e Crimes contra & gumamdade.” A.
seu propósito criminoso” um plano comum ou conluio e “não muita
fórmula de compromisso de Bíddle—Wechsler tamlgem ÍOI aprovada,
longe do momento da decisão e da a,çª,ê'1.0”..82 Ainda nessa. passagem,
embora de maneira preliminar, pelos outros lmzes durante _esíga
os norte—americanos procuraram seguir o fio que os faria atraves——
sessão, embora Nikitchenko se opusesse à inclusao de qualquer Mem
sar & posições francesa e Soviética; afirmaram não ser “necessário”
de que não houvesse existido um grande cºnluw namstg, enquan—
decidir se houvera um só cºnluio para a guerra de agressão, poís
to Donnedieu de Va'bres achava, ao contrário, que a formulª de
“tinham sido elaborados planºs para a guerra já em 5 de novem-
acordo teria de incluir uma, declaração bem clara de que () Tnb?—
na]. rejeitam a existência de tal conluio. Através de uma melpona,
bro de 193?” (no momento da conferência de Hossbach), Contudo?
mesmo concordando com que “o militarismo fazia parte integran—
adicional de redação nos dois ou três dias que se segulratlddle
acrescentou número suficiente de expressões flexíveis e suas para, te da política. rlazíísjisafz83 os norte—«americanos não queriam aceitar a.
idéia de um grande cºnluio, e, por fim, tiveram de inclinar—se
auxíliá—lo & contornar as dificuldades com os colegas franceses &
mais para o iado de Donnedieu de Vabres do que para o de Niki—-
soviéticos durante a segunda metade de setembro."
tchenko. Uma frase curta, oculta no meio da, narrativa, afirmava,
Na redação final. da, Decisão, & fórmula de comgrqmíssq Bldqle- sem. rebuços: “& prova, mostra com segurança, & existêneia. de muitos
Wechsler constitui. uma, seção curta,, com três paginas, msenda planos de guerra separaãos, em vez de um só conluio que anglo—=
no documento e intitulada parágrafo V “O Direito no Que. se Re» be todos eles”? -
tem ao Plano Comum ou Cmaalsuioªªí.78 Apesar daaecqnomªa com
que foi redigida, é uma seção de grande importanma. Blddle je Assim, Donnedieu de Vabres saiu amplamente vitorioso nos
Wechsler “buscaram de inicio abrandar Donneoheu de “Valores e Ni,-= pontos principais. O Tribunal. anunciou que “não daria, atenção”
kitchenko mediante () engenhoso artifício de reter os pontºs umye às acusações de conluio relacionadas com Crimes de Guerra e Cri-=
dois como pontos distintos, mesclando, no entanto, & _d1scussa0 mes contra a, Humanidade, pois essas acusações não encontravam
dos dois na Decisão. Começaram por dizer que, o “planejamento, e abono na Carta de Londres. De mais a mais, o que ficava, da idéia
a preparação são essenciais numa guerra”, 5da1_pa$sando & alegar de conluio e plano comum aplicável à guerra. de agressão difícil-
que, como o primeiro ponto falava ªum conlulo e_ plano comum, mente podia, ser diferençado da lei aplicável & cúmplices e co-
enquanto 0 segundo definia como cume “o planejamento, “e o de» autores* que. prevalece tanto no Direito anglo—saxão como no
sencadeamento de guerra.”, os dois se enquadrava]? p_erfeltamen— Direito continental. Mas Biddle e Wechsler não aceitavam & idéia
te.?º Ademais? Biddle e Wechsler disseram que a pro-pma proanoto—º do juiz francês de que essa. espécie de plano comum em incom—
ria combinam os dois pontos, apresentando para ambçs as _ mes- patível com o Fúhrerpm'nzip da ditadura de Hitler. Não servia como
mas provas”. De forma, geral, essa. idéia corrçspondla & reahdad'e, teste apropriado para..estabelecer & existência de um plano comum.
mas somente em razão do predomínio daquúo quq & promotoma a noção, de. Donnedieu de “Valores de que era necessário haver certa
britânica caracterizou como “incursões” norte-amemcanas na eau-=- “medida de igualdade” entre os participantes. Desde que os “esta,-
sa britânica.ªº Os norte—americanos se haviam apossado dos me— distas, chefes militares, diplomatas e comerciantes” tinham "to——
lhores documentos e os britânicos se tinham VÍSÍGOH forçados. a dar
o que tinham de melhor para ajeitar' as exposgçoes que Hzemm * O Código [Penal brasileiro fala, apenas em “co—autores”. Em Direito anglo-
sobre o ponto dois de maneira & adapta—las ao Slstema norte-apaga— saxão (BZacªs Law Dictionary) o “accomplice” é a. pessoa. que, voluntariamen—
ricano. Essa, situação proporcionou & Biddle ? Wechslef & necessana te, se une com o réu principal na, prática. de um crime, enquanto o “accessory”
aparência de homogeneidade, e chegaram &, conilusao de que era, é alguém que, embora não estando presente na prática do crime, de alguma. ma.—=
possível discutir os dois pontos conjuntamente, porque em subs— neira com ele está. ligado, seja. antes ou depois.

152 153
= tínua.» afastados desse espinhal quanto possíveí, teriam suscitado menos
mado conhecimento «do plano de Hªlex“, e, Sãmsgrªâàªgââ⪪mente críticas os veredictos que emitiram quanto & réus individuais. Mas
-— _“ '
' a, restar-lhe COOPBFªÇª > ornava . .. . ,, 35
”o” Nel»
““ dº
mente) todºs os que
Mªg
elra os
. inram
estavam
_
" ao regªime passanam
, ,
m de
.
a palavra “cooperação” na seção V da Decisão (% a raiz de pratica-
mente todos os veredictos e sentenças duvidosas de Nuremberg.
As disposições. relativas & conluio na Decisão, no entantº,

«:» rra de & ressao e contmua & serwr
, . ., * for—
muito mais protegeram os réus. do que os prejudicaram. Uma vaz
ªggtanto, & %er criminalmente resppnseltjíelââgãeoªggàªfsâgrfêâ que que se restringiu & noção de planejamento e conluio às operações
' le. A úmca, _mm. ,. . . e lang
mula de Wechsler e Blªd preparadas para 1938 e anos seguintes, a Corte também foi. força—-
essa responsabilidade Fªmª; por Pªrªºlpâ窺 em (301111110 p
az. . . amea— da. & limitar em muito o escopo dos Crimes contra, a Humanidade.
comum só se aplicaria & Crlmes contra. & A disposição na. Carta que exigia, que esses últimos crimes fossem
re aq conlum resohrâêoaàm que
Esse compromisso no que se refe associadºs com outros delitos condenáveis significava que nada do
Trlbuxªalhde13121 Quando &
ças fundamentais que defrontaram ()frate que se passam. antes de 1937 era passível de castigo. Como a Cor-
suscitou. poucas críticas no selo da mldaígâõ %m dos advo— te não tinha diante de si provas de planos específicos para, &. escra—
Decisão fºi recitada em 31 de sçjzeynbro de T 'buína]. escolhe ra o vização ou assassinato de populações tchecas, austríacas ou polo-
, que
e
gravou em seu d1ar10 quebã eáà do conluio mesas, como parte dos preparativos de ataques a esses países (apea-
gados de- defesa se refere ao prº
' " no 0111? tentes com os re— nas provas com data posterior a, 19 de setembro de 1938 demons—=
“cammho de melo gera l, com __
f_lcaram ,_ em ntes as
s advo ados de defesa, travam preparações específicas para, escravização, massacre e coisas
ªultado sg.“ Nos comen tamos le_ga1s e PºPªlªT eS 8332331 16 13eqúeno desse tipo), nenhum réu. foi considera-do responsável criminalmente
ae Wechsler con—= no ponta quatro (Crimes contra, a, Humanidade) por um ato pra,-
diªpºS
— íçõeS relativ
' as ao 00311110 nelª'ªfãªlãa
mengs crl' ícas e o ] = ªíâãfe .
oblema que & Impor—=- ticado antes de 1939, Mediante essa, combinação de decisões, to—
mteresse e muda _
"
seguraram . ,., tamente o prª mude parte a aten—
desarmar t ao comple dos ºs réus foram aliviados de responsabilidade criminal (naque—
A = " mao escapou, em g , º
“ndivzlduos e orga- la, jurisdição) no tocante a atos praticados na Alemanha antes
tamem dessas seçoes da Dec e quase todos os 1 _ , hm—
' '
- ,., do 11101100º Mas no caso (1 que se desencadeasse & guerra,, e também no tocante a ações diplo—
0 vered ictá se fund ame ntª? 11361 5131S?oã eâl㪪ãgãa dos máticas ou militares adotadas sem conhecimento das “finalidades”
ªgaçõeâ ' ” 0 sobre com 1110.,. sao
,,

dor mcor arado &* dec1sa criminosas de Hitler. De um só golpe, o Tribuna]. eliminou “pelo
pºr cªmª dº Plªnejªmentº ª Prºpª]?ºªãiªíoíªàlãâãªãfãâããâlv
" da parte qu.e ,,ama
iz
, ,
, ma., menos um terço das provas da promotoria e salvou réus como
ndo & extensao gª &,
Schacht e Papen da ameaça de castigo severo, Com isso, afastou-=-
Ígããto de planos de agressao subsequentemente 19351302Gª se “também o grande projeto do Departamento de Guerra, para
Esso significava que ºs planqs de operªçoes con;rªs invasões
s com
,de
uns” que
processo de crimes de guerra; não apenas foi posto de lado o com»
Tcheco-Es lováquia e & Polôma, e tamb?m 6328 1“Vªlo 11110 gera,]. nazista, mas também o Tribunal. rejeitou, por completo,
países neutros depois disso, eranlo.os umcos ? an - ' a idéia fundamental de Bernays: ligar perseguições anteriores à
podiam resultar numa condenaçã guerra, com. atrocidades praticadas durante ela, mediante &. acusa.—
.—se na expãessaqe Sãgeugªodae
O único flanco aberto encontrava “& prestar-
çãa de conluio.
de? e qurfí
qual os réus eram responsáveis penªlmen'ge, Apesar da moderação com que foi redigida, e dos aplausos que?
H1t1çr, &go?;ilâãâà funduer ªmento em geral, mereceu da parte dos advogados, os historiadores não
” - ivos
ecer OS objet
conhcooperaç㺔 agre
. ssivo
agem s dieomecm . uai fun,,
lhe Essa pass . em. q q _ acolheram com simpatia & decisão da Corte relativamente ao
. um homem que servuªa. ao r eg1me, planos agresswos, conluio. A crítica, histórica, centralizou-se na, aceitação por parte
t ' “beir ada de _
para
"' de
çao ' enar '“ c1a
cond
1mp0rtan ' , depm . 's,,de se er m ntado papel du'etaw
_ . ramen— do Tribunal da acusação de que realmente existira um plano na—
mesmo que ele propno ' na,o., houv esse _ represa E bom 11ge1 _ i“ zista de guerra agressiva, ou uma série de tais planos. De fato, os
m Zices na mam
mente vmcu' lado & “ preparaçao de teus planos., , _ historiadores não encaram os acontecimentos militares e diplo—
' ente das dlspo
te dlfer ' s1çoe ' " s q ue se , referem & _Gump 11; m dem-
máticos pelo mesmo prisma, que usam. os advogados, e para eles,
' essa passagem p º odla resu ar e d
- as 1ega1s, a expressão “planejamento de guerra, de agressão” parece tão artin
part e dos s1sçe m '
t1ve1 " s em mm "' da_ complemdade do processo , e_
"' muito d1scu fícial quanto o parece “insanidade legal” a muitos psicólogos &
cumes alegadosâoocâªããuªªêga
?ââem'berg O enormeºnúmero de m co ,. ” psiquiatras. Quando os historiadores. examinam as guerras, em
onsa º ' ade penal (1937—45) ivera
' blhd _
ão geral, consideram-nas não como acontecimentos planejados, mas
hem men to” e & “ªco opã íââª
%%%Éâgsªluíto frágeis entre o “con houvessem ma n cem—0- coisas que acontecem.. Pode ser preparada, a expansão ter“
emberg se
sãbseqúente, Se os juízes de Nur
155
154:
riram enorme importância às atas das conferências. Uma leitura,
ªitorial, pode ser organizado e Qegencadeadº um ªtãgugàâªâªâ g; mesmo apressada, da própria Decisão, dos memorandos prepara,-»
geral, é demasiado amplo o cenarlg das guerras “para
: «d s p artes .tóríos e das notas de Biddle mostra, abundantemente que os resu—
sm % ãe se aplica
de demasiadas causas e das reaççes de demâ mos das conferências de Hitler foram fundamentais na, preparação
que se as possa ter na conta de 001338 plªnejª ªus-SO ªa expressão da Decisão geral e de muitos dos veredictos individuais.
ãrââente desag| radá— Durante o julgamento, a defesa salientou que as atas existen-
guerra.deem dupla
geral, É, pois & àeãããgâíª
míntâ , ? ..
à
“ uerm & ressão
cªm ºs
exa.

nociva e olêmica se possa, er 111


.

lglen to que relco


mmm
rrâeª auªp ceªªr
__ % tes não constituíam transcrição ipsâs Zitterís dessas palestras, mas
apenas resumos redigidos por participantes das reuniões, uma vez
terminadas as conferências. Em pelo menos um dos casos, exis—
Em Eonseqúêncía, não há. julga
áomínío tiam três resumos da, mesma conferência? e eles não se ajustavam
ceíto comº o de “guerra de agressao paraº qua Sªesse rticular Faz.; perfeitamente entre si quanto & pormenores específicos.ªº Não
favorável pºr parte dos hlstor ladoy eg.
tratamento obstante, é fácil compreender o motivo por que as atas das con-=
no entanto, o caso de Nuremberg sofreu mªlªiª— 930 pahigtoríaàores
ndo uma , bata lha; e'ntrâeofs se Éítler em ferências de Hitler produziram um efeito tão grande entre os mem—
15 anos que ae vem trava bros do Tribunal. Talvez seja exagero chamar a década dos 40 de
diplomáticos em 'como da segumte questao ªtm Sªt ªvista ue desdo—
home m que impro visava , ou. um remat ado % eb ex %ns㺠ter- humana, e esclarecida, mas poucas eram as pessoas que, naquele
tempo, usufruíam o que é hoje O privilégio corriqueiro de ouvir
plano miª—1191050 Pªrª & ue psé dividem
broa,
. . al .do do, um
pouco a pouco . nte.
Que
87 Os doa?» lados emmª do debate A líderes políticos planejar medidas frias e brutais para promover o
ntom no sena
ªude salientar ª“ ª“ interesse próprio e o dos países a que pertencem, Ficar tranqúi=
os historiadores têm sofrido altos e bamos ªo lamente sentado, em 194546, e acompanhar () recita] das calcula-—
tendência predominante, entretantº» tem 4811: º ntíugovíéticaª de
menªç e mms % % ªg a(º) menos im— das maquinações de Hitler quanto aos meios mais práticos de
gaç㺠entre as cºnvicções basica 10- e); ansia— devorar os vizinhos da Alemanha constituía experiência, ímpar, não
Hitler com sua nature za, de ímpfO VlSâd Of, atm 11111133
de “um? páístó ricap entra apenas para os juízes, mas para, o público assistente. Por essa m—
portância às suas habilidades de executor ssâªmento de guer— zão, pareciam de menor importância umas poucas contradições
mista” fixo. Evidentemente, quantoymals & dlfcil entre os relatos que constavam dos documentos. Ninguém podia
p an ] Ó rio beneficio
por ess-e caminho, mais as expresso 5 como — exibir documentos comparáveis que emanassem de líderes de outros
ra de agressão” parecem polêmicas e amada em 101“ 13
s
países. Assim, julgava-se natural concluir não somente que os
vítoriososª .
ãsªâ líderes alemães tinham planejado guerras de agressão, mas tam-=-
pelosComo os documentos usados Pªlª Corte e ªgªeªs âªêãi zas do» 'bém que a frieza, “brutal em uma característica que pertencia,, sin—=
os historiadores são, em grande parte, É'meããnrâsãs frªque
30 anos. 3850 gularmente, aos nazistas.
prestígio do julgamento sofreram tam em 'ltímos qual a Corte
à tona, dura mef OS 11 ela Trinta, anos. mais tarde, acalmadas as paixões e um tanto
cumentais que Vieram cªleb rou com os co—
aplica—se com singular propuedade & ª ª ª " reduzida a idéia elevada que os aliados faziam de sua própria vir—
trat-ou 0 registro das coníerêncms que 91 m os chefes dasztrê s , tude, prevalece entre os historiadores & inclinação de encarar com
mandantes das Forças Armadas, em 193 976 %º a vez qu e a Corte olho muito mais crítico esses materiais escritos. Já se assinalou
Armas e o Ministro do Exteríçra em 1913: é“ “lanejamento para que a idéia do “planejamento” que resulta de algumas das atas
diu rest ring ir o pon to relatwo & con 310 a Éonferêmias toma,- dessas reuniões nem sempre concorda com os atos subsequentes de
deci â xístênCía de tais
guerras de agressão especificas, as atªs essa ªrgamm parte. Em— Hitler. Por exemplo, durante a conferência de Hossbach, Hitler
ram—se matéria central no estabeleamentiªs r
desdobrou um mapa para a expansão no sentido do Oriente, diante
planos, e na identificação daquele.?» que ne * vontade em confia dos comandantes do Exército e daqueles que, mais tarde, se tor-
bora Donne-diem. de Vabres se 561113155? mªis? ªº tros ]'uizes confe— nariam réus em Nuremberg: Goering, Raeder e Neurath. No curso
muito em “tais documentºs “não 0Í101als a os ou do julgamento, & promotoria e a, Corte realçaram que, nos termos
da única ata da reunião, que restava redigida pelo Coronel Hos—ª
" pro-
da, “ agressão”, é “o mesmo'usta ”. sbach cinco dias depois de realizada a conferência,, Hitler declaram
ªº & uestão da “ uerra de agressgxo”, 0 Píºblªâog?3rªíâmoá quais que pretendia absorver a Áustria e destruir a Tcheco—Eslováquia,
dou Sãog Tom ás de Aqum o, ntramo—
ªlªáªnâgê jáq estu f ” Enêo
” nasceu com os pac'qs Agora., no entanto, muitos historiadores , salientam que, nos ter—-
idéia, de “ guerra, de agressão “leg itlma âsdíaãªéin & Carta da
Íonàenavam qualquer gue
rra que não fosse em mos da ata, Hitler disse aos que o escutavam que pretendia atuar
com o mesmo problema, po
nos, hoje em dia, a braços defesa ” . (N . do T.)
primeiro, contra & Tcheco—Eslováquia e em seguida contra & Aus—=-
permite a, “gue rra em '
legl' tlma
ONU
157
156
inverteu-se essa Câmerª?“
Até agora, a. passagem do tempo habilita-nos & fazer afirma,—
tria; na verdade “dos fatos, ng entanto,. lªtas ção categórica quanto a uma única das críticas aos. documentos
objetivos. De mais a mais, nao se copflgurou qualquer as sz; relacionados com a palestra, de Hitler: trata-se da acusação de
qpe gemam necessar1
ções que Hitler, ao que se alegava, dlssera que a ata de Hossbach foi falsificada pela, promotoria. norte—ame—
cont ra & Tche co—E slova qma, quando ºs _ate-
para uma acometida ns outros hlStO— ricana. As provas. de que dispomos neste momento demonstram
. Algu
mães atacaram os tchecos em 1938 e 1939 r, 9131 absolu ao, à, saciedade que a acusação não procede. .As circunstâncias que
alega ndo que Hªue
riadores foram ainda mais longe, nçaq dçadap1e— cercaram a aparição do documento foram, sem dúvidage suficiente—
aonfe rêncí af de Hosp bach umte
não tivera, durante & de manª agitos mente extraordinárias para justificar suspeitas, pois até o momento
çao
.sentar planos sérios de ataque; t1ve_ra & mten ( : q Sc tac "U e não se esclareceu onde foi encontrado O documento alemão, ou
qaute losos ,
ministros mais conservadores e mas ame nlg. II; por que motiva foi o único documento a não ser exibido ao Tribu—
& acele rar o rltmo do reaím
Neurath, para florçá-los o_ em” a gamª na]. em sua forma original, Para aqueles que são apaixonados por
ment
estudioso sueco chegou a afirmar, com funda ntlca çao d & aªa mistérios e escândalos, é infeliz o fato de que agora. dispomos de
aram & aute
circunstâncias pouco usuais que “cerc alter a () pet??- explicações fáceis e inofensivas fundadas em registros dos De-ª
to f01 prop osúa dam ente
de Hossbach, que o documen , para rque seN 1 partamentos de Guerra e de Estado, e. da promotoria norte-ameri—
—am erica na. no outo no de 1945
promotoria norte cana. No dia 25 de maio de 1945, o Embaixador Robert Murphy,
conhno os mas de u—
zesse mais fácil a tarefa de condenar por representante do serviço diplomático americano junto ao Comando
remberg.9º de Eisenhower, no Estado-Maior Supremo das Forças Armadas
ha mªcas &, %%
Algumas dessas críticas 'são ponderáveísl e Aliadas, mandou uma, cópia. microfilmada do memorando de Hoss—
As çecla raçoe s de FH1.1er quªm-= bach ao Departamento de Estado, juntamente com uma carta
se possa, dar resposta definitwa.
co—Eslovaqma; & mito
aos planos que nutria relativamente & Tche explicando que o documento fora descoberto entre papéis alemães
Hossbach, sai? mista—
tria, tal como registradas no memorando de sob a. custódia da seção G—Z do Estado-Maior Supremo= Murphy
h1st0 r1adq rçs cgntestar,1t one dos qualificou () documento de “extremamente imteressante, de real
imprecisas, 0 que permite. aos
já tivess e tudo demc hdo aquela, a 1.13% ' importância histórica,”, mas foram os diplomatas de Washington?
mente, que 0 Filme?“
se suf1c1enteípen e ao e não Murphy, que decidiram que o papel também tinha de ser
acontecimentos; contudo? a ata assemelha— nªao menor
Corte, comp submetido ao exame dos membros da, promotoria de Jackson que
que ocorreu depois para justificar que uma o anuncm de uªm
honestidade, interpretasse o docu men to cqmo se encontravam em Washington.93 No mês de junho, um dos auxi—
d'a, d1ferençª en re
plan-0 real.. Estamos aqui novamente no remq comfetªdºª a?
iiares de Jackson fez um resumo do documento de Hossbach, sendo
do D;:re fto, esse resumo transmitida & Londres. no dia 25, juntamente com carta,
historiadores e advogados. No mundo de &"? t sªrª
uma gran de medª da: do Coronel (mais tarde, General), Telford Taylor dirigida a Jack-
crime, aceita—se geralmente Em re 31 3? no
ajustar son, sublinhando & importância. da ata de HossbachPª Mais ou Ine-=
ciário quanto aos elementos que 39 devem em ”um p a 1;
e tamb
que se demonstre que, além do crime, houv lqraç oes aliaram 0
nos na mesma época, as autoridades militares britânicas também
pode m tecer elucq tomaram consciência do resumo de Hossbach, ao que. se presume,
para executei—10. Os historiadores de expan —
os espec1f1cqs - através do seu pessoal no G-2 do Estado—Maior Supremo, e, no dia,
às razões que levaram Hitler & expor plan
r e Guirarçs talvez_çste— '? de julho, deram início ao incômodo processo de. liberação do do—
são a seus auxiliares, em 1937; A. J. P. Taylo r
0 prop031to._ do Fuhm cumento-para que pudesse ser transmitido pela Comissão Conjunta
jam com a, verdade, quando afirmam que de Inteligência, Anglo-Americana, aos promotores encarregados da,
qu? segiam, ein??-
era apenas intimidar os ouvintes.91 Quaigquer acusação de crimes _de guerra.. Esse trabalho- de liberação do
na? resta ”dum &
tanto, as questões de pormenor que” subs1stam, documento não chegou ao-íim, pois os promotores já tinham obti—
gmr, medlantfn ()
de que Hitler alimentava & íntençaq fiª. conse do o resumo através dos canais diplomáticos norte-americanos. O
mos. & leslue (Ela Menàanu &,
emprego da força, a conquista de tçxírlto incidente demonstra, porém, que,, à altura do meio do verão, a,
snzo. Assum , nao e mas ) 0 que
e de que, no final, logrou. esse propo existência e o conteúdo geral do documento de Hossbaeh já eram
que, desde , que se demo nscre , em
de elementar justiça assinalar - bem conhecidos por funcionários britânicos e americanos.95 No de—
mina do lieu estev e Qrese nte quªn
qualquer caso jurídico, que deter correr do verão de 1945, os promotores em Londres e Nuremberg
que em hnha s geram , sie apyox gmªe
do se expôs. um projeto de ação seguiram adiante, usando o sumário, sem perturbar—se muito com
“em bancas mmªn—
de um ato criminoso realmente praticado, falar o documento original. Então, na, primeira semana de setembro; o
como es—
datórias, como o faz A. J, P. Taylor, não valeria malto espírito, ao que parece, se lhes iluminou e compreenderam que a
cudo contra condenação em qualquer tribunal.
159
158
ata de Hossbach seria uma peça Vital para o processo por cºnluio, Pacjso Nagi—govíétíco de nâº-agressão, até O probl
ema das organi—
mas que não tinham, entre as mãos, o original. Em "? de setembro? zaçoes cmmmosas. A. passos contados, lograram—
se acordos quanto
chegou ao escritório da promotoria em Washington um telegrama a _cada um desses problemas, e por fim essa série
de entendimentos
urgente de Nuremberg, com instruções para. que os servidores na, fm chegando a seu termo, no mesmo ritmo em
que se atingia ()
capital americana conseguissem uma cópia, fotostática do micro—- acordo quanto ao conluio, para formar a Decis
ão final. Como pv.—=
filme de Hossbach, e que & fizessem autenticar, pois o material sem-os agora em seu devido lugar o esqueleto do
conluio é chegado
em poder do Departamento de Estado “constituía melhor prova. (» momento. de dissecar & criatura, examinando
os meºmbros que
do original do que qualquer coisa, que achamos aqui”,-ªªª Obedecen— em seu conjunto, constituíram o resto de sua
anatomia. ,
do a essas instruções, os promotores de Washington fizeram uma
cópia fotostática do microfilme, conseguiram que fosse autentica—
da pelo Secretário de Estado interino, Dean Acheson, e em 25 de
setembro. seis semanas antes de se iniciar O julgamento, enviaram—
na & Jackson.97
Portanto, fica claro que os promotores não falsificaram o me—
morando de Hossbach -—- o papel apresentado em Nuremberg era.
idêntico ao documento anexo ao ofício original de Murphy,- de 25
de maio. É muito remota, para que mereça consideração séria, &
possibilidade de que «o documento tenha sido alterado por Murphy
ou pelas autoridades militafes, ames de ser- enviado aº Departaw
mento de Estadº, Naquele momento, não havia, motivo concebível
para falsificação, pois o microfilme de Hossbach foi remetido a.
Washington menos de três semanas antes do fim da guerra. N a
quarta semana de maio, 0 pessoal da promotoria, de Jackson ape—
nas tinha sido organizado em quadro, e ninguém fazia a, mais leve
idéia, do que lhe caberia fazer ou de como o faria. Seja o que for
que se pense das habilidades e do desempenho que Murphy deu
a suas funções, nunca demonstrou capacidade, seja para a profecia,
seja para forjar documemos. É uma, infelicidade o fato de que 0
registro original de Hossbach ainda não tenha surgido à tona. É
muito possível que se encontre nos Arquivºs Nacionais, tranquila-
mente resguardado pelas restrições de segurança que se aplicam
aos papéis do Estado—Maior Supremo Aliado. Mas esse problema
não é assim tão importante para a questão que debatemos.
A ata de Hoss'bach em um. documento legítimo, embora, não
necessariamente preciso, e a Corte lançou mão dele e de outras
atas de conferências de Hitler como provas cruciais na. demons-
tração comprovada que denotava uma série de planos de guerra
nazistas. O que resultou pode não ser bom, aos olhos dos historia—
dores, mas é coisa que se pode defender, sob o aspecto da prática.
legal. Ao atuar assim, a Corte resolveu o assunto da. acusação de
grande conluio, e abriu & cancela para a preparação de umade-
cisão final.
Durante os meses entre junho e setembro, enquanto se debatia
com a questao do conluio, & Corte não deixou de estudar uma série
de controvérsias menores, que iam desde a maneira de tratar o

160
161
CAPÍTULO 6 no começo, Níkitchenko sugeriu que os parágrafos das partes cor—
rigidas fossem numerados, o que, sendo feito, acelerou considera—
velmente & marcha, da c'liscussão.3 Quando os juízes se reuniam,
cada titular e cada, suplente tinham a oportunidade de exprimir
sua opinião sobre o materia]. & ser tratado, e depois seguia—se
uma discussão geral.. A. não ser para. questões fundamentais,
Decisãº? H: Disposições, Gerais como a de conluio, chegava—se & um entendimento ...sem recorrer
a um voto formal; se a maioria dos membros da Corte não estivesse
e Organizações Crimmosas satisfeita. com uma, parte do rascunho, & discussão perduraria até
que fosse encontrada uma fórmula que parecesse satisfatória,, e
então pedia-se & Birkett que corrigisse, de maneira conforme, a.
seção.
Para, poder trabalhar dessa, forma, os membros do Tribunal
devem “ter alcançado certo grau de confiança recíproca, na capaciu
dade e na integridade de cada um. Embora tivesse havido uma.
profusão de conflitos e momentos desalentadores de não—cºmuni—
Não se pode punir todo um regimento: só se cação, havia. um fundo de verdade no comentário posterior de
" um homem..
pode punu Francis Riddle-*» Riddle segundo o qual. “através dos longos meses de julgamento”
os oito juízes “tinham—se tomado amigos”.4 Os juízes sºviéticos
adotaram uma linha, coerememente rígida e suspeitavam muito
de argumentos e decisões Longos, teóricos, que pareciam contrariar
a Carta, mas não se pode falar de uma verdadeira cisão entre Oci»
dente e Oriente durante as deliberações finais.. Os soviéticos esta—-
vam em inferioridade numérica da, ordem de três votos contra um,
mas Nikitchenko não perdeu sempre, e o juiz titular soviético tinha,
tra—=» uma rara, capacidade de se recuperar de derrotas.. Freqíientemente
A Corte de Nuremberg em criação novª, desprovzlda de fazia sugestões práticas de grande "valia, mesmo em passagens que
lecido, mas rapldamen'te desen volveu
dição e de um sistema estabe “tinham sido adotadas não se levando em conta sua oposição..5 T0=
em. tempo
procedimentos que solucilonaram numerosos problemas dos os juízes estavam visivelmente determinados a fazer funcionar
nos
recorde, Entre 27 de junho e 8 de agºsto, & Cort? trabalhou , o sistema e, embºra a fadiga e 0 desgaste nervoso Éornassem difícil
guerra
rascunhos e nas correções da introdução e das seçpes soPre m o prosseguimento quando se aproximava & data, da divulgação pú»
por Birke tt. Embor a, essas dela.]o emçoe gfosse
de agressão, feitas blica da Decisão, Os membros do Tribunal conservaram, um raro
de _relgtg va aber-
mantidas emsegredo, ocorreram nuªm. atmosfera espírito de camaradagem até o fim. '
os. Eãn
tura, permitindo—se & livre circulaçao_ dp assessores ]urlçhã
8,18 emaªf e A Corte poupou—se considerável aborrecimento ao rejeitar por
8 de agosto, no entanto, & Cofee degldm endureceryo
_permlulu
segurança que cercava suas dehber'açoes e desde entao so decisão unânime, no começo de agosto, levar em consideraç㺠os
. na sala de dehbe raçao, sumários da, promotoria que não tivessem sido apresentados um
& entrada dos juízes e de dois interpretes ag as
as que se sçgm ram, foram tºpad Tribunal. A rejeição de requerimento nesse sentido não só plªnte»
Nas sessões & portas fechad emm-=
es a respeito do cpnlu lo e das orgam zaçoe s geu &. ...integridadejurídica dos juízes, como também limitou um
principais decisõ
para cada reu
mesas, e foram decididos os veredlctos e sentenças pouco o volume de provas, que já tinha alcançado proporçõeg
em particular? alarmantes.ª Outra decisão inicial que simplificou as coisas foi a
aceitação pelo Tribuna]. do esquema geral. de Birkett para a De»—
r fiº 8
Nas deliberações, tanto antes quanto depois do parece cífsão. Esse esquema., que foi mantido aa longo de todo o período
aprom ma—
de agosto, a maneira de proceder da Corte permªneízeu de deliberação, previa, uma introdução geral e uma seç㺠higtórica,
dlstno uídas & cada,
damente & mesma. Antes de cada sessão, eram seguida, de sumários das guerras dê agreasào nazistas, crimes de
?,asícunho de
membro do Tribunal cópias dos pontos relevantes do guerra e crimes contra. a humanidade. Sabiameme, & Garªge decir“-
ses e os sowet mºs. Logo diu lidar primeiro com 05 dados descmâima prátàcºs que ima'ãmàriam
Birkett, inclusive traduzidas para os france

162 163
na Decisão, & chegou a um acordo sobre 0 materia]. introdutório aº gerais, “como o conluio, foram resolvidas 9 os veredictos individu
ais
fim de sua segunda reunião, a 11 de ;]to.“7 " determmados, grande parte do trabalho teve de ser refeiâa. ªtá—"ªas-
, Um pouco mais espinhosa era a questão do estilo, pois todos os sagens do Mein Kampf que prenunciavam que Hitler desejava, uma
membros da Corte se imaginavam literatos legais, e 0 papel de guçrra. de expansão tinham sido extensamente tratadas noa âpri—
Birkett como redator nem sempre foi dOS'mais fáceis. Muitos de mçmg projetºs de texto, mas, quandº a acusação de grande mn—
Seus colegas achavam que era pouco conciso, e franceses e norte—- 11110 fm retirada, essas citações tiveram de ser el_imfiz'ínad.asª Da, mes-
americanos repetidas VEZES exprimiram & opinião de que sua presa ma forma, as descrições substanciais que inicialmente; tinham sidº
em muitº emotiva, e polêmica, Nikitchenko, no entanto, usual— dadas as atividades de Papen e Schacht tiveram de ser podadas ou '.
mente "tomava, a defesa, de Birkett nesse ponto, considerando que cortadas quando se decidiu que esses hºmens seriam abâoividos.
suas frases mais apaixonadas eram não só apropriadas como ne- , ª A grande maioria dessas controvérsias tinha implícacões pa—
cessárias. Por Conseguinte, & correção consistiu principalmente em htlcas ªpenas secundárias, mas um puzahado de disputaã surgiu
amenizar a linguagem de Birkett, mas os juízes despenderam um. & respelto de questões políticas e ideológicas mais sérias. No eca—
tempo enorme e um imenso esforço para chegar a esse resultado. mçço das deliberações, Nikitchenkº "isentou cºnvencer as outros
O fichário de Biddle está literalmente empanturrado de ras—- gumes. de que 0 papel dos industriais e dos diplomatas nazistag
cunhos e correções de partes da Decisão, as quais foram uma a deveriª ocupar um lugar eminente na seção matéria. Mas as juí=
uma. emendadas com cuidado e revistas & mão. Devido à impossi- zes ocidentais, chefiados pºr Biddle, afastaram mpidammte- esaa
bilidade de fazer com que oito juízes, utilizando três línguas dife- sugestao, opinando que Hitler tinha, rompido com 0 pºder ina-ie—
_ rentes, concordassem e chegassem & um denominador comum no pendenªçe de ambos os grupos desde cedo. Em outra ºcasião já
tocante a, uma palavra ou uma frase, a maior parte desse esforço nas dehºberações, Donnedieu de Vabres queria inserir uma gáçâe
fºi inútil., Em 8 de agostº, finalmente, os juízes reconheceram a & respeito dos métºdos de cºmbate utilizados pala, Registêneía
inevitável e decidiram. que dali por diante, depois que um acordo para estabelecer um contexto que pudesse aplicar melhor 05 méÍ
tivesse sido alcançado quanto às questões de princípio e que um. todos selªvagens de repressão nazista. Dessa vez foi Niki'tchenkú
estilo geral tivesse sido estabelecido, problemas específicos de ex» quem se mdlgnou, conseguindo obter apoio ºcidental, até que final—
press㺠ficavam & cargo do próprio autor“ A Decisão afinal clí— mente o juiz francês abandormu & idéia,,“ '
Vulgaáa, está fedígída, pºrtanto, cºmo se pºdia, esperar: é um do- , De uma maneira geral, surpreende que tenha sida restrito o
cumenta cujo conteúdo e caráter geral foram estabelecidos por numero de Questões políticas que emergiram durante as discuss—9633
um comitê, trazendo ocasionalmente pinceladas pessoais de Nor»- sobre 53, seçao histórica. e as partes da Decisão que diziam resp-eitº
man Birkettª aos Cnmesde Guerra e Crimes contra a Humanidade. Em um de
No entantº, uma, fºrma simples comº essa não pôde ser en» sçus prgmelros rascunhos, Birkett fez & recomemdacãa ãe que &
contrada para tratar de muitos problemas substanciais com que dlgcusgao sobre crimes de guerra devia receber maio? ênfase, pois
o Tribunal se defrontam; eles tinham de ser resolvidos um a um, tals cumes estavam na lembrança dos povos de todos os países.
e em alguns casos a solução para, um enigma Vinha negar a res-» Mas seu conselho não foi seguido; como de costume em Nurem—
posts. que antes havia sido encontrada para outro. As par-tes histó— beygamaior valor foi atribuído à. questão da guerra de agressãº, e
ricas que resumíam as raízes do movimento nazista e a história do ÍOI al que surgiram sérias controvérsias.“
Terceiro Reich eram bem problemáticas. Os juízes estavam. em A longa seção III da Decisão, dedicada à guerra de agressão,
desacordo tanto no tocante a que aspectos gerais deviam ser sa— qomeça com'algumas páginas introdutórias sobre a tomada da
lientados, quanto a que detalhes incluir. Lawrence queri-a salientar Austrla e da Tcheco—Eslováquia pelos nazistas, juntamente com
a ascensão nazista ao poder, enquanto Biddle achava que isso em um exame-pas" provas de"”guerra de agressão, em especial as atas
de menor importância, e que se devia, dar ênfase às medidas re— dasponferçncias de Hitler em 1937 e 1939. Seguem—se subseções
pressivas tomadas pelo regime. Birkett reservava ao Expurgo San- lciedªcgdas & consideração de ataques de agressão explícitaáos no
grento de junho de 1934 um espaço considerável, mas Nikitchenko md1c1amento, & começar pela invasão nazista da Polônia em se—
conseguiu fazer com que essa passagem fosse abreviada. e que fosse tembro de 1939 e terminando com & curiosa, acusaç㺠de que a,
dada maior atenção ao incêndio do Reichstag e à consequente Alemanha, em empada de agressão contra os Estados Unidos em
supressão do Partido Comunista e dos sindicatos levada a. cabo 1941. _As partes mtrodutórias sofreram contínua revisão durante
pelos nazistas.g Cada uma dessas controvérsias provocou longas as dellbgrações, quando a Corte lidava com a, questão do cºnluio,
discussões e pelo menos uma, emenda, mas quando as questões e a versao final em muito menos emotiva, e muito mais objetiva

15% 165
nesse ponto, mesmo na revisão final, não fora o fato de no ter.-
que os primeiros rascunhos. Embora durarªm &, conªgrovérsia solªr-e
— ceiro rascunho ter sido incluída, uma passagem sobre as bases do
o conluio Donnedieu de Valores fosse favoravel & rçtlrar & refeyçen
cia, aos ataques feitos depois de 1939 por serem Vlrtualm ente me— ataque nazista. contra a Polônia, em 1939, a qual Continha uma.
vítáveís & partir do momento em_ que ”começara a guerra, seus longa, citação do discurso de Hitler aos seus generais, &. 22 de agos—
colegas rejeitaram & idéia», e a cada mvgsao concedeu—,se pelo manga to de 1939. Nessa citação, () Fúhrer sustentava que o Pacto Nazi-—
º Soviético tinha condenado a, Polônia,, ao isolá—la diplomaticamente.
uma página na forma fmgú da, Deolsao. Mesmo asglm, Aa questa
que dªma ser reserva do a cada. ocorren cm. e de Na, discussão desse texto, os juízes soviéticos lutaram energica-
do espaço relativo
I mente para que se apagasse essa, parte das observações de Hitler,,
que maneira se devia tratar de cada uma. delas pyovocaya dlSCIlS—
ma 193.18 esplglh pso fm. o que é compreensível. A 8 de agosto, Nikítchenko e Volchkov sus—
sões e revisões intermináveis.“ O proble
tratar da. conduta soviética, às vésperas da'invasao da 130301113,“ pçlos tentaram que ela devia, ser cortada porque, no seu parecer, era.
alemães, em 1939, pois Stalin, ao assinªr o Pagªn? Nam—S
owetmo, uma distorção. Esse primeiro esforço não comoveu os outros juízes,
que
deixou a estrada livre para Hitler invadlr & Paloma. Uma, vez mas Nikitchenko voltou à carga a '? de setembro e finalmente
as cláusulas secretas daquele pacto aparece ram mgs provas, mesmo conseguiu que fosse eliminada essa passagem desagradável.. Em
;
sob forma sumária, em difícil evita; & conclusao de %ue 8132111113 seu lugar, Birkett acrescentou uma frase flexível indicando que
& cooperar em agosto de 1939 Ribbentrop tinha sido enviado & Moscou para
como alguns dos réus ali presentes, tmha clontmuado
dos negociar um pacto de não-agressão, Uma, frase introdutória, foi,
com Hitler depois de ter conhecimento dos planos de at_ague
esse tipo de condut a valeria sentenç as d_e pmsao ou a também aerescentada à seção sobre o ataque alemão à União So—
nazistas. Se
a dlzer & Corte a, viética em 1941, declarando simplesmente que um acordo de não-«
morte para réus como Wilpelm Eyíçk, que p_qden
ca? A. d.,lflçul dadçºc rescm com agressão germano—soviético tinha sido assinado em agosto de 1939.
respeito das ações da, Umao Sovmtl
uma A. forma final da Decisão, por conseguinte, tratou da delicada,
o fato de que, ao chegar ? vçz dç _ser & Russm & Vltlma de
invasão , em 1941, os alemae s justlflc amm seu ataque com o arfgu— questão da. assinatura do pacto pelos soviéticos simplesmente
mento de que Stalin preparava-se para romper o acordo nam-so— ignorando-a. Da. mesma maneira,, foram passadas por cima. as
viético e estava prestes a lançar um ataque contra, eies. Dessa questões relativas ao posterior cumprimento dº pacto e a comida—«-
as ração do ataque alemão como guerra. preventiva. Portanto, inad—
forma, a, Corte parecia não ter meios dg ;idar com as alegad
agresâões contra a Polônia e & Uniao Sowehca sem tocar no Pacto vertidamente, &. Decisão talvez tenha dado crédito à aiegação &&
Nazi-Soviético.
defesa. de que a Rússia estava preparando um ataque contra a
Alemanha, em 1941, embora faltasse & essa asserção o suporte de
Adrian Fisher, O assessor jurídico norte—americano, foi a pm.— uma prova, significativa.“
meíra pessoa. associada à, Corte que tentou regolver o problema. Nos
memorandos que escreveu antes da preparªçao do pnmeuo .prºjeêo Os problemas a, respeito do Pacto Nazi—Soviético resultaram
da Decisão, mal disse uma palavra & respeªtqdo Pacto Nªm—Sowe— em algumas das passagens mais incongruentes da, Decisão e cons-
tico, mas quando tratou da invasªo da Bussm pelos naz1stas, em tituíram também um de seus episódios políticos mais esfarrapa—
1941, declarou abertamente que nao hgma qualquer prova, de :pre- das. Mas a maneira de tratar o ataque alemão à, Noruega, também
paratívos soviéticos para um ataque a, Alemanha, e que, ao que não ficou atrás no que diz respeito à- estranheza ou à conveniência,
os
tudo indicava, os russos tinham cumprldo escrupulosargente politica. Aprincipal dificuldade em sustentar que os alemães se-
termos do pacto. Esse“ elogio aos russos pelo fato de maq terem riam culpadºs de um ataque de agressão contra, a Noruega, neutra,
preparado um ataqpe cgntlja & Alemanha:, e terem cqmpndo um residia em que, no momento da invasão alemã,, na primavera de
pacto cuja, existênma nao tmha gldo prev1qmente a_ssmaladq. em- 1940, forças britânicas também se estavam preparando para. de-
prestam uma nota um pouco dlssonante & _narratlva de; Flasher. sembarcar naquele"país;" É verdade que a, operação aliada. em em
Mas o fato de o norte—americano louvar Stam]. por sua _f1dehdade menor escala que a, alemã, e também provavelmente, não acarre—
& um acordo com Hitler no meio de uma crôrªíca que sqblgqha 0 ea— taria & sujeição total. dos noruegueses, Mas isso é tudo que se
p
ráter óbvio da malignidade nazista é algo tao contradúomo, que pode dizer em defesa da, operação aliada., pois constituía nítida,
assunto deveria ter sido tratado logo no começo do process o deh-— violação dos direitos de neutralidade da Noruega, Durante 0 31.11“
bemtivofª Essa. singular formulação, no entanto, teve, surpreen— gamento, o testemunho da defesa. estabeleceu que as forças ale—
dentemente, longa vida. Birkett adotou quase palavraãpor palªvra mãs que lutavam na, Noruega em 1940 tinham capturado do-
a redação de Fisher, que foi mantida, dqrante os ºtres pnnqelros cumentos aliados que provavam de maneira. inquestionável que um.
rascunhos da Decisão. Na verdade, as casas podenam ter heado desembarque aliado na, Noruega estava, sendo preparado antes do

166 167
unha deixou implícito que a, decisão final dos alemães tinha sido preciw
ataque alemãº..“ A. promotoria tentou. rgbater esse testem pitada pela iminência de desembarques britânicos.1ª Dessa "vez&
ale-ma es captur ados, que os
mostrando, através de documentos porém, Birkett não se deixou levar por Fisher, e os dois primeiros;
planeja do seu assalto _mdep endem emente de qual—
nazistas tinham rascunhos que fez da Decisão declaravam abertamente que as
de—
quer informação concreta de que GS luglegçs estwessem para alegações alemãs de que os nazistas teriam atuado de forma & an.»—
arando ” esse ªrgum ento _e
sembarcar. Se 0 Tribunal considerasse tecipar—se & uma invasão britânica eram “infundadas”? A maneira.
o fez, o. ataque alemao EJC-dla: ser consp-
essa. prova, como afinal pela qual Birkett tratou & questão foi. calorosamente secundada
çg esª»
derado como de agjcªusªssãoª pouco lmportando 0 que os mgles por Dormedieu «de Valores, 0 qual asseverou que a Corte não deveria,
tivessem fazendo ou. preÉendessem fazer. E, no emanto, justlfmar
planos discutir o problema das “intenções” de agressão da Inglaterra à. '
& punição dos líderes alemães e ao mesmo tempo lgnomr os Noruega.-ºº Mas Níkítchenko achou, desarrazoado O manejo brusco
de agressã o dos aliados , bªseªnd o—se no fato de que o, erro de um
0 que e legalm ente de Birkett quanto às ações alemãs; do ponto de vista, de Nikit—
não justifica o do outro, va; nao apenas contra chenko, o ataque à, Noruega era diferente das primeiras guerras
justo, mas contra () próprl o bom senso.
de agressão, pois, uma vez começada & guerra, a necessidade mi—
Para poder avaliar & maneirªs», como a. Corte tratou da, ques- litar se impunha e os alemães se viam forçados a controlar o
ros dº
tão norueguesa, primeiro é prec1s-0 pesgmsar se os memb flancº direito da Europa.,21 É claro, a União Soviética tinha, feito
com certeza , que na, pnmav era de 1940 estªvam
Tribunal sabiam por seu lado um assalto ao seu flanco escandinavo na Finlândia,
aº Como vamos
sendo preparados desembªrques aliados nª Iºªomeg alguns meses antes de os alemães atacarem & Noruega, Portanto,
acima, o governo britâmco demon conscwntemenjge de! apijegen— as considerações de Nikítchenko não estavam isentas de interesse.
tar à, Corte certos documentos, dentre eles papel?, Aqge dlzmm
Lorde Fºi Parker quem descobriu a fórmula ªe comprºmisso & res-=
respeito à IkítaífuegauªLG Os titulares da promotora brligamca,“
to ”de'sse peito da Noruega utilizada. na Decisão final, mas ela não era, muito
Shawcross e Maxwell Fyfe, devem ter tomado_ conhemmen
ses
fato e de seu porquê. Mas não se pode aflrmar que os
satisfatória. Parker forçou os juízes “britânicos &, voltar atrás, e
ssem com exatid ão o que cqnsta va na. dºcum ema— um sumário da prova que mostrava, que o governo britânico tinha
britânicos soube planos específicos para desembarcar na, Noruega foi incluído na,
par do que
ção política de seu governçª nem que estwessem &
ente qualq uer prova documen— Decisão, Mas então, Parker, escrevendo em nome' do Tribunal,
ocorrem na. Noruega. Não ha atualm acabou anulando as principais alegações da defesa ao concluir que
mas deyg—sg fazei“
tal de fácil acesso indicando que ta]. fossep casq,
“bmtamcaª ps a prova de que os líderes alemães eonheciam os preparativºs inv
& ressalva de que, sendo membrºs da. Vida, publlcª
,rumo res provem entes dos enª-« gleses antes de decidir O ataque não em convincente. Na, opinião
juízes não podiam deixar de ouwr rªm
como tambe m das pessoas que anda final do Tribuna], O ataque alemão à Noruega em abril de 1940
culos governamentais,
ter perce bidº em apenas 0 produto de um longo período de planejamento índe=
envolvidas com a operação Norpega, Eles demam -
“que as alegações da defesa. alema eram de peso,. pendente, e () paralelismo de datas entre a operação britânica e a
alemã não passava de coincidência. Dessa forma, 0 desembarque
s, ºn? gen—
Os membros do Tribunal originárilog de outros paísebrrigam co alemão não era nem defensivo nem de- retaliação, e a Corte rejeitou
tanto, tinham., menos motivo para suspeltar do. governo categoricamente & idéia de que atacar um outro país pudesse ser
m va—
ou para, aceitar as alegações da defçsa por aqullo que pareça uma aplicação válida de direito de legítima defesa segundo o Di.—
fato, Biddle pareçe ter flcadg favoya yelmen te lmpres—
ler. E, de reíto internacional. Esses argumentos em sí nada têm de desarm—
promoço—
sionado pela prova da agressaq dos alemaçs ex1b1d:a _pela zoado, e Parker, ao utilizá—los em nome da, Corte, manobrou para
tarde reglst rou duwda s & respelto
ria em dezembro de 1945, e meus de obter seus dois objetivos primordiais: evitou que Birkett inocen—
argum entos que a defesa ªprese njzou exln favor
da validade dos tasse o papel da,...Inglate-rra na, Noruega e manteve o caso nome—=-
7 Levando
Raeder, no que dizia respeito a essa, questao, em Julhº. guês cómo um exemplo das guerras de agressão dos nazistas. Mas
melhor
em conta as turvas águas que cercam o 9380 pºrtzteguesi & & sutileza de Visão jurídica utilizada para chegar a tal resultado
conclusão parece ser a de que os juízes nao-bmtamcos nao tweram
ente deve deixar o leigo estontead0.ºº
acesso a informações convincentes & respelto do que realm
acontecera naquele país. Depois de seguirem seu curso todas as definições e argumen—
u tos cautelosos, & conclusão óbvia que ainda está. implícita no tra-
No entanto, foram apresentados tantos tgstemuphos compro
que estaya m assom ados & Cor13e_ reço%- balho de Parker é de que tanto a Alemanha quanto a. Inglaterra
metedores que alguns dos
ml— eram culpadas de planejar uma guerra. de agressão contra a No—
veram agir com cautela. Quando F1sher preparo? 0 sumamo
o dlretam ente, mas ruega. Os defensores do sistema de Nuremberg mais tarde usaram
cial sobre a Noruega, não tocou na questa-
169
168
um exemplo de guerra de agressão, mas não conseguiu obter o
() emprego desse 21,31;
de todos os seus esforços pªra justífãcar comno cªso em qu s 01: apoio total de nenhum dos outros juízes. Nikitchenko reconheceu,
& Cort e lida r
critério pelo Tribunal: cabia” que o caso grego era duvidoso, mas pensava que os alemães tinham.
governo mgles, e asªlrâ pdº
a, Corte não tinha jurisdição sobre o agido segundo planos há muito elaboraáos e não em resposta aº
a melhor bog, vomt [& ª a—
diante. Tudo isso é verdade, mas com desembarque britânico. Parker e Lawrence estavam de acordo em
019 _que ta]. Cçrte naio les aegsepsó
mundo não se pode negar o fato aceitar uma remodelação do rascunho de Birkett, mas não estavam
arpente ªmparcmd seo ºu]. a—
cita-da para fazer um julgamento mhª dispostos a. riscar & Grécia, da lista, das guerras de.- agressão da
umco pms. Quan () dels gue
for dirigido contra os ligeres de um Alemanha. A oposição de Biddle foi silenciada e na versão final o
Churçhúl, um P , 3110
mento de Nuremberg terminou, Wmstor; mado ao? () ema º Tribunal limitou—se a descrever o longo e complicado planejamento
na que ga, fo1 agra
planejaram desembarques que fizeram os alemães para uma invasão da Grécia, o qual fora
mbarqugs na %ru gbási-
Nobel da Paz. Outro que planejam dese elaborado antes do desembarque britânico. Fizeram uma pequena,
de pmsao perpe $a, eim
Almirante alemão Rae-der, recebeu pena concessão &, Riddle, anotando que Hitler tinha. justificado sua, ação-
mpe nham ng. Noruega. Um egctivoâ
camente pelo papel que dese declarando ser ela dirigida contra a presença britânica na Grécia..
razaq de seus pregª iªades
Alfred Rosenberg, foi enforcado em Mas mesmo esse pequeno gesto foi rapidamente neutralizado por
bem por suas ªliªram ()
para .a campanha da Noruega, comojam Nurembergn lãefensá- uma frase que tomava mais que evidente que os britânicos apenas
Os Julzç s em
posteriores na Rússia ocupada. queriam. ajudar os gregos contra os italianos, e que jamais lhes
gasºsa e legalmen enhº Más
possível para que o julgamentq fosse tinha, passado pela cabeça a idéia de construir uma frente nos Bal-
bem no senprªgíh nie
vel, 6 de uma, maneira. geral; sairam-se ento mas r]. a . cãs contra a Alemanha.25 Essa maneira de considerar as causas
seu. mom
& Noruega, seguramente, nao fox. da. campanha na Grécia está. baseada numa interpretação maitre—-
líto de Nurelrílbefrg
O cenário em que se deu () Éerceiro çopf mame'nte restrita, dos fatos mais importantes, mas não] teve uma
a pela, Alerâan tªmª
sobre a guerra de agressão, & ínvasaqda Grec sem & .ver_ e se—
forma tão intrincada, nem conseqúências tão injustas como & inter-=-
aes atac aram pretação utilizada, para o caso norueguês. As realidades grega &
parecido cºm o da Noruega,. Os alem nte & puma? ue
mesm o temp q, dura balcânica emm, como não poderia deixar de ser, muito complexas?
a. Iugoslávia e a Grécia, ao
das %uan & se o araq
tq
mana de abril de 1%]... Mas surglram duvza e 0 paralelismo entre as ações dos britânicos e dos alemães não
agres sa—o,» pms nessa eªe?-
à Grécia em um exemplo de guerra. de fgnsªde 1940,“ títàSO
em tão estreito quanto o que existíra ao Norte. E, 0 que é mais
naqu ele pms, Em importante, nenhum réu foi para a prisão ou para () cadafalso pmª
tropas britânicas já estavam
esse pms 't1vesse res.].s _
soliní tinha invadido a Grécia e, embora ter tomado parte no planejamento do ataque alemão à Grécia, e,
ram tropas_ ªe apªlci
muito bem aos italianos, os “britâmcos envm vistas as circunstâncias em que se deu, : esse resultado pode ser
març o, Quan do" os nams gts ªaa;-
durante a, primeira semana 'de Slmpíesmen ªrame
considerado o mais moderado e humano possível.
-se çhze ndp Aqqe estav a
caram, Hitler justificou trulr u_ma . _ tº do A última controvérsia sobre uma acusação específica, de guer—
de cpns
tandro- opor-se & uma tente—«tw? brrtamca que hawa ems 1 ra. de agressão quase parece um cômico momento de alívio, se
lhant e a
contra a “Alemanha nos Balsas, seme comparada com as três questões mortais e sangrentas que a pre-
durante a I Guerra, Mundial. cederam. No indiciamento, & promotºria ímputou à Alemanha um
çou-se galgntemepte
Como no caso da Noruega,, Fisher esfor Crime contra a Paz por incitar o- Japão a atacar os Estados Unidos
ãal Qto casº grego , mas clªmou & 1336
por contornar a questão cent e por declarar guerra, à América, do Norte no dia seguinte a, Pearl
uma respos & ao erêãº
pressão de que o ataque alemao fímhra ado Harbor. Ao examinar essa acusação, é importante para, os norte-
lho sobre & qqes _“;
de tropas britânicas.23 No seu prugnemo trªba s. Seu. pmmel americanos lembrar-se., de que, quaisquer que tenham sido os no-
meto dos dlfer ente
Birkett tentou empregar dois ºhava ivam & crerlqlle bres motivos dogovemo'de Washington em 1941, os Estados Uni-
de have r prova s que
texto mencionava o fato mcos nos ?a. efª: dos praticaram guerra naval não-declarada. contra a Alemanha,
bntai
Hitler estava tentando barrar o passo aos lma que & açªo ªett esforçando-se em ajudar a Grã—Bretanha. Não existe paralelo
e conc
mas depois passava por cima degse fato rascu nho,1 n' da possível entre o que aconteceu em alto-mar em 1917 e em 1941;
agres sao., No segu ndo
mã fora unicamente de do prob elªªvíra no segundo caso, os Estados Unidos violaram explicitamente toda
z—se
riscou parte do texto sobre & Grecw. e desfe agexã as ão che- regra'estabelecida de neutralidade. Durante o julgamento, & equi—
a mon ta, que
presença britânica como coisa ge pouc en— pe de promotoria dos Estados Unidos bateu—se valentemente no
esjse segup o ex
de “pretexto” à agressão alemafª Quando le :Eeco mmo sentido de encontrar apoio para a acusação de que a Alemanha
dç Julho, Bldd
gou ao Tribunal para ser discutlclo, &, 17 estivera planejando uma agressão contra os norte—americanos an—
se trata sse & invas ao da Grec m. pelos alemaes co
dou que não
171
170
tes de Pearl Harbor. O propósito trainãpameàlte ªªsiªneââorãâeeªª ar; passava, em revista as principa
' ' " ' a, americana aos alla. os emo . is ações cometidas pelos líderes
nazistas contra os Estados Unidos
Justlhcar Unldos
Estados & ' ajudcornam' ' o e que H1"bier tinha,
perlg & 1 buta marcado
da pro—'os , mas n㺠conseguia tomar ele—-
cisão sobre se essas ações constitu
"
amerlcanos para, um futuro ataque. _ O resultado
“ a, ucos
& fragmen-
íam ou não um caso de guerra
de agressão.ºº »
motona, ' no entanto, fºi' dec,epcmnante.
. Havm unsÉpo1 am de uma Foi nesse antíclímax que o Trib
tos de documentos secundang 5 de planos que . a av Atl“ t & o a casos. específicos de Crimes unal terminou seu exame dos
' lsta,
' pel-os ªlemaes de bases na vms _ no . an. ac contra a Paz, mas ainda era
preparar uma declaração sob preciso
posswel
serem usadas % ana, eventuah”dade _ de um. futurº eominto t com acusa-
uma OS Es— re a questão geral da guerra,
são em Direito Internacional de agres—
os Umdos “ mas eram friagem' d emais para susten ar . _ . Em duas de suas primeira
cações ao Tribunal, Birkett s notifi—
332 de pesofê A promotona apresentou. grande guantldaêieªdevªoh sugeriu aos colegas que foss
tante cautelosos ao fazer refe em bas-
cumentos para mostrar que funcionamos aâemaes ãeafãglâãerm rências jurídicas no conjun
Decisão, mas também fez not to da
arduamente para convencer 0 Japão de que .evm en r 1; S mostra— ar que os advogados do mundo
ro estariam esperando da Cor intei—
atacando outros paises ' em_19404941. Mas ,. os documen
_L 0. te que ela. fizesse uma declara
âmbito geral no tocante à lei ção de
vam que, embora as automdades algunas, de I—Iulelç & .Elbbeãllãrªâí que regia o processo.—ªº Os três
bros titulares dos países ocid mem—-
estivessem ansiosas para. que o Japaobatacóaífãs ªrªnâgªgíliadadégde entais, durante a primeira ses
liberativa, em junho, opinaram são de—
terra, e depms ' & Russm,
' ' nao " mam
' com 0115 _ , & wºrm que uma declaração jurídica
era, necessária e, embora, tive geral
uma, acao ” Japonesa,
" que envolvesse ,os .Estados_, Umdos 1 num
1; do g _,
contra sse feito objeções no começo
seêembrcl, Nikitchenko mais de
ª
eral, Como & Gra"—Bretanha e a R ussm 3aº estavam “ 11 an . _ tarde voltou atrás e concordou
com
ª Alemanha nessa época, essa venda dª. ldem, tpoªepaªlªílzie gfaªtlâí
nao
" 00113.
' ser conglderada
" com 0 fazer;. O pai:“ e ” _
guerfa de agressão. E no outono de 1941, quando os ªlemªâãaxfaâs
mente deram seu acordo para, os planos Jggoneses eng nte , we ao ser preparada, e há indícios
bases britânicas e norteaamericanas no Paclímo, em em e q de que a, declaração inteira, foi
capalmente obra && equipe jurí prin»
o faziam com relutância. dica norte—americana.ªª
A. forma final da, declaração
não fora, motivada por loquac trazia poucas. surpresas, já que
Depois de estudar O problema_, em malo de 1946Á1F1sªãªl50%: idade jurídica, e sim pelo des
responder às objeções que a ejo
”(3111.13.11 haver “poucas pmvas” (me mdlcassem qua % d emUmS” Corte tinha certeza de que ser de
vesse planejado “um ataque; 6113130 contra (.«os Es fa ããssa acusa: feitas“ Uma das escolas de pen iam
samento jurídico de maior influ
Na sua opinião, 0 único caso manual que _podla usurglr d. do carta. cia na épaca em o positivism ên—
o jurídico, cujo porta—voz ma
ção era, o fato de que Ribbentmp 9 121113161“ Unhanílw1a,27 Birkett tacadº, Hans Kelsen, sustentava is des—
. se unlcamente nos tratados que &, validez de uma lei. baseav
branca aos japoneses no outqnp e na. pmma'vera de blêma (e em em Vigor, nos procedimentos a-
também parece haver tido d1f:gcu1dades com esse prom resolvê—lo costumes; para os positivistas e nos
lega
seu primeiro rascunho o çzçpedlentç que encontrgu Ea no se undº princípios jurídicos gerais ou univ is, as referências tradicionais a
ersais não tinham o menor sen-=
foi o de simplesmente ormtl-lo por mteujo. No endan o, maraãagem ' tido; Não se precisava de muita
imaginação para, determinar qua
rascunho, talvez movido pº? um sentlmento , e ça idicamente as partes da Decisão de Nurem is
berg que seriam atacadas por
entre aliados, ele fez aposswel para fundamentar 331311" “ falta de sem e seus colegas positivistas, Kel.»
pois era inevitável que eles teri
a questão. Embora concordasse com Flshçr no toca,? eta ue os em mim o problema da guerra am
de agressão, se era ou não crim
provas de um plano de ataque d1re130,_ .B1rkett sus (ªnl-ou qara o e se líderes individuaisdo governo e,
eram criminosamente responsá»
alemães tinham discutido essa, p-0381b111dade como l a go ãe ata— veis na. época em que os atos incu
lpados no indiciamento tinham
futuro” e tinham encorajado os Japoneses em seus â ançs oneses sido cometidos. Resumindo, O
problema jurídico para a Corte,
que. Mais tarde, ao entrarem n'a guerra. fio lado qs ªp ue ºs; como disse Biddle & Nikitchenko
com franqueza em setembro, em
concluiu, os nazistas tinham “SldO cumphces dos gum esª, últi- mostrar que suas medidas legais não
tinham sido adotadas em post
japoneses haviam cometido??? Embora fpsse engãlàl eso, uai na faciaªª
mo argumento não censegum lmp-resswpar B1 e, o tªradª) da A primeira, linha de defesa adotada
sessãó deliberativa de 9 de_setembyo, pçdlu que fosse minte & se— lecer que, por causa da, rendição
pelo Tribunal foi; estabe»
incondicional dos nazistas, os alia,—
versão fínal. O pedido de Blddle f01 3061130. e por. consegu cuco no dos tinham adquirido poder legislat
ção sobre agressão contra os Estados Umdos ÍICOU. um p ivo soberano na Alemanha e
podiam agir segundo bem entendes
sem, & Carta de Londres em
172
133
expressão desseqpoder e, por outro lado, a Corte em uma. criação
jurídica da Carta, presa às suas cláusulas. O Tribunal deixava notável Vlg
" pr. Dos 0113
" 0 membros da Corte, ape
implícito que, devido a esses fatos, ele não precisava realmente nas Dionnedieu de
preocupar-se com a legislação preexistente.“ Mas os membros do . _ _ , e ele não area
Tribunal sabiam que isso não responderia globalmente às maiores seção. Biddle gªrgªlº?) Interess? superf1c1a1 pela, prºpªmçãºpdSSSâ
objeções dos críticos e, portanto, basearam sua justificação jurídica em
estabelecendo que & guerm de agressão já era. ilegal e passível de Haia,0 seu forte e de _u—se mas pelo problema,, mas. a teoria não
ter sido âceítapmã de sua'argumentação sobre as Regras de
punição na época em que os nazistas planejaram e lançaram seus Como de costume o ª e e tambem Parece ter perdido ªo interesse
assaltos. Mesmo assim, sabiamente seguiram o conselho de Donne- merecer um lugarªn sgetmbros do 'ª'-[bªnal nã eStªVªm tentªndº;
do manter su. & 1:53 º?“ dº
a. reputaçao mtactaºlfªtº, mas
através dassimples mente tentan—
dieu de Vabres e evitaram qualquer definição de agressão, asseve-
rando simplesmente que, no caso, as expressões “guerra de agres— ciladas jurídicas por
são” e guerra “que Viola. os acordos internacionais” davam conta
dos fatos e que, portanto, não era necessária qualquer estipulação u 0 lhes bastava. Como
iºns-
lltc
“ ºhenko não se can
suplementar sobre a questão. Para afirmar que os Crimes contra eles eram “homen ' "
' s pratlcos”, 37 com p . sam de afirmar
a Paz eram realmente crimes, & Corte utilizou essencialmente os uma, montanha de problemas com ouco tem o ar ' *
,

mesmos argumentos e quase que os mesmos fatos que tinham sido


. que preocupªvª & teorlas e
A ' . . .
empregados pela. promotoria. Mais uma vez, salientou—se que o damengglnªrºoªeràlª soklme 0 0011111130 tmha sido sua
Direito Internacional não é principalmente o Direito dos tratados, dificuldade faltz:=
mas algo baseado no costume e nos “princípios gerais do Direito””,35 problemáticos masmp os (98136l1003 de agressão foram dos mais
das organiza Ées c ?“ .quºStªOQUG nunca.
expressão que não serviria de muitº para sossegar os positivistas
os deixou
em paz foi &
nham
_ co çd “mªiª-03%» Alguns membros
' meça o & medltar sobre o assunt dº Tribunal “á “ti-.-
jurídicos. Convenções como o Pacto de Locarno (1925) e o Pacto o muito antes de sª ini-»
Kellog—Briand (19528), do ponto de vista, do Tribunal, “tinham. tor-
nado & guerra de agressão ilegal por volta da década, de 30,
Se esse esclarecimento carecia um pouco de imaginaçãº, &
Corte saiu—se melhor na questão de determinar se os indivíduos
culpados de infração ao Direito Internacional eram passíveis de
julgamento e punição. Junto à coletânea usual de exemplos em
que cortes tinham julgado infratores do Direito Internacional,
como nos casos de pirataria, () Tribuna]. assinalou 0 que havia. ocor—
rido com base nas Regras de Haia sobre a Guerra, Terrestre (1907).
Salientando que a Convenção de Haia não tinha estipulado cortes
ou um método ..de julgamento para os infratores de suas regras, o
Tribunal fez ver que os Estados signatários tinham, no "entantº,
julgado e punido regularmente os infratores da Convenção nas
cortes de seus próprios-países. Se essa lei era “válida para & Con— ªªª); 531353??? 1Splase pºr una
venção de Haia, argumentavam os juízes, então devia prevalecer nimidade que, à parte o caso do
o mesmo princípio para o Pacto Kellogg—Briand e outras conven— por
ções que proscreviam & guerra de agressão.36 No entanto, o Tribunal
, ,Telf_ ord. Tam, o; ggªngª
.. âªb
, gããafoâ Éãâªeâmtd o com
ªgiªªãoolªªeªanz Elmer) & ems er habilidade-
esqueceu-se de mencionar que, no caso das Regras de Haia, cada peªa defçsa, os debates sobreªâaª
Comando e Estnà qualquer bml â—
Estado tinha adicionado as cláusulas em questão ao seu próprio hantmmoêª Mesmo no caso do
noções de não? .o—lxiãalor, & defesa-f Alto
código legal, enquanto que, para, o Pacto Kellogg—Briana, tal não mento Nopmeiossâ edgal que manªfes oi prejudicada pelas estranhás
. taram
havia, ºcorrido,
alemãês chefiado e ezembro, dpls grupos os de
homens em julga-»
O tratamento geral dado pelo Tribunal à questão da lei sobre mont e ,Walth s pelos Gerªerals Erhardt Milcofici ais superiores
h, Walter Waw—
guerra, de agressão e da, responsabilidade individual, como tam- membros do AÉãovâªmãâ
bém seu. argumento para, defender a, circunstância de que a Carta àcªltâãhE 9513333033ªinçriminados por
serem—&
"angºla qua & sumªriamente de ordens superiores pudease servir de açoes aecretas ao Tribunal, requeregldg
seªêª),rªazlªeeªªtgâoªs 35:31;
174
HS
um general do . Exército e não por um advogado civil designado . Como Fisher comentou com Bíddle e Park
pela Corte. Essas petições, normalmente negadas pelo Tribunal, er, o gabinete do
Reach era apenas um punhado de pessoas, num
total de 48, entre
tinham sido provavelmente motivadas por um desejo da parte dos 1933 e 1945, & dqrante grande parte do ano de 1933 fôra const
líderes militares de serem representados por uma pessoa tecnica: ' do pqr uma memoria, de não-nazistas. Se o Tribu ituí—
mente mais preparada que um advogado civil, mas as petições nal sustentasse
qpç tmha hawdo conluio depois de janeiro, de
foram redigidas de tal maneira que os generais pareciam afirmar 1933, ter—se—ía um
sqlldo procçsgo contra O gabinete, mas caso contr
que pertenciam a uma gasta à parte que não devia ser contami— ário um vere-
dlcto (le cmmmalidade seria difícil, principalmente
nada pelo contato com o processo judicial que rege a vida das p—ordue 0 gabi—
nete nao se reunira. depois de 1933.42 Mesmo os
pessoas comuns.39 Não havia nada mais indicado para aumentar processos contra as
88, o SD da Gestapo, e o “Corpo de Líderes” do
a hostilidade dos juristas da, Corte ou para acabar de convencê—los Partido Nazista
. nao era um casa simples, no parecer de Fishe
de que o Alto Comando alemão e seu Estado—Maior tinham real— r. Embóra as SS fos—
sem principalmente um emaranhadº de subgrupos
'N
mente existido cºmo grupo a parte ou. organização. de voluntários
um numero considerável de homens foi absorvido
pelas SS arma:
Dessa, forma, toda pessoa envolvida no caso de organização das ( Waffçn—SS) no decorrer da II Guerra
Mundial enquanto
criminosa. tinha sua carga a levar, e, quando Fisher e Rowe escre- ou_tros obvmmente se incorporaram às SS como
altêrnativa ao
veram suas avaliações iniciais dos casos das seis organizações a_hstamento militar. Além disso, não se podia afirm
ar que & maio-=

. . _ , — _ . , — . . - . . _ _ M _ w . =
especiais, deixaram bem claro que cada uma tinha características na dqã hºmens dessas unidades armadas de 88
tivesse realmente
especiais que tornavam difícil uma decisão judicial. 0 caso contra. conscºlencm dos “fins criminosos” da organização
quando a ela. se
as SA. em particularmente duvidoso pela ausência de um réu re» agsoçlaram. Apontar como criminoso um grupo
sob essas circuns—
presentativo adequado e em raz㺠da perda de poder daquele grupo tanmas, preocupava, Fisher, que também assinalou
o fato de que
depois de 1934. Até o Cºronel Storey, que apresentºu. a acusação para as 88 novamente se punha, () problema de enco
ntrar um réu
contra as SA, prestou depoimento juramentada segundo o qual que_ & representasse. Embora Kaltenbmnner fosse
um oficial su—
“em fins de 1934, as SA tinham. sido eliminadas para, sempre”?“ perlor 88, ele também representava & SD—Gestapo
, e parecia de
e ao passar pelo interrogatório de Lawrence, Storey “também foi—se certª fogma estranho que as ações de um único
homem servissem
dirigindo à mesma conclusão de maneira grosseira ao afirmar: de hgaçao para inculpar dois grupos.“
“Parece—me, senhor, que as SA atingiram o máximo de popularida= A acpsaçao geral contra, & SD—Gestapo era mais
de em 1934 e logo depois do expurgo começaram a declinar... estabelçmda, nonparecer de Fisher, embora houve fácil de ser
depois de í934, & importância das SA entrou em rápido declínioªª.“ sse dificuldade em
determmar quais partes do império policial incriv
Se o Tribunal não declarasse & existência. de um conluio anterior a elmente comple—
Xp de Hlmmler deviam ser consideradas criminosas.
1934 —-- como de fato. não o fez ——-, não existia qualquer "base. pos- Ainda por
ama, & prognomría tinha concentrado de tal mane
sível para acusar as S.A. de organização crilrrnnosaª ira. sua. atenção
sçbre as açoes da Gestapº nos territórios ocupados
que Fisher não
É importante notar que & inverossinúmança de uma declara—- tlnha multa certeza de que as provas tivessem
estabelecido que
ção de criminalidade contra as SA indica a. distinção feita pela um homem que. entram para a, Gestapo
na Alemanha em guerra
Corte entre as organizações e os réus considerados individualmen— Elvessgnecgssarzganflente de saber que estava
entrando para uma
te. Alguns juízes não consideraram a possibilidade de entre os orgamzaçao- cJcºltmmasaªª'.44
réus haver alguém que pudesse ser absolvido inteiramente, a não Mas essas dúvidas eram relativamente insignifica
ser quando as deliberações já estavam muito avançadas, e isso só Elas reservas'feltas por Fisher com respeito ntes diante
dificultou ainda mais a maneira de lidar com casos como o à acusação contra o
Corpo de “lgresº? do. Partido Nazista. A prom
de Schacht. No que diz respeito às organizações, porém, desde o ºtoria classificam
egsa, orgamz-açao'd0"“Partido como uma hiera
momento em que o Tribunal chegou a um acordo de compromisso rquia de conluio que
vmha desde os Reichsleitar (líderes nacionais)
sobre o conluio, era mais dº que óbvio que pelo menos uma delas, no cimo até os
BlockZezter (funcionários de bairro) na base.
Fisher concluiu no
as SA, seria declarada, não—criminosa. Por conseguinte, a partir entan to, que a coesão dessa classificação em em grand
do momento em que foram abertas as comportas, era mais fácil exagero? É que os dois escalões de autoridade e partáum
para os juízes pensar em termos de um veredicto de não-crimina— mais baixos de Zell
(Quartelrao) e Black (bairro) deviam ser exclu
ídos das cánsid era—
lidade a respeito de outras organizações, sobretudo porque cada goes da Cortç. Assim as partes constituintes da organ
uma delas tinha. seus próprios subterfúgíos e peculiaridades ate- ização seriam
apeqas os llderes do Partido dos níveis Reich (naci
nuantes. onal) Kreis
(reglonal) e Ort (da cidade), juntamente com o
pessoal ,que os
178
177
acompanhava. Mas Fisher, que tinha pouca dificuldade em acgí- evidente que grandes organizações tais como as SS e a Gestapo
tar como conluio certos aspectos de outras partes do processo, nao eram constituídas de tantos subgrupos que mudavam tão rapida—
se inclinava & dar à promotoria uma aprovação total, nem spb mente que seria, impossível dar um. parecer geral eficaz à raiz das
essa, forma restrita de “Corpo de. Líderes”. Advertiu Parker e Blá—- informações em poder da Corte. Embora, os juízes americanas gpe—
dle de que a prova, de planejamento comum por parte dessa_orga- dissem que fossem excetuados determinados subgrupos, recomen»
nização era tão esparsa e duvidosa que um parecer devema ºser dàram que, em vez de traçar a. linha principal à raiz da estrutura
dado ”baseado apenas nos ªtos declarados desse grqpq. Alpda assma, interna dos grupos, a Corte deveria, dar mais ênfase "'a uma linha
havia mesmo muito pouca prova concreta, e o umco 1tem a) _ser cronológica, que determinasse em que época as organizações te- '
levado em consideração pelos juízes, segundo Fisher, era ?, utlhga— riam sido criminosas? -
ção que Bormann fez do “Corpo de Líderes” para encorajar o hn— Os franceses e os britânicos terminaram por juntar-se ao ponto
chamento de pilotos alíaáosfª de Vista dos americanos, segundo o qual essa distinção baseada
Em contraste com as dúvidas de Fisher, Rowe não teve hesi— em épocas em de suma importância, mas os juízes soviéticos n㺠se
tações ao avaliar o caso da organizaç㺠de que se ocupop. Rowe deixaram convencer. Os american-os não forçaram uma vºtação
examinou o processo contra, o Alto Comando e Estaqo-Malor atra— imediata da, questão nem específicaram que datas, ou data,, limite
vés de um longo memorando de 40 páginas; conclum que Telford tinham em mente. Simplesmente limitaram-se & aceitar as mani-—
Taylor provam que a organização em crimmosa. E, “embora e me— festações de apoio anglo-francesas e deixaram 0 tempo correr..
morando de Rowe não tenha explorado & fundo os dom argumentos No transcorrer das discugsões de 3 e 13 de setembro, Danne-
mais fortes contra, ta]. acusação & respeito do Alto Comando (o dieu de Valores sugeriu nova solução parcial para, O problema geral;.
fato de que os 132 homens indiciados não Íormagang um gmpp pela, qual. tinha lutado desde os primeiros dias do julgamentº, Ele
coeso, e de que a elaboração de planos de ataqueynaa e _uma atlyl— pediu. à Corte que estabelecesse cláusulas sobre as organizações a
dade que seja peculiar apenas aos militares alemaes), amda asglm serem utilizadas pelas cortes de ocupação nas quatro zonas aâiadag
ele chamou a atenção sobre o reduzido número de pessoas que & que, se possível, estabelecesse “também penalidades fixas para,
formamm esse grupo. Apenas 118 homens de um grqpo de ªpreçº eada categoría ãe membros.50 A Corte n㺠se entusiasmºu com essa
ximadamente 132 que tinham ocupado cargos de lmportancm, solução, da, mesma forma que Jackson não se entusiasmam quam-===
ainda estavam Vivos -———- um número suficientementepçquçno paga, do, alguns meses antes? 0 subsecretário da, Guerra, Peterson, lhe
que pudessem ser julgados através de processos índwxduals & maº fizera & mesma sugestão., Os soviéticos? durante as deliberações?
como uma organização criminosa. Dessa forma, mesmº esse mea- opuseram—se terminantemente & qualquer “tipo de interferência
morzmdo preparatório, que constituía O argumento mays forige de nos assuntos internos de sua zona, da mesma, forma com que se
criminalidade contra um grupo, teve de reconhecer & glstencm de haviam oposto durante as audiências de fevereiro.,51 Mas os fran-
circunstâncias que eram uma pedra no meio (ªgo cammho de todo ceses, apoiados pelos americanos, não vºltaram atrás, mantendo—
o sistema de julgamento de organizações cr?mmosas.46 '
se firmemente favoráveis a que algumas recomendações fogsem
Enquanto deliberavam sºbre que destina? tomaríam as (argam— feitas às cortes de ocupação.. Os britânicos, embora com maigres
zações, os juízes, em. setembro, tiveram de naar ao mesmo tempp hesitações, finalmente concordaram em que algo deveria ser feito
com as complicações inerentes a, cada um dos grupos e com a, ida- nesse sentido. A. forma precisa em que tais recomendações seriam
Vida geral sobre & eqúidade do próprio processo cgntr? organiza—= feitas não foi encontrada antes da, última sessão deliberativa, de
ções. Como Bíddle mais tarde declarou, &, expressaº ªculpa cole- 26 de setembro, mas pelo menos; desde 3 de setembro os três juízes
tiva” ainda não estava em vaga, mas os perigos que :representava ocidentais já eram a; favºr de incluir tal recmqaendaç"alum..52
essa, idéia preocupavam evidentemente os juíges, pnnpmalmente Tudo? que se fizesse no sentido de fixar uma data-limite ou Ía—
os da, França e dos Estados Unidos.“ tima saída. posswel para o zer recomendações às cortes de ocupação ainda seria uma solução
problema, à qual foi dada grande atençao durante o desenrolªr de parcial. Era precisº que alguém descesse ao âmago da questãº, e
processo, em que a Corte identificasse certos subgrupog, ou. clas-—
esse alguém foi Biddle. Desde 0 tempo das discussões a. borda dº
ses”, de membros, que pudessem ser isentos da” acusaçao gera; fíe Queen Elizabeth ele se Vinha preocupando com o problema, e é
criminalidade. Quando começaram as delí'beraçoes sobre 93 Demsao, preciso que se lembre que ele estava, muito mais diretamente enm
Donnedieu de Valores, ainda, sem muito entusiasmo, ínsmuou sçr volvido com a, questão do que os outros juízes, pois fora um dos
essa a melhor resposta para o problema, mas não recebçu'o apºlo três membros do gabinete norte—americano que, em janeirº de
dos outros membros do 'Iªlc'ibunal.43 Para. a, maioria dos gumes, era 1945, tinham assinado um documento que recomendava & Roose—

178 179-
Durante essa discussão, Riddle com certeza estava de lado do
do em um
velt & utilização de um sistema de_ julgamento basea mocinho no que diz respeito aos princípios libertários, mas Donne-=-
franqueza ca— díeu de Valores estava seguramente mais próximo da, realidade da
processo contra organizações crímmosas. Com &
r & hora situação européia em 1946. Era relativamente simples para Riddle
racterística, Biddle mais tarde recopheceu que, _ao ghega
lre, % hesmg çao _que ele co— admitir um erro e repudiar uma posição tomada pelo governo nor-»
de fazer declarações sobre criminaªldaç man—
do Atlân tlco ja nao podia. mas ser ªce-americano que não tocava o âmago da experiência americana,,
meçara & sentir no meio che—
totalm ente “1396311 100”.53 Em getem pljo de 1945, ele Mas os povos da Europa tinham sido por demais torturados física
tida, ao nível o de
aç ongm al . de Janenª e mentalmente pelos métodos da Gestapo e das 88 para, que pudes—
gara à conclusão de que'ªªa recomendaç repli—
que O enfoqu e, mtelr o tema. de ser sem deixar de lado a, questão da organização criminosa, & partir de"
1945 “estava errada”, e de
to-chocam? , momento em que fora levantada. Decorridos 30 anos, hoje em dia
diado pela. Corte. “Esse crime coletivo [e] um assun
sçtem broa e egn segunda é difícil avaliar como 0 sistema de ocupação nazista serviu. para
disse a seus companheiros juízes em 3 de
a todas as sem orgaxg zaçoe g fossçm degradar e humilhar completamente os habitantes de cada país.,
sugeriu que as acusações contr jaígãva
dias mais tarde, na segun da sessao dehbel Além dos aspectºs físicos de controle e tortura _- que eram “terrí—
reºtíradas.54 Dez opmla q,
a mesm a veis, mesmo para, os critérios atuais —-—-— em a recusa dos nazistas
sobre as organizações, mais uma vez sustentou Tn-
nenh um de seus colega s de em dar ao povo conquistado uma quantidade mínima, de auta-reª=
mas não conseguiu obter o apoio de
bunal.55 peito e dignidade que tomam a ocupação uma experiência tãº
cruel. Os primeiros meses de libertação não haviam trazido uma,
& 161913.
Como era de se prever, Níkitghenlgo ªpoiou com wget: em rápida melhoria. das condições de “vida, mas tinham remavidm &,
organ izaçoe s crlmm osqs -—-— persax stmdo
de um processo contra, tges—
(zanga da, humilhação e estabelecido as bases para um renascimuenm
a togaãã
sua Virada, que começam em Londres “,e fºi. contr m do auta—respeito popular. Donnedíeu de Vabres entendeu per—
declaraçao. f au—
tão de que qualquer subgrupo fosse excluldo da feitamente essa questãº: se a Corte formada pelos aliados nãº
de Lawre nce argum entar que o en oque
sou maior surpresa o fato conseguisse declarar criminosas as SS e a Gestapo, isso não só
ização crimin osa em bem— funda menta do, e que os
dado à, organ acarretaria protestos políticos, como também criaria uma. situaçãg
menê e com () gq? pál—
juízes não deviam preocupar—se demasmda oplma o e psicológica simplesmente insuportável para, muitos europeus.
forças de ocupa çao. Na
desse ocorrer nas cortes das de
o básica em puram ente prºces sual, ponto Se Riddle- percebeu ou não a quantidade de emoção que havia
Lawrence, & questã 'suas
âstlca mençe em por trás da argumentação de Valores, não se sabe, mas ele em um
Vista que fez com que Biddle gnotqsge .satzç
ate. () Qropno político suficientemente calejado para perceber que não teria 0
anotações “Tolice!” & “Tapeaçao brl'tamca .“ Mas
o a admi tir que algum as orgam zaçoes co— número de Vºtos necessário para ganhar. Se não pºdia. retirar por
Lawrence estava, pront
o com qlíe se
locavam problemas sérios; estava,, portantq, dei acord açao? &
completo toda a acusação de organização criminosa, Riddle estava
organ1 z_açoe s da declar prºnto a recuar & uma, segunda alternativa que já fºra prepara—=
excluíssem completamente algumas
sos das
em que se “limitassem radicalmente os veredl1ptos nos proces
gran-dçspx—
da por Parker. 0 suplente norte—americano “tinha sugerido num
outras.58 Donnedieu de Valores também desejava fager memorando preparado em princípios de agosto que havia, uma res-—
zg, de _venfrcar
clusões e, também ele, não recuava ante aªperspectrv posta simples ao problema das organizações criminosas: bastava à
eram cruynp osas. Assma lafndo que Corte reconhecer que era. um problema análogo à acusação de
que algumas organizações não
de ordem pratlc a para os maus urge]?- conluio e aplicar dois critérios que se impõem em tais casos para
seria possível invocar razões
o francê s pensa va que & Cort; poder la os. réus, participação voluntária e conhecimento de “propósitos cri—-
tes critérios e restrições, minososfº Para declarar que uma organização em criminosa, su—
no extrem o de Biddle , o de refslrar todas
evitar, dessa forma, cair geriu Parker,. tudo.. que a Corte tinha de fazer era determinar que
apçsrselhaver
as acusações. Donnedieu de Vabres reconheceu que, a organização consistia num círculo limitado de membros que, saw
mpocmta ao
oposto à idéia de conluio, estava sendo um tªnto bendo que o grupo era criminoso, a. ele se tinham associado comº
ele acha—
afirmar a culpa coletiva de algumas orgamzaçoes, Mas voluntários. Em processos ulteriores diante de cortes de ocupação,
& Gestap o e as
va simplesmente impossível isentar grupos cçmo se um indivíduo pudesse provar que tinha si.-do forçado & associar-=
m multo bem, qqal
SS. Os habitantes de cada aldeia francesa sabla se à. organização ou que não conhecia. o caráter de tais grupos
unida des doyEx ermto
era, a diferença que separava & Gestapo dªs quando entram, então ele estaria fora da definição de organização
nao emerª—
alemão, argumentou, e a opinião pública Slmplesmente Grimm-esa e, assim, não poderia ser punido. Em sua. formulação
da Corte em decla rar emm-—
deria nem aceitaria, & incapacidade original, Parker enfraqueceu & proteção que tal enfoque poderia,
nos-os grupos como as SS. .
181
180
dar a indivíduos isolados, ao sugerir que a. responsabilidade pela “apagaram as objeções soviéticas e estipularam que o Conselho
prova recaía sobre o réu individualmente, e não sobre & promo-..
de Mlplstros do Reach, as SA.. e o Alto Comando e Estado-Maior não
teria Mas, durante as discussões gerais da Corte, Biddle convem»
deverlam ser declarados grupos <:ri.*nm'.1:10:.=,os.62
ceu Parker & deixar de lado essa cláusula,, e em sua, formulação
final o fardo da prova quanto ao conhecimemo e o caráter volun— A votação em si terminou. rapidamente, mas, ao contrário de
tário da incorporação recaía sobre & promotoria, em conformida— gumes eplsódios das deliberações, muitas das características mais
de com a máxima tradicional de que uma pessoa é inocente até lmportantes da decisão final sobre as organizações não estavam
que se prove o contrário?“ explícitas na votação; elas apareceram na redação da opinião geral
e dos veredictos detalhados para cada grupo em particular. 0 texto -
Como Riddle já observam & respeito de uma sugestão de Bir»-
óiessa seção da Decisão foi concluído em aproximadamente duas
kªtt, o exame que Farker fizera quanto a, organizações criminosas
sçmanas e esteve a cargo de Riddle“, Parker e dos assessores jurí—
em coisa de gênio.. A0 apontar a, analogia com o conluio, Parker
dICGS norte—americanos., Seu tema principal estava contido numa
fundou sua posição em um enfoque familiar aos juristas ingleses frage que caracterizava O processo contra grupºs como “um pro—
e americanos, e ao mesmo tempo lançou as bases para estabelecer
cedlmento novo e de grande alcance” que, “a menos que fosse
a limitação e os critérios desejados por Donnedíeu de Vabres para
çexjcaclo das precauções adequadas”, poderia, “acarretar grandes
processos ulteriores. Os princípios de conhecimento e de associa— m] ªg,'s;sª51ª.ç;,as”.,63 Realçando & analogia com 0 conluio, &, opinião geral
ção voluntária também forneceram à Corte meios práticos de eval—» egtlgulava que o conhecimento de propósitos criminosos e & asso—=
tar uma, decisão no que dizia, respeito aos intrincados subgrupos
cgaçao voluntária, eram 0 que determinava quem poderia ser pas-=
das 88 e da Gestapo; bastava fornecer uma. definição tosca da.
swçl de punição. 0 Tribunal estabeleceu também uma data que
organização geral e deixar os problemas técnicos internos a serem.
ãehmímva & épºca em que as três mganizações podiam ser del-cla—
debatidos mas cortes ãe ocupaçãº. E, 0 que é ainda mais impor— radag crímínasas (três, a saber: && SS, a SD-«Gestapo e 0 “Cm-mo
tante, & proposta de Parker dava, ao Tribunal a possibilidade de
defender os direitos humanos e jurídicos e ao mesmo tempo enter—
de Líderes” do Partido Nazista,): nenhum indivíduo sería declafa—
do culpado por uma, associação ocorrida antes do início da. guerra,
rar sem alarde todo 0 sistema de processo de organizações Grimi-»
em 1ª? de setembro de 1939.
mesas., Os juízes, provavelmente, perceberam que nenhuma das
auteridaàes de ocupação iria levar muitº longe a ”tarefa de abrir ., O textº salientam as ações que as autºridades de ºcupação
processos contra dois ou três milhões de casos, em cada um dos amadas tinham empreendido e criticava—as duramente. O Qonselho
quais teriam de provar que o réu era membro consciente e volun— de Conutrole tinha feito aprovar a Lei nº 10, que deveria reger a
tária de um grupo criminoso. A prºposta, de Parker sobre as orga— acusação pagª as quatrº zonas, mas, como o Tribunal estabeleceu
nizações criminosas, embora de uma. astúcia fora do comum, em em sua, opmlao, as cortes de ocupação tinham a opção de deter-—
um exemplº típico das soluções empregaàas pelo Tribunal de Num mmgtr qualquer penalidade, inclusive a, de morte, por mera asso-
remberg: sem fanfarras e sem frases espeªcaculares, flanqueavam— mação. Mais tarde, as autoridades norte—americanas timham ado-=-
se as questões principais e ao mesmo tempo evitava-se que os Casos tada uma lei. de desnazifícação na sua zona —-—- a lei que o General
de crime de guerra produzissem erros judiciários graves. . Clay antes mencionam ao Subsecretário de Guerra Peterson »—
" que estabelecia penalidades específicas, e mais moderadas para
Durante a. discussão da proposta de Parker, que voltou à tona várí-os_ criínes de guerra, inclusive o “crime” de associação com
diversas vezes ao longo de duas sessões deliberativas, Nikítchenka orgamzaçoes. & opinião do Tribunal recomendava que fossem fei—
exprimiu algumas objeções e outros juízes fizeram suas ressalvas tas emendas às disposições da Lei nº 10 da Junta de Controle, para
quanto a certos aspectos, mas gradativamente foi ficando clara que estas coincidâssem' com as disposições da lei de desnazificação
que numa, prova final o plano de Parker receberia pelo menos O norte—americana,"...e'-acrescentava que nenhum indivíduo deveria
apoio dos três juízes ocidentais e que, portanto, prevaleceria. 'Uma, ficar sujeito a, processo pelos dois estatutos.“
vez que isso ficou assente e que se chegou ao acordº de que seriam,
Qumdo & _opinião preparada, pelos norte—americanos foi le—
os norte—americanos que redigiriam as seções da opinião gera]. sea—-
Vuada à dlscussao geral, em 26 de setembro de 1946, os soviéticos
bre as organizações, Biddle pediu uma Votação sobre Os seis grupos...
Todos os quatro juízes titulares concordaram em manter & acusa——
fmerçzm duras objeções às suas principais eStipulações. Eles nãº
quenam qualquer restrição às cortes de ocupação e não aceitavam
ção de organização criminosa, contra as SS, & SD—Gestapo e a
qualqger recomendação feita. ao Conselho de Controle quantº à
“Corpº de Líderes” do Partido Nazista, “Então os "três juízes ocidmw
manelra pela, qual deveria conãuzir seus próprios assuntos. Ní—
tais se juntaram e, em sucessivas votações de três contra um, ul—
kltchenko, principalmente, estava, dÍSposto & manter sua, oposiçãº
182;
183
à. data—limite (131939 e mais uma vez recomendou que se punissem eqúestres, foram excluídos e a Corte salientou que nenhuma pes-=
as atuações nazistas na Alemanha anteriores à guerra. Mas com" soa recrutada pelos SS que não tivesse cometido crimes específicos
tudo isso nada conseguiu., e a formulação geral norte-americana poderia ser legalmente incríminada.”ªº
sobre as organizações criminosas foi aceita pelo Tribunal numa O parecer da Corte sobre & SD—Gestapo tinha menos limitações
série de votações de três contra um.65 importantes. Sem se preocupar com a perspectiva de utilizar a.
O resultado foi essencialmente o mesmo no que dizia respeito mesma pessoa para representar duas organizações, o Tribunal no—
à redação das decisões dasCorte quanjzo & organizações específicas, meou Kaltenbrunner como réu típico. A possibilidade ,de que uma,
mas a grande maioria delas não precisou de uma. votação normal. pessoa se tivesse associado à Gestapo sem ter conhecimento de
As razões dadas para explicar por que três das ºrganizações ll㺠seus propósitos criminosºs parecia tão remota à Corte que essa.
tinham sido declaradas criminosas não continham surpresa algu— questão nem sequer foi abordada diretamente. A Corte limitou-se a
ma. As SA não tiveram grande importância. depois do Expurgo de citar a cláusula “só durante tempo de guerra” e a necessidade de
1934, isentando—se, assim, de processo; segundo as palavras do estabelecer o conhecimento de propósitos criminosos antes que se
Tribunal, elas se tinham tomado simplesmente um conjunto de pudesse condenar um indivíduo. Por conseguinte, a única limita-« '
“nazistas insignificantes e parasitáríosªª.“ Da, mesma forma, as ção acentua-da pela Corte em a exclusão de subgrupos específicos.,
pessoas que constituíam 0 Cºnselho de Ministros do Reich eram. Seguindo as sugestões feitas pela, promotoria, foram deixados de
em número insuficiente para justificar uma decisão geral, princi— lado os empregados da SD—Gestapo destinados a trabalhos de es-
palmente porque também tinham perdido sua importância comº critório, de faxina, e outros serviços rotineiros, como também o
grupo depois da, metade da década de 30 A. insignificância numé— foram os oficiais do serviço de informações do Exército que tinham
rica. do Alto Comando e Estado-Maior também foi mencionada sido transferidos para & SD nº período de 1944—1945. A Corte tam=
como “razão para não 0 declarar criminoso, mas a razão principal bém excluiu um subgrupo ao qual dera 0 nome pouco usual de
apresentada pela Corte para O fatº de más fazer tal declaraç㺠em “informantes honorários” não-SS, termo com que provavelmente
que a expressão “Mto Comando e Estado—Maior” era invenção da designava os espiões de “bairro que não haviam sido membros da,
promotoria, e que a. organização como tal “não existira Senão na. ordem SS de Himmler, os quais haviam prestado seus pouco hon-
acusação que consta na indiciamento” ª? Qualquer que tivesse sido rosas serviços gratuitamente.“
o comportamento dos homens em questão, incuipá-los por associa-= As passagens da Decisão que diziam respeito ao “Corpo de Lí.—
ção a uma organização que não existira. em demais para 0 Tribu- deres” do Parti-do Nazista eram complexas e revelavam os fatores
na1.N0 entanto a Corte aproveitou a, oportunidade para, assinalar que haviam levado o Tribunal a declarar esse grupo criminoso. Du—
que esses homens emm “responsáveis numa iarga, medida. pelas rante () julgamento e as primeiras fases da deliberação, alguns juí—
misérias e sofrimentos que atingiram milhões de homens, mulhe— zes levantaram dúvidas a respeito da, medíocre prova, de marfim-—
res e crianças” e ordenou que os culpadºs dentre eles fossem le» nação imputável aos funcionários inferiores do Partido Nazista, os
vados & julgamento individual ªª Zellenleiter e os BZockZeiter. .A. Corte parece ter tido preocupações
Os critérios enunciados pela Corte pará. as três organizações semelhantes às que Fisher expressam em seu memorando de maio:.
declaradas criminosas eram, obviamente, mais significativos e em a saber, o fato de que poderia não haver muita conexão entre
alguns casos, mais complexos. Para, as SS;, tomou-se Kaltenbmn— membros do “Corpo de Líderes” e crimes de guerra específicos, a
nexº como réu que representava aquela organização, e a Corte co— não ser os maus tratos & prisioneiros de guerra. aliados e & possí=
meçou & construir um argumento de peso contra as SS, baseando— ve]. incitação ao linchamento dos pilotos cujos aviões'tivessem sido
se nas regulamentações e definições do próprio Tribunal. Os exem— abatidos. Nas últimaslfases do julgamento, porém, & promotoria
plos substanciais de crime eram inumeráveis, e, aceitando a, Corte realmente. ..apre-sentou algumas provas esparsas mostrando que a
os depoimentos arrogantes de Himmler sobre a eficácia de seu organização do Partido era utilizada para evitar que os rumores
programa de doutrinação —-—— uma. declaração um tantº duvidosa, & respeito da “solução final” da questão dos judeus começassem a
diga-se de passagemªº _, era fácil afirmar que a maior parte dos se espalhar entre a população civil alemã,. Parece que esse item
membros das SS tinha sido informada, do caráter criminoso da. foi decisivo, juntamente com a prova do papel importante que o
organização. Ainda assim, a Corte fez duas restrições significativas “Corpo de Líderes” desempenham na. execução do programa de
na sua decisão, as quais foram adicionadas à restrição geral de trabalho escravo para os estrangeiros; pelo menos, foi o que levou
tempo, que só permitia que ela fosse aplicada ao período de guerra... os juízes norte—americanos & declararem () grupo criminoso.72 Mas
Membros honorários das SS, como também as chamadas unidades & promotoria. teve menos sucesso em provar que a maior parte

184 185
os que perdiam com maiºr freqíiêncía, mas porque, quandº um
dos funcionários,, do Partido Nazista deveria, ser responsabilizada. juiz ocidental não ganhava sobre certo ponto, “tratava—se apenas
O Tribunal não só excluiu da decisão 0 pessoa.]. constituído pelos " de uma. derrota quanto à sua interpretação pessoal, ªenquanto ()
funcionários inferiores, tal como tinha sido sugerido pela 131"q- fracasso de um russo podia significar que o juiz não tinha obtido
“toría, na, sua apresentação de fevereiro, como tambem ehmmou, 0 resultado desejado pelo governo soviético, No "final do julgamen—
toda a hierarquia inferior do Partido, inclusíye 0% Zellen—_e qck- to, as pressões exercidas sobre Nikitchenko tinham atingido pm—
leite?. Mesmo no nível superior da, organizaçao, so foram-mclumos porções. sufocantes, mas mesmo depois da cadeia de derrotas na
os “três graus mais elevad05;_çie funcionários (Reichs—, Krezsie Oris— questão das organizações, ele continuava a declarar qªae não “tor—-
gmppenlez'ier) e seus imeãlatos, sen-do dessa, forma excluldos to— maría pública qualquer divergência,.“ As ações da Corte no tocante
dos os outros funcionários superiores e subalternos. Quando essa às Organizações espícaçaram, no entanto, o governo de Moscou e,
série de exclusões foi adicionada, à limitação geral de quç nada. que envergonhado, Níkitchenko teve de notificar os outros juízes de
houvesse sido feito antes de setembro de 1939 em pªsswel de ,pq- que os membros soviéticos iriam, apesar de tudo, registrar opiniões
mção, e ao fato de que O conhecimento e & a_ssocmçao voluntªria divergentes e tomá—las públicas.
tixíessem de ser provados & cada. passo, em ewdente que & demsap
Das seis divergências russas; que apareceram, apenas duas re—
não poderia causar maiores danos aos membros do “Cºrpo de Llª- feriam—se & organizações; as outras quatro eram sobre veredictos
cuaªresª'ªªff3
de réus individuais, Os soviéticos depíomvam & impossibilidade de
Essas cláusulas que moderavam e circunscreviam as decisoes declarar 0 Conselho de Ministros do Reâch uma organização crimi»:
sobre organizações criminosas específicas não receberam o 3001d nosa, pois, na. opinião dos russos, seus membros individuais tinham
dos soviéticos e aumentaram seu descontentamento com & mançlra possuído grande poder, e também não em, ”realista julgar ºs mem-«-
pela qual o assunto tpdo ioga tratgd'o. A. meªda que progredlam bros de sanguinário “governo de Hitler” segundo as mesmas leis
() julgamento e as dellberaçoes, os gmzeg sewetmog encpntrairam—se que se aplicariam & “um gabinete confmmfª.75 .A. desaprovação sad
isolados num grande número de V—otaçoes e suª msatlsfaçªo cpm vié'tica, quanto ao parecer sobre o Alto Comando e Estado—Maior
& situação geral tomou.-se mais evidente no fmal. .Nas pmxglelms foi ainda mais intensa.; os russºs rejeitavam tanto a conclusão dº
escaramuças, não era de se prever. que os russos_ser1am frequente“ Tribunal de que não se tratava realmente de um grupº, quantº à
mente os perdedores, e mesmo mas targe no Julgamento outros implicação de que o Alto Comando e Estado—Maior não tinham
juízes foram derrotados nas confrontaçoes, por egemplo, pelage— funcíºaado cºmo órg㺠de comando para o estabelecimento % emm
dieu de Valores quanto ao conluio e Riddle quanto as_ orgamzaçoes cuçàm da, política nazista,, Os soviéticos apresentaram poucas pmw
criminosas.. Mas, como acabamos de ver nesses dºis momentçs, vas ou. argumentos para sustentar as suas afirmações incluídas
mesmo quando os juízes ocidentais perdiam a “batalha, ainda qssnn em suas opiniões divergentes, mas grande número de incidentes foi
eram capazes de marcar pontos; ganha; a, guerra:, ”por mem de citado para mostrar os desejos de agressão e & desumanidade dos
um arranjo de palavras ou pela mtroduçao de restmgoes no_ “texto. . líderes militares nazistas. Era, evidente que os soviéticos não esta.-—
No entanto,-quando os sovié'çicqs perdlam umª, votaçaqcrucml, efa vam tão descontentes com os meios utilizados pelo Tribunal. para,
parte por não estarem famíhanzados com. () Slstema oc1d_exgta1, nao - chegar a, suas conclusões quanto com as próprias conclusões; eles
havia apelação, e eles estavam realmente” perdidos., N1k1tchenko achavam que, pouco importando quais fossem as dificuldades lau—
tentou enfrentar com coragem essa situaçao, mas certo makegtar gais, era necessário política, e psicologicamente condenar o Con-
de ser derrotado repetidas vezes deve ter ficado. Os juízes sov1etlcqs selhº de Ministros do Reich e o Alto Comando, da mesma forma.
fizeram tremendo esforço para chegar & acordos que fossem acª-= que as 88 e & G—esºizaggmg.76
táveis para, o governo russo e assim permitissem aos quatro aha—
É“ significativa.o..:fatolude os soviéticos não terem tornado pá»—
dos. manter em público uma frente unida.
blíca quálquer divergência com respeito às limitações contidas nas
Diversas vezes os juízes salientaram uns aos ºutros a impor- decisões sobre as organizações que tinham sido julgadas (zlczfufm'íma«ªª
tância Vital do compromisso para evitar a impxlessfazo desagraqayºel sas» Também não protestaram contra a, incapacidade da Corte em
que causaria o fato de um dosyjuízes tomar publica uma, opmlao declarar criminosas as SAB embora Níkítchenko tivesse votada
l
divergente. Em algumas ocasioes, um dqs membros do Tmbçma nesse sentido. Isso leva a crer que OS russos. não estavam muitº
tinha. de reprimir 0 impulso de tornar pubhca_ uma _dessas ªlver— intereasadºs em obter um mandado para efetuar uma condenaçãa
gências, mas até o último momento fm manada & lmpressao de em massa de membros de organizaçõeg —-—-— perspectiva que "tinha
unanimidade. Mais uma, vez, era principalmente para os membros apavorado Jackson e os juízes norte—americanos --— e, realmente,
soviéticos do Tribunal. que isso era, difícil, não só porque eles eram

18%
eles não efetuaram nenhuma perseguição geral contra as organi—
zações. O que eles aparentemente queriam era, uma declaraçãa CAPÍTULO ?
aliada que desacreditasse os mais eminentes líderes e organizªções
nazistas e ao mesmo tempo lhes atribuísse intelra responsablhdade
pela guerra e pelos sofrimentos e destruições dela advindos. QS
russos estavam preparados para deixar escapar as SA. em razaº
de sua pouca importância como instrumento dª polltlca nazªsta
e de sua utilidade secundária como símbolo polítlco, mas querlam
que todos os outros grupos fossem condenados..
Veredictos Indíviàuais dc
Se essa estimativa. está, correta, provavelmente não pqdçrm Hermann Goering & Scyss—Inquart
haver uma fórmula que satisfízesse as dúvidas legais dos juazgs
ocidentais e que ao mesmo tempo desse aos soviéticos % cogdenaçan
geral que eles desejavam. Os norte-americanos, e atªe certo pont-0
os franceses, talvez estivessem perseguindo uma ilusao quando hl“
tavam para eliminar das decisões sobrç prganizações crimmosag
as piores ameaças contra, aa liberdades cams de seus membrºs cpm-
siderados individualmente. Perseguições em massa, talvez nao mes—-
sem a acontecer, de qualquer modo.. Mas “tanto no Ocidente como Goering' parece a Rainha em Alice no País das
no Oriente 0 clima estava maduro para represálias em massa, & se Maravilhas.
a decisão do Tribunal houvesse sido menos circunscrita, muitºs Francis Biddlel
inocentes poderiam ter sido punidos juntamente com. os culpadºs“,
Dada, essa situação, é difícil censurar & opinião gera]. sobra
as organizações que a Corte redigiu ou os Veredictos específicqs,
Como tinha ficado patente na quest㺠do cºnluiº, & Corte agiu
de maneira bastante eficaz ao lidar com problemas jurídicos, dia
ordem prática e muitº complexos., Quando se passava ”ao dommm
da teoria jurídica, abstrata., como foi 0 caso da questao gera]. da Os métodos & que recorreu“ o Tribunal para determinar ve-
criminalidade da, guerra de agressão, nos resultados foram decep- redlctos e sentenças nao eram novos ou particularmente complim-
cionantes. Quando o caso em consideração era um incidente espe- . cados. Entre 2 e 10 de setembro, a Cºrte celebrou uma, longa
cífico com fortes matizes políticos, como 0 caso da Noruega ou. série de sessões preparatórias em que os juízes exprimiram suas
o Pacto Nazi-Soviético, os resultados por vezes foram extrema— Opmloes quanto a cada um dos réus, e colocaram na uma, a título
mente injustos: Mas, na zona mediana, e Tribunal resolveu com - . de ensaio, votos de “culpado” ou “inºcente”. Então, logo em. segui—-
muito sucesso a grande maioria dos dilemas importantes e esta» da à. última discussão preparatória, no dia. 10 de setembro, a Corte
pulou definições e cláusulas que fizeram. çom que os procesgos, passou à segunda série de deliberações, & última; e que se esten—
tanto para organizações quanto para indlwdu-os, fossem relatwa— deu. de 10 de setembro a 13 do mesmo mês. Tanto na primeira quan—
mente imparciais. - - . ta na segunda fase das discussões, todos os oito juízes puderam
Isso feito, a fase de resºlução dos problemas jurídicos termi— exprimir as reslpççtixfas—opiniões e dar o "voto respectivo, & respeito
nara para o Tribunal, e este tinha de se voltar agora para a fase das acusa'çõe's"com que se confrontavam os réus. Mas, nas sessões
de deliberações sobre Vida e morte -—— tratava—se agora, de deter— finais, para a. determinação dos veredictos e o estabelecimento das
minar a sorte dos 22 réus de Nuremberg. sentenças, só valeram os votos dos quatro juízes ªtrisulares.2 O item
(c) do Artigo IV da Carta de Londres dispunha que: todas as con-
denações & sentenças “só serão impostas pelo voto afirmativo de,
pelºs menos, três juízes”. Nada parecia mais claro que essa redação.
Contudo, no dia 9 de setembro, Nikitchenko, & quem parecia amar-
gurar & série de derrotas sofridas nos "votos preliminares, lançou
uma controvérsia, curta mas áspera, afirmando que essa, disposi—
188
189
no curso das negºciações. Donnedíeu de Vabres e Riddle, porém,
cão não significava qgue um impasse de dois votos contra dois acar— .,
nº opunham—se, com firmeza, & esse método, a tal. ponto que, no meio
retaria & absolvição. A0 que tudo indica, Nikítchenko pretendia, das discussões, Biddle exclamou que em “absurdo” cºndenar um
relegar tais casos de impasse em votação a uma espécie de limbo pequeno “caçador de judeus” como Streicher, simplesmente por—
jurídico onde as questões permaneceriam, até serem nogamente que era “amigo de Hitler, ou Gauleiter, ou nazista”. Lawrence
julgadas; essa, interpretação, porém, foi derrotada por tres v-qtqs ofendeu—se com os comentários de Bid-elle e, numa das mais calo-
contra um, firmando-se, assim, solidamente, antes que “tivesse m].- rosas altercações no curso dos trabalhos, acusou—o de,. má educa-
cio & fase final das delibarações, o princípio de que se fazia, ne- ção. Mas, por fim, o Juiz Parker conseguiu ajeitar as coisas, e en-
cessário um mínimo de “três votos afirmativas, emitidos pelos juí— gavetou—se sem maior barulho,, & idéia de condenar pessoas sem
zes titulares do Tribunal, para condenações ou. sanaºn'ltenças.3 demonstrar-lhes & culpa, individual. Com isso, foi vencido O último
As discussões sobre os réus suscitaram numeros-os desacor— obstáculo de importância no caminho das deliberações quanto &
dos e prolongados debates quanto aos modos de punição que seriam veredictos individuais?
aceitáveis e apropriados. Os juízes dividiramase quanto à idéia do
Na, primeira fase dos debates, adotou—se como meio de proce-
confisco de bens dos réus e cogitaram também na, possibilidade
de que fossem incluídas no texto disposições específicas de que dimento considerar os réus na mesma ordem em que seus nomes
se restituíssem aos proprietários de direito as coisas roubadas, ªo apareciam no indiciamento, começando por Goering e terminan—
do, como é de pmsumír-se, por Fritzsche. Desde; os primeiros dias,
que parece, movidos “tanto por cansaço quanto por convicção ín-
no entanto, as discussões rodaram em tais círculos que, depois de
tima,, os juízes decidiram, por fim, ignorar toda a questão das
propriedades, 0 que explica, que ela, não seja mencionada na Dªe- examinar os casos do primeiro punhado de réus, começou—se &
ci'são ou em qualquer dos veredicto“ 0 mesmo acabou. acontecem—» discutir e tentar decidir o destino dos réus sem método algum..
Apesar dessa aparência desordenada, & Corte examinºu em subs-—
dio com o plano tão chegado ao coraç㺠de Donneâieu de Vabres,
segundo 0 qual. a Corte escolheria, entre atribuir a. um réu. con-
tância, & maior parte dos casos dos réus, e resolveu também. um
problema, técnico ao decidir, em princípio, que, desde que se "ve-
denado detenção “honrosa,”, ou encarceramento “infamante”. Em—
bora o francês aproveitasse toda e qualquer ocasião para expor rificassem inconsistências mºnrºe as seções gerais do indiciamento
seu plano, não logrou. tornar clara para seus cºlegas a distinção e 0 longo apêndice em que se específicavam as acusações contra
que tinha em mente entre uma, e outra. forma de prisão, nem cada um dos réus, prevaleceria o apêndice? Quando se chegou ao
conseguiu persuadi—los de que fosse indicado impor a qualquer período final de áelíberações, no dia 10 de setembro, voltaram os
Éuízes & examinar os réus m, mesma or-áem em. que aparesíam no
dos réus nazígtas um castigº fundado em noção de honra, Qaandº
Donnedieu de Valores, continuando no mesmo caminho, recomen—
indiciamento, mas já então, em razão da experiência das discus—
dou que se recorresse ao fuzilamento como forma de execução mais sões preliminares, os juízes conheciam os casos que, provavelmente,
honrosa que a forca, cºnseguiu que Riddle dissesse que se deveria _ suscitariam os desacordos mais sérios.. Em conseqííência, os nomes
empregar a “forca, como método normal, e decretar—0 fuzilamento de seis réus —- Schirach, Raeder, Doenitz, Papen, Schacht e Fritz—
como maneira de “abrandar & sentença.”. Mas, mesmo a idéia, de . ache --——— foram retirados da, ordem regular, e colocados à parte, para
recorrer a uma forma de pena de morte como maneira de mitigar “serem considerados no fina]. dos trabalhos, Como essa última, de— .;1!:-'
í'izf

liberação foí & decisiva, apresentaremos aqui os casos dos 22 réus


& culpa não seduziu Nikitchenko, e ele lamentou o tempo que se
perdia em discussões doque classificou de “ªquegtões secundárias na mesma ordem de nomes que a Corte seguiu, entre 10 e 13 de
& ridículas”.5 A Nikitchenko parecia que a maior punição deveria setembro.
consistir na forca, e nesse ponto ele triunfou, em geral, porque,
embora o Tribunal. decretasse algumas sentenças (ie prisão, inva— HERMNN GOERí-NG
riavelmente contra, objeções russas, & forca vingou como forma
única de sentença de morte. N a ausência. do finado Adolf Hitler, o Marechal—de=Reich Her-
mann Goering em o réu. que mais perfeitamente representava o
Foi menor o êxito dos russos na pretens㺠de que se deem- regime nazista. Ingressara no movimento de Hitler nos primeiros
rassem os réus culpados simplesmente com fundamento nas po- anos da década de 20 e ocupam algumas das posições mais pode-—
sições ou postos que haviam ocupado. Robert Falco, suplente fran- rosas e mais honrosas no Partido e no Estado, durante o Terceiro
cês, apoiou a idéia soviética, da mesma forma, que o tinha feito Reich. Dirigira as SA em seus primeiros passos, presidira. à for——
Robert Gros, suplente francês nas negociações de Londres, e pa,- mação da Gestapo, dirigira o plano de quatro anos para o
rece que o próprio Lorde Lawrence se manifestou a favor da idéia,
191
190
rearmamento, estabelecera a nova Luftwaffe (Força Aérea.), e a, do inglês, Goering era “um gangsta“ despudorado e não arre—
comandam, durante a guerra, inteira,. Em todas as reunloçs-lmpor— pemólíd.o”..9
tantes em que se haviam tomado grandes demsoes, Goermg n ª Ainda assim, a situação de Goering como réu em péssima. Ele
rara ao lado de Hitler, e essa proximidade em que o Marechal se constam de todas as listas aliadas de principais criminosos de
encontrava do centro do poder foi referendada quando Hitler de=- guerra desde que os britânicos prepararam a.. primeira dentre elas,
cidiu que, morrendo ele, Goeríng o sucederia como Filme?", A. au— em abril de 1944, e assim, as Quatro Potências ficaram em posição
toridade e a influência dêªG-oeríng estendiam—se &, questões milita—- de coligir enorme quantidade de provas contra ele.10 .A. menos que
res, diplomáticas, de política interna e econômica, o qu? lhe & promotoria fracassasse em tudo, ou que a, Corte decidisse rejeitar
conferia uma responsabilidade transcendente pelas orientaçoes e todas as acusações no processo inteiro, nada podia salvar Goering,
atitudes do sistema nazista. pois a ele cabia alguma responsabilidade em praticamente tudo
Durante seus anos de glória, Goeríng procurou comunicar de que fora feito no Terceiro Reich. Seu único trunfo era sua tre-=-
sua pessoa a imagem de um homem amante do poder, mais que a, menda personalidade, que poderia fazer com que os promotores
de um homem possuído por uma ideologia, buscou mostrar-se duro hesitassem antes de enfrentá—lo num duelo verbal, em sessões pú
e prático, adepto do realismo político acima de tudo. Quando a blicas da Corte. '
guerra começou a correr mal para a Alemanha, Goeríng reagiu de Pelo menos um dos promotores, 0 suplente da promotoria
maneira diversa da reação de muitos líderes nazistas que tenta.- norte—americana e chefe da Organização de Serviços Estratégicos
ram elevar o fanatismo & níveis ainda mais altos de exacerbação: (OSS), General William Donovan, decidiu, às Vésperas do julga—
abrigou—se no domínio de Karínhall, para entregar-se, enquanto mento, que não era desejável um confronto com Goeríng. Em res—
() permitisse a situação, aos prazeres, à, devassídão, De quando em posta a uma gestão que partiu do Marechal—do—Reich, Donovan.
vez, arrumava—se todo para acompanhar o Filme?", ou desempe— celebrou um esboço de acordo com. Goeríng e o advogado deste
nhar, de modo perfunctórío, seus deveres oficiais, mas, de 111n ge- último, em meados de novembro, nos termos do qual Goering, pri-—
ml, ºs anºs de 1%2-45 foram uma enorme sucessão de termªs—Eira die meira, responderia & um questionário preparado pela, prºmotoria
tempo perdido para, Hermann Goering. Nos derradeiros días ão reg].— e, quando os dois lados tivessem concordado quanto às perguntas
me, enquanto Hitler agúentava & mão numa casamata. em Berhm? e respostas, seria, chamado & testemunhar no plenário da, Corte.
Goeríng logrou atingir a Alemanha meridional. De lá, cometeu o Embora,, em carta, que escreveu & Jackson em novembro, Donovan
erro de perguntar a Hitler, por “telegrama, se chegam para, ele, realçasse que não negociam ou fizera um “arranjo” com. Goering,
Goeríng, O momento de suceder ao Fúhrer. Depois de sustentar () reconheceu que os promotores norte-americanos “tinham «coincidi»ª
inútil comodismo de Goering por três anos, Hitler, entusiasmado, do na opinião de que não se autorizaría qualquer pedido de que
agarrou a oportunidade de vingar—se, & ordenou de imediato & pri- um réu depusesse entre as testemunhas « da, promotoria, & menos
são de Goeríng. O Marechal-do—Reich, portanto, terminou & guer- que 0 mesmo tivesse feito declarações escritas que “incriminassem
ra. sofrendo a tríplice indignidade de ser prisioneiro do Vício dos outros réus”..-“L Em outra, carta & Jackson, Donovan declarou, sem
narcóticos, da "obesidade e da Gestapo. - _rebuços, que, no curso das entrevistas que mantivera com Goe—-
Os seis meses que passou sob a custódia dos aliados, desde_ a ring, este último já “incriminara alguns dos réus”.12 Como é claro,
. . _sªº capitulação da, Alemanha até o início do julgamento, muito aju— as conversações entre Donovan e Goering não progrediram sufi—
Na?
daram Goermg. “Perdeu peso, libertou—se dos narcóticos e, subme— cientemente para que fosse possível tê-las na conta de negociação
tido a inumeráveis interrogatórios, recobrou. muito de seu antlgo do processo, mas muito se aproximaram disso, e Donovan atribuía—
vigor e espírito de luta. Na terceira semana de outubro, quando lhes grande importância, pois entendia que “uma confissão da,”
o Major Neave e Adrian Fisher vieram ínformá-lo oficialmente do parte do último "líder sãº" da gang”, poderia ser a melhor “forma
método a ser seguido na seleção dos advogados de defesa,__G-oering prática de fazer com que o povo alemão reconheça a culpa desses
tinha plena consciência de seus direitos, e aproveitou O momento homens”.13 Jackson, no entanto, não concordou e' proibiu. que pros—
para assinalar o que lhe pareciam as íníqúidades da Carta. de seguisse () trabalho de Donovan junto & G—oering.= A esse respeito,
I..01:3.<:'i.1ªes.8 Um representante do Ministério do Exterior britânico, e a respeito de outros assuntos ligados a esse, seguiu—se uma ás«
presente a um de seus interrogatórios, nº começo de novembro, pera. controvérsia, e pouco depois do início do julgamento Dono-—
gravou em suas notas que Goering não revelava sintomas de ser van demitiu-se, regressando aos Estados Unidos.M
“um inimigo vergado e derrotado”, mas que estava “evidentemçg— Frustrando-se o plano de Donovan, não assistia & Goering
te apreciando a ocasião para, extravasar o,.que sentia”. Na opimao outro recurso senão o de assumir o papel de defensor do regime

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e usar seus tal-entos para manter em ordem os outros réus, e ar— leªªpeito do Marechal saiu dos lábios de Dennedieu de Vabres, que
mar, com isso, a melhor defesa possível do sistema nazista. Seu o classificou de “salteador de primeira classe”? mas es;sa espécie
desempenho durante o duelo de perguntas e respostas que travou de elogio pouco valia ao réu numa questão de julgamento de Vida,
com Jackson foi. o ponto alto dessa campanha, e lhe deve ter ins—= ou rrmfrte.18 Todos os oito juízes tiveram Goering na. conta de cul—
pirado uma satisfação toda particular, pois fora Jackson quem patio nos quatrº pontos, e votaram a, favor da. sentença de morte.
sustara o esforço de Goering para colab-orar com & promotoria. A Donneaieu de Valºres queria que fosse fuzilado mas por três votos
habilidade com que () Marechal-do—Reich desempenhou seu papel a. um Goeling foi condenadº à forca “lª'
não passou despercebida à Corte, e muitos juízes gravaram nos
respectivos caderninhos, no curso do julgamento, que Goering RUDOLF HESS
mostrava inteligência acima do comum, e queria dominar os outros
réus. Mas quando ele se tornava muito grosso em seus esforços, Como Goering, Hess foi um dos primeiros nazistas e, mais
como ocorreu quando buscou intimidar Hans Gísevius, testemunha tarde, alcançou altíssima posição no Partido e no Estado. Ele era
da defesa no caso de Schacht, enfrentava um grupo de juízes de— ainda. mais chegado às confidências de Hltler do que Goering e,
finitivamente hostil, entre os quais Francis Bíddle, que muito se a título de recompensa por sua devoção pessoal, Hitler nomeou—o
irritou com o ]'mzic'iente.15 suplente alternativo, na pouco provável hipótese de que tanto
Contudo, nenhuma dessas dramáticas ocorrências do plenário Hitler como Goering renunciassem 'ª'-Iess não ampliou sua, autori—
do Tribunal teve qualquer influência significativa, sobre o vere— dade e não se mostrou tao cúpído de cargos e honrarias quanto o
dicto dos juízes quanto & Goeríng: nos debates, ele podia vencer Marechal— dC)—Reich. Ao contrário permaneceu por muitos anos em
os promotores, um a um, mas não podia destruir () indiciamento seu posto de imediato do Fúhrer no domínio dos assuntos partidá-
ou as definições e categorias legais que a, Corte estabelecera. Fora rios, e, tendo Martin Bormann como assistente, dirigiu & organi—
ínculpado de todos os quatro pontos constantes do indiciamento; zação do Partido. Caiu em desgraça, muito mais cedo que Goering
como assinalaram tanto o sumário de seu. caso, preparado por Aparentemente sofrendo com a falta de importância de suas fun—-
James Rowe, em maio, e a Decisão final, Goeríng praticam, no
ções de guerra e também de instabilidade mental, Hess voou pala
curso de sua carreira, virtualmente todas as formas de atos crimi—
() Reino Unido na primavera de 1941 numa tentativa de impres—
nosos que o Tribunal considerava passíveis de castigo. Participam sionar o mundo conseguindo a paz entre a Inglaterra e & Alema—
na preparação de “todos os planos de guerra de agressão”, e no nha. Em vez de aplausos e aclamações, o que recebeu foram qua-
desencadeamento de cada um dos ataques reais. Contribuíra, para tro anos de prisão britânica e uma denúncia feita, pelo homem
que sei estabelecessem ea fossem levados a efeito programas de pí— que tanto amava, o Fúhrer, que o qualificou, publicamente, de
lhagem de obras de arte, de exploração da. economia dos países louco.
ocupados,_e para que se infligissem maus—tratos e se assassinas- O Vôo que Hess empreendeu em 1941 influenciou significati—
se=m prisioneiros de guerra. Cabia mesmo & Goeríng & duvidosa vamente seu julgamento. Durante o resto da guerra, atormentam
distinção deter firmado & única ordem escrita remanescente. que o governo soviético & suspeita de quª por trás dessa aventura, se
atribuía & Heydrich & responsabilidade de preparar a “solução fi— escondesse alguma sinistra maquinação entre os governos britâ-
nal” do “problema judeu”.16 nico e nazista,. Poucos dias depois que Hess desembarcou na Es—
Em 2 de setembro, a Corte terminou a primeira fase de con- cócia, & Alemanha invadiu a Rússia. & Stalin estava evidentemente
sideração do caso de Goeríng, e o fez num tempo extraordinaria— convencido de que a, missão de que se incumbira Hess consistia na
mente curto. Donnedieu de Vabres reservou sua decisão ao ponto negociação de um trato para ação comum contra a União Soviética.
um (conluio), como o faria no caso de cada um dos réus, até que Nisso, nao há dúvida de que Stalin tinha razão, mas Stalin pa—
o contentou de certa maneira a fórmula. de compromisso que Bidd- recia também acreditar que os ingleses, em seguida, mantiveram
le completou em 5 de setembro. Mas foi essa a única restrição, Hess preso para qUe estivesse disponível se, algum dia, Londres
entre os juízes, no que se refere & Goeríng, o restante da Corte foi decidisse negociar a paz em separado e conjugar-se com & Ale-
unânime em considerar Goering culpado em cada um dos quatro manha na luta contra, a União Soviética. Moscou recorreu à pres-
pcmtos..17 Quando seu caso voltou para um segundo debate, em são diplomática. e a, pressões de opinião pública, para extrair de
10 de setembro, os juízes estavam em completo acordo, e trabalha— 'Londxes O fundo do assunto, muito embora o governo britânico
ram com a mesma rapidez que tinha caracterizado os trabalhos tentasse, repetidamente, garantir aos russos que não o animava
no. primeiro exame. O melhor que qualquer deles teve a dizer a qualquer intenção maligna; de usar Hess para, escapar da guerra,

1394 1.9.5.
ou tramar ações anti—soviéticas?“ A vereda mais fácil pela qual__ () processo que &, promotoria preparam e com o espírito "vingativo
os ingleses teriam escapado à dificuldade parecia consistir em que reinava, no seio da opinião pública.. As opiniões dos psiquia-
julgar e executar Hess. Além do fato evidente de que “Hess nada tras da, Corte indicavam muita hesitação e muita Cautela, mas
fizera de contrário às leis britânicas? hesitavam os ingleses em sugeriam, no fim, que Hess estava em condições de ser julgadaºª
iniciar em tempo de guerra, julgamentos e execuções de nazistas Durante a audiência, que se verificou no dia, 30 de novembro, º
capturados, com medo de provocar uma reação em cadeia que ponto central dos debates foi a questão de apurar sel—less fingia
levaria os nazistas & liquidar prisioneiros de guerra, britânicos. doença ou se estava, realmente enfermo; as notas de Biddle indi—
cam que os juízes pensavam ser mais fingimento do que qualquer
Assim, no curso da guerra, os britânicos defenderam Hess e outra coisa, embora não estivessem de acordo quanto ao melhor
agiientaram & pressão e os insultos" soviéticos, mas, chegado o caminho & seguúr.27 Donnedieu de Va'bres e Biddle" queriam que.
momento de se planejar a sorte dos principais nazistas no pós— Hess viesse falar com os juízes, na esperança de que, assim, 10-
guerra, eles ansiavam por incluir Hess entre os réus. O Ministério grassem tomar o pulso da situação?8 Depois de inicialmente opor-—
da Guerra —— e não o Ministério do Exterior --- já o havia colocado se a essa idéia, o restante dos juízes acabou por aderir a ela, e -
na lista, de principais criminosos de guerra, em abril de 1944“21 Lawrence convidou Hess para, que falasse; o que ele fez em segui—
Em maio de 1945, quando o General Donovan perguntou aos da, com sua, “confissão”, afirmando que simulam amnésia, resol—
ingleses se Hess deveria figurar entre os criminosos de guerra, veu inesperadamente 0 problema mais premente para o Tribunal.
as personalidades oficiais de Londres mostraram—se encanta— Foi imediatamente indeferido () requerimento do advogado de Hess,
das com a. idéia, e ele foi posto na lista. britânica dos 10 que pedia fosse o caso deste último apartado dos demais e do jul—
maiores criminosos de guerra nazistas, & qual foi elaborada gamento, e ordenou-se & Hess que comparecesse diante do tribw
em junho.22 Emb-ora também os norteeamerícanos () colocassem nal para ser julgado em companhia dos outros réus. Mas é uma,
em sua lista, de 16 altos criminosos, em junho de 1945, Jack— decisão que, faz 30 anos, vem ensombrando () julgamento: não
son mostrou hesitar em processá—lo, devido à condição mental parece ter sido simulada, & amnésia de Hess; o que parece ter sidº
do prisioneiro.—“ªª Mas, durante o verão e o outono, os "britâni- fantasia, é justamente a sua, “confissão” de que em normal,
cos n㺠afrouxaram um só mºmento o zelo em processar Hess,
sem dar ouvidos às dúvidas de Jackson. Quandº Stalin, em Hess m㺠desempenhou qualquer papel na preparaç㺠de sua,
Potsdam, deixou implícito acreditar em que os ingleses talvez defesa; recusou.-se & depor, e seu advogado Viu—se obrigadº & ap£e=
, eâggivessem buscando recuar, no que dizia respeito & Hess, Attlee sentar uma causa, superficiaí, com esparsa documentação e tás—
'não conheceu limite em sua. ânsia de colocar Hess no "banco dos temunhas de importância marginal. A impressão de que essas eir-—
réus.24 Da mesma, maneira,, durante as audiências que o Tribunal cunstâncias contribuíram para que se produzisse um erro judiciá—
celebrou quanto à saúde mental de Hess, em fins de novembro, foi rio só faz aumentar diante do fato de que as acusações da, pro-»
o suplente da, promotoria britânica, Mame]; Fyfe, quem advogou motoria contra. Hess não eram muito vigorosamente fundadas.
& idéia de que fosse julgado, mesmo sofrendo de amnésia, desde que Foi acusado de todos os quatro crimes, mas, como Robert Parker
se pudesse estabelecer que compreendia os “trabalhos -——- uma Opiu— salientou, no memorando que redigiu para a ilustração de Biddle
nião do que é saúde mental para, fins legais tão singular “que..e e Parker, em maio e junho de 1945, eram poucas ou nulas as provas
Biddle observar, em suas notas, que se tratava “à primeira vista, que Vinculavam Hess à prática, de Crimes de Guerra ou Crimes
de artes e astúcias de advogado, no que têm de ruan”?5 contra, a Humanidade. Por outro lado, Stewart achou que as acusa—
Foi, no entanto, mais do que a pressão soviética e britânica ções se apresentavam melhor no tocante à responsabilidade de
o que, por fim, determinou o Tribunal a decidir que julgaria Hess, Hess nos. preparativos,,para, as invasões da Áustria e da Tcheco-
não obstante sua condição mental.. Nos primeiros passos do julga- Eslováquia; & “promotoria dem realce às atividades de quinta.—co—
mento, os juízes não se conheciam reciprocamente, e hesitavam luna. do órgão exterior do Partido (Auslanásorgam'sation) na
em assumir posições que se chocassem, de modo flagrante, com agressão contra esses dois países, e Hess tivera. autoridade sobre
o Partido e seu organismo subordinado. Essa, idéia foi aceita por
Stewart, que também ressaltou a, participação direta, embora li-
* A lei britânica, como a norte—americana, é muito mais definida que a dos mitada, de Hess nas operações na Áustria e Tcheco-Eslováquia.
outros países no que se refere à territorialidade de um crime, que só pode ser Ainda assim, eram vagas e parcas as indicações de que Hess sabia,
crime diante da lei que se aplica. no lugar onde foi cometido. É claro que
escapa-m & esse princípio casos de conluio de determinadas espécies, como o dae
por antecipação, () que se passaria e, quanto aos ataques subse—
contrabando de narcóticos. (N. do T.) . quentes contra a Polônia e ºutros países, não havia, praticamente,

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qualquer prova direta da promotoria de que ele desempenham Heas. Em termos históricos mais amplos, esse problema não é de
papel importante. Hess assinam os decretos que tinham feito da, muita importância, pois o sistema de governo do Reich pouca, re—
Áustria, dos Sudetos e de áreas da Polônia partes do Reich, mas lação tinha com conluíos, tal como se configuram jílridicamente.
tudo isso aconteceu depois das invasões. Stewart namorou & pos- Rudolf Hess sabia o bastante do estilo nazista, do que significavam
síbilídade de que Hess tivesse voado para a Inglaterra “em co— as insinuações e as palavras—chave, do que queriam dizer as suges-
nexão” com os planos de ataque à Rússia, mas chegou à conclusão tões e o que deixavam implícito, para entender que os vizinhos
de que, embora. & narratiáva de Hess estivesse cheia de improbabi— da, Alemanha, e especialmente os “Untermenschen” (subumanos)
lidades, seriam necessárias provas “extremamente fortes” para de- no país e no estrangeiro não iriam gozar de festa alguma quando
Hitler pusesse as mãos no poder. Mas, durante o Terceiro Reich,
monstrar que o Vôo fazia parte de um conluio, e em Nuremberg
não se dispunha de tais provas. O resultado final a, que chegou e em especial, no curso da guerra, Hitler não ficou à. disposição
Stewart era de que Hess deveria, ser tido como responsável por das pessoas para revelar—lhes o que pensava em seu. íntimo, ou
Crimes contra, a Paz, porque, simplesmente, suas incumbências seus planos específicos. Hess fora muito chegado à sede do poder,
incluíam muitas atividades ligadas à invasão, e porque mantinha e tivera tempo de sobra em sua sociedade com o movimento para.-
relações muito estreitas com Hitler. Sem enfrentar diretamente tírar algumas conclusões óbvias. É verdade que isso tudo só vale,
a alegação da, promotoria de que uma posição elevada no Estado desde que ele, de fato, gozasse de saúde mental. O que se refere
e no Partido faziam, necessariamente, de um homem um colabo— à proximidade do poder e, salvo no caso de Papen, à proximidade
rador num empreendimento criminoso, Stewart sustentou que do Partido ou integração nele, vale para o caso deste último, para,
Hess deveria, ser condenado por Crimes contra a Paz, pois era, o de Hermann Goeríng, Martin Bormann, Albert Speer e muitos
“inimaginável” que ele não soubesse do que se passavaºº outros. Contudo, nesses casos, como nos dos outros réus, & Corte
exigiu que & promotoria demonstrasse claramente o conhecimen-
No sumário do caso de Hess —— sumário que o Tribunal ane- to pessoal de um propósito ou plano criminoso.. Só Hess e, “talvez,
xou & seu veredicto ———-— encontram—se poucos restos das palavras Fríck foram condenados por conluio com base em provas muito
usadas por Stewart, mas a argumentação segue linhas muito .se— malcosturadas e na, afirmação de que tinham sido intimamente
melhantes. A. Corte retirou a ênfase que se Vinha emprestando relacionados com () Fúhrer. Não desejo, é claro. afirmar que Hess
ao papel da Auslandsorgamsation na Tchecouªslováquía & na fias—« fosse inocente, nem é isso que significa, o que figura acima, pois,
tria (decisão sensata, pois as provas que apareceram depois mos—— em outro julgamento, sendo diferente:—3 as regras impostas, ou “tal—-
traram que havia grande exagero nas histórias populares que vez diante de uma outra jurisdição, ele poderia ter sido facilmente
corriam & respeito das atividades desse grupo) e seguiu o que pro— condenado; em Nuremberg, no entanto, é patente que Hess foi
punha Stewart, considerando, como ele, que Hess em inocente vítima, de um duplo padrão de julgamento.
no que dizia, respeito aos pontos três e quatro. Também se decidiu
que Hess não era culpado de ser agente de um conluio geral, du- Os documentos que nos restam não iluminam o caminho tri—
rante o vôo para a Escócia. Parecem de pouca --ímportância os lhado pela Corte para atingir essa conclusão singular, mas mos——
motivos específicos que a Corte citou para condenar Hess por Cri-— tram o processo que conduziu à decisão de condenar Hess à prisão
mes contra a Faz: um discurso pronunciado por ele em 'que. elo—— perpétua. Na sessão preliminar que teve lugar a, 2 de setembro,
giava Hitler e criticava a, Inglaterra, a França e a Polônia, dis— todos os membros do Tribunal concordaram (em-que Hess deveria
curso esse de 1939. e o fato de ter aprovado os decretos que, depois ser considerado culpado dos crimes previstos nos pontos um e dois,
disso, incorporaram, no todo ou em parte, os países que os nazis— mas os juízes ocidentais indicaram alguma hesitação quanto &
tas conquistaram. O considerando de força maior mencionado pelo condená—lo pelo que previam os pontos três e quatro. Nikítchenko
Tribunal em o mesmo que Stewart sublinhara: Hess era culpado também relutam-quantº" & esses pontos, mas ínclinava—se à con-de—
porque, “na qualidade de. confidente mais íntimo de Hitler”, não nação. Só o suplente soviético, Volschkov, apareceu com uma. vi—
podia, deixar “de ter sido informado dos planos agressivos de gorosa. argumentação no sentido de que Hess fosse condenado pe—
Hitlerªãªº - los crimes constantes dos pontos três e quatro, e mencionou a
O que mais desagrada, na declaração da Corte a respeito de assinatura de Hess nos decretos de Nuremberg (o código legal
Hess regide em que, depois que tanto Stewart quanto Biddle ti— duramente discriminatório contra, os judeus que os nazistas ha—
nham posto em dúvida a propriedade de condenar-se um homem viam imposto ao país em 1935) como prova, de que Hess em cul-—
com fundamento apenas em sua posição, sem provas de crimina— pado do massacre dos judeus — o que fez com que Biddle obser»
lidade, índíVí-dua'i, foi justamente com essa base que se condenou vasse, em suas notas, que os soviéticos estavam tocando as raias

198 199
do “extfemoªtªl Quando O caso de Hess, em 10 de setembro, surgiu zes nada, mais foram do que o cumprimento das orientações de seus
nos trabalhos para consideração final, o suplente francês, Falco,“- respectivos governos A reação dos soviéticos à sentença de prisão
abríu & sessão dizendo que Hess era culpado de tudo que constava perpétuaéeainda mais forte motivo de cautela nesse sentido, pois
nos quatro pontos, e que cumpria condená—lo à prisão perpétua. essa, foi a única sentença à qua]. os russos insistiram em anexar
Donnedíeu de Vabres, então, votou a, favor da. culpabilidade de uma opinião dissidente, e agora sabemos não apenas que Niki—
Hess nos crimes dos pontos um e dois (conluio e Crimes contra a, tchenko votou a favor da prisão perpétua, mas também que foi
Humanidade), e mostrou-_se favorável a uma sentença de cerca dele o voto decisivo. Nikitchenko evidentemente se viu “numa situa»
de 20 anos. Parker e Riddle defenderam que Hess fosse condenado ção difícil e imprevista, sem instruções adequadas, quando se de—
pelos crimes dos pontos um e dois, mas não dos pºntos três e qua— frontou com o impasse de dois votos a dois, e tomou a melhor '
tro, e endossaram &, idéia de condenação à prisão perpétua. Os dois decisão que as circunstâncias lhe permitiam. Só mais tarde, e com
juízes soviéticos opinaram por sua culpabilidade em todos os cri— relação & absuolvíçõefs de três réus e a decisões quanto ao Altº
mes, e pediram a sentença de morte Norman Birkett não estava Comando e ao Conselho de Ministros, () governo soviético decidiu.
presente para & votaçao,presumive1mente por se achar empe» publicar divergências. A declaração soviética com referência ao
nhado no trabalho de redigir () projeto de opinião geral mas O caso de Hess pareceria, assim, o resultado de uma reflexão ,de
Juiz Lorde Lawrence teve Hess na conta de culpado dos crimes que último momento, e não se deve conferir qualquer importância à,
cobriam todos os quatro pontos, e queria que se: lhe aplicasse & sen— argumentação que contém, quando procura seguir a pista que le—
tença, de prisão pelo resto da vida. Hess foi, por conseguinte, con— vou ao veredicto e à sentença, exceto no que ela, revela das opiniões
denado pelos crimes & que se referiam os pontos um e dois, mas? gerais sustentadas por funcionários soviéticos. Como em de prever,
com fundamento na, regra de “que um voto “de impasse, de dois a a divergência, asseverou que a, missão de Hess na, Grã-Bretamha
dois significava absolviç㺠foi eomsmeradº inocente dºs crimes constituía parte dº planº de ataque à Únião Soviética, e também e
matamos nos pontos “três e quafsm, pois ºs votos ãe Donnedieu de considerou culpado de cºntribuir para, que se desenvolvesse 0 sis»
Vabres e Eddie anulamm GS de Lawrence e Nikitchenke ªº tema, SS e as duras regras de ocupação que se impuseram aos
Cºmo também se atam um mó zm que diz respeitº à gentença ªcerriªaóríos ºriemaís comquigmdesêª & divergência, fºi. mais; um
apropriada,? Falcº recomemdou que votassem, em primam lugar;, episóáíe na Obsess㺠soviética, de que] Hess tinha de ser eliminaâg
a, questão da pena de morte, em seguida,, a, sentença de pris㺠por simbºlizar a ameaça de uma, coligaç㺠ocidental contra, a
perpétua, e, por fim, uma, sentença, de pris㺠por &empa determí»
nado, entendendº-se que a primeira sentença a. receber três vºtos 0 meàe que perseguia, os sºviéticos e &, duvidosa, decisão do
dos membros titulares seria, decisiva. adotoumse essa, sugestão, e Tribunaí no casº de Hess n㺠pememm importância, Todas as
logo se excluiu &, pena de mºrte, sentia nissº derrºtado Nikitchen— outras ações resolvidas em Nuremberg sae ações históricas que j á
ko por três a, um, Depois de um impasse inicial? de dois a, dois, no se esvaziaram de paixao, e se encontram fora, do alcance de h0=
tocante à prisão perpétua, Níkitchenko correu em auxílio de Bid— mens vivos. A maior parte dos réus já morreu e o punhado de
dle e de Lawrence para derrotar Donnedieu de Vabres, e assim foi sobreviventes encontra-se em. liberdade. Todos, com exceção de
imposta & Hess & sentença de prisão pelo que lhe restasse. de vida, Rudolf Hess, que ainda Vive sozinho na prisão de Spandau, que
por três votos a um. É de acreditar-se que o juiz soviético tenha ainda é homem de sanidade mental duvidosa e que ali permanece
compreendido que, se não votasse &, favor da prisão perpétua, o em razão das decisões políticas e crítícáveis do Tribunal, e da tei
impasse de dois votos contra; dois se teria, resowido- com um acordo mosia soviética.
dos anglo-saxões com Donnedieu de Valores, em torno de uma
sentença de 20 a 30 anos de prísão.ªª JOACHIM VON-"RI'BÉENTROP
O método de votação empregado no caso de Hess teve conse—
qiiências significativas e de caráter irônico. Defendendo esse pro- Diferentemente de Goering e Hess, Ribbentrop não pel—tens»
cedimento, Falco foi capaz de lograr “& sentença que ansiava, fosse cera ao Partido Nazista desde os primórdios do movimento mas
aplicada & Hess, & prisão perpétua, frustrando () esforço do juiz chegou—se a Hitler durante a luta pelo poder nos primeiros anos
titular francês para, que & sentçnça fosse mais leve É impossível da década de 30. Ocupou uma, série de postos consultivos, nos anos
apurar se Falco tinha consciência, do que resultaria da adoção do iniciais do Terceiro Reich tornou—-se Embaixador na Ínglaterra
método de votação que propôs, mas o incidente deveria inspirar em meados da década, de 30 e instalou--se como Ministrº do Exte—
certa precaução àqueles que adºram afirmar que as ações dos juí— rior de 1938 a, 1945. Todos ºs governos aliados tinham Ribbentrop

200 2101--
na conta de alvo principal, como réu. em qualquer processo contra juízes comíderaram Ribbentrop culpado dos crimes incluídos em
os criminosos de guerra nazistas, e ele figurava em todas as lista;-'s “ todos os quatro 130111505.eu Em 10 de setembro, durante a segunda
aliadas de planejamento de processo contra, culpados por delitos sessão, os sete juízes (Birkett, ainda desta feita, estava preso a
de guerra, a começar pelas duas listas britânicas preparadas em seu trabalho de redator) 0 tiveram na conta de culpado em todos
abril de 1944.35 Quando os norte-americanos decidiram que sua os quatro pontos; Donnedieu de Valores votou a favor da pena de
maior ênfase seria sobre o conluio para a guerra de agressão, Rib—— morte, mas não especificou & forma de execução, enquanto os seis
bentrop assumiu. ainda magpr importância, e, depois de capturado, outros juízes declararam que deveria morrer na, forca.. Assim, atin—
o escritório do promotor pediu que o Departamento de Estado, ao giu-se muito rapidamente e sem traço de desacordo grave 0 vem-—
fazer pesquisa e coligir documentos alemães, tivesse sempre em dicto de culpado nos quatro pmmzos.42
mente a posição central do tex—Ministro do Exterior nazistaêª
Na década de 50, a Viúva de Ribbentrop buscou demonstrar MARECHAL—DE—CAMPO WILHELM KEITEL
que o caso do seu falecido marido fora altamente polêmico, mgs
() de que dispomos em matéria de provas mostra que a Corte nao Keitel era, um oficial de carreira do Exército que, antes de
compartilhava as opiniões de Frau von Rz'FDbentmp.ST Tanto o me— 1933, não símpatízara em particular com os nazistas e que “nunca
morando preparatório de Fisher como o sumário na, Decisão final fora membro do Partido. Até 1938, ele foi chefe do Estado—Maior
acentuaram & participação direta de Ribbentrop na intimidação do Ministro“ da Guerra, General Werner von Blomberg; quando
daqueles que seriam vítimas de ataques nazistas, e citaram—se pro- Hitler reorganizou & estrutura do Alto Comando militar, em feve-
vas incontáveis de que ele era conhecedor de muitos dos planos reiro, Keitel tornou-se chefe do DKW (Oberkommando de? Wehr—
de ataque. Fisher concluiu seu memorando dizendo que acreditar macht, ou Alto Comando das Forças Armadas). Ele não. exerceu
em que Ribbentrop ignorava os planos de invasão consistia em funções de comando diretas, nem teve grande influência entre seus
“levar &, credulídade humana a um extremo insuportávelªª.38 Nem colegas do Exército e, como consta, apropriadamente da, Decisão,
o Tribunal nem Fisher deram muita atenção aos esforços da pro— foi apenas o chefe do pessoal militar que rodeava, Hitler.. No en—
motoria para. tornar o Ministro do Exterior responsável pelo sis—— tanto, nessa qualidade, participou de preparativos gerais e minu—
tema de controle e repressão nos territórios ocupados, mas acen— ciosos de cada, ataque e invasão nazista, e também firmou quase
tuamm fortemente a profunda e prolongada, participação de Rib— todas as ordens ligadas aos Crimes; de Guerra ou aos Crimes contra
bentrop e do Ministério do Exterior na execução de. deportações a Humanidade de responsabilidade dos militares. Era tão perfeito
e no extermínio dos judeus. Os estudos posteriores ao julgamento o caso preparado pela, promotoria contra Keitel, desde que enca—
reduziram a validade da acusação contra Ribbentrop, de planeja— fado sºb o prisma dos "termos que foram estabelecidos pela Carta
mento de guerra geral, mas em nada contribuíram para enfra— de Londres e pelo Tribunal., que, em maio de 1946, Rowe foi capaz
quecer as provas de que participara dos preparativos de invasão, de resumir todo O prºcesso que lhe dizia respeito em apenas cinco
e ao mesmo tempo aumentaram grandemente 0 papel crucial ,que páginas camisas. Esse memorando, que incluía, a recomendação
sua organização desempenhou nas dleportaçgões.39 de que & Carte condenasse Keite] em todos os quatro pontos, poís
As únicas apreensões que, no que se refere ao processo de '- “nada há de atenuante”, apareceu impresso, quase palavra por
Ribbentrop, alguns membros do Tribunal parecem ter exprimido Pªlªvra, na Decisão final.-ªª“
diziam respeito à defesa. intrincada, longa e irrelevante que apre- Depois do julgamento, alguns críticos acharam que era coisa
sentou o advogado do réu e à lamentável aparência deste último sem precedentes e perigosa proibir a defesa fundada em ordens
na Corte. Como Norman Birkett anotou em seu diário, em como superiores, e procura-ram apresentar Várias defesas para o com--
“se houvesse quebrado a mola principal de ”sua. vidaªª.ªº Com uma portamento de "Keítel; um deles chegou & classifica-10 de “eminen—
enorme quantidade de provas contra ele, perfeitamente adapta— te militar?“ Mas, no curso da guerra, os governos aliados não o
das a preencher as categorias legais que o Tribunal estabelecera, tinham tido nessa estima e, de todas as listas de criminosos de
tais como a participação em planejamento específico de guerra., guerra elaboradas por antecipação, & única em que ele não apa—ª
nada que Ribbentrop ou seu advogado fizessem podia, concebível— receu foi o rol de criminosos do Ministério da Guerra britânico,
mente, alterar o resultado. Na primeira sessão deliberativa, em 2 elaborado em abri]. de 1944. A altura do verão de 1945, o governo
de setembro., D'onnedíeu de Vabres formulou uma reserva tempo- britânico estava, tão resolvido & julgá—lo quanto o estavam os nor—
rária no que se refere à acusação de conluio, mas foi a única coisa Ine—'ajnrlericanos,45 &, iniciado o julgamento, em a defesa a parte que
que se registrou mais ou menos a favor de Ribbentrop: todos os mais se atrapalhava com a existência de Keitel. O que fizera, fora

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de caráter tão extremado, e as provas contra ele eram tão poderªo—- sinado, em 1942. Como chefe do RSHA (Reichsicherheitshaup—
sas, que ele ameaçava todo o esforço da defesa para impedir que '- tamt, ou Serviço Central de Segurança do Reich,). estava, acima de
o “Alto Comando e Estado-Maior” fosse considerado organização SD e da Gestapo, inclusive de subseções tais como a usada por
elf'iinainosa.46 Adolf Eichmann para efetuar a “solução final da questão judaica”.
Embora Kaltenbrunner prosseguisse todo o tempo na emissão de
Até os últimos momentos do julgamento, os representantes da diretivas sinistras e de ordens de execução, até os últimos dias do
Corte viram nele um fraco, se não comovente, instrumento de cri— Terceiro Reich, ele parece, como Himmler, ter esquecido & terrível
me. Ao Major Neave, em dªutubro de 1945, ele pareceu “confuso e reputação que conquistam na Alemanha, e no exterior. Em março e
abalado”;47 Bíddle, mais tarde, o considerou o protótipo do general abril de 1945, enquanto Himmler tentava negociar com os aliados
criminosamente desprovido de caráter, e Birkett achou que, no na Suécia, Kaltenbrunner tentou lograr o mesmo resultado na
curso do julgamento, ele tinha ficado “mais velho e encanecido'ºsªª Suíça, fingindo ser o líder de uma oposição austríaca. ao extremis-
Em seu depoimento, e submetido a perguntas diretas do promotor, mo nazista.52 Nem Himmler nem Kaltenbrunner parecem jamais
ele reconheceu com franqueza que era de temperamento pouco ter compreendido por que motivo as potências ocidentais acha-—
firme e chegou praticamente a reconhecer sua culpa; disso tudo vam que nenhum dos dois em figura com quem se pudesse nego——
resultou uma das. exposições mais honestas e tocantes que a de— ciar. Depois de vagar sem rumo até cair em poder dos aliados,
fesa fez durante o processo. No fim do julgamento, como Biddle e Himmler suicidou-se, mas Kaltenbrunner, embora alagado de lá—
Birkett anotamm, o Marechal-de-Campo foi capaz de reassumir grimas de autopíedade, & sempre proclamando sua inocência, dei-
alguma, dignidade e, em. sua, declaração final, mostrou que quema xou—se prender, rotineiramente, submeteu—se; ao cárcere e ao jul-
morrer como homem de coragem?9 _
gamento.
As discussões a, respeito de sua sorte foram as mais curtas A simples consideração dos preparativos aliados para os julga-
que se registraram quanto a qualquer um dos réus. Em 2 de se— mentos de crimes de guerra. poderia ter iluminado Kaltenbrunner
tembro, sem qualquer sinal «de' dissensão, os oito juízes concorda—— quanto à, gravidade da situação que enfrentava, pois desde abril
mm em que ele era culpado dos crimes previstos em todos os qua-— de 1944 seu nome aparecera em todas as listas aliadas. de princi—
tro pontos; ºito dias mais tarde, os franceses formularam reserva pais criminosos de guerra, e desde julho de 1945 0 pessoal da
quanto ao modo de execução, mas todos estavam de acordo em promotoria norte—americana fazia esforços especiais para, preparar
que deveria ser executado em razão de sua culpa nos quatro pon- um processo invencível contra, o “RSHA, seus membros e fun—-
tos, e todos, com exceção dos franceses, foram favoráveis à for- cionários criminosos, e seu chefe, Ernst Kalten'brutnnerª'”.53 Mas
cafº Numa discuss㺠curta, em 12 de setembro, os franceses de— -« Kaltenbrunner não se encontrava num estado de espírito que
clararam que 0 queriam ver fuzilado, não enforcado, & Bíddle he?— lhe permitisse enfrentar as duras realidades; na, prisão, sucumbia
sítou porque, embora fosse simpático à forca para Keitel, tinha em & períodos em que chorava sem parar, e revelou ao representante
mente, para. outro réu, o pelotão de fuzilamento. Mas Nikitchenko do Tribunal, em outubro de 1945, que sentia grande dificuldade
e Lawrence sustentaram com firmeza um sistema de forca para. _ e m concentrar-se. Em seu estado de depressão, não era capaz
todos os cas-os e, por fim, Biddle cedeu e juntou-se a eles.... Keitel de dormir bem, e receava especialmente “aparecer na Corte mal—-
foi condenado a morrer enforcado.51 “vf<=:'s1sioloª'ª'..54 '
ERNST KALTENBRUNNER _ Então, apenas três dias antes do início do julgamento, Kal-
tenbrunner sofreu, uma hemorragia cerebral que o levou ao hos-
Ainda mais que Ribbentrop ou Keitel, o destino de Kalten— pital e omanteveufora do “banco dos réus durante as três primeiras
brunner estava, selado desde o começo do julgamento, ou mesmo an— semanas de trabalhos, Enquanto se achava, imerso na, falsa segu—
tes disso. Fosse o que fosse que decidisse & Corte sobre as questões rança, do hospital, os outros réus ouviram uma quantidade ge-
legais de ordem geral, tais como conluio, só um milagre poderia nerosa de provas que documentam os horrores que Kaltenbrunner
ter salvo aquele enorme advogado austríaco que serviu como prín— e seus subordinados haviam praticado no Curso dos anos da
cipal auxiliar de Himmler de 1943 até o fim do regime. Em um guerra. Em de grande conveniência para. os outros 20 réus alegar
Veterano das fileiras partidárias, um homem das SS e um funcio— completa inocência e colocar a culpa de todas as monstruosidades
nário nazista da polícia. que, aos poucos, ascendeu à, posição de nos ombros enormes, embora ausentes, de Kaltenbrunner. Quando
chefe da polícia secreta, e carrasco, depois que Heydrích foi assas— este se refez o suficiente para regressar ”'à sala do Tribunal, foi

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friamente acolhido pelos outros réus,. mas objeto de cuidados eram, ao mesmo tempo, “inacreditáveis" e desprovidas de substân-
especiais da, parte das autoridades aliadas, que desejavam garanu ' cia que as fundamentasse.ªª Quando os juízes passaram & exalam".—ª
tir que o réu, por assim dizer, representativo dO aspecto horrendo nar o caso, em 2 de setembro, seguiu-se uma discussão surpreen—
do regime nazista,, nos casos contra as SS, 0 SD e a Gestapo, dentemente longa e divisíva. Nenhum dos juízes nutria qualquer
permaneceria Vivo até 0 fim do julgamento. , - hesitação quanto à culpa de Kaltenbrunner nos pontos três e
quatro, mas ocorreu acirrada controvérsia quanto à sua, culpa no
Em algum ponto do processo, Kaltenbmnner conseguiu sair ponto de conluio (ponto um). Para aumentar a confusão, Biddle
do ponto mais baixo da ªdepressão pela vontade de detender—se observou, como que por acaso, que poderia ser factível culpá—lo
vigorosamente. A. promotoria tinha recorrido a alguns de seu; pelos crimes do ponto dois, embora não o acusasse desses crimes
inimigos pessoais no RSE-IA, como Walter Schellenberg, na quak— especificamente a seção do apêndice do indiciamento que tratava
dade de testemunhas contra ele, e isso talvez o tenha persuadido do seu caso. A0 citar as seções do indiciamento geral que se
&, lutar para vingar-se, quaisquer que fossem as dificuldades. Com referiam ao papel do RSHA quanto & guerras de agressão, poderia
o menor possível dos auxílios da parte de seu advogadq, Eçalten— ser asseveradn que delas sería concebível extrair uma acusação
brunner preparou uma série de argumentos em defesa proprla qºlªe, implícita de guerra de agressão contra Kal'benbrunner.ªº Mas
não obstante 0 completo desprezo que revelam pelos fatos, sao tendo deixadº cair no meio da discussão essa interpretação pouco
deveras notáveis. No lugar reservado aog depoimentos, ele afirmo]; usual do assunto, Bíddle imediatamente & abandonou, votando
que não estivera à frente da Gestapo e de outros serviços policirals em favor da condenação de Kaltenbrunner somente nos pontos
de segurança, pois essas unidades obedeciam diretamente & Hlm- três e qua'tmfin Nesse voto, a ele se juntaram Falco e Donnedíeu
mler e ao chefe imediato da Gestapo Henrick Mueller. Alegou de Vabres, que também acreditavam que se deveria esquecer a;
que não tivera conhecimentº da maior parte das atrocidades, mas idéia. de Riddle de uma nova acusação, sob o ponto dºis, e que
que “tentava melhºrar tais condições quando delas tºmava cmghe— também se deveria ínacentar Kaltenbmnner dos crimes do ponto
cimento., Cºnfrontado cem numerºsos documentos em que figu— um. Lawrence.. Birkett, Parker e, possivelmente,; Volchkov rejeita-—
rava sua assinatura, Kaltenbmnner tentºu tºdos os estratagemas ram, como os outros, que se acrescentasse 0 ponto dºis aos outros
possíveis para justificá—los e, quando “tudo falhºu, negou sªmples- crimes que pesavam sobre Kaltenbmnmn mas o consideraram
mente que as assímatums dos documentºs fossem genumas. O culpado dos crimes previstos nos pontos um, três e quatro. Só
vigor de suas negativas despertou. espantº em alguns dos obãer— Nikitchenko apoàerounse da idéia de Biddie, de nova acusação? &
vadore's na sala, de sessões, e um dos advogados de defesa alemaes votou a favor da culpabilidade de Kaltenbmnner pelo que previam
& ele se referiu, em tempos ulteriores, & come-se fosse do Ganhe- “todos os quatro pomos“Gl
cimento de todos, como “0 homem sem assinaªsum [de?“ Man ohne"
Unterschríft] ”.ªª Mesmo alguns das juízes. se ímpressionamm com Na sessão fina]; de 10 de setembro, Falco, Donnedieu de Vlabres
& firmeza de, Kaltenbrunner, e, num ou. noutro ponto, ele conseguiu e Biddle voltaram a votar para só o culparem dos crimes dos pontos
convencer Birkett e Bíddle de que uns poucos particulares das três e quatro. Nisso, somou—se & eles Parker, que decidiu que Kal-
acusações contra. ele eram provavelmente falsos.?“ Contudo, por - . tenbrunner não era culpado dos crimes do ponto um. Birkett, ainda
mais devotado que fosse à vontade de ganhar, nao contava Kal- desta vez, encontrava—se ausente da sessão, mas Lawrence sus—
tenbrunner com maneira, real de prevalecer contra a montanha tentou a opinião que ambos haviam defendido anteriormente, de
de provas que & promotória tinha erguido contra ele. que Kaltenbrunner deveria ser condenado pelo ponto um e tam-
Como todos os outros réus, ele fora. acusado de conluio, segunda bém pelos pontos três e quatro. Nikítchenko, dessa, feita com ()
o ponto um, e também de Crimes de Guerra. (ponto três) e Crimes concurgpllde ,Volchkov, teimou na opinião de que se deveria acres—-
Contra a Humanidade (ponto quatro); não fora no entanto centar 'uma, acusação de Crimes contra, a Paz (ponto dois) às
acusado de Crimes contra a Paz, ponto. dois.. O memorando pre— outras, e votou a favor da condenação de Kaltenbrunner pelos
paratório de Fisher & seu respeito chegou à conclusão de que crimes cºnstantes de todos os quatro pontos. Assim, Kaltenbrunner
“eram muito escassas as provas” que o ligavam ao planejamento foi considerado culpado, por unanimidade, pelos crimes dos pontos
de guerra e que, por conseguinte, seria “difícil sustentar o ponto três e quatro, inocente nos crimes do ponto dois por três votos
um”.“ Mas, no que se refere & Crimes de Guerra e Crimes contra a um, e inocente no ponto um,- por motivo de um impasse de dois
a Humanidade, as provas eram irrefutáveis, e Fisher pensava ”que votos a, dois (Bíddle e Donnedieu de Vabres, de um lado, “Nikit—
as afirmações de inocência e ignorância que fazia Kaltenbrunner chenko e Lawrence, de outro).ªº

206? 207
Quanto à questão de Vida ou morte, não houve desacordo; justiça poética, Hitler foi deixado sozinho com os três últimos
todos os juízes sentenciaram Kaltenbrunner & forca..63 fanáticos, Goebbels, Bormann e Himmler.
Evidentemente, um homem como Rosenberg, que escolhera
ALFRED ROSENBERG apresentar—se na, qualidade de pensador, sofria graves dificuldades,
tal sendo o sistema. Como era possível prever, de quando em Vez,
Rosenberg era um alemão dos Estados bálticos, nascídp procurava juntar—se aos ferozes homens de ação e mostrar que
súdito do tzar da Rússiaãque recebera educação superior na. Um»— também ele podia desempenhar os deveres práticos de um líder
versidade de Moscou. Sua Vida na Rússia foi interrompida. pela. político. Quando Hitler foi aprisionado, em 1924, Rosenberg, por
1 Guerra. Mundial, tornando-se] impossível com a revolução que dela um momento, esteve à testa de uma. das organizações interinas
resultou e com as condições caóticas que, se associaram à guerra estabelecidas para membros do Partido Nazista, então fora da lei.
civil. Fugindo para Munique, Rosenberg conseguiu rapidamente Depois que Hitler se tornou Chanceler, em 1933, Rosenberg foi
penetrar em círculos de direita extremados, e estabeleceu boa . designado para uma. série de postos que, nominalmente, se ocupa- *
reputação como teórico conservador antícomunista e anti—semíta. vam de política externa. e do controle da educação; no fundo,
Entre os réus de' Nuremberg, Rosenberg era o único que se decla— no entanto, jamais gozou de poder real. Nas primeiras fases da
rava pensador, e, como Julius Streícher, gozam de certo renome II Guerra Mundial, Rosenberg conheceu um momento transitório
entre os direitistas bávaros “antes da chegada de Hitler”.. Mais de importância, arranjando contatos entre Hitler, oficiais da,
Rosenberg nunca, fora um político muito importante, e, nos pn- Marinha, alemã, e o círculo de Quísling, contatos esses que facíli—
meiros anos da década de 20, ingressou na órbita de Hitler, tor— taram & invasão da Noruega pela Alemanha. Na campanha contra
nando-se o redator-chefe do principal periódico do Partido Nazís'ria, os Países Baixos e a, França, ele foi incumbido da, tarefa. de reco—'
() Võllcz'scher Beobachter, e enfeitando—se com as penas de pavao Iher & pilhagem cultural; & Einsatestab (Organização especial)
de filósofo do movimento nazista. Publicou numerosos livros teó- Rosenberg foi responsável pelo saque dos recursos artísticos da
ricos, transcendentalmente aborrecidos e pre'tensíosos, defendeu as Europa,. às vésperas do ataque à União Soviética,, esse filósofo,
idéias racistas do nazismo, e esses livros foram anunciados pela que pregam os perigos do bolchevíamo, foi encarregadº de prepa—
propaganda como obras de gmªde sabedoria.. as 117310 atraíram z—ºar e dirigir o sistema de administração civil a ser aplicado nos
público até serem incluídos na, lista de publicações ºficiais do Ter- territórios orientais ocupados. No papel, Hitler fez de Rosenberg
ceiro Reich, e as provas de que se dispõe indicam que pouca o mm todo-poderoso dos povos “soviéticos conquistados, mas, na
influência, exerceram no pensamento de Hitler ou qualquer outro realidade, coube-lhe & responsabilidade de dirigir o sistema, fican—
nazista proeminente. Rosenberg era considerado uma figura do, no entanto, 'o maior poder nas mãos. de um grupo de duros
sonhadora, pouco prática, quase cômica,, pelo bando de otimistas e práticos homens de ação, como Erich Koch e Heinrich Lohse,
que competiam pela afeição do Fúhwer, “embora O próprio Hitler que só em nome eram imediatos de Rosenberg. ao mesmo tempo,
encarasse com mais indulgência as “fraquezas”_ de Rosenberg, as forças militares na Rússia, e o aparato SS e polícia-1 de Himmler
pois este era um veterano, um velho companheiro de armas. Não permaneceram quase inteiramente fora do controle de Rosenberg.
em segredo para ninguém o fato de que Hitler não tomava & sério Era. um exemplo clássico do sistema hitlerista de autoridade dívi—
o papel de filósofo oficial que Rosenberg desempenhava, e que“ fre- dída e rival a que o Fabre? recorreu muitº" amiúde para garantir
quentemente] deixou os íntimos perceberem que nunca lera &. a. posição de chefe supremo. Rosenberg achou que não podia atuar
obra magna de Rosenberg, Der Mythus des 20-Jahrhunderts (O com êxito contra seus rivais políticos, sem contar com o apoio de
Mito do Século 20). Hitler, e voltou a sofrer de sua velha incapacidade de parecer ao
Fúhrer. um lutador autêntico, feroz impiedoso. Até os últimos
Os homens que formavam o núcleo vivo dos líderes nazistas
durante o Terceiro Reich tinham muitas das características de dias do regime, Rosenberg foi. possuído pela. paixão, digna. de um
colegiais crescidos. Rodeavam constantemente Hitler, .e davam menino marginalizado, de ser um importante membro da gang,
de força, de resolução e de agresswmaºde para, lm- mas só muito tarde ele conseguiu superar suficientemente sua
demonstração
pressioná-lo. No curso de uma crise, aqueles que faz1_an_a o .papel confusa necessidade de refletir e, talvez, seus escrúpulos, para jogar
de capangas duros e fiéis e que defendiam () curso mas lmpledoso o jogo com certa habilidade. Hesítante, ineficiente e inócuo, nem
conquistavam, em geral, as boas graças dia Hitler. Gradualmente, por isso deixou 'de presidir a um dos mais ímpiedosos sistemas
aqueles que duvidavam ou tinham escrupulos foram degapare— de ocupação já estabelecidos e, em Nuremberg, não parecia ter
cendo do círculo de íntimos, e, nos anos finais, numa especw de fim sua responsabilidade legal.64

208 "209
A promotoria norte—americana, passou horas que pareciam indícios e de provas, provenientes de todos os lados, sobre os efeitºs
infindáveis afirmando que aos escritos teóricos de Rosenberg tínham' do sistema nazista de ocupação. Dado :...o peso daquilo que a pro-
sido importantes na ascensão dos nazistas ao poder, e que seu motoria tinha em suas mãos, O esforço de defesa de Rosenberg
trabalhº:, no terreno da educação desempenham um papel de signi- foi. surpreendentemente forte e amplo. Não obstante se,...ver obri—
ficação vital na preparação da. juventude alemã para a guerra?-“ gada & admitir muita coisa referente ao papel ãe Rosenberg no
ªinda foi maior o tempo que usou a defesa para refutar esses planejamento de autoridade: superior, a defesa, apresentou provas
argumentos. O Tribunal, ao entanto, nunca, atribuiu grande "valor bastante convincentes de que ele não em senhor de todo o assunto,
a qualquer dessas duas acusações.. Em seu memorando prepara.— que fora partidário de orientações mais moderadas, e que, ocasio— .
tório, Robert Stewart decidiu que a Corte deveria, registrar & obser- nalmeme, buscam amenizar as piores feroci—dades de seus líderes
vação que O promotor norte-americano Thomas Dodd incluíra em locais, e também as ações mais extremadas das SS e da polícia
seu arrazoado, de que “nenhum homem deve ser processado por Stewart concedeu pontos positivos & Rosenberg pelas limitações
motivo de seu pensamento”, como conclusão central. dos juízes & que a'defesa mencionam, mas ainda, assim chegou à conclusão
esse respeito.“ Stewart atribuiu peso um tanto maior ao trabalho de que lhe cabia grande parte de responsabilidade pelo planeja-
de Rosenberg no campo da, educação do que a suas teorias, mas mento e execuções das políticas de ocupação no Leste.”?0 0 sumário
no sumário da decisão a Corte não fez mais que mencionar os do Tribunal, no fim do julgamento, incluiu a mesma conclusão.
deveres pedagógicos de Rosenberg, e o que escrevera, e não o con- Embora reconhecendo que Rosenberg, “de vez em quando”, pro-
síderou culpado por qualquer das duas coisas..“ curava, frear seus subordinados, () Tribunal realçou “tudo que ele
Tanto os promotores britânicos como os norte—americanos autorizam, e a, profundidade de seu conhecimento dos planos e
ponderamm & papel. de Roseªberg em encorajar e facilitar & ima,— da dura, terrível realidade, Quaisquer que tivessem sido, no pas-
são da Noruega, pela Alemanha? e a defesa n㺠se mostrou muito sado, suas reservas quanto às orientações seguiâas, e seu desíde=
eficaz em cºmbate? a afirmativa de que Rosenberg fºra um parti« rato, nunca, foram sígnífícatívamente atenuadas as condições
cípame ativo e consciente na operaçãº, Não obstante, Stewart, que assassinas que prevaleciam e, conforme a, Corte sublinhou, Rºsen-==
apreciam fazer anaiogías com 0 jogº de rúgbi, Sustentou que berg, n㺠obstante, “permaneceu no msm até O fim”,“
Rºsemberg, em questões de política externa, estivera, na “segunda Se não houvesse despendido “tantº “tempo- e esforço na âefesa
linha”, embora o própriº Stewart admitisse que O pensador mazista de seu papel de teórico, defesa essa desnecessária, poderia “ter RO“
buscam sempre “meter—se no meiº dºs hºmens da primeira, linha,“& senberg apresentado algumas provas a, mais para reduzir 0 papeâ
Mesmº no que “tange à Noruega,, porém, Stewart acreditava que os que desempenham na Noruega e para sustentar a, alegação de
relatórios de “autoglorifícação de Rosenberg” haviam “provavel-= que fora uma. influência moderada, na Rússia, Em Vista da longa
mente exagerado” o papel que o autºr representam; nada, indicava carreira de Rosenberg nas “listas aliadas de criminosos de guerra
que ele fazia parte do “círculo reserva-do” dos planejadores. Ainda e da quantidade maciça de provas que & promotoria apresentou
assim, Stewart concluía ªque Rosenberg se metem-até () pescoço contra, ele, as especulações que fazemos agora podem parecer des-
na lama do ass-unto, e podia, assim ser considerado culpado 1108 providas de senti-do, mas, quando examinamos as atas das delibe—
pontos um e doisêª A. Corte limitou—se a pôr de lado as coloridas rações, adquirem nova significação. Dos 12 réus que foram «con-=
reservas de Stewart quanto à importância de Rosenberg e, em sua denados à forca, Rosenberg é o que esteve mais perto de escapar.
decisão final, atribuiu ênfase consideráveí às atividades deste Ele fora acusado dos crimes de tºdos os quatro pontos e, nas
último na invasão da Noruega..69 conversações iniciais em 2 de setembro, Lawrence, Nikítchenko,
Contudo, o papel de Rosenberg na Noruega foi ofuscado pela Volchkov e Falco mantiveram que ele deveria ser condenado por
parte que lhe coube no planejamento e administração dos terrí— todos esses crimes. Donnedíeu de Valores, no entanto, votou para
tór'íos russos ocupados, e os promotores norte-americanos e soviéti- qUe Rosenberg fosse condenado apenas pelos crimes previstos nos
cos pareciam empenhados numa competição para, ver quem po— pontos três e quatro, enquanto Parker e Riddle se abstiveramfº
dería apresentar maior número de documentos íncríminatóríos &. A. segunda, sessão deliberativa, em 10 de setembro, revelou uma
esse respeito. Os norte-americanos tinham descoberto um cofre de divisão ainda mais profunda.. Os russos e Lawrence agarraram—se
documentos que Rosenberg buscam ocultar, e do interior desse à conclusão de que Rosenberg era culpado de todos os crimes de
cofre saía um fluxo incessante de provas horrifícantes, com poa“— todos os pontos, e que devia ser enforcado. Falco continuou & acre—-
menores sobre o sistema. de ocupação. Também os soviéticos, como ditar que era culpado por todos os quatro pontos, mas, por muito
é compreensível, foram capazes de apresentar uma variedade de tempo. não conseguiu decidir se merecia & forca ou a prisão per—=-

210 211.
começou, de imediato, a, dar provas da instabilidade emocional que
pétua. Falco optou. pela Vida,, e, nessa conclusão, foi apoiado por .
Parker, 0 qual observou que Rosenberg demonstram humanitaris— caracterizaria seu comportamento através do processo. Entregou
mo. Donnedieu de Vabre-s também mudou de opinião, e decidiu aos aliados () registro “diário” de sua. brutal administração da
que Rosenberg era, culpado por “todos os crimes previstos nos Polônia, certamente um dos mais destacados registros vivos de
quatro pontos, mas ainda achava que o réu devla ser condenacfÉo impiedade submetidos ao Tribunal, mas passou então, alternati—
'à prisão perpétua. Defendendo, Donnedieu de Vabres e os dels vamente, por fases de confissão arrependida e de justificação do
suplentes, & prisão perpétua, e os russos e Lawrence pedindo a que fizera. Como fora acusado, no ponto um, de membro de um
morte do réu, a decisão estava nas mãos de Francis Biddle. conluio geral (mas não de Crimes contra a Paz, previstos no ponto ,
Inclinava—se este a considerar Rosenberg culpado pelos crimes que dois) , os promotores fizeram alguns esforços pouco entusiasmados
constavam dos pontos três e quatro e, provavelmente, culpado dos para aumentar a. importância de Frank. no interiºr do sistema
nazista. Em geral, no entanto, concentraram seus esforços em
que constavam dos pontos um e dois, e &. condená—lo- à forca..Ma,s
Bíddle era atormentado por dúvidas, e decidiu guardar para Sl sua amontoar provas de sua responsabilidade e dureza cínica, durante
opinião.73 Meditou sobre a questão durante a noite, e, a 11 de se- os anos poloneses. No banco dos réus, Frank fez uma, confissão
tembro, voltou aos trabalhos e informou os demais, sem maiores repassada, de emoção sobre a, culpa geral do sistema nazista no
eXplicações, de que acabam por concordar com a “opinião geral” extermínio dos judeus, mas procurou então demonstrar que, no
de que Rosenberg era culpado por tudo o previsto em todos os fundo, a ele, pessoalmente, não assistia qualquer responsabilidade
pontos, e que deveria, ser enforcado. Somente Donnedleu de Va— no assunto, ou em qualquer outra. coisa, pois não dirigim &
bres, dos membros titulares, persistiu em sustentar a tese da SS ou a Gestapo, e procurou amenizar os piores excessos dessas
prisão perpétua.; assim, Rosenberg foi por todos considerado cul— organizações. '
pado por todos os quatro pontos, e enviado ao cadafalso por três Os juízes tinham plena consciência das excentricidades emo—=
votos a, um.“ cionais de Frank; Birkett observou que ele passava “horas segui-
das” mergulhado em melancólicas pensamentos, no banco dos
HANS FRANK réus.” nuandge Birkett disse & Riddle que Frank se convertem ao
catolicismº e parecia. ªªprofunàameme comovido e sincerº”, o norte-
A. história, agora familiar a todos, de um seguidor dos pri- americano registrou. devi-damente esge fato no sumário das provas,
meiros tempos de Hitler que subiu a uma alta posição, mas que mas. acrescentou que, não obstante, Frank “dava a impressão de
deu provas de] fraqueza na execução das tarefas de assassinato em um homem cruel”.78 Biddle sentia forte antipatia pelo advogado
massa, encontra. seu símbolo na pessoa de Hans Frank. Advogado de Frank, e não () ímpressionaram, de qualquer maneira, as tenta—
que entrou em contato com o movimento na qualidade de defensor tivas de Frank de demonstrar que se opusera &, muito do que fora
de Hitler, Frank ingressou no Partido em fins da década de 20. feito - e, de quando em "vez, procurara. demitir—se. Numa ocasião,
Durante O período pacífico do Terceiro Reich, ocupou uma série quando Frank depôs que tentam exonerar-se de suas funções.
de postos, em grande parte decorativos, no sistema legal nazista. Biddle registrou em seu caderno “e daí?” Quando Frank afirmou
Então, em 1939, foi enviado ao Leste para ser o principal adminis— que protestam contra certos atos, Biddle sublinhou cuidadosa—
tra—dor do “Governo Geral”, a parte da Polônia ocupada, pelos na,— mente no sumário das provas sua reação a, essa assertiva: “mas
zistas que não foi diretamente anexada. ao Reich. Nessa vasta, área, prºsseguiu?“ - -
Frank presidiu à primeira das conquistas orientais que seriam o O curto memorando, não-assinado e não—datado, sobre Frank
cenário da aplicação impiedosa dos princípios nazistas de racismo que o pessoal jurídico norte-americano preparou. chegou à conclu-
e exploração econômica. são de...-saque havia" pouco fundamento para a condenação do réu
Muito cedo, os governos aliados tiveram clara compreensão pelos crimes previstos no ponto um, mas razões de sobra para
da posição e atividade de Frank na, Polônia, mas só intermitente- condená—lo pelos que constavam dos pontos três e quatro. Frank,
mente ele apareceu nas listas de criminosos principais, pois supu- evidentemente, gozam muito de suas horas de poder brutal, e pro-
nha-se que os poloneses tratariam de seu caso.” Os britânicos. testam com muito pouco vigor, para que () pesSoal norte-americano
por fim, colocaram-no na, lista de “principais criminosos” que pre— levasse a, sério esses protestos. A maioria, dos membros do Tribuna]
pararam em meados de junho e os norte-americanos os imitaram, também não se deixou impressionar pela defesa de Frank, e 'a
incluindo-o no grupo de 16 criminosos que deram a conhecer pouco redação que constou do memorando norte—americano refletiu-se
mais tarde.?6 Uma vez preso, e a caminho do julgamento, Frank muito de perto no sumário da decisão.—ººº

212 213
Interior, mas, antes que terminasse o ano de 1936, Himmler e
Na sessão deliberativa inicial, Falco e Níkitchenkzo foram além
Heydrich já haviam enveredado profundamente pelo caminho que
do indiciamento e votaram a favor de que se condenasse Frank levaria a um gigantesco império SS, sobre o qual Frick não exerw
pelos crimes que estavam em todos os quatro pontos, emborça'ele ceria. qualquer pode-r.
não tivesse sido indiciado pelo ponto dois. Todos os entr-os ]uflzes
presentes indicaram que queriam condená—lo pelos crimes 1nc1u1dos Nos primeiros anos da, guerra, Frick continuou seus trabalhos
nºs pontos um, três e quatro. Os russos abandonaram a defesa que burocráticos de adaptação. Ajudou a. armar 0 aparato adminise
faziam da, inclusão, entre og. crimes, dos que estavam no ponto _do1s. tratívo para as províncias anexadas ao Reich e também alguma
+:: o fizeram na sessão final, mas o consideraram culpado dos cumes orientação administrativa para áreas não-anexadas, como 0 Go— .
constantes dos outros três pontos, e votaram a favor de, sua morte. verno Geral. A altura de 1943, as flexíveis habilidades de Erick
Lawrence, Falco e os norte—americanos decidiram que so em culpa—- já não tinham utilidade; & guerra voltara-se contra“ a Alemanha,
do dos crimes previstos nos pontos três e quatro, mas tambem e aquilo de que Hitler mais necessitava era uma exploração sem
pediram a forca,.81 Só D-onnedieu de Vabres, que querla condenar. limites na Alemanha e nos territórios ocupados. Em consequên—
Frank pelos crimes dos pontos três e quatro, mostrou—se, nas pai?,- cia, Himmler foi nomeado Ministro do Interior e Frick foi enviado '
Vras de Biddle, “curiosamente corruolacemte,º,82 sugerindo _qge nao & Praga, para ali servir como protetor, depois de Hitler haver
cuidadosamente retirado de sua autoridade alguns dos poderes
aplicassem & sentença, de morte, mas () condenassem à; pmsgo par,
pétua. Ainda uma vez, no entanto, as reservas do frances delxaraça policiais que seu predecessor no posto tivera. Frick, portanto,
de influir no ânimo de seus colegas e a Corte chegou à conclusªo passou os últimos dois anos do Terceiro Reich na Boêmia & na,
de que Frank era, culpado dos crimes previstos nos pontos tres Morávia, reprimindo & população tcheca e em disputas com as
e quatro, resolvendo que seria enforcado.ªª . ' SS e o chefe de polícia. do Protetorado, Kar]. Hermann Frank (que
não se deve confundir com Hans Frank, réu em Nuremberg)»
WÍLHELM FRICK Os governos aliados ficaram de olho em Fríck desde cedo, e
ele figurou em todas as listas anglo—«americanas, de principais
, A carreira, de “Wilhelm Frick em pºucº usual, pois ele era criminosos de guerra,, preparadas em 1944 e 3.945,84 A promotoria
Virtualmente o único nazista eminente que fora funcionário pyo— norte-americana ansiava especialmente por condena-109 pois seu
fissional do governo durante a República de Weimar, & tamb?m trabalho, levando os nazistas ao poder e consolidando-lhes () con—
fora, um dos primeiros membros do Parti-do Nazista,... Como flmcm— trole no país, parecia um. ponto perfeito para demonstrar & exis—
nárío estadual da Baviera,, Fríck concedeu ajuda e proteçao va» tência de um conluio nazista. Em consequência, a maior parte das
liosas & Hitler durante O início e meados da. década 20. No pm— provas apresentadas contra, Frick concentrou—se em suas ativida—
gresso dosnazistas em direção ao poder, depois de 1929, & hab.:di- des. durante os anos de 1933—35, especialmente nas leis que prepa-
dade administrativa. e a responsabilidade ”burocrática de c k ram para, suprimir a oposição interna,, perseguir os judeus e opri—
foram importantes em ajudá-los a consolidar suas vitórias eleito— mir as igrejas cristãs. N a exposição da promotoria, foi pequeno o
rais locais. Quando Hitler foi nomeado Chanceler," em 1933, ele realce que recebeu seu papel no período imediatamente anterior à
recompensou Erick designando—o imediatamente Ministro do ínte— guerra e durante ela, embora, houvesse provas referentes a seus dois
ríor. N os primeiros anos do Terceiro Reich, Fríck desempenhou um anos em Praga, e também das leis, que redigira para a expansão
papel de: significação, pois ficaram sob seu controle muitas das for— militar e subseqúente controle das áreas conquistadas.
ças de: polícia na Alemanha, e foi o primeiro funcionário adminis— A defesa, procurou traçar de Fríck o retrato de um simples
trativo & fundir as mudanças revolucionárias de Hitler com o velho burocrata que se limitava a seguir ordens. Seu defensor “também
sistema constitucional e burocrático de "Weimar. No que «diz res—— envidou,,esforços consideráveis para, reduzir—Ihe as atividades em_
peito à abolição dos sindicatos, ou no que tange ao estabeleci- tempo de guerra,, mas, qualquer fosse a estratégia, seguida pelo
mento de campos de concentração, Frick sempre aparecia com advogado, Frick não se mostrou um cliente muito cooperativo.
uma fórmula capaz de tornar a, inovação legal eu aceitável para Em um homem gelado, taciturno, que, não obstante ter sido,
os critériºs burocráticos. Provavelmente, a mudança. mais rele— por assim dizer, “engavetado” durante os derradeiroa anos de
vante que ajudou :a' executar durante a década. de 30 foi a no- regime, permanecia um nazista sem remorsos, firmemente fiel à
meação de Heinrich Himmler para chefe de todas as forças de sua fé em Hitler. A defesa tomou & prudente decisão de que
polícia, importantes.. Fríck procurou salvar as aparências., dizendo melhor seria não o colocar no ”banco das testemunhas, e assim
que Himmler em um funcionário subordinado do Ministério do
Erick foi o único réu, além de Hess, só parcialmente presente,

215
214;
e de .::Bormann; inteiramente ausente, & não depor.. em defesa piores horrores do regime em tempo de guerra. Além do tempo
proprla, . . . que passou em Praga e mesmo quanto àquele tempo havia
- - - O memorando preparatório sobre ”Erick, redigido, ao que tudo margem para dúvidas —-- Frick era responsável primariamente
indica, por Adrian Fisher, incluiu um sumário inteiro plo papel como um subordinado conhecedor do assunto, ou cúmplice, mas,
crucial representado pelo Ministrado. Interior nos primelros 31305 muito raras vezes, como elemento principal. Não obstante, os
do regime. Contudo, ao narrar novamente a importância de c k britânicos e os russos queriam condená—lªo por todos os quatro
no sistema de repressão, Fig—her tomou o cuidado de. observar que, pontos, e Parker favorecia considerá—lo culpado por todos os
embora sob a autoridade desse último se encontrasse nominal—— pontos, com exceção do ponto dois. Falco, como Parker, favorecia
mente o império polícia]. de Himmler, isso de fato não ocorrem, & condenação pelos pontos um, dois e quatro, mas hesitava quanto
e, similarmente, que embora Frick tivesse conhecimento do pro— ao ponto dois. Donnedieu de Vabres votou a favor da culpa de
grama de “eutanásia” para eliminar “bocas inúteis” dos asúos, Frick apenas nos pontos três e quatro, e Bid—dle voltou & abster—se,
durante a guerra, era preciso reconhecer que tal programa era desta vez, ao que parece, sem mesmo exprimir opinião quanto ao
controlado por Hitler, e não pelo réu.?5 O que consta a respeito cas0.ªº -
na Decisão final segue de muito perto a narrativa, de Fisher das Na. sessão deliberativa final em 10 de setembro, Falco,, os
primeiras atividades de' Frick, e. também inclui suas reservas russos e Lawrence pediram a condenação de Fríck em todos os
quanto à autoridade do Ministro do Interior sobre a polícia 53 0 quatro pontos, e' 0 enforcamento. Lawrence, ao votar a favor da
programa de. eutanásia.ªª Quanto à carreira posterior de FI'ICk, culpabilidade do réu, fez a. observação, um tanto inquietante para
Fisher relacionou os principais decretos demobàlização e de ane— aqueles que se preocupavam com a Quinta Emenda, de que Frick
xação que Frick firmam & fsalientou que .o réu. desempenhªm não deipusera em defesa própriaºº Riddle votou. & favo]: da conde—
importante. papel no planejamento do ataque contra & Rússm. nação nos pontos dois, três e quatro, mas, embora estivesse dis—
Dado o caráter indireto de gran-de parte das provas, o memorando posto & absolver () réu no ponto um, ainda, queria Vê—lo na, forca.
não deixou. por isso de chegar à conclusão de que “é ínimagínávg] Parker que desejava & condenação em todos os quatro pontos,
que um homem com a responsabilidade, influência e elevada, 10031- em favorável à, prisão perpétua, em lugar da, forca,, e fez um
ção de Frick pudesse não estar cômcío de que Hitler se preparava. comentário a favor de.. atenuação da pena quase tão perturbadºr
para. uma, agressão e tencionava levá—la, & efeito”,87 quanto a observação que Lawrence fizera, de que o silêncio de
A avaliação era também pouco comprometedara na, conclusão Erick significava culpa. Parker achava que Frick merecia, bene—
que extraiu do fataide Frick ter assinado as ordens de incor— volência, simplesmente porque “no fundo, não passava de um
poração das províncias anexadas. Fisher decidiu. que essas ordens louroemita,”ª..91 Não se sabe ao certo se, no caso da hesitação de
caíam no aspecto “executivo” das cláusulas de guerra?, de agressão Donnedieu de Vabres, desempenhou algum papel uma simpatia
e, por esse motivo, eram. passíveis. de punição pelos ”90111303 um e similar pelo mundo oficial, mas, embºra pronto a condenar o
dois. Com referência aos Crimes de Guerra e aos Crimes contra réu pelos pontos três e quatro, ele parece ter tido dúvidas quanto
a Humanidade, .Nemborai Fisher reconhecesse que os poderes de aos pontos um e dois, e quanto à“ sentença apropriada. O juiz
Frick em Praga, fossem limitados e que não lhe cabia inteira francês, portanto, reServou sua opinião, mas Lawrence, Bíddle e
autoridade sobre a polícia dos campos de concentração, 0 memo- Nikitchenko concordaram em condenar Frick pelos pontos dois,
rando chegava, ainda assim, à conclusão de que restavam sufi— três e quatro.. Com Biddle em posição contrária a que se conde—
cientes provas indiretas para condená—lo "DOI“ crimes previstos nos nass-e () réu pelo ponto um, ªos juízes soviético e "britânico não
pontos três e quatro. A recomendação que figurava ao final do contavam com votos bastantes para. sentencia—10 à forca.92 Duas
memorando consistia. em que Frick deveria ser condenado 136103 ' semanas mais «tªrde em 26 de setembro, os juízes mantiveram
crimes constantes de todos os quatro pontos e, na única sugestão uma. discu3são breve, de último momento, quanto ao caso de
relativa à sentença feita em qualquer dos memorandos, incluía a. Frick, com fundamento na, reserva feita, por Donnedieu de Vabres,
idéia de que deveria “receber a. pena máxima”.88 mas não houve alterações e Frick foi condenado pelos pontos
dois, três e quatro, e sentenciado à forma?—”'.
A primeira sessão deliberativa, quanto & Frick, celebrada 310
Tribunal no dia. 2 de setembro, mostrou mais sinais de indecisão JULIUS STREICHER
do que de uma acentuada divisão. Perturbava os juízes, presw
mivelmente, () mesmo fator que torna o caso confuso atualmente: Nessa longa história. de culpa e atenuação, de condenações
havia poucas provas diretas de participação pessoal de Frick nos e enforcamentos, () caso de Julius Streicher ocupa lugar especial.

2163. 21?
Aos que são conhecedores do que se passou na, %Alemanha, nazista porque interessavam—se pelo grande conluio, & almejavam capturar
na década de' 30, Streicher pode simbolizar, com seu jornal Der - Streícher por suas atividades gerais, como nazista e agitador anti—
Sturmer, e simbolizar apropriadamente, toda & vulgaridade por— semíta. Quando foi. redigido () indiciamento, em agostb e setembro.
nográfica e & selvagería anti—semítica do Terceiro Reich. Mas, de os buracos que havia no caso tornaram—se evidentes, e Streicher
um ponto de Vista histórico—legal, é difícil discordar da primeira só foi acusado pelos pontos um e quatro, conluio e Crimes contra
,obserVação de Robert Stewart, num memorando quanto & “53133361“ a Humanidade.
cher escrito no verão de 1946 dizendo que ele “nunca pertenceu Durante O julgamento, os promotores perderam tempo consi—
ao círculo íntimo” dos nazistas, “nada ”tinha, de ver com a for-— derável demonstrando que Streicher era malreputado, e a. maior
mulação política nazista”, e por conseguinte: era “provavelmente parte das provas que apresentaram referia—se à década de 30, não
menos importante que a maioria dos réus para as finalidades dando em nada por causa da fórmula de conluio que foi, em
deste julgamentoª'Pª-ª ú] bima instancia empregada pelo Tríbuna1.0 coraçao do caso
Streicher não se sentou no banco dos réus em Nuremberg contra Streícher consistiu em saber se ele havia advqgado e enco—
em razão de seu poder, mas por causa de sua notoriedade. Fora rajado o extermínio dos judeus, consciente, ou. tendo boa razão
um dos primeiros aliados políticos de Hitler, e era um de seus para acreditar que tal extermínio em política estabelecida de
seguidores devotados. Dirigira no Gau de Nuremberg e pmsídím ao governo nazista. A promotoria apresentou certo número de pontos
Stúrmer com crueza vigorosa, sem paralelos no sistema, nazista. indicando que Streicher sabia do que se passava nos campos de
O Ministro da Propaganda e outros funcionários julgaram ;íre— extermínio ao tempo da guerra, e que, ainda assim, continuou
qiientemente desejável distanciar-se das atividades de Streicher e & pleitear a extinção dos judeus. A defesa não empreendeu qual—-
embora Hitler, de quando em vez, gostasse de vulgaridades popu— quer esforço bem—articulado para infirmar essas provas, parcial—
lares e apreciasse as de Streicher, também ele fºi muitas vezes mente porque o Dr. Hans Marx, advogado de Streicher, parece
forçado & impor-lhe disciplina.. Durante a guerra, Streicher foi ter considerado que o caso não oferecia esperanças, e “também.
finalmente removido de seu posto de Gauãeiter & diretor geral do porque Streicher tinha suas próprias idéias "bizarras quanto à
Simªmer. Contudo, mesmo numa semi—aposentadoria de tempo de maneira, de conduzir a defesa. Desde o início do julgamento, ele
guerra, continuou a escrever e a conferir ao Sáiàrmw 0 conteúdo interferiu congtantemente na, apresentação de seu próprio caso,
e o tom anti—semíticos mais brutais, Nada o abrandou e, em Nu— e perturbou o trabalho de sua defesa.
remberg, ele ainda parecia um velho obsceno —-—- “da espécie”, Era evidente que, para. os juízes, Streicher parecia, uma
como () classificou Rebeca West, “que causa distúrbios em lugaras criatura extremamente desagradável e um tanto louca. Biddle
pú1c>11'.cos”.95 observou que, quando Streicher se apresentava para depor, “ener—
Os aliados não chegaram rápida ou facilmente à conclusão vava—se terrivelmente”, e o fato de o curto apelo final que dirigiu
de que Streícher era um dos principais criminosos. Ele não figu— à corte ter sido razoável muito surpreendeu Parker e Biddle,
rava em qualquer das longas listas de possíveis “criminosos prin— os quais observaram que falara com “considerável dignidade”,..º8
cipais” preparadas pelos britânicos em 194.4. Só quando souberam Embora Stewart, em seu memorando, buscasse esquecer o “ca—
da, decisão norte-americana de processar réus por conluio foi (1119. ráter desagradável” de Streícher, porque pouca “importância
os britânicos acrescentaram o nome de Streicher à lista, de 10 tinha para as acusações principais que pesavam sobre ele”, não
criminosos, juntamente com Keitel e Kaltenbrunner, para. “abran— o conseguiu. por completo.99 Depois de passar em exame as provas
ger as atividades mais sórdidas do regime”.96 Embora, os norte-— relativas. às atividades de Streicher durante a guerra, Stewart
americanos também houvessem colocado Streicher em sua. lista observou ser difícil_ julgar a responsabilidade de Streicher no
de “principais criminosos” de 1946, é claro que, naquele momento,, msas acre em massa,, “mas não há dúvida de que lhe cabe alguma
nenhum dos grupos da promotoria dera muita atenção à maneira lespODSabilídade'ª “ªº Recorrendo, finalmente, a um horrível pa—
pela, qual realmente funcionam o sistema de extermínio, ou ao ralelo que retratava Streícher como o líder da torcida, de um
papel que Streicher desempenham nele. Tanto Jackson como os time de exterminadores, Stewart concluiu que “no mínimo ele
britânicos, naquela, altura, limitavam-se & esperar descobrir ordens Se tornou um auxiliar, um cúmplice dos crimes nazistas” 101
que Vínculassem & liderança nazista & atrocidades particulares.“ Na sessão deliberativa de 2 e de 10 de setembro, a. Corte líqui—
No curso do verão de 1945, no momento em que começou a tomar dou com desusada rapidez 0 caso de Streicher Na discussao pre—
forma. o volume das provas referentes ao extermínio, ainda era liminar Falco e os russos indicaram que queriam condená—l-o pelos
fácil para os promotores ignorar as fraquezas do caso de Streícher, crimes previstos nos pontos um e quatro enquanto Lawrence tinha,

218 219
dúvidas quanto ao ponto um, mas parecia, certa quanto ao ponto permanecessem secretos, e sublinham que o número de “alemães
quatro O resto dos juízes votou por condená—10 apenas pelo ponto " empenha-dos no processo mecânico de assassinato em massa em
quatro Como acréscimo especía1,Donnedieu de “'s/“abres Bíddle e surpreendentemente pequeno, Só agora trava—se um debate sério
os soviéticos queriam condenar Streicher pelos crimes constantes entre aqueles que julgam que o condicionamento ideológico, anti—
do pomo três (Crimes de. Guerra,), embora ele não estivesse sequer semíta dos assassinos constituía elemento essencial no processo,
indiciado por esse ponto “ªº Na consideração íína1,aband0nou-se & e aqueles que mantêm que tal condicionamento era de importân—
idéia, de condená—10 por Crªmes de Guerra, e só os russos votaram cia secundária em comparação com outros fatores, tais como o
a favor de sentenciá- 10 pelos crimes previstos no ponto um. Todos fanatismo antí—semíta de Hitler, as personalidades sádícas dos que
os juízes no entanto, votaram por sua culpabilidade no ponto executavam os assassinatos, &, estrutura autoritária das SS, e
quatro devendo morre]:ª enforcado ªºª assim por diante.105 Em outro nível, muito se tem especulado sobre
O caso de Streicher demonstra a velha regra de que proble- os motivos que levaram a maior parte da população alemã, e
mas importantes sobre liberdades civis surgem, algumas vezes, em também a maioria dos habitantes dos outros países a assistir pas—-
ligação com os julgamentos dos piores tipos de uma sociedade. sívlamente à passagem dos trens de deportados em direção à '
Em anos recentes, numerosos advogados e historiadores principal— Po onla
mente Klauss Kippham, começaram a levantar dúvidas quanto aº
acerto da condenação de StreícherFº-ª Ninguém apareceu para Qualquer que seja o resultado desses debates, e por mais que
defender o caráter de Streicher ou. suas atividades, ou mesmo para desejemos que nos seja poupada & dor de mais um exame do
negar que pudesse ser condenado por outras acusações, e em juris—— holocausto, parece improvável que se demonstre .a existência de
uma linha de conexão, forte e distinta, entre os desejos de Strei—
dição diferente» 0 prºblema, central consiste em saber se Streícher
cher e os atos de Rudolf Hess. 0 ele de ligação mais provável
cabia. em Nuremberg, juntamente com os 21 réus que ocuparam
pastos importantes nº governo e no Partido, & também em saber pareceria, consistir em que Sªcreícher participam na, criação de
se foi justa sua, condenação com fundamento no sistema, de justí« uma atmosfera favorável às áeportações, mas ainda parece haver
ça,“ aplicado aog oMro-s féus. De que d.:issemos acima, parece óbvio um mundo de distância entre esse homem pequeno, cuja menta-
que Streícher n㺠se encaixam em Nuremberg, & sua presença, alí lidade perversa, se comprazía' em imaginar o “uso do chicote de
resultava. em grande parte da ignºrância, dºs; promotores? quanto couro e () íncêadío da sinagoga. local, e a espécie de eficiente
aº processo de extermínio. Mêm àíssuo, & terrível reputação de operação de massacre que Eichmann e Heydrích instalaram em
Streicher evidentemente predispôs & Corte contra ele, Mesmo 1941,
depois que Riddle declarou. não ser correto condenar um how Evidentemente? Streicher foi. condenado e enforcado, sem que
mem simplesmente porque ele em “um pequeno caçador de alguém dedicasse um momento sequer a pensar nesses assuntos.
judeus” ou um “amigo de Hitler”, é impossível evitar a conclusão Trinta anos mais tarde, não há motivo para prantear o destino
de que justamente esses fatores representaram papel crucial-'em de tal homem, mas ainda é sensato alimentar o sentimento de
sua condenação _ que teria sido preferível ter a Corte devotado mais tempo ao
O que ainda é mais sério que isso é o fato de have]; fundã— assunto e examinado as provas de maneira mais precisa. Jackson
mento para duvidar de que existisse uma ligação entre a defesa. exprimiu uma vez a opinião de que não se deveria cºnsiderar
que Streiche'r, no momentoda guerra, fez do extermínio, e o'zproces— de maneira banal esse julgamento dos maiores criminosos de
so de massacre que realmente se levou a, efeito, Mesmo se aplicar- guerra, mas, mesmo depois de três décadas, Nuremberg ainda
mes () adágio de que não constitui exercício legítimo de liberdade de parece um triste símbolo da grande tragédia do extermínio, em
expressão gritar “fogo” num teatro repleto, () que essa máxima parte ..porq-ue- "usou“ Rudolf Hess como , testemunha e mandou
implica, é que existe, ou poderá existir uma ligação direta entre Julius Streícher para a forca.
o uso que uma pessoa faz da liberdade de expressão e um desastre
público O que não se demonstrou em Nuremberg, e o que não foi WALTHER FUNK
muito eficazmente tratado pelos historiadores subseqúentes, é se
houve uma ligação significativa entre declarações públicas de antí— A proporção que progrediram as deliberações da Decisão, &
semíti'smo, no Reich, durante a guerra, e o processo de extermínio seqíiência em que () 'Hríbunal examinou os réus parece ter—se tor-—
no Leste, Há prateleiras de livros sobre os extermínios, & todos nado mais importante. Um homem cujas ações lhe poderiam ter
esses livros acentuam as cautelas tomadas para que os massacres valido a, pena capital, se o seu caso houvesse sido considerado nas

220. 221
primeiras deliberações, pode ter escapado ao cadafalso apenas que dirigiam o programa,. Uma das acusações de crimes de guer-
porque, no exame mais tardio dos réus, não pareceu tão terrível ' ra mais dramáticas e terríveis feitas pela promotoria, durante
quanto alguns que o haviam precedido. O réu clássico dessa es- O julgamento, também se: dirigia & Funk: formulou-Se contra, ele
pécie foi Walther Funk, relacionado com praticamente todos os a acusação de que negociam com as SS guardar, nas galerias
tipos de- crimes cobertos pelo indiciamento, e que, contudo, logrou, do Reichsbank, o resultado dos saques nos campos de extermí—
em última instância, escapar à pena de morte. A sobrevivência nio. à. Corte Viu fotografias de montes de obturações de ouro
de Funk parece ter sido sabstancialmente auxiliada pêlo fato de nas galerias do banco; alguns dos subalternos de' Funk no Rei——
ter sido o 100 réu examinado, e também porque era por “cc—doa chsbank depuseram ter—lhes sido contado que esses “depósitos"
considerado um homem fraco. das 88 procediam dos territórios ocupados, e que se lhes tinha
Funk ingressou no Partido Nazista nos primeiros anos. da recomendado que não fizessem perguntas a respeito. Durante
década de' 30, e ocupou postos de escalão médio nos Ministérios esse depoimento, Funk pleiteou que: a Corte acreditasse que sua.
da Economia e da Propaganda, nos prímçiros anos do. Terceiro afirmação de que não sabia o que continham esses enormes car—-
Reich. Quando Schacht foi forçado a abandonar suas importantes regamentos. das SS, mas, no exame contraditório de testemu-
posições econômicas, Funk 0 substituiu, primeiro como Ministro
nhas, & promotoria, acrescentou prova indicando que Funk sabia
da. Economia, no começo de 1938, e em seguida como presidente que 0.5: carregamentos não eram “usuais”, e que pedira. & seus
do Reichsbank, em janeiro de 1939. Como Ministro da Economia, subordinadºs que guardassem silêncio a respeito. Com fundamen—
ele estava muito mais estreitamente submetido ao controle de to nessa pmva, Fisher chegou à conclusão de que Funk sabia o
Goeríng do que jamais o estivera Schacht, e o Reichsbank também que se passava e que, por implicação, em culpado de participar
deixou de desempenhar papel significativo ou independente, sob num Crime contra & HLumamida.de.108 Bíddle não quis aceitar com
a direção de Funk. Mas. embora Funk estivesse muito longe de a mesma rapidez essa inferência, e o sumário da Decisão fina]
afirmou, com mais cautela,, que ou Funk conhecia a natureza
ser um elemento dominante, sua presença, fazia.—se sentir em quase
toda, parte:. Ele tomou parte nas conferências sobre a expansão dos carregamentos das SS, ou “deliberadamente fechou os olhos
de armamentos 631111938 e 1939, e também atuou nos preparativos ao que se estava fazendoªªF-ºº
econômicos para o ataque à, Polônia,. Enquanto os outrºs líderes Apesar de tudº isso, e embora os governos aliados tivessem
nazistas, antes da invasão, se cuidavam, referindo—se aos planos colocado Funk. em numerosas de suas primeiras listas de crimino-
de invasão numa. linguagem cautelosa, o ingênuo Funk escreveu 303 de guerra, parece ter sida muito difícil para qualquer pessoa
uma carta a Hitler., em 25 de agosto de 1939, na qual declarou em Nuremberg levar a sério aquele homem pequeno, mole e gordo.
que muito se orgulhava de ter participado no planejamento da Entre 05 outros réus, parecia ridiculamente insignificante e,
“parte financeira da guerra“ contra. a Polônia?“ Ao lado de R0— quando não se encontrava no banco dos réus, só se animava,
senberg e de outros, Funk também ajudou a desenvolver os planos contando anedotas sem graça. O diário do psicólogo da prisão
econômicos para explorar a União Soviética, muito antes da, inva— está repleto de cºmentários sobre visitas 3, Funk em que encontra—
são. Assim o memorando sobre Funk, de 11 de julho de 1946, da. va o «ex-Ministro da Economia “deprimido e choramingando como
mesma forma que o sumário de seu caso na Decisão fína1,- chegou de costumeªílíªº O próprio Goeríng sentia,-se, algumas vezes, emba-
à, conclusão de que contra ele havia, um caso praticamente pronto raçado com & insignificância de Funk e, numa oportunidade.
e definitivo por ter. contribuído no planejamento de Crimes contra quando buscava advinhar o objetivo dos aliados no julgamento..
a. Paz (ponto dois) .ªº? ' o Marechal—do-Reich perguntou, retoricamente: “Onde o pequeno
Em apenas um pouco mais problemática & responsabilidade Funk se encaixa nisso tudo?”.m -
de Funk.- por Crimes de Guerra (ponto três) e Crimes contra, Entre-os “juízes; 'Biddle só anotou uma observação quanto &
a Humanidade (ponto quatro). Sob a direção geral de Goering, Funk. Passou—se no meio do depoimento de Doenítz, e o juiz norte—
Funk participou ativamente da tarefa de organizar e executar americano observou: “Funk dormiu & manhã toda”.112 O que ea—
a exploração econômica. dos territórios conquistados, e estava mcterizava Funk em uma aparência desprovida de importância.
presente quando o Marechal—do-Reich pronunciou observações e, quando Fish-er preparou seu. sumário do caso, decidiu que
como a declaração de que pouco se lhe dava, se “os povos der— “Funk não fora figura particularmente significativa no regime
rotados morressem de fome”, desde que a, Alemanha. angaríasse nazista”, e que “nem sequer parece que Funk seja, um homem
o material necessário. Embora tivesse reservas quanto ao siste— 1nauª'.113 Na opinião- de Fisher, tudo que se podia dizer a. respeito
ma de trabalho escravo, Funk permaneceu até o fim entre os de Funk consistia em que fora um “nazista legal” que “acampa-v

2.22 223
!
nham () restoªªf'ª-r-L Da mesma forma quando o Tribunal concluiu elevou—se ao posto de Gauleitm na Turíngia e conseguiu para. si
seu sumário do caso de Funk, observou que nunca fora “uma ' as recompensas pelas vitórias do Partido adquirindo poder poli——
figura dominante”, e a. Corte aceitou isso, em última instância, tico substancial no governo do Estado da Turíngia. Em 1942, Hitler
como fator atenuanteflª Mas Fisher exprimiu o sentimento do tornou-0 plenipotenciário no domínio do trabalho 0 que significou
Tribunal de forma ainda mais sucinta: Funk “não pode alegar principalmente que Sauckel passaria O resto da guerra forçando
que não era conhecedor do assunto; só pode alegar fraqueza”. “ª operários oriundos dos territórios ocupados & trabalhar na Alema—
nha A atividade que exercia não gravou seu nome na, memória
, Nas deliberações & aÍ'egação implícita de Funk de que era. dos governos. anglo—ameficamos da época de guerra, pois não eram
demasiado fraco e insignificante para merecer a forca provavel- as populações de seus países que estavam sendo desfalcadas pelos
mente salvou:lhe & vida. Em 2 de setembro, os dois juízes britâ— agentes de Sauckel. Em consequência, só intermitentemente apa—
nicos e ambos os juízes soviéticos., assim como Parker e Falco, receu ele nas primeiras listas de crimes de guerra dos ingleses e
sustentaram & opinião de que Funk. era culpado por todos os americanos, e foi esquecido pelos primeiros e pelos segundos quan-
pontos. Donnedieu de Valores não aceitou. a culpa pelos crimes do prepararam as listas dos principais criminosos, em junho de
do ponto um, embora () considerasse culpado pelos crimes dos 1945.122 Muito compreensivelmen'te, foram os franceses e os sovié-
outros “três pontos, e Biddle só tinha dúvidas quanto ao primeiro . ticos que indicaram Sauckel como um dos principais criminosos,
pontal“ Na sessão de 10 de setembro, os. russos, Lawrence, Falco durante as ,díscussõeg que as Quatro Potências celebraram, em
e Parker votaram a favor de que Funk fosse condenado por todos agosto de 1945, sobre a lista dos réus.
os quatro pontos, e todos. (com exceção de Parker, que votou pela
prisão perpétua) votaram a favor de que Funk fosse enforcado. Durante o julgamento, a. defesa de Sauckel procurou contor-
Biddle e Donnedieu de Valores, no entanto, só o consideraram cul— nar & demonstração que & promotoria fez da ilegalidade e desu-
pado pelos crimes dos. pontºs dois, três e quatro, e Biddle “tinha manidade do sistema de trabalho força-do que trouxera à Alema—
dúvidas quanto à propriedade da sentença de morte.118 O juiz fran— nha mais de cinco milhões de operáriºs, muitas vezes em condi—
cês também hesitou quanto à, sentença e, por fim, inclinou-se & ções terríveis.. Alegou—se que não coubera & Sauckel autoridade
favor da prisão perpétua, pois. Funk “não tomam parte em guerra absoluta no programa; que, pessoalmente, não em cruel, e que
de agressão”.119 Essa observação enigmática parece ter endurecido só o motivam O sentido de cumprimento eficiente do dever. Biddle
Nikitchenko, cujo país sofrera, algumas de sua. piores perturba.— apreendeu claramente o âmago da exposição da defesa, quando
ções e seu piores saques por causa, do trabalho daquele pequeno observou, em 29 de maio, que a “justificativa de Sauckel parece
homem pouco impressionante. O russo protestou em vão que o consistir no estado de necessidadeªªfºª O memorando que Fisher
papel e a importância de Funk pareciam “ter sido subestima—- escreveu sobre o assunto no dia, 24 de julho, e que foi impresso
dos”.120 Não obstante, os juízes ainda não podiam chegar a um quase palavra, por palavra no sumário final da. Corte sobre o caso
entendimento, e reservou—se para mais tarde a sentença de Funk. de Sauckel, afirmou também que não se tratava de um “sádico”
Dois dias depois, em 12 de setembro, a Corte voltou a tratar
e que não parecia que tivesse querido exterminar operários?“
do caso de Funk, e, embora ainda houvesse algum desacordo Segundo entendia Fisher, () único objetivo de Sauckel fora aumen—
quanto aos pontos por que deveria: ser condenado, decidiu-'se final- ” tar ao máximo a produção, usando ao mesmo tempo a menor
mente condená—lo apenas pelos crimes constantes dos pontos dois. quantidade possível de recursos para, alimentar & mão—chª:-obra...1º5
três e quatro. No curso da discussão, Dfonnedieu de Valores e Tanto Fisher como o Tribunal puseram de lado as alegações
Biddle conseguiram persuadir Lawrence & deixar de apoiar & sen- de Sauckefl no sentido de que sua autoridade era apenas marginal
tença de morte. Assim, três votos de titulares condenaram Funk e ele se esforçam para melhorar as duras condições de trabalho.
à prisão perpétua. Nikitchenko votou a favor da forca, até o fim.121 A Decisãonfínal asseverou que, nos anos de 1942 a 1945, Sauckel
atuou como se possuísse o poder e, embora soubesse das terríveis
FRITZ SAUCKEL condições que com frequência. prevaleciam, ainda assim desempe—
nhou suas funções com uma. “eficiência impiedosáªiºº Na opinião
É possível que o caso de Funk tenha sido auxiliado por com- de Fisher, Sauckeel não desempenham papel "significativo na pre-
paração com homens como Streícher e Kaltenbrunner, mas paração ou no lançamento da guerra de agressão; assim, o Ine-
Sauckel parece ter sido prejudicado por comparação com um morando afirmava, de forma, decidida, que ele deveria “ser absol—
homem como Funk. Fritz Sauckel era 0- único operário entre os vido" dos crimes relativos aos pontos um e dois.. Quanto aos pon—-
réus; um marinheiro que ingressam no Partido Nazista, em 1923, tos três e quatro, Fisher chegou à conclusão de; que não havia

224: zm
dúvida de que Sauckel era, culpado, e de que “havia, muito pouco . Himmler. É possível que o problema tenha, sido colocado de forma
a. dizer em matéria de atenuantesªºPºª' mais adequada num memorando redigido, ao que seu; presume, por
Foi tão rápida a ação da Corte no tocante & Sauckel que é Fisher quanto ao caso Spear: se Speer, Ministro dos Armamentos,
difícil defini—la como deliberação. Na sessão inicial de 2 de setem— comunicava & Sauckel as quotas de trabalhadores, e Saucke]
bro, os soviéticos queriam c-ondená—lo pelos crimes comtantes em então se apossava dos operários, podia este, último ser considerado
todos os quatro pºntos e Birkett, pelos crimes dos pontos três e mais culpado que Speer? Essa ainda, é uma questão pendente,
quatro, reservando sua, opinião quanto aos pontos- um e doísFºª mas Funk e Speer, flexíveis, foram parar na, cade-ia,? enquanto
Em 10 de setembro, os soviéticos teimaram em votar que Sauckel Sauckel fºi enforcaâo.
era culpado por todos os quatro pontos, e Lawrence julgouuo
culpado dos crimes dos pontos dois, três e quatro, Mas os fran—» ALFRED JODL
ceses e os norte—americanos votaram a favor de que fosge conde- Como Keitel, J-odl era, um profissional do Exército com eXpe—
nado apenas pelos crimes previstos nos pontos três e quatro. Por riência prolongada, no planejamento de operações, e que, durante.
conseguinte, ele foi julgado inocente pelos pontos um e dois, e a, maior parte da. década de 30, não mantivera qualquer relação
culpado nos pontos três e quatro, com votos divididos, sendo con- especial com o movimento nazista. Depois de curto período num
denado, então, à forca pelo voto de todo-5.139 comando de campo em 1938 e 1939, foi chamado de volta a Berlim
Apesar da rapidez e da unanimidade com que foi resolvido às Vésperas da, guerra, polonesa e nomeado chefe do Serviço-de
o caso de Sauckel, ou talvez, justamente por causa disso, a decisão Operações do Alto Comando das Forças Armadas (DKW). Nessa
ainda provoca certa intranqúílídade, É digno de registro que Dom— posição, serviu como imediato de Keitel, cabendo-lhe-responsabía
nedíeu de Valores, o qual hesitou. em impor a sentença de mºrte lidade gem]. pelº planejamentº operaciºmal dos ataques alemães
&. Frick, ou; mesmo & Rosenberg ou Frank aplicºu—a & Sauckel sem que se Sucedemm à invasão da, Pºlônia. Embora “tecnicamente
qualquer sinal de hesitação, A0 que “tuªs indica, parte da. vulnera» subordinado &, Keitel, 30d]; dirigia—se diretamente a, Hitler em
bilidade ãe Sauckeâ resultou dº mm de ter cometidº atrociãaãea muitos assuntos e, apesar de sua frieza militar, profissional? & ãe
”tanto nº Ociàeme? como 110 Oriente; “&ambêm parece que a classe uma ou. outra disputa feroz com 0 Fúhmr, ele em profundamente
de que provinha n㺠em bem—Vista ma Corte, e que pºssuía uma. afeiçoado & Hitler, e acreditava, é óbviº, m gêniº e nº destinº
personalidade e um egtzãlº pouco Simpáâíces. Sauckel em ínequim= deste último,.
camente um homem vulgar, um hºmem do povº, a “tal paraíso que
Descomhecidº, em grande parte, dº público gerais 0 meme ãe
um das admgaáeg de âefesa ºbservou, que 0 embamçava & emba- 30d]. faltava na maior parte elas primeiras listas de principais
mçava, seus; cºlegas 0 alem㺠em e mãe mm que Sauckeí se criminosos de guerra feitas por ingleses e flww—americanos, O Mi—
exprimia em seus depoimentosªº Em comº se 08 »aãvogaãos nistério do Exterior britânicº íncluíu»o na, lista, que preparou em
alemães se envergonhassem de que fosse revelado anos letradºs que abril de 1944, e “também reservou-Ihe lugar numa ampla relação
o Reich. confiam poder a, uma pessoa de origem tão "baixa e- “t㺠de “pºssíveis”, na primavera de 1945.13ª Mas não figurava quer m.
desprovida de educação. Sauckel não se mostrou capaz de dar lista, final de 10, elaborada, pelos britânicos, quer na de 16, dos
respostas hábeis e enganosas aos que () inquiriram; - quando norte-americanos, ambas de junho de 1945; só a, pedido dos fran-
Biddle lhe formulou. perguntas diretas, ele, obedientemente, incri— ceses e dos soviéticos entrou. 30d]. na lista final dos réus, em
minou—se..lªªL Essa, espécie de fraqueza não pareceu. meritória à agosto de 19415335 Como um dos principais réus, no entanto, não
Corte. mas quando, no início do julgamemo, () Major Neave, em lhe foi preciso muito tempo para impressionar, os promotores e a
nome do Tribunal, conversou com todos os réus, Sauckel foi o
Corte com sua. igteligência e sua determinação de defender—se
único que se mostrou, mais pre-ocupado com a, condição de sua energicamente.""Em outubro de 1945, quando o Major Neave lhe
família do que com seu pró-prio destim.,132 Ao fim do julgamento,, explicou o procedimento a ser seguido para, que obtivesse um
quando soube que morreria. Sauckel disse o que praticamente defensor, Jodl indicou que não tinha dinheiro, mas que, se esti-
todos sabiam: “Pessoalmente, não fui cruel”. Só então rompeu. & vesse reservado à Corte designar Um advogado, ele não queria
chorarFªª que este fosse um comunista ou um pacifista, mas um homem
É difícil. perceber em que o conhecimento] e a responsabilidade que se lhe assemelhasse em maneira de pensar. Jodl também
de Sauckell diferiam dos de Funk, e também é duro, acreditar observou & Neave que tinha consciência de que defrontam um
que o poder de Funk era mais limitado por sua subordinação & desafio mortal, em parte porque tantos dos documentos estavam
Goering do que o de Sauckel por sua. dependência, de Goemng e nas mãos da prmmotoria.138 Em vez de aguardar a designação de

228
22-7-
pelo general. “Sempre me impressiona,”, escreveu, “o idealismo
um advogado, Jodl decidiu requerer imediatamente certos mate— ,
ríaís, inclusive documentos relativos a crimes de guerra pratica.— aparentemente sincero e apaixonado de tantos desses réus -- mas
que ideais!”141
dos pelos aliados. Esse requerimento desencadeou uma. onda de
nervosismo entre os. promotores e', em 30 de outubro, Jackson e Confrontado com uma, montanha de ordens assinadas que
Maxwell Fyfe tiveram uma discussão pre-ocupada quanto à melhor compreendiam desde planos de invasão até atrocidades como a.
maneira de resolver o assunto, que consideraram ser o começo do morte de membros do Partido Comunista soviético capturados
muito temido “ataque nazâsta. à promotoria”.137 Os dois promoto— (Komissarbefehl) , Jodl assumiu a única. linha de defesa que estava
res concordaram em que não havia melhor maneira de tratar do aberta. Salientou que como planejador de operações, em sua
requerimento de Jodl e de outro qualquer “ataque" do mesmo tarefa planejar operações, e que, portanto, não fizera mais que
tipo do que cada promotor limitar tanto quanto possível as atuar como atuam os oficiais de escalão elevado de Estado—Maior
questões em debate, para que não se tocasse nas ações aliadas, em outros pWaíses Além disso, sublinhou que só fizera obedecer
e depois aconselhar & rejeição de todos os requerimentos de defesa ordens e, entre parênteses, indicou que a proibição constante da
como o de Jodl com a explicação de que não interessavam ao Carta de que se apresentassem, & título de defesa,, ordens supeê
caso.133 riores era., ela própria, uma. injustiça. Em termos amplos, a defesa
Através de todo o julgamento, & promotoria parece ter guar— de Jodl era a mesma, que 'o Secretário-Geral das Relações Extea
dado o temor & Jodl e ele sempre foi tratado com muita cautela,. riores, Barão von Weizsãcker, tornaria, famosa. em seu julgamento
Também deu trabalho à defesa, poís, juntamente com Keítel, suas em outro tribunal, mais tarde; o general alegou que permanecem
ações passadas ameaçavam provocar uma, declaração de crimina— em seu posto e tomam parte em muita coisa errada para atenuar
lidade de grupo sobre todo o Alto Comando e Estado-Maior Geral. o que podia e para, evitar que fosse substituído por um fanático
Alguns dos advogados de defesa. sentiram claramente que teria. que tornaria, as coisas piores.
sido melhor entregar Keite]. e Jodl aos inimigos, talvez por meio
Nada mais simples que a, resposta. da promotoria & essa defesa.
de uma confissão pessoal, para salvar o grupo maiºr. Essa ªlter-
As provas mostram claramente que Jodl fizera muito do que a
nativa, evidentemente, nunca, foi proposta aos dois generais, e,
embora. seja difícil imaginar qual teria. sido a. reação de Keítel Carta de Londres declarava ilegal, e, na, opinião da promotoria,
ele praticam esses atos com desproposítadº entusiasmo, enquanto
se a coisa lhe houvesse sido sugerida, parece muito pouco pro-
suas tentativas para melhorar as coisas' eram fracas & ponto de
Vável que Jodl concordasse. Ele entrara. no Tribunal com a decisão
parecerem imaginárias. Claramente, aos olhos tanto da “prºmo-=
de combater, e não apenas de entreter fantasias, como Kalten-
teria como do Tribunal, Jodi não era apenas um técnico militar
brunner, de que se podia salvar; queria uma oportunidade para
que se encontram numa situação difícil, mas um general político
explicar e justificar 0 que fizera.
que preparam as invasões e as atrocidades, por motivo de convic—
Os juízes nao alimentavam muita simpatia para com Jodi. ção interna.
que dificilmente poderia ser considerado um” homem amável, mas
Rowe redigiu um memorando de cinco páginas sobre o caso
as notas de Biddle e Birkett revelam que 0 respeitavam considera—
de Joel] em meados de agosto, e esse documento, com apenas
velmenteu Durante seu depoimento, Birkett observou que Jodl dava
alterações estilísticas menores, tornou-se a seção sumária da. De-
“a impressão de ser muito mais que um simples soldado”; em vez
disso, parecia dono de “conhecimento político bem grande, de um cisão final?“ Passava rapidamente pelos planos de ataque e pelas
ordens de prática de atrocidades, chegando à conclusão de que
engenho raro e de um espírito muito agudo”. Birkett acreditava
todas as acusações tinham sido comprovadas Rowe não hesitava
que J odl “evidentemente” conhecia a, força do processo da promoto-
em cºnsiderei-10 culpado pelos crimes previstos nos quatro pontos
ria contra ele, mas que também conhecia “as melhores linhas de
inclusive o ponto quatro (Crimes contra a Humanidade) 0 qual
defeesaªªfªº Também & Biddle o general impressionou e', quando o
diferentemente do ponto três (Crimes de Guerra.), não fora, real-
promotor britânico “Khaki” Roberts logrou irritar Jodl durante o
mente amparado em provas muito fortes, a não ser uma ordem
exame pessoal do réu, o juiz norte—americano registrou em seu
tardia para. uma, retirada do tipo terra devastada, na. Noruega
caderno que o promotor só o conseguira recorrendo a “questões
0 memorando dizia que a alegação de “J'-0d] de que obedecia &
ordinárias” como parte ”de um interrogatório, “em geral, ordinário”,
ordens superiores, fora, proibida como defesa pela Carta,, e Rowe
que Biddle quisera que a Corte ínterrompesseRªº No comentário
com que resumiu o apelo final de Jodl, Bíddle, numa só frase não acreditava que ta]. alegação devesse ser sequer considerada
curta, deu expressão ao respeito e à aversão, que os juízes sentiam como atenuante do caso de Jolªºª

228 229
- Na primeira discussão do caso de Jodl pelo Tribunal, Donne= mmm Hitler & Gaming para áerrubar () governo de Kurt SChUS“
diem. de Vabres só queria condená-lo pelos crimes previstos nos chnígg em 1938, abrindº assim O caminho para a, união entre a
pontos dois e três, enquanto Lawrence votou a favor de sua Áustria e a Alemanha (Anschluss). Embora Seyss—“Inquart não
culpa nos crimes dos primeiros três pontos. Os outros membros ingressasse, de fato, no Partido Nazista senão em março de 1938,
do Tribuna]. no entanto pediram que fosse condenado pºl todos antes disso já era., havia muito tempo, um nacionalista, panger-
os pontos inclusive no caso muito pouco fundamentado relaciona— mâníco e já, trabalhava assiduamente para” promover, a, união.. A
do & Crimes contra, a Humanidade.1“ Em 10 de setembro, duran— promotoria gastou parte considerável do tempo que lhe cabia. no
te a, deliberação final, os soviéticos votaram a, favor da culpabi— processo procurando demonstrar que Seyss—ínquart fora, um agen—=
lidade de Jodl em todos os quatro pontos, e exigiram uma sen-— te nazista juramentado que, por meios traiçoeiras, solapara o g0=
tenga de morte. Biddle e Lawrence também queriam condená-lo verªno da Áustria, e depois entregara seu país a Hitler. Num :me—
por crimes de todos os quatro pontos e sentencíá—lo à morte, mas, momndo que preparou para, os juízes norte—americanos, em meados
ao que parece, não estavam certos de que a forca fosse () instru— de agosto, Fisher aceitou muitas das provas da, promotoria, e che—
mento apropriado de execução. Embora. Falco e Donnedieu de gou à conclusão de que Seyss—Inquart “deveria, ser condenado por
Vabres também votassem & favor de sua condenação em todos os crimes constantes do ponto um”?“ No entanto, três semanas de=—
quatro pontos, mostraram-se ainda mais cautelosos que Biddle poàs, como já, foi contado neste livro, a Corte amputou parte da
3 Lawrence quanto à sentença. Falco considerou—0 menos culpa.— acusação de grande conluiº, eliminando assim, em gran-de medí—
do que Keitel, e achou que lhe devia, caber & prisão perpétua, ou da, o fundamento para condenar—se Seyss—Inquart por suas ações
"outra sentença de prisão; Donnedíeu de Vabres pediu uma “sen— ameríeres aº Ánschmss.
_tença honrosa,” de prisão, por prazo mais ou menos longo, Birkett Seysg—Inquam mi,-portanto, condenadº e finalmente executa»
estava ausente durante essa sessão, mas, ma feaiidaàe, Parker dº pºr medidas diferentes daquelas Que O haviam originariamente
defendeu a mesma posiç㺠que 0 juíz titular britânico defendem cºlºcadº entre 05 réus.. O governo britânicº n㺠o ââvem na, conta
na primeira, sessão: na, "votação, o suplente nºrte—americano deci» de um dos “grandes” criminºsos de guerra e? das quatrº listas Mªi-»
dm nãº-condenar Jad]. pelª Crimes contra & íªíllimríamdadeª Operadº—- tânicas de criminºsºs de guerra, existentes, ele só constava, dos
se os franceses à, pena, de morte, mostramdomse Bid-die e Lawrence apêndices de 931135 cºmº réu. “pºssível” Klum julgamentº âmai, ©
insegurºs quanto à forma de execuçãº; e revelandº Parker índe— que áecorría do fato de ter desempenhadº ªmante & guerra, &, paa
císão quanto à sentença, concluíram os juízes que melhor seria sição de chefe dºs serviços administrativos na, Hºlanda?“ Eram
reconsiderar () caso de Jedi numa. sess㺠ulterior?“ os nºrtewamericanos que 0 desejavam julgar cºmº “grande” cri—»
Em 12 de setembro, travou—se uma discussão curta, e maca— mimºsa pois as atividaâes de Seyssmmquart ma, Áustria encaixa»
bra. Os franceses, os quais compreenderam que OS que emm ia,-=- vamu-se no modem gemí da idéia americana de commo para pre-—
voráveis à pena de morte poderiam sobrepujá-los na proporção “de parar guerra, de agressão, Pusemm—no na lista de junho de 1945,
três por um, "abandonaram a, oposição à sentença de morte e pe- e desse ponto em diante ele seguiu o itinerário que o levaria &
diram que, pelo menos, Jodl fosse fuzilado, em vez de enforcado.. Nurembergªº
Bíddle apoiou os franceses e sugeriu que Keítel fosse enforcado, O processo contra Seyss—Inquart por suas atividades posterio—
e Jodl fuzilado. Tanto os juízes britânicos como os russos, no en» res ao Amchluss em ad hoc, cheio de meandros, muitº semelhan—
tanto, filmaram péna decisão de que ambos fossem enforcados. te à, própria carreira de Seyss—Inquart. Embora de início fosse pre-=
Jodl e Keitel. Disso resultou novoimpasse, embora de breve du— sidente e depois, governador da, Áustria nazista Seyss—ínquart
ração, poís dois juízes titulares queriam o fuzilamento, enquanto vm se sem emprego quando aquele país perdeu a identidade sepa—
outros dois desejavam & forca. O impasse terminou quando Bíddle, rada e... se tornou apenas a fronteira oriental do Terceiro Reich
finalmente, decidiu capitular, e juntou-se aos britânicos e sovié— Em março de 1939 Hitler enviou—=o em missão especial & Bratisla-w
ticos para decidir que tanto Jodl como Keítel deveriam ser enfora va para instigar os eslavos & se declararem independentes, facili=
cados.146 tando assim a destruição do Estado tcheco—eslovaco Cumprida,
essa tarefa, e reduzidas & Boémia, e &, Morávia & um protetorado
ARTHUR SEYSS—INQUART do Reich, Seyss—Inquart converteu—se novamente em homem sem
missão. Depois da invasão da, Pºlônia, em 1939? ele foi, por conse=
Advogado austríaco intimamente ligado ao Partido Nazista,, guinte, enviado & Varsóvia para. servir como imediato de Hans
Seyss—Inquart foi a, figura austríaca mais eminente & que recer»- Frank no governo das províncias polonesas conquistadas que com—

230 231
punham o Governo Geral.. Depois. disso, em 1940, tendo os exér— crimes previstos em todos os quatro pontos, e de que fosse ele sen—-
citos alemães subjugado & Holanda, encontrou ele finalmente 0 “ tencíado à forca. Parker, que queria culpá—lo pelos çrimes previs—
seu pouso: foi nomeado “Comissário do Reich para, a Holanda tos nos pontos um, três e quatro, mas não o queria culpar de
ºcupada.”, recebendo a incumbência dificílima de, ao mesmo tem— Crimes contra a, Paz, “também apoiou a penalidade máxima.
po, explorar a área e atrair os holandeses nórdicos para () reba— Quanto & Donnedieu de Vabres e Biddle, não se lhes conhece cla—
nho dos que eram leais ao Terceiro Reich. Embora o papel de se— ramente & posição, além do fato de que ambos queriam conde——
dutor repressivo pouco sewadaptasse ao comportamento e à per—— má,-lo pelos crimes previstos nos pontos três e quatro. A0 que parece.,
sonalídade distantes, quase meditativos de Seyss—Inquart, ele o juiz francês desejava declarar Seyss—Inquart inocente no que.
permaneceu no posto até o fim do regime nazista, em 1945. dizia respeito aos pontos um e dois, e condená—lo à prisão perpétua,
Quando Fisher examinou o caso de Seyss—Inquart, em agosto enquanto Biddle, depois de favorecer, de início, a sentença de
de 1946, decidiu não haver provas bastantes para dar substân— morte, com fundamento apenas nos pontos três e quatro, termi—
cia à acusação constante do ponto dois, de que Seyss—Inquart nou por mudar de opinião, e votou a favor de que o austríaco
preparam ou desencadeara guerra de agressão. Contudo, três se— fosse condenado também pelos crimes de que tratava () ponto
manas mais tarde, a maioria dos juízes “tendia & con-dená—lo por dois., De qualquer forma, um. dos dois, seja o juiz titular francês
esse crime. C-onvíria reconhecer que, além da missão que desempe— ou o norte—americano, votou a favor de que Seyas—Inquart fOSSe
nhou em Bratislava, que se poderia razoavelmente imaginar parte declarado culpado por crimes constantes do ponto dois; isso, jun—
de um plano de grande alcance de guerra de agressão, não havia, tamente com os votos de Lawrence e Nikitchenko, possibilitou ao
na. realidade prova. direta, que ligasse Seyss—Inquart ao planeja.— Tribunal julgar o réu culpado por crimes dos três últimos pontºs.
mento ou. ao desencadeamento da guerra. Nesse ponto, ele parece Bíddle, Lawrence e Nikitchenkro então juntaram forças para. “votar
ter sido Vítima de sua pouco invejável reputação de homem ver- a favor da sentença de morte; embora o caso de Seyss—Inquart
sado em maquinações, e de um desejo de que não se livram 0 fosse rapidamente reexaminado em 26 de setembro, não se fize—
inconsciente dos juízes, os quais tinham desejado cºndena—10 por ram outras mudanças. Seyss—Enquart foi condenado à forcaFªª
suas atividades austríacas, mas se Viram frustrados nesse cami— Essa, pena de morte foi a. última, sentença a que o Tribunal
nho pela necessidade de limitar a, idéia geral de conluio,150 No c'omseguiu chegar com um mínimo de discussão e cºntrovérsia.
que diz respeito ao papel desempenhado por Seyss—Inquart na Em dois dias de trabalho apenas, nos dias 2 e 10 de setembro, a
Polônia, e especialmente na Holanda, foi fácil para Fisher e para Corte passara, 13 réus por um duplo processo de deliberações.
os juízes, examinando—lhe as atividades nesses postos, fazê—las atribuindo a dois deles, Hess e Funk, sentenças de prisão perpétua;
caber no quadro das acusações. Recorrera & todas as horrendas e. condenando os outros 11 à, forca,. Embora, se possam discutir a]-
características da. ocupação nazista —-—-— exploração econômica,, “ter— gumas das condenações e sentenças específicas, é claro que () Tri-
ror policial, “trabalho forçado e deportação" de judeus. Sua defesa bunal trabalhou como uma Corte profissional, realmente consti—
não apresentava novidade: em a mesma velha defesa, usada. em tuída, e não como Corte improvisada,, e de amadores. Não há dú—
outros casos, de que, no fundo, gostam de seus administrados, no vida, de que questões de classe social, cegueira ideológica e anti——
caso, os holandeses, e buscam,, onde lhe fora possível, facilitar as patia pessoal desempenharam um papel na determinação do des—-
condições, e de que não lhe coubera o controle da políciaou das tino de alguns réus, como Sauckel, Streicher e" Jodl, mas seria
ordens de Berlim. Fisher, cujos escritos quanto & Seyss—Inquart difícil sustentar que esses defeitos apareceram mais acentuada—
na Holanda foram; em grande parte, reproduzidos na Decisão fí— mente em Nuremberg do que em qualquer tribunal que, comu—
nal da Corte, resumiu na seguinte frase os motivos para que se mente, digere pessoas comuns em julgamentos rotineiros. O Tribu—
rejeitasse & defesa do era—comissário do Reich: “Não constitui de» nal rem-tou muito em conceder graça não-merecida, exceto no
fesa”, escreveu Fisher, asseverar “que Seyss—Inquart era menor:; caso singular de Funk, e por isso mesmo é mais fácil, no caso de
brutal que Himmler”.151 Rudolf Hess, indagar se já não bastam seus anos de prisão desde
_ Na primeira deliberação da Corte, no dia 2 de setembro, Bid— 1941. Mas é necessário refletir, antes de criticar os juízes de Nu-
dle tinha dúvidas quanto a condenar Seyss—Inquart por crimes remberg, mesmo quando se examina a sombra patética que ainda
constantes dos pontos um e dois, mas Os outros juízes eram de se encontra entre as grades da prisão de Spandau. Os oito homens
opinião de que cabia condená—lo pelos crimes constantes de todos do Tribunal de Nuremberg tomaram suas decisões numa oportu—
os quatro pontos?—”*º Em 10 de setembro:, Falco, os soviéticos e nidade e num lugar quando e onde quase se podia aspirar a fumaça
Lawrence foram favoráveis a que se condenasse Seyss—Inquart .por das fábricas de morte de Auschwitz e Treblinka, Constituíram

232 233
uma Corte de aliados vitoriosos, um instrumento de raiva, justi— CAPÍTULO 8
ceira, sem tempo ou inclinação para revisões e reconsiderações
intermináveis. Parece, algumas vezes, miracul-oso o fato de que
qualquer dos réus tenha, escapado vivo das garras do processo; foi
coisa extremamente arriscada para a Corte julgar com rapidez 13
réus em dois dias, tendo à guisa de anteparo contra uma perver—
são da justiça apenas () %stume e o senso comum Não se pode Os Vercdictos Difíceis
negar ter sido notável o fato de que de maneira geral, o Tribunal
lograsse evitar o precipício e enquadrar & maior parte dos réus de Albert Spcer & Kad Dgcnitz
devidos nas devidas acusações. É claro que esse êxito não deve “ter
confortado muito aqueles que foram executados em razão de in—
terpretações duvidosas das pro-vas. É como se disséssemos que a
operação do “devido e justo processo” alcançou êxito mas que o
paciente morreu Ainda, assim, depois de 30 anos, mesmo com o
conhecimento dos campos de trabalhos forçados na Sibéria e dos
massacres de My Lai só um sentido pervertido de moralidade
Doenítz quel um, advogado da Marinha e diz que
poria de lado "ªos campos de extermínio para condenar es veredic— nenhum civil. podería compreender——1he & posição.
tos e alimentar o fato de o Tribunal ter—se inclinado para as sen— Sugere que se escolha para, advogado um Almirante
tenças de morte, em vez das sentenças de prisão, no caso de'per— do serviço de submarinos, inglês ou. norte—ame—
sonalídades como as de Alfred Rosenberg e Julius; Streicher. rícano.
Major Airey Nea've
24 de outubro de 1%53

Além dos três homens que, no final foram absolvidos, os


casos dos seis outros réus também custaram ao Tribunal tempo e
trabalho cºnsideráveis. Quatro desses casos (os de Shirach, Bor—
mann, Raeder e Doenitz) logo foram vistos como problemáticos,
" no início daí; deliberações, sendo retirados do lugar em que se
encontravam, na, seqúêncía do indiciamento, para serem coloca——
dos no fim. Ácontece que os outros dois o de Speer e o de Nen-==
rath, figuravam perto do término da lista. de indiciados, e assim
a Corte pôde examiná—los na ordem já estabelecida. Todos os seis
casos lmphcavam controvérsias na, determinação de culpa e ino-=
cêncía e no estabelecimento de sentencas e, embora, o Tribunal
resolvesse alguns deles com certa rapidez outros especialmente 0
de Doenitz, exigiram tanto tempo e atencão como os casos dos
que foram absolvidos.
ÁLBERT SPEER
Talveg seja perfeitamente justo o fato de 0 caso de Albert
Spear, CUJOS atos e explicações a respeito tanta dificuldade cau—

23% 235
”sairam aos historiadores, tem: suscitado as primeiras controvérsias aliás, declarou que lograra, mas & promotoria afirmou que, ainda
sérias no seio da Corte. Como é agora do conhecimento geral, - asglm, se tratava de uma Violação das leis de guerra. existentes;.
Spear provinha de uma, família, de classe média, de profissionais, e
formou—se em Arquitetura. Entrou na órbita de Hitler nos primei— Dependo, Speer quase reconheceu sua culpa no uso do tra—
ros anos da. década de 30, ingressou no Partido Nazista e, durante balho escravo, mas acentuou também que defendem () funciona—-
os anos pacíficos do Terceiro Reich, firmou—se como arquiteto de mento das indústrias proibidas, e que advogam fossem fornecidos
Hitler e seu companheiro ªa elaboração de projetos urbanos. Nos abrigo e alimentação adequados. A defesa de Speer alegou, além
primeiros anos da guerra,, pouca era, a procura imediata, de seus disso, que ele tentara. evitar o recurso a um excesso: de mão—de-
monumentais projetos, e Speer foi relegado & um limbo transitó— obra proveniente dos campos de concentração, pelo motivo prá— .
rio. Em 1942, morrendo Fritz Tocha, Speer foi incumbido do pro- tico, se não edificante, de que temia tornar—se excessivamente
grama de produção e construção de guerra, e, em 1943, foram—lhe dependente de Himmler. Contestou também a defesa que a pro—
atribuídos poderes especiais como Ministro dos Armamentos. Nes— motoria houvesse comprovado o argumento de que o recurso de
sa última pro-sição, alcançou espetacular êxito inicial em conver— Speer & trabalho de prisioneiros de guerra constituísse uma Viola.-
ter as ineficiências do sistema, nazista numa, máquina capaz de ção da, Convenção de Genebra.
suportar a guerra total. Aproximando—se & derrota, no entanto, Os dois memorandos sumários que Adrian Fisher preparou
abandonou-o & “mágica que o. cercava e, ao fim do regime., foi re- para o Tribunal, ao que parece, durante o verão, rejeitaram, em
duzido à estatura do resto da malta dos que disputavam as graças sua maior parte, os argumentos em defesa de Speer.“ Fisher as-
de Hitler. sinalou que, apesar da hesitação de Speer, ele recebera de Himm—
ler pelo menos. 30 mil trabalhadores dos campos de' concentração.
Não obstante, seus empreendimentos e o poder que lhe coube Entendeu Fisher que, muito embora Speer tivesse recomendado
foram suficientes para que sobre ele incidisse & atenção dos go— bom “tratamento para trabalhadores conscrítos, ele, sem dúvida,,
vernos aliados; figurounas duas listas de principais criminosos tivera amplas informações das condições ásperas que, no fundo,
de guerra, que os britânicos prepararam em 19%; os nortewame— predominavam no serviço dessa gente:-* Os memorandos coinci-
ricanos incluíram-nio entre os 16 “grandes”, em junho de 1%5.2 díam, demais, com & promotoria em cºnsiderar o Sistema de uso
Embora o indiciamento ínculpasse Spear dos crimes previstos em das indústrias proibidas uma violação das Regras de Haia? con-
todos os quatro pontos, nem & promotoria, nem a. maior parte dos siderando igualmente que, em qualquer hipótese, isso não consti—
juízes tomou muito a sério as acusações que contra ele se formu— tuía uma boa defesa contra a. acusação de que Speer usara mi—
laram, de conluio ou de Crimes. contra a. Paz. O que constituía a lhões de trabalhadores escravos na Alemanha. Apenas na, questão
o centro do processo contra, Speer era o uso que fez da mão—de—obra dos prisioneiros de guerra, Fisher acolheu um argumento impor—
na indústria de guerra. Não apenas ”buscou & promotoria demons— tante que a defesa, de Speer apresentam: a União Soviética não
trar que ele entregara & Sauckel quotas de trabalhadores, cons— assinam & Convenção de Genebra,, 0 que, tecnicamente, colocava
ciente de que teriam de ser preenchidas à força, com mão—de-Obra a Alemanha em condição jurídica perfeita na questão do recurso
estrangeira, mas também procurou provar o uso voluntário da &. prisioneiros de guerra soviéticos para que trabalhassem em ín-
parte de Speer de operários oriundos de camp-os de concentração dústrías de guerra. Em outras partes da Decisão final. concluiu
e do, trabalho de prisioneiros de guerra, configurando-,se nesse o Tribunal. que a Alemanha não tinha as mãos livres para fazer
último caso uma violação da Convenção de Genebra. Embora. o que quisesse com os prisioneiros soviéticos, como, por exemplo,
Speer recomendasse. que se fornecessem rações alimentares ade-— fazê—los morrer de fome, poís cobriam sempre os belí'gerantes as
quada's paratornar ”possível o máximo da produção,“ não resta dú— “leis. e os usos costumeiras da guerra,”. Em sua exposição contra
vida deque não ignorava as árduas condições em que operava o
Spec—ar,»...a—promotoria cometem. um erro sério e só apresentara esta-
sistema de trabalho escravo, e continuou a solicitar grandes quan— tísticas rudimentares dos prisioneiros de guerra usados como mão—
tidades de trabalhadores. Deu mesmo início a uma proposta de de—obra, sem provas específicas que denotassem que prisioneiros
que aqueles que fizessem corpo mole fossem enviados'a campos de guerra de nacionalidade não—soviética tivessem sido obrigados
de concentração. Defendendo & idéia, de que certas fábricas de
importância capital e seus empregados (os empregados das indús- ...-.u—

trias proibidas aos vencidos) fossem ativados nos territórios ocupa..— Trata-se da, regra do anexo à Convenção sobre Direitos e Deveres dos países
d-os, Speer pode haver conseguido isentar alguns trabalhadores _ em .caso de guerra terrestre, de Haia, 1907, segundo a. qual o “Estado ocupante“
estrangeiros do programa. de deportação de mão—de—obra, como, .só poderá, usar as propriedades do Estado vencido, e não as particulares.
(INTª do T.) - - ' - - . -

2.36 23.7
& labutar em indústrias bélicas. Fisher decidiu, assim, que assistia dade de Speer, e apresentou isso como argumento em favor de que
razão à defesa de Speer em afirmar que, em razão de & promotoria se reconhecessem circunstâncias atenuantes Observou Parker,
ter deixado de demonstrar que o uso de prisioneiros de guerra não- além disso que Speer parecia ser respeitado por Jackson, deixando
soviéticos atingira proporções substanciais, & Corte não tinha, ou- entrever com essa assertiva que, se Speer merecem & Consideração
tra escolha a não ser livrar Speer da acusação de abusar do tra-= do prºmeter, devia. ser dono das características de uma pessoa
balho de prisioneiros de guerra.-'ª atªcante merecedcra de uma (::1r1.artª.mce.10
Ultrapassando as acuãàções específicas, Fisher “observou que & questão que pende por um fio em torno da impressão fa»
o problema fundamental apresentado pelo caso de Speer não era vorável que Speer provocou em alguns dos juízes é decidir se ele
uma questão de culpa ou inocência, pois, com fundamento na simplesmente se resignou ao que desse e viesse, deixando à Corte
Carta e nas provas, não havia & men-or dúvida quanto à culpabili— e ao destino a. decisão das coisas, ou se, sutilmente, procurou afas—
dade; o problema residia em avaliar certo número de fatores que tá—los da, pena de morte. A quase inacreditável biografia de flexi-
pareciam ser circunstâncias atenuantes.º Não se demonstram a bilidade e de sobrevivência de Speer torna difícil evitar alguma. se-
crueldade de Speer, embora fosse motivo para reflexão o fato de mente de ceticismo, especialmente em razão de um incidente
que recorresse & campos de conbentração para fortalecer & disci- ocorrido em 17 de novembro de 1945, logo que se iniciou e julga-
plina do trabalho.. Além disso;, declarava Spear que, depois que se mento. Numa carta que, naquela data, dirigiu & Jackson, Speer
desfizeram as nuvens da fantasia que lhe tapavam & evidência da. afirmou possuir certas informações “quanto a questões militares e
derrota inevitável da Alemanha, ele próprio, “correndo um risco técnicas” que “não deviam ser conhecidas de outras pessoas”.11

_ _ _ — M W M . . . . h - n ç u h -
pessoal considerável”, solapara as políticas de terra devastada do aumentava Speer que, de 10 a, 25 de maio de 1945, enquanto ainda
Fame?" e disse-ra & Hitler que a guerra estava perdíuda...7 Speer “tam- era “um homem livre“, fornecem ao Serviço de Bombardeios Es—
bém informou à. Corte, de modo labirintíco e talvez tímido, que, tratégicas dos Estados Unidos informações específicas quanto aos
nos últimos dias do regime,, ele alimentam planos remotos, se não efeitos dos bombardeios aliados sobre as instalações alemãs de pro—

___“ .. A...
completamente desprovidos de qualquer possibilidade real de exe— dução. Nesse processo, “discutiram—se minuciosamente métodos de
cução, de assassinar Hitler. Mas a própria, capacidade que Speer bombardeio que apresentavam resultados mais rápidos”, e esses
demonstram de ver as coisas e atuar como atuam mínava & força métodos, na opinião de Speer, foram “provavelmente importantes
atenuante dos argumentos apresentados pela defesa, pois, como na luta contra () “Lapão”,12 Então, de 10 de junho até o fim de ou—
acentuou Fisher, Speer possuíra, desde o início, a posição, & inte- tubro de 1945, sendo Speer prisioneiro dos aliados no campo de
ligência e a educação para compreender as consequências morais “Dustbín” esteve presente quando grande número de cientistas e
do que fazia.8 O ponto—chave no julgamento de Speer encontrava— técnicos alemães foram interrogadlos pelas autoridades aliadas
se no seguinte: a Corte consideraria ou não que a. posição e a quanto & “inovações” em armamentos; na mesma ocasião, com—
educação profissionais do réu o íncriminavam mais durante a por- pareceram também ao campo, e ali estiveram, muitos dos ex—co—
ção inicial de“ 95 por cento de sua carreira do que o, desculpaVam, laboradores de Speer, para que fossem interroga-dos quanto a as—
na porção final de cinco por cento. Levados pela personalidade e santos técnicos e científicos. Em sua carta & Jackson, Speer afir——
flexibilidade de Speer, e também pelos preconceitos sociais da Cor- mºu que não apenas fornecem voluntariamente todas as informa—
te, os juízes do Tribunal, em maioria, decidiram em última ins- ções de que dispunha, mas que também tentou desarmar os escrú—
tância que esses fatores favoreciam mais o réu do que o conde- pulos de seus colegas que hesitavam em falar com os “britânicos e
navam. . norte—americanos. Alegam, além disso, que, como permanecem
Podemos aceitar como autênticas as afirmações de Speer de por tanto tempo no campo e participara de tantas conversas com
que sentira culpa e contrição sob a custódia, dos aliados e, ainda colegas seus que estavam sendo ínterrogados quanto a assuntos
assim, asseverar que, na qualidade de um nítido profissional de técnicós, ele “sem o querer compreendem quais são as esferas
carreira, com compromissos ideológicos mínimos, beneficiavam-no atuais do interesse anglo--amerícano”.13 Concluía Speer sua carta &
excelentes possibilidades de impressionar os membros ocidentais Jackson sublinhando que fora por “convicção” que fornecem ín—
do Tribunal, arrependendo—se. .A. altura, de seu depoimento, Biddle formações e instara com os colegas a que () imitassem nessa coo—-
convenceram—se da, sinceridade de Speer e registrou em seu cader— peração com os aliados, e não “para angariar vantagens pessoais
ninho, em determinado ponto dos trabalhos, que o réu parecia no futuro”.“ Ainda assim “sentir-se-ía infeliz” 'e preferiria incor—
“inteiramente abati.olo”.,9 Mais tarde, durante as deliberações, o rer em “qualquer sacrifício pessoal”, a ser forçado a prestar a,
Juiz Parker observou que também a ele impressionam & personali- mesma informação & “temosziarosª'ª.15 De maneira. mais direta, signi-

238 239
ficava isso que ele estava dizendo à promoísoría norte—americana um impasse de dois votos contra dois votos, e, nesse ínterim, Nor—
que queria evitar, em seu. depoimento, perguntas que o levassem & man Birkett chegou e recomendou que se sentenmassªe Speer & 10
prestar informaçoes “militares e técnicas à União Soviética. anos de prisão. Essa proposta parece ter sido tão pouco relevapte
Que se deve pensar dessa estranha carta? Certamente, além que forçou os juízes & reconhecerem que se encontravam num im—
das fantasias de Speer, não havia possibilidade de que uma pro- passe sem saída,; votaram, portanto, a favor de um amamenta da
meteria norte—americana, ou uma corte presidida por um juiz bri— decisão.“ =
tânico 0 o-brígasse & fornecer informações técnicas prejudiciais aos
países do Ocidente. Não obstante os protestos de que não buscam De um dia para o outro, abrandou—se aparentemente o ânimo
ganhar as graças dos promotores, será possível Speer não ter com— de Biddle com relação & Speer, e, na manhã seguinte, ele sugeriu
preendido que sua carta, produziria exatamente esse efeito, espe- um acordo. Assim, os soviéticos foram 'sobrepujados em votos na.
cialmente tendo em Vista a crescente mentalidade de guerra fria, proporção de três a um, & Speer só foi condenado pelos çrimes
de um homem como Robert Jackson? É provavelmente certo o que constantes dos pontos três e quatro. Biddle abandonou entao sua
defesa da sentença de morte, e Lawrence e Donnedieu de Vabres
diz Speer, quando afirma, que se converteu depois da derrota, e
aceitaram um período mais longo de prisão., Ao que tudo indica,
essa mudança foi, é mais do que possível, facilitada por um desejo
de transferir suas atitudes anti—soviéticas do campo do Terceiro novamente por uma votação de três a um, os juízes ocidentais
concordaram cedo, na, manhã de 11 de setembro, em condenar
Reich para o campo ocidental.. Sem embargo, não há dúvida de
que, consciente ou inconscientemente, Speer apresentou seu re— Albert Speer & 20 anos de prisãº.18
púdio ao Terceiro Reich e sua aceitação da causa anglo—americana
de maneira que causaria, & mais favorável das impressões na maio— KONSTÁNTIN VON NEURÁTH
ría dos promºtores e juízes.,
De todos ºs réua que? em úmma instância, hmm condenados,
Enfante as primeiras deliberações sobre 0 caso de Speer, nãº
% mssíveí que Kºnstamm mn Neurath tenha apresentadº aº Trim
se sabia ao certo; quamtos juízes da Corte “tinham para cºm ele
búnai & desafia mais cºmplexa Em um diplºmata, arismcráªcím
uma, atitude favorável, pois, embora os juízes soviéticos quisessem
que fºra âmcluíde 310 primeirº Conselhº de ínísâms de Hªuer cºmº
con-âená.«-10 pelos crimes áos quatro pºntºs, OS franceses, britâma
Ministro do Exterior, pomue Hindenburg, na época Presidente da,
cos & mortem—americanos só o queriam punir pelos crimes previstas
República, queria que ele áesempenhasse ali um papel modem-diºr.
nos pºntas “três e quatro, enquantº Birkett e Parker reservaram De 1933 a 3938, Neurath cºntinuou servindº comº Ministrº do EX“
para mais “tarde emitir [opinião quanto aºs pontos um e dois..“
teriam embora Hindenburg mºrresse em MM, e tanto 0 Cºnselhº
Na segunda sessão, em 10 ãe setembro, voltaram a ser os mgsºs
de Ministros, cºmo O país? tivessem assumidº progressivamente
os únicos a pedir a condenação pelºs quatro pºntºs; Lawrence só uma coloraç㺠nazista, cada vez mais escªma Em óbvio que & Neu—
o queria ver condenado pelos crimes previstos nos pontos dois, três rath preocupavam o ritmo e & audácia das jºgadas de Hitler em po—
e quatro, e os outros juízes votaram a favor de sua condenação
lítica externa, durante esse período, mas em um nacionalista ale-=
apenas pelos crimes de que tratavam os pontos três e quatro.. Law— mão convicto e engolia os sapos dos “excessos” do regime na A1ema=
rence disse palavras favoráveis & Spear, observando que lhe cou——
nha, e no exterior, procurando, ao mesmo tempo, cobri—los com um
bem um sistema de trabalho escravo já existente —— justificativa
aspecto favorável aos olhos dos estrangeiros. Embora presente à
essa. um tanto curiosa,, “quando parte do problema consistia em sa—
conferência de Hossbach, em novembro de 1937, Neurath sustenta—
ber se, conscientemente, ele tomam parte num empreendimentº va que de ta]. forma, a reunião o perturbam que, pouco, depois, so—
criminoso. Na mesma ocasião, Parker exprimiu sua. própria defesa
frera um ataque carãíaco.,Em qualquer hipótese, tant-o Hitler como
da. respeitabilidade de Speer, e defendeu que fosse condenado &
Neurath concordaram em que a alteração da estrutura do comando
umalsentença limitada.
militar que 0- Fame?" efetuou em fevereiro de 1938 oferecia tam-
Quanto à sentença, Vieram à tona rapidamente as divergên— bém uma ocasião favorável para, que 0 Ministro do Exterior se de—
cias relativas ao destino de Speer. Tanto os juízes franceses como mítísse, sendo Neurath substituído por Ribbentmp. Depois de dei-=-
Lawrence e Parker queriam "vê—10 preso por um período determi— Xá—IO na prateleira por um ano, Hitler deu nova. mostra de seu
nado de anos: Lawrence propôs uma, sentença de 15 anos, e Don- talento para, colocar pessoas hesitantes em posições comprometç—
--nedieu de Vabres o apoiou. Mas então Riddle votou contra essa, doras, persuadindo Neurath & aceitar o posto de protetor da Boe-
proposta,, recomendando que Speer fosse condenado à morte, pro- mia, e da Morávia, depois que a Alemanha desarticulnou & Tcheco—
posta que Níkítchenko esposOu calorosamente. Formou—se assim. Eslováquía, na primavera de 1939. Por dois anos, Neurath desem—

240 24.1
penhou as funções de mais alto funcionário administrativo nessa quando o advogado 0 fez testemunhar que, em 1939, ele realmente
área, e, no decorrer desse tempo, firmou ordens repressivas, emboª— acreditava que os tchecos queriam ser “protegidºs” pela ªlemanha,
m lutando com Hitler e os chefes locais da polícia e das, SS em nazista.21 Apesar desses episódios, a defesa conseguiu apresentar
esforços para. abrandar algumas diretrizes partíCularmente seven as atividades de Neurath sob uma luz favorável, mesmo na que diz
ras. Esses conflitos levaram Neurath & tirar uma “licença para “tra- respeito às ordens repressivas, de tempo _ de guerra, que firmam
tamento de saúde”, em 1941, aparecendo Kar]. Hermann Frank, em Praga. ' .
Reinhardt Reydrich e Kart Daluege para, terminar com &, resistên— Quando & promotoria. passou & perseguiff Neuram, nº inter-
cia tcheca. Nº decorrer dos anos de 1941 a 1943, guardou Neurath rogatórío direto, é possível que tenha, cometido um erro pãícºlógíco;
o título de “protetor”, mas nada teve a ver com 0 que se praticou pois de tal forma o ataque foi agressivo que, pelº:) menos aos 01h05;
e, finalmente, em 1943, obteve permissão para aposentar—se, abrin— de alguns advogados de defesa, Neumth pareceu um hºmem idosº
do lugar a outro funcionário que se mostram muito “tímido na Ale» e desarmado, atormentado e maltratado muitº além àe mamae?
manha, Wilhelm Frick. limite .fs—ãemsafco,22 Os promºtores sublinhamm que não apenas New—=
Os governos dos alia-dos ocidentais encaravam com frieza & mtb. acompanham as ações de Hitler, mas ajudam & cºbri-«las com
idéia de julgar Neurath como um dos principais criminosos ãe um manto de respeitabilidade que contribuiu para iludir () mamªs
guerra. Os britânicos incluíram-no nas listas de “pogsíveís” de Mi— exterior. Também se apresentaram muitas provas quantº às GEF-=
nistério do Exterior, em 1944 e em junho de 1945, e o Ministério da deus que Neura'th firmam em Praga; as medidas represaivag “ªaa—=
Guerra, inglês também 0 colocou num apêndice & um ro]. de 194.4!& macias sob sua. autoridade foram minuciosamente degcmªtas, em
do qual constavam homens que talvez convíesse julgar por crimes especial a retenção de estudantes como reféns ena, fzxecução da aªi——
lºcais. Mas nem ºs norte—americanos nem os ingleses 0 andaram guns deles., Embora tais provas correspºndegsem às acugaçõesg.
entre as “principais” em junho de 1945; foram os franceses e ºs ªmaram—lhes necessariamente efeitos espetaculares, país se pedia
soviéticos que, em agosto, 0 selecionaram para. réu em Nurem— ao Tribunal que atribuísse grande importância ao destino de um
berg? Como os norte-americanos não entendiam que se tratasse punhado de estudantes, enquanto, em toda a sala de &essõegª paí—
de indivíduo particularmente apropriado para. servir de peça. que mva & sombra de milhões de vítimas que, em outras lugareaaz, tinham
demonstrasse O conluio nazista de guerra de agressãgs &, carreira sida enviadas & túmulos anônimos cºm a ajuda ãe métadgs maia
de Neurath como Ministro do Exterior tomou—se um problema diabólicºs de extermínio,
espinhoso nas mãos da promotoria. Como já dissemos acima, um Entre os juízes, pelo menos Riddle alimentou sérias dúvidas
dos membros do escalão inferior do pessoal norte—americano, pes quanto ao esforço da promotoria, considerandº “um tanto fraca,”
soa que se dedicou ao caso de Neurath, julgou o assunto tão pouco a tentativa. sumária de Jackson de vincular Neumth cºm as pmi»
relevante que, em 4 de Outubro, seis semanas antes do, início do ticas de perseguição religiºsa e an.'tí=»-se1rnita.23 Também Mm pare——
jtllgamento, recomendou que N eurath fosse excluído da lista. dos ceu decisiva & Riddle & presença de Neurath na conferência, de
réus.ºº Embora não Vingasse essa sugestão, 0 curso geral do ju].— Hossbach; observou esse juiz, em seu caderno, que “se estamos cer—-
, gamento não fortaleceu o processo contra o (ex—Ministro do Exte— tos de que sucumbiu” pouco depois da reunião, “não se pode dizer
rior. Como seu, nome figurava quase ao fim da lista. dos mailcftadºsE que represente prova de culpa” a participação na, cºnferênciaºª 0
& exposição de quem o defendia ocorreu. quando íam muito avan— memorando que Fisher redigiu sobre o assunto em meados de ages——
çados os trabalhos, e a. fraqueza relativa. do processo que se armam, to também se mostrou cauteloso em. afirmar a culpa, de Neurathª
contra ele saltou aos olhos, quando comparada, com os casos dos embora acentuasse pesadamente () que ele fizera como Mmistm
réus que se tinham metido em atos mais horríveis e mais facil-» do Exterior, em meados da década de 30, e acolhesse muitos dos:
mente . condenáveis. protestos de boas intenções e de inocência, com comentários comº:
A defesa tirou todo o partido possível da. respeitável reputação “pouco provável que seja verdade”, e “um tanto difícil de acredi—
de Neurath nos círculos diplomáticos, de sua, idade avançada e do tariª Entre os incidentes que Riddle fora. incapaz de justificar
fato de que nunca. fora um nazista convicto. O advogado, a quem convincentemente figurava o fato de que, depois de demitir-se dº
Birkett considerou medíocre, para dizer o mínimo, logrou mostrar Ministério do Exterior, voltam à pasta por carta período, para. subª=
que Neurath batalham contra, medidas extremas, tanto nas fun- títuir Ribbentrop, ausente durante a crise austríaca dº Anscmmsº
ções de Ministro do Exterior, quanto nas de protetor da. Boémia Procuram então, diligentemente, como & promotoria e Fisher coin-«
e da Morávia. Em alguns momentos, os esforços da defesa para cidiram em acentuar, apresentar aos estrangeiros uma, versão fam-—
provar a inocência de Neurath tocaram as raias da idiotice, como rável do que se passam na Áustria, e isso depois de ter—se demitidº,

242 2ª?)
remberg rejeitasse, pura e simplesmente, a defesa de Neurath, ba—
ao que afirmava, por discordar dos planos agressivos de Hitler. “ seada. em “sujeição”, isso cortasse os pés da própria cadeira legal
Fisher chegou à conclusão de que a renúncia de Neurath ao cargo em que se sentava o sistema de ocupação dos aliados. Fisher con—=
ãemonstrava que se opusera à agressão, mas entendeu também tornou essa díficuíldade, no memorando que redigiu sobre Neu-
que Neumth era, em definitivo, conhecedor dos planos expansio— rath, afirmando que não houvera sujeição legal da. Tcheco—Esla—
nistas e que, em razão de sua atividade na época do Anschluss, se váquia; 0 assim chamado “Protetorado” não passava, de fato, de
tinha tomado juridicamente responsável, de acordo com o ponto uma ocupação militar; em conseqúência, as autoridades do go—
um, por participação 11.13.1135ª plano de conluio.26 Quanto à carreira verno alemã-o ainda se achavam atadas pelas leis é costumes da
de Neumth como protetor da Boêmia e da Morávia, Fisher, embºra. guerra.30 '
admitisse que se tratava de atos relativamente "brandos, observou
que Neurath dera ordens para que judeus fossem perseguidos e Em seu sumário final, a Corte não se comentou com esse ins—
que nove estudantes fossem mortos e, além disso, estabelecera um tantâneo dos fatos; em vez disso, tratou do problema com algum
sistema de repressão econômica. O memorando chegava à con—— vagar, para atingir depois, em substância, & mesma. conclusão de
clusão de que, por conseguinte, ele deveria ser condenado pelos Fisher. Na opinião do Tribunal, o consentimento de Hacha, comº
crimes previstos nos pontos três e quatro.—'ª' fora obtido “pela força”, não pºdia ser considerado “justificativa
da ocupação”? e, em qualquer caso, não cabia aplicar a doutrina
Tanto () memorando de Fisher como a Decisão final enfrenta—
ram, embora sumariamente, um problema jurídico complexo sus— de suyeíçao em agressões“ Além dissº, havia, na opini㺠do Tribu—
nal, uma parte contraditória na posiç㺠alemã. Em março de 1939,
citado pelo caso de Neurath. Em Direito Internacional, tendo um
Hitler declaram que & Boêmia e & Morávia. se tinham tºmadº par—
país sido “subjugado”, &, autoridade soberana sobre o território te do Reich. alemão, mas também estabelecera o Protetorado, mm
pode passar às mãos do país vitorioso. Em tal situação, já. não se
aplicam regras como as da Convenção de Genebra ao governo ven— que implicava, aos olhos do Tribunal, que & “Boémia e & Morávia.
tinham conservado sua, soberania”, sujeita apenas à limitação ins—
cedor, que pode tratar a população conquistada mais ou menos
ªsítuí-da pelo papel da àlemanha cºmo pºtência, prºtetora, 0 que;
como "bem entender. De todos os territórios que & alemanha ocupºu
houve na Boêmia & na Morávia, depois de março de 1939, portanto,
durante a H Guerra Mundial, nenhum motivou uma, transferência
foi uma. ocupação militar e, mesmo se & Tcheco-Eslováquia nãº
formªl de sºberania; exceto no caso de algumas províncias fron—
participara da Convenção de Haia (o país não existia em 1367),
teiriças; na maioria dos casos, grupos de funcionários que recla—
decidiu .o Tribunal que 0 sistema alemão de ocupação, inclusive
mavam para, si a autoridade legítima, dos territórios conquistados
os poderes de Neurath, estava sujeito às regras da, Convençãg
seguiram para 0 exílio no exterior, e classificaram ãe ilegítimºs
os regimes de ocupação germânica.. Sucedeu uma das poucas pos—
porque a mesma “era afirmativa do Direito Internacional em vi-
síveis exceções a esse modelo quando foram ocupadas as províncias gor”.31 Por meio desse caminho circular, conseguiu o Tribunaí áei—
Kªr imunes os princípios da doutrina de sujeição, tomando tam—-
tchecas da Boêmia e da Morávia, em 1939. Nessa ocasião, O presi— bem as ações de Neurath passíveis de castigo de acordo com as
dente tcheco, Emil Hacha, foi convocado a, Berlim e ali, numa
atmosfera de intimidação, firmou documento em que concordava regras firmadas em Haia e em Londres.
com a, ocupação alemã. e com O estabelecimento de um --Protete— A primeira votação sobre Neurath mostrou que os soviéticos.
"melo germânico. A defesa de Neurath, em consequência, sustentou ºs britânicos e Falco eram favoráveis a que fosse condenado po?
que esse ato representava uma forma de tomar legítima a sujeição: todos os quatro pontos, enquanto Donnedíeu de Valores só o queria
&. autoridade soberana nas duas províncias fora transferida para condenar pelos crimes previstos nos pontos dois e três. Os dois
0 Reich e o governo alemão gozava de liberdade para fazer ali o norte—americanos,»nol entanto, hesitavam de “forma pouco costu-
que quisesseººª meira; ..a-- Riddle-"parecia dever—se condená—lo pelo ponto um“ e,
O exame desse argument-o por parte dos governos aliados foi “talvez”, por outros, enquanto as dúvidas de Parker pareciam tãº
complicado pelo fato de que sua própria ocupação da Alemanha profundas que ele não conseguiu expressar «qualquer opinião..”
repousam 'na mesma interpretação gera]. do Direito. Pelo ato de Nas deliberações finais, em 11 de setembro, os russos e os britâni—
rendição incondicional de 1945, a autoridade soberana sobre o ter— _

ritório e a, pºpulação germânicas tinham passado às mãos dos “ªº É um motivo clássico em Direito Internacional o uso dae coação sobre a pessºa.
aliados, e já não osrestringíam limitações tais como as das regras que firma, um dºcumento, para pleitear a. nulidade do. compromisso; cita—se
de Haia, as quais lhes tinham regido as ações durante a guerra.? o caso a_e Napoleao com o Rei da Espanha; a regra foi incluída na Convenção
sobre D1reitos dos Tratados. (N. do T.) ' "
Havia assim & perigosa, possibilidade de que,» se o Tribunal de Nua-—
245
ms ainda, sustentavam &. condenação por todos os quatro pontos. eu talvez ambos concordou. em que Neurath fosse condenado pelos
e Donnedieu de Vabres resolveu que Neurath deveria ser conde—'- cumes do pontq um, desde que Lawrence aceitasse uma sentença
nado pelo ponto um, assim como pelos pontos dois e três. A. hesita- de 15 anos O juiz britânico concordou Neura'th foi condenado
ção norte—americana sucedem uma, decisão que Parker e Bíddle es- por todos os quatro pontos e sentenciado a, 15 anos, votando os
posaram, e que Falco também partilhou, de que Neurath deveria ser sºviéticos contra essa, sentença, provavelmente até o fim ªº“
apenas condenado pelos pontos três e quatro Quando a. discuss㺠Como sucedeu com o caso de Hess, as aparências que cerca.-
enveredou pelo caminho do estabelecimento da sentença, desapa—
ram o veredicto e a sentença de Neurath enganaram os observa-=
receu & aparente harmonia entre grupos de juízes, pois aqueles
dores. Quando foi anunciada a decisão do Tribunal, algumas pes-«,
que se tinham juntado quanto a, pontos específicos de acusação soas acharam-na intrigante. Parecia, excessivamente severa & con—
exprimímm idéias muito diversas no tocante ao. castigo. Entre os denação de Neurath pelos crimes de todos os quatro pontos; por
que queriam condená—lo pelos quatro pontos, os soviéticos foram outro lado, a não ser por causa da idade avançada do réu., a sem
favoráveis à morte, como o eram usualmente, enquanto Lawren— tenga de 15 anos tinha um aspecto relativamente misericordioso.
ce sugeriu a prisão perpétua. Riddle, após hesitar de inicio, suge— Ninguém teria suspeitado até agora de que Neurath foi contem—uª
riu. 15 anos de prisão e com a mesma senfa-ença- coincidiu Donne- piada com a sentença leve de 15 anos apenas porque O Juiz Law-—
díeu de Vabres, com fundamento numa, condenação pelos crimes rence concordou em aceita—1a, em troca da condenação pelos crí—
de que tratavam os pontos dois, três e quatro. Também reinava mes de todos os quatro pontos..37
grande divisão, no que diz respeito à sentença, entre os que vota-
ram a favor da condenação apenas pelos pontos três e quatro.
MARTIN BORMANN
Falco não especificou bem 0 que tinha em mente como sentença.
mas achava que deveria ser “bem forte”.ªª Riddle, por outro lado,
defendeu uma sentença de 15 anos, e Parker, de cinco anos. Par— Tendo em vista a. especulação ainda não interrompida, faz
ker parece ter achado que, como Neurath foi removido de suas 30 anos, na, imprensa e entre o público em geral, quanto ao des-
funções por Hitler ao mesmo tempo em que 0 foram das respectivas tino de Martin Bormann, assumem interesse especial sua carreira “
os Generais Fritsch e Blomberg, que também tinham compare- nazista e a forma pela, qua]. os aliados trataram de seu caso. Até
dão à conferência, de Hossbach, não seria justo enfatizar muita 1941, Bormann não passava do imediato de Hess e, embora, go“
a, presença. do Ministro do Exterior na reunião de novembro de zasse no Partido da reputação ãe homem rude, se n㺠impiedosa?
1953?“ Como Blomberg não figurava entre os réus '— Frítsch fora pouco se sabia dele nos meios da, opinião pública da própria, Ale—-
morto no começo da guerra —, só Neurath seria castigado por ter manha. Voando Hess para a Inglaterra, no entanto, Bormann
permanecido no posto durante três meses, depois da reunião de assumiu a. direção da, Chancelaria do Partido Nazista e, em abriª
Í-E-sbachª É claro que o argumento de Parkernão tºcou na acusa.- de 1943, tornou—se, de fato, secretário e paladino imediato de Hi”—
ção principal que & promotoria apresentara -—— no fato de que N'eu-=- tíer. Embora não conhecido universalmente mesmo então, granjeou.
mtb diferentemente dos outros, voltara & servir ao regime Bormann certa notoriedade à altura do fim da guerra, e os anglo—-
Ocupando posições entre 1938 e 1941.35 americanos faziam uma idéia bastante precisa do papel que repre-
gemava. e de sua influência.. Os britânicos incluíram—no em ambas
Os votos quanto à condenação de Neurath e à sentençà & ser» as listas de principais. criminosos de guerra, que prepararam e,
Tihe atribuída deixaram a. Corte numa situação complica-,da Todos à altura do verão de 1945, & promotoria norte-americana come-=
condenaram o eex.-Ministro do Exterior pçlos crimes previstos no guíra excelente material biográfico & seu. respeito. 38 Saltava aos
pºnto três; a maioria o condenou pelos crimes do ponto dois, com— olhos, no entanto, como dificuldade para, incluí-10 entre os réus,
tra & opinião de Riddle, e do ponto quatro, contra a ºpinião de () "fato de que não Se achava nas mãos dos aliados Embora cir—
Donnedieu de Vabres. Houve um empate de dois a dois, em tomo culaSSem com muita rapidez boatos que denotavam que ele "teria,
ªo ponto um; Nikitchenko e Lawrence votaram pela condenação ——- mas também não teria, --- sido morto quando procurava esca—
nesse ponto, enquanto Riddle e Donnedieu de Valores votavam par de Berlim, os norte-americanos e os britânicos donos de cen—
contra,. Houve um impasse quanto à sentença: Biddle e Donne—r tenas de prisioneiros importantes e montanhas de documentos
dieu de Vabres queriam 15 anos de prisão, Lªwrence queria prisão nunca levaram a sério a idéia de promover um processo contra ()
perpétua e Nikitchenko queria, a morte. Em evidente que se im- fantasmagóríco Bormann, Contudo nas sessões de "agosto de 1945
punha chegar a um acordo, e dessa vez foi. Níkí'tchenko quem sobre () indiciamento, os franceses, que não possuíam em suas
perdeu, numa rápida barganha. Bíddle, ou Donnedíeu de Vabres, malhas prisioneiros de renome e os soviéticos, que só possuíam

246 247
um punhado deles? exigiram que Bormann fosse indiciado porque e de seu. poder que sua imagem ameaçava ocultar a do próprio
fora de importância tão grande e ainda poderia. aparecer vivo. Os Hitlerº
britânicos e os norte—americanos continuaram a não encarar a. No sumário do caso, o Tribunal admitiu. os problemas que
idéia com animação, mas os negociadores franceses e soviéticos Bergold enfrentou, observando que ele trabalhara “em circunstân—
mostraram—se inflexíveis e, de acordo com o Artigo XIV da Carta, cias particularmente árduas”, mas acrescentou que, à. 1112. dos do—
desde que dois pro-motores titulares fízessemquestão de que deter— cumentos firmados por Bormann e colocados entre as provas pela
minado indivíduo fosse incluído entre os réus. & inclusão em au— promotoria, não se via bem o que poderia, ter feito a, defesa? “mes—
tomática.ªº “ª“ ' mo estando o réu presenteª—ª.ªª A Corte indicou que eram arrasa:
A .A

doras as provas contra. Bormann nos pontos três e quatro, devido


.

se reuniu pela. primeira vez., em meados


W

Quando o Tribunal
W

ao importante papel desempenhado por ele na sujeição dos terri—


“nªme="”—:o...;

de outubro de 1945, nenhum dos juízes, nem mesmo Nikitchenko.


revelou entusiasmo diante da perspectiva de julgar Bormann in tórios ocupados, perseguindo judeus, maltratando trabalhadores
absentia. Em 17 de outubro, Riddle declarou sem. rebuços que se escravos e prisioneiros de guerra. As pesquisas que OS historiado—
m
e

opunha & um julgamento à revelia; no mesmo dia, os promotores res fizeram, depois disso, despíram um tanto essa imagem do hor—=
m“ wav-. s

reconheceram que as informações disponíveis indicavam que o .ror de que estava revestida, mas pouco contribuíram para, dimi—
réu falecera?" Os promotores, por fim, persuadiram o Tribunal nuir &, impressão de que, nos últimos dois ou. três anos da. guerra,
.
W

a nada fazer quanto ao problema de Bormann, pelo momento, e a Bormann era 0 mais poderoso e, talvez, o mais impiedoso dos au—

m

xiliares de Hitler. Assim., os problemas que ainda, nas afligem


m

aguardar *O início do julgamento para decidir se deveriam separar


w
m

relativamente & Hermann ligam—se & questões legais, e não a fatos


w

seu caso dos (mimos.M Tão fragmentários eram ºs documentos de


z
:
.. .

que dispunha o Tribunal,, em meados de novembro, para tratar referentes & Crimes de Guerra e & Crimes contra a Humanidade.
do assunto, que não nos permitem chegar & cºnclusões claras; & No primeiro turno das deliberações, em 2 de setembro, sete
Corte. no entanto, ao que “tudo indica,“, estava tão sobrecarregada, dos juízes, ao que parece, foram favoráveis a que se condenasse
com o início dos trabalhos formais, e tão dividida quanto aº Bormann pelos crimes previstºs nos pontos um, três e quatrº (nãº
caso dos Krupp, que os juízes buscaram () meio mais fácil para pesava sobre ele acusação específica, de Crimes contra a, Paz). Só
lidar com o caso de Bormann. Em consequência, nada fizeram; Biddle divergiu dessa opinião, sugerindo que a Corte se limitasse
não se separou seu caso dos outros e, como não fora. localizaáo. & declarar que o réu estava morto, sem emitir veredicto de culpa—
() fato de se haver conservado seu. nome entre os réus significava do «ou inocente. Opusemm—se os russos a essa sugestão, poís enten—
que só poderia ser julgado à revelia, conforme autorizava () Artigo diam que, sem prova, conclusiva da, morte de Bormann, não seria
XII da Cartaxº“Z prudente & Corte deixar de condená—lo. Birkett defendeu a idéia
As atas dos trabalhos relativos & Bormann “comunicam & ím— de que se condenasse o réu pelos-três pontos por estar “fugindo à
pressão de ter havido pouco mais que uma paródia de julgamento Justiça”, e Park—er queria ultrapassar “todos os outros em matéria
regular. Como o Doutor Frídrich Bergold, advogado de defesa de segurança, propondo que a Corte o condenasse e () declarasse
morto. No meio dessa discussão, inclinando-se os juízes, em gran-
designado para, representar Bormann, (11339 com muita justiça,,
em praticamente impossível conseguir material para amparar o de maioria, a condenar Bormann pelos três pontos, Nikitchenko
réu, sem que ele ali estivesse, fornecendo indicações quanto à car- introduziu novo problema no caso; acreditava o russo que as pas-
reira que tinha seguido e seu caso no Tribunal. Tudo que esteve ao sagens de ordem geral no indiciamento ímplicavam que se confi—
aªlcance de Bergold foi tentar destruir as provas apresentadas pela gurasse & culpa de Bormann por Crimes contra a Paz. A0 que
promotoria e procurar recorrer a provas relativas a outros réus parece, os soviéticos desejavam que a Corte decidisse que fora de—
que fossem capazes de favorecer seu ausente representado. É claro vido & um ee..,.dQÍímprensa que não se condenam Bormann pelo
que ninguém estava. disposto & despender grandes esforços em ponto'trêSQe que () condenassem por crimes constantes em todos
benefício , de um homem que talvez não mais existisse, e raros os quatro pontos,.44
eram aqueles, no próprio Terceiro Reich, inclinados & simpatizar Em 11 de setembro, deixou—se morrer sem alarde & teoria de
com Martin Bormann ou a ajudá—lo,. Em vez de contribuir para a Nikitchenko quanto aos quatro pontos e, embora Biddle voltasse
defesa de Bormann, & maior parte dos outros réus vía nele uma & recomendar que a Corte se restringisse & declarar Bormann
figura, ideal em quem depositar todas as culpas de que sepodiam morto, nada mais fazendo a. respeito, também essa idéia pereceu,
limpar. Ao fim do julgamento, & promotoria, e Vários réus tinham pois não encontrou apoio em qualquer dos outros juízes. Lawren-
pintado um retrato tão terrível da influência maligna. de Bormann ce, Falco e Níkítchenko votaram pela culpabilidade de Bormann

248 249
nos três pºntos, favorecendo, ao que tudº denota, a sentença de BÁLDUR VON SCHIRACH
morte. Os russos passaram à, posição que Birkett ocupam ante-.,
ríormente e sugeriram que, embora as circunstâncms indicassem Schirach ingregsou no Partido Nazista como estudante am
que Bormann estava morto, não se podia dizer que as provas a. meados da. década, de 20 e foi. gradualmente galgando postos nas
esse respeito fossem decisivas, sendo por isso necessário condená— organizações nazistas de estudantes e 3ovens. Em 1931, foi feito
10 e sentenciá—lo, pois estava fugindo à Justiça. Donnedieu de Va- ; líder juvenil do Parti-do e, depois que Hitler assumiu o poder, em
bres. Parker, Birkett e, em última instância, Riddle manifesta— 1933, tornou-se 0 “Lider da Juventude” de todo () ReíCh. Sua posi—
ram-se favoráveis & conduenar Bormann apenas pelos crimes de ç㺠exigia que desempenhasse duas tarefas principais: solapar e,
que tratavam os pontos três e quatro, e a que fosse enforcado. por fim, eliminar completamente todos os grupos jovens indepen— -
Parker queria que os juízes declarassem achar que Bormann mor- dentes, e reunir a esmagadora maioria de jovens alemães na Ju—
rera, mas Birkett foi contra. isso, e Biddle, como- Nikitchenko, re— ventude Hítlerista, e organizações conexas, onde seriam submati-
comendou que a Corte incluísse na. opinião final uma explicação dos & doses maciças de doutrinação ideológica nazista. Sobrevindo
em que se declarasse que os juízes acreditavam que o réu fugia & guerra, diminuiu a, importância do. trabalho entre os jovens, e.
da, Justiça.“ Schimch enfrentou também crescentes dificuldades pessoais e pro—
fissiºnais com os líderes da hierarquia partidária. Em consequên—
Dessa, confusão de sentimentos e justificativas, emergiu () voto cia, abandonou o controle ativo do movimento da juventude e as—
final: Bormann, à revelia, foi condenado por unanimidade pelos sumiu & posição de Gauleiter em Viena. Permaneceu nesse posto
pontos três e quatro, mas poupado no ponto um, por um impasse até pouco antes do colapso total dos nazistas na Áustria,; durante
de dois votos contra dois (Lawrence e Nikitchenko favoráveis à seus quase cinco anos de Viena, executou as coisas que os chefes
condenação, enquanto Biddle e Donnedieu de 'Vabres mostraram= locais executaram na Alemanha nazista do tempo de guerra, des»
se contrários). Então, mediante decisão unânime, Bormann foi de a deportação de judeus até o programa de trabalho escravo.
condenado à, forca.46
Funcionários do governo britânico ficaram de olho em Schi»
Além de tudo, esse caso foi. um daqueles em que a Corte se mah por muito “tempo e, à altura de 194%, ele já fora incluído mas
comportou de maneira, mais descuidada e irregular, Também foi listas do Ministério do Exterior e do Ministério da, Guerra,.48 Em
um dos mais perturbadores exemplos da inclinação do Tribunal junho de 1945, no entanto, quando a equipe de promotores briíâ—
para contornar problemas, em vez de enfrentá—los. Não se exami— micas reduziu as listas & um grupo de 10 “grandes”, Schirach ficou.
nou diretamente a, questão do julgamento à. revelia, nas primeiras de fora, assim como não constava do rol norte—americano de 16
fases dos trabalhos; durante 10 mesesg deixou-se que o caso de criminosos de guerra preparado na quarta semana de jumm:ig
Bormann vagasse, ao mesmo tempo em que a Corte rejeitava de Quando os britânicos, porém, viram a lista, norte—americana, suge—
modo rotineiro moções que pediam que o caso fosse examinado em. riram que “talvez fosse aconselhável retirar dela 0 Almirante Doe—
separado, e fazia tudo que podia para. não ser obrigada & reconhe— mm e colocar em seu lugar Baldur von Schirach. Não se parece ter
cer que não se tratava propriamente de um caso de processo em discutido seriamente essa proposta,.contudo, pois, no restante de-
boa, e devida forma. Talvez de acordo com isso, tendo emlvista' o junho e em todo o mês de julho, todos os promotores imergimm
caráter dos trabalhos a respeito do caso, não parece que se tenham nas negociações das Quatro Potências & respeito da Carta,. Quando
efetuado com clareza ou Vigor as deliberações ou a opinião expla— a atenção voltou & concentrar-se numa lista de réus, durante as
natória quanto & Bormann. Justificando suas ações, o Tribunal lí— discussões de agosto quanto ao indiciamento, aconteceu que «os
mítou-se & observar que as provas da morte de Bormann não eram franceses e os soviéticos queriam ver o nome de Schirach adicio—
“conchisivas”, que lhe cabia poder para julgá—lo, de acordo com a nadº à listª., 'dfà...,..1.6.".'réus proposta. pelos norte—americanos; como
Carta de Londres, e que as provas postas à disposição da Corte os. inglêses já símpatizavam com a, idéia, isso foi conseguido com
jusªãsiíicavam & condenação e a sentença de morte. O único palia— facilidade.“
tivo fornecido aos que tinham reservas quanto a julgar e condenar No indiciamento, Schirach foi acusado de incorrer no ponto
à, morte à revelia, foi a observação de que, se Bormann aparecesse um (conluio) e também no ponto quatro (Crimes contra & Hu-
VÍVO, () Conselho de Controle da Alemanha podería “modificar ou manidade). A. promotoria fez considerável esforço para Vínculá-Flo
reduzir a, sentença, se o julgasse apropriado”? Isso não era muitº aos planos gerais de Hitler, sublinhando & grande importância que
em troca da perda de um dos direitos fundamentais que o Direito o Fúhrer atribuía à doutrinação ideológica da juventude e mos—
ociâental garante. trando que a instrução militar e ideológica que Schírach fornecem

250 25].
na, Juventude Hitlerista adaptavam—se ao programa nazista de & os trens da morte em Viena, na década de ao. A tarefa tomou—se
agressão. A. promotoria também. devotou alguma atenção à alegada ainda mais difícil em razão das confusas opiniões de Schirach e de
participação da Juventude Hitlerista nas atrocidades de tempo de sua personalidade instável. Como Hans Frank, Schirach atraves—
guerra, mas as provas de real significação que foram apresenta— sava momentos de auto-recrimínação melancólica, e em seus
das contra Schírach com relação ao ponto quatro nada tinham a depoimentos fez declarações que tocavam às raias do arrependi—
ver com a Juventude Hitlerista, mas provinham dos anos em que mento. Mas, quando se tratava de pont-os específicos de seu com—-
Schirach fora Gaulez'ter em Viena. Ele era, rotineiramente, respon— portamento passado, só o que dele se conseguira-=- tirar eram
sável pelo cumprimentoªda sistema de trabalho forçado no seu labirinticas declarações de autojustífícação.
Gau; dessa forma, as acusações da promotoria. quanto a esse
É difícil não concordar com & ex.-esposa den Schirach quanta
assunto foram facilmente formuladas, e comprovadas. As acusa—-
ao fato de que ele era, no fundo, um homem fraco, para quem
ções contra. Schirach com referência à deportação de judeus ªti-
a. pose era mais importante que o objetivo.51 Sua vida e seu
nham, no entanto, cunho particularmente vivo, em razão de três
provas da promotoria. tndo Schirach ocupou o posto de Gau— comportamento parecem ter tido um cunho excepcionalmente
episódica, e ele pode ter—se constituído no membro perfeito da—
Zez'ter, já fora completada & primeira, e terrível fase das deportações

3
quilo que, segundo sugeriu Donnedieu de Vabres, caberia chamar
e só restavam 60 mil judeus daquela comunidade, em outras épo-
de “conluio camaleônico” _ um plano criminoso cujos obje—
cas florescente. Em outubro de 1940, Schirach pediu & Hans Frank tivos mudavam constantemente, e cujos membros refletiam


que acolhesse no Governo Geral o grupo restante de judeus vie-— diferentes matizes de criminalidade, inspirados pelo líder Adolf
nenses; dois meses depois, Schirach foi informado por Berlim de
Hitler.”
que seu pedido fora, deferido e os j'ªudeus seriam deportados.“ O

ª
ponto crucial que esse p-avoroso assunto levantou para a defesa De qualquer forma., o depoimento de Schirach não o ajudºu
muitº — “tolice”, conforme pareceu & Riddle -—- e a. imagem que
de Schirach residia na medida em que ele tinha consciência dc:

º
que se passava com os judeus que eram deportados para a Polônia,. apresentou de si. mesmo, um jovem e virtuoso idealista que se
Se ele sabia, ou tinha boa razão para, saber 0 que ocorria, isto é, deixam extraviar, pouco contribuiu para, ajudá—10.53 Bíddlfº
classificou—o, ao ouvir—lhe o depoimento, como um “típico rapaz

l
que se destinavam às fábricas de morte, então não restava dúvida
de que havia, culpa em seu papel nas deportações, A promotoria da Assºciação Cristã de» Moços”, e é óbvio que não escreveu isso
com intenção lis—majeira.54 A. defesa, de Schirach logrou invalidar

E
apresentou duas provas para demonstrar que Schimch atuam
conscientemente e por motivos de convicção. Durante a última fase — as acusações da promotoria de que a Juventude Hitlerista estivera
das deportações de Viena, o escritório de Schirach figurava entre empenhada, em sério treinamento militar. mas nada se fez para
os serviços que recebiam nos relatórios preparados pelos grupos de amenizar a imagem de Schirach como o mentº? ideológico da
assassinos, Einsatzgruppen (“Unidades Especiais”), na. Rússia. juventude alemã. Quanto à fase vienense de sua carreira, a da»
Esses relatórios, que continham programas minuciosos do massa— fesa pouco mais pôde que afirmar que as observações de Schirach
cre, incluindo a. “liquidação” de milhares de judeus, foram escritos que mais () incriminavam não correspondiam à intenção que
depois de Schirach ter formulado () primeiro pedido de deportação. pareciam ter, e que, como administrador. deixava, tanto a de—
Contudo, os trens de deportação que ele solicitou continuaram a sejar que não soubera () que se passava em seu escritório e, por
trafegar até 0 outono de 1942; durante a maior parte desse tempo, conseguinte, nem lera os relatórios. dos Einsatzgmppen, nem
os relatórios dos .Einsatzgmppen amontoavam—se no escritório de mesmo jamais ouvira o nome do funcionário subalterno dire-
Schirach. Quando, por fim, pararam de funcionar os trens de de— tamente incumbido de tais relatórios.
portação, pois já não restavam judeus vivos, Schirach pronunciou O sumário do caso, redigido, ao que gel presume, por Fisher.,
um discurso extremamente c-o-mprometedor, no qual se gabava de e as deliberações do Tribunal indicam que a exposição da de—
que seu ato de deportar “dezenas de milhares de judeus para () fesª de Schírach não foi o fator decisivo que o salvou da, forca.
gueto do Leste” era uma contribuição “à cultura européia”. Seus atos não pareciam tão cruéis quanto os de alguns outros
réus, e a comparação o beneficiou. A promotoria, por outro lado,
De alguma, forma, a defesa, de Schírach teria. de demons'tmr
atuam um pouco ao acaso, e a própria carreira,. incongruente
não apenas que os atos do réu, como chefe da Juventude Hítleris—
de Schírach não se encaixava perfeitamente nas definições de
ta, eram bem—intencionados e fundados numa natureza boa, mas crime usadas pelo Tribunal., O fato de ter escapado & uma pu-
também teria de refutar & evidente ligação que parecia existir nição severa parece ter decorrido, principalmente, dessa con-
entre os ensinamentos anti—semitas de Schirach, na década de 30, fusão crescente. '

252 53
O primeiro memorando do Tribunal iniciou—se com & diig— que fizera em Viena. Assim, a Corte concentrou—se nos crimes de
cussão das atividades. de Schirach na Juventude Hítlerista, logo guerra de Viena. .
deixando de lado, como marginal e insignificante, & instruç㺠O memorando sobre Schimch sublinhava que, como Gau—
militar que a organização fornecia. O âmago da questão residia Zez'ter, ele era, obviamente culpado de participar no sistema de
na preparação ideológica e emocional para, a guerra e, como trabalho escravo, e também chegou à conclusão de que lhe cabia
imediatamente o reconhecia o memorando, em um ponto que culpa em razão do papel desempenhado nas medidas anti—
colocava “um problema extremamente difícil?”.55 Não havia semi'tas, especialmente a deportação para os campos. de exter—
provas de que Schirach tivesse recebido informações quanto .a mínio, e O recurso aos judeus, nos momentos tardios da guerra,.
qualqaer plano específico de agressão, e não lhe coubem eviden— como mão—de—obra escrava. Quanto à alegação de Schirach de
temente qualquer influência na formulação das grandas dire—— que ignorava os extermínios, o redator do memorando observou
trizes da política nazista. O que lhe cumpria, fazer era, alimentar que ele “deve ter compreendido 0 que se passava”, e se, por
um entusiasmo bélico entre os jovens; o memorando concluía, milagre, não () compreendem, devia,—sel isso “ao fato de que, de
& esse respeito, tratar—se de “parte vital nos planos agressivos propósito, fechava os olhosªi59 Concluía o memorando, num an—
de Hitler”. Prosseguia o memºrando: “mesmo faltando & Schi— ticlímax, que Schirach parecia, culpado, de acordo com o ponto
rach conhecimento de plams específicos de guerra de agregsãe, quatro, por suas atividades como Gauleâter.“
deve ter cºmpreendido que preparava os jovens para lutar”.5d 'Um dos motivos que explicam que as conclusões do meme)»
Decidía assim, embora de forma hesitante, 0 redator do mªmo—
rando sejam tão hesitantes reside na circunstância de que, ainda
rando que “seria de acreditar que Schimch é culpado pelos nesse caso, a, Corte defrontou—se com o problema da, rendição &
crimes previstos no ponto um”; depois dísgo, no entanto, 0 Ice-
da, sujeição. O Anschluss, que converte-ra, & Áustria numa parte
dator afirmou que Schimch “parece “também culpado”, no mesmo
da Alemanha, fora reconhecido “comº um fato” pelos Estados
grau, dos crimes do ponto dois (preparação de guerras de
Unidos e por outras potências, e era difícil, à altura de Nurem-
agressão); ora,, & promotoria sequer o acusam de tais crimes.57
berg, declarar que se tratava simplesmente de ocupação milita-53
O motivo dessa cautela e desses altos e baixos quanto aa e não um caso de: sujeição, Mas reconhecer isso, e nada, maia
primeiro dos pontos resultava do fato de &, promotºria, n㺠ter fazer, cºnfiguraría () mesmº perigo que se cºnfiguram no caso
conseguido relacionar especificamente a agitação pro-movida por de Neurath, e Schirach podería beneficiar—se com uma, excelente
Schirach com a guerra, de agressão, mas “Lê—la, relacionado com justificativa para os Crimes contra, a Humanidade, O autor do
a guerra em geral. Como o Direito Internacional considerava memorando só se lembrou de um meio: salientar que a. expansão
legítima, a guerra defensiva, era difícil admitir; sem mais alemã na, Áustria fazia parte de um amplo conluio de guerra,
aquela, uma, declaração de que a instrução que Schirach minis— Desde que o Tribunal. asseverasse isso com firmeza suficiente?
tram aos jovens, para. a guerra, constituía necessariamente um seria, então possível ligar outros atos & esse, e condenar Schimch
crime. Contudo, isso não passava, de consideração jurídica”, pois pelos crimes previstos no ponto quatro. Sendo o Amchluss
no fundo todos aqueles que se sentavam na bancada dos juízes considerado parte de um conluio, 'poder—sel-iam então considerar
nutriam um entranhade sentimento de que os nazistas sempre como atos praticados em consequência desse conluio as medidas
tiveram em mim lograr & expansão territorial mediante o re— de Schimch no tocante ao trabalho escravo e às deportações de
curso à força,, ede que Schirach introduzira, nas mentes de seu judeus.“
rebanho de jovens o entusiasmo pela guerra e pela conquista. “Tudo isso implicava muitos malabarismos e esforços. men-»
Como afirmou o redator do memorando, com transparente tais, mas o Tribunal aceitou a alternativa Como o único meio
emoção, a, condição espiritual da juventude. “durante os próximos de enquadrar “Schímch, e o argumento do memorando foi. repro—
25 anos” seria o maior obstáculo à solução do problema germâ— duzido, quase palavra, por palavra,, na opinião final.. Emocionai—
nico, e disso “Schirach é responsável”.58 Como muitas profecias mente, muito Se inclinava & Corte contra, Schirach, mas, limitada
e declarações sumárias, essa não se revelou muito acertada,, mas por sua definição de conluio, em praticamente impossível com
demonstra a. preocupação fundamental dos aliados no casº. denar o réu pelos crimes previstos no ponto um; sem que Se
Tivessem os juizes encontrado métodos satisfatórios. & teriam, contornasse o problema da, sujeição-, ele teria também escapada
com prazer, condenado Schirach pelo trabalho que executou na ao ponto quatro. Movida pelas emoções, & Corte foi obrigada. a
Juventude Hitlerista. Mas, para tal condenação, os fundamentos aceitar a Vinculação entre Crimes contra a. Humanidade e uma
eram fracos, e só havia, perspectiva de condenar Schirach pelo declaração de que o Ansehluss fazia parte de um conluiº de

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guerra de agressão, mas isso deixava um traço de vulnerabili- bardeada uma. cidade inglesa, na ocasião do assassinato de Rei—-
dade nos veredictos. A. condenação de Schírach decorreu de uma nhardt Heyndrich. Falco, que fora forçado ,a lidar com um
idéia de sujeição completamente diversa da que fora usada para número muito maior de jovens graduados no sistema?; educacional
Neurath. Além disso., embora, no caso de Schírach, o Tribunal de Schirach do que o fora Si?" Geoffrey, mudou de opinião nos
declarasse que o Anschluss fazia parte de um conluio de guerra dois dias que se seguiram à, primeira, deliberação, e mostrou—se
de agressão, os dois réus presentes ao Tribunal e mais direta— favorável a que 0 (ex—líder da juventude fosse Condenado pelos
mente relacionados cow—essa união entre a Áustria e a Alemanha pontos um e quatro, Observando que Schimch dirigira & Sªami—=-
não foram considerados responsáveis de participação direta nº cher uma carta, em que aprovava & maneira pela qual este úl— ,
assunto. O Tribunal pouco dissera sobre o papel desempenhado timo encarava “& questão judaica,”, Falco também chamou a
por Seyss—Inquart na, Áustria, e () condenam e mandara executar atenção do grupo dos juízes para o discurso sobre as deporta—
por suas atividades na Holanda,. Ainda mais importante que isso ções, para a disponibilidade dos relatórios dos Einsatzgmppen
é o fato de, no caso de Franz von Pap-en, que fora Embaixador e para & espantosa declaração que Schírach fizera na Corte: de.
em Viena. na época. da, união, o Tribunal ter declarado “não há que fora partidário da deportação porque seria, “melhor para. os-
prova de que ele participava nos planos segundo os quais a judeusªª.“ Não havia,, segundo O juiz francês, como fugir à sen
ocupação da Áustria constituía um passo no caminho de ações guinte conclusão: cabia. condenar Schirach à prisão perpétua ou,
agressivas posteriores“, e Papen ter sido absolvido. Mas como talvez, à morte. Como de costume, Donnedieu de Vabres mos—
o Gauleitefr Schirach efetuam atrocidades em Viena, em vez de trou—se menos seguro que o seu jovem colega e observou que, em
fazê-lo em alguma, outra cidade, era ele sujeito a condenação 1946, quando eram aparentes aos olhos de todos as conseqúências
simplesmente porque o território coubera à Alemanha devido a lógicas dos atos de Hitler, as coisas pareciam diferentes. Julgou
um plano conspiratório de cuja, existência nada sabiam mesmo que seria mais equitativa que os juízes se colocassem nº lugar
dois dos mais importantes agentes dº Á7'z;scmussª Em, de] faia, de Schimch “na épºca em que tudº se passou.”, podendo assim
um argumento muitº malo-estufadº e "bem pºucº cºnvincenteº cºmpreender que não em t㺠clara a intenç㺠criminosa.,ªª Seria
preferível. atuar com cautela? disse Dennedíeu áe Vabres, à. guisa
Dadas as cºmplexidades do casº e a precariedade! dos afªga»— de conclusãº, & conâenar Schimch apenas pelº pontº quatmª
mentos disponíveis, é compreensível que tenham sidº longas & atribuindo—lhe uma sentença que variasse entre % anos ãe prisãa
divididas as deliberações da Corte a respeitº. inicialmente, © e a prisão perpétua., Comº O juiz tituíazª francês, também Parma“
Tribunal não discutiu o caso de Schimch até ª de setembro, uma, parece só ter desejadº cºndenar Schimch pelº ponto quatm, &
semana, após discutir a maioria, dos ºutrºs réus, pois GS juízes Riddle mostrou—se mais atºrmentado por dúvidas a respeitº dº
trabalhavam no problema do conlumºªº Os franceses e os nºrte- casº do que a maioria dos outros juíz-es, O juiz “titular nºrte-
americanos pediram. que fosse condenado pelo pºnto quatro, mas americano, ao que “tudº indica, não exprimiu opinião quanto à
não pelo ponto um; Lawrence e os soviéticos, no entanto, queriam sentença, no primeiro turno das discussões, mas declarou que
condená—lo por ambos os pontos, e Níkitchenko --assína10u' & de— não se deveria dispensar atenção ao trabalho de Schimch na,
claração que “Schirach fizera quanto às deportações como 0- ele liderança do movimento da juventude; quanto ao trabalho da.
crucial entre Crimes contra Humanidade e conluio. "Dois dias réu. na posição de GauZez'ter, Riddle 0 considerou bastante sério
mais tarde, após uma discussão longa,, acalorada e pouco deci— para justificar sua condenação pelo ponto quatro?“
siva quanto & Doenitz, & Corte passou a considerar o caso da
Schírach, para resolvê—lo em caráter definitivaªª Os SOTãÍétíCOS e A votação resultou na condenação unânime de Schimch
os britânicos voltaram a defender que fosse condenado pelos pelo. ponto quatro, -—e. em sua absolvição no pºnto um, em I'aZãÚ
pontos um e quatro. Embora Birkett acreditasse que a instrução de um-empateº de'd015 Vótos contra dois (Lawrence e Nikitchenkm,
ministrada por Schirach à juventude, em benefício das SS, e o pela condenação, e contra ela Donnedieu de Vabres e Riddle).
imprudente discurso que pronunciam sobre as deportações (: Não é tão claro, no entanto, 0 que sucedeu no processo de escolha
incriminassem fundamente, não queria, sentença superior a 29 da. sentença. Ao que parece, Biddle & Donnedíeuu de "valores espo—
anos de prisão. Os soviéticos e Lawrence viam no que fizera Schin saram & idéia de' Birkett de que se atribuísse & Schirach uma
rach uma gravidade muito maior e votaram a, favor da pena de sentença de 20 anos de prisão; entrando & Corte num impasse
morte; Lawrence apresentou o argumento 51:111311'eendentenrlueme,ª resultante da circunstância de dois juízes serem favoráveis à
nacionalista de que Schirach demonstram seu. grau de criminw morte (Níkitchenko e Lawrence) e dois favorecerem 20 anos de
lidade quando advogam que, a título de, represália, fosse bom- prisão (Donnedíeu de Valores e Biddle), parece que o último

256 25”?
logrou. persuadir“ Sir Geoffrey & ceder. Por um acordo entre nos; cumprida sua. sentença, Schírach ainda, não angariava em si
três juízes ocidentais, coube, entao, &, Schlrach uma sentença força bastante para, enfrentar a questão do conhecimento e da
de 20 anos.“ responsabilidade, sem, talvez inconscientemente, alterar as da,-tas
Há, algumas pontas soltas no caso de Schirach que_merecem para encurtar o período da consciência dos fatos e, portanmj da
nossa atenção, antes de nos dedicarmos aos casos, pesavam-entºa sua, culpa,. Até o fim, permaneceu um inocente útil; um tama?
mais significativos e certamente mais discutívels, dos aim]— confuso, talvez o arquétipo das pessoas dessa, eSpécie.
rantes alemães. Schiraêªh foi posto em julgamento como um dos
maiores criminosos de guerra, tendo em Vista o trabalho que ERICH RAEDER
fizera junto à jmventude, mas depois, mediante um argumentº
tortuoso quanto a questões de sujeição, foi condenado por suma A. maneira pela qual a Corte tratou do caso de Erich Raeder
atividades no posto de Gauleiter. Ninguém duvida de que matam parece ter sido outra ºportunidade em que os juízes sentiram
detestáveis seus atos em Viena, mas eles não diferiam, signifma— haver problemas graves, mas, em vez de procurar resolVê-lo-S cºm
tivamente, dos atos dos outros Gazalez'ters na Grande ªlemanha, paciência, buscaram um atalho que GS livrasse deles. Erich
Era possível alegar que, embora Schirach falasse mals dº «:;e Raeder era o almirante que comandava a frota alemã e Chem
muitos a respeito dos assuntos de seu postº, pessoalment'e mºs- do Alto Comando Naval, desde 1928 até O momento em“ que se
trou—se menos cruel e brutal do que grande número dos satrapas: aposentou? em 1943, no meio da. guerra. Seu cas-0 estava entrâ—
locais nazistas. Além disso, ninguém durante O julgamento, nem laçado com o de seu. colega, o Almirante Kar]; Doe'nítz, que ini.-
mesmo os promotores, chegou. a sugerir que Schlrach “pudesse cialmente chefiou O serviço alemão de submarinos e depois subs-1
servir como bom representante do subgrupº Gauãeztw do “Corpo títuiu Baader como comandante—em—chefe da, Magrinha Mas ºs
de Líderes” do Partido Nazista, grupº que a Corte fora solicitada dois almirantes vieram. &, Nuremberg por itineráriºs Gamªl-em—
a declarar criminoso, É; ínescapáveí & cºncíus㺠ªe que? emm? meme diversos.. 03 norte—americanos queriam? áesâe ceâº, Mªgmª
Schimch não fosse propriamente uma, boa pessaaí também mas Bºemiªa enquanto Raeder só se tomºu um dºs pyíncipais Grimi-f
em um dºs “principais” criminosos ãe guerra Qem fgmdamenfw nºsos de guerra porque se encontrava no iado, para, ele, mim &&
mas categºrías Ilegais firmadas pela Tribunai, & ªcambem nº sªs—= ââemanha, quando a guerra, “terminºu., Embora as pºtências ºcê.—
“tema político do Terceiro Reich, fºi simplesmente uma que;—atm dentais conhecessem amplamente as principais fases ãe sua“ famª
de chance, que ele, em vez de uma centena, de outros, fosse fa mim, Raeder n㺠foi incluído em qualquer Cias duas listag Mã—
escºlhido para passar 28 anos na cadeia. tâmcas de principais criminºsos de guerra? cºiigidas ena-19%?
Em seus, esforçºs subsaqúentes para compreenâer () que ?a“; e tampouco figurou. nas listas norte—americanas e britâmicas da?
passara com ele, e por que se passam? Schimch não consegmu “grandes” criminºsos, elabemdas em jmmhg die 19%.“ Logíma
mais que demonstrar o quanto, no fundº,” era um homem fraca mesmo escapar da primeira relação que se aprovou. para e índi—
e cºnfuso. A. acusação que mais o perturbam, em a de que ace-n— cíamento, e que se completou em meado de agostº; mas. emª-1.0:
seihara & deportação das judas, sabenâo que isso sigmfícaxfa (3 em 27—28 de agostº, comº já mencionamos, os soviéticos teimamm
extermínio. Acontece que sra.-a, «ex—esposa “teve a cºragem gde pm- em que dois de seus prisioneiros fossem incluídºs entre OS finªi-
testar pessoalmente junto a Hitler contra as deportaçoes: ???—« cíados, eu, com o apoio dºs franceses, Hans Fritzsche e Raeáe?
quanto Schírach n㺓 teve essa coragem.,ªª Em suas maemçraa.s,, foram acrescentados aos :ªzªéms.72 -
apropriadamente= mªi—baladas Acmdáfefê em Mitie?" (.Em glgubí-e em Como se inculpava Raeder dos “três primeirºs pomºs às
mãe?"), Schírach rememomu novamente toda essa questa-=o e con-— indiciamento, mas-"nâo se () acusava de Crimes contra & Hama—
fessw que soubera dºs campºs de extermínio, mas sustentou qu?- zaídadeàwa" proMótbria, 'Compreensívelmente, mmmtmu seu aªa»:
esse conhecimento só lhe] Viera, muito depois de já se haverem que em provar quê: ele participam, do planejamenªto de ªmarra.
encerrado as deportações de Víena.ªº Contou. que estivera pre- de agressão. Surgiram provas abundanâes para alastrar qm
Sente a uma reunião de GauZeiâers e escutam com horror as des— Raedenr autorizam enormes violações das, cláusulas de arma,—
crições que Himmler ::e do extermínio dos judeus; chega?. .a mentos navais do Tratado de Versalhes, em alguns casos, gªtes
citar passagens prolongadas do discurso de Himmler. Mas (115% mesmo ”de Hitler assumir & Chancelaria, Mas não foi fácil à
que Himmler pronunciam seu discurso na primavera de 1944, promotoria demonstrar que esses atos tinham propósitos agrªgº
quando, na realidade, o discurso foi pronunciado em '6 de ouªçubm sivos, especialmente porque o Acordo Anglo—Germânico de 1935
de 1943?8 Mesmo quando terminou o julgamento, e depms de patenteara que () gove-mo britânico estivera disposta & aceita?-'

258 2.59
algumas expansões do poderio naval alemão, mesmo se violassem incidente. A única, culpa que se podia atribuir ao comanda
.o Tratado de Versalhes, desde que! esse aumento não ultrapassasse da _Marínha consistia no fato de que reagíra com excepcionaê
limites com que: as duas potências concordavam. Conseguiu mais rapldez e que não reconhecem seu erro, depois de descobri-105,
êxito & promotoria em provar com documentos a participação nem desmentira & campanha de propaganda. contra os "britânicos.
de Raeder no planejamento da, invasão de 1938-39, pois ele & É; evidente que esses fatos eram antes erros do que crimes, e toda
G—o-eríng eram os únicos réus. que tinham presenciado & reunião a questão do Áthenia, que inicialmente“ de tal forma pareceu
de Hossbach, conservamdo depois os respectivos postos. Além ameaçar o destino de Raeder, teve pouca significaçãº, em última
disso, Raeder, como Goering, participara de todas as maiores instância., na decisão do Tribunal
sessões de planejamento de ataque celebradas em maio e agosto Por opçªo lado, o recurso dos alemães à guerra submarina
de 1939. O comandante-eem—chefe da Marinha atuam também Éem_restr1ç0es constituiu, nas palavras da Corte, a acusaçãº
na programação, ou pelo menos recebera inform-ações & res— meus grave” contra Raeder e Doenitz, poís cabia, ao comandanteªi
peito, dos ataques que se verificaram subseqúentemente contra era-chefe & responsabilidade fina]. pelos métodos de combate em-
a, Noruega e a Dinamarca, os Países Baixos, & Grécia e a União pregados pela Marinha. A defesa de Raeder parece não ter
Soviética. A importância do papel que a Marinha desempenhou compreendido claramente a significação Vita]. desse pmhlesma.
nessas três últimas operações foi limitada, reconhecendo a pro» mas Doenitz, desde o inicio, entendeu que se tratava para elé
meteria que Baader fora contrário à invasão da, Rússia, mas de uma questão de Vida ou morte, e' concentrou sua. defesa nessª
acentuando, no entanto, que o fora devido a uma avaliação dos ponto. Por fim, logrou. êxito e, como se depreende com clareza
riscos militares, e não por motivos morais ou escrúpulos legais. da decisão da, Corte, não apenas se salvou, mas também salvºu
Por outro lado, Raeder ínsístira continuadamente junto ao go— Raeder, O Tribunal limitou-se a opinar qme Raeder não tinha dê
verno alemão, em 194041, para que este instigasse os japoneses responder por essa acusação e, para justificar esse parecer, re—
& aumentarem 0 teatro de operações, atacando os britânicos na meteu o leitor às explicações relativas ao caso aiª Doenítzjªª'
Ásia. A promotoria também sublinhou, com vigorosos argumen— Comp o problema se decidiu fora do campo da defesa de Baader.»
tos, que a Marinha desempenham papel decisivo na invasão da seguxremos O conselho da Corte e () examinaremos como parte
Noruega, na, primavera de 1940. do caso de Dªoenitz, observando apenas que Raeder foi absºlvids
Em comparação com“ o amplo processo que & promotoria, dessa acusaçao. '
armam contra 'Raeder, nas questões de conluio “e Crimes contra Com o fracasso das acusações relativas à guerra submarina
a, Paz, a acusação de Crimes de Guerra limitou-se a, um punhado e ao afundamento do Athem'a, todo o caso de crime-s de guerra
de incidentes. Nos primeiros dias da guerra, o Athenia, navio contra Raeder girou, à, falta de melhor, em torno do fato de te?
britânico de passageiros, fora, posto a pique, e o governo de retransmitido & chamada diretriz sobre os comandos? "que Hitler
Londres acusou os alemães de o terem torpedeado por meio de emitira secretamente em 1942. Nos termos dessa. diretriz, exi—
um ataque de submarinos não-provocado. Os alemães, em res— gia—se especificamente que as autoridades militares. e policiais
posta, acusaram Winston Churchill de haver afundado, ele pró— nao tratassem como prisioneiros de guerra. os comandos ou
prio, O navio, para proporcionar um incidente dramático à cam— membros de organizações similares que fossem capturados, mas
panha de propaganda contra os alemães. Nofinal da guerra, os que os executassem sem julgamento, mesmo se estivessem uni—
registros navais alemães capturados demonstraram que, de fato. formizados. A transmissão dessa diretriz representou um papªl
um submarino germânico afundam () Athem'a, e que o governo na condenação de Jodl, Keítel e Goeríng, assim como na de
de Berlim muito se esforçam para encobrir o incidente, tentando Raeder, “mas, , nos outros três casos, havia outras atrocidades
ao mesmo tempo colocar a culpa de tudo nos britânicos. A pro- que recomendavam & condenação, enquanto, no caso de Rae-=
motoria, procurou tirar o maior partido possível desse incidente, der., gua culpa ou inocência dependia apenas desse problema,;-
mas a exposição da defesa, e mesmo alguns dos documentos da
301 facil para & promotoria demonstrar que Raeder retransmin
promotoria mostraram que o navio fora posto a. pique por um
hra, a ordem, e o próprio comandante—em—chefe da Marinha
irresponsável comandante de submarino, desobe'decendo ordens.
Não se podia, perdoar & campanha dos alemães para colocar nos reçonheceu que não protestam contra a diretriz. A. promotoria.
britânicos & culpa pelo afundamento do navio, mas ela tivera emma provas de numerosos. incidentes em que a Marinha “ap—=
início quando as autoridades navais alemãs ainda acreditavam turara comandos e' os tinha entregue ao SD para que fossem
que não cabia, responsabilidade & submarinos germânicos pelo mortos; num caso, demonstrou—se que a própria Marinha em—

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mit-ara. 0 comagdo-prísioneiro. Ainda mais prejudicial à causa da alemão, e talvez levasse esse povo a. perder a paciência. É evi—
Raeder foi um comentário registrado num documento do Estado-— dente que já era difícil para o governo tentar justificar & severa,
Maior da Marinha, nos termos do qual se dizia que, embora politica oriental aos civis alemães preocupados ”com seus parentes
fossem tais atos praticados em cumprimento de uma ordem da aprisionados no Leste, ou dos quais faltavam notícias. Retra—
Fimrer, & execução de pesso-al militar aprisionado em uniforme tando os. soviéticos como criaturas "brutas que nada, podiam abram-»
constituía “algo de novo em Direito Internacional” — comem-«- dar, qualquer que fosse o caso., era possível reprimir essa pressão
tário esse que denotavª, que. o Alto Comando Naval participara interna, mas não se podia recorrer ao mesmo expediente quanto
conscientemente de atos! crílrnínosos.74 aos países ocidentais, em 1942. Se os prisioneiros de guerra
alemães começassem a morrer ou fossem maltratados & título
Desde que se considere a diretriz sobre os. ' comandos dentm de reação a práticas de responsabilidade do governo alemão, é
de mas próprios limites, então é mais fácil. afirmar-lhe & cri-« possível que resultasse na Alemanha um sentimento público de
núnaiidade, e, desde que se proíba alegar ordens superiores,. revolta.. É certo que Hitler, mais que qualquer outra pessoa, não
entãa Raeder é culpado, pelo menos como elemento acessória. desejava proporcionar a seus inimigos um meio que pudesse.
Mas. há outros pontos referentes a essa questão que podem despertar a população de sua obediência letárgica e suscitar
tomar ' mais discutível essa, conclusão.. 'Uma diretriz militar que? questões quanto aos caminhos que os nazistas seguiam 'na
ultrapasse as “leis e costumes de guerra” não deve por isso. ser." guerra. Em de' seu interesse, portanto, de maneira definida, nada.
considerada necessariamente ilegal, desde que se possa mostrar fazer que pudesse produzir um conflito quanto ao tratamento
que se tratou." de uma represália, sensata e necessária, por um dos prisioneiros de guerra no Ocidente..
ato, ou por uma série de atos, cometidos pelo inimigo. A exe- Aiguns dos atos dos aliados, no entanto, e em especial os
cação secreta de prisioneiros de guerra uniformizados não parcª— métodos & que recorriam os comandos britânico-s, submeteram
ceria permitir tal justificativa, mas as circunstâncias qua &. severa press㺠& instável domínio que Hitler mantinha sobre
cercaram a emissão da diretriz sobre os comandos denotam que as próprias emoções. «Ocasionalmente, os comandos. não apenas
não foi apenas um ato de selvageria arbitrária da parte de Hitler, recorriam & armas de gangsters, como o— famoso “soco-inglês”,
0 Tribunal, ao que parece, não compreendeu com clareza um mªs também tinham métodos de operação para algemar prisio-
fam? geral subjacente ao problema; enquantº no Leste os na— nelro-s e? em certas condições muito limitadas, eram autorizados
zistas levaram a efeito execuções maciças de prisioneiros de
a, matar prisioneiros de guerra, Ao que tudo indica, foi a captura
guerra, seja por motivos ideológicos, seja por motivos apenas prá-»- pelos. alemães de diretrizes de comandos em abono de tais atos,
ticos, no Ocidente, & política do governo alemão quanto aos pri— assim como a apreensão das algemas, que irritou Hitler & ponta
sioneiros de guerra, aproximou-se daquela que costumeiramenta de faZê—lo emitir a diretriz dos comandºs. Os líderes militares
seguiam os países ºcidentais, É claro que houve incidentes de.» alemães, ao exibirem & Hitler as provas desses excessos que os
maus-tratos impostos aos prisioneiros de guerra, e que contra— comandos cometiam, parecem ter tido a intenção de demonstrar-
riaram as disposições da Convenção de Genebra as práticas de lhe o caráter árduo das tarefas com que os alemães se defron—
uso de prisioneiros como mão—de—obra em indústrias ãe guerra, tavam, mas, no fundo, foram mais longe do que desejavam. Seja
e também a circunstância. de que] os alemães deixaram de for- por medo de represália, seja como tática, de terror, 0 Filme? re—
necer aos prisioneiros rações alimentares adequadas. A política solveu não formular uma advertência pública quanto às opera——
do governo alemão, no entanto, residia. em tentar manter—se & ções dos comandos, mas pediu em vez disso, e em última análise
uma distância segura da Convenção de Genebra, na Europa 00%- cºnseguiu, que se emitísse & diretriz secretade extermínio.
dental, Em uma posição em parte facilitada por sentimentos
racistas de parentesco com os povos ocidentais, em contraste com "Ten-ido; em....vísta. ia. «susceptibilidade da Corte de! Nuremberg
o ódio que animava. os nazistas contra os subumanos orientais, diante” dos esforços da defesa.. para. justificar atos alemães re—
mas também decorria de uma, avaliação astuta da, realidade pcs— correndo a argumentos relativos a. atos dos aliados, teria sido
lítica. Como os líderes ocidentais, Hitler sabia que ninguém seria provavelmente mais sensato para a defesa reunir a, maior quan—
vencedor numa batalha de represálias contra, prisioneiros de tidade possível de informações quanto às origens da diretriz dos
guerra, e pode: ter compreendido qUe tal luta apresentaria perigos comandos, e usar essas informações a, título de circunstância
particulares para ele. Ado-tar publicamente orientações que con— atenuante. Mas & desunião entre os que ser ocupavam da defesa,
vídassem 'os aliados a exercer represálias contra prisioneiros de e o grau variável. de responsabilidade dos réus que tinham pre-
guerra alemães poria também à prova a paciência do povo parado a diretriz (Keítel e Jodl), em comparação com aqueles

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que se haviam limitado & transmiti—1a (Raeder e Doenítz), re- aborrecidamente o que afirmava, e enraivecer Riddle, porque se
sultaram em "que os argumentos e as provas da defesa se desfi— comportava sempre de forma “aislªevida”.79 É. instrutmo ler o
zessem em fragmentos. A. Corte nunca logrou formar uma, idéia diário de um dos assistentes da, defesa de Raeder, "'-comparanda—o
clara das circunstâncias que cercaram a. emissão da, diretriz ou com o sumário que Biddle mantinha das provas apresentadas,
de uma política, alemã gera]. quanto aos prisioneiros de guerra; pois esse estudo das duas peças mostra o grau em que se equi-
em conseqúêncía, quando chegou a vez de Raeder ser julgado. vocou & defesa quanto aos resultados de seus métodos fortes, e
a diretriz dos comandos continuou a pairar como único elemento mostra também como deixou de concentrar—se em alguns dos
firme para, que fosse Éondenado pelo ponto três. problemas que se tornariam cruciais, ao iniciar & Côrte suas desli—
O curto memorando que Rowe redigiu sobre o caso asseve— be'raçõesêº Por outro lado, é necessário registrar que foi bastante”
rava, sem outras considerações, que Raeder era, culpado, de acordo hábil o tratamento dado pela defesa, à questão da Noruega, sa—
com o ponto três, “em razão da diretriz dos comandos”, e essa lientando os preparativos britânicos para um desembarque,
conclusão foi reproduzida na Decisão final da Corte:”5 Tratam embora deixando de produzir efeito correspondente nas notas
() memorando com mais cautela e problema da responsabilidade de Riddle. Dos documentos de que dispomos, parece que, no mo—
mento em que o caso de Raeder entrou na câmara de delibe-
de Baader pelos crimes previstos nos pontos um e dois, reconhe-
cendo procedente o argumento da defesa. de que violações do rações, foi-lhe necessário remar contra & corre-nte em melhor
Tratado de Versalhes não constituíam, de forma, necessária, um maneira possível, pois o réu gozava de pouca compreensão ou
passo no caminho da guerra de agressão. Também admitiu 0 simpatia, da parte da Corte.
memorando assistirem & Raeder motivos, consistentes na. con-= Foi muito curta a primeira deliberação quanto & Baader,
dição de despreparo da Marinha, e em garantias que o próprio. poís veio logo em seguida, a uma, sessão, longa, e exaustiva, dedi-
Hitler lhe dera de que não desejava guerra contra, o Reino Unido,. cada & Doenitz. Na primeira votação, Donnedieu de Vabres
para não levar a. sério & belicosídade do Fªme?" em 1938 e 1939. mostrou—se favorável a que Raeder fosse condenado pelos pontos
Rowe também concedeu que. 0 papel. da, Marinha na guerra con-— dois e três, enquanto Biddle queria "vê—10 considerado culpado
tra'a, Polônia fora de importância, menor, & den-013011 que “talvez dos crimes de que tratavam os pontos um e dois e, “talvez”, três.
Raeder estivesse com razão ao justificar os preparativos de ações O resto dos juízes queria condenar () réus pelos crimes previstos
contra a Grécia como medidas de reaç㺠aos britânicos, que já em todos os três pºntos.. A0 que parece, os únicos cºmentários
haviam alí desembarcado. Quanto ao ataque à, União Soviética,,“ pronunciados durante a votação consistiram na observação de
Rowe observou que, embºra Baader se tivesse manifestado contm Donnedíeu de Valºres de que a culpa, de Raeder em maior que
& operação, autorizam, não obstante, ataques, de submarinos a de Doenitz, e um curto diálogo entre os juízes norte-ameri»
alemães & navios soviéticos, antes mesmo de se iniciar & inva— canos: Parker opunha—se à pena de morte, e Riddle queria que
são.?ªEra no ataque germânico contra a, Noruega, no entanto, Raeder fosse fuzilad0.81
que se localizava () ponto central do processo contra Raeder pelos Em 11 de setembro, ocorreu .a última deliberação sobre o
pontos um e dois; nesse caso, embora não se esquecesse de men— caso, como outro curto interlúdio entre controvérsias mais pro-
cionar que o" ataque fora feito para, evitar um ataque "britânico, fundas. Dessa feita, o caso de Raeder foi espremido entre os de
Rowe não atribuiu importância a isso, e chegou à conclusão de Schírach e D-oenítz. Durante as delliberaçõas, Donnedieu de Va-
que Raeder deveria ser condenado pelos crimes preVístos pelos bres acentuou & semelhança do caso de Raeder com o de Doenítz,
pontos um e dois, “principalmente por causa da Noruega”." e Falco mencionou que o réu retransmitira & diretriz dos co-
Não se pode dizer que fosse arrasador () que fora, apresentado mandos. Não há. registro de outros comentários. Todos os juízes
contra Raede'r, e é lícito que se tenha & desagradável sensação presentes ._tínham-...chegado à convicção de que o réu deveria ser
de que questões de personalidade tiveram algum peso na deter- condenado pelos três pontos. Os soviéticos pediram a pena, de
minação do resultado final.. O próprio Raeder era uma rude mis— morte. Lawrence e Biddle queriam a prisão perpétua, e Donne—
tura de pedantísmo e indiferença à opinião alheia“ Ele contestou dieu de Valores. sugeriu uma sentença de 20 anos; assim, () Tribu-
duramente cada uma das afirmações da promotoria, grandes e nal encontrava-se num impasse, da. mesma. forma que sucedem
pequenas, e não pareceu. com isso ter cºnquistado a simpatia. da com o caso de Hess. Emb-ora, no que diz respeito & Raeder, não
Corte.?”8 Mas se Baader não era uma personalidade simpática, se saiba exatamente 0 que se passou, ou Nikítchenko concordou
brilhava, em contraste com seu. principal advogado de defesa, com a prisão perpétua., descendo, portanto, da pena de morte
que conseguiu simultaneamente irritar Birkett, porque repetia que deºseJava impor ao réu, ou foi Donnedíeu de Valores que pm-

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longou & pena,“ proposta de início, de 20 anos, até a prisão pela tale-cido suas respectivas posições. Os promotores norte-a
meri—
vida inteira. Em qualquer hipótese, seguiu—se de perto o modelo canos“ lfaawam obtido vasta, documentação sobre o progra
germa ma
do caso de Hess; Raeder foi condenado por unanimidade pelos mco de submarinos, incluindo—se o que lhes pareceu prova s
três pontos e' sentenciado à prisão perpétua.32 fortes da existência de um sistema formal de matar
os sobrevi—
vçntgs. de navios torpedeados. Provídos desse material
os fun-
KARL DOENITZ cmnanos norte—americanos estavam mais cbnvencidos. qfle
nunca
de;& gue Doenitz deveria figurar entre os réus.“ Mas os
funció-
No que se refere taͪ'íto à. quantidade de tempo e atenção que qarlos brltânicos, tanto do Ministério do Exterior como
dos ser-»
a Corte dispensou ao caso, como à profundidade dos desacordo-s VlçOS da Justiça, que reexaminaram () caso de Doen
itz em agosto
que se registraram entre as opiniões, o processo contra Doeni'tz chegaram com a mesma força dos norte—americanos
à conclusãâ
ultrapassou completamente os processos contra. os outros 18 réus oposta.: Dgemtz não deveria ser processado. O que
fundamentam
que foram condenados. Em quatro diferentes ocasiões foi Doenitz & hçsúaçao bgtâníca era, a opinião do Almirantad
o de que a
discutido pela Corte, e as deliberações preparatórias sobre seu Marinha, alema, em termos gerais, tinha, lutado uma
guerra
caso em 9 de setembro ocuparam a maior parte de uma sessão 11131p'aãe que se devia, deixar Doenitz em paz.88 O que o
Almirantado
que durou um dia completo. A0 primeiro exame, pode parecer nao dlsse foi que os aliados ocidentais tinham, pelo
menos tanta
surpreendente que um oficial de Marinha, de carreira tenha. oca—- respºnsabilidade quanto Doenitz por quaisquer violaçõ
es ,ao Di—
sionado tanto divergência, mas a carreira, de Doenitz fora pouco I'GÉIÉO Injernaciqnal ocorrida em alto—mar. As autoridades
britâf-
usual, e também seu processo se desenvolvem de maneira sín— mca; nao querlam que se lavasse em público a. roupa suja
da
gular. Em 1935, ele fora nomeado comandante do recém—revelado Marmha e, mesmo depois de Doenítz ter sido incluído entre os
programa, de submarinos; conservou () comando direto de serviçº Teus? o Almirantaâo informou os promotores britânicos de que
de submarinos até 1943, quando substituiu Raeder na, posição mantinha “interesse” no caso, e desejava ser posto a par de tudo
de comandante-em—checfe da Armada. Então, nos últimos dias do que se 1033033553.89
regime, pouco antes de' matar-se, Hitler preterm seus velhos cae- Og representantes britânicos batalharam durante as
maradas de Partido e nomeou Doenitz seu sucessor. Assim, versaçoes entre as Quatro Potências para. impedir com--
Dºenitz não em apenas o réu. que representava a guerra, subma- que Doelnitz
fosse cºlocado entre os réus, mas foram vencidos pela
rina e, mais tarde, o serviço alemão de operações navais; durante obstinação
dos nçrte—americanos, que conseguiram com facilidade
20 dias“ fora ele chefe de Estado, o segundo e'último chefe do apoio dos
nelgoçladores franceses e sºviéticos. Instalado em
Terceiro Reich. Nuremberg
Doemtz logo dçmonstrou que iria combater &, prom
otoria & cade;
No entanto, Doenitz só surgiu em Nuremberg como refém paºssq, e“ tambem que compreendem de imediato
os problemas
graças & umnúmero singular de marchas e econt11'3.nr1a1“cha.sª N㺠pªnmpals em seu caso, estando pronto para tratar deles
de modo
foi: incluído nas listas britânicas de criminosos de guerra em 1944, cmdadoso e mteligent-e. Na altura em que o Major Neave
0 visi—
e foi Jackson .quem primeiro () mencionou como um possível réu, tou, gm nome da Corte, em outubro.-, para, discutir
o sistema de
em maio de 3.945,83 Mas os britânicos não () colocaram em sua geleçao de] advogado, Doefnitz já solicitam que o representass
e um
relação de 10 “grandes”, preparada em junho, embora, seu nome xmportante advogado alemão especializado em assun
tos navais
aparecesse como possibilidade remota, numa relação - de crimi— () Dín'Qtto Kranzbuehler.ºº Como 0 indica & epígrafe que
se 15
nosos de guerra que o Ministério do Exterior preparou no mesmo 130 mmo deste capítulo, ele decidira, também que sua melhor
mês.ªª Os norte-americanos estavam decididos a, segurar Doenitzª lmha de defesª consistia, em sublinhar a semelhança entre
guerra submgrlna...alemã «e a. que os submarinos ali-ado a
e ele figurou. entre os 16 grandes identificados por Bemays e seu s haviam
pessoal; em Londres.85 Contudo, os britânicos não se sentiam dis- levadº & efelto. Além disso, Doenitz perguntou & Neave
como
postos a, seguir essa orientação norte—americana e, como já a poderla conseguir documentos necessários à sua defesa
e infor—
dissemos, apresentaram, a. título de contraproposta, que Doenitz mou—o glei que, de então em diante,. nos interrogatórios
& que o
fosse mantido como possível réu,“ enquanto se completava & lista. submetla & promotoria, ele “só faria, as afirmações que preten
dia
de 16 com o nome de Schirachêª As coisas ficaram nisso, oficial- empregar em defesa. própria”, isso pelo menos até “que chegam
?
mente, até se realizarem as discussões formais das Quatro Po— seu advogadoºªº91
.
tências, quanto íà lista de réus, em meados de agosto. Nesse inte» É? exgl'dentç que, contando apenas cam suas próprias armas
rim, tanto ºs britânicos como os norte—americanos tinham for« Doemtz Ja tema sido um dos réus mais difíceis, mas seu.
advogado:

26% 25?
Otto Kranzbuehler, revelou-sel também homem de capacidadí—ê . O caso de Doenitz foi resumido pelo ajudante de Sir
excepcional, e manteve tão boas relações com o cliente que logrou Geoffrey
John Phlppç, e pelo assistente legal norte—americano
auxiliar Doenítz de forma, incomensurável. Foi & Kranzbuehler James:
Rowe; este ulytimo apresentou um memorando excepcionºalm
que ocorreu a brilhante idéia, de virar contra & promotoria n ente
completo e rrunumíoso..º7 Em vez de seguirmos aqui
argumento relativo ao Direito Internacional costumeiro, dizendo as salvas de
argumentos que trocaram, de um lado e de outro, &
promo
que, como não eram claros os eíementos do Direito Internacional e a defesa, examinare'mos os principais problemas através toria
relativamente à guerrª submarina, caberia consultar os chefes dos:
pontos que constam do memorando de Rowe. As
navais aliados para que se apurassem quais eram os usos e acos— opiniões que :;
mçmorapdg exprime parecem ter acompanhado de
tumes que prevaleciam. É claro que Kranszbuehler e Doenitz n㺠perto as pró-
prªgas opmloes de Biddle, num momento em que
ignoravam que, se as autoridades navais norte—americanas e. bri- as atitudes da
jlllz norte.—americano eram decisivas. Rowe, que,
tânicas respondessem com honestidade, teriam de reconhecer vale a pena ob—
serva r, f01 um oficial da Marinha norte-americana
que haviam empregado métodos de guerra submarina. pelo menos durante todo
º curso da guerra,, conhecendo assim o Direito Marít
tão duros quanto aqueles a que haviam recorrido os alemães., imo “teve
de começar com as questões de conluio, e do planejamen
Quando o requerimento de Kranzbuehler foi apresentado à Cºrte, to ,e lan-=
çamepto de gqerm de agressão, uma, vez que íncídí
os juízes tiveram uma luz do que o documento escondia, e “Ni-— am sobre
Doemtz acusaçoes decorrentes dos pontos um e dois
kitchenko recomendou que o pedido fosse indeferido, sem mais e também
do ponto três (Crimes de Guerra).
aquez'ila,92 Os franceses e os britânicos vacilaram em torno desse ,
conselho, mas Biddle declarou firmemente que julgava legítimo Relativamente ao desempenho de Doenitz na.
função de
O requerimento, e que, sendo questão que dizia respeito ao com— ckªefe do serwço de submarinos até 1943, Rowe decid
iu que o réu
portamento do governo dos Estados Unidos., invocam o privilégio nao tomam parte no planejamento de ataques agress
ivos mas
pessoal., solicitando aos cºlegas que cedessem & ele. Lawrence, num comentario escrito à margem do memorando
, Biddle ,obser:
em parte por motivos de cortesia, concordou, e os juizes franceses vou que Doenitz redigira um documento, em 1939
sobre a van—»
e Soviéticos seguiram-Ihe o exemplo; 0 rêquerimento foi deferido tagem da, obtenção de bases para submarinos na.)
Noruega.98 O
por unanimidade.ºª Não foi esse o moment-0 mais brilhante da atua- game por parte de Rowe das atividades de Doen
itz depois dª
ção de Biddle na Corte; por outro lado, O incidente constituiu a, vi» gangue de 1943 não evocou comentários do mesm
o tipo do an—
rada decisiva no caso de Doenitz, porque depois disso em imposn temolj, por parte de Riddle. O' ponto crucial residia
em apurar se
sível à Corte deixar de comparar os métodos alemães e aliados Doemtz_ se tornara culpado pelo fato de ter assum
ido o comando
na guerra submarina,. ' da, Marmha, numa guerra de agressão; nesse ponto
ÍI'lClÍnava—Sª
Bowen & concoxídar com a defesa em que, no momê
Contudo, como era justo ocorrer no julgamento de um almi— nto em quê
Doe-mtx assumlu o comando, a guerra se tinha
rante, não foram sempre águas mansas as que Doenitz teve de convertido para
a Alemanha numa guerra defensiva, e que, por
atravesSar. Não era uma pessoa simpática ou amável; era apenas conseguinte
cumpna absolver Doeni'tz dessa acusação. Também
um duro cºmandante de submarino, e como tal todos logo 0 Rowe não dis—,
pensou ªtençao aos documentos que“ indicavam
reconheciam. O próprio Vigor de sua defesa fortalecia- sua imagem que D-oenitz fora
um nazgst-a emusiasta, os quais eram abandante
como a de um homem dedicado e combativo ao ponto do fmmf- s na época e
anda sao _mais numerosos agora.. O assistente
tismo, talvez a. mais do que isso. Não se lêem, &, seu respeito, nas legal norte—ame—
mcano demdm que esse material não representa
notas de Birkett ou Biddle, observações simpáticas ou calorosasº m papel decisivo
ma_escolha de Doe'nítz para a sucessão de Hitle
A observação mais pessoal que aparece nos comentários do su— r, não cabendo
assmq quç desempenhasse qualquer papel no Vered
plente britânico é o comentário de que, em determinada ocasião, icto.99 Embora
Doemtz....tlvesse" reconhecido em seu. depoimento que
Doeni'tz parecia, próximo ao desespero.94 Embora impressionasse de' propósito
plzolongara & ggerra, num esforço para propor'ciôn
Bíddl-e & “emoção” de Doenitz, quando este afirmou que não se ar & maiof
numero _de alemaes & oportunidade de escapar ao
havia assassinado sobreviventes de navios afundados, é claro que Exército russo
Rowe foz. de parecer que essa. circunstância “não devia
ele não compreendeu partes do depoimento do almirante ou com lmportar” na determinação de sua culpa pelºs realmente:
elas símpatizomºª Só quando Raeder apareceu para depor, per-— pontos um e dois
Em geral, chegou o memorando à conclusão de que
mitiu—se Biddle fazer um comentário pessoal sobre Doenitz, e a nomeação-»
dg Doemtz paira Chefe de Estado, coisa de último
esse comentárie consistiu em observar que “o outro almirantg minuto “parece
nao ter rp-laçao com sua culpa ou inocência, não
dorme profundamente! ”º“ cabenÉio assim
ser exammada”. Da, mesma, forma, embora fosse
discutível saber
268
269
59 Doenít'z partíciípam de guerra. de agressão, Rowe tendia .a, de- também tinham declarado fechadas. certas zonas de mar e afun-
cidír esse ponto a favor de Doenitz, & recomendou, por conse— dada, depois disso, qualquer navio que penetrasse nessas zonas.
guinte, que “na opinião do redator deste memorando, cabe Quanto à primeira, parte do problema,, ºu seja,, a" questão ªos
declarar a inocência de Doenitz no que diz respeito aos pontos navios que navegavam com as luzes apagadas, Rowe observou
um e dois,”.ªªºº . que & promotoria parecia acreditar que, quando os alemães ale—
gavam que os navios de luzes. apagadas eram suspeitos, sua
Por complicadas que fossem essas questões, pareceriam afirmação era, de certo modo, maliciosa. Mas Churchill. reconhe—
casos simples quando "ªcomparadas com vários aspectos do caso cera que a Marinha britânica atuava da mesma. maneira, e Rowe
de crimes de guerra relativo ao ponto três. O problema. geral con—- acrescentou: “tal, é claro, em a prática norteamerícana”.,103
sístia na forma, pela, qual foi conduzida & guerra, submarina-, mas Foi assim resolvido em favor de Doenitz esse aspeCto da questão
tratava-se de ponto tão complexo que se impôs & Rowe expô-lo do afundamento de navios neutros, () que deixava para, exame
com muita cautela. Doenítz negou que tivesse-» conhecimenm de apenas a questão mais complicada, das zonas proibidas. Tais. zonas
uma decisão geral que o governo alemão teria tomado no sentido tinham sidº usadas por ambas as partes durante a. E Grande
de praticar a guerra submarina, em Violação ao Direito Interna— Guerra,, mas os acordos navais do período entre as guerras não
cional, e, conforme registrou Rowe, & promotoria não conseguiu as haviam específicamente mencionado como exceções legítimas
“refutar essa (negaçâoºªªfºl Portanto, impunha—se examinar em às limitações gerais impostas à guerra submarina. &. primeira,
separado cada aspectº da forma, pela qual a, Alemanha levara &. vista, parecia essa omissão significar que o- fato de se ter pmi—
efeito a guerra submarina,. O primeiro ponto consistia em apurar bído o tráfego numa determinada zona, não- isentava 0 belige-
se a decisão alemã de atacar os navios mercantes inimigos sem rante das restrições impºstas. por acordos internacionais., Tal
aviso em uma, Viºlaç㺠amítráma dºs enteªdímentos navaíg ãe interpretação teria significado, em Nuremberg, que ºs alemães
3.336 e de 1336? como 0 alegava & promºtoria. Megam & ãefesa, n㺠haviam gºzadº cão direitº de ataca? neutrºs em qualque?
que ºs "britânicºs “tinham prºvido de Mªmas seus navios mercan— lugar que fºsse, sem avisº prévia-., à defesa amei—tentºu, nº era—»
tes? tinham recºrridº & cºmboiºs, e de fato, pºr meiº de um Sis- tantº, interpretação muitº diversa, aleganda que as potência
tema, de avisºs pelo rádio, haviam cºnvertida seus barcos mer—== tinham deliberadamente deixadº de pmibír esses ataques mas
cantes em barcos de guerra. Teria sido, portamo, uma repmsáha acºrdºs celebrados entre as duas guerras, pois cada governa
necessária a, guerra irrestrita que os submarinºs aiemães Íízemm queria reservar—se () direitº de decidir se usaria ºu n㺠de tais
cºntra, ºs naviºs mercantes inimigos, pois. uma vez que se arm zonas., Essa explicaçãº? embºra. historicamente bem—mªdamenw
mavam os. naviºs mercantes, teria sido uma. fºrma de suícíáig
tada, não fornecia uma íntewpre-taç㺠segura ªo que seria &
para os submarinos tentar obedecer às regras de Direito Enº-ter— Direita aplicável.; issº porque, quandº um. tratadº m㺠lida, com
nacionaâ e manâar que tais naviºs parassem para “busca: antes uma, possíveí exceção específica a uma proibição gemi, isso nãº
de ataca—los, Rºwe concordou claramente! com que os argumen— quer necessariamente dizer que a tenha autorizado, Contudo,
tos da defesa tinham destruído esse aspecto da prºcessada pm— ainda dessa vez, ”Rowe mostrou surpreendente tolerância, para
motoria. Em prática comum para todas as marinhas, obsermu com .a, posição que a defesa havia assumido, e chegou à conclusãº
ele, a recusa de mandar parar e avisar os navios mercantes, ín— de que o fato de os acordos terem deixado de menciºnar “zonas”
clusive para os serviçºs de submarinos da Rússia,, da Inglaterra fora voluntário, e que em “fundada” a forma pela, qual Daenitz
e dos Estados Unida-s. Além dissº, declarou Howe, muitos imªter— interpretava- a, leilºª-
nacionalístas compartilhavam & opinião de que? no» mamenm em
que um navio mercante se armam; perdia sua imunidade, ªcon— O gatº escondido em toda essa discussão quanto aos direitos
forme alegava & defesa.102 Tendo a seu. lado os fatos e o Direito, dos neutrons-, áà's'zonas, 638,03 ataques. dºs submarinos residia no que
assistia razão à] defesa para sustentar que cumpria considerariª fizera () governo norte—americano, no Atlântico, dois anos antes
esses ataques uma retaliação legítima, não devendo por eles ser de Pearl Harbor. Não fora Berlim, mas Washington que primeiro
castigado D-oenitz. recorrem a zonas proibidas, Inicialmente, os Estados Unidos
Por outro lado, em preciso distinguir dois aspectos na acusa—= haviam proibido os navios de pavilhão norte-americano de pe—
netrar em águas belígerante's européias, e também inspiram os
ção geral. de que os submarinos alemães tinham atacado navios .
governos dos outros países americanos, em outubro de 1939, a
mercantes neutros —— 0 que era diferente de terem atacado navios
mercantes inimigos. Os alemães haviam adotado como Slatesma declarar que certos pontos na oceano no hemisfério ocidental
eram “zonas de segurança marítima" que cumpria manter livres
afundar todos os navios que navegavam sem luzes, de norte., e

270 271-
suas
de ação militar ou naval. Quando os_a1emães egtabelecçram r o dúvida no espírito do cºmando dos submarinos alemães quanto
zonas de “ataques irrestritos” não flzeram mals (11239 mverte à legalidade do sistema, de ataques em “zonas” determinadas, «&
sistema, norte-americano e declarar que & penetraçao em
cartas que tentava disfarçar, com esse recurso à hipótese de choque com
que cercava m as 11h35 minas, 0 que estava fazendo. Mas Rowe recusou-se a seguir essaa
pontos marítimos, em particular aqueles
Norte, expori a todos os namog & ataque s linha de argumentação exposta pela. promotoria, _.e decidiu que
Britânicas e o Mar do
prévio . As ações norte-a merica nas subgeq uentçg , me— a diretriz. decorria apenas de uma manobra de: contra—espionagem,
sem aviso
r à e não denotava que Doenitz atuam com Iná—fé, quando estabe—
diante? as quais os Estªdos Unidos concederam _ajuda m11'1ta_
& patrul ha em combm çs e, .em u1t1m,a : leceu () sistema. de zonas,.“6
Inglaterra, compreenderam
ram em ordens de “afund ar 1med1 atamen te- Igualmente séria, e emocionalmente mais inflamável, em
“análise, resulta
'do
quaisquer submarinos alemães _em grande parte do _Nortç & questãodo assassinato e do abandono de passageiros e tripu—
comple tament e ?. manca .
Atlântico; tais medidas contrarlavam lantes de navios afunda-dos pelos submarinos.. O acordo de Lon—
costum eira de_ um pms neutrº .
internacional em vigor e a posição dres e outros códigos. navais exigiam. que os submarinos tomassem
o Dl—
Tão completamente o- governo dos Estados Upldos Vlolou providências adequadas para salvar tripulantes e passageiros de
reíto Interna cional que esses atos foram cpnsme rados em certos navios atacados. A promotoria sustentou que Doenitz obedecem
círculos da, própria opinião pública amerlcana, e pelo govergo an critério de que não se resgatassem do mar tripulantes e pas-
de Berlim, como provocações intencionais. Dependo, Doemtz nao sageiros, desde o início da guerra, e que nunca tentara cumprir
s
escondeu o que pensava dessas questões; qmsera lançar atªque os termos do acordo de Londres. A argumentação da defesa? em
contra os norte—americanos, & título de represáha, mas () Fume?“ termos gerais, consistia em que o serviço alemão de submarinos
e
proíbím tais ações, pois, embora, furiosq, Hitler estava. rescind tentara, cumprir o acordo, mas fora aos poucos afastado desse
a evitar, por tanto tempo quanto posswe l, & guerra contra os propósito devido & circunstâncias e a técnicas dos britânicos, tais
Estados Unidos. como 0 armamento de barcos mercantes, que impossibilitavam
Contra esse pano de fundo,. compreende—sg bim & ªceltaçao aos submarinos seguir os procedimentos de parar para buscar
. Como náufragos e resgatá—lose
por Rowe dos argumentos da defesa, quanto as. zonas
outrqs aspect os _do caso dos .A. promotoria apresentou duas provas de quê Doenítz pla.—
ocºrreu com praticamente todos os
legal norte-a menca no exªmm ou os atos nejara, desde o- início das hostilidades, & política de não resgatar”
submarinos, o assistente
nessa,
de Doenitz pelo critério da prática ?oyte'eaguerlcana, e
..."....

os náufragos. A primeira dessas provas consistia numa decla—


o era certªm ente
questão das “zonas” o almirante germamcqna ração de Hitler ao embaixador japonês, Hiroshi Oshima, segundo
tes norte-a mencg nos. _Tambe m de— a qual era de' caso pensado que os submarinos não resgatavam
mais culpado que os dirigen
Doenit z tentara , seriam ente 1mped1 r q afunda— - as vítimas dos navios afundados. A segunda. prova residia numa
cidiu Rowe que
mento de navios neutros, inclusive os dos Estados Umdos , fora diretriz específica. que Doenítz emitira, no começo da guerra,
das “zonas” prescritas, Sustentou D-o-enítz que, quando ocorreram proibindo aos submarinos salvar sobreviventes. Replicou & defesa
comentou
tais afundamentos, não passaram de equívocos, e Rowe que a declaração de Hitler & Oshíma não passava. de' mais um
“em
que, 'à. luz dos numerosos erros que os ªliados cometeram exemplo da tendência do Filme?” de mostrar—se duro, quando ia—
matéria de afundamentos, os fatos “parecm m abonar ;) que duna lava com estrangeiros, e que a declaração não se relacionava de
Doeni'tzºªfª'ª5 , - . . qualquer forma com o que, de fato, estava sendo feito em alto—mar.
Assim, Doenítz recebeu uma espécie de_cert 1flcado de bons Quanto .fà segunda prova, muito mais perigo-sa, ou seja, a diretriz
antecedentes na questão dos ataques & navms neutro s, e Rºwe de Doenítz, & defesa afirmou não se: tratar de uma ordem geral,
chegou mesmo & envidar esforços para conceder-lh? o benefwlo mas apenasuma reação específica & circunstâncias especiais que
da dúvida no aspecto da questão em que eªe elª?, mals vulnepavel. se configuraram em 1939-1940. Fora emitida quando o punhado
Em janeiro de 1940, ele emitira. uma “dlyetnz que autonzgvg de submarinos disponíveis atuava nas proximidades das costas
ataques secretos não—limitados nas prommªdadçs (ªlas costas ml— inimigas, e as tentativas de resgate: teriam importado em suicídio...
migas, onde se pudesse imaginar que o namo atlngldo se chocªm. D-oenitz apresentou provas que indicavam que, mais tarde, quandº
com minas. Na Corte, essa diretriz e'mbaraçou um tanto Doemtz, o. combate passou a ser travado em alto—mar, fora revogada essa,
o qual afirmou que não se tratava dg mais dº que um truque ordem. Rowe reproduziu o argumento da defesa,, de! modo apro—
para confundir o serviço "britânico de mfermaçoçs. A. outra pog— batório, e aceitou—lhe o ponto principal: de que só em circuns—
tâncias especiais se aplicam a diretriz de não resgatar sobrevie.
sível interpretação que se oferecia para .a dlretnz era que hama

272 273
ventas. Na opinião de Rowe, mais uma vez & promotoria deixara contra submarinos. Voltando ao próprio incidente que dava à
de provar que o comando dos submarinos trabalham com fun—— diretriz o nome de Laconia, & defesa assinalou que, quandº o
damente em diretrizes criminosas.”? navio britânico em questão fora, afundado, O comandante de sub-
marino descobriu que levava. prisioneiros de guerra italianos entre“
. Ainda assim, não se podia dizer que. Doenítz estivesse livre os passageiros, e que por isso, fizera esforços especiais para. res.—
de suspeitas, poís emitira. outras delicadas diretrizes quanto 8 gatar náufragos. Não apenas o comandante do Submarino nºtí—
sobreviventes, em fassª. posteriores da guerra naval de .seis anos. fícara todos os comandos navais quanto ao local do afundamentº,
Em 1942, foi dada aos submarinos ordem de resgatar coman— e prestam o auxílio que lhe era possível, mas também convocam
dantes e maquinistas de navios afundados, e & promotoria alegou outros submarinos para auxílíá—lo & rebºcar até a costa escalares '
que, se os alemães podiam salvar essas pessoas, a decisão de não repletos de sobreviventes. Em vez de resultar na. "Vinda de Ser—'
resgatar outros sobreviventes constituía assassinato. A defesa, no viços aliados de salvamento, os apelos do comandante do subiria-'
entanto, contrapôs um forte argumento a essa acusação: & dire-— rino trouxeram bombardeiros Líberator, que ignoraram as Vítimas
triz de que se falava resultam no resgate “de pouco mais que! um no mar, passando &, bombardear os submarinos que se tinham“
punhado de comandantes e maquinistas, num período de três reunido para amxilíar as operações de resgate de scaioa'evWente-s'ª
anos, o que comprovam o argumento fundamental da defesa; Foi esse incidente, segundo Doenitz, que lhe esgotam & última”
não havia espaço suficiente a bordo dos submarinos que lhes per—— parcela de paciência, e o fizera determinar a seus cºmandantes
mitísse resgatar o grosso dos sobreviventes. que não arriscassem submarinos e tripulações preciosos com “tais
Não foi essa diretriz & respeito dos comandantes e maqui— tentativas humanas, mas insensatas, de salvar vítimas. Reco—-
nistas, no entanto, o mais difícil desafio a essa posição da defesa: nheceu que, desde esse momento, esteve pronto a, lutar sem cen-
o que mais & ameaçou foi uma, segunda diretriz de Doenítz," ceder quarteirão, significando isso apenas. que não se deviam
“também emitida em 194.2. Essa àiretriz, apelidada de Lacom'a, ajudar sobreviventes? e não que cumpria matá-Ios sistematica—
exigia, em termos estritos, que os comandantes de submarinos mente. O oficial-instrutor de submarinos erram ao acreditar tm—
atuassem de forma, dura e resoluta, não colocando em perigo suas. tar—se de uma ordem. para. pôr fim à vida dos náufragos, afirmºu
embarcações com tentativas de resgatar sobreviventes. Era, ex.-"= Doenitz; seu advogado de defesa recolheu certificados juramEn-ª
tremamente severo o tom da. diretriz, e dela, & promotoria fez uso tados de praticamente todos os comandantes de submarinºs ainda
para afirmar que ali se achava, O verdadeiro Karl Doenítz, um. vivos, declarando que não haviam entendido a ordem como uma.
instrumento fanático, impiedoso da. causa nazista que aproveiw autorização ou. recomendação para que matassem sobreviventes..
tava. uma oportunidade para estabelecer uma, diferença entre O jovem oficial de Vigia cuja "declaração escrita afirmara que a
“nós” e “eles”, e para, de forma, empedemida, condenar à morte diretriz de Doenitz implicava o assassinato dos sobreviventes afi—
as Vítimas dos afundamentos. A promotoria apresentou como "terou seu testemunho, ao depor, chegandº Rowe à conclusão de
testemunha o oficial incumbido de instruir as tripulações dos que, portanto, seria necessário pôr de lado a primeira declaração
submarinos, antes que estes largassem; ele. afirmou que, no seu desse official.108
entender, a diretriz Laconia significava que se deveriam matar; Como Doenitz lutava não apenas para salvar—se, mas para
os sobreviventes, e dera. ordens nesse sentido às tripulações dos salvar a honra do serviço de submarinos, não é de surpreender
submarinos, Um jovem oficial de Vigia asseverou, num“ certificado que os comandantes de submarinos se tenham incorporado a seu
escrito, que, em contato com o próprio Doenitz, tivera & impressão redor. A eficiência da defesa de Doenitz e a, unanimidade com
de que a. diretriz Laconia visava & encorajar, ou pelo menos & au— que. membros do serviço de submarinos sustentaram tudo que
torizar o assassinato dos sobreviventes. Por fim, ocorrera, um disse ,o almirante tornam suspeita essa unanimidade. Mas tam-
incidente a, cujo respeito havia farta documentação: o “caso Eckº”, bém há duas outras provas de peso que abonam & alegaç㺠de
no qual um submarino navegam num mar cheio de sobreviventes, que Doenitz não estabeleceu uma diretriz de que se matassem
matando-os deliberadamente com fogo de armas portáteis. sobreviventes. Em 1942, o Ministério do Exterior da Alemanha %;
!
relatou que 80% dos tripulantes de naviºs mercantes inimigos l
Dependo, Doenitz negou completamente que a diretriz Laco— !
nia autorizasse o assassinato de sobreviventes, e também. colocou estavam regressando em segurança a, seus países, e deixou. en-
a responsabilidade por suas rígidas orientações contra o resgate trever que o serviço de submarinos deveria adotar forma mais
efetiva de eliminá-los. Doenitz, no entanto, ignorou &. insinuação
de sobreviventes nos «ombros das autoridades aliadas que tinham
do Ministério do Exterior, e recusou-se a, ordenar O assassinatº
recorrido a ataques aéreos, não limitados de qualquer forma,

274 275
das tripulações aliadas ———-— decisão que, num momento em que “de maneira particularmente impiedosa”, & qual ia muitº além
as auxiliares de Hitler rivalizavam em mostrar quem podia, ga.— das piores violações de Direito Internacional de que os alemães
bar—se de maiores atrocidades, exigiu princípios e coragem. Au- eram acusados. ”Rowe chegou à, conclusão de que condenar Doe-—
xiliou ainda, mais a posição da defesa de Doenitz & conduta do nitz em tais circunstâncias, iria inevitavelmente “ofender & sen—
comandante de submarinos Hans Eck, julgado pelos aliados num timento anglo—americano de justiça” e que o réu devia, portanto,
outro tribunal pelo massacre dos sobreviventes de, um barco ser absolvido de todas as acusações relacionadas com a guerra,
afundado. Não tinha, Eçk outra, defesa senão alegar que obedecia submarina.110
& ordens, e há indicaçªões de que talvez & promotoria o houvesse Os aspectos remanescentes das acusações do pontº três
tentado conduzir por esse caminho. Mas Eck recusou-se a re— contra Doenítz pareciam de importância relativamente menor,
correr à idéia,: de que obedecia & ordens superiores, e declarou que desde o momento em que Rowe solucionou os problemas dos .sub—
tomara, de iniciativa própria, a decisão de matar os sobreviventes, marínos & favor do réu, Quanto à diretriz dos comandos, afirmou
para. evitar que os aliados descobrissem seu submarino. Embora Doenitz que a. conhecia, mas que, não se aplicando à guerra
isso significasse que seria. condenado à morte, Eck agarrou—se submarina, não & retransmitira & seus subordinados. Assewrou
tenazmente & afirmação de que não atuam. em virtude de ordens também que, embora comandante—em—chefe da, Marinha desde
superiores. Ou se tratava. de um exemplo de devoção incomparável 1943, não conhecia um memorando geral dos serviços navais
& uma causa perdida,, ou de uma, prova fortíssima de que Doenítz, sobre O problema, e não fora informado do único incidente de
realmente, não dera, a seus comandantes ordem de matar sobre—- execução de comando mencionado pela promotoria, Concluiu
viventes. Rowe que, sendo suficientemente obscura & responsabilidada da
& exposição da, defesa, de Doenítz convenceu Rowe, e este Doenitz, e tão nebulosas as circunstâncias que cercavam & única.
terminou seu exame do problema dos sobreviventes declarando execução de comando pela Marinha alemã,, não se devia fazer
que “não se mamivera” & alegação da promotoria de que o almª:.— com que o almirante respondesse pela diretª?: dos comanâaãi-ª
rante: emitira uma diretriz para o assassinato de némfragos.mgª O único ponto "vulnerável de» D—oenitz quanto ao “trabalhº
Mas Rowe foi ainda, mais longe no apoio à, linha, exposta: pela escravo situava—se no período de janeiro a junho de 1943, pºrque,
defesa., ºbservandº que respondem a, cada um dos pontos dº case depois dessa última. data, ªMãoert Spâer foi incumbido da. musa
estabelecido pela promotoria, & que tratam dos problemas inter- trução naval. Durante os seis meses em que ocupou as funções
nacionais, coisa que & promotoria deixam de fazer. Com funda— de- comandante—em—chefe da Armada e teve .a seu cargo. & respon—
mento apenas nesses pontos, insinuou Rowe, havia, bons motivos sabilidade pela. construção naval, D'oenitz sugeriu, uma vez, que
para absolver Doenitz, mas, além deles, era possível .dívísar © se usassem 12 mil trabalhadores de campos de concentração para,
problema ainda mais básico da política dos aliados em matéria, a, construção de navios mercantes; além disso, & promotoria, não
de guerra submarina. O Almirante Chester Nimitz, dos Estados possuía prova de qualquer outra. coisa. No final da guerra,
Unidos, e os oficiais do Almirantado britânico reconheceram todos, Doenitz fizera uma sugestão comprometedora com relação a uma
em certidões juramentadas, que as respectivas marinhas haviam das mais ímprudentes idéias de Hitler. Quando o Fiéhrer mencio—
travado uma guerra submarina irrestrita, afundando .sem aviso nou a idéia de que a Alemanha denunciasse & Convenção de Gene-
prévio e recusando—se &, resgatar sobreviventes, com exceção de bra (àquela. altura, o ressentimento da, população alemã. contra, os
circunstâncias especiais. Nimitz também declarou queos Estados bombardeios aliados justificava medidas severas contra, pilotºs ini-—
Unidos tinham seguido essa, orientação desde o primeiro dia da. migas), Doenitz recomendou que seria melhor “adotar as medidas
guerra, do Pacífico, em dezembro de 1941. Rowe reconheceu, é julgadas necessárias”, sem, no entanto, denunciar publicamente &
claro, que tecnicamente podia assistir razão à promotºria quando ConVepção. Em Nuremberg, Doenitz sustentou que as “medidas”
afirmava, que a comparação entre a, orientação germânica & a que tinha em mente não eram violações da Convenção, mas ape-
orientação dos aliados em matéria de guerra submarina não seria nas atos inofensivos com relação aos prisioneiros de guerra. Essa;
significativa para que se determinasse & culpa ou a. inocência declaração levou Rowe & observar que Doenitz provavelmente
dos alemães. As duas certidões juramentadas dos aliados só ha,-= “estava mentindo”,112 mas, em qualquer caso, a Alemanha não
viam sido autorizadas para, auxiliar a. que se esclarecesse & denunciam & Convenção e não havia indicações da, ocorrência
condição real do Direito e da prática, marítimos com relação & de violações sistemáticas, de último momento, ao texto do acordo,
submarinos.. Contudo, observou Rowe, restava. () fato inegável de Em todo o seu trabalho, Rowe tratou das acusações reâacio-
que os Estados Unidos tinham praticado &. guerra de submarinos—* «nadas com o ponto três e não—relacionadas com submarinos como

276 "277
de menor importância ——-— “banalidade”, diria Riddle; mais tarde. ãois, pois era um oficial subordinado, no momento em que ceara»
Mas cumpre registrar aqui que Rowe não envidou esforços para reu () ataque à Noruega No que diz respeito à, guerra submarina,
mencionou ele os numerosos fatores a. favor de Doenitz, con—
ir até as profundidades de alegação da promotoria de que o fa-
cluindo que, embora fossem equívocas suas diretrizÍes, não havia
natismo nazista, de Doenitz em o fundamento das duras orien—
tações da Marinha alemã. Além disso, alguns incidentes não ordem específica de assassinar sobreviventes. O juiz titular
“francês reconheceu que a certidão juramentada de Nimitz au—
foram considerados, tais como o elogio que Doenitz teria feito
xiliam Doenitz, embora os norte—americanos hºuvessem justifi—
a, um oficial por ter estã determinado que fosse morto um comu- cado seus atos como retaliação ao ataque japonês a Pearl Harbor.
nista alemão, quando ambos, oficial e comunista, eram prisioneiros
Também fez conjecturas, em voz alta, sobre o problema da guerra
dos aliados. Ainda assim, o exame que Rowe fez do caso, em 35 submarma: se não era um problema fora do campo do Direito
páginas, foi excepcionalmente amplo e ponderado, e suas con- Internacional, e se também o bloqueio inglês não constituíra
alusões foram também excepcionalmente diretas —-- Doenitz de— uma Vlolaçao às regras dos acordos internacionais.. Havia, muito,
veria ser considerado inocente em todos os três pontos.113 portaqto, _a, dízçr em favor de Doenitz em. todos os pontos, mas
Quando o caso de Doenitz passou do memorando prepara- 1sso nao lmpedlu que Donnedíeu de Vabres chegasse à. surpre-
tório para a sala de deliberações, em 9 de setembro, prosseguiu endente! conclusão de que o almirante deveria ser condenado, pelo
O exame exaustivo do que. continha, mas desapareceu &, maior que previa o ponto três, a “uma sentença muito brandãº?“
parte das conclusões diretas. Só Níkitchenko e Volchkov estavam
prontos a negar todas as alegações da defesa e a condenar 0 al— Parker tratou O problema de Doenitz de maneira invulgar-
mirante pelos três pontos.. Os russos sustentaram que 0 sistema mente histórica. Sustentou que os Estados Unidos entraram na,
de zonas violam 0 Direito Internacional e que, se a Corte absol— I Guerra Mundial para manter o Direito Internacional de aviso
vesse Doenítz,- isso significaria estar endossando, como “legal e previo. Os acordos que se celebraram entre as duas guerras não
acertado”, 0 sistema que o almirante alemão usara. na guerra haviªm. alterado as obrigações legais referentes a submarinos,
submarinafª Os dois juízes franceses batalharam em busca. de e nao se atribuírem aos navios mercantes armados, específica—
uma. maneira de reconciliar & condenação de Doenitz com o lado meme, & condição de navios de guerra. Doenitz fizera; afundar
precário das provas e com as incertezas que cercavam o que seria lndlscríminadamente tanto navios que se encontravam em de-
um Direito aplicável em matéria de guerra marítima. Falco só terminadas zonas como navios que navegavam com luzes apaga—« _
' queria. condená—lo por crimes constantes dos pontos dois e três das; assim, ele violam a, lei, e não podia () Tribunal, sublinhou
_...- do ponto dois em razão da invasão da Noruega, e: do ponto Parker, “ignorar o Direito”. Embora os Estados Unidos pudessem
três, em parte, por causa da guerra de submarinos, mas princi— ter recorrido às mesmas práticas, os submarinos de Doenitz
palmente devido a outras ações de Doenitz relacionadas com eram responsáveis pela “destruição do Tratado de Londres”
crimes,, de, guerra. Embora reconhecendo que a certidão de Nimitz dificultando assim às outras nações “a observância do Tra.-Í
“simplificam” os problemas legais, ainda pensava Falco.“ que a tadaªªRW Essa tese passou por cima do fato de que o Japão, subse—
diretriz Lacania era criminosamente ambígua, e que também qííentemente, obedeceu com muita fidelidade às regras do Tra—*
cabia culpa & Doenitz devido a suas tentativas de:. atribuir & tado, enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha não lhes
choques com minas os afundame-ntos em determinados lugares. foram obedientes. Contudo, tais considerações não embaraçaram
Mas ,a; principal culpa de Doenitz, na opinião de Falco, residia o .suplenªte norte—americano, o qual sustentou que, cabendo a
em sua maneira de tratar a diretriz dos comandos, em sua suges- principal responsabilidade & Doenitz, devia ele ser condenado
tão de que se recorresse à mão-de—obra de campos de concentração pelo ponto três. Barker também se mostrou favorável a, que
para a construção de' navios, e no fato de ter participado e mesmo Doeniâzwfçs,se, condenado pelo ponto dois, ao que parece porque
redigido as atas de uma reunião com Hitler em que foram dis- 0 almirante alemão encarava com muito entusiasmo o lança-
cuàidas represálias contra sabotadores dinamarqueses. O suplente me-nto de guerras que o Tribunal considerava agressivas. Parker,
francês, ao que parece, também estava examinando & possibi- de hábito calmo e muito ponderado no que dizia, parece ter su—
lidade de considerar Doe-nitz criminalmente responsável pelº cumbido à irritação, diante do caráter áspero de Doenítz, e é
elogio que fizera do oficial que autorizam o assassinato de um provável (ªne estivesse certo Biddle, ao imaginar, mais tarde, que
comunista num campo de prisioneiros de guerra.?“L5 Como de Parkçr nao conseguia livrar-se da representação pavorosa de
hábito, Donnedieu de Vabres mostrou—se cheio de dúvidas, acre—
“marmhelros submetidos ao cruel fogo de metralhadoras, en—
ditando que não se deveria, condenar Doenitz pelos pontos um e

23.3 2719
quanto se agarravam à carcaça, de seu navio torpedeado, à deriva submarina, mas não logrou persuadir qualquer de: seus colegas,
na vastidão do. :mar'ªª..118 . resolvidos & condenar o alemão pelos pontos dois e três. Quanto
Lawrence, no entanto, acre-ditou que Parker fizera, um sumá— à sentença, Robert Falco firmou & posição básica, sugerindo que
rio preciso da lei e partilhou & atitude do suplente norte-ameri— se condenasse Doenitz & 10 anos de prisão, pois sua culpa em
cano quanto & Doenitz e ao que fizera, Lawrence qualificou de “muito menor” que a de Baader?” Os outros juízes, em seguida,
“sistema assassino” () que Doenítz empregam ao fazer com que tºmaram posições em diversos lados da proposta. de 10 anos de
fossem indiscriminadamente afundados os navios que navegavam carcere. '
em detemúnadas zonase; &- perguntou, para efeitos retóricos, que. Parker apoiou a proposta, asseverando que não ªcabia impor
justificativa existia para que se torpede'assem barcos que trafe— & Doenitz uma sentença mais severa. que & imposta. & Raezder
gavam com as luzes apagadas, Reconheceu Sir Geoffrey que (apenas a, pena de morte teria sido mais severa.), e que, embora
também o Almirante Nimitz poderia ter mandado afundar navios achasse branda & sentença de 10 anos, ele & aceitaria. Também.
sem aviso, mas inocentou as ações dos aliados como represálias, Lawrence foi favorável a 10 anos, repetiu .suas afirmações an—
e colocou a responsabilidade. primeira por tudo nos ombros de teriores quanto à crueldade de Doenítz e à necessidade de con-=
Doenitz. Lawrence estava disposto a conceder & Doenitz o bene- denar 0 sistema de estabelecimento de zonas.. A determinaçãº
fício da dúvida no que se refere à, questão dos sobreviventes, dos britânicos de condenar Doenitz, & qual divergia tão comple—
admitindo que talvez não houvesse sido emitida, uma ordem de tamente da atitude que, quanto ao réu, tomara antes o Almi—
matar; mas todo o resto, declarou, desde a. maneira pela. qual o rantado, mostrou—se com mais evidência quando Norman Birkett
réu tratam a diretriz dos comandos até O incidente com o comu- sugeriu uma sentença de “20 anos” porque seria pouco. “ade-
mista no campo de prisioneiros de guerra mostrava a verdadeira. quada,” & sentença de 1.0 35005323 Os soviéticos, que de iníciº
natureza do homem, “tipicamente nacional—socialista —- dura declararam, de modo obscuro, que se devia impor “uma sentença
e de-sumana”.119 Por isso, Doenítz tinha de ser condenado pelo de grande severidade ao menos culpado”ªi,?“4 disseram admitir
ponto três, afirmando igualmente Lawrence que, como o almi- para Doenitz uma sentença menos dura, que& atribuída & Ra,«e<:1.ei:ª.=
rante “participam de guerras de agressão”, cumpria também _Perto do fim da, discussão, Nikitchenke deu mais um passo nesse
.condená-lo pelo ponto dois. Itinerário clemente? e aceitou a, proposta de m anos de cárcere
_ No meio dessa discussão, Francis Biddle lançou-se ao que se para O réu.. Donnendieu de Vabres, quase sempre benevolente em
deve considerar a, mais sensacional obra de advocacia ocorrida, todas as controvérsias sobre castigos, aproximou—se da posição
durante as deliberações. Declarando que se deviam considerar da maioria, nessa oportunidade. e sugeriu uma sentença de cinco
“navios de guerra,” os navios mercantes armados, disse ele que a, 10 anos?25
seria “insensato” & Corte castigar Doenitz por não dar aviso Só Biddle deixou de seguir a idéia geral de condenar o réu
prévio nem resgatar sobreviventes, quando esses atos teriam tor- pelos pontos dois e três, não concordando também com & sen-
nado impossível. a guerra submarina. Isso era, especialmente tença de 10 anos, Na discussão, parece que ele ameaçou os colegas
verdadeiro, alegava Riddle, porque, na época, dos acontecimentos, de tornar pública sua divergência caso ínsístissem em condenar
& Inglaterra -.estava armando os navios mercantes, e as autori— Doenitz por motivos de guerra submarinaFºº Havia, uma, divisão
dades navais aliadas emitiam ordens de guerra submarina. idên— profunda entre os dois juízes norte-americanos: Parker estava,
ticas "às de Doenitz. Biddle pediu que o almirante fosse absolvido, quase tão resolvido a, condenar o réu quanto Biddle estava deci—
e concluiu o que dizia. com uma passagem que, provávelmente, dªdo &" absolvê-lo. O suplente norte—americano confessou que ainda,
chocou e deixou pasmos seus colegas. Afirmou que “a. Alemanha nao podia acreditar que o governo dos Esfados Unidos tivesse prati—
foi muito mais limpa na, guerra marítima. do que nós”,“iºº cado. uma “guerra ““tão horrorosa” como & praticada por Doe—
É claro que não havia acordo fácil em perspectiva, depois nitz.1ºT----Era-"essenéiâl', na opinião de Parker, que a Corte condenasse
dessa discussão acrimoniosa de 9 de setembro. Não obstante, no & política alemã de afundar navios neutros, mas concordou, em—
dia seguinte, a Corte voltou a tentar, mas, depois de escaramuças bora com hesitação, que seria aceitável evitar uma declaração
que não chegaram a qualquer resultado, decidiu—se deixar que relativa aos ataques & navios mercantes armados. Foi uma con—»
o caso “amadurecesse”.“1 No dia. 11, estando Birkett presente, a cessão feita. no sentido da insistência de Biddle de que não se
Corte por fim pôs mãos à obra para chegar a um veredicto e uma, condenasse Doesnitz pela maneira como conduzira & guerra sub-—
sentença. Bíddle voltou & argumentar, com vigor, que Doenitz marina, e Parker também sugeriu que Riddle se juntasse & e'ie
não deveria ser condenado pela forma com que conduzira & guerra, e redigisse o projeto de decisão da Corte quanto ao caso de Doe-—

280 281
nitz, Dessa última sugestão nasceu o mais surpreendente, se não É, difícil dizer muita coisa que seja nºbre ou edificante agerca
. o mais chocante, dos compromissos que ocorreram no curso das das ações da, Corte no caso Doenitz. É possível que tenha sido
deliberações: os outros juízes estiveram acorde-s em que, se Biddle ultrapassado o limite justificável em matéria de compromissos
abandonasse &. idéia de divergência. pública. eles lhe confiariam e pragmatismo. Como os soviéticos queriam enforcar & todos, a
& redação da decisão final quanto ao casollºª Biddle aceitou o Decisão limitada, quanto & Doenítz resultºu do fato de que os
arranjo, encerrando—se & interminável disputa quanto & Doenitz britânicos estavam resolvidos & condená—lo, e de Donnedieu de
com a condenação do almirante pelos pontos dois e três, e & senaª Vabrçs ter preferido juntar—se aos ingleses & ficar com os norte-
tenga, de 10 anos de pnisão.1ºº .
amerlcanos. De sua parte, Bíddle achou que o problema impor-
Bíc'ldle- trabalhou durante duas semanas na declaração final tante não em a culpa ou inocência de Doenítz, mas a necessidade
da Corte quanto & Doenítz; ao que: parece, a Corte &, aprovou, em de, explicar os fundamentos da condenação de maneira que os
26 de setembro, “praticamente” sem emendas. Já foi muitas vezes mlzes anglo—americanos não parecessem culpados de hipocrisia.
discutido e analisado esse sumário e há pouco motivo para reptº)ª Riddle conseguiu isso, embora posteriormente: o perturbasse' &
tir aqui esse exercício, A argumentação é longa,, desconjuntada, idéia de ter sido incoerente. Batalhou para evitar que a Corte
e não muito coerente.. Vê—se agora com clareza o motivo para, parecesse hipócrita no caso de: Doenítz, mas não o atormentamm
isso — é a opinião de um juiz que diverge. e. busca fazer com que escrúpulos em outros pontos do julgamento, ao condenar alemães
.a opinião da, maioria pareça tão próxima à sua quanto possível. culpados do mesmo tipo de planejamento de guerra agressiva, que
No sumário, considerou—se Doenítz culpado de “guerra de agresu os soviéticos tinham elaborado, simultaneamente, contra & Po-
são”, com o fundamento vago de que o réu fora “de importância lônia, e contra, & Finlândialªº Mesmo em seu período posterior
extraordinária para, o esforço bélico germânicoº'Eªº Quanto à de reflexão, Biddle não quis acrescentar a operação britânica na
guerra submarina, não 0 teve a decisão final na conta, de culpado Nor'pega, à lista, de possíveis pontos de incoerência. Ainda assim,,
em razão dos ataques & navios mercantes armados, mas 0 cºn—= qlrtalsquer que sejam nossas reservas quanto a todo o assunto,
denou por motivo do sistema de zonas, Violação, conforme está B1d.dIe tomou uma, posição que possivelmente preveniu males
assinalado no papel, do acordo naval de Londres. O réu também maiores. Em razão da solução do "caso de Doenítz, & Corte evitou
foi censurado, especialmente, por causa da. ambigúidade de suas que a Decisão final constituísse uma declaração inambígua de
orientações e ordens relativas & sobreviventes. Logrou assim que os vitoriosos devem ignorar completamente 0 que fizeram
Parker 0 que desejava. Foram ignorados os ataques & navios mer-— e, 330 mesmo tempo, aplicar “justiça” ao inimigo derrotado. Por
cantes armados, e condenados os ataques &, navios neutros. Nesse mals incoerente que se tenha mostrado a Corte, a solução dº
ponto, Biddle acrescentou a frase de maior impacto na Decisão, caso de Doenitz resultou numa. pausa em nossa corrida orweliana,
declarando que, como também tinham os britânicos e norte—ame- paí? uma guerra ainda mais total e uma paz ainda mais viu—
ricanos recorrido a uma guerra submarina irrestrita, & conde-= ga wa, '
nação de Doenitz não assentam “no terreno de suas violações . Como acontece sempre em julgamentos que tratam de pro-—
(do Direito Internacional em matéria de guerra submarinaºªfªij blemas legais ponderâveis, o destino do réu passou a ser coisa
Assim, a opinião implicava que o réu fora condenado pelas “coisas dç importância menor. O Almirante Doenítz acreditou que fora
de pequena importância” que se arrolavam: & maneira. como Vítima de um duplo critério, e que a explicação da Corte não
cumprira & diretriz dos comandos, a sugestão de que se usasse passava, de uma, conversa fiada enganadora. Contudo, é claro
mão—de—obra de campos de concentração para a construção naval, agora que a advocacia de Biddle & & prolongada, controvérsia que
e sua enigmática recomendação, em 1945, de que se tomassem dela resultou abrandaram aos poucos os outros juízes, inclinan—
““medidas” estranhas à Convenção de Genebra. Riddle fez o que dO—OS & aceita; uma sentença relativamente amena, como parte
pedia para dar consistência & tudo isso e apresentá—lo de forma de um----acõiºdo geral. Essa, sentença deu & Doenitz parte do que
mais grave possível, mas, se comparamos esses atos com as ações desejava: seu principal objetivo tinha sido defender o serviço de
mencionadas nos casos de outros réus condenados, eles parecem submarinos, e o fizera, tão bem que lhe foi atribuída uma sentença
triviais, e exagerados de forma consciente. O texto da opinião moderada.
não era mais que uma série de artifícios: &. maioria da Corte Por outro lado, é justamente esse resultado que torna difícil
condenam Doenitz em razão da guerra, submarina, mas concor— afastar—nos do caso de Doenítz com o coração leve. Mesmo hoje.
dara em dizer que o réu fora, condenado por outros motivos. Não em dia, lendo os elogios que, em fins de 1943, Doenítz dirigiu à
é de espantar que a explicação seja pouco convincente! brutalidade: de Himmler, é difícil n㺠regressar, em imaginação,

2:82 283
de CAPÍTULO 9
aos trabalho;—“,de Nuremberg, e favorecer () vot_o de Lawrence
que se deveria culpar o réu. porque o duro Slgtema de subma :
ferocid ade do entusia smo nazist ª de Doemt zliªº
rínos resultam da
z
Além disso, para a. maior parte dos anglo—amemcanos, Doemt
el forma de guerra, -——-—
continua a ser o executor da mais horrív
a destruição fria e silenciosa no mçioº de'-mar. Nunça provºco?
impacto sério nos sentigpentos do publlço norte-amer_1cano e bn— As Absolviçõcs: Schacht, Fapern, Fritzschc
&,
tâníco o fato de que também os alemaes se_hor rorlzam çom
morte horrível, no fundo dos mares, que celfoq & mamma dos
que trabalhavam no serviço de submarinos. Assum, parca em a
possibilidade de que o parecer da, Corte, ou qualqjler outro veíe—
dicto possível, pudesse ser, ao mesmo tempo, racional e emocm—
.nalmente satisfatório. Mesmo quando se mostra em toda & 5ua
nudez & imprecisão e & incoerência. do Tábunoal, como nesse caso,
Há muita gente que nada tem a fazer aqui. Nem
:. ainda pende o problema de saber se tema Sldo mfelpor enforgar mesmo tinha, ouvido falar de Fritzche, antes deste
í Doenítz por ter feito o que Nim1tz fez, ou, ao contrarlo, absolye—lo júgamento.
e selar com a aprovação internacional a guerra submarma irres- Goeríngl
É tríta. É possível que a verdade estivesse com uma ou outra das
alternativas que defenderam, cada um de seu lado, Parker _e
Bíddle, mas os juízes acharam, por fim, que para eles o que havm
de mais seguro e mais prudente se achava, em algum lugar Mªtte
as duas opiniões A0 escolherem esse cammpo do melo, e'posswel
que,- sem o querer, tenham optado por aqmlo que, tambem. para
todos nós, é mais seguro e mais prudente. '
Sente—se alívio quando, depois de examinar as 19 condena,»-
ções, é possível estudar os três casos em que ninguém foi para
a prisão ou para a forca.. Seja o réu. Joachim von Ribbentrop ou
Fritz Sauckel, e quaisquer que sejam os feitos ou. as provas, há,
algo de' horrível; numa narrativa, que procede, passo a, passo-, até
a forca,. E claro que não se espera. que tais sentimentos para.-»
lisem os juízes, especialmente] quando pressionados pelo caráter
tenebroso dos atos e pelo ânimo da opinião pública. no momento";
com exceção dos inexplicáveis momentos de “sensibilidade” de
Donnedieu de' Valores, não há sinais de que os juízes de Nurem»
berg muito se atormentassem com a imposição do cárcere ou. da.
forca,, ºlhamos com mais tranqúilidade as absolvições do que &&
condenações, mas isso parece resultar da distância em ' que nos
encontramos cºm relação à responsabilidade que os juíZes &Sª
sumiram, logo ao terminar a, guerra,, É possível imaginar. que
aqueles que tomaram essas decisões se tenham preocupado mais
com as coisas complexas que levaram ':.à, absolvição, do que cºm-
as coisas simples que indicavam & condenação. - - e
Como sucedeu com os réus condenados, a Corte examine
os três homens absolvidos independentemente um do outro, mas
havia, um relacionamento muito mais consciente, e talvez incons—
ciente, entre esses três casos. No início do julgamento, nenhum

284 285'
dos juízes tendia a votar em favor de absolvições; tudo indica, que, poder, nos primeiros anos da, década de 30, Schachà passara—se
de início, supunham que lhes fossem apresentadas provas para in;— com armas e bagagens para o Partido Nacionalista, o que lhe facúi—
criminar todos os 22 réus.. Só gradual e adequadamente os juízes tou estabelecer razoável relacionamento com Hitler. Schacht aja——
reconheceram que, num ou. outro dos pontos, em fraco o pro- dou a introduzir Hitler nos meios empresariais alemães, & tomá—1a
cesso contra determinado réu, e que seria. necessário absolver um homem mundanamente aceitável, e esse esforço foi objeto
tais réus dessas acusações fracas. Dessa posição, os membros do de uma atenção crítica considerável, e provavelmente de algum
Tribunal, individualmente,“ passaram, ainda mais hesitantes, à exagero da. parte dos jornais liberais e esquerdistas na Alemanha
ce-nclasão de que em passível que certos réus fosgem, por intªum, e no exterior. A0 renome de mágico em finanças, acrescentou—se
inocentados. Os dois réus. aos quais mais se deve essa evolução. assim a idéia de um manipulador político capitalista que puxam os
foram o ex—Embaixadcr na Áustria Franz von Papen e um fun- cordões que puseram em contato Hitler e os capitalistas alemães.
cionário do escalão médio superior do Ministério da Propaganda, Desde que se encarasse o assunto desse ponto de Vista, parecia
Hans Fritzche, cuja presença no Tribunal se tornou cada vez que Hitler estava apenas pagando, parcialmente, serviços pres—
mais inexplicável, não apenas para Hermann Goering, mas tam- tados, ao nomear Schacht, primeiro, presidente do banco central
bém para os juízes. É evidente que a Corte se atormentou e abor- da Alemanha, o Reichsbank, dois meses. após os nazistas alcan—
receu com os casos deFritzchel e Papen, durante todo o curso çarem o poder, e depois Ministro da Economia. e plenipotencíá—
àas deliberações, e; quando ambos os juízes norte—americanos, rio da economia de guerra, nos dois anos seguintes. Tampouco
nas discussões iniciais, votaram a favor de que fossem absol- desapontou os que () apoiavam ou os que criticavam o dessem—-
vidos, converteu—se em séria possibilidade a absolvição de pelo penho de Schacht nessas funções. Mediante uma série de ex-
menos um dos réus. Por conseguinte, embora grande parte da pedientes financeiros. pouco ortodoxos, desde os singulares ins-
discussão do caso de Schacht se passasse em primeiro lugar, os trumentos de crédito chamados de Notas Mefo até o congela—
juízes não esqueciam os réus número 20 e 24, remoendo men- mento de contas, conseguiu Schacht fornecer recursos monetá-
talmente () caso e buscando decidir se, de fato, a. culpa de outros rios grandemente aumentados ao governo nazista., E como era,
homem em realmente muito maior que & desses dois que pro— em rearmamento que esse governo empregava 0 dinheiro, uma
vavelmente escapariam ao castigo, Discutíremos aqui os caso;»; nova faceta adicionou-se à, imagem de Schacht: & de um comer-
dos três. homens absoividos na mesma, ordem em que & Corta ciante da morte que lançam mão de seus truques e de sua es—
os considerou, mas não se deve esquecer o relacionamento entre perteza para, fornecer à, Alemanha de Hitier os. meios de lograr
eles. um poder irresistível..
Então, a partir de 1937, Schacht e' sua imagem pública
HJALMAR SCHACHT começaram a sofrer perturbações. Perdeu uma, batalha, contra,
Goering, & propósito do controle da. maquinaria, econômica para,
Com a possível exceção de; Hermann: Goering, Schacht era a mobilização, e depois disso, passo a passo, entrou; em duro
e mais complicado e temível dos réus. Como ao Marechalfdo- confronto com Hitler. Em 1937, Schacht demitiu—se de sua, po-
Reich, também a ele a imprensa e a, opinião pública encaravam sição de Ministro da Economia e plenípotenciário da economia
com desconfiança e ódio extremos.. De origem em parte norte- de guerra, e foi então demitido da Presidência do Reichsbank,
amezrícana — o indiciamento ocultam, de propósito, ”seus dois em 1939. Em 1943, finalmente, perdeu seu último posto oficial,
nomes do meio “Horace Greeley” —-, Schacht passara a maior o de Ministro sem Pasta, e foi jogado na, seção de prisioneiros
parte de' sua Vida em círculos internacionais, financeiros e po- eminentes do campo de concentração de Dacheu, no fim do verão
líticos. Bem conhecido nas capitais do mundo, e com uma, repu— de 1944. Ao fim da guerra,, Schacht queria apresentar—se como
taçâo internacional de técnico em finanças, também cercava mais uma Vítima, das medidas repressivas de Hitler. Embora ele
Schacht uma fama, menos invejável: & de apologista da Alema— houvesse esposado & causa da, resistência alemã,, a opinião pública.
nha e de oportunista político. Da decepção da I Guerra, Mundial, na Inglaterra e nos Est-ados Unidos, na medida em que guardam
emergiu ele! como um democrata, mas logo começou & aproxi— alguma lembrança de Schacht, inclinava-Se muito mais a, con-
mar—se da direita.. Em 1923, conseguiu celebridade mundial, e siderá—lo o manipulador que levam Hitler ao poder e' que finan—
pareceu & alguns um mágico das finanças, em conseqííência. do ciara () rearmamento alemão. Como Felix Frankfurter escreveu
papel crucial que desempenhou em terminar com & vertiginosa & Jackson, pouco depois que este: último aceitou o posto de chefe
inflação na Alemanha. As Vésperas da acometida, nazista ao da promotoria norte—americana, Schacht em seu “vilão prefe—

286 287
ânimo para deixar que as coisas, seguissem seu curso; sabia como
ride no regime nazista”, e ele contava. com que se conseguisse se jogava () jogo, e informou Neave de que precisava de. um bom
uma. oportunidade para colocá-lo no banco dos réus..2 ' advogado, e rapidamente. Dos advogados que figuravam na lista
No entanto, aqueles a quem cabia & responsabilidade pela, da, Corte, pareceu & Schacht que o Doutor Rudolf Dix seria,
eleição dos principais réus atuaram com muito mais cuidado aceitável, e de fato O concurso de Dix lhe- foi concedíc'ío.9 Pouco
com relação & Schacht. Em 1944, o Ministério da Guerra britâ— depois disso, Schacht também deixou claro que não cooperaría
nico incluiu—o numa lista de possíveis principais criminosos de com qualquer plano geral de defesa para justificar O regime ou
guerra, mas o Mínistéráo do Exterior, que preparam lista seme— exonerar todos os réus..10 Ele queria salvar—se e, como Goering,
lhante ao mesmo tempo, não o fez.3 Um ano mais tarde, che— decidiu que a primeira coisa a, tentar era um contato direto com
gande o momento de britânicos e norte—americanos concordarem & promotoria. Em 14 de novembro de 1945, Schach't escreveu
quanto a uma relação de: “principais criminosos”, Jackson men— ao segundo homem na promotoria norte-americana, General
cionou Schacht como possível réu, nas primeiras conversações William Donovan, salientando que aprovava () estabelecimento da
exploratórías, em maio.4 Mas o Ministério do Exterior britânico Corte de Nuremberg, pois a Corte revelaria os crimes de Hitler
ainda tinha dúvidas quanto a ele, e» essa incerteza foi agravada. ao mundo inteiro.. Abusando consideravelmente da verdade,
pelo medo de que os norte—americanos estivessem para. lançar Schacht passou a dizer que se submetem “voluntariamente ao
um ataque geral contra os líderes industriais alemães de antes Tribunal”, pois estava convencido “de que o julgamento provará
da, guerra e do tempo da guerra. Embora Schacht fosse men—— que não sou culpado de qualquer crime ou imoralidade”.,ªUL Depois
cionado, obliquamente, numa lista de possíveis que se completou de uma frase espantosa em que elogiava Donovan, enumerandc
em meados de junho? seu nome foi seguido de alguns preocupa-dos seu “alto gabarito”, sua “experiência”, sua “sabedoria,”, seu “bem
comentários de funcionários do Ministério do Exterior pedindo conhecido renome internacional”, finalmente Schacht entrou no
que ele não constasse entre os réus e dizendo que, se fosse ne— assunto e indagou se Donovan estaria disposto a “examinar um
cessário incluir uma, figura econômica para apaziguar os norte—— curto sumário dos motivos subjacentes ao terrível regime na-
americanos, essa figura deveria ser sauckel ou Funk, em vez de zista, e de suas condições, tal como eu os conheci por experiên—
Schach'izn5 A lista britânica, formal dos 10 “principais criminosos cia,”. Schacht fechou a carta, com mais elogios & Donovan,
de guerra” não abrangeu 0 nome de Schacht; coube aos norte- declarando que preferiria “submeter tal sumário &, um homem
ame'rícanos procurar colocá—lo no banco dos réus, e assim, no de- sua capacidade e inteligência, do que a qualquer dos advo—
mês de junho, foi posto em sua. lista de 16.6 gados de defesa, que possam aparecer diante das cortes”.12
Os britânicos, no entanto, como haviam. feito no caso de
Doenitz, não estavam dispostos a aceitar tranquilamente, & ín— Donovan compreensívelmente entendeu isso como uma in—
clusão de Schacht e, em meados de agosto, o escritório do Mi- dicação de que. o réu queria, cooperar com & promotoria e, no
nistro da, Justiça fez uma “avaliação completa” dos fatos, che- mesmo dia em que chegou a carta, escreveu & Jackson, esboçando
ganda à conclusão de que o efa-Ministro da Economia seria um os termos em que via a situação de Schacht. Donovan lembrou
réu de condenação muito. difícil, não devendo ser indiciado? Nas & Jackson que houvera indicações prévias de que Schacht queria
discussões quanto à, relação de réus ocorridas em meados de estabelecer contato, e que ele, Donovan, tinha informado o Juiz
agosto, os britânicos provavelmente suscitaram algumas dessas Jackson de tais indicações. Chegam o momento, na opinião de
objeções, mas logo. as viram afastadas pelas outras Três. Potên— Donovan, de ver como se arrumava o caso de Schacht e 0 que
cias. Já se sabia que os soviéticos gostariam de' incluir Schacht se deveria fazer com as tentativas de aproximação da, parte desse
entre os réus, mas uma das surpresas dos estágios iniciais dos último. Donovan observou que, em razão do papel que Schacht
preparativos do julgamento foi a, intensidade da hostilidade desempenhªm, ..no.f..reà;1"mamelnto, e o que ele “deveria saber do
francesa contra os líderes industriais germânicos. Nesse ponto, caráter"""de Hitler”, & promotoria poderia contar com elementos
mostraram—se os franceses ainda mais extremados que os norte— suficientes para “condená-Io por guerra de agressão”. O general
americanos ou os russos.8 Assim, Schacht foi incluído na lista reconheceu que “há nisso um argumento forte”, mas que tam—
de réus, apesar das dúvidas e objeções britânicas. bém havia, considerações, do outro lado, algumas das quais eram
bem conhecidas, outras, muito delicadas, senão ,sfsz-lrlsacionais.ªa
Em Nuremberg, onde não se tratava de indiciar, mas con—- Schacht alegava que procuram retirar Hitler do caminho dia.
denar, Schacht mostrou que as preocupações. britânicas não eram guerra, de agressão, sugerindo aquisições coloniais, e que, quando
sem causa. Quando 0 Major Nelave. Visitou os réus em nome da isso falham, "buscam cortar o dinheiro. Em conseqííêncía, havia
Corte, Schacht mostrou que não se encontrava em estado de
289
2,33
com & resrlstencm? dende fazer”..18 Mas nem Schacht nem Donovan tiveram oportuni—
sido demitido de seu cargo e trabalhªm então
o da Gesta po e um (tampa dade de entrar mais a fundo nessa questão, pois dois dias mais
ix
até que» () mandassem para uma pnsa
em asgev erou Scha qht que, desde tarde, em 26 de novembro, Jackson enviou & Donovan uma carta
de concentração. Mas tamb
;
em conta to com os algad os, aos quam prestam sªr- longa e candente, na, qual. apareceu, de maneira aberta,, por íim,
;
1940, estivera :, secre &? “todo 0 desacordo e a hostilidade entre os dois homens.. Comº já.
uma mens agem
viços. Disse que Roosevelt lhe engªta


r
um]. depm s da gue'rll a , o que, se sabe há muito tempo, o centro da divergência cºnsistia no
dando a. entender que “ele seria,
[

não owde claras se, Prova velmenfpe nao passava fato de que Jackson acreditava que o processo deveria funda-
embora Donovan
i

a11ce rce nas bem mentar—se quase exclusivamente em documentos, enquanto Do—
de uma construção imaginária ergulda com -s, erª novan queria fazer maior uso de testemunhas. O que mais feria
conhecidas. conversações entre Schacht 9 Summer ”Weng
sensacaonaª. os dois lados no conflito, porém, em o esforço de Donovan para
1%0. A. afirmação, portanto, não era assma 'taq recorrer &. Goering e Schacht em benefício da prºmotoria. Cómo
_prqpr 1_a orgamzaçao?
Mas Donovan também reconheceu que sua
, hawa mdlre tame me _ob— Jackson declarou, sem rebuços: “não vemos.-; da, mesma man-aim
& Organização de Serviços Estratéglcos g Glsev msj
Schac ht, duran ige & guerr a, _Hãm réus como Schacht. Não creio que ele nos ajude a condenar quem
tido informações com glenga
enczla quer que seja que já não tenhamos condenado com .as provas do—
profundamente envolvido nos conlmos da, resmt
& Orgamzaçao (:'urmentais,”.,19 Jackson também recusou—se & endless-ar qualquer
contra Hitler, também estivera em. contato com
usam Schac htx como fqnte de alªgumaâ arranjo mediante o qual & promotoria iria “negociar” ou “barga—
de Serviços Estratégicos, e aliadas,
foram retran smltld -as ªa.,s autçnd aídes nhar” com qualquer dos réus, para, conceder—lhe “vantagem” em
informações que
tals, diante (?a, x_rer— troca, de seu depoimento, Depois de resumir os diferentes aspectos
Mas tudo isso não passava de coisas amden lm-
an. Em 19404 1, (3 pnme do conflito entre eles, Jackson concluiu: “francamente, BBL
dadeira revelação—bomba de Donov
em Berhm, a a l ã suas opiniões e as minhas parecem tão distantes que não acha
secretário da. Embaixada dos Estados Umdos
comumcava
Heath, era um contato através do qual Schacht se possível confiar-lhe 0 interrogatório das 'teste-Havannª.”.,20
consta va gia. esgºta de Don
com o Departamento de Estado. Como No dia seguinte, Donovan enviou. uma resposta ferina, que
, que nesga
movem & Jackson, Heath dissera, entre oufnras cºisas dava sua versão de todo o triste episódio. Além de citar mas
. a_trmres
notícia antecipada, do ataque à, Rússia. fºi dada %" Heath críticas à. orientação gera]. que Jackson dera à promotoria muitas
revela çao da prlmenªa
de Schachtªªª..16 Se verdadeira, em uma uma
das quais atingiam () alvo em cheio, Donovan também esforçou—se
à prom otorla matu ro parª fazer por libertar-se da insinuação de que pretendem “negociar e bar—
ordem e bem poderia dar ht, em
lançar -se numa luta mogt al contr a ucªac ganhar” com Schacht ou Goering, Acentuou que já disgem &
pausa antes de que se
& conclu sao
sessão aberta da Corte. Dcnovan “tirou (11530 Jackson, e também ao advogado de Schacht que não penª?-33:13;
impunha, e sugeriu que: haver discussão até que Schacht expusessea o que estava maizen—
dendo fazer. Donovan classificou os outros receiºs & suspeitas
de Jackson como “me-dos de moinhos de vento”, e, cºm evidentes
de oferecer—11:33 sinais de alíviº, terminou. sua carta reafirmandº que abandegnava
Se tenha em consideração & possibihdadef'
ht] ocasiã o para. lutar em sua defesa presfbando depm; o caso e abandonaria Nuremberg em futuro próximo.“
[ & Schàc posso processo, ”
mento sobre os fatos. Ele poderia fortalecer
sa podezqía; ter &. oportu mdad e de, no sea Partindo Donovan, parece ter cessado 150630 contato arf—atx“?
muito, e sem promes .
próprio caso, declarar sua pomçao.” Schacht e & promotoria, &, nºs meses. oia, animaâa cenfíança que
caracterizou o início dº Wigamenm, Jackson e seu. pessoal nãº
se preocuparam, ao que parece], com as questões que Bonºmi/3
ao para,
Não se pode: dizer que se tratarase de uma recºmendaç havia suscitado “quanto ao processo. Mas depois do fracasm de
çao, mas se tra.- áuela verbal com Goeríng, & promotoria passºu & consíáemr cºm
Schacht passar de réu a testemunha da acusa em um
No entan to, Dopo van muito mais. serieãade o problema de Schacht. Foram. feimg cuidaa
tava de algo muito próximo a 1550. Cheila ,
iente e gizazasa jfa.ª tempo dema smdo rna doses arranjos para juntar contra Schacht todas as provas cºn—=
advogado muito exper o con-
algue m cabíveis, e o s assistentes de Jackson prepararam lºngas listas de
da Organização de Serviços Estrategmog, para que
, num memorando pontos que se poderiam mostrar prejudiciais à defesaºº Jacksºn,
duzisse de olhos fechados.. Dez dias mas tarde 019-
, Donqvan
em. que discutia & utilidade geral das testemunhas no entanto, estava evidentemente preocupado e, em 29 de marçº.
am o advogado de Scha fht de que nao verla fez arranjos para encontrar Donald. Heath, o homem da Embai—
servou que inform -
preten
seu cliente até que Schacht esclarecessei () que estava xada norte—americana, que, segundo constava, recebera os rela—»

290 291
r tomara de atacªr próprias especulações acerca da difícuíóêade que havia em aªi??—
tóríos de Schacht quanto à, decisão que; Hitle nhar as intenções de Hitler e ºbservou, além dissº, que “os pre—
Jackgoq çonsegum
a União Soviética em 1941. A. informaçao que parativos. tremendos na fronteira da. Rússia,” poderiam ser aináa
, mas prejudlclal & seu
nesse encontro em provavelmente ainda uma “forma, de pressão final contra a Rússia eu uma máscara
infor mou (11:19, quan do Welles esteve
caso do que receava,ª Heath. ht para que para ação em qualquer outra áreaºº.25 Segundo todas as indica—
em Berlim, em 1940, fora feito um arranjo com Schac ções, 0 que Morris acrescentou despm & informação de Schacm
Heat h ao Depa rtamentº
este transmitisse “informações” através de se— de sua, importância, e as autoridades de Washington nunca, me
mome nto, e duran te og 3.5 meses
de Estadº. A partir daqªuele vez atribuíram & devida. monta, nem retransmitimm o segredo à
Scha cht encon traram —ser “'em mediªd a, uma
guintes, Heath e União Soviética. Esse talvez seja, o exemplo culminante, emboffa
pelo menor;,
por mês”. Heath também declarou ter conçlmdp que, ga mui.- até o momento desconhecido, das msgs formaiadas por Barbara
te antm amst a”. Embo
desde 1939, Schacht em abertamen fnlsse m & Whaley de que os alemães lograram cameguir surpresa, aº ata.—
Scha cht prest ou & Heat h assuz
tas das informações que ra que carem, não porque tivessem um sistema de sigilº à prºva de
ele awsaz
forma de “generalidades”, na primavera de 1940 u qualquer brecha, mas pºrque havia, disponíveis, tantes dadas
r & Ijsaha , e tªmb emde
o momento estava maduro para refrea Banco s, conflitantes que o sistema, de informações dos opºnente-S do nan-
um sinal, na semana que pre-ce deu à invªsa o dos Paris??
assalto.-«- Quanto zismo encontravam—se atulhados de! nºtícias e, assim? incapazeg
de que se estava preparando uma operaçao de de fornecer uma imagem clara da situação.,ºª
claro e prec1so. Como
à Rússia, Schacht fora particularmente
Heath disse & Jackson: Jackson, no entanto, n㺠sabia que a mensagem ãe Schacm
não resultam em coisa alguma e', se 0 sºubesse, isso não teria,
provavelmente, feito grande diferença.. O que um cabia em rem
Em 6 de junho, ou por volta, disso, aproximadam
ente duas tratar Schacht como um nazista. devotado e perigoso embºra. nãº
as antes da invasã o da Rússia , tach t 'coptou aq Sr.. ignorasse que Schacht fornecem. informações para os alíaáªog.
seman
& Russa no 6.1.8, 20
Heath que Hitler estava resolvido & invada; Naturalmente, ele pode ter presumida que Schacht hesimría, em
dessa, data. [ A mvasa o ocorlzeu no «gíla 22
de junho, ou por volta anunciar, em sessão aberta da Corte, que fºrnecem aos aliadºs
. podm consªderar
de junho.] Schact declarou que o Sr. Heath informações militares secretas que pºderiam “ter custadº & Vida
s & respelto. O
tratar— se de fato estabelecido; não havia. duwda
imedia tamen te entrou . em contat p com 0 Departamento a. milhares de alemães. N㺠obstante, havia sempre 0- pearígº ªe
Sr. Heath
e () Departamentç,
de Estado para transmitir essa informaçao, que, se Schacht fosse levado ao desespero, fºsse forçado a revelar
ação da, maneu ra que lhe pareceu mais
depois, usou a, inform exatamente aquele segredo comprametedar, para, salvar e pescoçº-&
-cenveníente.º4 .
Assim, () interrogatório de Schacht por Jackson foi uma escaramu»
ça em que ambos os lados usaram de prudência e limites,, por me»
de nhuma das duas partes estava interessada. em chegar & extremas, É
Nãoé de' admirar que, tendo em megªne & derrota dianteu np óbvio que tal situação é favorável à defesa e, comº Jackson bus—
e contando com essa informªçao, Jacks on ent-ro
Guering cava provar o mais nebuloso dos fenômenos, o conhecimento que
nça. Na rela?-
interrogatório de Sichacht sem uma f1rme comila Schacht teria, sobre intenções de guerra ãe agressão, num mo—
Heath sobre a mensa gem d,? Schac ht quªnd?
dade, O relatório de o. 11101-— mento em que ele era, senhor de pormenores econômicos, já se
de que
à decisão nazista de invadir a Rússia. dava 1de1a ade, sabia. qual seria o resultado.
ica do que, na reahd
dente tivera mais importância histór Birkett, Riddle e, ao que se presume, & restº dos membrºs;
nto de sua últimª conver sa com Schach 't,
parece ter tido. No mome do Tribunal não ...entretmham ilusões quanto .a quem saíra,
estava em proces so de ser transf erldo para um novo postº
Heath vitoriºso...dessel..-amáve1"combate. Schach'â: n㺠apenas evitºu «me
& Infº?-
na América Latina, e, a menos que tenha transm1t1do Jackson 0 colocasse num canto? mas deu uma demonstração tãº
de Estado indepe ndente —men te, atraves
mação ao Departamento convincente de inteligência e capacidade que conquistou nºvo
especia is, o relatór io que chegou ao Depªrt ament o dae
de canais respeito aºs olhas de alguns dos juízes, No momento. em que
um aumha r de Heata
Estado foi uma, informação desbotada que formulou seu. apelo final, em agosm, tanto Riddle comº Birkett,
com a
remeteu em 8 de junho. Embora começasse a mensagem estavam evidentemente impreàsionados com ele, e Riddle registrºu
“receb era inform açªo yeleva nte de que, dentyo
declaração de que em suas notas que Schacht se mostrºu. “orgulhoso e muito cº-
H. Morus,
de 15 dias, a Alemanha ínvadírá & Russm”, Brewszter movido” quando se dirigiu à Corªcaº? Ag vésperas das deliberações;
ixada, não mencm nou Schacht
o terceiro—secretário da Emba & respeito de seu case, neíqhum das. “raízes parece ter sentidº
ação, 0 que e
'
piçª: (% que acresc entou suas
como fonte da inform
2%
292
qualquer insegurança quanto 3. quais eram os problemas real-= msse gia; culpa de ser um elemento acessório de acordo
com as
mente centrais. Adrian Fisher preparam 0 memorando norte- dtsposaçoes do ponto dels (Crimes contra a Paz)
sobre plane—
americano básico sobre Schacht durante a segunda, semana, de ]amento e desencadeamento de guerra,.31
julho e, embora tomasse muito cuidado e enche'sse 35 páginas Af maior parte da análise de Fisher não provocou observ
para resumir 0 caso, pôs de lado todas as questões de Crimes de ações
especmlmente críticas de Biddle, excetuando—se & sugest
Guerra e Crimes contra a Humanidade, desde o início. Schacht ão cau—
telosa qle que se isentasse Schacht de culpa no ponto
só fera acusado pelos pºntos um e dois, mas, no curso do julga— dois. Em—
bora Blddle houvesse adquirido respeito por Scha'cht,
mento, & promotoria inªinuam que ele poderia ter de responder ele não
hgprava ent-ge os que, como o assessor legal britân
por perseguição aos judeus e assuntos conexos. Decidiu Fisher ico John
Phps, acredltavam desde o princípio do julgamento
que, qualquer que fosse a maneira pela, qual a Corte interpre— que SÉhacht
dçverla ser absolvido.32 Biddle examinou todo o memorando de
tasse conluio, não se podia ter Schacht na conta de responsável Fisher, fazendo aqui ou ali uma observação à margem,
por crimes de guerra, pois fora “constante e coerente na luta ou subliu
nhandp um ponto qualquer, mas quando chegou ao
contra atrocidades”..28 ponto ein
qu? Flçher sugeria & inocência de Schacht nos crimes
do ponto
O centro do problema,, segundo Fisher, consistia na “parte dOIS, ªdd-le calcou duramente ao lado um grande ponto
de inter—
que [Schacht] desempenham na, preparação de guerra”, ou seja, rogaçao, e escreveu “Por que motivo? Se ele preparou
uma guerra,
especificamente, em saber se ajudam o rearmamento da, Alema- de agressão,
, . e: & a:
º“tierra. ocorreu ele e' cul ado como cum
, -
ou sera que se: lªetírgu?”33 , p pllcey
nha, porque em favorável à guerra de agressão, ou porque sabia
dos planos de guerra de agressão.29 Fisher reconheceu que, em— Esse comentário vigoroso, mas um tanto 1313611100,- pode
hora fossem escassos e duvidosos os sinais indicando que favo-= servir
como adequadajntmdução às deliberações sºbre Schac
recem & agressão, havia. melhores fundamentos para considerar ht. Demoís
de agsumlr. & llderança na batalha pela absolvição,
que! soubera que as. forças militares que ajudava a armar seriam no casal de
Doemtz, Blddle, que: se inclinava, pela condenação
usadas para “sustentar um programa, de expansão territorial, pela de Schacht
cºlºcou—se em segunda planas e ãeixou & Parker 0 traba lho dé
ameaça, se possível, mas pela, força, se necessário”. A inteligên— dar o tom das discussões... Numa argumentação
cia de que Schacht dera, provas, e também a grande número de muito bem pen—
sada e? ao que parece, também num memorando, Parke
indicações específicas que recebem de Goering e outros, “0 devem f acent uou
O problema fundamental: fora Schacht um memb
ter tornado consciente”, na opinião de Fisher, “das intenções ro consciente
de um conlmo de guerra de agreSsão, ou não o fora?
agressivas da Alemanha?—ªº Além disso, as declarações de Schach't Na, opinião
de Parkpr, todas as demais considerações eram irrelev
relativas ao momento em que rompem com Hitler não eram 130— antes e a
Cºrte naç .podía escolher um caminho intermediário.
talmente claras ou convincentes. Não apenas suas renúncias e Ou ScÉacht
nao partlclpou do conluio, & se despia de intenção
demissões se escalonaram por um períºdo de seis anos, de 1493“? criminosa sell.
trabalho no rearmamento, caso em que deveria, ser
a 1943, mas prestam assistência ao regime, ao mesmo tempo em absolvido ou
com? membro do conluio, devia ser considerado culpa
que trabalham contra ele. Ainda eram mais íncrimínatórías as do e (forno,
tal ser; sentenciado”, Tendo colocado as alternativas
oportunidades em que Schacht publicamente elogiam Hitler, Pªrker msi-,ou cqmªseus colegas juízes para que eªxtremas
absolvessem o rétí
depois do Anschluss e da. queda, da França, pois. esses elogios pms, em sua opmiao, as provas mostravam que Schac
ocorreram em épocas .em que, segundo Schacht, já se apartam ht não en—
tram ngm “conluio concreto, definido”, e' não “teve
de Hitler, por se opor à guerra de agressão. Fisher concluía que, em mente”
que aqu1lo que fazia. seria usado para guerra de agress
embora, Schacht fosse figura,-chave no rearmamento, não se kett_ conco ão.34 Bir—
rdou com Parker em que a Corte“ devia absolver ou
demonstram que favorecesse & guerra, de agressão, e era muita cast1gar....severamente, mas queria examinar outros
.

provável que se opusesse & ela. A verdadeira culpa de Schacht, fatores en—
quanto buscaxfaãdeterminar & atitude real de Schac
de acordo com Fisher, residia em que, depois de 1936, quando o con- ht. Pertufbava,
o _suplente ]orltaníco o elogio que, de público, Schac
trole das coisas lhe escapam das mãos, ele deixou de “retirar—se”, ht fizera &,
Hltler, depoªs de romper com esse último, mas ponde
& pareceria,” portanto que ele, até 1938 e esse ano inclusive, para rou também
o grªnde numero de provas a, favor de Schacht e o
tícipara de um plano comum para, a prática da, guerra. de agres— fato de que
por fun, ele; se juntam à resistência Biddle queria
são, e deveria ser tido como culpado dos crimes previstos no tempo pará
reexammar as provas, mas sua inclinação, nas prime

ponto um. Por outro lado, o fato de que se “retiram” antes do iras deli-—
beraçoes, era para conçeder ao réu () benefício da
dúvida, devendo
ataque à Polônia levou Fisher & recomendar que a Corte o isen— a Corte, por consegumte, absolverªª

29
295
,
Também Lawrence favorecia & absolvição, mas estava muitº ainda. assim, publicamente, apertou. as mãos do Fúh?”€?ª, depois da.
mais firmemente convencido da inocência de Schach't, El? avez]:— queda da França.. Desse modo, havia. fundamento de culpa, mas
tou o argumento pouco usual de que, embora Schacht nat? esm— este não era muito grande; em qualquer hipótese, observou o juiz
Vesse presente na conferência de Mossbachª & existênma da francês, “o Direito nesse particular é novo” e deve ser aplicado
reunião indicava que não houvera, um reconhecimento geral. 3105 cºm cautela e prudência.. Em vez de absolver, seria, melhor comáe—
planos de Hitler de guerra de agressão entre os líderes alemães,, nar réus como Schacht e Papen, atribuindoulhes penas leves, por
antes de' novembro de 11,937. Todos os que participaram da con— motivos morais. & guisa de conclusão, observou. Donnçdíeu de “Va-—
ferência ficaram “estupefatos” diante do plano de Hitler de ªbres que muito () chocaria o fato de Schacht ser absolvido & Keite]
atacar a Áustria e & Tcheco—Eslováquia, segundº Lawrence, e enforcadaªº
chegava—se à conclusão de que se, de fato, se tªve-ssem çlaborãdo Falco aproximou—se do assunto de maneira, muito mais analí—
planos de guerra de agressão anteriormente, nao havera rar/30335 tica,, e tendia evidentemente & ser muito mais severa com 30h36m,
para que se celebrasse & conferência de Mossbach, A. remoçaº Em sua opmíão, embora Schacht tivesse desejadº que O país se
subseqíiente dos Generais Frítzche e Blomberg dos postgs que rearmasse vagarosamente e evitasse & guerra, ele, como os emma-
ocupavam “tinha aberto os olhos de Schach't, e Ciça—age çntao, se» réus, “acreditou que Hitler lograría seus objetivos sem guerra,”.
gundo pare-cia &. Lawrence, ele trabalham com díllgenma & cºns-— “Ninguém desejava firmemente & guerra, de agress㺔, Observou
tância contra Hitler.,ªª Falco, mas “acreditavam os réus em obter os Objetivos da, Alemam
Sustentou Si?" Geoffrey, na realidade, que, diferentemente nha por todos os meios, inclusive a guerra de agressão”, Entendeu
dos (:s-atras réus, Schacht não em um mfião, mas um banqueiro e, Falco que as boas intenções ãe Schacht eram pouca coisa,, porquê-
por conseguinte, deveria merecer atenção, pois em um “homem. ele nutria, ambições, e “felicitou Hitler” mesmo depois da 0 fim—
de Quaiídadeªíª'f &. mistura que Lawmnce fez às planas ãe atªque chluss ter tomadº evidentes os planºs agmssims dº WiMax Para
e conluiº gem]. pam & guerra nãg em para seus cºlegas fácú de Fama n㺠“tinham muitº pesº a. participaç㺠ãe êxnmânâsâm ªa
aceitar, mas a, defesa da classe sociaí ªe Schacm, de seu siamss Ecºnºmia em conjurações contra. Hitler: 0 suplente fmmcês queria
âeímu Riddle, & presumivelmente: também ºs russºs? de “bºca aberta _ mªâenar & réu, % pazºecía achar que a, esse últimº cabia mais da
Apesar dease espantº, Níkítchenkg reconheceu. que hesitava, que uma, sentença, símbóíicanª
diante de caso de Sehacht, & dºs argumentºs de; Palma: Fºi ]? Essa, lºnga áíscussàe inícial tºmºu. ºs membrºs && Tribunal
tandº consigº mesmº que Nikitchenkº afirmºu sua inclinação mnscíemtes da, pmmmdmme das âivíaões & dº "tamanhº dºg ºbsta—»
para, sustemar & acusaç㺠de conluio & condenar Schacm pelºs mias Que se ºpunham & uma ãecísãa mma sºbre "
pontºs um e dºis., Seu-suplente, Velcmçov, nº entantº, encarava mmm & um íntewam emm, na, sess㺠de m ãe setembrº, para,
& cºndenaç㺠sem quaisqueâf mservass e Bíâdle escreveu em suas trabalhar na veredictº? mag Eggs decmimm que & mmm n㺠seria
notas que o russo parecia ter preparado “todo um livro sobre suficiente, e o caso foi colocado “na fila de esperaªªfª Dois dias mais
Schacht”.ªª O próprio Bíddle hesitava muito e, embora inclinado, tarde, dedicaram amaior parte de suas sessões aos cas-os difíceis, e
coma Birkett—.a condenar Schacht pelos crimes previstos no pontº ºs juízes principiaram & moldar um'veredícto para Schachªc, Par—
dois, ele queria estudar o depoimento & exanúnar as provas? antes ker manifestowse novamente favorável à absolvição, como tam-
de chegar a uma conclusão final. . bém G fez Birkett, que reiterou &. idéia, sugerida anteriormente por
Tendendo Lawrence para a absolvição, e mamªndo—se Niki.» Parker, de que a, única escolha do Tribuna]. consistia, em estabelecer
tchenko e Bíddle para a, condenação, passava a ser centra]. & pom- uma sentença severa, ou absolver. Os juízes franceses, porém, ainda.
síção dos juízes franceses, Donnedieu de Vabres foi, novamente? não aceitavam essas alternativas, e tanto Falco como Donnedíeu
levada por seu coração; isso () impedia de aceitar a dicotomia de Vabresâec-idiram que Schacht deveria, Ser condenado pelos pon—
extremada de Parker. Ele não queria, absolver qualquer dps 1153115, tos um e dois, com uma. sentença simbólica de cinco anos de cár—
pºis era, tão grande o alcance dos crimes nazistas que os; reus, fªma cere. Ainda, uma vez, Falco desejava arraigar essa conclusão na
dependentememe do que tiverem feito, em pessoa”, nao podiam, prova do conhecimento, da, consciência. de Schachtj ou conheci—=
saír limpos de Tribunal.?ªº Schacht contribuíra para o rearmamen— mento e consciêmia presumíveis, quanto» a um plano de guerra de
to &, assinalou Donnedieu de Valores, “todos sabiam” que? quando agressão, e o suplente francês deixou implícito que, mesmº depois
Schacht assumiu seu posto no governo nazista,, era provável. que que Schacht se demitim de suas funções, ainda sabia dos planos
o país seguisse uma política; ofensiva. Embora Schacht houvesse de ataque levados a efeito contra países como a Polônia? ou. po.?
percebido muito cedº que “Hitler estava, cºndenado ao fracassoª, eles "tinha, alguma, responsabilidade. A, Schacht deveria caber uma

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sentença leve, concluiu Falco, mas apenas como resultado de ate— agmas, além do simples desencadeamento da guerra de agressãº.
nuantes, Donnedieu de Vabres não apenas repetiu as conclusões “E poder o que conta em negociações internacionais”, observou?
de Falco, mas justificou sua posição fazendo seu O retrato de acrescentando que aquilo “podia, não ser uma consideração estrita—-
Schacht como oportunista, que Falco traçam. Não via em Schacht mente moral” ou “utópica”, mas que não deixava por isso de ser
um homem que perdera o lugar em razão de princípios, mas aí- %ráadªra. Schacht podia ter apenas desejado reforçar a mãe de
guém que morria de inveja, de Goering. Disse que Schach't em seu; mas em negociações internacionais; & ªlemanha alimentava
astuto o bastante para compreender que Hitler fracassaria, e por O sentimento, “provavelmente equivocado”, de ter sido ínjustíçada;
isso se tinha, retirado doª“ governo; se, por algum milagre, Hitler mesmo que e sentimento fosse injustificado, ele existirá, Na época,,
í-ograsse êxito, “Schacht não ficaria aborrecíc'ifaª'ª.43 acrescentou o inglês com um. olhar em direção aos norte—american
No meio dessa discussão, Riddle, quase sem as pessoas perce« nos, sustentava—se em muitos círculos distantes da “Alemanha a
berem, introduziu. a, conclusão a, que havia chegado depois de ree— opinião de que esta sofrera, uma injustiça, incluaive nos Estados
xaminar o caso. Decídíra mudar de posição; e condenar, como Unidos. Em tais circunstâncias, não seria justo condenar Schacht
sugeríra Fisher em seu memorando, pelos crimes previstos no pon—» sem prova, clara de que ele tinha, em mente a, agressão, e não bas—
to um (conluio geral), mas não condenar por planejamento QS“ taria qualquer argumento de que fora, negligente na avaliação dºs
pecífíco de guerra., conforme o ponto dois. Com referência a uma objetivos de Hitler., Para, comprovar a participação num conluio?
sentença para Schacht, Riddle optam finalmente pela, prisão per-=— era necessário provar a intenção e, segundo O critério de Lawrence;
pétua, sentença muito mais severa do que a que parecia implícita, esta não se comprovara.48
em suas hesitações iniciais. Ele tinha, evidentemente, levado a, Sé- Essa, exposição levou Donnedieu de Valores a voltar a, refletir, e
rio a, análise de Parker e a. conclusão de que não havia, caminho ele recuou, evidentemente, de sua sugest㺠de que a Corte conde»
médio em,?e as alternativas extremaáas; “tendº decmide que nasse Schacm & m anºs. Para conquistar—«lhe 0 vºto? Nikitchenko
Schacht em culpadº âe participar num amplº cºmiam pam guerra.. & Bidâíe foram fºrçados a descer até “um permâa de ºitº ªnos ãe
de agressão? estava preparadº & que 0 Ééll fosse aura-nente casª prisãº? cºm fundamemo ma cºndenaç㺠apenas pelo pºmº zelamm
tigadwª Embºra Nikítchemkº amem, mãe hºuvesse exprimiâe sua, & cºm-aiº, Acrescentºuwse um “traçº singular & esse veredícmy pºis
ºpinião fim.]. quamtº aº msm parece têmio delíciaẠ”& pºstura mm & mm especificºu que seria, desmªmª da sentença, e “tempº que
assumida por Riddle, e num recessº prºcurºu O morte—americamº Schacm já, serviram Não apenas seria, camªda & seu favor e “tempº
para, saber 0 quanfw este pensava, que OS áoís deveriam “abater dº áumme % qual estivem sob custódia dºs Mimºs? mas também rem
âermº de pris㺔 para, angariar o necessáriº Éemeim wmª Bidme mmm crédito pela sentença ãe 16 meses gamª previamente? pas—==—
recomendou. que ºs dois “sugerissem um prazº ªum” cºmo pm» sam sºb custóáia ªas SS e da Gestapº& Houvesse sidº & semtença,
posta, ªe meio-«termo, & “vissem Em que mem mmm aamaªiªª _ mantida? Schaeht teria cumpridº pena de menos ãe seis anesºªº
Antes que Nikitchenkº tivesse Opºrmmdaâe de ler seu Sumáriº Mas lºgº que a Corte chegou. a essa decisão, entraram em açãº
do caso, e dar os., motivos por que julgava apropriada uma senten= ª forças para solapá—Ia, Passou—se o resto da tarde de 12 de setembrº
ça severa,, Donnedieu de Vabres tomou a palavra," para dizer que em discussões decisórias dos cas-os de Papen e de Fritzsche, tendo
sua opinião sofrera, uma. mudança e que estaria de acordo em que ' ambos terminado em absolvições. No primeirº dos dois casos, Don-=—
se acrescentassem 10 anos à, sentençafª Depois de discutir 213 pro-»» nedieu ”de Vabres votou. a, favor da, condenação e de uma sentença.,
vas, Nikitchenko, como. era de prever, pediu a condenação pelos de prisao por prazo curto, mas, depois que Paper]. foi absolvido pela
pontos um e dois, e uma, sentença de prisão perpétua, embora voto dos outros três juízes, decidiu ele absolver Fritzsche. Na ma—
possa também ter indicado sua disposição de aceitar uma, sentença, nhã seguinte, 13 de setembro, antes de uma sessão que, em princí—
mais leve. Volchkov fez eco ao que dissera, () “titular soviético, mas - pio, seria,,dedicada- às organizações criminosas, Lawrence tomou.
então acrescentou a idéia surpreendente de que a Corte deveria Bida]? pelo braço e disse—lhe que Donnedíeu de Vabres mudam de
ter em conta & avançada idade de Schacht “ao decidir qual seria. opiniao quanto & Schach't e queria, que o casº fosse reaberto, para.
a sentença”? que ele pudesse votar a favor da. 3305013732a;ão.50 Riddle, compreenden—
Lawrence, cujo compromisso com a absolviç㺠não se abalam do que estava perdida a. causa, que defendem, demonstrou em seu
diante das posições tomadas. pelos outros juízes titulares, argu— caderno de notas curiosidade sobre o que os britânicos “tinham feitº
mentou vigorosamente com fundamentº nas realidades da. política com Donnedieu de Vabres, e, apesar dos protestos de imocência cie
internacional de poder., Não bastava () fato do rearmamento para. franceses e britânicos, Biddle nunca ahandonou &, idéia de que
condenar, insistiu Lawrence, pois havia outros possíveis usos para Lawrence persuadim o francês a, mudar de posição., Abrindo—se &

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sessão, e dando—se & paíavra &, Donnedíeu de Vabres, exphceu este, absºlvição, foi sua, ameaça, de divergir publicamente do processo
de forma bas'óante razoável, suas ações. Declar0u_ que, quanªo jm— utilizado por Donnedíeu de Va'bres para, mudar de “opini㺠que
tara &, favor da, condenação de Schacht, presumlra que os gumes enraiveceu os outros juízes. O juiz francês protestou ”“Cºntra, quai»-
quer ato desse tipo, pois sentia que atuam com franqueza. e sem
fossem condenar todos os réus (isso constituía, pelo menos., um
exagero, pois as discussões preliminares tinham. demonstradº que hipocrisia, e que merecia, em retribuição, que se guardasse silêncio
tanto Paper). como Frítzsche seriam provavelmente absolwdqsr). profissional. Birkett apoiou-0 caiorosamente, e disse que nenhuma
Comº os juízes tínhanª concedido & hberdade a. Papen e & Futa- divergência, deveria incluir crítica a um outro juiz.. Foi Riddle, no
scheg prosseguiu Dlonnedíeu de Valores, em forçado % rec-çnhaçer entanto, que conseguiu atingir o ponto mais alto na discussão. Em—
que, no fundo, julgava Schacht menos culpªdo que Papen, agmm, bora. ele próprio hesitasse mais tarde quanto à pºssibilidade de di-
vergir no caso de Schacht, nessa sessão instou os soviéticos Vigo-
por uma questão de eqúidade, em necessarm absolvçr tambãm _o
primeiro desses dois réus. Dessa forma;, estabelecerª—5643, uma
.um- msamente & não divergir, logrando conseguir de Nikitchenko uma
promessa, de que nada faria até haver lido os sumários da Decisão
dade de julgamento”, cabendo aos tres menos culpados. o mesmo
fmz—aí, em processo de preparação, sobre todos os réus. Biddle mos-
tratamento. A essa alegação sensata, e a seu reconhemmenm de
- trou—se eloquente quanto à importância ,de manter confidencial. &
que o tinham impressionado as opiniões de seus colegas, Damªge
dieu de Valores adicion ou duas explicações um tantº blzarm g. Maff— deliberação dos juízes e aconselhou os colegas a lembrar que as
mou não ser adequado atribuir & Schach't umaº semtençaccde gas discussões tinham caráter privado, não eram para ser publicadas?
& oitº anºs, pºis o Tribunal não fora estabelemdo para aphçar e que “os juízes nunca deveriam fazer referência, a qualquer coi—
sentenças leves”. Em o mesmo argumento a que hmmm reçqrmdo sa.. . . que não se encontrasse nos autos do julgamento —— jamais
Parker, Lawrence & Birkett, e que Donnedleu dg :Vabres Ilejeltara, deveriam contar o que se passam em sessões secretasªªP—º' Apesar
nas primeiras discussõeg, Da mesma fgrma, O juiz frances, nessa dessas observações cheias de zelo profissional, Riddle continuou a,
ocasíãa, adotou a fórmula de círcunstaglcms atengantesguªe 3701: manter um registro das sessões de deliberações secretas, e mais
chkov empregam anteriormente, e, exphcou que nao pecha agºcal tarde publicou relatos do caso Schacht e de outros casos.
com a. responsabilidade de impor uma sentença a, um homem ído- Embora, as declarações de Bíddle e seu comportamento poste-—
so”.51 No momento em que foi absolvidào, Schacht coxxtava. 69031103 rior nos causem espanto, não modificaram os resultados do caso.:
de idade, enomanto Neumth, que foi condenado, ja, atmglm & Schacht foi absolvido dos crimes constantes dos dois pontos --—-- e
idade de! "73. permanece conosco o problema de saber se essa. decisão foi ou não
çao?
Depois de Donnedíeu de Vabres ter fornecídp sua explica foi acertada. Nada que se possa dizer quanto ao caso apagará.
discuss ão acrímoni-osa, quase mlvosa , que durou completamente a impressão de que foi algº como um jogo deci—
seguiu.—se uma
de
mais de uma, hora., Parker e Lawrence acorreram erª defesa sivo em pleno Tribunal. Contudo, de alguma, forma, o Tribunal
efusiva s demon straçee s de apt—e—
Donnedieu de Va'bres e, em. meio & parece ter alcançado uma fórmula que continha as conseqúências
tao
ço e de que sentiam orgulho de estar gssqcíagidog “a;”umo hgnçem menas perniciosas para. 0 futuro. Fora um erro bem gran-de & deci—
corajos a garantir am—lh e que exprlm lra & opmlao Jurgdlc a cor— s㺠da promotoria norte—americana de retirar Schacht de um
reta.”. Riddle, por outro lado, acusou-0 de senmmentahsnlq? (ae campo de concentração e colocá—lo em julgamento; aumentou esse
recorrer a, “seu terno coração, em vez de recorrer ao esplrrto . err-o & fraqueza da. acusação da promotoria contra ele. Em compan
de
Biddle também afirmou que em “chocante” dízex: que a _sorte ração com os culpados de assassinatos em massa e com os gover—
teus, N:.kltc ªenko
Schacht fora determinada pela. sorte dos outros nadºres brutais dos territórios conquistados que figuravam entre
de
foi. ainda. mais longe nas críticas,, asseverando que Dopnedleyu os réus, Schacht parecia uma pessoa relativamente "boa e inocente,
mente , e que não levam em consad eraçao ªs Sua absolvição-- foi,—'por “conseguinte, resultado direto da decisão
Vabres atuava injusta
,
provas. Tão aborrecido estava o juiz russo que aílrmou eme podena norte—americana de sublinhar as ações do regime anteriores à, guer—
para, tanto () mgtqfig que
divergir, e mencionar como fundamento ra,, e de procurar atingi-las por meio de uma acusação de grande
usam Donnedíeu de Vabres para chegar “a tal conclusao .º conluio. A altura de 1946, parecia haver todo um mundo de dife—
Com ease wmentárío, &, discussão subiu um. degrau pa escala. rença.. entre denunciar o Tratado de "Versalhes e dirigir o campo
&
da controvérsia e da censura,. Embora Nikítchenlfgo coqtmuªssq de extermínio de Auschwitz.. Mesmo hoje em dia, os historiadores
confessar que examin am & possibil idade de pubhca r dªverge ncms teriam muita dificuldade em demonstrar que havia firmes ligações
nesse e em outros casos, e poderia mesmo atacar p glstçrpa
me» de causa e efeito entre as fases principais e os acontecimentos mais
diante 0 qual um impasse de dois votos contra dom Slgmflcava. & significativos do Terceiro Reich. É certo que as provas da proxima

301
. 300
teria que pretendiam demonstrar que tudo que acontecera entre chal—de—Campo Pau]. von Hindenburg, Papen logrou. representar um
1933 e 1945 faZía, de alguma forma parte de um conluio eram de papel destacado nos assuntos de seu país, por dois ou três anos.
uma, fraqueza ridícula e, como a. divergência, soviética sem quarer Ocupou, por um tempo, a chefia do Conselho de MiniStros e, em—
revelou, não em muito mais forte a parte do caso em que se inten— bora ap01ado_ pelo presidente, não contava com mais que uma
tava, demonstrar que Schacht conhecia um planº de expansão mi— margem mímma de apoio no Reichstag. Depois que caiu da posi—
litar, Não havia qualquer prova sólida, direta; tudo que os sovié— çao da? chªnceler, desempenhou Paper:. um papel significativo nas
ticos podiam buscar em p fato de que Schacht em o tipo clássico maqumaçoes políticas de fins de 1932 e inícios de 1933, que cul-
do capitalista mau, con“? aspectos sinistros que se ligavam a seu mmgmm com a. nomeação de Hitler para a chefia do Conselho de
nome e reputação. Ele era esperto, cínico, opºrtunista; das circuns— Mmlstros. Como parte das negociações que levaram Hitler ao po—
tâncias, depreendia-se que deveria ter tido consciência do que se der, Papen foi nome-ado vice—chanceler, e permaneceu no posto.
passava na, Alemanha. Mas o que. se passou em Nuremberg foi um flrman-do leis detestáveis e pronunciando os necegsáríos àiscursos
julgamento, não um exercício de veredicto & ser dado pela opinião idólatras sobre o F-éihrer, até o meio do verão de 1934.
pública. Parece seguro dizer que, com. uma acusação de conluio A despeito de toda a sua flexibilidade cínica, Papen não era
fundamentada em provas comparáveis, nunca um caso desse tipo um namsta, mas um dos aristocratas alemães que pensavam poder
chegaria a um tribunal dos Estados Unidos nos nossos dias. controlar os nazistas e tirar, no negócio, todo 0 possível proveito.
Qpando se tornou claro mesmo para Papen que ninguém dirigirªm
Não resultou em muita diferença prática o fato de Senra-chi: Hltler mediante manobras de bastidores, 0 Vice—chanceler parece
ter sido absolvido, em vez de sentenciado a seis anos de prisão -———- ter ficado alarmado. Por isso, pronunciou um discurso público em
talvez nem mesmo para, Schacht, que enfrentou dificuldades com Marburg, em junho de 1934, denunciando ºs excessos ão regime.,
as autoridades alemãs, depois que o deixaram partir da Tribuna]. Mªs, com sua compreensão usualmente nebulosa das forças da blªu—-
de Nuremberg. A. condenação teria sido mais popular, na época,, tahdade de massa, Paper:. deu um jeito de formular seu protesto
junto à opinião pública e a imprensa, mas qual “teria, sido & opi— apenas duas semanas antes de Himmler e Goeríng levarem. & efei—
ni㺠dos obaervadores, depois de alguns anos que lhes permitissem to () Eãçgurgo Sangrento de 30 de junho de 1934, Nessa, oportuni—
acalmar as emoções & aguçar & visão? Só poderia. ser Vista como dade, nao apenas foi. “varrida & liderança das SA., mas as SS & a,
mais um passo no caminho do fanatismo de massa e da vingança Gestapo cºbraram muitas cºntas velhas e novas. Papen, fecolhen—
cega,. De modo como as coisas se passaram, vivemos num mundo do sua, dignidade de Vice—chanceler, foi forçado & dobrar—se à prisão
em que foi possível para Hjalmar Horace GreeleySchacht ser ab—
damicilíar, enquanto ºs carrascos nazistas líquidammulhe os aum-»
solvido por uma corte inimiga, e isso talvez não seja, mau; sinal no Mares“ e assistentes, tomando O cuidado de certificar—se de que ex—
que diz respeito à capacidade de sobrevivência, que têm OS mêm- termmavam aqueles que “tinham contribuído para preparar () dinª
bms da raça, humana.
curso de pmtestº de Marburg. .
Bítler, por fim, entrou no assunto, libertou Papen e, depois de
FRANZ VON PÁPEN
escova-10, colacou-o de volta em sua cadeira de Vice—chanceler. Pa-
pem decidiu então que o silêncio em 0- que lhe cabia de melhor, e
Embora seja difícil aeredítar, & reputação de Pap—enem, pior
Qemítâu-se do posto para assumir a Embaixada da Alemanha, na
que a de Schacm, especialmente nos Estados Unidºs. Não que aí—
Amºstra. Permaneceu em Viena perto de quatro anos, trabalhando
guém o encarasge cºmo um líder nazista típico, pois em hºmem
dmgentemente para promover 0 Anscmuss, até ser chamado de
muito mundano e aristocrático para que o confundissem cºm a
vºlta às Vésperas da “marcha. das Flores”, em 19385 quando o Exér—
massa dos camisas-pardas. Como Schacht, Papen era conhecido
cngo alemãº. absorveu & Vizinha, Austria. Um anº mais tarde, Papen
como intrigante e opartunísta, um talentoso diplomata que recor—
f01 designado embaixador na, Turquia, país neutro, e. Ioga o cerca—
ria, aOS meios mais excusos para promover seus próprios interegses
ram os inevitáveis rumores de que transformam a Embaixada da
e os do nacionalismo alemão extremada Durante a I Guerra Mun—
Alemanha, num centrº maciço de espionagem e sabotagem.
dial, ele fora o adido militar alemão em Washington, onde & ím-
prensa e o público logo o culparam de sabotagem e espionagem, Eapen' fºi uma das primeiras personagens 'do Terceiro Reich
declarando—0 então o governo dos Estados Unidos persona nm & canª nas. maos dos aliados, tendo sido colhido no lugar ao qual
grata. Voltou à tona nos primeiros anos da. década de 30, nas se reçolhera, na Alemanha, Ocidental, durante a ofensiva, angio—
intrigas bizantinas que acompanharam a morte da, República de gmemcana de abril de 1945, Nos interrogatórios iniciais, Papen
Weimar. Conseguindo as boas graças de velho presidente, Mare- Jogou com a possibilidade de que fosse capaz de arranjar uma ren.—

302 303
cuidado dg acentuaª gªªrª? . ultrapassado o Anschluss, 0 nome de Papen saiu de consideração,
dit-ção alemã, mas, sempre tomou o
ªgacªlslsjâsrsàerªss intrigas de e sumiu nos bastidores quando foram atingidos os- pontos centrais
faria até que se esclaâ'ecesse seiªL Sªtª“; ,,
do criminoso e guerra.
_ da guerra de: agressão e das atrocidades de massa. No restante
" nos nª ;Hªggªfãaâleríl
-ame mca do processo, Papen buscou esconder—se tanto quanto possível,
ªªª-Ã, no entanto, e os militares. norte unen ô interessª:, mas seu anonimato sofria & constante ameaça da. personali-dade
que ele prop
qualquer interesse em Jogar () Jogo pçqu tava abalaí de seu advogado. Esse advogado, Egon Kubuschok, não fora, ao
anha . apre sent ava
capitulação formal da, Alem e es fte como
o, o reglm que tudo indica, recomendado por Sch—acht, mas nem por isso
em meados de 1945, pois de qualquer mod sªatomento
upar—se com suíe Papen deixava de mostrar-se encantado com ele; no parecer da :1 |

(10.55 Mas Papen tinha, fazão em preoc ]?c () tinha,.


que, 11%
criminoso de guerra, pois em: qmiagorte Gue
Corte, porém, era um homem insuportavelmente aborrecido. No
rra rªlad e 1944 mas curso do julgamento Birkett logrou alcançar estilísticamente seus
I

longe estava dedecidida. 0 Mlmstemo. da


guerra de ?,m , ca, tura pontos mais altos nas notas que tomava sobre o advogado de
incluído em sua lista de crimmogog de oªSÍ' vã réu
0 1m1tgraêª UIP mes apos Papen, criticando—0.60
0 Ministério do Exterior não
seu nome cpmf) 1; mas nin——
de Papen, 0 General Donovan. sugeriu. Em 19 de junho, Bíddle colocou no papel]. comentários que
apglo-amçmççmª Émbora os
durante as conversações prehmmares resumíam alguns dos símbolos favoráveis e desfavoráveis que
guém cia encarar com íplãlto
pare eªãu âªaãªâl ª),3233219 guerra. do já. não se podiam separar do nome de Papen. Em primeiro lugar,
h essem que ,ha—
homens que preparavam & .IS & ger eles -
como-« aristocrata de Filadélfia, que era, observou ter ouvido dizer
1945, 36501 11032
Ministério do Exterior, em Junho de para que que Papefn “fora, no passado, o melhor cavaleiro e caçador da
- provavelmente ªªgçande dose de Pres㪺l Sº e fragmentária
“arena A].entrtm'lhaª'"'.,81 Logo depois desse comentário correto”, acrescentou
carrelra pªga, _ ele. não foi
íncluíssem Papen, decidxram quze sua de uer-
Biddle que “Papen parece uma raposa,” -—--— qualificativo que feria
tomaria muito difícil condena,-10. Em mpm o_ongequçnçla, duplamente um cavaleiro político da classe mais alta..62 No en—
“prm s cmm mos os g
i o na lista britânica, dos 10 CÉIÍ ÉÉÉ ÍÉÍÉ tantº, Papen em auxiliado por sua, educação, e Biddle classificou
icana de 16, ambas
ªçâuncâm o foi na, lista, norte—amer ãâ à; crim inos os de excelente o apelo final formulado pelo (ex—embaixador alemão
ªaãlçáeãe
em fins de junho.58 Novamente coube ªogâ ,. “
na, Áustria. A circunstância de Papen ter tido bas-“tante coragem
- a em entre os réus, acrescem & _ —- para fazer um protesto público em Marburg contra os excessos
trº Pºtencms em
gªlo gããr fa,pn o curso das discussões entre as Qua do nazismo parece— tê-lo ajudado ainda. mais, pois Biddle quali—
a este de 194.5. . . ficºu—& de “Muito importante”, tomando O cuidado de sublinhar
ção como grande fãlftpmiçàsêíàg; essa, observação.ªª
E; Uma Vez resolvida, sua qualificª
ca de escapar (ªe b 130162111 con-?-
guerra, Papen, que “tinha, muita: pmh Durante as discussões que o Tribunal travou sobre a questãº
se. Em_ 03 11 afir—se inti»
»entrou a trabalhar, buscanqp mocentar- do conluio geral, perturbou Bíddle & possibilidade de que uma
onst rou s1na1ís 1 e sem Schacht
versa. com o Major Neave, na? dem ., “definição limitada do termo permitisse & Pape-n escapar, e Fisher,
go em que" pude sse .ª ar;—%inístro dá ""ao preparar () memorando inicial sobre o vice—chanceler, enfren—
miríade, e solicitou uma ocas1 o e ra conseguir
pois chegou acertadamente & conclusao de que ªa "comum dos tou a. mesma dificuldade-.ªº Papen só foi. acusado dos crimes. pre-
podería, conhecer melhor os carxª mhos vistos nos pontos um e dois, e eram muito frágeis, na. realidade,
Economia & ões es—
rpatena pm af
um bom advogado de defesa do que & a gn Omà oçcllm en— os filamentos legais que ligavam suas ações às sanções criminais
no banco dos réus. Papen tambem quem
nazístas da Carta. Fisher chegou à conclusão de que nada havia que
çguílr ?estemun 35116108 59
pecííicas quanto à, maneira. de cons de secre & .,
ligasse o réu a crimes de guerra ou atrocidades, qualquer que] fosse
sten01a
tos de defesa, e pediu mesmo & ass1 a definição de conluio aque, finalmente, recorresse & Corte, e não
nto, a ef1caícxa;B (É, gªgª? havia senão...coisas-- sem'impOrtâncía, ligando—0 aos Crimes contra
Nas primeiras semanas do julgame
fo1 ensombrada, pe au esogre ele“ a, Paz, tais como previstos no ponto dois.. Desde o início do exame
pela Qual ele trat ou de seu caso
que despengconºs na, deº:— do assunto, portanto, Fisher supôs que todo O processo contra
de acusações e incidentes embaraçosos nortejame1%ca 015750 apás Papen dependia da possibilidade de que tivessepartícípado num
dos_
Papen foi um dos alvos Íavomtos
exis tênc ia de um (30111 1119 .ngmstab m p ro resse conluio, quando empenhado em manipulações políticas, de 1932
monstração da
na mma]. sg rel o ep 9% que a 1934, ou mais tarde, quando servia como embaixador em Viena,
ponto da, exposição norte.-amenca
te, sem escrupu oªsafbilidades Quanto ao primeiro desses dois pontos, Fisher salientou o papel.
nazista, aparecia Pape-n, msmuan
o encargo de respo entanto e importante que Papen representam na obtenção do poder pelos
parecia, sempre disposto & assumgr , no , nazistas e observou também que o réu possuía todos os elementos
Com o prossegmmento do caso
aesagradàveis.

304:
"' 305
para compreender o que “representavam” os nazistas.65 Contudo, A evidente hesitação quanto à culpabilidade de Papen, msg—3
Fisher mostrou—se surpreendentemente compreensivo no que diz mi.-festa nesse memorando, apareceu ainda mais Visivelmente na
respeito às condições em que Papen se encontrara nos primeiros primeira. sessão deliberativa da Corte, em 6 de setembro. Os três
anos da década de 30, acentuando que “se ímpunham medidas juízes. anglo—americanos (Birkett encontrava,—se ausente, traba—
drásticas” e concluindo que o “regime militar” era a “única lhando, ao que se prqsume, no texto da, Decisão final) declara——
alternativa” para, alguma forma de coalizão nací0313131151;a—nazisªlza.66 ram-se todos favoravels & absolvição. Biddle pediu um veredicto
Não foram assim tão más as notas que () Pro-fessor Fisher atribuiu de inpcêfncia nos dois pontos, porque a anexação da, Áustria nãº
ao réu. Papen por ter contribuído para colocar Hitler no. poder. constltma guerra, mmto menos guerra de agressão, e & definicão .
Pondo de um lado o discurso de Marburg, e de outro os elogios limitada de conluio que o Tribunal adotam restringia—se ao pla“—
que Papen fizera & Hitler, depois do Expurgo Sangrento, Fisher riçjamento específico da, guerra, não permitindo na opinião de
concedeu & Paper]. uma margem favorável nas declarações pú— Blddle, que .se considerasse o réu culpada dos crimes do ponto
blicas do réu em 1933-34. Embora. o memorando não tratasse um. Parker concordou com o juiz titular de sua delegação e Obª
diretamente da, questão, deixava, a idéia de que não se deviam. servou_ que nada), havia na missão desempenhada por Paãen na.
considerar como parte de um conluio as primeiras atividades de Turgma que 0 mcríminasse, e' que, embora houvesse o réu.
re—
Papa, qualquer que fosse a definição de conluio & que, em última, COITIdO & “truques e & fraudes” em Viena, isso não em ilegal.,
análise, chegasse o 'l'ª'rííouna]..67 pois nao recorrem à força nem ameaçam a ela recorrer., Não cabia
ao 'Ijribun'al, na, opinião de Parker, castigar Papen por ter sidº
Fisher tratou. de. maneira, muito mais completa, os anos que
Papén passam em Viena, poís achou que o parecer final, do caso conmdemdo persona non grata nos Estados Unidos; o suplen

dependeria “quase inteiramente” de que O Tribunal julgasse norçejaemericano foi ao ponto de defender &, íembamçadom dis—:
pombmdade de Papen, homem para mais de um servico dizendo
quanto ao que ocorrera na, Áustria... Contudo, o problema central
em simples, pois, não havendo prova, de que Papen soubesse que se? devçr “do cidadão servir” seu governo?0 Lawre-nceº fepetiu à,
ajfgmatwa de Parker de que Papen n㺠em culpado de qualqu
() Anschluss representava apenas um passo num planº maior de e?
cume “que se pudesse dizer houvesse praticado em seus
guerra de agressão, sua, culpa ou inocência. dependia de decidir-se anos de
Turqum, e também se mostrou pronto & isentá—lo de respons
se ele compreendia que () Anschluss seria alcançado por meios abi—
agressivos, uma vez que outros métodos fracassassem. Fisher lidade por seus anos víenenses. Embora Lawrence entendesse
que-
o Anschluss e as guerras subseqúen'tes estavam “estrate
rastreou os quatro anos de atividade diplomática de Papen em gica—
mente relacionados”, acentuou que! Papen fora demit
Viena. e, em geral, rejeitou as afirmações. que o réu fazia de com— ido antes
do Anschluss,_ e que, portanto, nada, tinha. a ver com a união
pleta inocência.. Como embaixador, Papen estivera em estreito pela
força, dos 01013 países, O argumento era forçado, mas
contato com os nazistas austríacos e se metem numa multipli— Lawªrence
parece ter sidº sincero, e votou a favor da absolvição
cidade de intrigas. Não obstante, Fisher concluiu haver poucas nos dºis
provas que denotassem que o réu tinha, em mente o recurso à,
pontos.” ' ' . .
forçafª Papen e quase todos os outros alemães de eminência _Os ses irancçses, nessa primeira, sessão, demonstrar
minto menps Slmpatla para com Papen do que os am
favoreciam o Anschluss; o embaixador, porém, toma-ra & inicia.—» ingleses. ou
tiva adicional. de trabalhar em favor da reunião dos dois países, norçe—amerlcanos. Embora, tanto Falco como Donnedíeu
de Valores
Cruciais eram as circunstâncias em que isso ocorrerazj de quando. p_edlssem que'o réu fosse absolvido dos crimes do ponto
um qUe—-
em quando, Hitler ameaçava os austríacos, exibindo o sabre, e nam condena-10 pelos do ponto dois. Conquanto reconh
êcesse
Fisher salientou que Papen, melhor que qualquer um, devia saber que se _tyatava de. questão “delicada” e que“ em“ “pequena”
& res—ª'
que, quando Hitler ameaçava, as coisas realmente aconteciamª popsablhdade- -de---Papen,“ Falco queria condená—lo porque
contri-º
Por conseguinte, o assistente legal norte—americano chegou. à bmra para a ascensão de Hitler ao poder, e estivera “ligad
o” ao?
conclusão de que, mesmo sem prova, específica. de que Papen Anschluss, () primeiro ato de agressão que Hitler praticam.
Para;
aprovam o recurso à força, ele pacificamente “seqíiestram” &, chega; Ǫ essa. conclusão, Falco teve de executar ginásticas
de'
Áustria, entendendo, estava implícito, que a. força, seria usada racmcamo, colocando “ato agressivo” no ligar de: guerra
de'
em caso de necessidade. Isso, na opinião de Fisher, era o bastante; aggessao? & defendendo também que Papen fosse punido por
au—o'
o réu participam das manobras de Hitler “consciente do que im— mha): Hltler em 1933, embora isso precedessel, pelo menos
em
plicavam”, e portanto parecia culpado dos crimes previstos no quatro anos, qualquer dos crimes que a Corte concordam em
ponto um.69 conmderar puníveis. Ao final de sua declaração, Falco procuro
u?
306
307
tornar aceitáveis suas idéias, acentuando que não cabia & Papen “acompanham Hitler passo a passo”, e portanto merecia uma
ser condenado a mais que a uma sentença moderada.” O sentença branda. Donnedíeu de Vabres recorreu a um monte de
que Falco . declarou indiretamente, Donnedieu de Valores apre— fatog pouco verdadeiros 'e pouco relevantes para chegar à con——
sentºu com franqueza, e sem envergonhar—se. O juiz titular clus_a.o* de, qge Papen merecia castigo, mas castigo leve-.
Em
francês entendeu que, quaisquer que fossem os aspectos especí— apelo & opmlao de que Papen era. mais culpado que Schacht, citou
ficos das provas ou das definições dos crimes, ali se achava. & ele alguns comentários duros feitos por um jornalista espanhol
Corte para “aplicar & mpral” e, como Papen era,. uma “criatura ao tçmpo em que Papen era embaixador na Turquia, mas pms—-
corruptora”, que espalham sua “imoralidade” e seus “artifícios” segmu aprçsgntando uma espantosa mistura da carreira. de Papen
desde os Estados Unidos até Viena, tinha de ser condenado- com & posaçao que a Corte tinha tomado com relação & conluio
Auxiliara & causa nazista por meio de sua enganadora diplomacia, colocando'no topo de tudo isso a afirmação errônea'de que Paper;
e, em pontos cruciais, era ainda mais culpado que Schacht; re- passara vamos ªnos num campo de comcenªnaraçê'm.75 No cursº
desse
presentam um papel mais importante que Schacht na ascensão debate, Donnedle'u de 'Vabres disse que Schacht fora consid
erado
de Hitler ao poder, e, nos fins da década de 30, quando Schacht culpado apenas para efeitos das atas _ “uma questão de
curiosi-
se retiram, Papen continuou a passar de posto em posto.. Embora dade”, como disse, enigmaticamente —— e esse cºmentáriº
jun-
Donne-diem de Valores houvesse rejeitado & idéia geral de conluio, tamçnte com outros pedaços de ínformaçãa que apareceram
aqui
queria pegar Papen nas malhas da lei como cúmplice nos prepa— e ah_, sugerem que o espírito do juiz francês concentram—
se Dri-
rativos de guerras de agressão, e terminou sua peroração com marlamente no caso de Schacht, e que estava reexa
minandê ()
uma pergunta retórica: “Para que mais estamos aqui, a não ser voto quç dera em favor daquela (:()rmlenacãa.,76 Em qualqu
er casa
para colocar a moral no domínio do Direito Internacional?“ Donnedleu de Vabres concluiu seus comeàtárms quant
o &, Paiva;
com ,um apelo apaixonado de que os juízes evitass
No dia, seguinte, quando se reenceitou & discussão da, primeira. em a prâisãn
perpejtua, pois tal ato “deixaria () mundo boquiaber
fase,. Nikitchenko roubou os argumentos dos franceses e os repe— to”? Cºmo
“pamela, haver apenas uma possibilidade remota
tiu, embora, acentuando principalmente as ações de Papen nos de qUe Faper n
primeims anos da década de 30. A captura, «do poder pelos nazistas fosse sequer condenado, é difícil levar a sério qualq
uer parte
“com a, intenção de prática de guerra de agressão” é que constituíra dessa exposição..
o crime central, segundo Nikitchenko, e cabia, &, Papen pesada Parga" aproveitou a oportunidade que lhe ofereceram
as
responsabilidade por ter permitido que isso acontecesse. Embora opseçªvaçoe-s de Donnedieu de Valores para assinalar que &
refe—
Volchkov sustentasse 0 que dissera o colega, _os que desejavam & rencm as alegações de má conduta de Papen na Turqu
ia mos—
condenaç㺠se tinham tornado menos substantivos; entrega.— travam como era perigosa uma definição frouxa de conluio, pois
Vam—se cada vez mais à propagamda.,M Nem os russos, nem os a, promotoria declaram especificamente que nada havia,, em ma—
franceses foram capazes de apresentar 'uma argumentação fun— tema de processo, contra Pape—n referente à missão que desem—
damentada em provas em- sentido contrário ao“ raciocínio que penhará], naquele país.. Depois disso, Parker e Biddle limitaram—se
Bíddle & Lawrence tinham proposto em favor da, absolvição, & & rçpetlr os argumentos que haviam formulado antes, e a eles
se a situação não fosse modificada por algo de radical,, era ine- se juntou Birkett, o qual também afirmou que, embora o -
vitável que Papen fosse julgado inocente, por causa de um. Anschlugs tivesse sido um ato agressivo, não se tratam de guerra.
impasse de dois votos contra dois. - Cçmo nao havia provas de: que Papen desejam recorrer à fºrça,
Em 12 de setembro, a Corte deliberou, em caráter final, sobre Blrkett, Parker e Bid-tile concluíram que nada havia. a fazer senãá
Papen, & todos os participantes reassumiram suas posições ini.— engolir & antipatia pelo réu e votar a favor da absolviçEm.73
cíais eas levaram até o fim. Em conseqúência, o único resultado . OS.-gslqvíétícos"deploraram () sentido que estavam tomancâo &
possível em a absolvição, pois Biddle e Lawrence &, favoreciam? epsçussao e o provável voto e observaram que, quandº a Cºrte
enquanto Donnedieu de Vabres e Nikitchenko queriam condenar hmltam o conceito de conluio, o resultado parecem consistir em
.o réu, A discussão que ocorreu nessa sessão apresenta assim ínte— que tqda & acusação de conluio fora elímfmada.“ª'9 Numa última
resse, principalmente pelo que revela, quanto às atitudes dos tentatwa de salvar alguma coisa, os soviéticos declararam estar
diferentes juízes. Falco favoreceu uma condenação e uma. sen- prontos_ a abandonar a “punição suprema”, e sugeriram que se
tença de cinco anos, com fundamento em que 0 caso de Papen sentepmasse Papen % 10 anos de prisão..80 Mas não havia manei
ra
era, o mesmo que; o de Schacht. Embora não se tivesse retirada de ewtar & apsolvíçao e, embora reconhecesse que antipatizava
totalmente do gºªverno, como o fizera, Schacht, Pape-n tampoucº com Paper]. amda mais do que com Schacht, país pelº
menos

308 309
bastante íntima com Goebbels, () que o tornou um dos poucos
tocías âãcªªªãããâ
Schacht, em determinado momento,.) corta ra_ empregados que ousavam criticar abertamente as ações do chefe
a assmg ªgitando nova—
que o prendiam ao regime nazlsta, amarg en e. 1 um lanca
da propaganda,. Mas Frítzche não era mais que umª subordinado
Eap en moc
a, favor de que se conszmderasse copmen— de confiança, e nem sequer em o primeiro dentre tais subordi—
assem Papen cªm
mente a falta de provas que r_elacmn acre sce? ou 130 se as— nados, pois ele vinha logo abaixo de Otto Dietrich, chefe do ser-
rence
para, o uso de força. na Áustrla, Law p lºga mag nªta elªbo— viço de imprensa do Reich, o qual, por sua vez, em o imediato de
, ta]. com
tário inteligente de que 0 Anschluss Hitl er” Goebbels. Assim, Fritzche era um funcionário de propaganda, de
o culda 053,13 de
sara, não fora o resultªdo de um plan de ralf zes sobr e 0.53 terceiro nível e um locutor de rádio, e nada, mais que isso.. Nunca
ataque
rede, mas tinha sido efeªgugdo “num suas 11 selho u—o s lhe coube papel importante no Partido Nazista, e afirmou em
as com
Lawrence procurou beneflclar os coleg caso : e_ac on sºbra ria seu depoimento -—-- corretamente, ao que tudo indica —— que
se colocavam no
problemas mais amplos que nunca falam com Hitler em toda a sua vida.
Papen,,po1s IÍSO moausas”
a. acolher a oportunidade de absolver seni Não constou de; qualquer das listas de criminosos de guerra
ando de toda 3,151 c
que “não somos países vitoriosos abus vez quel .touv gã uir elaboradas pelos aliados ocidentais, antes da metade do verão
ou que!, gms.
Sir Geoffrey foi adiante e afirm de bªn & Vl re g de 1945, e nas discussões anglo—americanas que ocorreram em
condenado Schacht e absolvido Paper), seu? junho ninguém mencionou seu nome como o de possível réu.
cam inho e liber tar tamb em Fmtz che.
no mesmo Tampouco constou da grande lista de funcionários alemães pre—
fazer exatamãªtg
Antes de acompanhar o Tribunal e_ vê—lo Pape]? cªfés (13 fªi parada, pelo” Ministério do Exterior britânico em meados de junho.
qu? o vered lc'ço dg
isso, é necessário registrar Além disso, quando, em agosto, os promºtºres norte—americanªs
gçao do Fe“ Bruma,
provavelmente a mais impresswpapte aphc por e e alisa-ade
reuniram um rol completo dos 100 principais nazistas, incluindo
18119
mada pelo Tribunal.. Todos os ]UlZeS 11113 todas as pessoas que pudessem, concebívelmente, ser colocadas
dç- opmloes e, na ªfªªmenté
antipatia. Mas, desde & primçíra troca entre os réus, nele foi incluído o nome de Goebbels, embora. fa—
desde que se deci diu a questao do com-mo geral, era pra lras e aº lecido, & também 0 de Otto Dietrich, mas não 0 de Fritzche.ªº
elzeqeu as reg hassenã
certo que ele seria, libertado. . A Corte_ estab Foi ele 0 único réu que de repente mostrou a cara em Nurem—
fellzes os ]umes que ªo rever
aplicou, ainda que tivessem ÍlCªdO se po 3 Entadé
berg, como uma aparição, sem que os países ocidentais tivessem
ªo reu. Emb ora, como
um pretexto para condena?" feito qualquer trabalho prévio & seu respeito.
() papel íepres ião” à
& opini㺠divergente sovietlca ªcentuasse O motivo pelo qual ele foi incluído, em última instância, de—
pode r ena agressedicto
por Papen na, ascensão dos namstas ao correu diretamente do desejo que os. soviéticos alimentavam de que
que se 'pode form ular ao ve,—11; ] f .
Áustria, a única crítica séria. alguns dos prisioneiros que retinham fossem julgados em Nurem—
_Vabres. Sauç eu 01
é a de um moralista como Donnedleu. dp berg. É fácil imaginar & consternação entre os anglo-americanos
a. degue o cylmlªoso
enforcado e Papen saíu livre; é a velha, hlston e'ªi quando os soviéticos surgiram com os nomes de Raeder e Frítzche,
e () Vllao gum, e—d'f
violento das ruas, () marginal, é condeínado, Raeder não apresentou tantas dificuldades, pois todos o conhe—
É lame ntav el» mas tambem %. 1111138
vestido escapa ao castigo. ciam; mas, com a' possível exceção de uns poucos refugiados
ter f ª t o . em ame
censurar o Tribunal de Nuremberg por alemães que trabalhavam entre os conselheiros da delegação
como Justlça...
aquilo que, em quase toda parte-, se acerta norte—americana e que dele se podem ter lembrado como uma
grande figura, dos meios de comunicação de massa nazistas,
HANS FRITZCHE ninguém jamais ouvira falar de Hans Fritzche, Ao que tudo
indica, foi por uma questão de cortesia, e num gesto de empa-
adrava na categqma eª.
Dos 22 réus, aquele que menos se enqu ração entre “aliadºs,,” que. por fim os representantes ocidentais
s Frítz che. Com eçap do suaparrelãacmº
grande criminoso era Han aceitaram 'º” nome, e, em 27 e 28 de agosto, Fritzche foi designado
ente o mas mªde? se
1932, fora um locutor de rádio? provavgm como réu. Nos dois ou três meses que se seguiram, os promotores
Hltler ocupou do % ebÉels
na, Alemanha, e embora depçns' que tiveram de trabalhar febrilmente, buscando erguer uma, acusação
o da Propagandad e_ ”o . olíí
tivesse trasladado para o Mimstep & partir de praticamente nada. Nessa tarefa, fizeram uma des—
de tomada de ecÉoe—s rpuia.
nunca esteve em posto de alto Invel coberta terrível que comunicou a todo o trabalho que efe-tuavam
os postos: na legayq de
ticas, Couberam—lhe, no entanto, numeros assumlr & ãomçaono—
um *com especial de irrealidade —- os dois chefes supremos d?
el'e_ por
das emissões de rádio, terminandq Propagan &, 91111 ãº
Fritzche, Hitler e Goebbels, haviam falecido, mas o chefe ime-
do Mim ster lp da
chefe da, Divisão de Rádio diato no Ministério da Propaganda não morrem. O chefe do
che logrou uma re aç
vembro de 1942. No curso dos anos“, Fmtz
311.
31-10
. gue se condenar o réu, ao que parece não pelos crimes do ponto um?
serviço de imprensa do Reich, Otto Dietrich, 9 homem mas pelos dos pontos três e quatro. Falco acreditava que Fritzche
Goebb els eíMFm tzche, vma 5013
colocava na hierarquia entre deveria ser considerado culpado porque “integrou o cortejo” no
s ocident ais.. Em conseq uçncm, os promç toms
custódia dos podere caminho da guerra de agressão ---— na verdade, não estava o réu
e
entraram no julgamento procurando provªr &? Cçrte guç Frltzch sendo acusado dos crimes do ponto dois --— e como cúmplice de
prmap als cmmmo so-s de
deveria ser castigado, como um dos Crimes de Guerra e de Crimes contra, a Humanidade. Donnedieu
guerra, por executar as ordens de um homem que sequer estava
de Valores reconheceu que Fritzche fora “relativamente mode—
sendo processado. . rado”, que “em menos culpado que todos os outros”; e que che--
DS.—'>'
.dlzer (_:ío es—
Nessas circunstâncias, 0 que de melhor se pode Fmtzche
gara & reagir contra os “excessos do regime”, mas, ainda assim,
é que tenta ram com galha rdga. parecia ao francês que cabia condenar o réu em razão da im—
forço dos promotores e quªtro,
tres
foi acusado dos crimes previstos nos pontos um, Flshçr
portância da propaganda como atividade política e da, linguagem
sp- presu me, por
e o sumário do caso, pre-parado, ao que em.m e1a
extremada & que, ao que alegava, Fritzche :recomªera.86 Os sovié—
trato u do ;pr1:mc— ::1roª palªto ticos encontravam—se numa posição incômoda, mas também
no meio do verão de 1946, Frltzc he
Como , segun do todas as lndlça çoç-s? insistiam na condenação. Níki'tchenko lançou—se & uma explica—
dúzia. de frases.
Mlmstçrlo da; PISO—
nunca falara com () Fúhrev', e, no interior «do m,
ção prolongada dos males da propaganda, política, explicação 63333.
sem lmportªnmç
paganda, com exceção de umas poucas disputas que, partindo dele, deve ter divertido os eu?-ms juízes, e concluiu
as ordens de Goçbb els e Dletrlcht gema que os crimes nazistas não teriam ocorrido sem 0 trabalho de
limitam—se a seguir
um cpnlulo gata
absurda afirmar que participou com ªtletª de rado mío—
homens como Fritzche. “Sua propaganda conduziu & atrocidades”;
, “deve serpo nsmã declarou, sem rebuços, Níkítchenko, e pediu que Fritzche fosse
lançar a guerra”, e, por conseguinte ?stiaga
tos no ponto umªªf ª Fishe r _nao condenado pelos crimes dos três pontos., Volchkov, apoiou Nikit—
cente dos crimes previs na?
çhe;
muito certo quanto a, algumas trangmlssoes Eien Frgtz chenko e conseguiu dizer, vencendo O medo de infringir & lógica,
nao & meltaçioes &
sabia, dizer cºm segurança se equívaham ou ;
que “nós, naturalmente, não devemos julgar os jornaiístas pelo
hunllíamdadf
prática de crimes de guerra e de crimes çontm & que escrevem”, mas que, ainda assim, a Corte deveria, condenar-
e, duran te _a guerra , Fmtzche falara, d?. sor í, Fri'tzche, porque ele era um funcionário do serviço de propaganda,.
Numa oportunidad
menº s num dlscursce
infeliz” que incidia sobre os Judeus, e pelo e por causa de suas “idéias falsas” em matéria de superioridade
se reums sem e ajudas sem & dçs— racial e assuntos conexos. A campanha que Fritzche empreen—
pedira & todos os alemães que
to, que, alem
truir 0 barbarismo soviético. Fisher notou, no entan dem contra o povo russo, “panfletáría e difamatória”, estava
os propa—
do fato de que tais declarações eram feitas. por “todos evidentemente atravessada na, garganta de Volchkov; como ar-
te a guerra,, 0 (me çnfra— gumento, aduzíu que, em razão da teoria, da superioridade racial,
gandistas e jornalistas ale-mães, duran
Fritzcy he era um Elos grande s crlmmo sos mais de 10 milhões de pessoas haviam sido exterminadª.“ Nessa
quecia a acusação de que
para
de guerra, as transmissões nao çonstltmam fundamentose que passagem, novamente é relevante observar que a posição de
que se condenasse o réu. Não hama pro-Vªs (_Sle que soubes linha, dura, dos soviéticos não decorria simplesmente do fato de
que “fera
se estavam cometendo ou planejando atromdajdes e, o Frítzche ter sido feito prisioneiro por eles, ou porque os impa—
ainda mais importante, conforme observou Flsher, _o_ _çon'iíe-qflo " cientavam as noções ocidentais de direitos civis e de processº
ao .ªª
das transmissões “não se podia classificar como mataç em boa e devida forma.. Os soviéticos haviam sºfrido & parte
,
Frítzche, que, como antigo colega de Goebbels, conhemdo 13035113 mais dura do impacto da acometida nazista e da campanha de
língua ferina, também possuía sua parte de humgr m'allcws o assassinato em massa. Era fácil aos juízes ocidentais falar nos
pªle
e sarcástico, teria, ficado contente com & oervaçao fnqaí aspectos jurídicos, dº processo, e na necessidade de que homens.
Fisher: os comentaristas de rádio nazista s “nao eram_ mals wo— como ,Erítzche fossem julgados equitativamente, mas nenhum
gm
lentos' que os correspondentes de guerra norte—amerlcanog de seus países, nem mesmo a França, sofrera totalmente & "bru—
Washington, no curso da guerra ”.“ Por copsegu mte, () umco talidade dos esquadrões de assassinos, dos campos de extermínio-
r
rumo aberto ao Tribunal, na opinião de Flsher, era absolve e da, impiedosa exploração das massas. Nessas circunstâncias, 0-
Frítzche em todos os três pontos. notável não é os soviéticos terem insistido em pedir a condenação,
mas terem mantido & polidez & a calma diante do que lhes deve
As opiniões dos juízes, nas primeiras sessões delibçratívas
ter parecido () vazio palavreado ocidental, que constantemente
de 10 de setembro, alinharam—se de forma bem pouco dlferçnte
deixava, de mencionar os pontos principais. '
do caso de Papen. Novamente, os dois Julzes franceses quermm
313
312
Foi Parker novamente quem defendeu a, absolvição, e- o fez tava—se de posição um tanto curiosa, mas “também é verdade que
com entusiasmo: Frítzche em um “homem de pequena importânz o próprio Fritzche “teria, com mais facilidade compreendido o
cia”, observou Parker; “Hitler não teria perdido cinco minutos pensamento de Nikitchenko, & o teria, partilhado, do que as opi—
com ele”. Disse Parker que só podia imaginar um motivo que niões libertárias de Parker e Bíddlegºº
explicasse & presença de Fritzche entre os réus: & circunstância Nenhuma «dessas considerações, no entanto, logrou impresa
de que Goebbels morrem, e que se queriasacríficar “um bode sionar os norte-americanos.. Continuaram & pedir a absolvição, e
expiatório”. Frítzche: nunca “incitam à prática de crimes”. Sa- Parker declarou que condenar Hans Frítzche como umfdos grandes
lientou Parker que um homem não deveria ser condenado pelo criminosos de guerra seria, a mesma coisa que usar um canhãº
que diz ou escreve, “a, menos que seja incitação & que se cometa para abater um pardal. Nessa segunda discussão, o bem-fundado
crime”; o suplente norte—americano, “tornando—se cada, vez mais da argumentação norte-americana começou a produzir efeito, &
eloqúente, acrescentou que “a liberdade de expressão é da Donnedíeu de Vabres anunciou que mudam de parecer e era
maior importância para a liberdade geral de que devem gozar favorável a que o réu. fosse absolvido, pois não havia, motivo para,
os cíciladãos”..ª8 Biddle sustentou, com Vigor, a posição de Parker condenar com o único fito de impor uma, sentença simbólica.
e, ao que parece, a energia da, exposição norte—americana, marcou Lawrence ainda não se conformam com a absolvição, mas osci—
os franceses e os britânicos, Lawrence reconheceu francamente lava entre diferentes opiniões.. O juiz titular britânico acentuou
que o haviam impressionado os argumentos em favor da absºl- que julgava tratar-se de' um caso importante, mas que o preo-
vição, e disse necessitar de tempo patya reflentlr sobre sua. Mem cupava. absolver um propagandista que trabalham em. favor da
de que se condenasse Fritzche pelos crlmes do _ponto um. Mas e_1e guerra. Perguntou, retoricamente: “Ignorava ele que as guerras
não se preocupava com os crimes dos outros_d01s pontos, entendlªa eram ílegais?”; “O que ele fez não foi incitar & prática de
que Fritzche deveria, ser condenado por Gumes de Guerra e 0151- alarme?”91
mes contra a Humanidade, pois não se podia conceber que “nao No início da terceira discussão da Corte sobre Fritzche, &
tivesse consciência” do que se passava na Alemanha e em gutros qual ocorreu a 12 de setembro, Donnedieu de Valores “veio até
lugares, sem, por isso, deixar de fazer propaganda e matar º onde se encontrava Biddle e disse—lhe que hesitava. de novos e
povo a lutar “até o último sopro”.89 . pensava que, mais provavelmente, votaria contra uma. absolvição,
Em 11 de setembro, a Corte- voltou a. tentar compªetar os Falco e Nikítchenko constituíam os mais fortes advogados da
trabalhos do caso de Fritzche , e novame nte ocorreu um lympasse ccndenação, e Parker e Riddle, os defensores da absolvição.“ Os
-. entre os que realçava m o valor da liberdade de exprgssap e os dois primeiros acentuaram que, como o Tribunal julgaria, cri-
juízes que teimavam na, condenação de Fritzche Por: matar as mimosa o governo nazista, Frítzche era., por conseguinte, culpado
pessoas à prática de crimes. Na. liderança desse ultªmo grupo: de contribuir para os propósitos e ações criminosos de tal geº
Falco apresentou o argumento de que não se conflgurava lah vemo. Mas Biddle continuou a sustentar que não havia relaçãº
qualquer caso de liberdade de expressão; configuram-ge apenas comprovada entre a propaganda de Fritzche & as atrocidades —-—.
um caso de propaganda em favor de um sistema '"p011t1ç0 e uma, o mesmo que se poderia ter dito no caso de Julius Streicher,
guerra que o Tribunal julgava, criminosos. Por esse mo_t_1v_o, cabla. ' - Parker em favorável à absolvição, recorrendo a um gênero de pre-=
condenar Fritzche & uma sentença simbólica que vanasse' entre dição que surgia e ressurgia em todas as controvérsias: “o mundo
dois e cinco anos. Birkett foi do mesmo parecer, pedindo a cor)— não compreender㺔 se Fritzche for condenado,-ººº Lawrence de-
denação em todos os três pontos, pois Fritzche “justificam & pra— clarou que parte do depoimento de Frítzche não em correta, mas,
tica de crimes”) Volchkov avisou que a absolvição de Frítzche ao que parece, não especificou os erros, e no fim de sua, exposição
criaria “no seio do povo alemão uma idéia. errônea, do que era deixou de exprimir "uma opinião convincente, seja a favor da
liberdade de expressão”, mas reconheceu que bastaria uma sen— condenação, seja em sentido contrária?3 Donnedíeu de Vabres
tença de curta duração. Níkitchenko, no entanto, não considerçu também “divagou muito”, para repetir aqui a, expressão de Biddle,
suficiente uma pena de dois anos, sugerindo 10 anos de cadela. e por fim pediu que se adíasse & decisão até ser resolvido o caso
Também apresentou o juiz titular russo O argumento de que gs de Papen. Confessou que nuncía iria “condenar Fritzche, se Papen
norte—americanos apresentavam a idéia da liberdade de expressao for ab&:obaridoª'.94
pelo avesso; Fritzche contribuíra para que se suprimisse' & libgr— Assim, mais uma vez, relacionaram-se entre si as sortes dos
dade de expressão, merecendo por isso ser condenado.?luprec1so três últimos réus. Adiou-se & decisão do caso de Fritzche, e a.
aqui notar novamente que, da parte de um titular sowetmo, tra— quarta. e última deliberação sobre seu destino só sucedeu na

314 315
tarde de 12 de setembro, depois da absolvição de Papen Dessa, se anunciaram os vem:,díctos () Marechal— duo—Reich passou por
feita, tudo se passou com muita rapidez. Os três juízes títuíare-s Papem e por Schacht, fingindo não "vê-los :e cruzou então o re—
ocidentais declararam—se imediatamente favoráveis à absolvição cinto- da Corte para dizer, sorridente:
eFritzche foi libertadaºª Passou—-se o resto da, sessao em consi—
derações sem importância quanto aos motivos que haviam levado
Lawrence e Donnedíeu de Valores a mudar de posição, e quanto Herr Frítzche, o senhor de fato não pertencia a nosso grupo
à forma apropriada & que se deveria recorrer, no caso de um (Sie haben Aez'gentlích nicht zu unserer Gesellschaft gehôiªt), e
sinto—me sinceramente feliz com sua absolvição⪪
juiz desejar divergir. Laõõrence buscou justificar sua mudança de
posição, declarando que seria “desafortunado absolver somente
Papen”, () que fez com que Nikítchenko imediatamente declarasse Assim, na opinião de Goering, o Tribunal estava certo ao con——
que Frítzche não estava sendo absolvido com fundamentº em siderar que Fritzche nada tinha a “ver com os processos de Nu—
seu próprio processo. Birkett procurou salvar Lawrence, afir- remberg. Mas, mesmo no caminho para, sua própria morte,
mando que os dois casos não eram conjugados, mas que seria Goe'ring deixou implícito que & promotoria estivera certa, ao sus—
salutar () efeito político de duas absomºções.96 Issº, porém, não tentar outra coisa: que ele próprio pertencia a um grupo distintº
abrandou Nikitchenko, que disse que estimaría registrar diver— de líderes nazistas que tinham merecida jmigamento.
gência no caso. Quando Níkítchenko explicou melhor o que tinha
em mente, tornou—sen claro que não desejava formular uma dí—
vergência pública, mas queria, apenas que seu protesto fºsse
remetido ao Conselho de Controle da Alemanha, juntamente [com
o principal veredicto. Em essa. a prática soviética costameim,
explicou. Níkitchenke, acrescentando que pensava pudegsg 0
Conselho de Controle recomendar novo julgamento aos que ha—
víamsído absolsvicilos.97 Níkitchenko, apoiado por Donnedíeu de
Valores, opôs— se firmemente ao recurso à divergência pública
alegandº () juíz saviético não caber aos que formavam & Come de
Nuremberg o direito de divergir publicamente. Parker e Biddle
contestaram essa posição, protestaram vigorosamente confiem &
opinião francesa e soviética e asseveraram que assistia & qual-
quer dos juízes () direitº de divergir publicamente, caso o desejasse.98
É provavelmente obra da graça divina, pºdermos terminar,
a esta altura, o exame do caso de Frítzche, e de todos os casºs.,
pois, depois que os juízes o decidiram, ªNíkitche-nko formulou
divergência pública no que diz respeito ao caso de Fritzche & a
outros, sendo então sua atitude deplorada por seus colegas: ín—
clusive por Francis Bíddle. É possível que todo o processo tenha
durado muito, e que tenha sido excessiva & complexidade dos casos
e também sua diversidade para que os juízes guardassem 0 verniz
da cºerência do primeiro ao último dia. No final, eles pareciam
trabalhar em grande parte por um processo de choques recípro-
cos e ação reflexa; & divergência, soviética, quando ocorreu., não
incluiu mais que a idéia evidente de que a propaganda nazista
se revestia de aspectos particularmente horrendos, e de que 0
Tribunal deixam de atribuir o devido valor à importância e ao
caráter criminoso das atividades de Frítzche.
Apenas Hermann Goering foi capaz de acrescentar um traçº
final e significativo ao caso de Fritzche e ao julgamento. Quando

316 " 317


ocasião em que se redigiram os artigos da Carta, de Londres que
CAPÍTULO 1 0 permitiam aos réus recorrer ao Conselho de Contrºle para re—
dução das sentenças, acreditava-se que poderiam surgir “alguns
motivos políticos para. & clemência”, ou que conviesse poupa?
determinado réu “em razão de sua utilidade futura. ou. passada
para os aliados”. Mas “& clemência é uma questão de perdão, não
uma questão de Direito”, observou Jackson, e como nenhum dos
a.Condusão réus “prestam qualquer serviço à promotoria”, não havia motivo
para Memê—ência.2 Achava que, em qualquer hipótese, os governos
aliados deveriam evitar a instituição de um procedimento defin-
nido de apelação. O Conselho de Controle devia limitar-se a re—
gistrar Os veredictos e “quaisquer fundamentos para, () perdãoªªª
que se pudessem aplicar (embora deixasse implícito, de maneira
muito clara, que a existência. de tais fundamentos em pratica”—
mente impossível), e então confirmar ou reduzir as sentençasª
'
0 110130 '
de “bombardelros l Harm' s [da R AF] deve ter
as na, consc iencíi a, ªo que qualquer ge» O Subsecretário de Guerra Peterson aceitou as diretrizes de
malªs Vítim _ A _
al ou mare chal— do—a r & emao. _ Jackson sem emendá—las e, no dia 17 de setembro, foram elas
o do Exte rlor bnta mco
ner A. W. Harm'son, Mini stéri remetidas ao Escritório do Governo Militar na. Alemanha. Em
junho de 19451 conseqúência, não houve revisão dos processos de Nurembergª
nem se permitiu redução das sentenças. Depois de lhes terem
sido escondidas, por duas semanas, a data e as circunstâncias
da execução, fez—se com que os condenados restantes marchas-sem,
um após o outro, para, 0 pátio da prisão, nas primeiras hºras de
dia 15 de outubro-, e ali foram ernforcados. .
Terminou assim o processo do julgamento de Nuremberg
com as autoridades militares aliada-s controlando firmemente
final, gn; 30 de setembro e os fatos, e não se permitiu que qualquer consideração afetasse
Quando se leu na Corte a Decisão e
19 de outubro, terminou o julgamento, e os ]ulzes ºapressgaãªã O cumprimento do veredicto do Tribunal, exceto aquelas que os
0 .seu cªâmhat nªararã militares tinham na conta. de úteis e práticas. Em 6 de outubro,
& despedir-se e a, seguir, cada umª
o-ge , e tres dos 1:r1111 ares der & exe— -- . _nove dias antes das execuções, o Departamento de Guerra enviou
escapou à forca, suicidand
, p_edlndoiktRÍe elícítandó aos funcionários do Governo Militar uma série de diretrizes &,
em Vão conseguir castigo—s mals ;honrosos á
e Jodl _e Kel e so)B 1; serem aplicadas na, explicação ao povo alemão do que signifi—
cação, em lugar da prisao perpetua, ldos, no (anda rá o, (lie
forca . Esse s p_ed cavam os veredictos. Em linguagem militar abreviada, & orien—
0 fuzilamento em lugar da
nda das autor]. galãs das tação estipulava que as informações. a serem divulgadas teriam
fugiam ià alçada. do Tribunªl, e depe
com os que reco-rm quatro objetivos principais: acentuar que o julgamento fora
ocupaçâo decidir o que deeverla guceder
o, legal, que não se tratam de um processo em post facto, que
sentenças que lhes haviam cabld haveria mais julgamentos e que as provas “apresentadas pela
. dlwdm % pro—
Já transcorrera o período egn que uma linha tãataru ªsiª?- promotoriaconstituem anais do regime magazista”.4 Ordenou—se às
utwa , e,.ao
cesso judiciário da ímplementaçao exec autoridades militares que, ao elaborarem materiais de propa—
'Umdos.Í 015110 rome-
petições e de outras, o goyerno dos Estadºs ganda, acentuassem, entre outras coisas, que não se praticam
ao doyche e a, p uida
císão surpreendente de de1xar_que & opmª ” em Nuremberg um ato de Vingança, mas “um julgamento juri-
orlentaçao & ser âeg
toría, o Juiz Jackson, determmasse & dicamente imparcial”; também se deu aos oficiais do serviço de
em matéria, de recursos. O julga men to, com toda a sua, uraçao
semanas antes qgle informações o conselho de que usassem as provas do julgamento
de um ano, não abrandara Jackson, e duas “para enfraquecer qualquer tentativa de fazer dos réus mártires”
forneceq. ao Depar Í,—
se publicassem os veredictos da Çorte t e_1e a forma pe &. e para “expor a culpa, dos nazistas na guerra, e também o pano
denc1 a1ç quan to
mento de Guarita diretrizes conf1 on que, na de fundo e as causas da II Guerra Muncilía]?ª.,5 Assim, a lição
r os recurs os, Aflrm ou Jacks
qual se deveriam trata
319
318
«ºficial que os norte—americanos distribuíram pelº mundo con—=. . guerra. Como agora podemos ver com maior clareza., a guerra
,sístía em que as potências aliadas tinham atuadq honrªdame-nte' total tem seu próprio ritmo, e aquilo que pode parecer a, um dos
e o processo de Nuremberg desacreditar? o Tercelro Relch. Essa lados atrocidade, no início das hostilidades, assume o aspecto de
mensagem invadiu os meios de informaçao da Alemanha ocupada, reticêncía civilizada., quando posto em contraste com () crescendº
e foi fortalecida pela. maioria. dos advogados de defesa, queupa— de massacres que se desenvolveu no fim. Não necessitamos aqui
recem ter achado que o julgamento fora, relativamente equrta— aprofundar o ponto de que o Pacto Nazi-Soviético e oumassacre
ativo, com veredictos senãatos e moderados. “Exceto no que se da floresta do Katyn, para não falar em Dresden e Hiroxima,» con—
refere aos membros das organizações criminosa-sªº,,“declarou Carl tribuíram muito para enfraquecer a pretensão de justiça em
que
Haensel, advogado auxiliar das SA., num? afírmaçao exultante _e os aliados fundaram o julgamento de seus inimigos. Mas a es-
imprecisa,, “todos os outros alemães estao livres de responsabl— pécie de guerra. que os aliados travaram contra, a.A1emanha.
íidade criminalªª.“ A maior parte dos cobegas de Haensel em especialmente em suas últimas fases,, em algo mais que a loucura
.
Nuremberg concordou com ele e lhe repetiu os sentimentos e de uma guerra total. Os governos aliados decidiram conscie
n—
conclusões.? ' temente lutar de uma, forma, que provaria ao povo alemão
ter
É coisa, muito diferente, no entanto, determinar o que o povo sido derrotado numa guerra mundial.. Em retribuição ao
bom—-
alemão como um todo pensou & respeito de tudo isso.. As me- bardeio alemão das cidades britânicas, Winston Churc
hill pro-
?ihores indicações parecem denotar que os alemães, em sua mami: meteu que “pagaremos aos alemães, medida por medid
a, e mais
parte, limitaram—se ao papel de espectadores, só Rrestando aten— que a medida que nos ilrnpus,emm”.,9 Durante três anos,
a Real
ção passageira ao desenrolar do julgamento, e, alem de resmpn— Força, Aérea e as Forças Aéreas aliadas cumpriram & palavr
a de
gar diante de veredictos que couberam &, ªlguns dos teus, Churchill, e os bombardeios de saturação ensinaram
ao povo
buscando esquecer tudo logº que possíveis asglm que tudº ter— germânico & liç㺠da, derrota,. Da, mesma, maneira,&
em 19%, os
minou.. Como recentemente sugeriram Martin Broszat e outros, exércitos aliados vitoriosos seguiram a, “dispºsição dum” ãe.
GS extermíniºsª & destruição em massa e a, derrota associadºs Franklin Roosevelt e Outms líderes, e trabalharam
no estabelem
aos últimos anºs do regime nazista já haviam desacreditadº & cimentº de um sistema de ºcupação que ainda mais
subiinhaúa
Terceirº Reich aos olhos da maior parte && pºvo alemãº.,8 O M»— essa mensagem,
gamento de Nuremberg parecia, apenas um ritual levadº & efelm Não é nosso prepósím discutir & sensatez do curso que ºs
não para, a edificação do povo, mas para º contentamento dos aliados escolheram, Em certamente duro, e também lhe faltava
“vencedores, Os alemães, capturados nas garras do desastre & fºrça, mºral, mas é possível alegar igualmente que alcançºu re—
confrontados com as imensas tarefas de reconstruçãos tinham, sultados, pois não se formou nenhuma lenda de “punhalada pelas
em 19% e 1947, escassa, energia, ou inclinaç㺠para meditar sobre costas” na Alemanha, de após H Guam
a propriedade ou a significação de um julgamentº dos prªna-pªis O que âeveria
_ser patente a esta altura, no entanto, é que os aliados não podiam,
«crimes de guerra,. Em consequência, retrospectivamente, e d1f1c11 "ao mesmo tempo, acentuar o fato da derrota, mediante duras
dizer :se o julgamento produziu qualquer efeito significativo no medidas militares e de' ocupação, e eSperar que se desse muito
desenvolvimento geral da Alemanha do pós—guerra,. _ crédito à pretensão de que vinham como gente de coração para
De uma perspectiva mais ampla, surge a questão de saber se para punir o mal e estabelecer a justiça. Talvez seja. possível
o empreendimento de Nuremberg como um todo teve tantas_ falhas estirpar & maldade, ou demonstrá-la mediante processo em boa
que não produziu resultado algum. Como alguns _têm ahrmado e devida forma, mas é difícil acreditar muito naqueles que de—
recentemente, foi o julgamento apenas justiça imposta pelos sejam representar o papel de Salomão quando começam por
vencedores, sem, qualquer lição ou moral de utilidade-para 0 queimar ,,cídades e erguem, em seguida, um tribunal sobre as
tempo em que vivemos? É certo que muito da polítjca ahada em. ruínas. Foi um momento emocionante aquele em que o Coronel
matéria de crimes de guerra, e também grandes porçoes da, base de Bernays, autor do plano norte—americano de julgamento, atra—
plano norte-americano de julgamento, parece uma. combinaçao 'de lªvessou as ruas da devastada cidade de Nuremberg como parte
erros e tolices. As ações dos negociadores e. dos promotqreHs tamb?m de sua função de avaliar as possibilidades de o Palácio da Justiça,
estão cheias de cegueira, erros de cálculo e uma pmxao S'lllClda servir ao julgamento. Numa carta à sua mulher, falou ele do
pela, complexidade, Talvez de maneira ainda, .mazzs fundamental., trabalho que executava e então fez uma, longa e sensível descrição
”toda a idéia de uma ação aliada, para "erguer & Just1ça 1111113. mundo da destruição maciça, da cidade e do sofrimento e confusão meses-
dilacerado pela guerra chocam—se com a principal tendencm da perados dos civis alemães, Na, leitura da, carta, espera-se, quase

320“ 321
que ansiosamente, que Bernays pergunte se não haviam os aliados centado & ameaça pessoal, que incidiria sobre todos os. lide-res
perdido o direito de julgar, em razão do fato de haverem fazer-«==ª derrotados, de ter de pagar com a vida o fracasso. Se é do ínte—
rido & meios de guerra tão evidentemente desumanos. Mas resse do povo do século XX limitar e controlar a guerra, então
o espírito dos tempos criam uma, visão mora,]. com barreiras não pode ser de seu interesse colocar os líderes beligerantes numa
excessivamente “resistentes, e Bernays atravessou uma descrição situação em que as únicas alternativas que se lhes apresentam
dos destroços de Nuremberg e concluiu que” seria, um lugar ideal são a Vitória ou a morte. Estava implícita no plano origina]. do
para o julgamento de cgimínoscas de guerra..10 . julgamento de Nuremberg & ameaça de que esse convite à guerra
Assim, os aliados perderam a Vitória moral sobre o nazismo interminável se tornasse parte integrante de nossa “maneira de
com uma faca de dois gumes: de um lado, os bombardeios de vrver.
saturação, e de outro um julgamento. Não obstante, _a, decisão Deve ser sempre um motivo de glória para. os juízes de Nu-
de estabelecer um processo judiciário foi um benefício tanto para remberg o fato de terem dado um passo fundamental para que
os contemporâneos como para a posteridade, É possível sustentar se dissipasse esse perigo. Sustentando uma interpretaç㺠mo-
muito bem que Nuremberg produziu. vantagens, a longo e a curto derada. e cautelosa, da lei que a Carta de Londres estabelecia, a
prazo. Levando em consideração a atmosfera dos "tempos, os sem-- Corte limitou em muito a utilidade de conceitos como “Guerra
timentos que animavam as pessoas na, época, é bem possível que de Agressão” e “Crimes contra a Humanidade”, em quaisquer
as deliberações relacionadas com O julgamento tenham evitado futuros julgamentos feitos por países vencedores. De maior im—
um banho de sangue. O verão de 1945 não foi, para a, maioria portância ainda foi o feito do Tribunal, ao eliminar os aspectos
do povo europeu, uma época de tranqúila reflexão, e a única de culpa coletiva, frustrando & acusação de conluio e plano
coisa, que serviu de barreira à ação direta foi a perspectiva de comum e o sistema de processo aos membros das organiza-ções.
que as Grandes Potências tratariam da tarefa maior, mediante Apenas um punhado de réus foi condenado unicamente com
processo legal. Tal como as coisas se passaram, houve numerosos fundamento em pertencerem a organizações Criminosas, nos 12
julgamentos sumários nas zonas que & Memamha “tinha, ºcupadº julgamentos que se sucederam em. Nuremberg? e os próprios pm-
e nas" zonas em que os aliados se tinham estabelecido, em terri— cessos de de-snazificação não fizeram mais do que passar pela.
tório alemão. Tais incidentes, como os famosos julgamentos de superfície do processo de grupos.12 Diante da. Decisão do Tribunal,
Dachau, pouco contribuíram para fortalecer um sentimento de as autoridades de ocupação e () Subsecretário de Guerra Peterson
que se fazia justiça ou de que se observava processo em boa. e perderam a coragem de atuar contra as organizações.
devida forma; mas a lição decorrente de todos esses tipos sumários
de processo, e que também decorreu dos julgamentos secundários A influência limitadora e atenuante dos juízes de Nuremberg
de Nuremberg, consistiu em que, quanto mais tempo se adiasse foi, em grande parte, resultado do desejo que eles tinham de tra—
& ação da Corte, tanto maior em a chance que tinha, O réu de balhar como uma verdadeira. corte de Justiça.. Foi a mesma
ser julgado com equidade.11 Em resultado, o Tribunal Militar inclinação que os levou a atuar tão vagarosa. e refletidamente
Internacional pode ter feito uma grande éontribúição à Justiça, que se prolongaram as atividades, o que proporcionou à maioria,
simplesmente por ter adiado muitos dos julgamentos por 12011 » dos alemães um período de graça que os salvou das ameaças de
15 meses, permitindo assim que o tempo esfriasse as paixões. banhos de sangue. Na Decisão final da Corte, os juízes colocaram
Tal. como tudo se passou, os governos ”aliados impediram compromissos suficientes, como no caso de Doenitz, e clemência
um banho de sangue anárquico, embora, tivessem eles sido capa— bastante., como no caso de Schacht, para tornar confusos os
zes de fazer o que queriam, talvez Nuremberg não houvesse pas- resultados e obscura & lição moral que se devia tirar. Em conse-
sado de um julgamento pro forma,. Os líderes principais teriam q'ªíêncía, governos futuros que enfrentem situação similar de
sido condenados rapidamente e teriam sido confirmadas .as pos—guerra acharão que tal empreendimento não vale o esforço.
declarações de criminalidade contra as seis organizações, estabe— Quem, nos anos futuros. desejará estabelecer essa espécie de sis—-
lecendo-se um procedimento mediante 0 qual centenas de miª— tema complicado para colher uma dúzia de sentenças de morte
Ihares de pessoas poderiam ter sido punidas. Esse precedente de que se poderiam ter conseguido com menos esforço e despeªsa,
castigo & derrotados na guerra, mediante julgamentos de expurgo usando—se alguma forma de corte marcial ou. corte de ocupação?
em massa, teria certamente constituído um obstáculo maior a O processo de Nuremberg foi, como Parker disse sobre ocaso de
que se terminem as guerras, uma vez iniciadas. Aos numerosos _Fritzche, () mesmo que recorrer a, um canhão para matar um
fatores que já tornam a guerra total incontrolável, ter—se—ía acres- pardal.

322 323
Parece clara uma lição moral: um julgamento feito por embora se tratasse de um trabalho que a si própria cºnsumia,
vencedores, desde que envolva. suficiente processo em boa e deVida como o fogo, e que, esperamos, não terá de ser repetido, foi com
forma, para impressionar os contemporâneos, simplesmente não tal habilidade que a Corte o efetuou que a. maior parte de público
constitui. maneira, eficiente de expurgar os líderes ou. purificar não tem consciência de que foi feito. O que principalmente per—
as instituições de um país derrotado. Os juízes da própria ma— manece no espírito do público acerca de Nuremberg e do regime
neira que lhes é peculiar não seguem os ditames de uma, “boa nazista não são as conclusões cautelosas' e cercadas & conside—
política de ocupação; emitem veredictos pouco coerentes e algu- randos da Decisão final, mas as arrasadoras e, muitas vezes,
mas vezes permitem & ªpessoas como Franz Papen partir em inexatas acusações formuladas pela. promotoria. as velhas pala-
liberdade Não querem parecer vingativos ou eficientes em sen— vras e expressões “conluio”, “guerra de agressão” e “crimes
tenças de morte; desejamsser responsáveis e equânimes. Se a contra. a, humanidade” conservam tanta atração que os histºria—
situação de Nuremberg representa um sinal dos tempos futuros, dores têm de recorrer a toda a. fibra de que dispõem para evitar
& elevação do processo judiciário ao nível internacional nada faz que elas os limitem, como espartilhos, na interpretação do que
para aumentar-lhe & coerência ou a eficácia. Os juízes não podem se passa,, mesmo nos dias atuais
transcender as opiniões dos tempos e sociedades em que vivem., É, em parte, em razão da esmagadora vitória, da promotoria
nem abandonam os preconceitos & que se prendem na Vida quo- em termos de relações públicas que se torna difícil &, aigumas
tidiana em seus lares. O Julgamento de Nuremberg desenvolveu pessoas aceitar o papel moderador desempenhado pela Corte
uma. fórmula para lidar com a, guerra de agressão que parecia Essa corrente de opinião censura os juízes de Nuremberg por
sensata, e útil, mas, quando a Corte teve de aplicá—la. & situações não terem encontrado meios de fazer vingar as teses da promº-—
particulares, tais como a ocupação da Noruega pela Alema,]:ma-ª teria. Mas não foi possível à Corte, ao mesmo tempo, lidar com
as poucas informações disponíveis e- os preconceitos nacionais dos os problemas com que se defrontam e dar um grande passo no?
juízes somaram-se uns aos outros para produzir um resultado sentido do progresso do Direito Internacional e da causa, da. paz
“injusto., No que diz respeito & preconceitos sociais, os veredictes Nao cedeu & Corte à tentação de avançar de forma dramática
de Nuremberg acompanharam os mesmos moldes que prevalecem mas efêmera; optou, em lugar disso, por prestar uma, contri—
nas cortes macionais do Ocidente ———-— os réus oriundos ãe um meio buição modesta, mas clara, a um futuro mais segurº Se nãº
próximº ao dos juízes foram os que receberam “tratamento mais nos satisfaz emocionalmente tal resultado, isso mãe ãecorrer
simpático, & Suprema Corte dos Estados Unidos aboliu recen- do fato de ainda estarmos presos ao encanto da frase sonora e
temente um sistema estabelecido de sentença de morte-, em razão do gesto grandioso. Talvez, portanto, seja esta uma boa opor-=
de preconceitos no sistema de julgamentos e porque os juízes tunidade para manifestarmos gratidão pelo que efetuou a. Corte
não conseguiam sobrepor-se & seus limites de classe e posição. enquanto meditamos sobre as palavras de Robinson Jeffers:
Assim, depois de transpostos todos os problemas processuais, os
resultados estatísticos permanecem iguais — os malfeitores res-
A Justiça e & Clemência.
peitáveis recebem um tapa no pulso, enquanto a maior parte das;
São sonhos humanos que pouco importam aos
sentenças de morte é imposta aos pobres e aos membros de mia
pássaros
norias étnicas. Como dissemos acima,, aconteceu em Núremberg
aos peixes, ou a, Deus eterno.
algo de semelhante! Streícher e Sauckel foram enforcados, &
Neurath & & Speer atribuíram-se sentenças brandas, e Schacht
e Papen foram absolvidos. Taís resultados decorreram, em grande
parte, dos méritos de cada caso mas também é possível suste'ntal
qúe, se ocorreu injustiça, isso deveu—se menos aos males da. justiça
dos vencedores que aos efeitos do preconceito social do dia—a—dia.
Sendo normais e, portanto, imprevisíveis e sujeitos a pre.-
conceítos, os juízes de Nuremberg demonstraram que tais trí-
bunais para crimes de guerra são de pequeno valor real para se
lidar com as transições entre a guerra e a paz. A Corte de Nurem-
berg efetuou seu serviço real, remedíando os efeitos mais perigosos
da, política, dos aliados em matéria de crimes de guerra. Mas

325
!=====
!!!!

. [A ,- _ » d' Apêndice H: Lista Parcial


Apendlce 1“ Reus e Vere MOS dos Membros dOS'Grupos de Promotores

Pºntºs Vªrªdªºtº Alderman, Sidney S. Grupo de Promotores Norte-Ameri—


Eéus Um Dois Três Quatro Um Dois Três Quatro Sentença cano
- — ' Bernays, Murray C. Grupo de Promotores Norte-Ameri-
cano »
Goering X X X X O C C C Forca
Hess X X X X 0 C I I Prª—Sªvª Riddle, Francis Juiz Titular Norte-Americano
perpe ua _ _ . . A .
Éibbentrop X X X X o C C C Forca Blrkett, JUIZ Norman Julz Suplente Bmtamco
' ' Fo ca, . - .
Kªmel X X X X O C C C T Champetler de Rlbes,
Kªltenbmnmr
Rosenberg X
X X X
X X
X IC C CC Co Fºrcª
Forca Auguste ' Gm90 Francês de Promotores
Frªnk X X X 1 C º Fºrcª de Mentho-n, François Grupo Francês de Promotores
Frick X X X X I c C C Fºrca
streícher X X 1 (: Forca, Donnedieu de Vabres, Juiz Titular Francês
Funk , X X X X 1 c o c Prisão Professor H.
Samkel' X :X X X 1 - I c C perpétuª
Forca « 1W'11'
Denmr an, Genem, 1 mm ”132%3130 (31e P—mmo'teres Nor t e— A“merla'
C"”
C Forca _ _
Jodl X . :X X X O C C
Seyss-Inquart X- X X X 1 C C ' C Fºrcª Dean, Sir Patrick Consultor Jurídico do Ministério do
Speer X X X X 1 1 c c 20 anos Exterior Britânico e Funcionário
Neurath, X X X X O C C C 15 ªnºs do Serviço de Crimes de Guerra
=
Bormann
(à revelia,) . X X X 1 . c C Forca Dodói, Thomas Grupo de Promºtores Norte—Amen—
SChÍYªCh, X | | X I . ' '“ C 20 anos cano
3390191" X X X º º º Pªsª“; ' - Falco, Juiz R. Juíz Suplente Francês
_ , perp ua , . . , . .
1309111132 X X X 1 0 g, 10 anos Flasher, Adnan S. Asma-atente Jurldlco Norte—Amerlcano
ªgiªm ª. ªº; ª :; Jackson, Juiz Robert H. Grupo de Promotores Norte—“Ameri—
can -
Fritzsche X X X 1 I I . - º
TOTAIS. 22 16 18 18 3 12 15 16 Culpados Lawrenceg'luiz Lorde
14 4 ª 2 Inºcentes Geoffrey Juiz Titular Britânico
Maxwell Fyfe, Si?“ David Grupo ("le Promotores Britânico
Neme, Mªjor Airey M. S. Assiste-nte Jurídico Britânico
Nikitchenko, Major—General
I. T. Juiz Titular Soviético

4
; .
Parker, Juiz John J . Juíz Suplente Norte—Americano
Idotas
Phipps, John Assistente Jurídico Britânico
Rowe, James H. Assistente Jurídico Norte-Americano

Rudenko, General R. A. Grupo de Promotores Soviético

Shawcross, Sir Hartley &? Grupo de Promotores Britânico GUIA. DE FONTES CITADAS COM FREQÚÉNCIA
Stewart, Robert Assistente Jurídico Nºrte—Americano
Storey, Coronel Robert C. Grupo de Promotores Norte—«Ameri—
cano

Taylor, General—de—Brigada Grupo de Promotores Norte—Ameri- Alderman --— Sidney S. Alderman, “Negotiating the Nuremberg” Trial Agree—
cano ments”, pp. 49—98, in Bennet, Raymond e Johnson, Joseph E. (orgs.),
Telford Negotiating with the Russians (sem local de publicação: 1951),
Bemays — Coleção Murray C. Bra-mays, Universidade de Wyoming.
“Volchkov, Tenente—Coronel Bíddle -——— Francis Biddle, In Brief Authority (Nova York, 1962).
A. F. Juíz Suplente Soviético Birkett -- H. Montgomery Hyde, Norman Birkett (Londres, 1964).
Wechsler, Herbert Assistente Jurídico Norte—Americano CAB 21 «— Comitê dos Ministros da Época da Guerra sobre Crimes de
Guerra, CAB 21. Administração dos Registros Públicos, Londres.
“Wright, Quincy Assistente Jurídico Norte-«Americano CAB 122 —- Documentos gerais do Conselho de Ministros da Época, da
Guerra., CAB 122. Administração dos Registros Públicos, Londres.
Chefe dos Promotores —— Chefe dos Promotores dos Estados Unidos para
o Processo dos Crimes do Eixo, Grupo de Registro (GR) 238, Setor
Militar Moderno, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, Washing—
ton D.C.
Departamento de Estado Z —- Departamento de Estado dos Estados “Unidºs,
74000116 EW.
“Acusação”, Setor diplomático, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos..
Departamento de Estado H —- Departamento de Estado dos Estados Uni-
dos, 74000116 EW. “Guerra Ilegal e Desumana”, Setor Diplomático,
Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.
Documentos F, B. —- Documentos de Francis Bíddle, Universidade de Si—
racusa, Nova. York,
Jackson -— Robert H. Jackson, Report of Robert H. Jackson, United Sta-
tes Representative to the International Conference on Military Trials,
London 1945 (Washington, D.C.: 1949).
' Ministério britânico do Exterior -— Ministério do Exterior, série do Minis—
tério do Exterior, 38999—51038. Administração de Registros Públicos,
Londres. ,
Opinião 3 Decisão -— Conluio nazista e agressão: Opinião e Decisão
(Washington D.C.: 1947). .
Rosenman —- Documentos de Samuel I. Rosenman, Biblioteca Harry S.
Truman, --Independence, Missúri.
SLC _ Serviço do Lorde Chanceler 2/2980-2982, 1944-45. Administração
dos Registros Públicos, Londresª

PREFÁCIO
1. De Robert Jackson ao Presidente Truman e anexos, 19 de dezembro de
1945. 740.00116 EW Acusação/ 12-1045. Setor Diplomático, Arquivos Nacio»
nais dos Estados Unidos (daqui por diante, mencionados como Departa—
mento de Estado 1).

328 329
:?. A expressão mais extremada dessa tendência consistiu no livro de Tel- 16. Cayl I—Iaensel, Das Gericht veriam,“ sich (Hamburgo, 1950), 10. 201,
ford Taylor, Nuremberg'and Vietnam: An American Tragedy (Nova York, 17: O mdiciamento aparece no volume 1 de Trial of the Major War Cri--
1970). mmals before the International Military Tribunal, 42' volumes (Nurem-
3. A. J'. P. Taylor, The Origins of the Second World War (Nova. York, berg1A19.47) _(daqui por diante citado como TMD. Em todo este livro, as
1961), apresenta o ínicio da nova era. .referergcms &. pºinião e Decisão finais provêm de: Nazi Conspiracy and
ªl.. A reunião de 1974 da. Associação Histórica Americana. realizou um pro—» Agresszon: Opzmon and Judgment (Washington, 13. C.: 1947) (daqui por
grama sobre Nuremberg. Antes disso, Eugene Davidsºn (The Trial of diante citado como Opinião 3 Decisão). '
Germans, Nova York, 1966) chamou a. atenção do público para os julga— 18. Encontra—se um exame da, maior parte dos problemas legais em Au.-
mentos, mas seu livro foi umª.-crônica, do nazismo, sendo .os réus usados gust von Knieriem, The Nuremberg Trials (Chicago, 1959), e Robert K,
como exemplos ilustrativos. ' Woetzel, The Nuremberg Trials in International Law (Londres e Nova.
5. Albert Speer, Spandau: The Secret Diaries (Nova York, 1976). York, 1962).
19. Volume 1, p. 42, TMZ.
CAPÍTULO 1 20. Ibiá, p. 29.
21. Ibict, p. 241.
22. “Notes on Judgment”, 15 de agosto de 1946, p. 18, Caixa 14, maço 3,
l. Memorandum for the General Secretary, 20 de outubro de 1945, Ser—-
Documentos F. B.
viço do Lorde Chanceler (mencionado, daqui em diante, como SLC) ,
2/2982/x/j. 7320. Administração dos Registros Públicos, Londres.
2. Entrevista com Dean Adrian Fisher, Washington D. C., 1 de maio de CAPÍTULO 2
1975. _
3. Entrevista com Herbert Wechsler, Nova York, 8 de maio de 1975. En—
trevista com John Phipps, Londres, 21 de março de 1975. 1. 11%; Morgenthau Diary (Germany), vol. EI (Washington, D.C.:
1967),
&. Entrevista com John Phipps, Londres, 21 de março de 1975. Entrevista p. . .
mm Sir Patrick Dean, Londres, 2 de abril de 1975. Entrevista com Dean 2. “The Diaries of Henry L.. Stimson”, 25 de agºsto, 7 de setembro, 25 de
Adrian Fisher, Washington, D.C., 19 de maio de 1975. getlembm, 13 de outubro de 1944 (e seguintes). Rolo 9, Universidade de
5. Entrevista com John Phipps, Londres, 21 de março, 1975. “Notes on fa, e.
Conference”, 13 de outubro de 1945, Caixa, I, Documentos de Francis Biddle, 3. Os francegeg mostraram-se particularmente insistentes; veja-se, por
Úníversídade de Siracusa, Siracusa, Nova “York. (mencionados, daqui exemplo, o ' o f m o de Duff Cooper ao Ministériº do Exterior, 16 de agostº
por diante, como Documentos F. B.). Nota, de Scott Fox, 2 de outubro de de 1944, Gama, 1470, ME 371/38999/U 10825, ME.
"1945, Ministério do Exterior (daqui por diante mencionados como ME) - 4. Os arquivos norte—americanos e britânicos estão repletos de tais fefe-==
371/50989/U—7875. Administração dos Registros Públicos, Londres. “Memo“ rçncias. 'Uma declaraçâo geral sobre esses problemas, feita pela Confe—
mudam of Points for Consideration by British Judges in Berlín”, 10 de rencm, Judaica Norte—Americana., foi remetida do Departamento de Esta—»
Dutubro de 1945, SLC 2/2982/x/j. 7320, SLC. Francis Biddle, In Brief Au— do ao Departamento de Guerra, em 8 de setembro de 1944. Ver documentos
thority (Nova York, 1962), p. 385 (mencionado, daqui por diante, comº anexos aº aviso de Stímson & Hull, de 27 de outubro de 1944, em Assistant
iBâddZe). Secretarypf War, RG 107, Crimes de Guerra, 000.5, Setor Militar Modern
ªvô.. “Notes on Conference”, 13 de outubro, 1945, Caixa I, Documentos F. B.. no, Arqurvos Nacionais dos Estados Unidos (citados, doravante, comº
ª?. H. Montgomery Hyde, Norman Birkett (Londres, 1964) daqui por dian- Subsecretário) .
te, citado como Birkett, pp. 494—95. Entrevista. com John Phipps, Londres, -. :" & I:?áªíxflúmeras indicações dessa atitude nos arquivos norte-americanºs
21 de março 1975 “ - e br:.tamcos. Um maço do Mmlsterío do Exterior britânico compreende
8. Jackson to Honky, Chefe dos Promotores dos Estados Unidos para, o grande quantidade de exemplos, inclusive a, ordem dada. pelo Departam
Processo dos Crimes do Eixo, 26 de fevereiro de 1946, Grupo de “Registro - mento de Guerra & Eisenhower, emitida em 1ª? de janeiro de 1944, de que
(GR), 238, Caixa 198, Setor Militar Moderno, Arquivos Nacionais “Wa-— nãp houvesse separação dos criminosos de guerra nos campos de prisio-
shington D.C. (citado, daqui em diante, como Chefe dos Promotores). nelms. ME 371/38996, ME.
9, “Notes of Evidence”, 26 de abril, 1946, volume 4, Caixa 4, Documentos 6. ”Alem da _coleção de dqcumentos conhecida como o “Morgenthau Dia.-
F. B. ry , na Bllqlloteca, Frankhn Ig. Roosevelt, em Hyde Park, com. os vários
10. Blake to Biddle -—- Resumos de imprensa, Departamento de Estado ramos pubhcados dessahcoleça o, & melhor fonte para. que se examine o
dos Estados Unidos 740.00116 EW. Acusação, Setor Diplomático, Arquivos comportamento de; .Morgen-thau nesse problema, é o livro de Henry L,
Nacionais 1 (citados, daqui por diante, como Departamento de Estado I ) , Femgold, The Polztecs of Rescue (New Brunswíc, Nova Jersey: 1970).
passam. 7. Morgenthau, e praticamente todos os altos funcionários norte—ameri—
11. Nota. de,-Scott Fox, 2 de outubro de 1945, ME 371/50989/U—875, ME. canos empenpgdos no problema, relembrou os acontecimentos sob a for—'
12. Patrick Dean to Scott Fox, 6 de dezembro de 1945, ME 371/ 510039758, ªna, de memçrms. Pªreci-Je ter sido o Tenente—Coronel Bernard Bernstein
ME. uem comumcou & ire ríz & Morgenthau, Mor enthau Dian German
13. Entrevista com John Phipps, Londres, 21 de março de 1975. Entrevis— volume 1, pp. 450, 462. g J( y),
âa com Dean Adrian Fisher, Washington, D. C., 19 de maio de 1975. 8. Margen'âhau Diary (Germany ), volume I, p. 447.
14. “Notes on Judgment”, 3 de setembro de 1946, p. 26, Caixa 14, maço 9. “Memorandum of Conversation With the President”, 15 de novembro
:?» Documentos F. B.
dªe ;944. Edward Stettínius, Documentos, Caixa 724, Universidade da, Vir-—
I.”. End., 12 de setembro de 1946, p. 54. gama..

330 nm..
valia-L
10. F. D. Roosevelt to Secreiam of War, 26 de agosto de 1944, Marge—n- 1%?» e 15 de fevereiro de 1944, Notas do ME, 15 de fevereiro de 1944, ME
thau Diary (Germany), volume I, pp.. 450, 462. , 371/38991/2223, ME. Quanto à. Conferência do Cairo, ver notas do ME, 22
11. Podem ser comparados os originais com a versão publicada., Margen-— de fevereiro de 1944, ME 371/38992/2822, ME, -
thau Diary (Germany), volume 1, pp. 442 ss., ou com o original em Hyde 36. Lista. do Departamento de Informações Politicas, 10 de abril de 19%;
Park. “Morgenthau Diary”, livro "765, Biblioteca, Franklin Delano Roºse— lista. do ME, 27 de abril de 1944, ME 371/38993/4791, ME.
velt, Hyde Park. Convém observar que o presidente possuía uma cópia 31. Minuta redigida pelo Ministro, 26 de maio de 1944, ME 371/38993/4791,
do Manual com suas próprias iniciais, e com a. data de 25 de agosto de ME. ,
1944 (ver o Arquivo do Secretário do Presidente, Caixa, 104, Biblioteca 32. Atas dos Conselho de Ministros da Época da Guerra. (44), 128 de junho
Franklin Delano Roosevelt,_ Hyde Park). , de 1944, ”970, CAB 21. = |
12, A. idéia de formação ãe um comitê nasceu, ao que parece, da cabeça. 33. Prime Minister to General Ismay, 25 de agosto, 1944, ”970, CAB 21,
de Morgenthau, e passou a ser defendida por Stímson. Morgenthau Diary 34. Reunião do Conselho de Ministros da Época da Guerra, ”4 de setembrº
(Germany), volume I, p. 447. de 1944, /7970, CAB 21.
13. “Post—Surrender Memorandum”, 4 de setembro de 1944, e Atas da, 35. Memorando & P. J. Dixon, 18 de setembro de 1944, ”970, CAB 21. |
Conferência do Tesouro, & de setembro de 1944, Morgenthau Diary (Ger—' 36. Ata. redigida, por Allen, 3 de outubro de 1944, ME 371/39004/13753, ME..
many), volume I, pp. 495, 503—09. . 37. Prime Minister to Lord Chancellor, 27 de setembro de 1944, ”970,
14. Ibiá, pp. 507—09. CAB 21.
15. Stimson to Henry Margenthau, 5 de setembro de 1944, in “The Pa— 3&. Conclusões do Conselho de Ministros da. Época. da Guerra,, 4 de outubro,
pers of Henry L. Stimson”, Rolo nª? 110, Universidade de Yale (daqui em 194%, ”970, CAB 21.
diante, mencionados como “Documentos de Stímson”). 39. A reação de Morgenthau aparece com especial clareza nas atas das
16. Stimson to the President, 9 de setembro de 1944: Foreign Relations conferências do Tesouro. Morgenthau Diary (Germany), volume I, pp. 627
of the United States: The Conference at Quebec, 1944 (Washington, D. C..: ss. A queixa oficial de Franklin Delano Roosevelt sobre o fato de que a
1972), p. 125. notícia, transpirara para a imprensa foi remetida ao Departamento de Es-
17. Ibm, p, 77. tadº em fins de setembro. (Ver President to Secretary Hull, 29 de setembrº
18, Conversação entre Stímson e McCloy, and., p. 76. de 1944, Arquivo dos Secretários Presidenciais, Caixa 44, Biblioteca Fran-=-
19. Ibict, p. 77. klin Delano Roosevelt, Hyde Park.)
20. Stimson to Henry Momenthau, 5 de setembro de 1944, “Docúmentas ,
40, 4 de novembro de 1944, “Diaries of Stimson”.
de Stímson”.
21. Um funcionário anônimo do Departamento de Guerra divertiu—se à 41. 27 de outubro de 1944, conversação com 0 Embaixador Winantz TDM.-
custa“ deles, redigindo um memorando de duas páginas. & Stímson, em 19 ríes of Stimso'n”. Há um interessante estudo da “perda” de memoria de
de setembro, no qual esboçava várias maneiras fantasiosas de arruinar & Franklin Delanº Roosevelt, no livro de Donald R. McCoy (org.) , Confefe'nce
economia alemã, (ver “Memorandum to the Secretary of War”, 19 de se— of Scholars on the Administration of Occupied Areas, 1943—1955 (Blbhoteca.
tembro de 1944, “Documentos de Stimson”). Hawk S. Truman, Independence, Míssúrí: 1978), p. 20.
42. Stimson to Hull, 27 de outubro de 1944, Departamento de Estado dºs
22. Caixa 314, passim, Departamento de Guerra G-l, GB. 165, Crimes de
Estados Unidos 740.00116 EWT/104744, Guerra Ilegal e Desumana, Sejapr Dl—
Guerra, 000.5, Centre de Arquivos Federais, Suítland, Maryland.
plomático, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos da América (papers,, dra.-—
23. Bemays to R. A. Winnacker, 18 de agosto de 1949, Coleção Murray C..
qui por diante, citados como Departamento de Estado H).
Bernays, Caixa 1, Universidade de Wyoming (doravante mencionada como
43. Stettinius to Peu, 25 de novembro de 1944, nº 9920, Ill—2744, Departa-
Bernays), ' '
mento de Estado 11 .
24. O ofício com que Bernays remeteu () memorando figura no Arquivo 44. Stimson ta Hull, 27 de novembro de 1944, lit-2744, Departamento de
de Julgamento e Castigo 1, Caixa. 4, Bemays. O memorando aparece em Esiado II. '
diversos pontos nos- arquivos federais e nos documentos de Bernays. As ' %.. Chanler to Bemays, 20 de dezembro de 1944, Arquivo de Trabalho, Caí-—
citações do memorando são, talvez, mais acessíveis no ofício- de .McCIO'y xa, 16, Subsecretário. .
& Stimson, de 27 de outubro de 1944 (Arquivos de janeiro de. 1943 &. dezem— 46. Wechsler to Bidle, 29 de dezembro de 1944, Arquivos do Departamentº
bro de 1944), Caixa, 15, Subsecretaria. ' - de Justiça sobre o Processo dos Criminosos de Guerra. . _
25. McCloy to Stimson, 27 de outubro, 1944 (anexo), (Arquivo de janeiro 47. “Memorandum Regarding Punishment of Criminals”, 5 de. Jªnelro de
de 1943 a. dezembro de 1944), Caixa. 15, Subsecretário. 1945, Departamento de Justiça, Arquivos sobre o Processo de Cnmmosos de
26. Ofício de remessa por Bernays, Arquivo de Julgamento e Castigo 1, Guerra,. Entrevista com Herbert Wechsler, Nova York, 8 de maio de 1975.
Caixa 4, Bemays. Bernays também preparou uma cronologia dos aconte- 43. FDR""to'Stettz'nius, 3 de janeiro, Documentos de Stettínius, Caixa, 232.
cimentos até o fim de dezembro de 1944, Departamento de Guerra G-l, 49. ”Béddle, p. 470. .
GR 165, Crimes de Guerra 000.5, Caixa, 313, Centro de Arquivos Federais, 50. “Memorandum for the President”, 22 de janeiro de 1945, Forezgn Re—
Suítland, Maryland. lations of the United States: Conferences at Malta and Yalta, 1945 (Wa—-
27. Ata redigida pelo secretário de Estado, W. P.. (42) 264, 22 de junho, shington, D.C.: 1955), pp. 402-11. *
1942, CAB 21. Comitê dos Ministros da Época de Guerra sobre Crimes de 51. mm., pp. 405 ss. ”
Guerra, Arquivo nº 1509, Administração dos Registros Públicos, Londres 52. Foi feito um esforço no princípio de março para, consecuçao dq en—
(doravante, mencionados como CAB 21). dosso oficial de Franklin Delano Roosevelt, mas falhou. Correspondençia
28. Clark Kerr to FO, nº 339, 25 de novembro de 1942, CAB 21. entre Dunn e McCloy, 3-645, Departamento de Estado II. Joseph E. Dawes
29. Houve discussões no Conselho de Ministros em 10 de novembro de foi a: primeira. pessoa. que Franklin Delano Roosevelt. escolheu para. nego-—

332 333
ciar o problema com os britânicos, mas adoeceu. Rosenman, que estivera %. Atas de Reunião, 22 de maio de 1945, “Arquivo do Mês de Maio”, Caixa.
empenhado em fases iniciais do debate sobre a política a ser seguida em, 16, Subsecretário.
matéria de orientação quanto a crimes de guerra, foi. informado da “tarefa 75. Anúncio feito por Jackson quanto à base de seu grupo, 3.6 de maio de
que lhe incumbia por telegrama, em 24 de março de 1945 (ver Grew to 1945, GR 107, Crimes de Guerra, 000.5, Secretário de Guerra, Setor Militar
Rosenman, nº 229ê/3-2445, Departamento de Estado H ) . Moderno, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.
53. Churchill to FDR, 22 de outubro de 1944, Foreign Relations of the Uni— 76. Grew to U. S. Embassies, 18 de maio, 1945, /5—1545, Departamento de
íed States: Conferences at Malta and Yana, 1945 (Washington, D.C. 1955), Eszfado II . Nota, de 29 de maio, de maio a 14 de julho, 1945, Caixa, 17, Do—
p. 400. Churchill to Eden, 24 de outubro de 1944, ME 371/39005/14953, ME. cumentos Joseph E. Davies, Biblioteca do Congresso. “Memorandum by P.
54. O personagem crucial nmºassunto era O consultor jurídico do Departa— Dean”, 28 de maio, 1945, ME 371/51024/4355, ME. =
mento de Estado, Green Haywood Hackworth, que encarava. com frieza & 77. Atas do ME, 5 de maio de 1945, ME 371/51009/3462, ME.
idéia de julgamento.. 78. Atas do ME, 14 de maio e 24 e 26 de maio, 1945, ME 371/50976/4004 &
55. Halifax to FO, 19 de outubro de 1944, ME 371/39005/14328, ME. Halifax ME 371/51024/4356, ME. -
to FO, 3 de janeiro de 1945. CAB 122/1353/8032, Administração dos Regis-— 79. “Memorandum by,the Attorney General”, “WP. (45) 313, 18 de maio,
tros Públicos, Londres (daqui por diante mencionados como CAB 122). 1%5, CAB 66, yolume 65, Administração“ dos Registros Públicos, Londres.
56. “Notes of the Anglo-American meeting of April 10, 1945”, Documentos 80. Ata redzgzda por P.. Dean, 28 de maio de 1945, ME 371/51024/4355, ME.
de Samuel I. Rosenman, Biblioteca Harry S. Truman, Independence, Mis—- Atas do Conselho de Ministros, Conselho de Ministros (1) , 30 de maio de
súri (doravante citados como Rosenman) , Caixa. 7, Arquivo de Crimes de 1%5. CAB 65, v01u_131e 53, Administração dos Registros Públicos, Londres.
Guerra, É. %;ads da Reumao de 29 de Maio de 1945, p. 2, SLC/X/j.'73 20, SLC.
, 2 . »
57. ““War Criminals Memorandum”, 9 de abril de 1945, WP(45)225, CAB
83. Caffery to State Department, 19 de junho, 1945, n. A—792, 6—1945, De—
66, volume 64, Administração dos Registros Públicos, Londres.
partamento de Estado H. '
58. Atas das Reuniões do Conselho de Ministros da Época de Guerra., 12 de 843 “Memorandum of Third Conservation in the Kremlin”, Foreign Re—
abril de 1945, CAB 65015), ml. 50, Administração dos Registros Pyblicos, Zat_zons of the Umted States: Conference of Berlin (Potsdam), 1945 (W&—
Londres. shmgton, D. C., 9160), p“ 486
5-9. Raid,, 1). 264. 85. Notas tomadas sobre o encontro entre Novíkov e Stettíníus, 14 de ju—
60. Stettz'm'us to Rosenman, 11 de abril de 1945, n.º 5747, Caixa 15, Arquivo nho, 19%5/ 6—1945, Departamento de Estado 1".
Alfabético, Subsecretário. .
86. Ibiá. '
61. Stimson to Weir, etc., 17 de abril de 1945, WAR 67164, Caixa 7, Arquivo 87. Cópiª do plano dos Estados Unidos de 19 de junho de 1945, registrada
de Crimes de Guerra, Rosenmann , . em 3 de Julho de 1945. ME 371/51020/5157, ME..
62. “Memorandum on Grew—Truman Conversation”, 27 de abril de 1945, 88. Fête "to Rosenman, & anexo, 16 de junho de 1945. Arquivo de Crimes de
AJ:—1045, Departamento de Estado 11“. Guerra,, Caixa 7, Rosenman.
63. Jackson to President Truman, 29 de abril. de 1945, in Eugene C. Ger—-
hart, Americaºs Advocate: Robert H. Jackson (Indianapolis e Nova York:
1958), pp. 308—10. _
CAPÍTULO 3
64. “Memorandum”, 30 de abril de 1945, For Presentation at San Francisco,
Documento 5, Relatório de Robert H. Jackson, Representante dos Estados
Unidos na, Conferência Internacional sobre Julgamentos Militares (Wa-— 1. Robert H. Jackson, “The Rule of Law Among Nations”, American Bar
shington, D.C.,: 1949) (daqui por diante mencionado como Jackson),pp. 28—38. Association Journal, XXXI (junho de 1945), 10. 293.
Uma nota que figura na. cópia de Bernays diz que o memorando foi “apro— 2. HST to General Booth, 25 de maio de 1945, Arquivo Oficial, Arquivo
vado em 19 de maio de 1945, por Cutter, Wechsler, Jackson e o próprio 325, Caixa, 1007, Documentos de Harry S.. Truman, Biblioteca de Harry S.
Bernays. Arquivo Julgamento e Castigo, 2, Caixa 4, Bernays. .. _ ' “Truman, independence, Míssúri.
65. “Notes of Meeting of April 16, 1945”, SLC 2/2981/X/j. 7320, SLC. ' 3. Os Documentos de James E. Donovan (Instituição Hoover, Universidade
66. Halifax to FO, 24 de abril de 1945,/ 1353/8032, CAB 122. : Stapford) e os Documentos de Murray C. Bernays contêm as melhores co-
67. “War Criminal Memorandum”, P. (45) 281, 3 de maio de 1943. CAB 66, 1eçoe_s” de cartas, atualmente disponíveis, de pessoas que participaram das
volume 65, Administração dos Registros Públicos, Londres. reumoes.
68. W. M. (45) Conclusões, 3 de maio de 1945. CAB 66, volume 65, Adminis— 4. Gerhart, America? Advocate, p. 322. '
tração dos Registros Públicos, Londres. 5ª Jackgpn to Rosenman, 25 de junho de 1945, nº 36997 (classificado com
69. Rosenman to' HST, 3 de maio de 1945, Arquivo S. F., Caixa 15, Subse— data de 28 de junho de 1945), Arquivo de Crimes de Guerra, Caixa. 7,
cretárz'o. Rosenman.
70. Ibiá. , 6. Atas da, Reunião do Serviço Executivo Britânico de Crimes de Guerra,
15 de junho de 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
71. Projeto de Acordo Executivo, 8 de maio, 1945, p. 3, Arquivo de Crimes
7. Atas de Reunião, Serviço Executivo Britânico, 15“ de junho de. 1945, SLC
de Guerra, Caixa 7, Rosenman. '
2/2980/x/j. 7320, SLC“
72. Projeto de Acordo Executivo, 16 de maio de 1945, Arquivo S. F., Caixa 8. Atas de Reunião, Serviço Executivo Britânico, 5 de junho de 1945, SLC
15, Subsecretário. 2/2980/X/j. 7320, SLC. . '
73. Rosenman to Golinsky, etc., 10 de maio de 1945, Arquivo de Crimes de ?. Observações & respeito de uma. conversa, com o General Donovan, 9 de
Guerra, Caixa, 7, Rosenman. . Junho de 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.

334 335
33. Jackson to Secretary of State, 6 de julho de 1945, nª? 6814, 7—645, Dem?“—
10. Atas de Reunião, Serviço Executivo Britânico, 5 de junho de 1945, SLC tamento de Estado H.
2/2980/x/j. 7320, SLC. _
34. Atas de Scott Fox, 20 de julho, 1945, ME 371/ 50983/ 5801, ME.
11" Dean to Maxwell Fyfe, 19 de junho de 1945; SLC 2/2980/151/1. 7320, SLC. 35. “Memorandum for Justice Jackson”, 14 de julho de 1945, Arquivo Jul-n
Mas de Reunião, Serviço Executivo Britânico, 15 de junho de 1945, SLC gamento e Castigo 1, Caixa, 4. Bemays. Forma alternativa de acordo exe—=
2/2980/X/j. 7320, SLC. cativo, &. d., Caixa, 222, Chefe dos Promotores.
12. Lista de criminosos de guerra, 19 de junho de 1945, ME 371/51027/4958,
' 36. Jackson to McCloy, 18 de julho de 1945, “Arquivo de Maio”, Caixa 16,
ME,
Subsecretário. De Bemays à. mulher, 21 de julho de 1945. ªrquivo de cartas
13. Dean to Maxwell Fyfe, 19 de junho, 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
pessoais, Caixa nª? 4, Bemays.
14. Atas da segunda reunião anglo-americana, 21 de junho de 1945, SLC
37. “Memorandum by Judge Rosenman”, 1ª? de agosto de 1945, Foreign
2/2980/x/j. 7320, SLC.
Relations of the United States: Conference of Berlin (Potsdam), 1945, vo-
15. Atas de Scott Fox, 21 de junho de 1945, ME 371/ 51026/ 4849, ME. lume 2 (Washington, D.C.: 1960), p. 987; J. Donovan to Jackson, 23 de julho
16. Atas da segunda reunião anglo-americana, 21 de junho, 1945; SLC de 1945, Arquivo Julgamento e Castigo 6, Caixa 4, Bernays.
2/2980/X/j. 7320, SLC. ' .
38. Conversa entre funcionários norte—americanos em Potsdam, 26 de ju—
17. Atas da primeira reunião das Quatro Potências, sessão matlnal, 26 çle
lho de 1945: Foreign Relations of the United-States: Conference of Berlin
junho de 1945, Arquivo Julgamento e Castigo 4, Caixa 4, Bemays. Convem (Potsdam), 1945, volume 2 (Washington D.C.: 1960), 1313. 4123—424.
notar que não se trata. das mesmas atas publicadas em J ackson (Documen—
39. Ibiá, p. 424.
to XIII, p.. "713, atas essas que só cobrem a sessão da tarde. As atas que? fº].—
40. Clyde to Scott Fox, 28 de julho de 1945, ME 371/11031/5860, ME. Lord“
guram em Jackson foram, ao que parece, redigidas pela secretária. do 31312,
Chancellor to Hime Minister, 31 de julho de 1945, 11.0 317, ME 371/51031/
Mrs. Elsie Douglas. Há, ademais, três outros conjuntos para, Várias sessoes.
5838, ME.
As atas guardadas por Bernays e pelo filho de Roberto Jackson constam em.
41. Prime Minister to Lord Chancellor, 19 de agosto de 1945, nº 332, ME
Bemays. O funcionário do Tesouro britânico incumbido do assunto tam—
371/51031/5882, ME; Atas de 2 de agosto de 1945, ME 371/51031/5877, ME.
bém guardou aftas. (Ver, por exemplo, ME 371/51032/5931, ME.)
42. Clyde to Scott Fox, 28 de julho de 1945, ME 371/ 51031/ 5860, ME.
13, Atas da. sessão de 26 de junho de 1945. Documento 13, Jackson, pp.
43. “Notes of the Eleventh Plenary Meeting”, 31 de julho de 1945, Foreign
'?1 ss.
Relations of the United States: Conference of Berlin (Potsdam), 1945, volu—
19. Revisão dº projeto nortemamerícano de M de junho de 1945. Documen— me 2 (Washington D.C.: 1960), p. 528“
tº 9, Jackson, p. 58ª , º -
%. Ibiá.
20. A sessão matina]. de 29 de junhº constitui. exemplo 15113100, Documento && Resumo preparado pelo ME da décima, segunda. sessão plenária, 1ª? de
17, Jackson,, pp.. 9”? ss.- _ “ ”
agosto de 1945, ME 331/51832/5974, ME.
21. Jackson io MCCZoy, 30 de junho de 1945, nª? 383%, “Arquwº de Maw , 46. Rosenman to Semetary of State, 1.0 de agosto de 1945, Foreign Rela—
Caixa, 16, Subsecretário, ' _
tions of the United States: Conference of Berlin (Potsdam), 1945, volume
22. Bernays tº Cutter, 9 de julho de 1945, “Arquivo de Mam”, Gama. 16, 2 (Washington, D.C.: 1960), p.. 98"?º
Subsecretária .
ª?. Atas da Sessão da Conferência de 2 de agosto de 1945, Documento 59,
23. Jackson to Rosenman, 26 de junho de 1945 (classificado com a, data de Jackson, pp. 399—419.
28 de junho), nº 36997, Arquivo de Crimes de Guerra., Caixa 7, Rosenmann, 48. Documento 60, Jackson, pp. 426—21.
24. Jackson to Rosenman, 2'? de junho de 1945 (classificado cpm & data. 49, Davies to Rosenmann, 13 de janeiro de 1945, Arquivo de Úrímes de'
de 29 de junho), 11,0 37267, Arquivo de Crimes de Guerra,, Gama 7, R0— Guerra, Caixa, ?, Rosenman. Jacob Robinson, “The International Military
senman. , .
,,,-Tribuna,]. and "the Holocaust: Some Legal Reflections”, Israel Legal Review,
25. Jackson to Secretary of State, 4 de julho de «1945, Foreign Relatzons VII, nº 1 (janeiro de 1972): 3.
of the United States: 1945, volume 3 (Washington,:DCx 1988), p. _1167. 50. Alderman to Nikitchenko, Gras, cmd Roberts, 31 de agosto de 1945,
26. Jackson to Rósenman, 12 de julho de 1945, Arquivo de Cnmes de SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
Guerra, Caixa 7, Rosenman. _ - -- _
5-1. Documento 60, artigos 18 e 19, pp. 426-27, Jackson. Quanto à susceptibi-
27. Jackson to McCloy, 18 de julho de 1945, “Arquivo de Malo”, Gama 16, lidade da promotoria nesses pontos, ver as Atas da, Reunião de Chefes das
Subsecretário. . . -
Promotorias, 30 de outubro de 1945, ME 371/50992/8801, ME.
28. Jackson to Taylor, 19 de julho de 1945, nº UK 45807, GR 153, JAG, 52. Documento 4, Artigo 11, p.. 24, e Documento 60, artigo 9, p. 424, Jackson.
Arquivo número 103—1A—Bk, 1, Caixa. 1603, Centro de Arquivos Federals,
5%.20ªªlg/Ifâlorandum by F."-Dean”, 19 de junho de 1945“, SLC 2/2980/X/j.
Suitland, Maryland.
29. Jackson 250 Secretary of State, 19 de julho (161945, nº 7341, 7-2045, De— 54. Alderman, pp. 82-83, Comitê de Londres nº 1, Documentos, 23 de junho
partamento de Estado II. de 1945, Arquivo Julgamento e Castigo 4, Caixa. nº 4, Bemays.
30. Jackson io Secretary of State, 20 de julho de 1945, nº 7341, 7-2045, De— 55. “Memorandum on Keítel, Doenitz et al.”, 15 de agosto de 1945, SLC”
partamento de Estado II. .
2/2980/x/j. 7320, SLC. , '
'31. Sidney S. Alderman, “Negotíating the Nuremberg Trial Agreements,
56. “Dean Memorandum”, 19 de junho de 1945; Projeto Britânico, 13 de
1945”, in Raymond Bennett e Joseph E. Johnson (orgs.), Negotiating wzth
julho de 1945 ; Arquivo Julgamento e Castigo 6, Caixa, 4, Bernays.
the Russians (sem local. de publicação: 1951) [doravante citado como AZ—
derman], p. 78. 57. Taylor to Jackson, 25 de junho e 13 de julho de 1945, Departamento de
Guerra, BG 165, (3—1, Crimes de Guerra, 000.5, Caixa. 313, Centro. Federal de
32. Jackson tº McCZoy, 18 de julho de 1945, “Arquivo de Maio”, Caixa. 16,
Arquivos, Suitland, Maryland.
Subsecretário.

336 337
58. Bernays to Donovan, 2 de julho de 1945, Preparação de Provas, Arquivo 107, Crimes de Guerra, 000.5, Setor Militar Moderno, Arquivos Nacionais dos
2 Caixa, 2 Bemays. Estados Unidos.
59. “Memorandum for all Legal Personnel”, arquivado em 25 de julho de "
19415 (datado de 20 de julho), Reparação das Provas, Arquivo 3, Caixa 2,
Bernays. CAPÍTULO 4.-
60. Jackson to Taz/107,19 de julho de 1945, nº UK 45807, Departamento de
Guerra GB 153, JAG, Crimes de Guerra, 000.5, Arquivo nº 103-1A-Bk-1
Caixa. 1603, Centro Federal de A1quivos,Suit1and, Maryland 1. HST to Francis Biddle, 12 de novembro de 1946, Documento 251, Do—
61. Projeto Horsky, 4 de agogbo de 1945, Arquivo nº 1 deprovas secretas, aumentos Públicos do Presidente Harry S. Truman (Washington, D.C.:
Caixa. 3, Bernays. Bernays to Jackson, remetendo dois projetos de indicia— 1962), p. 481.
mento, 8 de agosto de 1945, Arquivo de Provas Secretas nº 2, Caixa 3, ªí E Philimore to Maxwell Fyfe, 26 de setembro de 1945, ME 371/51038/7765,
Bemays.
62. Notas tomadas durante a reunião das quatro equipes de promotores, 3. “Notes on Conference”, 3 de outubro de 1945, Caixa, 1, Documentos FB,
9 de agosto de 1945, Arquivo de Provas Secretas nº 3, Caixa 3, Bernays. “Memorandum to Bíddle and Parker”, 5 de outubro de 1945, Pasta 1, “Me—
63. Alderman, p.. 86. Clyde to Schawcross, 11 de agosto de 1945, ME 371/ moranda”, Caixa 14, Documentos EB.
510331/6290, ME. Jackson to staff, 14 de agosto de 1945, Arquivo de Provas 4. Ibiá.
Secretas nª? 3, Caixa 3, Bernays. 5. Entrevista com John Phipps, 21 de março de 1975, Londres. Atas de
64. Jackson to staff, 14 de agosto de 1945, Arquivo de Provas Secretas nº Dean, 8 de novembro de 1945, ME 371/50994/8993, ME.
3, Caixa, 3, Bernal/3. ?. dJaIcson to HST, 12 de outubro de 1945, /10—1645, Departamento de Es—
65. Jackson to HST, 12 de outubro de 1945 (arquivado () ofício em 16 de a o ..
de outubro), 10—1645, Departamento de Estado I. ª“, gNotes on Conference”, 15 de outubro de 1945, Caixa 1, Documentos
66. Alderman, pp. 84 ss.
67. Jackson to Wendelz'n, 28 de agosto de 1945, nº 8770, 8-2845, Departa— 8.1bz'd,, 13 de outubro de 1945.
mento de Estado II. 9. Atas da Reunião dos Chefes das Promotorias, 31 de agosto de 1945, ME
38. Jackson to Byrnes, 24 de agosto de 1945, nº 8919, 8—2745, Departamento 371/51036/6830, ME. William Jackson to Secretary of State, 10 de outubro
de Estado I.? de 1945, /10-145, Departamento de Estado 1. Notas sobre a reunião de 29 de
69. By; nes to Jackson, 25 de agosto de 1945 nº 7289, 8— 2745, Departamento outubro de 1945, Caixa. 1, Documentos F. B.
de Estado II. %0. gªitªs da. Conferência de 21 de outubro“ de 1945, Caixa 1, Documen—
70. Jackson to Byrnes, 27 de agosto de 194.5,110 8733, 8— 2745, Departamento os . .
de Estado H 11. Notas sobre a reunião de 13 de novembro de 1945, pp, 84.1, Caixa 2,
'?1, Aldmman p. 85 Documentos F. B.
72. Relatório dos Trabalhos nº 5, Comitê Leste—Oeste, 4 de setembro de %2. ;Ngtes on Conference”, 6 de novembro de 1945, Caixa, 2, Documen—
1945, ME 371/ 51036/ 6892 ME. Notas tomadas sobre a reunião dos chefes de os
delegação, 13 de setembro de 1945, ME. 13. J. R Rees (org.), The Case of Rudolf Hess (Nova York,1948) “Notes
73. Álderman, p. 90. o f Evidence”, volume 1, pp 80 ss., Caixa 3, Documentos F. B
74. Relatório dos Trabalhos nº 6, Subcomítês 2 e 3, Comitê Leste—Oeste, 14. Dean to Scott Fox, 20 de novembro de 1945, e Atas da Reunião dos
20 de setembro de 1945, ME 371/51037/7448, ME . Chefes de Promotorias, 19 de novembro, 19,1945, ME 371/50996/8093 ME.
75 De Stmey a Jackson, 19 de setembro de 1945, Caixa 2983 Chefe dos Pro- 1 5 . 1 4 de novembro de 1945, volume 2, p 10, TMZ.
motores. 16. mm., 1). 15
76. Alderman, p. 91. 17. mm., p. 8.
77 Ibiá. '18. Biddle, p. 401; “Notes on Conference”, 16, 17 de novembro, Caixa, 1;
78. Alderman, pp. 91- 92. Dean to the Attomey General, 27 de setembro de Atas, 13, 15, 16 de novembro de 1945, Caixa 2, Documentos F. B.
1945, ME 371/50988/7678, ME 19. 21 de novembro de 1945, volume 2, pp. 154-155, TMZ.
20. Ibiá p. 155.
79 Alderman, pp. 92—93.
21. Atas da Reunião do Serviço Executivo Britânico de Crimes de Guerra,
80. Alderman, pp. 92—93. 7 de novembro de 1945, ME 371/50995/9198, ME.
81. Passagem extraída das conclusões do Conselho de Ministros da Época 22. Uma avaliação britânica sobre os diferentes defensores dos réus cons—
de Guerra;, 38(45), 9 de outubro de 1945. ME 371/50989/8048, ME. taEde um sumário datado de 27 de novembro de 1945, ME 371/50998/9481,
82. 'Alderman, 93—94. M .
83. Monigcm to Amen, 4 de outubro de 1945, Caixa, 180, Chefe dos Pro- 23. Duas das melhores frestas por onde olhar o que se passava, no espírito
motores. dos advogados de defesa são Viktor Freiherr von der Lippe, Núrnberger
84. Ata acrescentada. por Troutback àquela escrita por Dean sobre os jul— Tagebuchnotz'ze'n (Frankfurt, 1951), e Gustav Steinbauer, Ich war Verteidi—
gamentos dos principais criminosos de guerra, 29 de junho de 1945, ME ger in Núrnberg (Klagenfurt: 1950).
371/ 51029/ 5253, ME. 24. Relatório nº 3 do Serviço Executivo Britânico de Crimes de Guerra,
25 de novembro de 1945, ME 371/51001/9763, ME
85. “Memorandum”, 2 de agosto de 1945, ME 371/50985/6534, ME.
25. Informações tidas como de conhecimento geral ou que escapam à
86. Stimson to Jackson, 25 de junho de 1945, Secretário de Guerra, GB controvérsia (tais como os textos dos tratados) ficavam isentas dessa rea

338 339
55. Clay to Hillármg, 18 de fevereiro de 1946, GB 218, Junta de Chefes do
gra. Ver “Notes of Evidence”, volume I, p. 176, Caixa 3, Documentos F. B.
Estado—Maior dos Estados Unidos da América, Crimes de Guerra, 0005,
Atas das Sessões do Serviço Executivo Britanico? de Crimes de Guerra, 24 "
Caixa 2, Setor Militar Moderno, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.
e 28 de novembro, 1945; Caixa. 2 Documenfós F. B.
56. Clay to Peterson, 8 de abril de 1946, Caixa 14, Subsecretário. O fato de
26. Dean to FO, 24 de novembro de 1945, ME 371/50996/9309, ME.
que esses documentos e outros conexos não estão incluídos nos volumes
27. 29 de novembro de 1945, volume 2, p.. 406. TMZ.
importantes recentemente publicados dos papéis do General Clay (Jean
28. “Notes of Evidence”, volume I, p. 176, Caixa 3, Documentos EB.
Edward Smith [org.], The Papers of General Lucius D. Clay, 2 volumes
29. Birkett, p. 502 “Notes of Evidence”, volume 1, p. 176, Caixa 3, Do—
[Bloomington,e Londres, 1974], deve servir de lembrete de que não se pode
cumentos F. B .
esperar que qualquer coleção impressa forneça todos os materiais cruciais
80. Von der Lippe, Núrnberger Tagebuchnotz'zen, p. 73. Tradução do autor.
relacionados com uma pessoa que ocupou posição realmente significa—=
31. 10 de dezembro de 1945, volume 3, p. 341, TMZ.
tiva.
32. “Notes of Evidence”, 18 e 30 de janeiro de 1946, volume 2, pp. 4, 49,
Caixa 3, Documentos F. B. 57. “Memorandum to Justice Jackson et al.”, 20 de fevereiro de 1946, Cai-
33. Birkett, p.. 506. xa 198, Chefe dos Promotores.
34. 30 de janeiro de 1945, volume 6, p. 341, Til/II. 58. Jackson to Morgan et al., 26 de fevereiro de 1946, Caixa 198, Chefe
35. Birkett, pp. 505 ss., “Notes of Evidence”, 12 de fevereiro e seguintes, dos Promotores.
pp. 93 ss., volume 2, Caixa, 3, Documentos F.B. 5-9. 28 de fevereiro, volume 8, pp. 367—68. TMZ.
36. “Notes on Interview With Justice Jackson”, P. Dean, 24 de outubro de 60. Ibiá”, p. 369.
1945, ME 371/50992/8625, ME. 61. Ibiá, p. 371.
37. Scott Fox to P. Dean, & de novembro de 1945, ME 371/50994/9004 e 62. “Notes of Evidence”, 28 de fevereiro de 1946 volume 2 Caixa. 3 pp
Atas da Reunião dos Promotores, 16 de novembro de 1945, ME 371/50998/ 149— 50, Documentos FMB
9491, ME. 63. 19 de março, volume 8, p. 438, TMZ.
38. “Notes of Evidence”, 4 de junho de 1946, volume 4, Caixa. 4, Documen— 64. mm., pp. 453—55.
tos F. B.. 65. Ibiá, pp. 443—44.
39. Cita—se grande número de tais referências, abaixo, nos capítulos "7, 66, Ibiá, D. 441.
8 e 9.
40. Ver, por exemplo, os comentários de Bíddle sobre o depoimento de 67. Ibiá, p. 441.
Franz Blaha, um ex-prisíoneiro de campo de concentração. “Notes of Evi— 68. I bid.
dence”, 11 de janeiro de 1946, volume I, Caixa 3, p. 275, Documentos F. B. 69. Ibiá, 10. 458.
41. Mesmo um dos advogados de defesa classificou, subseqúentemente, & 70. Ibiá.
decisão de “incompreensível” (“unbegreiflz'ch”). (Ver Steinbauer, Ich, war 71. mm., pp. 464, 465.
Vertez'diger, p. 44.) 72. 2 de março, volume 8, p. 482, TMZ
4.2. Birkett, p. 505, “Notes of Evidence”, volume 2, 29 e ”34, Caixa 3, Do—
aumentos F. B. 73. “Notes of Evidence”, 2 de março, 1945, volume 2, p.. 163, Caixa 3, Dom
43. Dean to Scott Fox, 26 de novembro de 1945, ME 371/50996/9388 ME. cumenios FB.
Jackson to Byrnes, 30 de novembro de 1945, nª? 1739, /11—3045, Departamenw 74. Ibict, 12 de março, 1946, volume 3, pp. 26—27, Caixa 3.
to de Estado II . 75. 5 de março de 1946, volume 8, pp. 532—33, TMI.
44. Dean to Scott Fox, 6 de dezembro de 1944, ME 371/51001/9758, ME. 76. Atas da reunião dos Chefes dos Promotores, 12 de dezembro de 1945,
45. “Notes of Evidence”, 12 de dezembro de 1945; volume I, p.. 147, Caixa ME 371/51008/101518, ME.
3, Documentos F B.. 77. Notas sobre uma entrevista com o Juiz Jackson., 24 de outubro de 1945..
21,6. “Executive Session Minutes”, 5 e 12 de janeiro, 1946, Caixa 2, Documen— ME 371/50992/8625, ME. .
os F. B. 78. “Memorandum by E. L. "Woodward”, 2 de agosto de 1945, ME 371/
4 7 . 1 4 de janeiro, 1946, volume 5, pp. 228— 29, TMI. - 50992/8625, ME. Waldcock to Barnes, 14 de setembro de 1945, ME 371/5103?
48. Morgan to Jackson, 6 de fevereiro de 1946, Caixa, 40, Chefe dos Promo- 17180, ME. Nota. de Dean sobre uma, entrevista com os promotores, 30 de
tores. Esse documento contém as opiniões gerais do Subsecretario de Guer— outubro de 1945, ME 371/50992/8801, ME.
ra Peterson. Chefe dos Promotores, Caixa 198: coleção repleta de recomen- 79. Birkett, p. 518, Nik-itchenko to the other Tribunal Members, 27 de maio
dações das equipes de promotoria dos Estados Unidos e outros aliados. de 1946, “Memoranda”, Pasta 1, Caixa, 14 Documentos F B .
49. “Memorandum on annoucnement of the Tribunal of January 14, 1946”, 80. “Notes of Evidence”, 23 de maio de 1946, volume 4, p. 259, Caixa, 4, Do—
Maxwell Fyfe, 22 de janeiro de 1946, Caixa. 198, Chefe dos Promotores. aumentos F. B.
50. Jackson to Lieutenant Jackson, 6 de fevereiro de 1946, Caixa 198, Chefe 81. Ibiá, 27 de maio de 1946, volume 4, p, 277, Caixa 4.
dos Promotores. 8.2. Ibiá, 12 de agosto de 1946, volume 7, p. 2'Z7, Caixa 4.
51.“ Só chegou às mãos de Jackson, em'tempo ºportuno, um sumário tele— 83. Ver, por exemplo, Atas de Sessão do Serviço Executivo, 15 de dezembro
gráfico da. carta de Peterson. Tanto a carta como o sumário encontram-se de 1945, Caixa. 2, Documentos EB.
na Caixa 14, Subsecretário. 84. “Notes of Evidence”. 12 de fevereiro de 1946, volume 2, p. 125, Caixa
52. Jackson to Morgan, for Peterson, 26 de fevereiro de 1946, Caixa 198, 3. Documentos FB. Entrevista com John Phipps, 21 de março de 1975,
Chefe dos Promotores. Londres.
53, Ibiá. 85. Entrevista com John Phípps, 21 de março de 1975, Londres.
54. Ibiá.

340 341
86. “Notes of Evidence”, 12. de fevereiro de 1946. volume 2, p. 93, Caixa 3, 5. “Notes of Evidence”, 27 'de julho de 1946, volume 6, Caixa 4, Documen—
Documentos F. B. tos F. B.
87. Nikitchenlco to the other Tribunal Membm 27 de maio de 1946, “Me—»” 6. Riddle, p. 473
moranda”. Pasta. 1, Caixa 14, Documentos F. B. 7 A explosão de raiva de Jackson no dia, 9 de abril foi em parte, deflav
88. Para conhecimento da posição do promotor soviético, ver o memorando grada por motivo de ressentimento contra a circunstância de se haverem
de 22 de maio de 1946. Caixa. 180, Chefe dos Promotores. Quanto à decisão concedido instalações especiais aos juízes. “Notes of Evidence”, 9 de abril de
do Tribunal ver notas tomadas sobre a, reunião do TMZ, 6 de abril de 1946 volume 3,031a 3, Documentos F. B.
1945, Caixa 2 Documentos F B. 8. Birkett. pp. 497 ss. Biddle to Wechslm, 10 de julho de 1946, Arquivo de
89 G— M. Gilbert, Nuremberg Dzary (Nova, York: 1947), pp. 223 s s ; Carl Correspondência, Caixa 1, Documentos F. B.
Haensel Das Gericht vertagt sich (Hamburgo: 1950), pp 86 ss. 9. Entrevista com John Phípps, Londres 21 de março de 1975
90. Ver, por exemplo, Atas do ME, 18— 19 de agosto, 1945, ME 371/51033/6379, 10. “Suggested Framework of Judgement", p. 61, Pasta. 2, Caixa 14, Dom
ME. Resumo da, reunião dos Chefes de Promotoria. 30 de outubro de 1945 aumentos F. B. '
ME 371/50992/8801 ME. 11. 17—18 de dezembro de 1945, volume 4, pp. 52 ss., TMZ”.
91. "A cópia do protocolo secreto encontra—se na Caixa, 222, Chefe dos Pro—« 12. Wechsler to Biddle, “Memorandum on the Charge Against Organiza-
motores. tions”, 5 de dezembro de 1945. Documentos de Herbert "Wechsler.
92. Haensel, Das Gericht, pp. 86 ss 13. Atas da, Sessão do Serviço Executivo, 12 de janeiro de 1946, Caixa, 2,
93. Subseqúentemente, Kranzbuehler foi um dos críticos mais severos do Documentos F. B. .
julgamento, entre os advogados de defesa. Otto Kranzbuehler, “Nuremberg 14. méd., 13 de maio de 1946.
Eighteen Years Afterwards”, De Paul Law Review, XIV, nº 2 (primavera— 15; Ibiá.
verão, 1965), 333-47. 16. “Notes of Evidence”, 23 de janeiro de 1946, volume 2, Caixa 3, Don
94. Biddle, p.. 452. aumentos F. B. .
95. Birkett p. 519 17. 25 de fevereiro de 1946. volume 8, pp. 216—223, TMI.
9 6 . 1 b i d . , p 520. 18. 31 de maio de 1946. volume 15,101). 185 ss., TMZ.
97. “Notes of Evidence”, 3 de julho de 1946, volume 5, Caixa 4; 22 de agos— 19. Entrevista com Dean Adrian Fisher, Washington, D.C., 1ª? de maio
to de 1946 Caixa, 5, Documentos F. B. de 1975.
98. “Notes of Evidence”, 3 de julho de 1946, volume 5, Caixa 4; 22 de agos— 20.“ Ibiá. Entrevista com John Phipps, Londres, 21 de março de 1975.
to de 1946, volume 7, Caixa 5, Documentos F. B. 21. Birkett, pp,. 494 ss,
99. Atas de Sessão do Serviço Executivo, 24 de junho, 17 de julho e 27 de 22. “The Form of the“ Judgment and Opinion (Comment on “the Presim
agosto, 194.6, Caixa 2, Documentos F. B. denvs Memorandum)”, 12 de abril de 1946, Documentos de Wechsler,
100 Dean to Scott Fom. 26 de novembro de 1945 ME 371/50996/9388, ME 23. . Entrevistas com John Phipps, Londres, 21 de março de 1975, ª com
> 1 0 1 . B i r k e t t 13.512. Dean Adrian Fisher, 19 de maio de 1975.
102 “Notes of Evidence” 20 de março de 1946 volume 3 Caixa. 3 Do— 24. . :“Memorandaª', Caixas 5, 6 e 14, Documentos F. B.
cumentos F. B . 25. “Notes on Judgment”, p. 1, Pasta. 3, Caixa 14, Documentos F.. B.
103. Birkett, p. 512. 26. Ibiá. “Suggested Framework of Judgment”, Pasta 2, Caixa, M, Do»
104. “Notes of Evidence”, 9 de abril de 1946. volume 3, Caixa 3, Documen» aumentos F B.
tos F.. B. 27. Artigos XXIV e XXVI, & Carta de Londres. Documento 60, p. 428.
105. B i r k e t t p .513. Jackson.
106.1bid,p.517. 28. “Suggested Framework of Judgment”, p. 64, Pasta. 2, Caixa, 14, Dow
107. “Notes of Ev1clence”,2 de maio de 1946, volume 4, Caixa 4, Documen— aumentos F. B.
tos F. B. . . 29. Francis Biddle to Herbert Wechsler, 10 de julho de 1946, Arquivo de
108. mm.. 3 de maio de 1946. Correspondência, Caixa 1, Documentos F. B.
109. Taylor to Peterson, 22 de maio de 1946, Caixa 14 Subsecretário. 30. “Notes on Judgment”, 27 de junho de 1946, pp. 2 ss.-Pasta 3, Caixa 14.
110. Birkett, pp. 518 ss. . Documentos F. B. Riddle to Wechsler-. 10 de julho de 1946, Arquivo de Cora
111. Von der Lippe, Númbevcger Tagebuchnotizen, p. 102. respondência, Caixa, 1, Documentos F. B.
112. I—Iaensel, Das Gericht, p. 167. 31. “Notes on Judgment”, 27 de junho e 14 de agosto,. 1946, pp. 1-3, 13—15,
113. Devido às controvérsias quanto à, “culpa, pela, guerra” que cercaram o Pasta 3, Caixa 14, Documentos F.— B. “Draft of Views on Counnt I, the Com-
Tratado de Versalhes, tinham os alemães longa tradição de preocupação mon Plan 'or Conspiracy”, Pasta. 4, Caixa, 14, Documentos F. B. “Note à,
com a culpa coletiva. l'occasion du plaidoyer du. Professeur Jahrreiss” (memorando original em
francês), Pasta, 1, Caixa 14. Documentos F. B.
CAPÍTULO 5 32. Jackson, 13. 423.
33. “Draft of Views 011 Count 1. etc.,” 13 1 Pasta. 4 Caixa 14 Documen—
1. Entrevista 'com James Rowe, Washington, D.C., 22 de maio de 1975. íos F. B '
2. Birkett, p. 515. 34. “Notes on Judgment”, 27 de junho de 1946, p. 3, Pasta 3 Caixa. 14,130—
3.1bz'd., p. 503. cumentos F. B.
4. Juiz Lawrence, “The Nuremberg Trial”, International Affairs, vol. 35 “Draft of Views on Count 1 etc.,” p 4, Pasta. 4 Caixa 14 Documen»
XXIII, nº 2 (abril de 1947); 153. zºos F. B.

3425 - 343
36. Ver, por exemplo, .Von der Líppe, Númberger Tagebuchnotiaeªn & 63. Memorando de Fisher, “Economic Planning and Mobílizatíon for Agrega
Steinbauer, Ich war Verteidz'gm, passim síve War”, 24 de maio de 1946 ( ? ) , p. 103, Caixa 6, Documentos F. B.
37. “Note à lºoccasíon du plaidoyer'ª, p . 1 0 , P a s t a 1. Caixa, 14, .Dcaca/nuan-ª 64. “Status of the Conspiracy by Mid—1933, etc...”, p. 8 5 , 0 a i x a & .De—«
#03 F. B. aumentos F. B.
38. Ibiá, “Notes on Judgment”, 27 de junho de 1946, p. 3, Pasta 33 Caixa 65. “Crimes Against Peace”, 11 de maio de 1946, p. 219, Caixa, 6, _Do—
14, Documentos F. B. cumentos F B.
39, Entrevista, com James Rowe. Washington, D.C., 22 de maio de 1945. 66. “Conspiracy to Wage Aggressíve War” 22 de junho de 1946 p 165
Riddle to Wechsler, 10 de julho de 1946, Arquivo de Correspondência, Cai— Caixa 5, Documentos F. B
xa 1, Documentos F. B. ““Noteã'on Judgment”, 14 de agosto de 1946, p. 13;' 67. Ibiá” p. 168.
Pasta 3, Caixa 14, Documentos FB. 68 mm., pp. 168— 70.
40. “Notes on Judgment”, 14.- de agosto de 1946, p. 16, Pasta, 3, Caixa, 14, 69.1bz'd,p.170
Documentos F. B. 70. “Suggested Framewmlç. o f the Judgment of the Tribunal" 13.24: Pasta
41. mm., 15 de agosto de 1946, p. 17. 2, Caixa 14, Documentos F. B.
4.2. Ibiá, pp. 17-18. 71. Méd., pp. 24 e 64.
4.3. Memorando do Juiz Lawrence sobre conluio (sem data). Caixa 15. 72. Haia., p. 62.
Documentos F. B. 73. Ibiá, p. 25. '
44. “Notes on Judgment”, 14 de agosto de 1946, p. 12, Pasta 3, Caixa 14, 74. Biddle to Wechsler, 10 de julho de 1946, Arquivo de Correspondência.
Documentos F. B. Caixa 1, Documentos F. B.
45. Ibiá, 19 de agosto de 1946, p. 17. “Parker Memorandum”, “The Com—- 75. Biddle, p. 468. Entrevista com Wechsler, Nova York, 8 de maio de
mon Plan or Conspiracy”, 13 de agosto de 1946, Caixa 15, Documentos F.. “B. 1975, “Notes on Judgment”, 19 de agosto de 1946, pp.. 19—20, Pasta 3, Caixa
46. Memorando de Parker, 13 de agosto de 1946, Caixa 15, Documen— 14, Documentos F, B.
tos F. B. 76. “Notes on Judgment”, & de setembro de 1946, p. 30, Pasta 3, Caixa 14,
47. “Notes on Judgment”, 15 de agosto de 1946, p. 17, Pasta, 3, Caixa 1%. Documentos F. B. .
Documentos .F. B., 77. As notas de Riddle não indicam com clareza quando se conseguiu a
48. ma., 19 de agosto de 1946, p. 19. aprovação final, mas, no curso da segunda, semana de setembro,. Donne——
49. BiddZe-to Wecter, m de julho de 19%, àrquívo de Correspondência, dieu de Vabres superou. suas reservas quanto a cºndenar 0 réu pelos crimes
Caixa 1, Documentos .F.. B, previstos no ponto um, 0 que parece denotar que foi prºvavelmente nesse
50. “Notes on Judgment”, 14: de agostº de 19%, p. 18, Pasta 3, Caixa là período de tempo que se logrou. & mencionada aprmaçãw final.,
Documentos F, B, 78. Opinião 8 Decisão, pp. 5%»56,
51. “Memorando do Membro Soviético do TMF”, 1"? de julho de 19436, Pasta. 79. Ibiá, p.. 54.
1, Caixa 14, Documentos .F. B. 80 s'd, p. 54 Dean to the Foreign Office, 2% de nºvembrº de 19%, ME
52. Memorando de Famel; 13 de agostº de 1946, Caixa. 15, .Decumenm 3T1/50996/9309 ME
tos F. B. 81 Qpinâáo 6 Decisão p 5%
53, Zbiá. 82. Ébid.
54. “Notes on Judgment”, 15 de agosto de 1946, p. 18, Pasta 3, Gaim 1-4, 83. Ãbidu p, 55.
Documentos .F. B. . 84. Íbid.
55. Carta de Londres, Artigo I V , ( c ) , Documento 60, p., 422, Jackson,
85. Ibict, pp. 55m56.
56. “Notes on Judgment”, 13 de agosto, 1946, p. ,13, Pasta 3, Caixa 14,
Documentos F B. : ' 86. Von der Lippe, Númberger Tagebuchnotizen, pp. 504; 510, 511
??. Memorando de Parker 13 de agosto de 1946 Caixa 15 Documen— 87. Os adversários clássicos foram provavelmente Allan Bullock em Hitler -
08 F. B. A Study in Tyranny (Londres: 1952) e A. J. P Taylor em The Ofigms of
58. “Notes on Judgement”, 15 de agosto de 1946, p. 18 Pasta 3 Caixa, 14: the Second World War (Nova York, 1961)
Documentos F. B. 88. “Notes on Judgment”, 17 de julho de 1946, p. 5, Pasta. 3, Caixa 14,
5 9 . 1 b i d , 1 5 de agosto de 1946, p. 18. Documentos F. B.
60. Memorando de Fisher “Conspiracy to Wage Agglessíve War”, 22 de 89. Conferência de 22 de agosto de 1939. O Tribunal, até certo ponto, levºu
junho de 1946 Caixa 5, Documentos F. B. Memorando de Stewart, “General em conta, na Decisão as diferenças em duas das versões, e uma, delas, L—B,
Conspiracy” (sem data,, mas arquivado juntamente com os memorandos não foi-formalmente apresentada como prova. Opinião 6 Decisão, p. 18,
de maio a. junho de Fisher) Caixa 6 Documentos .F. B. 90. Henrikson Goran, “Das Nãmberger Dokument 386-PS (das ”Hossbach
61. “General Conspiracy”, memorando, pp. 66— 67, Caixa 6, Documentos Protokoll')”, Estudos Lund sobre História Internacional ( 2 ) , Problem—.e
F. B. Foi o Coronel Friedrich Hossbach quem tomou notas da reunião rea,- deutscher Zeitgeschz'chte (Universidade Lund: 1970).
lízada em novembro de 1937 por Hitler com o Ministro do Exterior e seus 91 Ver A. J. P. Taylor, The Origins of the Second World WLM, passim.
chefes de serviço. Ver mais adiante, neste capítulo, um exame da confe- 92. Murphy to Secretary of State, 25 de maio de 1945, nº 4:15, 840. 414/ 5 2545
rência e dos problemas documentários. (Conselheiro Político Norte——amerícano para a Alemanha), Setor Diplomá-
62. “Persecution of Jews”, memorando, 24 de maio de 1946, e “Persecution tico, Arquivos Nacionais dos Estados "Unidos..
of Jews”, como subseção do memorando “Chimes Against Peace” 11 de 93. Ibiá. nota sobre o sumário, 25 de junho de 1945, 6—2545, Departamento
maio de 1946, Caixa 6, Documentos 5“ B. de Estado I.

34% 345
94. Taylor to Jackson, 25 de junho de 1945, nº 72234, GR 165, (3-1 Pessoal, 18. “Economic Planning and Mobílizatíon for Aggressíve War” (Noruega
Crimes de Guerra., 080.5, Caixa 313, Centro de Arquivos Federais, Suitland. e Dinamarca), 1). 152, Caixa 6, Documentos F. B.
Maryland. 1.9 “Suggested. Framework of the Judgment of the Tribunal”, pp. 36-«39,
95. Memorando da Comissão Conjunta de Informações, Bºl/M, '? de julho Pasta. 2, Caixa 14; “Projeto A”, pp. 31—36, Pasta 5, Caixa, 14, Documenª
de 1945, GR 218, Chefes Conjuntos de Estado—Maior. Crimes de Guerra.. tos F B.
000.5, Caixa 3, Setor Militar Moderno, Arquivos Nacionais dos Estados 20. “Notes on Judgment”, 17 de julho de 1946, p. 5, Pasta 3. Caixa 14, Do—
Unidos. cumentos EB.
96 Griggs to Wenderlin, 7 de setembro de 1945, /9—-1145, Departamento de 21. Ibiá.
Estado] 22. “Notes on Judgment”, 8 de agosto de 1946, p. 10, Pasta. 3, Caixa 14,
97.131 análise feita pelo pessoal de Nuremberg do documento nº BBS-PS Documentos F. B. Há duas páginas não—identificadas de projetos sobre a
declara corletamente & autenticidade e a fonte do documento. Ver os Ar— Noruega submetidos a nova, redação na Pasta 7, Caixa 14, Documentos F 3.
quivos de Análise do Pessoal de Nuremberg, Setor Militar Moderno, Arqui— Decisão e Julgamento pp. 34— 38
vos Nacionais dos Estados Unidos. 23. “Economic Planning and Mobilizatíon for Aggressíve War” (Grécia e
Iugoslávia),pp.163—65 Caixa 6 Documentos F. B.
24. “Suggested Framework of the Judgment”, pp. 40—42, Pasta 2, Caixa, 14;
Projeto A, 13. 42, Pasta 5, Caixa 15, Documentos F.. B.
CAPÍTULO 6 26. 10 de dezembro de 1945, volume 3, pp. 388—90. TMI. «
Documentos F. B. Opmédia 6 Decisão pp 40- 43. O ato mais gritante de
1. Biddle, p. 470. “agressão” aliada, durante a. II Grande Guerra foi provavelmente & ocupa-
2. “Notes on Judgment”. 8 de agosto de 1946, p. 10, Pasta. 3, Caixa 14. ção do Irã, feita, osténsívamente para evitar uma invasão alemã mas esse
Documentos F. B. incidente não foi mencionado em Nuremberg
3. Ibiá. 27 de junho de 1946 p 2. 26. 10 de dezembro de 1945, volume 3, pp. 388—90, TM!.
L1.Bâddle 13.466. 27. “Economic Planning and Mobílizatíon fer Aggressive War”, pp. 181—84.
5. Ver, p01 exemplo, “Notes on Judgmenwt” 13 de setembro de 1946, p 61, Caixa 6, Documentos F. B.
Pasta 3,0211113. 14 Documentos F. B. 28. Projeto A, p. 48, Pasta 5, Caixa 14, Documentos F. B.
6. mm., 8 de agosto de 1946, p. 10. 29. “Notes on. Judgment”, 9 de setembro de 19%, p.“ 38, Pasta 3, Caixa 14.
?. mm., 11“ de julho de 1946, p. 4. Uma nota na parte preambular do ras— Documentos _F. B. Opinião 9 Decisão, pp. 45—46.
cunho diz que o mesmo foi aprovado em 10 de julho mas pode tratar—« «se 30. “Suggested Framework of the Judgment”, p. 8, Pasta 2, Caixa 145 Do—
de um erro de datilogªmfia Ver projeto de texto. Pasta 6 Cai;:.a 15, Do— cumentos F. B.
aumentos F. B. 31. “Notes on Judgment”, 27 de junho de 1946, pp. 1—2, 2 de setembro de
8. “Notes on Judgment" 8 de agosto de 19%, p. 10, Pasta 3, Caixa 14, 1946, p. 21, Pasta 3, Caixa 14, Documenàos .F. B.
Documentos . B . 32. Biddle to Wechsler, 10 de julho dre-1946, Arquivo de Correspondência,
9 mm., 11 de julho de 1946, p. 4, e 20 de julho de 1916, pp. S e 9 Estudos Caixa, 1, Documentos F. B. Entrevista com James Rowe, Washington, D.C.,
listóricos subseqíientes demºnstraram a culpa nazista, na deflagração do 22 de maio de 1975.
incêndio. 33. “Notes on Judgment”, 2- de setembro de 1946, p. 21, Pasta 3, Caixa 14,
10. ”Jia,, 11 de julho de 1946, p. 4, e 4 da setembro de 1946, p. 31. ' Documentos F. B. Kelsen e seus seguidores abundaram, subsequentemente,
11. “Suggested Framework of Judgment”, p. 64, Pasta 2, Caixa. 14, Do— em críticas ao julgamento; ver, por exemplo, Hans Kelsen: “Will “the Judg—
cumentos F. B., ment in the Nuremberg Trial Constitute & Precedent in International Law?”
12. “Nºtes on Judgment”, 8 de agosto de 1946, pr 10, Pas—ta 3, Caixa 14, International L saw Quarterly, I, nº 2 (Verão de 1947): 153—71.
Documentos F. B. . 34. Seção HMF). O Direito Estabelecido 'na. Carta, Opinião 6 Decisão, pp.
1.3 “Crimes Against Peace”, 11 de maio de 1946, pp. 227- 28 e 232- 33. Caixà 48—49.
14, Documentos F. B. 35. Seção IV(E), Opinião 3 Decisão 13.51.
14. “Suggested Framewoak o f Judgment”, p. 34, pp. 42— 43, Pasta. 2, Caixa 36. Ibiá” pp 50—51
14; Projeto A, pp. 25- 30, 42, 43, Pasta 5, Caixa 14; Projeto B, pp. 24, 42, 43,
37. “Notes on Judgment'ã 15 de agosto de 1946, p. 17, Pasta 3, Caixa. 14,
Pasta. 6, Caixa 14; “Notes on Judgmem”, p. 34, pp. 42- 43, Pasta 6, Caiga 14;
Documentos F. B.
““Notes on? Judgment”, 8 de agosto de 1946, pp. 10, 11, 7 de setembro de
1346, p. , P a - s t a 3 Caixa, 14 DocumentosF . . 3 Opinião 9 Decisão, pp. 38. Para, conhecer a avaliação que a defesa fazia, dé Taylox, ver o livro
“3 4.3 45. ' de Von der Lippe, Numbeagev Tagebuchnotiwn, p. 86. Vel em “Notes of
15. Ver por exemplo, O depoimento de Raeder,17 de maio de 1946,V01ume Evidence”, 21 de agosto de 1946, volume 7, p. 97, Caixa, I, Documentos F. B.,
14, pp. 85— 100 TMI. . o elogio que Bíddle fez & Lastner. Dev-e reconhecer—se que tanto o General
16. Em 24 de outubro de 1945, Patrick Dean disse ao Juiz Jackson que William Donovan, como o governo britânico opuseram—se à acusação do
o governo britânico não queria que se recorresse & documentos que reve- Estado-Maior Geral. Conclusões do Conselho de Ministros 38(45), 9 de ou—
lassem “planos militares britânicos (por exemplo, a invasão da. Noruega)”, tubro de 1945 (em ME 371/50989/8048, ME). Donovan to Jackson, «27 de no—
Dean to FO, 24- de outubro de 1945, ME 371/59992/8625, ME. vembro de 1945 (anexo & Jackson to HST, 19 de dezembro de 1945, /12—1045,
17. “Notes of Evidence”, '? de dezembro de 1945, volume 1, p. 126, Caixa Departamento de Estado I).
3. “Notes of Evidence”, 17 de julho de 1946, volume 6, p. 97, Caixa, _4 Do— 39. Atas da. sessão do grupo executivo, 20 de dezembro de 1945, e 14 de
cumentos F. B. janeiro de 1946, Caixa 2, Documentos FE.

346 "347
40. 19 de dezembro 1945 volume 4, p. 138, TM!
David., 2 de setembro de 1946, p. 21, e 10 de setembro de 1946, p. 46.
4-1. Ibiá.
Ibiá, 10 de setembro de 1946, pp. 45, 46.
42. Memorandos sobre Organizações, Conselho de Ministros dó Reich, p. '
Ibiá, 2 de setembro de 1946, p. 24.
36, Caixa 5, Documentos F. B. Ibiá” 4 de setembro de 1946, p. 30.
43. Memorandos sobre Organizações, SS, Caixa 5, Documentos F. B.
“Memorandum for the General Secr,etary” 20 de outubro de 1945 p 1,
%. Memorando sobre Organizações. Gestapo/SD. pp. 88—89, Caixa 5, Do—
SLC 2/2982/x/j. 7320, SLC
cumentos F. B. ' 9 Scott Fom to Dean, 4 de novembro de 1945, ME 371/50994/9004, ME.
45. Memorandos sobre Organizações, “Corpo de Líderes” do Partido Na,——
10. Lista de réus do DJ P, 10 de abril de 1944, e Lista do ME 371/38993/4791,
zista, Caixa 5, Documentos F. £.
ME. Lista britânica, 19 de junho de 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
46. Memorandos sobre Organizações, Estado—Maior Geral e Alto Comando,
Lista, norte- americana de 23 de junho de 1945, Arquivo Julgamento e
Caixa 5, Documentos .F. B.
Castigo 4, Caixa 4, Bemays.
47. Bâddle, p 469.
11. Donovan to Jackson, 27 de novembro de 1945 (Apêndice em Jackson to
48. “Notes on Judgment“ 13 de setembro de 1946, p. 59, Pasta 3, Caixa 14
HST, lº de dezembro de 1945). 12—1045, Departamento de Estado H.
Documentos F. B.
12. Ibiá, Donovan to Jackson, 24 de novembro de 19415.
49. Ibiá. p. 61.
13. Ibiá, Donovan to Jackson, 27 de novembro de 1945.
50. Ibiá, 3 de setembro de 1946, 13 de setembro de 1946, p. 59.
14. Ibiá, Jackson to HST, 19 de dezembro de 1945.
51. Ibiá, 3 de setembro de 1946, p. 26.
15. “Notes of Evidence”, 24 de abril de 1946. volume 4, pp. 29—30, Caixa.
52. Ibiá, pp. 26—28.
4, Documentos F. B.
53. Riddle, p. 470.
16. Um dos maiores fracassos do Juiz Jackson foi sua incapacidade de
54. “Notes on Judgment”, 3 de setembro de 1946, p. 28, Pasta 3, Caixa 14,
provar claramente a responsabilidade de Goering por essa, ordem, incapa—
Documentos F. B.
cidade que teve origem em dificuldades na tradução da palavra “Endle—
55. mm., 13 de setembro de 1946, p. 63.
sung”; 20 de março de 1946, volume 9,, pp. 518-20, TMZ.
56. Ibiá, p. 61.
17. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 21, Documentos F. B.
57. Ibiá” p. 62
18. Ibict, 10 de setembrº de 1946, p. 45.
58 Ibiá.
19. Ibiá, p. 47.
59. Ibict, p. 63 (embora não se especifique, para esse parágrafo, & identi—
20. Ver, por exemplo, Clark Kerr to FO, 16 de outubro de 1942, nº 252, / 1509,
dade da. pessoa que fala, penso que deve ter sido Donnedieu de Valores)
CAB 21.
60. “Law as to the Accused Organizations”, 9 de agosto de 1.946. Caixa
21. Listas do DIP e do ME. 10 e 2“? de abril de 1944. ME 371/38993/4791,
15, Documentos F. B.
ME.
61. “Notes on Judgment”, 13 de setembro de 19%, p. 60, Pasta 3, Caixa 1%,
22. Notas sobre conversa com o General Donovan, 9 de junho de 1945,
Documentos F. B.
SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC. De Dean & Maxwell Fyfe, 19 de junho de
62. Ibict, p. 63.
1945,, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
63. Opinião 6 Decisão, p. 104.
23. Atas de reunião de 21 de junho, 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC. Lista
64. Ibiá, pp. 85—86.
norte-americana.: 23 de junho de 1945, Arquivo Julgamento e Castigo 4.
65. “Notes on Judgment”, 26 de setembrº de 1946, p. 66, Pasta 3, Caixa
14, Documentos F. B. Caixa 4, Bemays.
,
24. Arquivos "britânicos da 11% e 12%.L sessões plenárias (31 de julho M 19
66. Opinião 3 Decisão, p. 104.
de agosto de 1945), ME 371/51032/5974, ME.
67. mm., 10. 107.
68.1bz'd. 25. “Notes of Evidence”, 30 de novembro de 1945, volume I, p. 80, Caixa 3.
69. Ver Bradley F. Smith e Agnes F. Peterson (orgs.), Himmler Geheim— Documentos F.B.
Haden (Frankfurt am Main: 1974) 26. J. R. Rees (org.), The Case of Rudolf Hess (Nova York: 1948).
70 Opinião 6 Decisão, pp. 97- 102. 27. “Notes of Evidence”, 30 de novembro de 1945, volume 1, p. 80, Caixa 3.
71. Ibiá” pp 91- 97. Documentos F.B.
32. ;Ngtes of Evidence” 29 de agosto de 1946, volume 7 Caixa 5. Documen- 28. Ibiá.
os 29. Memorando sobre Hess, Caixa. 5,10. 37. Documentos F.B.
73. Opinião 6 Decisão, pp. 87-91. 30. Opinião 6 Decisão, p. 112.
74. “Notes on Judgment”, passim. 31. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946 p. 21, Pasta, 3, Caixa, 14,
75. Ibiá" DIJ. 180-83. Documentos FMB
76. méd., 1313. 183—88. 32; Ibiá, 10 de setembro de 1946, p. 47.
33. Ibiá.
34. Opinião 6 Decisão, pp. 178— 80.
CAPÍTULO 7
35. Lista do DIP e Lista do ME. 10 e 27 de abril de 1944 ME 371/38993/4791,
ME
1. “Notes of Evidence”, 22 de novembro de 1945, p. 26, volume 1. Caixa 3. 36. Kaplano Wendelin, 16 de junho de 1945, 6—1645, Departamento de Es—
Documentos F. B. tado I.
2. “Notes on Judgment”, Pasta 3, Caixa. 14, Documentos F. B.
37. Joachim von Ribbentrop, The Ribbentrap Memoirs (Londres: 1954);
3. Ibiá, 9 de setembro de 1946, pp. 38 e 43.
Introdução.

348 349
38. Memorando sobre Réus (Ribbentrop), p. 69, Caixa 5, Documentos F.B. 72. “Notes on Judgment”. 2 de setembro de 1946, p. 22. Pasta. 3, Caixa 14,
39. Ver, especialmente, Raul Hilberg, The Destruction of European Jews - Documentos FB.
(Chicago: 1961). 73. Ibiá, 10 de setembro de 1946, p. 48.
40. Birkett, D. 519. 74. Unid., 11 de setembro, p. 51.
41. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 21, Pasta 3, Caixa M.. '75É Lista Scott Fox, 19 de junho de 1945, parágrafo 20, ME 371/51027/4958
Documentos EB. M .
4 2 . 1 b i d . , 1 0 de setembro de 1946, p. 47. 76. Dean to Maxwell Fyfe, 19 de junho de 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
43.Mem01ando sobre os réus (Keitel) especialmente p. 96, Caixa 5 Do— 23 de junho de 1945, lista, Arquivo Julgamento e Castigo 4, Caixa 4, Ber—
cumentos FB. ªº“ nays.
44. F. J. P. Veale Advance to Bcwuban'szºn (Appleton Wiséonsin; 1953). 77. Birkett 519.
p. 2. ;8. ;Igotes of Evidence”, 18 de abril de 1946 volume 4. Caixa 4, Documen-
45. “Memorandum on Keítel, etc.”, 15 de agosto de 1945, SLC 2/2980/x/j/ os
7320, SLC. 79 Ibiá” 11 de julho de 1946, volume 6, p. 47.
46. Von der Lippe, Núrnberger Tagebuchnotizen, p. 131. 80. Memorando sobre Réus (Frank), pp. 138— 42, Caixa 5, Documentos F B .
47. Memorando ao Secretário Geral. 20 de outubro de 1945, p. 2, SLC 81. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 22, e 10 de setembro
2/2982/X/j/7320, SLC. p. 48, Pasta. 3, Caixa 14, Documentos FMB
48. Birkett, p. 518. 82.1bz'd.,10 de setembro 13.48.
49. Ibiá, p. 21, “Notes of Evidence, 31 de agosto de 1946, volume 3, p. 162. 83. Ibiá.
Caixa 5, Documentos F. B. 84. Listas do DIP e do ME, de 10 e 27 de abril, 1944, ME 371/38993/4971,
50. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 22, 10 de setembro ME. Dean to Maxwell Fyfe, 19 de junho de 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC;
de 1946, p. 47, Pasta. 3, Caixa 14, Documentos FB. lista, de 23 de junho de 1945 Arquivo Julgamento e Castigo 4, Caixa.. 4,
51. Ibiá, 12 de setembro de 1946, p. 57. Bemays.
52. Ver, por exemplo, o relatório da Organização de Serviços Estratégicos 85. Memorando sobre Réus (Frick), pp. 157, 158, 165—167, caixa 5, Do-
aos Chefes Conjuntoa de Estado-Maior, 27 de março de 1945, “Approaches cumentos FCB.
from Austrian and Bavarian Nazis”, CCS, 387, Alemanha 921.44, Seção 86. Opinião 6 Decisão, pp. 126-29.
1—4, Setor Militar Moderno, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos. 87. Memorando sobre Réus (Frick), p. 145. Caixa 5. Documentos EB.
53. Bernays to Harris, 17 de julho de 1945, Arquivo de Preparação de 88. Raid,, p. 147.
Provas, 3", Caixa 2, Bernays. 89. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 22, Pasta 3, Caixa 14,
54. Memorando para, O Secretário Geral, 2 de outubro de 1945, pp. 3—4, Documentos FMB
SLC 2/2982/x/j. r3320, SLC. 90 Ibiá 10 de setembro de 19% p 48.
55. Haensel, Das Gericht veiªtagt, p. 158. 91.1bz'd
56. Birkett, p. 514, “Notes of Evidence”, 11 de abril de 1946,»p. 246, Caixa 3, 92.1'bid
Documentos FB. 93. Ibiaí, 26 de setembro de 1946, p. 67.
57. Memorando sobre Réus (Kaltenbmnner), p. 99, Caixa 5, Documentos 94. Memorando sobre Réus (Streícher), pp. 169, 170, Caixa I, Documentos
FMB FB.
58. mm., pp. 101 102.
95. Rebbeca West formula. & maior parte de seus comentários duros e,
59. “Notes on Judgment”, 10 de setembro de 1946, p 47, Pasta, 3, Caixa 14,
muitas vezes, cortantes, sobre o julgamento em A Tram of Powder (Nova
Documentos FB
York: 1955), pp. 3—72.
60. Ibiá. . && Dean to Maxwell Fyfe, 19 de junho de 1945, SLC 2/2980/X/j. 7320, SLC.
61. Ibiá. 97 Jackson to McCloy, 30 de junho de 194,5 nº 38334, Arquivo do Mês de
62. “Notes on Judgment”, 10 de sete-tmbm de 1946, p. 47 Pasta 3, Caixa 14 Maio, Caixa 16, Subsecretário. Atas do Serviço Executivo Britânico de Oli—
Documentos FMB mes de Guerra, 14 de junho de 1945, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC
63. Ibiá. ' 98. “Notes of Evidence”, 26 de abril de 1946,Vo'1ume 4, p. 56, Caixa, 4, e
64. Quanto ao florescimento tardio de Rosenberg como líder nazista re— 31 de agosto de 1946, volume 7, p. 163, Caixa 5 Documentos FMB
lativamente eficaz, ver Reinhard Bollmus, Das Amt Rosenberg und seine 99. Memorando sobre Réus (Streicher), p. 178, Caixa I, Documentos F. B.
Gegner (Stuttgart: 1970) . 100.1bz'dn. '
65. 9 de janeiro de 1946, volume 5, pp. 41 ss., e 14 de abril de 1946, VO- 101.1bid.,p.179.
lume II, pp. 444; ss., TMZ. 102. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 23, e 10 de setembro
66 Memorando sobre Réus (Rosenberg), pp. 130-32, Documentos FB. de 1946, p 49, Pasta, 3, Caixa. 14, Documentos FMB
67. Opinião 6 Decisão, p. 122. 103.1bid.,10 de setembro de 1946 p. 49.
68. Memorando sobre Réus (Rosenberg), p. 120—21, Caixa 5, Documentos 104. Na reunião da Sociadade Americana de História, em Chicago, 1974,
“FEB. Kipphan leu um documento intitulado: “Trial o'f Julius Streicher: Justice
69. Opinião 6 Decisão, p. 122. Denied?”
70. Memorando sobre Réus (Rosenberg), pp. 130—32, Documentos F. . 105. Embora esse debate não se tenha ainda delineado muito claramente
'71. Opinião 6 Decisão, p. 122. ._ . em documentos publicados, Eric Goldhagen é um eminente defensor da

350 351
primeira dessas posições, enquanto Rudolf Binion pode muito bem re« 144. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 23, Ma纓 3, Caixa 14,
presentar & segunda. Documentos FE.
106. Memorando sobre Réus (Funk), p. 187, Caixa. 5, Documentos F.B. 145. mm., 10 de setembro de 1946, p. 49.
107. Ibiá. (nota. à margem). Opinião 6 Decisão, p. 133. 146. Ibict, 12 de setembro de 1946, p. 57. '
147. Memorando sobre Réus (Seyss—Inquart), Caixa 5, p. 325, Documen—
108. Memorando sobre Réus (Funk), p. 194, Caixa 5, Documentos F.B. tos EEB.
109. Ibiá. (nota à. margem), Opinião 6 Decisão, p.. 133. 148. Lista. do DIP, 10 de abril. de 1944, ME 371/38993/4791, ME. Lista do
110. G. M. Gilbert. Nuremberg Diary (Nova York: 1947), p. 74. ME ,de 19 de junho de 1945, ME 371/51027/4958. ME. -
111. ma., p. 238. a» 149. Lista de 23 de junho de 1945, Arquivo Julgamento e Castigo &, Cai—-
112. “Notes of Evidence”, 9 de maio de 1946, p. 142, volume 4, Caixa. 4. xa 4, 'Bernays. .
Documentos F.B. 150. Memorando sobre Réus (Seyss—Inquart), p. 325. C ixa 5. Documen—
113. Memorando sobre Réus (Funk), p. 198, Caixa, 5, Documentos FE. tos FB. . .
114. Ibiá. 151. mm,, p. 328. .
152. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 23, Pasta 3, Caixa. 14,
115. Opinião 6 Decisão, pp. 133, 134. Documentos EB.
116. Memorando sobre Réus (Funk), 13. 198, Caixa, 5, Documentos FE. 153. Ibiá, 10 de setembro de 1946, p. 50.
117. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 24. Pasta 3. Caixa 14.
Documentos PB.
118. mm., 10 de setembro de 1946, p. 49. CAPÍTULO 8
119. Ibiá.
120. Ibiá. 1. Memorando para o Secretário Geral, 20 de outubro de 1945, p. 2, SLC
121. Ibiaí, 12 de setembro de 1946, p. 57. 2/2982/x/j. 7320, SLC.
122. A alguns funcionários do Ministério do Exterior britânico, Sauckel 2. Lista do DIP, 10 de, abril de 1944, Lista dº ME, 2'? de abril de 1944, ME
pareceu um réu em. potencial, mas isso com a finalidade de sªtisfazer o 3'?1/38993/4f391, ME Lista de 23 de junho de 1945, Arquivo Julgamento e
desejo norte—americano de prºcessar líderes da economia. alema. Ver, por Castigo &, Caixa. 4, Bernays.
exemplo, os comentários do ME quanto à segunda reunião do Serviço Exe- Memorando sobre Réus (Spacer), Caixa 5, Documenios FB.
cativo britânico de Crimes de Guerra, 21 de junho de 1945 (comentário mm., p. 345. .
datado de 30 de junho de 1945), ME 371/51028/5043, ME. mm., pp.. 342, 3413.
123. “Notes of Evidence”, 29 de maio de 1946, p. 5, vol. 4, Caixa AL Do— méd., 9. 332.
cumentos FB. Ibiá.
124. Memorando sobre Réus (Sauckel), p. 299, Caixa, 5. Documentos RB mm., 13. 331.
1125. Ibiá. . “Notes of Evidence”, 19 de junho de 1946, p. 191, volume 4, Caixa 4,
126. mm., pp. 269-98. Opinião 6 Decisão, pp.. 147-48. Documentos FB.
127. Memorando sobre Réus (Sauckel), pp. 296, 299, Caixa 5, Documen— 10. “Notes on Judgment”, 10 de setembro de 1946, p. 50, Pasta, 3, Caixa 14x.
tos FB. Documentos FB.
128. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 24, Pasta 3, Caixa. M, 11. Spear to Jackson, 1'? de novembro de 1945, Caixa, 184, Chefe dos Pro—=
Documentos FB. motores.
129. Ibiá, 10 de setembro de 1946, p. 4—9. 12. Ibiá.
130. Von der Líppe, Núrnberger Tagebuchnotizen, p. 296.-- 13. Ibiá.
131. 31 de maio de 1946, volume 15, pp. 201—205, TMI. 14. Ibiá.
132. “Memorandum for the General Secretary”, 20 de outubro.,de 1945, 15. Ibiá.
p. 12, SLC 2/2982/X/j. 7320, SLC. - 16. “Notes on Judgment”, 2 de setembro de 1946, p. 25, Pasta 3, Caixa 14,
133. Gilbert, Nuremberg Diary, p. 433. , Documentos FB.
134. Lista do ME, 27 de abril de 1944, ME 371/38993/4971, ME, e lista do 17. Ibict, 10 de setembro da 1946, p. 50,
ME de 19 de junho de 1945, ME 371/51027/4958, ME. 18. Ibiá, 11 de setembro de 1946, p. 51.
135. Alderman, p.. 87. 19. Dean to Maxwell'Eyfe, 19 de junho de 1946, SLC 2/2980/x/j. 7320, SLC.
136. “Memorandum for the Secretary General”, 20 de outubro de 1945, Lista de 23 de .junho...de “1945, Arquivo Julgamento“ e Castigo 4, Caixa 4,
p. 10, SLC 2/2982/x/j. 7320, SLC. Bemayáf“ Alderman, p., 87.
137. Atas da Reunião dos Chefes dos Promotores. 30 de outubro de 1945. 20. Monigan to Amen, 4: de outubro de 1945, Caixa 180, Chefe dos Pro—
ME 371/50992/8801. ME. motores. , ,
138. Ibiá. 21. Birkett, p. 520. Memorando sobre Réus (Neurath), p. 358, Caixa _55
139. Birkett, p. 518. Documentos FB.
140. “Notes of Evidence”. 6 de junho de 1946, p. 80, volume 4, Caixa 4, 22. "Von der Lippe, Núrnberger Tagebuchnotizen, p.. 340. '
Documentos FB. 23. “Notes of Evidence”, 26 de julho de 1946, p. 193, volume -6, Caixa &,
141. Ibiá. 31 de agosto de 1946, p. 167, volume ?, Caixa 5, Documentos FB. Documentos FB. ' »
142. Memorando sobre Réus (J odl), Caixa 5. Documentos FB. 24. Ibiá, 23 de julho de 1946, p. 160, volume 6.
143. mm., 13. 304. 25. Memorando sobre Réus (Neurath),'Caíxa 5, p. 358, Documemfos FB.

352 353
26. Ibiá, p. 365. 62. “Notes on Judgment”, 9 de setembro de 1946, p. 42, Pasta 3, Caixa, 14,
27. Ibiá, p. 366. Documentos F.,B, .
28. Ibiá. 63. Ibiá, 11 de setembro de 1946, pp. 51—52.
29. Ver especialmente a correspondência entre Chanler e Jessup quanto 64. Ibiá.
às implicações legais da rendição incondicional, de janeiro a julho de 65. Ibict, p. 52.
1945, Documentos Charles Fahy, GR 59, Caixa 31, Biblioteca Frankin D. 66. Ibiá.
Roosevelt, Hyde Park. 67“ Ibiá.
30. Memorando sobre Réus (Neurath), p. 366 Caixa 5 Documentos FMB 68. Baldmª von Schimch, Ich glaubte cm Hiiler (Hamburgo: 1967), pp, 292,
31. Opinião 6 Decisão, p 160 a». 293.
32. “Notes on Juwdgment” 2 de S&tembro de 1946, p. 25, Pasta 3, Caixa 14, 6 9 . 1 b i d . , pp. 296 ss..
Documentos FB. 70. Ibiá. Smith e Peterson (orgs.), Himmler Geheimreden, pp. 162482.
33. Ibiá, 11 de setembro de 1946, p. 51. 71. Lista do DIP, 10 de abril de 1944, e lista do ME de 27 de abril de 1944,
34. Ibiá. É um pouco inquietante () fato de Bíddle ter redigido como ME 371/3 8993/4791 ME. Dean to Maxwell Fyfe, 19 de junho de 1945, SLC
“Fritzche” o nome do general -—- será que ele 0 confundiu com 0 funcio— 2/2980/x/j/7320, SLC. Lista de 23 de junho de 1945, Arquivo Julgamento e
mário do Ministério da Propaganda que figurava entre os réus? Castigo 4, Caixa 4, Bernays
35.1bid. 72. Alderman, p 87
36.1bz'd 73. Opinião 6 Decisão, p., 143.
37. Ibiá, Von der Líppe, Naa-ºnberger Tegabuch'notz'zen, p. 521. 74. Ibiá, p. 144,
38. Lista do DIP de 10 de abril de 1944; Lista do ME de 27 de abril de 75. Memorando sobre Réus (Baader), p. 269, Caixa-5, Documentos FCB.
1944, ME 371/38993/4791, ME. Lista de 15 de agosto de 1945, Bemays to Opinião 6 Decisão, p. 144.
Jackson, Arquivo de Provas Secretas, Caixa 3, Bemays. 76. Ibiá, p, 267.
39. Alderman, p. 87. 77. Ibiá, p. 269.
40. Notas sobre as Sessões de Organizaçãº, 16/17 de outubro de -1946, 78. Ver, por exemplo, “Notes of Evidence”, 16 de maio de 1946, volume 4,
Caixa. 1, Documentºs FEB. Caixa &, Dºcumentºs EB.
41. Raid, 79, Birkett, p. 518. “Notes of Evidence”, 3 de julho de 1946, volume 5,
42“ “Notes am. Cºnference”, 16 de nºvembrº de 19%, Caixa, 1, ªocumentos Caixa 4, Documentºs FMB» - '
PB., ' 86, Compare as partes de meados de 1946 de “Notes o f Evidence” (mmm
43. Opinião e Decâsão, p. 166. Não há Memorando sobre Réus reiatim & me 4, Caixa, &, Seleção FB.) com. o mesmo período nº livro de Von der
Bormann, nos documentos Riddle Líppe, Númberge? Tagebuchnotizen,
% “Notes on Judgment” 2 de setembrº de 1946, p 23 Pasta 3 Caixa M 81, “Notes on Judgmemt”, 9 de setembro de 1946, p. 41, Pasta, 3, Caixa, M,
Documentos F B Documentos EB,
45 mid,, H de setembro de 19%, p, 51., 82, mm., 11 de setembro! de 19%, p, 529
46 Ibiá 83 Atas da. reuni㺠de 29 ãe maio de 1945 SEE 2/298U/X/j %%, SLC
47. Opinião 8 Decisão p 156
84. Dean to Maxwelz Fyfe,19 de junho de 1945, SLC 2/298B/X/j ª'Z'320, SLC;
48 Lista do DIP de 16 de abril de 19441 e lista do ME de 27 de abril ME
19 de junho de 1945, Lista do ME, ME 371/5102'7/4958, ME.
371/38993/49“ ME.
85 Lista, de 23 de junho de 1945, Arquivo Julgamento e Castigo 4,0311351,
49. Deem to Mamae” Fyfe,19 de junho de 1945, SLC 2/2980/X/j .,/'7320 SLC, .
4, Bemays
e lista de 23 de junho de 1945 Arquivo Julgamento e Castigo 4, Caixa 4.
86.1bid
Bemays.
87. Bracken io Jackson, 28 de julho de 1945 Preparação das Provas, Pasta,
50. Lista de 23 de junho de 1945 (anexo), Arquivo Julgamento e Castigo
" 3, Caixa 2, Bemays
4, Caixa. 4, Bernays. Alderman, p. 87
88 “Memorandum on Keítel, Doenítz et aL”, “15 de agosto de 1945, SLC
51. Henrietta von Schirach, Der Reis de Hezrlz'chkez't (Wiesbaden: 1956)
2/2980/x/j. 7320, SLC. Atas de 15 de agosto de 1945, ME 371/50986/6718, ME,
52. “Notes on Judgment” 14: de agosto de 1946, p 113, Pasta 3, Caixa, 14 89. Waldcock of The Admiralty to Lord Shawcross, 19 de novembro de
Documentos F.B 1945, ME 371/50992/8833, ME.
53. “Notes of Evidence”, 23 de maio de 1946, p. 259, Volume 4, Caixa 4,ª 90. “Memorandum for The General Secretary”, 20 de outubro de 1945, pp.
Documentos FB. 12,13,SLC 2/2982/x/j 7320 SLC.
54. Ibiá. (Bíddle cometeu um erro e escreveu “menino da WMCA” ——-— As— 91 Ibiá
sociação Cristã de Moças.) 92. Biddle, p. 452, Entrevista com James Rowe, Washington, D.C., 22 de
55, Memorando sobre Réus (Schirach), p. 278. Caixa 5, Documentos FB. maio de 197.5.
56. mm., 1). 279. 93. Ibiá.
57. mm., pp.- 279—80. 94. Birkett, p. 519 '
58. Ibiá, p. 293. 95 “Notes of Evidence” 10 de maio de 1946. volume 4 13.164 Caixa 4
Documentos F B
59. Ibiá, p. 293.
96 Ibiá. 16 de maio, 1). 209.
60. Ibiá, :DD. 393, 394. 97, Biddle, p. 454. Memorando sobre Réus (Doenitz), Caixa 5, Documen—
61. Ibiá, pp. 282—84. tos FEB."

355
98. Memorando sobre Réus (Doenítz), p. 32, Caixa, 5, Documentos FB. 5. Atas da Reunião do Serviço Britânico de Crime-& de Guerra, 21 de junho
99. Ibiá, p. 239. de 1945, ME 371/51028/5043, ME.
100. Ibiá. 6. Lista de 23 de junho de 1945 Arquivo Julgamento e Castigo 4: Caixa %
101. Ibiá, pp.. 241, 242. Bemays.
102. Ibiá, p. 242. 7. “Memorandum on Keitel, Doemtz, Schacht? et al. 15 de agostº de
103. mm., 13. 245. 1945, SLC 22980/x/j, 7320, SLC.
104. mm., pc 246. 8. Duas atas do Ministério do Exterior, outono de 1945, fornecem índi—
105. Ibiá, p. 247. cações claras da atitude francesa: a ata de Scott Fora: de 24 de outubro
106. Ibiá, p. 251. a» de 1945, ME 371/50992/8620, ME; e o ofício de Dean & Scott Fox, com ane—-
107. mm., pp. 249-52. xos, de 20 de novembro de 1945 ME 371/50996/9353 ME. Aldeman, p. 87.
108. Ibiá, pp. 256, 257. 9. “Memorandum for the General Secretary” 20 de outubro de 1945, p 11
109. Ibiá, pp. 257—259. , SLC 2/2982/X/J .,/7320 SLC
110, “Notes on Judgment”, 9 de setembro de 1945, p. 41, Pasta, 3, Caixa 14, 10. Steinbauer (Ich war Vertez'digerª, p. 4.0.
111. mm., pp. 260, 263. 11. Anexo & Jackson to HST, 1ª? de dezembro de 1945/12—1045, Departa-
112. mm., pp. 261, 262. mento de Estado .É.
113. Ibiá, p. 263, 12. Ibiá.
114. “Notes on Judgment”, 9 de setembro de 1946, p. 41, Pasta 3, Caixa 14, 13. Ibiá. (Donovan to Jackson, 14 de novembro de 1%5).
Documentos F. B. 14. Ibiá. '
115. Ibict, pp. 38, 39. 15. Ibiá.
116. Ibiá, p. 39“ 16. s'd.
117. Ibiá, p. 40. 17. Ibiá.
118. Ibiá, Biddle, p. 45%. 18. Ibiá. (Donovan to Jackson, 24 de novembro de 1945).
119. “Notes on Judgment”, 9 de setembro de 1945, p. 41, Pasta 3, Caixa 14, 19. Ibiá. ( Jackson to Donovan, 26 de novembro de 1945).
Documentos FB. 20. Ebm.
120, mm., p., MG., 21. mid, (Donovan 250 Jackson, 2? de novembro de 1945).
121, ma m de setembrº de 1946, p 47. 22. Consta, da, Caixa 1%, Chefe em Promotoria, um maçº gramde desse ma,—=
122, Zbiá H de setembro de 19%: p. 52. teria]...
123, ibm 23. Murphy to State Eeparr'mmemf and Encíasmeâ 9 de abril de 19%» AP;/%%;
124, Raid &eparmmenm de Estade E.
125. fbíd, 2%. Raid. -
126. Biddle pp 454 455 Entrevista mm àdlían Fisher, Washington D C
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1% Documentos FE.. 1973). '
128. Ibiá. p 53? Riddle 13.455. 27. Birkett, pp. 516—17. “Notes o f Evidence“,'31 de agosto de 1946, p. 164,
129. “Notes on Judgment” 11 de setembro de 1946 p 53 Pasta 3 Caixa
volume 7 Caixa. 5, Documentos F. B
14, Documentos FE 28. Memorando sobre Réus (Schacht) 13.200, Caixa 5 Documentos F. B.
130. Opinião 3 Decisão,. p. 138.
29. Ibiá.
131. Ibiá, p. 140 ' - 30. Ibiá” “O. 225.
132. Bãddle pp. 455, 456
31. mm,, 13. 233.
133. Ver, na mícrocópia T- 175 RFSS Rolo 91, molduras 3282- 3330, Setor 32. Entrevista com John Phípp-s, Londres, 21 de março de 1975.
Militar moderno, Arquivos Nacionais dos Estados Unidos o discªurso de
33. Memorando sobre Réus (Schacht), p. 233, Caixa 5, Documentos FMB
Himmler e os comentários de Doenítz.
34. “Notes on Judgment”, 6 de setembro de 1946, p. 32 Pasta. 3, Caixa 14
Documentos F B.
35 Ibiá.
CAPÍTULO 9 36. Ha'-id., pp. 32: 33.
37. Ibiá, p. 33.
38. mid,, p. 34,
1. Gilbert, Nuremberg Dian/, p. 238. 39. Ibiá, p. 32,
2. Frankfurter to Jackson, 10 de' maio de 1945. Documentos de Felix 40. ibid.
Frankfurter, Pasta 001371, Caixa 69, Divisão de Manuscritos. Biblioteca. do 41. Ibiá, p. 33,
Congresso. . 42. “Notes on Judgment”, 10 de setembro de 1946, p. 49, Pasta 3, Caixa
3. Lista do DIP, 10 de abril de 1944, e Lista do ME, 2”? de abril de 1944, 14, Documentos EB.
ME 371/38993/4791, ME. 43. ªm., 12 de setembro de 1946, p. 54.
4. Atas da Reunião de 29 de Maio de 1945, SLC 2/2980/X/j./7320, SLC. %. Ibiá.

358 3.15?
45. Ibiá, p. 55. 85. “Notes on Judgment”, 10 de setembro de 1946, p. %, Pasta 3, Caixa 14,
46. Ibiá. Documentos EB.
47, Ibiá. 87. Ibiá, p. 45.
48. Ibiá, 88. Ibiá... p. 44.
49, Ibiá. 89. Ibiá, p. 45.
50. Ibiá, 13 de setembro de 1946, p. 58. 90. 11 de setembro de 1946, p. 53.
51. Ibiá. 91. Ibiá.
52. Ebid. 92. mm., 11 de setembro de 1946, p. 54.
53. Ibiá,” pp. 58, 59.Bídd1e discute o caso em suas memórias: ver Bz'ádle, 93. Ibiá.
p. 475. 94. Ibiá.
54.1nterrogatório de Franz von Papen, 16 de abril de 1945, Caixa. 110, Do— 95. Ibiá.
cumentos Dwight Eisenhower, 1916—52, Biblioteca Dwight Eisenhower, Abí— %. Ibiá.
lene, Kansas. 97. Ibiá.
98. Ibiá.
55. Embora preocupasse algumas autoridades aliadas a possibilidade de
99. Steinbauer, Ich war Verteidiger, p. 22.
um reduto ou resistência no Werewolf, & opinião do comando de nível
mais alto do Exército norte—americano em de que ocorreria, um colapso,
com apenas alguns bolsões isolados de resistência. Ver General Marshall
to President, 2 de abril de 1944, “Probable Developments in the German CAPÍTULO 10
Reich”, Arquivos Adidas Navais na. Alemanha, Sala de Mapas, Caixa 167,
Biblioteca Franklin Delano Roosevelt Hyde Park.
56 Lista do DIP, 10 de abril de 1944, ME 371/38993/4791. ME. 1. 19 de junho de 1945, lista e ata, ME 371/51027/4958, ME.
57. Atas da Reunião de 29 de Maio de 1945, SLC 2/2980/X/j.”320, SLC. 2. Assistente Geral. do Departamento de Guerra para as forças dos Es“
58 Lista do ME de 19 de junho de 1945 parágrafo 19, ME 371/51027/4958, tados Unidos da América, Teatro de Operações Europeu, 26 de setembro
ME. de 1946, nº WX 80525, GR 260, Escritório do Governo Militar, EUA., “Crimes
59. “Memorandum to the General Secretary”, 20 de outubro de 1945, de Guerra”, 000.5, Caixa 9%, Centro de àrquíves Federaísa Suítlªnd, .Ma—
pp 8— 9, SLC 2/2982/X/j "3320 SLC. ryland,
60. Birkett, pp. mga-29. & Raid,
&. AGDC ao Escritório de Gºverno militar, Estadºs Unidos da, América,
81. “Notes of Evidence”, 19 de junhº de 19%, p, 186, volume 53 Caixa, &,
6 de outubrº de 19%, 11? W 82421, GR 26%, Crimes de Guerra ©9955. Caixa
Documentos PB,
94.6, Centro Federal de &rquivos, Suítland, Maryland.
62. Raid,, p. 18"?ª
5. ibm.
63. ama., 19 de junho de 1948, p., 165, &. Haensel, Das Gerichf vwiagt, p.., 23%.
64. Memºrando sobre Réus (Fapern), Caixa, 5, Documenm “F. B, ?. Ver, por exemplo, Steinbauer, ich war Verteídiger, p. && e Von der
65. Raid,, pp., 308,, 309ª Líppe, Niimberge'r Tagebuchnoiz'zen p 518
66. ma., p. 369. 8. Tanto Brozat como Hans Momsen, defenderam essa posição numa
67. mm., pp. 309, sm. reunião recente sobre o julgamento de Nuremberg, celebrada pelos Ar—
68. Ibiá” p. 315. quivos Nacionais “The Nuremberg War Crimes Trials Today: History,
69. Ibiá” p. 323. Law, Moralíty”, 13 de março de 1975 (inédita).
70. “Notes on Judgment” 6 de setembro de 194641) 35 Pasta 3 Caixa 14 9 Discurso para 0 Conselho do Condado de Londres 14 de julho de 1941.
Documentos FMB 10. Bemays to Wife, 22 de julho de 1945, Arquivo de Cartas Pessoais, Caí-
71. [bidº p 36. xa, 4, Bemays Encontram--se cartas similares embora, algumas vezes, sem
72. Ibiá, pp. 34, 35. data, na coleção de James Donovan na Hoover Institution.
73. mm.,- p. 35. 11. John Mendelssohn, “Trial by Document: The Problem of Due Process
74. Ibiá, '? de setembro de,—"1946, p. 37 forr Wc???" gªriminals at Nurembeyg” Prologue, VII 7 nº & (inverno de 1975):
“75. Ibiá, 12 de setembro de 1946, pp. 55 56.
pp 22
76. Raid,, 1). 56. 12. “Trials of War Criminals Before the Nuremberg Military Trí'bunals”
"77. I bad Nuremberg, 1949,15 volumes..
78. I bid. '
79. Ibiá.
80. Ibiá.
81. Ibiá. pp 56, 57.
82. Bemays to Jackson, e anexo,15 de agosto de 1945, Arquivo de Provas
Secretas 3, Bemays. O único outro nome de reputação que faltava à lista
em o de Eichmann.
83. Memorando sob Réus (Fritzche), p. 369. Caixa, 5, Documentos EB.
84. mm., 13. 370.
85. fluid.

353 359
, Washington, D.C.
Biblioteca do Congresso
eph E. Dªvª-les. DC
Documentos de J DS_ ”
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Ensaiº Bibliográfíç
g a. Washmgton, . ,
Estados Unidos da Amerw
Arquivos Nacionais dos

Setor diplomático os : da América.,


Departameãlto de EEãtgadâa (Éãusªã⪪â Unid
ípenca, »
ªstª? , dos Estados lUãúcgJéssuâªnâ
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Como este volume tªpa em problemas relacionados com a política
ªªr ªã Eªªã ãâàía,ª' áãâªràã âãâ o-sessdauââWm
Unidâíão
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dos aliados, durante a guerra, e a. História geral da Alemanha nazista,
bem como a do julgamento de Nuremberg, é impossível fornecer uma bí— Tªº'ººª ªª “G Gue ªcaê alâg nààéúca,
%% Éããããâmªâãerª EE'tÍmpé
bliografia. abrangente. Sobre cada um desses assuntos existe copiosa lite-—
ratura, e uma combinação dos três equivaleria a uma biblioteca, por peque— gicgolãortã— Americano em Assuntos da
na que fosse. Em consequênciª, a bibliografia seguinte restringe—se aos 54801).ªgªrªêgªelgeeirªsgâíí
documentos mencionados ou citados com mais frequência, no texto. Alemanha”.

Os que desejarem encontrar referências bibliográficas mais fartas ' ' Moderno . _ _
quanto ao julgamento encontrarão & melhor fonte no livro de William J . Setor ªªªâãcrretârío da Guerra, GR 107, Gumes de Guerra, 000 5 —'-
Bosch Judgment on Nuremberg (Chapel Hill, Carolina. do Norte, 1970). ' ' ' es de Guerra, 000 .5.
Guerra, GR 107, Cnm E;
ãªs É㪠ªãa ãog ºã.
ado-ªllª? gagmíe'gr
É mais difícil encontrar uma boa bibliografia com referência específica— gªcerªsalêgncãântos do Est . , n ., , .
mente ao nazismo, mas 0' livro Hitler, de Joachim Fest (Nova York, 1974) 'dos da América,, G 218. Gum es de Guerra,
do—Male tª, GR
[traduzido em português, edição da Editora "Nova Fronteira, 1977], rela,»— %ããfisvgãnjumos do Esta
cíona & maior parte das obras recentes. A política, seguida, pelos aliados saçao de
te—Americana para & Acu
no curso da guerra foi objeto de pesquisas históricas e controvérsia febris %)geªe da Promotoria, Nor _ “ “ _ ..
nos últimos anos, mas há poucos volumes de síntese geral. Talvez não haja ' do Eixo,, GB 238, 21 %s.
Mama 387, Alemanha, 9
melhor rumo do que recºrrer à, bibliografia fornecida por John Wheeler %%⪪mêãnjuntos de Estado— ãà Lon dres
ªâiã
Bennet e Anthony Nicholson The Semblance ºf Peace (Nova. York: 1974), Microcópía 'Y'-175, RFSSÍ Rd , . _
no que diz respeito a obras antigas, tradicionais. Nas revistas e outras to de Arquwos '
Lord e Cha rgcç ler, 2/298 0—29581%.381944 1945,
publicaçoes históricas podem ser examinadas as controvérsias correntes %Zgªªªªãªto de de Guerra.
s, Sene ME, 38999— 'b' Íse
Qm matéria, de revis㺠do passado. Ministério dos Estrangeiro Gue rra,. do Ga me
es de
CAB 21 Comitê sobre Crim
do Gabmete de Guerra,.
CAB 125, Material Comum
do Gab inet e_de Guerra.
CAB 65, Minutas
mete de Guerra.
CAB 66, Memorandos do Gab
DOCUMENTOS INÉDITOS a York.
Rooseve)? _Hyde Park, Nov
Biblioteca Franklin Delano 2013 110. _
Henry Mdr gen thau Jr.,
gângâ.
Arquivo do Secretán? (1% ªres . ”.
LUGARES ONDE SE ENCONTRAM tos de Char es & y, Mapas
-—- “Ale man ha., Qua rto de
3319531135?dos Ajudantes Navais
a, Síycacqsa, Nov a York.
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