Comunidade de

Um mapa de navegação para os próximos seis anos

A CORAGEM DE ABRAÇAR O MUNDO

À escuta do grito da humanidade, da criação e das novas gerações
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Documento Final

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 “Vivemos num mundo que se tornou realmente uma aldeia:
Publicação para uso no âmbito do Movimento dos
complexo e novo, mas uma aldeia.
Focolares. Todos os direitos são reservados.
A humanidade, hoje, vive como se fosse um pequeno grupo. (...)
A fraternidade, portanto, é o Ideal de hoje. Mas como fazê-la
florescer?”

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Chiara Lubich
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Essa interrogação foi o impulso de um vasto processo de
participação iniciado em dezembro de 2019. As propostas
enviadas do mundo todo foram mais de três mil, agrupadas
em dezesseis temas. Numa fase posterior, foi solicitado,
através de uma enquete online, que escolhessem seis
desses temas. Depois de mais de dez mil respostas e uma
avaliação cuidadosa, quatro temas foram finalmente ASSEMBLEIA GERAL
identificados, a serem explorados durante esta Assembleia: 24 de janeiro - 7 de fevereiro de 2021
o Carisma da Unidade, as novas gerações, o meio ambiente
e a pandemia, as áreas de atuação do próprio carisma. Em
seguida, a Assembleia propôs três outros temas: família,
governança e opção pelos excluídos.

Durante a Assembleia, dedicamos três dias para trabalhar

neles, utilizando o método do “Open Space Technology” A todos/as que pertencem ao Movimento dos Focolares no
(Tecnologia de Espaço Aberto) e “Mesas da confiança”. mundo
Foram momentos únicos e preciosos de diálogo e franqueza
entre todos os participantes, fundamento da sinodalidade
que caracterizou a experiência de toda a Assembleia. Uma
omissão internacional de redação tentou reunir as centenas
de páginas de input neste primeiro mapa de navegação que
é dirigido a todos os que pertencem à Obra. Um mapa de navegação para os próximos seis anos
Este documento foi aprovado pela Assembleia Geral da
Obra de Maria e deve ser colocado à disposição de todos
os que pertencem à Obra no mundo.

Todos os materiais recolhidos durante este processo, que A CORAGEM DE ABRAÇAR O MUNDO
durou mais de um ano, foram entregues ao novo governo da À escuta do grito da humanidade, da criação e das novas
Obra. gerações
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«Sonho com uma Igreja que se mostre ao mundo mais bela,
mais santa, mais carismática [...,] mais familiar [...]
Eu sonho com ela como o farol da humanidade. E sonho nela
uma santidade de povo, como nunca foi vista antes. Sonho
que o surgimento de uma fraternidade vivida de forma cada
vez mais ampla na Terra, na consciência de milhões de
pessoas – como se constata hoje -, torne-se amanhã, nos
anos 2000, uma realidade geral, universal.
Sonho com um recuo das guerras, das lutas, da fome, dos
milhares de males do mundo.
Sonho com um diálogo de amor cada vez mais intenso entre
as Igrejas [...]. Sonho em aprofundar um diálogo vivo e ativo
entre as pessoas das mais variadas religiões, unidas entre si
pelo amor [...].
Sonho com uma aproximação e com um enriquecimento
recíproco entre as várias culturas do mundo [...].
Sonho com os relacionamentos permeados pelo Evangelho,
não apenas entre indivíduos, mas entre grupos, movimentos,
associações religiosas e leigas; entre os povos, entre os
Estados, de maneira que seja lógico amar a pátria do outro
como a própria. É lógico tender para uma comunhão de bens
universal: pelo menos como um ponto de chegada. [...].
Portanto, eu já sonho com uma antecipação dos novos céus
e nova terra, como é possível
aqui na terra. Sonho demais, mas temos um milênio para ver
isso acontecer».
Texto publicado como Epílogo do livro O Espírito
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Santo, de Chiara Lubich (Organizado por Florence
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Gillet e Raul Silva), Editora Cidade Nova, 151-153.
31. Para concluir, queremos voltar a um outro “sonho”
confidenciado por Chiara, por ocasião de uma viagem a
Fontem (República dos Camarões), em maio de 2000. Os
presentes ainda recordam a sua emoção ao expressá-lo,
como aconteceu em raros momentos: «E qual é o meu
último desejo agora e para agora? Gostaria que a Obra de
Maria, no fim dos tempos, quando, compacta, estiver à
espera de se apresentar diante de Jesus Abandonado-
ressuscitado, possa repetir-lhe, fazendo suas as palavras
que sempre me comovem, do teólogo belga Jacques
Leclercq: “...no teu dia, meu Deus, virei em direção a Ti ...
virei em direção a Ti, meu Deus (...) e com meu sonho mais
desvairado: levar-Te o mundo em meus braços”. Pai, que
todos sejam um!».
Isso nos remete à realidade que está diante de nós, e que
vem ao nosso encontro, e à qual queremos responder com
tudo de nós mesmos e com a concretude necessária em
resposta aos gritos da humanidade.
NOTA 1: Procedimento, metodologia e experiência de
trabalho
32. A Assembleia Geral ordinária 2021 da Obra de Maria,
Movimento dos Focolares, foi vivida de forma
“extraordinária” tanto em referência à “crise” que a família
humana atravessa hoje – crise que se tornou mais evidente
com a pandemia – como em referência à modalidade de sua
realização online.
Fomos convocados para responder a um apelo:
- O que Deus quer para a Obra nos próximos anos?
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- O que não pode faltar para que o Carisma seja cada vez
Página
mais um dom para as Igrejas e para a humanidade?
- 29. Dialogando a 360°: “Deixe-me aprender com você o
seu modo de pensar, a sua linguagem e as suas
interrogações, o seu ‘estar presente’, a fim de que eu possa
apreender em modo novo aquela mensagem que tenho a
tarefa de passar a você” (Klaus Hemmerle). Acreditamos
que o diálogo está no DNA de cada membro da Obra de
Maria. Não encontraremos a nossa identidade olhando para
nós próprios, mas abrindo-nos aos desafios do mundo e da
história, ao diálogo com todos os outros e às necessidades
e dores da humanidade. Os “5 Diálogos” oferecem
caminhos concretos para responder aos gritos da
humanidade na divisão e na polarização que vivemos hoje.
Como “apóstolos e testemunhas do diálogo”, todos nós
queremos nos formar para adquirir este estilo de vida e fazer
com que não seja apenas o compromisso de alguns
especialistas. Por isso, estamos empenhados em promover
escolas de formação, em fomentar mais sinergia entre os 5
diálogos, em criar espaços de diálogo e de encontro mais
abertos e inclusivos nos próximos seis anos.
CONCLUSÃO
30. Várias vezes neste documento se diz “este... é o nosso
estilo de vida”, com afirmações que podem parecer parciais
e nos remeter à pergunta: “Mas, então, qual é realmente o
nosso estilo de vida?”. Agora descobrimos que, sem nos
darmos conta, nós o desdobramos nas sete cores: nosso
estilo de vida é o amor preferencial pelos excluídos, é o
nosso DNA “dialogador”, é o compromisso de viver a
Palavra, é o desejo de uma conversão ecológica, é a escuta
atenta das diversidades para compô-las na unidade, é o
impulso de aprofundar a sabedoria e a formação, é a
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convicção de que vale a pena fazer qualquer esforço para
Página
estar cada vez mais em rede, cada vez mais unidos.
Premissa
Declaração para uma Nova Primavera da Obra de Maria
1. Olhamos o mundo e nos comprometemos a ir em busca
dos que sofrem, dos que são excluídos, a começar por
aqueles que fizemos sofrer ou que nós mesmos excluímos,
pessoalmente ou como Obra. Empenhamo-nos em estar em
diálogo com todos e todas, em nos deixarmos tocar pelo
outro, de preferência por quem percebemos que é diferente
de nós. Queremos nos aproximar de cada pessoa para ouvi-
la em profundidade, acolher seu sofrimento e aprender com
ela, construindo juntos relações genuínas e de qualidade.
2. Empenhamo-nos em fortalecer o que já está em
andamento em vista da prevenção de todas as formas de
abuso físico, sexual, de poder e de consciência. Pedimos
perdão às vítimas e asseguramos o nosso total apoio,
reconhecendo, com profunda dor, todas as situações nas
quais não estivemos à altura de as proteger. Empenhamo-
nos em promover ainda mais uma cultura de prevenção e
promoção da proteção integral de cada pessoa, com uma
formação adequada e uma comunicação transparente.
3. Queremos perscrutar os “sinais” da presença de Deus
nos acontecimentos que estamos vivendo como
humanidade, nas suas tribulações, bem como nas feridas
presentes na própria Obra. Queremos retomar com nova
esperança o nosso estilo de vida, como “Povo nascido do
Evangelho”. Agora é o momento de retomar a viagem com
Deus entre nós, de ousar o inédito com criatividade e paixão,
mais fiéis do que nunca ao “sonho” de Deus: que todos
sejam um.
5
Página
4. Este documento é oferecido pela Assembleia a todos os
que pertencem ao Movimento dos Focolares no mundo. É o
início de um “mapa compartilhado”, cujo intuito é nos ajudar
a navegar nas tempestades, nos desafios e nas
oportunidades dos próximos seis anos. É fruto de milhares
de conversas ocorridas na preparação da Assembleia Geral
e durante a própria Assembleia. Este mapa será fortalecido,
aprimorado e tornado mais eficaz com a participação de
todos os que pertencem à Obra, enquanto navegam na
direção que Deus lhes está pedindo que tomem nos
próximos anos.
5. O documento está dividido em duas partes. Em primeiro
lugar, encontramos a escuta dos gritos da humanidade, do
planeta e das novas gerações, que nos indicam o horizonte
do caminho para a atualização do carisma nos próximos
anos. Há três prioridades de aplicação (Sair para nos
tornarmos próximos, Juntos para Agir, Preparar-nos para o
Ut Omnes), que esperamos que ajudem a guiar a
encarnação do carisma num raio de 360° no próximo
período.
6. O procedimento, a metodologia e a própria experiência
que deram vida a este trabalho são explicados com mais
detalhes no final do documento (Nota 1)
I. PERSCRUTAR JUNTOS O HORIZONTE: Um Carisma
que se atualiza
7. Acreditamos que hoje a atualização do Carisma da
Unidade ocorre se nos permitirmos ser desafiados pela
realidade a fim de amá-la. Para tanto, nós nos propomos
mergulhar no Carisma e na sua luz, escutando Deus que
nos fala no grito da humanidade, no grito do planeta e no
grito das novas gerações. A experiência mística do “Paraíso
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Página
1949”, bem como a experiência cofundadora de Chiara,
Foco e Chiaretto (e não só), apresentam-se mais do que
família e para cada pessoa individualmente. Também aqui
a formação e o aprofundamento são essenciais, com
desenvolvimentos a serem apoiados, como a criação do
Centro de Estudos da Família no Instituto Universitário
Sophia, com todos os seus componentes jovens.
- 27. Pacto Educativo Global. Na esteira do Global
Compact on Education, promovido pelo Papa Francisco,
consideramos importante continuar e apoiar o trabalho
realizado por nossas agências culturais, pelo Instituto
Universitário Sophia, pelos setores e Mariápolis
Permanentes, para explicitar o modelo e o percurso
educacional que brota do Carisma e que se baseia nos
numerosos programas e experiências realizados neste
campo nos últimos anos, em benefício de toda a Obra, da
Igreja e da sociedade.
- 28. Formação e Acompanhamento. Consideramos o
acompanhamento e a formação integral (cabeça, mãos,
coração) das novas gerações no Carisma da Unidade uma
responsabilidade-chave de toda a comunidade (incluindo a
característica intergeracional!), para facilitar o encontro com
Deus na espiritualidade da unidade. Estamos empenhados
em promover processos formativos “inculturados” e
acessíveis a todos, tendo em conta as necessidades de
cada etapa, com avaliações regulares.
Criaremos redes mais eficazes entre formadores e
acompanhadores para apoiá-los em suas funções e para
facilitar uma formação contínua e regular. Dar prioridade ao
“fazer junto” com as novas gerações uma experiência de
encarnação, a fim de se colocar a serviço das necessidades
dos outros, é um espaço privilegiado de formação e
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acompanhamento que introduzirá no circuito social homens
e mulheres capazes de ter uma nova visão do mundo e de
Página
agir para melhorá-lo.
desafios mais concretos que o abraço a Jesus Abandonado
na humanidade nos apresenta. Em particular, acreditamos
que devemos considerar como percursos privilegiados:
- 25. O discernimento comunitário. Fazer do
discernimento à luz do Carisma, com Jesus no meio, um
elemento característico do povo de Chiara; que seja um
estilo de vida para todos os que pertencem ao Movimento e
para todas as áreas, tanto na vida cotidiana quanto nas
decisões importantes, como as de governo. Para isso: ativar
iniciativas concretas de formação ao discernimento
comunitário- trinitário; definir a sua metodologia, incluindo
momentos de verificação e sem descuidar da formação da
consciência pessoal: prepararmo-nos para acolher também
os momentos críticos de desacordo ou de desavença, que
devem ser considerados uma oportunidade de
discernimento e crescimento positivo.
- 26. Uma atenção prioritária para a família. Como Obra
de Maria, somos chamados a ser família. Por esse motivo,
a família deve estar no centro das nossas prioridades, antes
de mais nada na Obra, cuidando dela como primeira célula
da sociedade e, por isso, olhando-a e sustentando-a como
um todo e segundo as especificidades de cada um dos seus
membros. Queremos promover e valorizar a família no seu
ser e no seu agir como sujeito social e político. Acreditamos
que é fundamental estarmos preparados para um
acompanhamento adequado e constante em todas as fases
da vida, para ajudar no crescimento integral da pessoa, para
a aceitação de todos os sofrimentos, preferindo as famílias
feridas, com uma abertura constante ao diálogo e ao
respeito na diversidade. Acreditamos que devemos nos
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deixar ser questionados pelos novos desafios e condições
da família, sem preconceitos ou medos. Em uma palavra,
Página
queremos ajudar a realizar o projeto de Deus para cada
nunca como um patrimônio vivo, a ser aprofundado, um
sinal da memória que se torna presente e que desejamos
reacender constantemente em nossa vida. A partir dessa
raiz, nós nos sentimos chamados a ativar com sabedoria
processos de escuta e de interpretação dos vestígios da
profecia espalhados hoje no caos e nas trevas que
encontramos todos os dias.
I a. Ouvir o grito da humanidade
8. A pandemia em curso expôs as contradições de um
mundo que, embora pareça fortemente interconectado, de
fato está gravemente desequilibrado, tanto nas relações
entre povos e culturas como entre os grupos sociais e entre
as pessoas. Diante desse cenário, como Obra de Maria
queremos responder ao “grito” de Jesus Abandonado que
ecoa no mundo de hoje em todos aqueles que, de alguma
forma, são silenciados, sofrem, são vítimas de abusos, são
excluídos e buscam sua dignidade.
9. No mundo inteiro, estamos diante de situações de
desigualdade social crescente; em algumas regiões o
problema mais grave está ligado aos fluxos migratórios; em
outras, à violência; em outras ainda, à intolerância política
ou religiosa, a diversas formas de discriminação ou a um
individualismo exacerbado. Por isso, desejamos exercitar-
nos ainda mais no “discernimento comunitário” que a vida
do Carisma propõe, para aprender a perscrutar e a escutar
juntos o grito da humanidade e a abraçá-lo global e
localmente. Para realizar esse discernimento acreditamos
que seja necessário ter olhares capazes de “contemplação”
no meio da cidade, nas ruas, nos ambientes de trabalho,
7
nas casas, nas escolas, nos parlamentos, por toda parte.
Página
I b. Ouvir o grito do planeta
10. A magnitude da crise pandêmica também está ligada ao
fato de que “tudo está em relação”: a perda de
biodiversidade, o desmatamento etc. Sabemos que são os
mais pobres e os desfavorecidos que sofrem as maiores
consequências do “grito do planeta”. Acreditamos que uma
conversão à ecologia integral exige efetivamente: rever os
nossos estilos de vida, pessoais e como Obra; desenvolver
uma consciência crítica a respeito do uso dos bens
materiais; ter criatividade na geração de novas práticas para
o cuidado da criação; denunciar as causas que ameaçam o
planeta, nossa casa comum; aprofundar a digitalização,
aceitando seu desenvolvimento e direcionando-o para a
fraternidade universal.
11. Para isso, estamos empenhados em verificar a
sustentabilidade ecológica das nossas estruturas e
atividades através da implementação de mudanças no
sentido do “impacto zero”. Queremos nos dedicar à
formação de uma consciência ambiental que leve a estilos
de vida mais sustentáveis e, em interdependência com
outros, aspiramos ser modelos de uma ecologia integral. Por
meio de ferramentas eficazes, como os Pathways,
caminhos de ação para o mundo unido, trabalharemos em
rede com outras organizações para atingir objetivos
ambientais, como os que estão presentes nos 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela
ONU.
I c. Ouvir o grito das novas gerações
8
12. Jovens, adolescentes e crianças interpelam e
Página
constroem o mundo com seus sonhos, com suas perguntas
incisivas e com suas vozes contra a injustiça e a falta de
a continuar oferecendo a sua contribuição insubstituível,
abertas ao novo e capazes de investir nas competências
profissionais necessárias para hoje.
- 22. Reflexão sobre a governança da Obra. Acreditamos
que seja necessário repensar o estilo e a prática da
governança da Obra para garantir que as pessoas e os
processos estejam à altura de responder ao grito de dor da
humanidade. Propomos estudar os desígnios de Chiara-
Chiaretto-Foco em sua dinâmica de relacionamentos, a fim
de conhecer e aprender com eles as raízes ideais da
governança. Acreditamos que seja igualmente importante
melhorar a transparência e a comunicação dos processos
decisórios, propiciando uma avaliação contínua e eficaz e
uma verificação dos vários processos (por ex.: Nova
Configuração), envolvendo todas as gerações no processo
decisório.
- 23. Agir e avaliar. Enfim, entendemos que todo
discernimento comunitário não pode se concluir com a ação.
É sempre necessário avaliarmos juntos o que foi feito, para
analisar e verificar o impacto das nossas ações, a fim de
aprender com nossos eventuais acertos ou erros. A
complexidade da situação que enfrentamos, local ou
globalmente, e a velocidade das mudanças em nossas
sociedades exigem grande flexibilidade, para não ficarmos
parados por muito tempo em nossas casas ou grupos.
Queremos estar sempre abertos às surpresas do Espírito
Santo.
II c. Preparados para o “UT OMNES”
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24. Consideramos que o objetivo de todas as nossas ações
formativas seja contribuir para a unidade e a fraternidade de
Página
toda a família humana. Queremos nos preparar para poder
dialogar constantemente e de forma dinâmica com os
sinergias, amplia o horizonte, cria redes e cria cultura. É
preciso investir mais recursos em tudo aquilo que favorece
o que pode ser alcançado de concreto em vista de um
mundo unido. Portanto, será necessário:
- 19. Trabalhar em rede. Acreditamos que seja necessário
trabalhar “em redes vivas”, impregnadas de relações de
confiança, e colaborar com todos os que estão envolvidos
para os mesmos fins, e assim obter uma atenção mais
ampla, eficaz e completa para os problemas. Reforçamos o
United World Project e Pathways como espaços já
existentes e privilegiados de diálogo, encontro e
colaboração com pessoas e organizações externas ao
Movimento. Estamos convictos de que isso potencializará
as sinergias e o valor de estar em rede entre as
ações/projetos existentes.
- 20. Revitalizar as esferas do agir humano. Não há
campo da ação humana – econômico, social, político,
eclesial, cultural, informativo – que não possa ser
revitalizado por “células vivas” que injetam sangue novo.
Por isso, também nos comprometemos a relançar a
centralidade das “células de ambiente”, nas quais várias
pessoas inspiradas no Carisma da Unidade se encontram
naturalmente, podendo oferecer respostas concretas e
incisivas. Além disso, como Obra, queremos dar um novo
impulso aos movimentos de amplo alcance através dos
quais trabalhamos pela fraternidade universal.
- 21. Revalorizar as obras concretas e sociais como
instrumentos para o mundo unido. As obras sociais e as
diversas agências de cooperação internacional e
12
organismos culturais e de informação, que nasceram dentro
Página
do Movimento e que são uma resposta às feridas da
humanidade, sejam incentivadas e apoiadas por toda parte
sustentabilidade. É um grito que nos impulsiona a evitar
mudanças climáticas catastróficas, a superar as
desigualdades e a abraçar a diversidade, com a inclusão no
lugar da exclusão. Acreditamos que é em conjunto, com
todas as gerações da Obra, que poderemos ouvir melhor
esses gritos. Por isso queremos valorizar as “antenas” das
novas gerações e acolher sua visão “profética”, enquanto
enfrentamos os desafios de hoje. Temos consciência de que
é preciso mudar o olhar sobre as crianças, os adolescentes
e os jovens: não mais objeto, mas sujeitos protagonistas e
“construtores” da Obra e daquelas relações que educam a
todos. Nessa linha, estamos empenhados em garantir que
os nossos processos decisórios da Obra se tornem cada vez
mais intergeracionais.
II - A CORAGEM DE ABRAÇAR A HUMANIDADE:
Encarnação a 360°
13. Queremos fazer nossas as palavras proferidas por
Palmira Frizzera, uma das primeiras companheiras de
Chiara, nos dias de abertura desta Assembleia Geral: “Sinto
que para chegarmos ao Ut Omnes, que é o objetivo final de
Chiara, agora é preciso ter a coragem de desposar a
humanidade. Isso para mim é a encarnação”. Sentimo-nos
interpelados a entrar com decisão e radicalismo em uma fase
da Obra que se projeta amplamente na encarnação da
fraternidade universal. Temos consciência de que é mais do
que nunca necessário estarmos inseridos na sociedade
para promover um diálogo popular a 360° com as pessoas
e com o mundo de hoje. Por isso, seguindo o caminho
iniciado pela última Assembleia Geral, realizada em 2014,
queremos dar um passo adiante decisivo, considerando as
9
seguintes três prioridades a serem aplicadas nos próximos
Página
seis anos:
II a. Sair para “ESTAR PERTO”
14. Queremos reavivar decididamente e em toda a Obra a
paixão por Jesus Abandonado vivo nos solitários, nos
excluídos, nos pobres, para acelerar o tempo do Ut Omnes.
Como nos primeiros tempos do Movimento em Trento,
queremos ter um amor preferencial e concreto por Jesus
Abandonado que se traduz também numa reviravolta
decisiva direcionada a todos os que sofrem. Acreditamos
que seja necessário um movimento de proximidade
consciente que nos permita diminuir as distâncias com
aqueles que permanecem à margem da sociedade.
Queremos sair da nossa “zona de conforto” para “estar
próximos” daqueles que não contam, que vivem em
condições desfavoráveis ou que sofrem de forma sistêmica.
Como no primeiro focolare, gostaríamos de repetir de
muitas maneiras a experiência ao redor de nossas mesas
de “uma focolarina e um pobre, uma focolarina e um pobre”.
15. Todos somos chamados a compreender qual é o
semblante mais urgente de Jesus Abandonado na nossa
comunidade, na nossa cidade, no nosso país ou na nossa
região. É por isso que acreditamos que seja importante nos
perguntarmos:
- Como podemos abraçar concretamente aquele semblante
local de Jesus Abandonado?
- Quais são as causas sistêmicas que queremos eliminar e
as ações estratégicas que podemos e devemos realizar
para ajudar a superar as exclusões e promover o
desenvolvimento integral de cada pessoa?
- Como podemos trabalhar e colaborar com os outros para
garantir uma vida digna a cada ser humano e, em particular,
10
aos nossos próximos?
Página
16. Acreditamos que seja o momento de responder a essas
perguntas como Obra una, antes de mais nada em cada
território, fazendo da opção pelos excluídos, pelos pobres e
pelos discriminados o nosso estilo de vida; isso deve partir
de um compromisso pessoal (com sobriedade, cuidar de
pelo menos uma pessoa “solitária”, com a qual compartilhar
o caminho afanoso da existência), levando em conta as
especificidades que o Carisma traz, até gerar a
reciprocidade.
17. Queremos que a Obra seja também um laboratório
social, no qual possamos aprender este modelo de
comunhão. Nesse processo, acreditamos ser importante
trabalhar com outras pessoas, com Igrejas e organizações,
com o protagonismo das novas gerações, a fim de erradicar
as causas sistêmicas de todas as formas de desigualdade.
Por esse motivo, queremos valorizar, apoiar e conectar
nossas obras sociais, lançando novamente a Comunhão de
bens mundial.
II b. Juntos para “AGIR”
18. Não podemos enfrentar sozinhos os enormes dramas
desta época, que estamos assistindo impotentes em grande
parte do mundo. A complexidade das dores do mundo
requer respostas sinérgicas e passíveis de aplicação.
Acreditamos que, nesta fase da encarnação, é chegada a
hora de restaurar a centralidade da vida do Evangelho e a
nossa capacidade de ação ancorada nela. Crescemos na
consciência de que impactar a sociedade não é opcional,
mas um dever de todos, a ser exercido nas mais diversas
formas e de acordo com as necessidades das várias culturas
11
e lugares. Portanto, não se trata de promover o ativismo
Página
genérico ou de correr atrás de ações inarticuladas, mas de
fomentar uma cultura do compromisso que implementa