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ISMT - Instituto Superior Miguel Torga

1º Ano na licenciatura de Comunicação Empresarial


História das Ideias Sociais
Docente: J.H. Dias
2009/2010
Cláudia Mota – nº 8596

“A Lei dos Três Estados”


Resumo:

A lei dos três estados (teológico, metafísico e positivo) é sem dúvida um estado de
espírito. Mas a verdade é que não se pode pensar sem um sistema qualquer e este
corresponde a um movimento natural compreendido por todos.

Os três estados:

Teológico: o estado onde Deus está presente em tudo, as coisas acontecem por causa da
vontade dele.Metafísico: no qual a ignorância da realidade e a descrença num Deus todo
poderoso levam a crer em relações misteriosas entre as coisas, nos espíritos, como
exemplo.Positivo: a humanidade busca respostas científicas todas as coisas. Este estado
ficou conhecido como Positivismo.

Introdução
A Lei dos Três Estados é uma obra de Auguste Comte, em que este elaborou uma
classificação da história da humanidade nos seguintes estados em ordem cronológica: o
teológico, o metafísico e o positivo. Segundo o Filósofo, cada passo desse desenvolvimento
cronológico pressupõe o anterior. No estado teológico, o espírito humano vive num universo
natural e sobrenatural, no qual impera o fetichismo. No estado metafísico, simples
modificação geral do primeiro, substituem-se as forças sobrenaturais pelas abstracções. Por
fim, no estado positivo, o espírito humano passa a valorizar o raciocínio lógico em vez do
metafísico-abstracto e tenta explicar os factos com base em leis objectivas, não mais
recorrendo a elementos da natureza ou deuses, nem a leis do ser em geral. De maneira geral,
podemos dizer que o estado teológico e o metafísico se caracterizam, quanto ao método,
pelo domínio fundamental da imaginação sobre a observação e, quanto à doutrina, pela
pesquisa exclusiva de noções absolutas. O primeiro estado corresponderia à imaginação; o
segundo, à argumentação; o terceiro, à observação. O estado positivo é a idade industrial
regida pelos interesses económicos. O Positivismo instaura as ciências como pesquisa
daquilo que é determinado, certo e útil. A forma de governo que corresponde ao estado
positivo é a república ditatorial ou científica. Há, então, uma passagem do poder.
O Autor

Nascido em Montpellier, no dia 19 de Janeiro de 1798, no Sul da França, Auguste


Comte desde cedo revelou uma grande capacidade intelectual e uma prodigiosa memória. O
seu interesse pelas ciências naturais era conjugado pelas questões históricas e sociais.
Durante 7 anos foi secretário do conde Henri de Saint-Simon, expoente do socialismo
utópico. Devido à apropriação dos escritos dos seus discípulos Comte rompeu com ele,
passando a desenvolver autonomamente suas reflexões. Recuperando de um colapso
nervoso por motivos conjugais, mergulhou na redacção do Curso de filosofia positiva, que
lhe tomou doze anos. Em 1842, por criticar a corporação universitária francesa, perdeu o
emprego de examinador de admissão à Escola Politécnica e começou a ser ajudado por
admiradores, como o pensador inglês John Stuart Mill. Entre 1851 e 1854 Comte redigiu o
Sistema de política positiva, em que extraiu algumas das principais consequências de sua
concepção de mundo “não teológico” e “não metafísico” propondo uma interpretação pura e
plenamente humana para a sociedade e sugerindo soluções para os problemas sociais. Em
1856, publicou o livro Síntese subjectiva, primeiro e único volume de uma série de quatro
dedicados a tratar de questões específicas das sociedades humanas: lógica, indústria,
pedagogia, psicologia. Auguste Comte, vem a falecer em Paris, um ano depois,
possivelmente de cancro, no dia 5 de Setembro.

Breve resenha Histórica

Em pleno século XIX, no período em questão sob os golpes dos Aliados, o Império
Francês desmoronou (1814), e a França reencontrou suas fronteiras de 1792. Depois da
queda de Bonaparte, os Bourbons reinstalaram-se no trono - Luís XVIII (1814-1824),
Carlos X (1824-1830) - apesar de uma breve tentativa de restabelecimento do Império (os
Cem Dias, 1815). Auguste Comte, nesta época tratou algumas fórmulas fundamentais:
"Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto" (1819) e "Todas as concepções humanas
passam por três estádios sucessivos - teológico, metafísico e positivo -, com uma velocidade
proporcional à velocidade dos fenómenos correspondentes" (1822), a então estudada “Lei
dos Três Estados”.
A Filosofia Positiva de Comte

A filosofia positiva de Comte nega que a explicação dos fenómenos naturais, assim
como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos factos abandona a
consideração das causas dos fenómenos (Deus ou natureza) e pesquisa suas leis, vistas como
relações abstractas e constantes entre fenómenos observáveis.

Adoptando os critérios histórico e sistemático, outras ciências abstractas antes da


Sociologia, segundo Comte, atingiram a positividade: a Matemática, a Astronomia, a Física,
a Química e a Biologia. Assim como nessas ciências, na “sua” ciência inicialmente chamada
de física social e posteriormente Sociologia, Comte viria a usar a observação, a
experimentação, da comparação e a classificação como métodos para a compreensão da
realidade social. Comte afirmou assim que os fenómenos sociais podem e devem ser
percebidos como os outros fenómenos da natureza, sendo que, sempre insistiu e argumentou
que isso não equivale a reduzir os fenómenos sociais a outros fenómenos naturais. Em 1852
Comte instituiu uma sétima ciência, a Moral, cujo âmbito de pesquisa é a constituição
psicológica do indivíduo e suas interacções sociais. Pode-se dizer que o conhecimento
positivo busca "ver para prever, a fim de prover" - ou seja: conhecer a realidade para saber o
que acontecerá a partir de nossas acções, para que o ser humano possa melhorar sua
realidade. Dessa forma, a previsão científica caracteriza o pensamento positivo. O espírito
positivo, segundo Comte, tem a ciência como investigação do real. No social e no político, o
espírito positivo passaria o poder espiritual para o controle dos "filósofos positivos", cujo
poder é, nos termos Comtianos, exclusivamente baseado nas opiniões e no aconselhamento,
constituindo a sociedade civil e afastando-se a acção política prática desse poder espiritual.
O método positivo, em termos gerais, caracteriza-se pela observação. Devendo-se perceber
cada tipo de fenómeno tem suas particularidades, de modo que o método específico de
observação para cada fenómeno será diferente. Para além disso, a observação conjuga-se
com a imaginação: ambas fazem parte da compreensão da realidade e são igualmente
importantes, mas a relação entre ambas muda quando se passa da teologia para a
positividade. Assim, para Comte, não é possível fazer ciência sem a imaginação.
Essência da Obra e Seus Antecedentes

O alicerce fundamental da obra Comtiana é, indiscutivelmente, a "Lei dos Três


Estados", tendo como precursores nessa ideia seminal os pensadores Condorcet e, antes
dele, Turgot. Segundo o marquês de Condorcet, a humanidade avança de uma época bárbara
e mística para outra civilizada e esclarecida, em melhoramentos contínuos e, em princípio,
infindáveis - sendo essa marcha o que explicaria a marcha da história. A partir da percepção
do progresso humano, Comte formulou a Lei dos Três Estados. Observando a evolução das
concepções intelectuais da humanidade, Comte percebeu que essa evolução passa por três
estados teóricos diferentes, como já referi anteriormente: o estado 'teológico' ou 'fictício', o
estado 'metafísico' ou 'abstracto' e o estado 'científico' ou 'positivo', em que:

No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural, por entidades cuja
vontade arbitrária comanda a realidade. Assim, busca-se o absoluto e as causas primeiras e
finais ("de onde vim? Para onde vou?"). A fase teológica tem várias subfases: o fetichismo,
o politeísmo, o monoteísmo.

No segundo, já se passa a pesquisar directamente a realidade, mas ainda há a


presença do sobrenatural, de modo que a metafísica é uma transição entre a teologia e a
positividade. O que a caracteriza são as abstracções personificadas, de carácter ainda
absoluto: "a Natureza", "o éter", "o Povo", "o Capital".

No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente.


Neste, os factos são explicados segundo leis gerais abstractas, de ordem inteiramente
positiva, em que se deixa de lado o absoluto (que é inacessível) e busca-se o relativo. A par
disso, actividade pacífica e industrial torna-se preponderante, com as diversas nações
colaborando entre si.

Note-se que cada um desses estágios representa fases necessárias da evolução


Humana, em que a forma de compreender a realidade se conjuga com a estrutura social de
cada sociedade e contribui para o desenvolvimento do ser humano e de cada sociedade.
Sendo, então, possível perceber que há uma profunda discussão ao mesmo tempo
sociológica, filosófica e epistemológica subjacente à lei dos três estados.
Palavras-chave

Na obra em estudo podemos considerar as seguintes palavras-chave:

Evolução da Humanidade;

Estado Teológico;

Estado Metafísico;

Estado Científico;

Sobrenatural;

Realidade;

Positividade;

Absoluto;

Relativo;

Sociedade.
Crítica

Eu penso que esta obra é um importante passo para a evolução da humanidade, pois Comte
estudou a evolução das concepções intelectuais da humanidade. Ao formular as três leis, o
Filósofo, mostra que cada passo do desenvolvimento cronológico das mesmas pressupõe o
anterior. Sendo que no estado teológico, o espírito humano vive num universo natural e
sobrenatural, no qual impera o fetichismo, no estado metafísico, substituem-se as forças
sobrenaturais pelas abstracções e no estado positivo, o espírito humano passa a valorizar o
raciocínio lógico em vez do metafísico-abstracto e tenta explicar os factos com base em leis
objectivas, não mais recorrendo a elementos da natureza ou deuses, nem a leis do ser em
geral. O mérito do autor foi o de aplicar ao domínio do espírito a lei da evolução. Penso que
a sua ideia não é completa em si mesma e nunca poderia organizar estavelmente a sociedade
sendo que o espírito positivo não é a simples compreensão do dado, mas sim a acção no
verdadeiro sentido, porque nele a existência nunca é explicada senão para continuar o seu
ser pela compreensão duma lei que é sempre provisória. A intuição humana é, fatalmente,
separada da natureza, e ao estudar esta obra verifiquei a verdade dessa inadaptação
necessária do homem e do universo, e encontrar aí, ao mesmo tempo, a chave para
compreender a aspiração de todo o espírito livre à perfeição infinita.

Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/

http://www.infoescola.com/sociologia/auguste-comte-e-a-lei-dos-tres-estados/

http://blogsocinova.fcsh.unl.pt/djustino/archive/2008/10/13/25398.aspx

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