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Projeto Ω

Parte 1 - O CENÁRIO

O Início

No ano de 1989 o mundo viu o surgimento do


que muitos diziam ser mais um sinal do fim do
mundo. Um jovem indiano de quatorze anos
conseguiu viver por seis meses sem comer ou
beber nada. Após esse período ele foi
estudado minuciosamente por cerca de dois
anos quando descobriram que o garoto
conseguia nutrir seu corpo com a umidade
natural do ar e a luz do sol. Mas a descoberta
desse fenômeno foi abafada pelo surgimento
de vários outros casos atípicos.

Em todo o mundo, vários casos parecidos começaram a ser reportados. Mas esses casos eram
tão variados que somente se ligavam pelo simples fato de serem pessoas capazes de feitos
antes impossíveis. Pouco a pouco a incidência desses casos foi aumentando até que, em 2001,
20% da população mundial era considerada mutante. E esses mutantes começaram a se tornar
problemas para a sociedade comum.

Vários deles perceberam quase que imediatamente que seus poderes poderiam lhes trazer
sérios benefícios. Então entre 2001 e 2008 o mundo passou por sérias crises financeiras devido
a vários desfalques causados por mutantes inescrupulosos. Além disso, ocorreram vários
atentados contra a humanidade, possivelmente influenciados pelo crescente conflito entre
humanos e mutantes. O preconceito chegou ao ponto em que foi formado um grupo de
extermínio de mutantes na Inglaterra chamado de Purificadores. Eles foram os responsáveis
pela morte de pelo menos trezentos mutantes até quando foram presos e sentenciados a
vários anos de prisão.

Mas os mutantes não ficaram devendo e revidaram. Vários grupos extremistas atacaram as
maiores nações com interesses políticos. Outros simplesmente pregavam a eliminação dos
não-evoluídos. E o que marcou o início dos sete anos de caos causados pelos conflitos entre
humanos e mutantes foi um plano arquitetado por um fanático muçulmano contra os Estados
Unidos, onde dois mutantes suicidas explodiram as duas torres do maior centro econômico
dessa nação matando milhares de pessoas.

E foi em 2008 que o clima entre as raças começou a melhorar.


Um Novo Amanhã

Pouco depois de assumir o cargo de Secretário Geral da


ONU em 2007, o senhor Ban Ki-moon sugeriu, em uma
das conferências mundiais dessa organização, que o
problema racial que devassava o planeta naquele
momento não poderia ficar somente nas mãos dos
governos soberanos participantes. Sua sugestão era a
de criar um Conselho Racial que administraria as ações
contra o preconceito em todo o mundo, cuidando,
inclusive, de garantir meios de punir os mutantes que
ferirem as leis de seus países.

No segundo semestre de 2008 houve uma grande


comemoração pela inauguração do Centro
Correcional e do Centro de Socialização Racial, ambos
localizados numa ilha cedida por Portugal chamada
Ilha de Corvo, cujas obras foram custeadas por vários
Estados. Juntos esses dois Centros formaram a
Iniciativa Ban Ki-moon, administrado pelo sueco
Lennart Franson.

O primeiro era formado por blocos de celas especiais


que seriam adaptadas para cada um dos presidiários
mutantes. Neste Centro todos os detentos tinham de
passar por acompanhamento psicológico constante
além de terem de trabalhar para pagar a sua estadia.
Eles tinham várias opções de trabalho em que podiam
usar seus poderes e tinham o acompanhamento de instrutores profissionalizantes.

O segundo era um centro de treinamento que servia para ensinar os hóspedes a ganhar a vida
de forma honesta usando seus poderes. Estes hóspedes geralmente eram voluntários na
manutenção do Centro Correcional.

Mas os centros fundados pela IBK não eram o suficiente para cumprir seu papel de
pacificadora. Era preciso combater os crimes praticados por mutantes e muitas vezes as forças
policiais não tinham condições de lutar contra os bandidos e seus poderes destrutivos. Por isso
a Interpol entrou em ação a pedido da ONU e elaborou um projeto de segurança que foi
apresentado e aprovado pela maioria dos países membros.

O plano de segurança ficou conhecido como Projeto Neville, batizado em homenagem ao


inspetor herói William Neville que faleceu no ano anterior à apresentação do documento
vítima de mutantes descontrolados. Esse projeto consistia em implantar células de ação em
cada uma das grandes cidades do mundo que seriam compostas por mutantes treinados e
equipados para deter todo tipo de criminoso, mutantes ou não. Essas células seriam ligadas a
uma superintendência própria de segurança de cada nação que, por sua vez, formariam a Rede
Internacional de Cooperação ao Combate ao Crime, que era administrada pela IBK, na pessoa
do americano Terence Bragh. Essa Rede tinha o dever
de promover a interação entre os membros
distribuindo táticas e tecnologias especiais.

A evolução inicial foi tímida de propósito. A IBK não


queria interferir diretamente nas células de ação
temendo problemas diplomáticos. Mas em poucos
anos as forças especiais foram formadas e a Rede
passou a operar em toda a sua capacidade. Hoje o
Centro Correcional aceita todo tipo de criminoso e a
maioria não retornam à vida criminosa. E o Centro de
Socialização recebe tanto mutantes como humanos
para promover a integração entre as raças.

As Mutações

Não se sabe a razão dessas mutações. Uns crêem que se trata da evolução normal do ser
humano, mas nenhum estudioso sabe explicar a variedade das mutações. Evolucionistas dizem
que o correto seria um humano nascer evoluído e, se essa evolução lhe trouxesse vantagens
sobre os outros seres humanos, sua herança seria vagarosamente distribuída entre a
população no decorrer de várias gerações. No entanto, não é o que se observa hoje já que há
relatos de filhos de mutantes sem qualquer tipo de mutação.

Atualmente existem várias instituições médicas pesquisando a origem dessas mudanças no


código genético humano, mas nenhuma pesquisa parece estar perto de atingir seu objetivo.

Em geral as mutações trazem alterações físicas.


Deformidades e poderes menores são as mutações
mais comuns. Mas há aqueles com potencial mutante
mais elevado e com aparência mais humana. Esses são
informalmente chamados de “Puros” e são os mais
temidos. Calcula-se que atualmente 42% da população
mundial é mutante, sendo quase a metade desses
considerados puros.

As mutações menores geralmente são identificadas


durante a gestação, mas as puras só costumam se
manifestar na adolescência.

Os Mutantes, a Tecnologia e o Mercado de Trabalho

Incentivadas pela IBK, inúmeras empresas de tecnologia desenvolveram defesas contra


mutantes. As principais evoluções tecnológicas são o Capacete Psicobloqueador e os Campos
de Anulação.

O Capacete Psicobloqueador foi inicialmente desenvolvido pela empresa alemã Shafan Co.,
mas essa tecnologia vazou e várias imitações com eficácias semelhantes podem ser
encontradas por todo o mundo. Esse capacete embaralha as ondas psicossomáticas
produzidas por alguns tipos de mutantes basicamente anulando seus poderes psíquicos.
Telepatas e Telecinetas foram os principais alvos dessa tecnologia, mas a maioria dos poderes
mentais mutantes também é bloqueada por esse adereço.

O que grande parte dos poderes de ação física tem em comum são as ondas emanadas por
seus usuários. Munidas desse conhecimento, um grupo de empresas de segurança
desenvolveu um aparelho que emite uma onda de mesma intensidade, mas de força inversa
que geralmente elimina essas manifestações. Tratam-se dos Campos de Anulação formados
por uma superfície que monitora tudo o que acontece sobre ela e emite contra-ondas. São
aparelhos caros devido a seus vários sistemas redundantes e blindagem especial, mas são
muito eficazes. Cada cela do Centro Correcional da Ilha de Corvo possui uma máquina dessas.
Há indícios de que uma versão móvel desta tecnologia já se encontra em fase de testes.

Existem também várias novas armas atordoantes que tiveram como fonte de inspiração alguns
poderes mutantes.

A medicina evoluiu bastante também graças ao estudo de algumas mutações específicas. Hoje
os médicos podem regenerar a maior parte das lesões no sistema nervoso e até membros
inteiros. A expectativa de vida aumentou drasticamente e alguns países enfrentam sérios
problemas de superpopulação.

Enfim, quase todos os setores foram beneficiados de alguma forma com o estudo das
mutações. Mas essas evoluções trouxeram reveses. Hoje um único mutante pode substituir
vários trabalhadores humanos no setor de construção civil, por exemplo. Várias empresas que
prestavam serviços especializados foram à falência por terem sido substituídas por mutantes
que cobravam muito menos.

Como conseqüência de tudo isso, a falta de emprego e a superpopulação terminaram por


aumentar ainda mais a criminalidade em todos os cantos do mundo.

Prólogo

O ano é 2021. O magnata do petróleo, Carlton White, faleceu há um ano, deixando para seu
filho, Alan, uma herança bilionária.

Desde cedo Alan White foi treinado para substituir seu pai no
comando de sua corporação e ele demonstrou muito talento nos
primeiros dois anos como Diretor de Tecnologia Aplicada. Ele foi
responsável por vários projetos
tecnológicos de sucesso em sua empresa e,
junto com seu pai, detinha oitenta e duas
patentes quanto este último morreu sete
anos depois.

Alan sempre atribuiu seu sucesso nesse


setor a sua equipe, em especial ao trabalho
de dois de seus funcionários. Um deles era
o jovem Marcus Epps, um mutante
extremamente inteligente de somente dezesseis anos que
conseguia se comunicar e controlar todo tipo de maquinário
e transferiu sua mente para uma máquina. A outra era a
também mutante Aline Jordan, que podia criar e moldar
metal somente com a força de seu pensamento. Unidos, os
três podiam criar qualquer protótipo em poucas horas e
vários deles ajudam nos negócios das Corporações White
até hoje.

Por seu tamanho e representatividade no mercado mundial,


as Corporações White sempre foram alvo de ataques de
todos os tipos, de mercado ou não. Mas em 2020 houve um fortíssimo ataque contra esse
grupo empresarial. Vários mutantes perigosos
invadiram o edifício sede do conglomerado com o
intuito de forçar a paralisação das extrações de
petróleo. Eles faziam parte de um grupo de
ambientalistas mutantes que eram conhecidos por
tomar medidas extremas para conseguir o que
queriam. Eles mantiveram todo o corpo diretor sob
cativeiro por quase um dia inteiro, cercados pelas
forças especiais de Seattle. Eles mataram o
presidente das empresas e exigiram passe livre para
deixarem o país pelo mar. E teriam conseguido não
fossem as ações do mutante Águia Negra que invadiu
o recinto e, sozinho, derrotou todos os ambientalistas
enlouquecidos. Depois de se certificar que os reféns
estavam salvos, Águia Negra alçou vôo para longe.

Segundo especialistas em crises como estas tudo teria sido pior se o mutante não tivesse
agido. Além de terem fugido, os criminosos com certeza teriam eliminado boa parte dos
reféns. Mas ao invés de receber as glórias pelo salvamento, Águia Negra passou a ser
considerado criminoso pelas autoridades locais. Ele começou a ser caçado implacavelmente e
logo foi encontrado, mas não pela polícia.

Alan White assumiu poucos dias depois de enterrar seu pai. E a partir daí ele passou a ser
pressionado para limpar a corporação de mutantes. Demitindo até os prodigiosos funcionários
que há pouco haviam sido premiados por seus esforços em prol da empresa em que
trabalhavam. Arrasado pela perda do pai e por ter de abrir mão não só de excelentes
funcionários, mas de verdadeiros amigos, Alan não teve escolha além de aceitar as
designações dos diretores.

No entanto, Alan tomou uma decisão séria. Ele não iria ficar mais de braços cruzados. Seattle
era uma das poucas grandes cidades americanas que não possuía uma força tarefa contra
criminosos mutantes. Entusiasmado pelo heroísmo de Águia Negra, Alan se uniu a seus ex-
funcionários mutantes para lutar contra o crime em sua cidade natal.
Alan era uma pessoa racional. Sabia que, por não ser mutante nem ter treinamento especial,
não duraria muito na vida dupla que escolheu. Ele então abrigou sua “força tarefa” em uma
propriedade na periferia de Seattle e se prontificou a dar apoio financeiro. Eles criaram uma
base de operações com tecnologia de ponta, boa parte criada por eles mesmos, e se
prepararam para entrar em ação. Só que eles sabiam que precisariam de ajuda. E Alan sabia
quem procurar.

Não foi muito difícil encontrá-lo. Águia Negra, ou Walter Cook, era um ex-fuzileiro naval que
desenvolveu mutações em forma de asas negras, garras e visão telescópica. Ele vivia ao sul do
centro da cidade num minúsculo apartamento alugado. O encontro dos dois não foi nada
amistoso, mas em pouco tempo Alan conseguiu fazê-lo ouvir. O papel de Águia Negra seria o
de escolher e treinar uma equipe de mutantes para combater o crime. Uma iniciativa louvável,
mas fora da lei. E Cook gostou da idéia.
Parte 2 – A CAMPANHA

Decidi tentar esta temática movido pela curiosidade. Não sei se conseguirei atender às
expectativas, mas prometo que vou tentar bastante. Como alguns já sabem, eu tenho pouca
leitura em relação ao mundo dos quadrinhos e isso pode ser uma desvantagem ou não. Boa
parte do que tenho em mente para essa campanha é baseada no meu conhecimento limitado
ou na minha imaginação, que tem andando bastante criativa ultimamente. E justamente por
ter conhecimento limitado, gostaria que aqueles que decidirem jogar esta campanha venham
com a mente aberta.

Para esta empreitada eu quero cinco jogadores. Um grupo maior pode prejudicar as sessões
de jogo tendo em vista que, apesar de parecidas, a 3ª e a 4ª edições são diferentes e
precisamos nos acostumar a esta última.

Seattle

Inicialmente a campanha se centrará na cidade de Seattle. Das grandes cidades americanas,


essa é uma das últimas sem uma equipe especializada em combater crimes mutantes. Isso fez
com que a cidade deixasse de crescer como antes e a criminalidade hoje é uma das maiores. A
IBK está negociando com o governo americano, mas até o momento essa iniciativa não
conseguiu se instalar nessa cidade.

Personagens

Os personagens devem ser criados com 600 pontos e até -100 de desvantagens. Eles podem
ser mutantes puros ou mestiços e isso não fará diferença nessa pontuação. Gostaria que eles
fossem jovens (18 a 22 anos) com pouca ou nenhuma experiência no combate ao crime. Mas é
necessário que eles estejam em pouca evidência para que Águia Negra possa recrutá-lo.

Eles podem vir de qualquer lugar do mundo, mas quanto mais longe de Seattle, maior deve ser
a evidência para ser achado. E isso pode significar gastar alguns pontos.

Águia Negra vai procurar por um tanque, um disparador, um líder/suporte e um infiltrador.


Mas estes arquétipos não são limitadores. Se o tanque também for um líder, melhor, mas será
necessário encontrar mais um já que são cinco vagas.

É necessário que cada personagem tenha a sua motivação para desejar fazer parte da equipe.
Como será oferecido um salário de três mil dólares, essa motivação pode ser financeira. O
caráter também será avaliado, portanto, nada de cara mau. Seu personagem pode ser pilantra
ou ter um péssimo humor, mas tem de haver algo bom dentro dele. Peço que pensem
cuidadosamente na motivação dos personagens.

Recursos

Esta campanha usará a quarta edição do GURPS e todos os seus livros oficiais estão à
disposição para a construção dos personagens desde que haja bom senso e se adéqüe ao
exposto na primeira parte deste material.

Outro recurso interessante que pode ser usado por vocês é o site www.heromachine.com.
Nele é possível criar todo tipo de herói. Podem usar qualquer versão, mas a versão 3 Alpha é
bem interessante. Eu pretendo usá-lo bastante, mas vocês podem ignorá-lo se não se
interessarem por este recurso.

Palavras Finais

Como mencionei, essa é uma experiência que espero ter bons resultados. Já tenho algumas
sessões prontas, mas que dependem da formação do grupo para serem fechadas. O grupo terá
um nome, mas prefiro dar a oportunidade de vocês participarem na escolha dele.
Peço a todos os que tiverem interesse em participar dessa campanha que me ajudem como
puderem. Feedbacks são importantes para eu saber se estou no rumo certo ou não. E se vocês
tiverem alguma idéia de vilão a sugerir, jogue ela no Hero Machine e me mande. Caso surja
alguma idéia de aventura, mande também. Quem sabe você não ganha uma recompensa?

Para terminar, quero agradecer a todos pelo apoio.

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