Você está na página 1de 1

Língua Portuguesa – Redação

Nome do aluno: Breno Freitas Rodrigues


Série: 2º ano do Ensino Médio
Professor: José Barbieri

Tema da redação: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.

Tem-se definido como persistência todo o ato de constância, insistência, prosseguimento e manutenção, estando em
conjunção ou não com avanços em distintos eixos. No Brasil, como sucede semelhantemente em várias outras nações, a
violência endereçada às mulheres esteve, desde o princípio, intrinsecamente inserida em um âmbito cultural respaldado
por uma sociedade regida pela desigualdade entre os gêneros e pela predeterminação de papéis sociais. Essas raízes
foram mantidas durante todo o processo histórico da Nação e, em quesito geral, mesmo com todas as garantias,
seguranças e direitos providos pela Constituição Federal, esse tipo de violação ainda é intenso hodiernamente.

A República Federativa do Brasil destaca-se negativamente em cenário global no que tange aos dados relativos à
violência contra a mulher tendo, segundo levantamentos performados pela Organização das Nações Unidas, a 5ª maior
taxa de mortalidade de mulheres mediante a atos de violência (taxa de 4,8 a cada 100.000 habitantes). Ainda segundo a
ONU, preocupantemente, durante o confinamento e as medidas restritivas impostas pelos governos devido à pandemia
global de Covid-19 o fenômeno da violência contra a mulher foi intensificado em todo o planeta, com taxas de aumento
de surpreendentes 30% em países como a República Francesa e o Chipre. Nacionalmente, desde o início da pandemia até
o mês de outubro de 2020 497 mulheres perderam suas vidas; sendo uma ocorrência de feminicídio a cada 9 horas.

Faz-se necessário explicitar, outrossim, que a violência relatada não se limita exclusivamente à física; havendo diferentes
tipificações. Inserem-se nos relatos situações de violência física, sexual, patrimonial, psicológica, condições de cárcere
privado, dentre outros abusos. Somente no ano de 2015 foram realizados 237 mil relatos de violência ao Ligue 180. Há de
pontuar-se, idem, a monstruosa subnotificação de relatos que ocorre no Brasil resultando, assim, em números e
percentagens fantasiosos e imprecisos – dessa forma dificultando a catalogação, divulgação dos dados legítimos e, por
conseguinte, a verdadeira magnitude do problema e os impactos sociais gerados por tal.

Em suma, uma sociedade contemporânea eticamente avançada não pode comportar essa espécie de problemática. A fim
de atenuar-se a desesperadora situação no Brasil, medidas devem ser tomadas em todas as esferas governamentais e,
também, no eixo social. Principiando, o fator das subnotificações deve ser exposto, inserido em análise, estudado e
mitigado. A ciência quanto aos números autênticos é imprescindível para o desenvolvimento de um plano eficaz de ações.
Ademais, a criação e manutenção de canais governamentais de denúncia permeados por sigilo e discrição têm de ocorrer.
O apoio do Estado em todas as fases do processo deve ser integral e estendido a todas as mulheres, fazendo valer a
aplicação e o rigor da lei. Bem como as medidas de suporte prestadas após as ocorrências, a formulação e distribuição de
materiais instrutivos e conscientizadores destinados à população (em especial a masculina) devem ser realizadas. Esses
materiais poderiam abordar questões éticas, filosóficas e morais, trabalhando sempre virtudes e moldando cidadãos
plenos, moderados, conscientes e que buscam sempre vias pacíficas para solucionarem disrupções. A persistência da
violência contra a mulher é um câncer que fragiliza o sistema democrático e não detém lugar no século XXI.

Você também pode gostar