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Tradição + Inovação

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Noções de Direito Constitucional


Obra organizada pelo Instituto IOB – São Paulo: Editora IOB, 2014. ISBN 978-85-63625-78-6

Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos.


Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a
prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na
Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1. Princípios Fundamentais, 7
1. Fundamentos, Objetivos e Princípios – Arts. 1º ao 4º, 7

Capítulo 2. Direitos e Garantias Fundamentais, 9


1. Espécies de Direitos Fundamentais. Dimensões
dos Direitos Fundamentais. Eficácia dos Direitos
Fundamentais, 9
2. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, III, VI, IX, X,
XIV, 10
3. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, XVI a XXI, 11
4. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, XXII e XXIII, 12
5. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, LXVIII, LXIX e
LXXI, 13
6. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5º,
LXVI a LXXIII, 14
7. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5º,
LXXIV a § 4º, 15
8. Arts. 6º e 7º – Destinatários, 16
9. Art. 7º, a Partir dos Incisos I a IV, 16
10. Direitos Sociais, Art. 7º, a Partir dos Incisos IV a XI, 17
11. Direitos Sociais, Art. 7º, a Partir dos Incisos XII a XXV, 18
12. Direitos Sociais, Art. 7º, a Partir dos Incisos XXV a
XXXIV, 19
13. Nacionalidade, 20
14. Cidadania, 21
15. Direitos Políticos – Art. 14, 22
16. Direitos Políticos – Arts. 15 e 16, 23
17. Partidos Políticos – Art. 17, 24
Capítulo 3. Da Organização Político-administrativa do Estado, 26
1. Competências da União – Aspectos Introdutórios, 26
2. Competência dos Estados-membros, 27
3. Competência Legislativa – Competência Privada –
Requisitos para Delegação Legislativa, 28
4. Competência Privativa, 29
5. Competência Privada da União – Art. 22 da CF, 30
6. Competência Comum e Competência Concorrente, 31
7. Competência dos Estados-membros e do Distrito
Federal, 32
8. Distrito Federal e Municípios, 33
9. Intervenção Federal e Estadual – Arts. 34 a 36 da CF, 34
10. Servidores Públicos – Art. 41, 35

Capítulo 4. Poder Legislativo, 37


1. Congresso Nacional (Arts. 44 a 47), 37
2. Atribuições do Congresso Nacional (Arts. 48 e 49, I a
IV), 38
3. Perda do Mandato de Congressista, 39
4. Câmara dos Deputados e os Deputados, 40
5. Competência da Câmara dos Deputados, 41
6. Senado Federal e os Senadores, 42
7. Competências do Senado Federal, 43
8. Imunidade dos Congressistas – Art. 53, 45
9. Reuniões – Art. 57, 46
10. Comissões – Art. 58, 47
11. Processo Legislativo – Art. 59, 48
12. Processo Legislativo – Art. 60, 49
13. Processo Legislativo – Art. 62, 50
14. Processo Legislativo – Arts. 65, 66 e 67, 51
15. Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária – Art.
70, 52
16. Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária – Art.
74, 53
17. Tribunal de Contas – Art. 73, 54
18. Tribunal de Contas – Art. 71, 55

Capítulo 5. Poder Executivo, 56


1. Presidente e Vice-Presidente da República (Arts. 76 a
83), 56
2. Atribuições do Presidente da República, 57
3. Responsabilidade do Presidente da República, 57
4. Dos Ministros de Estados, 58
5. Conselho da República e Conselho de Defesa
Nacional, 59

Capítulo 6. Poder Judiciário, 60


1. Disposições Gerais, 60
2. Órgãos do Poder Judiciário, 60
3. Composição e Competência, 61
4. Juízes e Garantias dos Magistrados, 62
5. STF (Supremo Tribunal Federal) – Competências, 63
6. CNJ (Conselho Nacional de Justiça), 64
7. STJ (Superior Tribunal de Justiça) – Competências, 65
8. Justiça Federal, 66
9. TRF (Tribunais Regionais Federais) – Competências, 67
10. TRF (Tribunais Regionais Federais) e Juízes Federais, 68
11. TRT (Tribunais Regionais do Trabalho) – Composição e
Competências, 69
12. TRT – Tribunais e Juízes do Trabalho, 70
13. TRT – Varas do Trabalho, 71
14. TRT – Secretarias das Varas do Trabalho e dos
Distribuidores, 72
15. TRE (Tribunais Regionais Eleitorais) – Competências, 73
16. TRE – Tribunais e Juízes Eleitorais, 74
17. TJM (Tribunais de Justiça Militar) – Competências, 75
18. TJM – Tribunais e Juízes Militares, 76
19. TJ (Tribunais de Justiça) – Competências, 77
20. TJ – Tribunais e Juízes dos Estados, 78
21. JEC (Juizado Especial Cível), 79
22. JECrim (Juizado Especial Criminal), 80

Capítulo 7. Funções Essenciais à Justiça, 81


1. MP (Ministério Público), 81
2. Funções Institucionais do Ministério Público, 82
3. CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), 83
4. AGU – Justiça Pública, 84
5. Advocacia Pública, 85
6. Advocacia e Defensoria Pública, 86
7. Defensoria Pública, 87

Capítulo 8. Defesa do Estado, 89


1. Estado de Sítio e Estado de Defesa, 89
2. Forças Armadas, 90
3. Segurança Pública, 91
4. Inquérito Policial, 92
5. Competências da Polícia Federal, 93
6. Competências da Polícia Federal – Continuação, 94

Gabarito, 97
Capítulo 1
Princípios Fundamentais

1. Fundamentos, Objetivos e Princípios – Arts. 1º


ao 4º
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa hu-
mana, os valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa e o pluralismo político.
Os princípios fundamentais trazem as premissas embasadoras de todo o orde-
namento jurídico brasileiro.
O Brasil é caso de federalismo por segregação ou desagregação, ou seja, no
começo, havia um Estado unitário e, posteriormente, dividiu-se em entes fede-
rativos.
Ademais, da leitura do parágrafo único, é possível retirar três informações:
adota-se o regime democrático; democracia representativa; e democracia direta.
São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: cons-
truir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regio-
nais; e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios: independência nacional, prevalência dos direitos humanos,
autodeterminação dos povos, não intervenção, igualdade entre os Estados, de-
fesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo,
cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e concessão de asilo
político.
8 Noções de Direito Constitucional

Exercício
1. (DPE/SC – Analista Técnico – 2013 – Fepese) Assinale a alternativa correta
em matéria de Direito Constitucional:
É fundamento da República Federativa do Brasil:
a) A defesa da paz.
b) Erradicar a pobreza.
c) A dignidade da pessoa humana.
d) A prevalência dos direitos humanos.
e) Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Capítulo 2
Direitos e Garantias
Fundamentais

1. Espécies de Direitos Fundamentais.


Dimensões dos Direitos Fundamentais.
Eficácia dos Direitos Fundamentais

A classificação com base em Jellinek traz os direitos de defesa, os direitos presta-


cionais e os direitos de participação.
Os direitos de defesa exigem um não fazer do Estado, uma conduta de abs-
tenção do Estado. Já os direitos prestacionais exigem um fazer do Estado, uma
conduta positiva. Por fim, os direitos de participação dizem respeito à participa-
ção na vida política do Estado.
Esta classificação é um tanto superada, pois existe a chamada eficácia objetiva
dos direitos fundamentais, que defende que todos os direitos fundamentais têm
uma carga preeminente positiva.
Outro ponto a ser observado são as chamadas dimensões de direitos funda-
mentais, quais sejam: 1ª dimensão – liberdade; 2ª dimensão – igualdade; 3ª di-
mensão – fraternidade/solidariedade; 4ª dimensão – democracia, informação e
pluralismo; e 5ª dimensão – paz.
Ainda, quanto à eficácia dos direitos fundamentais, sabe-se que há duas clas-
sificações tradicionais. A primeira é a eficácia vertical, em que o Estado concede
direitos fundamentais ao indivíduo, que utiliza estes direitos para se defender do
Estado. Desde a década de 1950, se fala também em eficácia horizontal, ou seja,
a incidência dos direitos fundamentais às relações entre particulares.
Mais recentemente, se começou a falar em eficácia diagonal dos direitos fun-
damentais, em que há relação entre particulares, porém, há uma diferença entre
eles, por questão de hierarquia, poder econômico, dentre outros.
10 Noções de Direito Constitucional

Exercício
2. (MP/RO – Analista – 2012) A respeito dos direitos e garantias fundamentais
previstos na Constituição Federal, assinale a alternativa correta:
a) Devem ser interpretados restritivamente.
b) Possuem aplicação mediata, isto é, dependem de regulamentação legal.
c) Somente podem ser revogados por Lei Complementar.
d) Somente podem ser revogados por Emenda Constitucional.
e) Não excluem direitos decorrentes dos tratados internacionais em que o
Brasil seja parte.

2. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, III,


VI, IX, X, XIV

O art. 5º da Constituição Federal dispõe:


“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilida-
de do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:”
A primeira informação é a questão da dupla acepção do direito à vida (art. 5º,
XLVII, “a”, da CF e art. 5º, III, da CF, por exemplo). Fala-se no direito de viver, mas
não basta viver, é preciso que o sujeito viva com dignidade.
A segunda questão diz respeito à diferença entre consciência, crença e culto.
O direito à consciência é irregulável, é aquilo que o sujeito pensa. Assim, o que se
tenta regular é a exteriorização, a manifestação desta livre consciência. A liberdade
de crença é uma das formas de exteriorização da sua liberdade de consciência. A
liberdade de culto, por sua vez, é a exteriorização da crença.
Por fim, é preciso observar a liberdade de informação e o direito ao esqueci-
mento. A tese do direito ao esquecimento foi aplicada pelo STJ e nada mais é do
que o direito de ser deixado em paz.

Exercício
3. (PC/ES – Inspetor de Polícia Civil – 2012 – Cespe) Julgue o seguinte item:
Considere que uma manifestação pública realizada por determinado grupo
religioso tenha atraído uma multidão hostil e que, quando a polícia foi cha-
mada a intervir, o líder do grupo tenha chamado os policiais de fascistas,
Noções de Direito Constitucional 11

criando uma situação de perigo de pronta e violenta retaliação por parte dos
policiais. Nessa situação, o líder do movimento está amparado pela garantia
constitucional que assegura a liberdade de expressão.

3. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, XVI a


XXI

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter parami-
litar. A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.
As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e funda-
mentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a pre-
sença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Exercício
4. (MPE/ES Promotor de Justiça Substituto – 2013) Com relação à liberdade de
associação, assinale a alternativa que está expressamente de acordo com o
texto constitucional:
a) As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
o trânsito em julgado.
b) É plena a liberdade de associação, para fins lícitos, incluindo a de cará-
ter paramilitar.
c) A criação de associações e a de cooperativas dependem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
d) Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associa-
do, a não ser por meio de convenção coletiva.
12 Noções de Direito Constitucional

e) As entidades associativas, ainda que não expressamente autorizadas,


têm legitimidade para exigir contribuição de trabalhadores não filiados,
mas que sejam da categoria por elas representada.

4. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º, XXII


e XXIII
O direito à duração razoável do processo: a todos, no âmbito judicial e adminis-
trativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
a celeridade de sua tramitação.
A Corte Europeia dos Direitos do Homem trouxe quatro critérios para aferir o
que seria duração razoável. É preciso primeiramente que se verifique a complexi-
dade da causa. A segunda questão é a atitude das partes. Na sequência, tem-se a
atitude das partes envolvidas na relação processual, porém, aqui as autoridades.
Por fim, verifica-se o caráter instrumental.
Outro ponto a ser estudado é o direito de propriedade e sua função social,
com previsão no art. 5º, XX e XXIII, da Constituição Federal, bem como no art.
182, § 2º e art. 186, ambos da Constituição.
É necessário ressaltar que há critérios objetivos para que se afira a função social
da propriedade, os quais podem ser verificados nos dispositivos acima relacionados.
A inviolabilidade do domicílio: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de fla-
grante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por deter-
minação judicial.

Exercício
5. (OAB – VI Exame Unificado) A Constituição assegura, entre os direitos e
garantias individuais, a inviolabilidade do domicílio, afirmando que “a casa é
asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consen-
timento do morador” (art. 5º, XI, da CRFB).
A esse respeito, assinale a alternativa correta:
a) O conceito de “casa” é abrangente e inclui quarto de hotel.
b) O conceito de casa é abrangente, mas não inclui escritório de advocacia.
c) A prisão em flagrante durante o dia é um limite a essa garantia, mas
apenas quando houver mandado judicial.
d) A prisão em quarto de hotel obedecendo a mandado judicial pode se
dar no período noturno.
Noções de Direito Constitucional 13

5. Direitos Individuais e Coletivos – Art. 5º,


LXVIII, LXIX e LXXI

As ações constitucionais ou remédios constitucionais são ações com eficácia am-


pla e histórica.
O habeas corpus: será concedido sempre que alguém sofrer ou se achar amea-
çado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalida-
de ou abuso de poder. É um instrumento histórico, mas o STF vem restringindo
tal instrumento apenas para situações em que há estritamente materialização da
supressão da liberdade de locomoção ou risco de supressão.
A Súmula nº 695 do STF dispõe que não cabe habeas corpus quando já extinta
a pena privativa de liberdade. Já a Súmula nº 693, também do STF, estabelece
que não cabe habeas corpus contra decisão condenatória à pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a
única cominada.
Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, desde que seja em favor de
pessoa física.
Mandado de segurança: será concedido para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ile-
galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público. O direito deve ser pré-constituído.
Nota-se também o caráter subsidiário do referido remédio, já que o mandado de
segurança é utilizado quando não for o caso de habeas corpus ou habeas data.
O mandado de injunção será concedido sempre que a falta de norma regu-
lamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Exercício
6. (INSS – Técnico do Seguro Social – 2012 – FCC) A garantia individual ade-
quada para alguém que sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, é:
a) O mandado de segurança.
b) O habeas data.
c) A ação civil pública.
d) O habeas corpus.
e) O mandado de injunção.
14 Noções de Direito Constitucional

6. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos –


Art. 5º, LXVI a LXXIII

Caberá habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à


pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; para a retificação de dados, quando não
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; e para a anota-
ção nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado
verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
A ação popular tem como objeto anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio am-
biente e ao patrimônio histórico e cultural. Tem legitimidade para propor a ação
popular qualquer cidadão.

Exercício
7. (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – 2012) Um órgão da Administração Di-
reta de determinado município efetua contratação de serviços que poderiam
ser prestados por servidores públicos, sem realizar licitação e sem que o ato
que determinou a contratação tivesse sido precedido de justificativa. Nessa
hipótese:
a) O Ministério Público, por meio de mandado de segurança coletivo, re-
querer que fosse declarada a ilegalidade da contratação, por ofensa
aos princípios constitucionais de realização de licitação e motivação dos
atos administrativos.
b) Uma associação de servidores público municipais, por meio de habeas
data, requerer a anulação da contratação e a determinação de que seja
realizado concurso público para contratação de novos servidores, com
vistas ao desempenho das atividades.
c) Um servidor público integrante do órgão municipal, por meio de man-
dado de segurança, requerer a anulação do ato praticado pelo dirigente
do órgão, por abuso de poder.
d) Um cidadão qualquer, por meio de ação popular, requerer a anulação
do contrato, por ser lesivo ao patrimônio público e à moralidade admi-
nistrativa, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.
Noções de Direito Constitucional 15

e) O Procurador-Geral de Justiça, por meio de mandado de injunção, re-


querer que fosse declarada a omissão do Poder Público municipal, no
cumprimento de sua obrigação de prestar serviços.

7. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos –


Art. 5º, LXXIV a § 4º
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem apro-
vados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Trata-se do procedimento de aprovação das Emendas Constitucionais: vota-
ção bicameral, dupla e a aprovação deve se dar por 3/5. Se aprovado por este
procedimento, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos terão força de
emenda constitucional.
Segundo o STF, no RE nº 466.343, um tratado internacional, no ordenamento
interno, pode ter uma tripla hierarquia:
1) tratado internacional de Direitos Humanos aprovado pelo mesmo procedi-
mento de EC, valerá como EC (atualmente, a Convenção de Nova Iorque sobre as
Pessoas Portadoras de Deficiência tem essa eficácia);
2) tratado internacional de Direitos Humanos não aprovado pelo procedimen-
to de EC tem status de norma supralegal, ou seja, está acima da legislação ordi-
nária e abaixo da Constituição;
3) tratado internacional que não versa sobre direitos humanos tem status de
lei ordinária.
O caso paradigmático que gerou esse entendimento foi a questão da prisão
civil do depositário infiel: o Pacto de San José da Costa Rica, que veda a prisão civil
exceto por dívida de alimentos, por ter status supralegal, é hierarquicamente su-
perior ao Decreto-Lei nº 911/1969, que regulamenta a prisão civil do depositário
infiel. Este entendimento foi consagrado na Súmula Vinculante nº 25.

Exercício
8. (Cespe – CNJ – Analista Judiciário – 2013) Em relação à CF e aos direitos e
garantias fundamentais dos cidadãos brasileiros, julgue o item seguinte:
Serão considerados equivalentes às emendas constitucionais os tratados in-
ternacionais sobre direitos humanos referendados em ambas as Casas do
Congresso Nacional em dois turnos de votação e por um terço dos respecti-
vos membros.
16 Noções de Direito Constitucional

8. Arts. 6º e 7º – Destinatários

Esta dimensão é marcada pela busca da igualdade material e não a formal, já


consagrada na primeira dimensão, pela qual todos são iguais perante a lei sem
levar em consideração as condições fáticas, materiais, enfim, a real desigualdade
existente entre as pessoas. Caracteriza-se pelo dever de atuação do Estado para
minorar a desigualdade material, devendo este assegurar o mínimo existencial
para promoção da Dignidade Humana.
Conteúdo destes direitos: econômico, social e cultural. É direito a ter presta-
ções jurídicas ou materiais, impondo um fazer para o Estado.
DIRETOS SOCIAIS GENÉRICOS – ART. 6º
DIREITO DOS TRABALHADORES URBANOS E RURAIS – ART. 7º – como todo
Direito Fundamental, estes são voltados para proteção e promoção da dignidade
humana do trabalhador. São voltados para proteger a integridade física, psicoló-
gica e moral do trabalhador.
INTERPRETAÇÃO: segundo Eros Grau, não se deve interpretar o “Direito em
tiras”; logo, é importante ter em mente a necessidade de interpretar estes direitos
à luz dos princípios constitucionais, fundamentais e específicos: como a dignida-
de humana (art. 1º, III); valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa (art. 1º, IV);
valorização do trabalho humano e justiça social (art. 170); busca do pleno em-
prego (art. 170, VIII); e primado do trabalho com base na ordem social (art. 193).
DESTINATÁRIOS: trabalhadores urbanos e rurais são equiparados.
Doméstico: previsão dos seus direitos está no parágrafo único. Este dispositi-
vo foi alterado pela Emenda Constitucional nº 72/2013 – “EC dos empregados
domésticos” – que alargou o rol de direitos destes profissionais, promovendo,
enfim, um resgate histórico desta categoria de trabalhadores ao lhes consagrar
a maioria dos direitos, reduzindo a desigualdade. O referido parágrafo consagra
direitos que estão em normas de aplicação imediata e outros em normas de apli-
cação não imediata.

9. Art. 7º, a Partir dos Incisos I a IV

A análise dos incisos contará com a indicação de sua previsão para o domésti-
co, da seguinte forma: Aplicação IMEDIATA; Aplicação NÃO IMEDIATA ou NÃO
POSSUI.
A Constituição não veda a despedida imotivada, sem justa causa, é o mais co-
mum. Perceba que a espécie normativa que faz tal proteção é lei complementar.
Noções de Direito Constitucional 17

Entretanto, para não ficar à mercê do legislador, o Constituinte Originário estabe-


leceu no art. 10, I e II, normas a serem aplicadas até a edição da lei complementar
referida.
STF: não pode a lei fazer previsão de rompimento automático do vínculo em-
pregatício. Na ADIn nº 1.721, declarou a inconstitucionalidade do § 2º do art.
453 da CLT.
Trata-se do mínimo que se pode receber, entretanto, é importante lembrar-se
do Enunciado nº 6 da Súmula Vinculante do STF:
“SÚMULA VINCULANTE Nº 6:
NÃO VIOLA A CONSTITUIÇÃO O ESTABELECIMENTO DE REMUNERAÇÃO
INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO PARA AS PRAÇAS PRESTADORAS DE SERVIÇO
MILITAR INICIAL.”
O salário mínimo deve ser fixado em Lei: espécie normativa que fixa o valor
é lei, consequentemente, não pode ser por Decreto Presidencial. Obs.: Lei nº
12.382, de 2011, foi declarada Constitucional pelo STF na ADI nº 4.568, mesmo
tendo ela delegado ao Presidente da República a fixação do valor do salário míni-
mo, isto porque esta lei estabelece a forma de calcular, mas sem fixar o valor (usa
elementos variáveis, como crescimento do PIB, etc.); caberá ao Decreto Presiden-
cial, aplicando a fórmula prevista, apurar e indicar o valor do salário mínimo para
aquele ano. Com isso, o STF entendeu que o Decreto não inova o Ordenamento
Jurídico, apenas implementando a previsão legal.

10. Direitos Sociais, Art. 7º, a Partir dos Incisos IV


a XI

O salário mínimo é para atender as necessidades do trabalhador e da família;


perceba: não são apenas as necessidades do trabalhador.
É vedada sua vinculação para qualquer fim: pretende evitar o efeito cascata na
economia, cujo aumento do salário mínimo levaria ao aumento de itens da eco-
nomia e do mercado; como consequência, o salário mínimo não seria realmente
valorizado.
Sobre salário mínimo, veja ainda os Enunciados nos 4, 15 e 16 da súmula vin-
culante do STF.
A regra é a irredutibilidade, mas, por exceção, pode haver a redução desde
que feita por convenção ou acordo coletivo.
A base para calcular o décimo terceiro salário é a remuneração integral ou o
valor da aposentadoria.
18 Noções de Direito Constitucional

Embora a Constituição estabeleça o direito ao adicional noturno, ela não fixa


qualquer percentual ou valor para o mesmo, cabendo à lei trabalhista determinar.
Tendo o salário função alimentar, sua retenção traz evidentes prejuízos ao
trabalhador, muitas vezes, inviabilizando o mínimo existencial. Embora as con-
sequências sejam as mesmas, a retenção dolosa não se confunde com o mero
inadimplemento, como em virtude de falta de recursos do empregador. Assim,
o crime de retenção de salário deve ser definido em lei e apenas na modalidade
dolosa.
Direito de participação dos trabalhadores em duas situações: remuneração e
gestão da empresa.
Sobre remuneração regulamentada pela Lei nº 10.101, de 2000 – o valor
recebido é extra, isto é, está além da remuneração mensal, sem natureza salarial
– servir de estímulo à atividade laborativa.
Participação na gestão da empresa: ainda não regulamentado – estimular a
participação dos trabalhadores nas decisões da empresa.

11. Direitos Sociais, Art. 7º, a Partir dos Incisos XII


a XXV

Perceba que são dois lapsos temporais:


a) jornada diária: 8 horas; e
b) jornada semanal: 44 horas.
Aquilo que exceder estas jornadas será hora extraordinária. As jornadas es-
tabelecidas são as jornadas máximas, podendo ser reduzidas mediante acordo e
convenção coletiva.
Admite-se a compensação de horários, como trabalhar dez horas em um dia,
mas apenas seis em outro. Entretanto, observe, isto só é possível mediante previ-
são em acordo ou convenção coletiva.
O repouso é preferencialmente e não necessariamente aos domingos, afinal,
se assim o fosse não haveria estabelecimentos abertos em tais dias, como restau-
rantes, lanchonetes e shoppings.
Sobre o tema é importante o Enunciado nº 461 da Súmula do STF:
“É DUPLO, E NÃO TRIPLO, O PAGAMENTO DO SALÁRIO NOS DIAS DESTINA-
DOS A DESCANSO.”
Hora extra é a hora trabalhada além das jornadas estabelecias. O valor destas
horas é de no mínimo 50%; consequentemente, podem as leis estabelecer per-
Noções de Direito Constitucional 19

centual superior para diversas categorias, como o advogado, cujo percentual é de


100% (§ 2º do art. 20 da Lei nº 8.906/1994).
Adicional de férias não é de no mínimo 1/3, trata-se de um piso que pode ser
estipulado em valor maior por meio de lei.
O prazo de 120 dias pode ser ampliado por lei.
Lembre-se do art. 10, II, “b”, do ADCT que traz a estabilidade para gestante.
A Constituição não definiu o prazo, como fez com a gestante, mas, para não
ficar refém do legislador infraconstitucional, no § 1º do art. 10 do ADCT, estabe-
leceu o prazo de 5 dias até que a lei venha a disciplinar o disposto neste inciso.
Aplicação do Princípio da Isonomia, medida afirmativa para as mulheres que
deve ser criada para proteger o seu mercado de trabalho, mas é norma de eficácia
limitada.
O mandamento constitucional é que este aviso seja proporcional ao tempo de
serviço, mas nunca inferior a 30 dias. Entretanto, a proporcionalidade desejada
deve ser definida em lei; no caso, é a Lei nº 12.506.

12. Direitos Sociais, Art. 7º, a Partir dos Incisos


XXV a XXXIV
O seguro está a cargo do empregador; ele deve contratar e arcar com o mesmo.
Entretanto, tal contratação não o exime da responsabilidade de indenizar quando
o acidente ocorrer em virtude de seu dolo ou culpa. Enfim, o seguro não afasta
esta necessidade de indenizar diante da responsabilidade subjetiva do empregador.
Sobre o tema, importante lembrar-se da SÚMULA VINCULANTE Nº 22:
“A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AS
AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS DECORRENTES
DE ACIDENTE DE TRABALHO PROPOSTAS POR EMPREGADO CONTRA EMPRE-
GADOR, INCLUSIVE AQUELAS QUE AINDA NÃO POSSUÍAM SENTENÇA DE MÉ-
RITO EM PRIMEIRO GRAU QUANDO DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA CONSTI-
TUCIONAL Nº 45/04.”
Há dois prazos:
a) a prescrição quinquenal pela qual o trabalhador pode reclamar pelo período
dos últimos 5 anos trabalhados a qualquer momento durante a vigência do con-
trato de trabalho; e
b) com o fim do contrato, a reclamação não poderá ser a qualquer momento,
porque o trabalhador terá 2 anos para cobrar os últimos 5 anos, sendo que nes-
te prazo quinquenal será contado do ajuizamento da ação – por exemplo, se o
20 Noções de Direito Constitucional

trabalhador esperar 1 ano após o fim do contrato de trabalho para propor ação,
este 1 ano entrará no cômputo dos 5 anos; logo, só terá ele direito às verbas
trabalhistas relativas a 4 anos de trabalho. Depois desse prazo bienal, haverá a
prescrição de todos os créditos trabalhistas.
Limites de idade para o trabalho:
1 – a partir de 14: é possível na condição de aprendiz;
2 – a partir de 16: é admitido qualquer trabalho, exceto noturno, perigoso ou
insalubre;
3 – a partir de 18: qualquer trabalho.

13. Nacionalidade

Existem dois tipos de nacionalidade:


a) nacionalidade primária ou originária: é atribuída ao indivíduo por ato uni-
lateral do Estado, independentemente da vontade do indivíduo, o Estado dá a
ele a nacionalidade. São brasileiros originariamente natos os nascidos no Brasil,
desde que os pais, se estrangeiros, não estejam a serviço de seu país (critério
ius solis); os nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileira, desde que qual-
quer deles esteja a serviço do Brasil (critério do ius sanguinis); os nascidos no
estrangeiro de pai ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira ou venham a residir no Brasil e optem, a qualquer tempo, pela nacio-
nalidade brasileira;
b) nacionalidade secundária ou adquirida: a relação é bilateral, depende da
vontade do indivíduo e da concessão do Estado. São brasileiros naturalizados os
que adquiram a nacionalidade brasileira; exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral
(naturalização ordinária); e os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes
no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
assim o requeiram (naturalização extraordinária).

Exercício
9. (FGV – OAB – Exame unificado XII – 2013) João, 29 anos de idade, brasileiro
naturalizado desde 1992, decidiu se candidatar, nas eleições de 2012, ao
cargo de Deputado Federal, em determinado ente federativo. Eleito, e após
ter tomado posse, foi escolhido para presidir a Câmara dos Deputados. Com
base na hipótese acima, assinale a afirmativa correta:
Noções de Direito Constitucional 21

a) João não poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal,


uma vez que este cargo é privativo de brasileiro nato.
b) João não poderia ser Deputado Federal, mas poderia ingressar na car-
reira diplomática em que não é exigido o requisito de ser brasileiro nato.
c) João poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal, bem
como ser eleito, entretanto, não poderia ter sido escolhido Presidente
da Câmara dos Deputados, eis que esse cargo deve ser exercido por
brasileiro nato.
d) João não poderia ter se candidatado ao cargo de Deputado Federal,
mas poderia ter se candidatado ao cargo de Senador da República,
mesmo sendo brasileiro naturalizado.

14. Cidadania
É considerado cidadão o nacional que esteja no gozo dos direitos políticos e par-
ticipe da vida política do Estado. O conceito de cidadania relaciona-se ao conceito
de nacionalidade, mas trata-se de conceito bem mais restrito: todo cidadão é
nacional, mas nem todo nacional é cidadão.
Uma das formas de exercer a cidadania é descrita no art. 14 da CF: o sufrágio
universal. O sufrágio é exercido de três formas:
– plebiscito: é consulta prévia à população a respeito de um ato administra-
tivo ou legislativo que será praticado se a população concordar;
– referendo: é uma consulta posterior à população, ou seja, o ato é pratica-
do, mas, para que seja colocado em prática, é preciso que a população dê
o seu aval.
A Lei nº 9.709/1998 traz estes esclarecimentos sobre a diferença de referendo
e plebiscito.
– Iniciativa popular: é a forma pela qual a população pode apresentar projeto
de lei perante a Câmara dos Deputados. Deve estar subscrito por no míni-
mo 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 5 estados, com
não menos de 0,3% do eleitorado daquele estado. Deve sempre tratar de
assunto específico e não pode ser rejeitado por impropriedade de forma.

Exercício
10. (Esaf – DNIT – Técnico Administrativo – 2014) Assinale a opção incorreta:
a) Estão previstas entre as condições de elegibilidade a nacionalidade bra-
sileira, o alistamento eleitoral e pleno exercício dos direitos políticos.
22 Noções de Direito Constitucional

b) Para o exercício do direito de propor ação popular, é necessário o alista-


mento eleitoral.
c) Apesar de terem o direito de votar, os maiores de 16 anos e menores de
18 e os analfabetos não são elegíveis.
d) Em algumas situações, para ratificar ou rejeitar ato legislativo, a popu-
lação é convocada a votar em plebiscito.
e) A incapacidade civil absoluta gera suspensão dos direitos políticos.

15. Direitos Políticos – Art. 14

Os direitos políticos são a manifestação suprema da participação do indivíduo na


vida do Estado e podem ser: positivos (aptidão para participar da vida política do
Estado. Envolvem a capacidade eleitoral ativa e passiva); e negativos (incidência
de alguma hipótese que impede a participação no processo eleitoral).
Capacidade eleitoral ativa: o voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e
menores de 70. É facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e
para os maiores de 16 e menores de 18 anos.
Capacidade eleitoral passiva: são condições de elegibilidade a nacionalidade
brasileira (nato ou naturalizado), pleno exercício dos direitos políticos, alistamento
eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e a idade mínima:
35 anos (presidente, vice-presidente e senador); 30 anos (governador e vice-go-
vernador); 21 anos (deputado federal, estadual, distrital, prefeito, vice-prefeito e
juiz de paz); 18 anos (vereadores).

Exercício
11. (Cespe – TRE/MS – Técnico Judiciário – 2013) Ricardo, pai de Sérgio, irmão
de Tiago e casado com Sara, governador de estado e reeleito para um se-
gundo mandato, visando candidatar-se para o mandato de senador pelo
mesmo estado, renunciou ao mandato de governador sete meses antes das
eleições legislativas, razão por que Alberto, vice-governador, assumiu o car-
go de governador. Considerando a situação hipotética acima, assinale a op-
ção correta com base no que dispõe a CF:
a) Sérgio, por não ser filho biológico de Ricardo, pode candidatar-se para
suceder seu pai no cargo de governador do estado.
b) Se eleito para o mandato de senador, Ricardo não poderá, nas eleições
seguintes, candidatar-se novamente ao cargo de governador de estado,
porque já o exerceu por dois mandatos consecutivos.
Noções de Direito Constitucional 23

c) Ricardo ao renunciar ao mandato de governador para desincompatibi-


lizar-se, afastou a inelegibilidade relativa por motivos funcionais.
d) Alberto não poderá candidatar-se à reeleição para o cargo de governa-
dor de estado.
e) Sara, por ser mulher de Ricardo, é absolutamente inelegível para todo e
qualquer cargo político.

16. Direitos Políticos – Arts. 15 e 16

Conforme o art. 15 da CF, temos que é vedada a cassação de direitos políticos,


mas a perda ou suspensão são possíveis nos seguintes casos:
– cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (hipó-
tese de perda);
– incapacidade civil absoluta (hipótese de suspensão, porque cessada a cau-
sa da incapacidade, o indivíduo retoma seus direitos políticos);
– condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem seus
efeitos (hipótese de suspensão);
– recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII (escuda de consciência);
– improbidade administrativa (hipótese de suspensão).
Sobre o inciso IV, importante saber que o art. 4º, § 2º, da Lei nº 8.238/1991
fala que esta é uma hipótese de suspensão, pois, uma vez cumprida a prestação
alternativa, os direitos são retomados. Contudo, os constitucionalistas defendem
que é caso de perda, porque o cumprimento da prestação alternativa não dá
direito à reaquisição dos direitos políticos.
No art. 16 da CF, temos o princípio da anualidade: a lei que alterar o processo
eleitoral entrará em vigor na data da sua publicação, mas não se aplicará à eleição
que ocorrer até um ano da data de sua vigência.

Exercício
12. (MPT – Procurador – 2013) A Constituição da República veda a cassação
de direitos políticos, porém, permite a sua perda ou suspensão em algumas
hipóteses, dentre elas:
I – cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II – incapacidade civil absoluta;
24 Noções de Direito Constitucional

III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus


efeitos;
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa,
nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição;
V – improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da Constituição.
a) Apenas as assertivas II, III e V.
b) Apenas as assertivas I, III e IV.
c) Apenas as assertivas II e V.
d) Todas as assertivas.
e) Não respondida.

17. Partidos Políticos – Art. 17

Os partidos políticos são de livre criação, fusão, incorporação e extinção. O pluri-


partidarismo é inerente ao Estado Democrático de Direito. A liberdade partidária
deve obedecer à soberania nacional, ao regime democrático, aos direitos funda-
mentais e ainda:
– caráter nacional: partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado
e sempre terão caráter nacional, podendo ter atuação restrita territorial ou
estrategicamente, mas sempre será registrado e tutelado pelo TSE, o que
confirma seu caráter nacional;
– proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiro ou de subordinação a estes, para evitar a influência externa no
Brasil, respeitando-se a soberania nacional;
– prestação de contas à Justiça Eleitoral;
– funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Importante lembrar a EC nº 52/06, que deu nova redação ao § 1º do art. 17,
e acabou com a verticalização. Antigamente, quando uma coligação se formava
era como se os partidos deixassem de existir dando origem a um novo partido
único, que vinculava suas questões no âmbito estadual e federal. Mas, com esta
emenda, esta verticalização deixou de existir: as coligações no âmbito da União
não precisam, necessariamente, existir em âmbito estadual.
Os partidos políticos sempre registrarão seus estatutos no TSE. Terão direito a
recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão.
Noções de Direito Constitucional 25

Exercício
13. (Pontua – TRE/SC – Técnico Judiciário – 2011) Analise os itens abaixo:
I – os partidos políticos poderão receber recursos financeiros de entidades
financeiras estrangeiras, desde que prestem contas regularmente à Justiça
Eleitoral brasileira.
II – a criação ou fusão de partidos políticos depende de prévia autorização do
Congresso Nacional.
III – compete privativamente à Justiça Eleitoral prescrever normas de discipli-
na e fidelidade partidárias.
Está(ão) correto(s):
a) Apenas os itens II e III.
b) Apenas os itens I e III.
c) Apenas o item I.
d) Nenhum dos itens.
Capítulo 3
Da Organização Político-
-administrativa do Estado

1. Competências da União – Aspectos


Introdutórios

No Estado Federal, não há hierarquia entre os entes federados; um não está sub-
metido ao outro; tais entes atuam autonomamente dentro do círculo pré-traçado
pela Constituição.
Neste sentido, veja o conceito de competência de Uadi Lammêgo Bulos:
“são parcelas de poder atribuídas, pela soberania do Estado Federal, aos entes
políticos, permitindo-lhes tomar decisões, no exercício regular de suas atividades,
dentro do círculo pré-traçado pela Constituição da República.”
Tipos de competência:
As competências atribuídas aos entes federados são:
a) legislativa ou normativa: é a possibilidade de o ente estabelecer normas
gerais e abstratas cuja observância obrigatória caberá àqueles que se encontram
em sua base territorial;
b) administrativa, executiva ou material: é competência para gerir, organizar,
executar determinados negócios, serviços e tarefas. A competência tributária é
tanto legislativa – instituir o tributo – como executiva – arrecadação do tributo.
DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA:
CRITÉRIOS UTILIZADOS
Cabe averiguar os critérios usados pelo Poder Constituinte para distribuir as
competências e, na sequência, os tipos de competência resultantes desta distri-
buição. Além do Princípio da Preponderância do Interesse, que é adotado como
diretriz na repartição das competências, a CRFB/1988 optou por 4 critérios para
repartir a competência. São eles:
1 – campos específicos de competência OU enunciação de poderes enumera-
dos e poderes residuais;
Noções de Direito Constitucional 27

2 – possibilidade de delegação;
3 – critério da atuação comum – administrativa (vertical); e
4 – critério da competência concorrente – legislativa (vertical).
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO
Quadro Comparativo:

COMPETÊNCIA:
COMPETÊNCIA
ADMINISTRATIVA;
LEGISLATIVA
MATERIAL TRIBUTÁRIA
ou
ou
NORMATIVA
EXECUTIVA

Expressa – art. 153 re-


Exclusiva – art. 21 repar- Privativa – art. 22 repar- partição horizontal
tição horizontal tição horizontal
Residual – art. 154, I
Comum – art. 23 repar- Concorrente – art. 24
tição vertical repartição vertical Extraordinária – art.
154, II

2. Competência dos Estados-membros

A maioria das competências está designada para União; isto decorre da formação
e características do nosso federalismo, formados por segregação e poder concen-
trado de forma centrípeta.
A Constituição dedica à União a maior parte das competências. No art. 30,
dedica uma menor parcela aos municípios; já aos Estados-membros caberá aquilo
que não estiver designado para aqueles dois entes federados, conforme dita o
§ 1º do art. 25.
É neste sentido que se diz que a competência dos Estados-membros é resi-
dual, remanescente, afinal, o que não for competência federal ou municipal está
reservado ao Estado-membro. Por exemplo, o transporte interestadual é de com-
petência da União (art. 21, XII, “e”); o urbano é municipal (interesse local – art.
30, I); e o intermunicipal, como não é expressamente indicado a nenhum deles,
é competência estadual.
Embora a principal competência dos Estados seja a residual, é importante
lembrar que estes entes federados também possuem competência expressa no
texto constitucional.
28 Noções de Direito Constitucional

Veja a seguir.
EXPRESSAS:
– Art. 25, caput: auto-organização;
– § 2º do art. 25: serviços de gás canalizado;
– § 3º do art. 25: criação de regiões metropolitanas;
– § 4º do art. 18: criação de municípios.

3. Competência Legislativa – Competência


Privada – Requisitos para Delegação
Legislativa

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – PRIVATIVA. ART. 22, repartição horizontal.


O constituinte originário ao elencar as competências materiais (ou executivas)
e legislativas da União seguiu a doutrina de Silva, como se vê no art. 22 e seu
parágrafo único que permite a delegação aos Estados; já o art. 21 (rol das compe-
tências executivas da União), por não dispor sobre a possibilidade de delegação,
é uma competência exclusiva.
Diante disto, é possível pensar no seguinte esquema:

Obs.: embora a constituinte tenha seguido a doutrina de Silva nos referidos


dispositivos, ela não foi seguida em todo corpo da Constituição, como nos arts.
51 e 52 em que se fala em “privativa”, mas não há a possibilidade de delega-
ção. Enfim, não basta analisar o nome “privativa”, é necessário previsão expressa
(como do parágrafo único do art. 22) autorizando a delegação; do contrário, ela
está vedada.
REQUISITOS PARA DELEGAÇÃO
São os requisitos que estão no parágrafo único do art. 22, e também no art.
19, II:
Noções de Direito Constitucional 29

1 – requisito formal: de acordo com o parágrafo único do art. 22, a delegação


deve ser formalizada por lei complementar;
2 – requisito material: a delegação tem que ser de questões específicas das
matérias elencadas nos incisos, isto é, não pode haver delegação da matéria
completa, como delegar a competência legislativa trabalhista. Neste sentido, a
Lei Complementar nº 103 autorizou os Estados e o Distrito Federal a instituir o
piso salarial a que se refere o inciso V do art. 7º da Constituição “para os em-
pregados que não tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou
acordo coletivo de trabalho”. Perceba que delegou tema específico do Direito
do Trabalho;
3 – requisito implícito: em decorrência do art. 19, III – que veda o tratamento
diferenciado entre entes federados – a delegação deve ser feita para todos os
Estados-membros e o Distrito Federal. Assim, não é possível delegar apenas a um
determinado Estado.

Exercício
14. Existe alguma possibilidade de delegação de competência da União para os
Municípios?

4. Competência Privativa

Por usurpação da competência da União para legislar sobre direito do trabalho,


o STF na ADI nº 3.251 julgou inconstitucional a Lei nº 1.314/2004, do Estado de
Rondônia, que impunha às empresas de construção civil, com obras no Estado,
a obrigação de fornecer leite, café e pão com manteiga aos trabalhadores que
comparecessem com antecedência mínima de quinze minutos ao seu primeiro
turno de trabalho.
Não pode lei Estadual ou Distrital exigir que as desapropriações sejam subme-
tidas ao Poder Legislativo por invadir a competência da União para legislar sobre
o tema, bem como a separação de poderes (vide ADI nº 969).
Compete à União a competência legislativa e administrativa para disciplinar e
prestar os serviços de telecomunicação e energia elétrica. Assim, não pode lei es-
tadual proibir as concessionárias de cobrar tarifa de assinatura básica de serviços
de água, luz, gás, TV a cabo. No mesmo sentido, não pode lei estadual disciplinar
acúmulo de minutos de celulares, proibição de corte de energia, etc. (vide ADI nos
3.343 e 4.649).
30 Noções de Direito Constitucional

É inconstitucional lei estadual exigir acendimento de iluminação interna do


veículo em caso de blitz – (ADI nº 3.625).
Também não pode lei estadual dispor sobre idade mínima para obter habilita-
ção para conduzir veículo automotor – (ADI nº 476).

Exercício
15. Compete, privativamente, à União, legislar, dentre outras matérias, sobre:
direito civil, comercial, do trabalho, serviço postal, jazidas, minas e outros
recursos minerais, diretrizes e bases da educação nacional:
a) Por se tratar de competência privativa, exclui qualquer participação da
legislação estadual e do Distrito Federal.
b) Lei complementar pode autorizar que os Estados legislem sobre ques-
tões específicas referentes às matérias de competência privativa da
União legislar.
c) Lei complementar poderia autorizar que os Estados legislem também,
só que em matéria que seja de competência comum.
d) Lei complementar poderá autorizar que os Estados legislem sobre as
matérias de competência privativa da União, salvo com respeito à desa-
propriação.

5. Competência Privada da União – Art. 22 da CF

ANTIGA – Art. 22 NOVA


XVII – organização judiciária, do Mi- XVII – organização judiciária, do Mi-
nistério Público e da Defensoria Públi- nistério Público do Distrito Federal e
ca do Distrito Federal e dos Territórios, dos Territórios e da Defensoria Pública
bem como organização administrati- dos Territórios, bem como organiza-
va destes; ção administrativa destes;
ANTIGA – Art. 21 NOVA
XIII – organizar e manter o Poder Ju- XIII – organizar e manter o Poder Judi-
diciário, o Ministério Público e a De- ciário, o Ministério Público do Distrito
fensoria Pública do Distrito Federal e Federal e dos Territórios e a Defenso-
dos Territórios; ria Pública dos Territórios;
A competência legislativa da União poderá originar leis federais ou nacionais.
Federais são aquelas aplicáveis exclusivamente à pessoa jurídica da União, como
Noções de Direito Constitucional 31

a lei que rege os servidores públicos federais. Por isso, cada ente federado possui
sua própria lei regulando assunto.
A lei das parceiras público-privadas (11.079/2004) deixa especificadas no Capí-
tulo VI as normas que são aplicáveis à União: são “lei federal”, o restante é nacional.
É competência administrativa (material ou executiva), estabelecida pelo cri-
tério vertical, conferida a todos estes federados para atuarem de maneira coo-
perada sobre os temas dispostos no art. 23. Embora todos possam atuar sobre
os assuntos elencados, para otimizar e organizar o exercício desta competência,
caberá à União estabelecer por lei complementar normas sobre cooperação (pa-
rágrafo único do art. 23); exemplo é a Lei Complementar nº 140/2011 que “fixa
normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art.
23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Dis-
trito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício
da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à
proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas
e à preservação das florestas, da fauna e da flora”.

6. Competência Comum e Competência


Concorrente
COMPETÊNCIA CONCORRENTE – permite aos entes federados legislarem sobre
os assuntos indicados no art. 24.
Distribuição: UNIÃO – Normas Gerais: não há consenso do que é, trata-se de
tema bastante discutido na doutrina e na jurisprudência. Existem duas correntes
no Supremo Tribunal Federal: 1ª corrente – (Carlos Ayres Brito) são aquelas que
possuem aplicação uniforme em todo território nacional de eficácia nacional; 2ª
corrente – (Carlos Velloso) são aquelas que possuem maior grau de abstração,
como os princípios.
ESTADOS e DISTRITO FEDERAL: COMPETÊNCIA SUPLEMENTAR – Os Estados-
-membros e o Distrito Federal quando elaboram suas normas atinentes ao exercício
da competência concorrente exercitam a chamada competência suplementar.
A competência suplementar divide-se em:
1) complementar (§ 2º): exercida quando já existe uma norma geral criada
pela União. Desta forma, ela apenas complementa algo já existente;
2) supletiva (§ 3º): se a União for omissa não tendo criado a norma geral,
poderá o Estado-membro (e o Distrito Federal) exercer a chamada competência
legislativa plena; significa dizer: ele poderá confeccionar a norma geral (suprindo
a omissão da União) e a específica.
32 Noções de Direito Constitucional

Exercício
16. Considerando a repartição de competências prevista na Constituição da Re-
pública de 1988, assinale a alternativa INCORRETA:
a) No âmbito da competência legislativa privativa da União, a delegação
de competências para os Estados-membros é mera faculdade do le-
gislador federal, não sendo obrigatória nem na hipótese de inércia do
Congresso Nacional.
b) As competências comuns repartidas entre União, Estados, Distrito Fede-
ral e Municípios são competências materiais.
c) As competências legislativas estaduais são expressamente previstas no
Texto Constitucional.
d) No âmbito da competência legislativa concorrente, a União limita-se a
editar normas gerais.

7. Competência dos Estados-membros e do


Distrito Federal

OUTRAS COMPETÊNCIAS DOS ESTADOS


Os Estados possuem ainda a competência comum (art. 23 – administrativa),
a competência concorrente (art. 24 – legislativa); tanto complementar como su-
pletiva (§ 2º, 3, § 3º, do art. 24) podem receber delegação legislativa de temas
da competência privativa da União (parágrafo único do art. 22) e competência
tributária expressa (art. 155).
DISTRITO FEDERAL
Natureza jurídica do Distrito Federal: é um ente sui generis, não é Município e
nem Estado-membro, conforme já decidiu o STF. O Distrito Federal não pode ser
dividido em municípios (art. 32), as cidades satélites são, em verdade, descentra-
lizações administrativas, mas não políticas.
Obs.: a capital do Brasil não é o Distrito Federal, mas sim Brasília, que
está dentro do território do Distrito Federal, conforme § 1º do art. 18 da
CRFB/1988.
Auto-organização é realizada primeiramente com a criação da Lei Orgânica
Distrital (e não Constituição), que será votada pela Câmara Legislativa em dois
turnos com interstício mínimo de dez dias aprovado por maioria de dois terços.
Na sequência, criam-se as leis distritais observando sua competência legislativa
(art. 32).
Noções de Direito Constitucional 33

Observe que o STF na ADI nº 980-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, afirmou que
a Lei Orgânica do Distrito Federal possui natureza constitucional, ou seja, embora
não receba a nomenclatura de Constituição, a mesma detém a status de uma de
nível estadual.

8. Distrito Federal e Municípios


Em regra, são atribuídas ao Distrito Federal as mesmas competências dos Estados-
-membros e dos Municípios (§ 1º do art. 32), salvo quando a CRFB/1988 excep-
cionar expressamente.
Tanto a competência legislativa como a administrativa do Distrito Federal são
as mesmas do Município e dos Estados-membros, observado que o Distrito Fede-
ral lhe tem atribuída expressamente, e não por extensão, a competência expressa
para promover sua auto-organização por Lei Orgânica; a competência concor-
rente; e a tributária do art. 155 da CRFB. Este embora faça referência apenas às
competências tributárias estaduais, é pacífico que o DF pode instituir e cobrar os
tributos municipais.
COMPETÊNCIAS MUNICIPAIS: dependerá da casuística do STF que define se
é local ou não. Conforme o Enunciado nº 645 da Súmula do STF, a fixação do
horário de funcionamento de estabelecimento comercial é de fixação municipal.
Mas não significa que o ente municipal possa determinar qualquer coisa sobre
funcionamento comercial; por exemplo, distância mínima entre farmácias.
No Informativo nº 394, o STF estabeleceu que a prestação do serviço bancário
pode ser determinada pelo Município, como tempo na fila, banheiro, bebedouro,
cadeiras, portas de segurança e etc.
OUTRAS COMPETÊNCIAS: Criar o Plano Diretor – art. 182, § 1º: Desapropria-
ção, Guarda Municipal e Tributária.

Exercício
17. Sobre a competência da União, Estados e Municípios, assinale a alternativa
correta:
a) Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial,
serviço postal e educação.
b) São da União as competências que não lhe são vedadas pela Constitui-
ção Federal.
c) Compete privativamente aos Municípios legislar sobre: assuntos de in-
teresse local e normas de proteção ao meio ambiente
34 Noções de Direito Constitucional

d) São dos Estados as competências remanescentes.


e) Compete concorrentemente aos Estados e à União legislar sobre: direi-
to tributário, custas e serviços forenses, responsabilidade por dano ao
meio ambiente e trânsito.

9. Intervenção Federal e Estadual – Arts. 34 a 36


da CF

São hipóteses de intervenção da União nos Estados: manter a integridade nacio-


nal para impedir, por exemplo, separatismos; repelir invasão estrangeira ou de
uma unidade da Federação em outro; pôr termo a grave comprometimento da
ordem pública; garantir o livre exercício de qualquer dos poderes da Federação
(Poderes Executivo e Legislativo fazem solicitação; Poder Judiciário faz requisição);
reorganizar as finanças do ente da Federação que suspender o pagamento da
dívida fundada por mais de 2 anos consecutivos, salvo motivo de força maior,
ou deixar de entregar aos municípios os repasses tributários determinados pela
Constituição nos prazos estabelecidos; prover a execução da lei federal, ordem ou
decisão judicial; e assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis,
determinados na CF.
São hipóteses de intervenção dos Estados nos Municípios, ou da União nos
municípios localizados nos territórios federais: deixar de ser paga a dívida funda-
da por dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; não forem prestadas
as contas devidas; não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal
na educação e na saúde; e o Tribunal de Justiça der provimento à representação
para assegurar a observância dos princípios indicados na Constituição Estadual ou
para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Exercício
18. (Cespe – DPE/SP – Defensor Público – 2012) Acerca da organização do Esta-
do e da intervenção na CF, assinale a alternativa correta:
a) Os estados-membros da Federação, além de autônomos, são sobera-
nos, possuindo direito de secessão.
b) A intervenção da União em estado, para assegurar a observância dos
chamados princípios constitucionais sensíveis, depende do provimento,
pelo STF, de representação interventiva ajuizada pelo Procurador-Geral
da República.
Noções de Direito Constitucional 35

c) A União pode intervir no município que deixar de prestar as devidas


contas, na forma da lei, em caso de inércia do estado em que este se
situe.
d) O DF pode intervir nos municípios situados em seu entorno.
e) A intervenção federal decorre da hierarquia existente entre a União, os
estados, o DF e os municípios.

10. Servidores Públicos – Art. 41

São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para car-
go de provimento efetivo em virtude de concurso público.
O servidor público estável só perderá o cargo:
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa;
III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma
de lei complementar, assegurada ampla defesa.
Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele re-
integrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
origem, sem direito à indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará
em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.
Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Exercício
19. (FCC – TER/PE – Técnico Judiciário – 2011) Tibério, servidor público estável,
foi demitido, cujo cargo de direto foi ocupado por Pilatos, também servidor
público estável, que ocupava cargo de auxiliar na mesma repartição pública.
A demissão de Tibério foi invalidada por sentença judicial e, conforme pre-
visto na Constituição Federal, por consequência será:
a) Reintegrado ao cargo de diretor e Pilatos será reconduzido ao seu cargo
de origem que se encontra vago, sem direito à indenização.
36 Noções de Direito Constitucional

b) Diretamente conduzido ao cargo de origem de Pilatos, que se encontra


vago.
c) Posto em disponibilidade porque seu cargo está ocupado por Pilatos e
não pode ser rebaixado de função.
d) Promovido de cargo a título de compensação por ter sido demitido.
e) Avaliado previamente por psicólogo, que emitirá laudo sobre os efeitos
da demissão e se tem condições ou não de voltar ao trabalho público.
Capítulo 4
Poder Legislativo

1. Congresso Nacional (Arts. 44 a 47)

O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câ-


mara dos Deputados e do Senado Federal. Cada legislatura tem a duração de
quatro anos.
No âmbito federal, consagra-se o chamado bicameralismo, ou seja, duas ca-
sas legislativas. São elas:
– Câmara dos Deputados, composta por 513 Deputados eleitos pelo siste-
ma proporcional, para um mandato de quatro anos, permitidas inúmeras
reeleições. Os Deputados são representantes do povo de cada Estado. O
número de deputados por Estado varia entre oito a setenta;
– Senado Federal, composto por Senadores, eleitos para um mandato de
oito anos. O Senado Federal é renovado em uma proporção de 1/3 a 2/3
a cada quatro anos. Cada estado elege três Senadores; sendo assim, o
Senado Federal é composto por oitenta e um membros.
É importante destacar que, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, consagra-se o unicameralismo.
Outro ponto a ser destacado é que não se deve confundir legislatura com a
sessão legislativa.
Sessão legislativa é o período de um ano, observados os recessos legislativos.
Sendo assim, uma legislatura é a soma de quatro sessões legislativas.
Aprofundando os estudos, é de suma importância abordar o Princípio da Par-
ticipação.
O Princípio da Participação, nada mais é do que a materialização da caracte-
rística federalista que foi adotada no Brasil. É a somatória das vontades parciais
para a formação de uma vontade geral.
38 Noções de Direito Constitucional

O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da


representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima
de doze.

Exercício
20. (Cespe – Analista Técnico – MS – 2013) Julgue o item a seguir:
“No âmbito federal brasileiro, o Poder Legislativo é bicameral, ao passo que,
no âmbito estadual, distrital e municipal, consagra-se o unicameralismo.”

2. Atribuições do Congresso Nacional (Arts. 48 e


49, I a IV)

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor


sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
I – sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
II – plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de
crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
III – fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV – planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V – limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio
da União;
VI – incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou
Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legislativas;
VII – transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII – concessão de anistia, entre outras.

Exercício
21. (FCC – TRF 2ª Região – Analista Judiciário – 2012) Considere as seguintes
assertivas a respeito do Congresso Nacional:
I – O Senado Federal compõe-se de representantes do Estado e do Distrito
Federal, eleito segundo o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Fe-
deral elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
Noções de Direito Constitucional 39

II – Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,


dispor sobre a transferência temporária da sede do Governo Federal.
III – Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,
dispor sobre a fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas.
IV – Compete privativamente ao Senado Federal autorizar, por um terço de
seus membros, a instauração de processo contra os Ministros de Estado.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e IV.
b) II, III e IV.
c) I, II e III.
d) II e III.
e) I e IV.

3. Perda do Mandato de Congressista

Os Deputados e Senadores não poderão desde a expedição do diploma:


a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia,
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de
que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;
Ainda, os Deputados e Senadores não poderão desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades
referidas no inciso I, “a”;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se
refere o inciso I, “a”;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I – que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II – cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das
sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta
autorizada;
40 Noções de Direito Constitucional

IV – que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;


V – quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI – que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

Exercício
22. (FCC – TRF 2ª Região – Analista Judiciário – 2012) Olimpio perdeu o mandato
de Deputado Federal porque exercia cumulativamente função remunerada
em pessoa jurídica de direito público, o que lhe era vedado pela Constituição
Federal desde:
a) A candidatura.
b) A posse.
c) A expedição do diploma.
d) Seis meses antes das eleições.
e) Doze meses antes das eleições.

4. Câmara dos Deputados e os Deputados

A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo


sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
Uma das diferenças entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal é que
na primeira encontram-se os representantes do povo e na segunda encontram-se
os representantes dos Estados.
São considerados entes da Federação a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios. Os Territórios não são entes da Federação. No entanto, pode ocor-
rer a eleição de representantes do povo (Deputados) de um Território.
Atualmente, no Brasil, não há nenhum Território. Os últimos territórios conhe-
cidos no Brasil foram extintos pelos arts. 15 e 19 da ADCT.
O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à po-
pulação, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
setenta Deputados.
Cada Território elegerá quatro Deputados.
É importante destacar que Deputado Federal pode ser brasileiro naturalizado,
mas não poderá ser Presidente da Câmara dos Deputados, em razão da linha
sucessória do Presidente da República.
Noções de Direito Constitucional 41

Vale ressaltar que os Territórios elegem apenas Deputados e não Senadores,


pois um Território não é considerado Estado.

Exercício
23. (FCC – TCE – AP – Técnico de Controle Externo – 2012) Os Deputados Federais:
a) Julgam processo de impeachment contra o Presidente da República.
b) São eleitos por suas bases estaduais, na medida em que devem repre-
sentar os interesses federativos de seus Estados-membros no Congresso
Nacional.
c) Elegem-se pelo sistema majoritário com dois suplentes.
d) Possuem mandato de quatro anos, podendo ser reeleitos para um úni-
co período subsequente.
e) Não perderão o mandato se forem investidos no cargo de Ministro de
Estado.

5. Competência da Câmara dos Deputados

Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo
contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não
apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa;
III – elaborar seu regimento interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transfor-
mação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabe-
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V – eleger membros do Conselho da República.

Exercício
24. (FCC – TRF 2ª Região – Analista Judiciário – 2012) Compete privativamente
à Câmara dos Deputados:
a) Eleger membros do Conselho da República, sendo que dele participam
seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de ida-
42 Noções de Direito Constitucional

de, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos


pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos
com mandato de três anos, vedada a recondução.
b) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a esco-
lha de Magistrados, nos casos estabelecidos na Constituição Federal,
Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da
República, Presidente e direito do Banco Central e Procurador-Geral da
República.
c) Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os mem-
bros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Minis-
tério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União nos crimes de responsabilidade.
d) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secre-
ta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente
e autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
e) Fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios e dispor sobre limites globais e condições para
as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

6. Senado Federal e os Senadores

O Senado Federal é tratado no art. 46 da CF/88 com a seguinte redação:


“Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato
de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de
quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.”
Embora os Senadores sejam eleitos para um mandato de oito anos, o Senado
Federal se renova a cada quatro anos, na proporção de 1/3 para 2/3 a cada vota-
ção, ou seja, em uma eleição se elege apenas um Senador e na próxima eleição
se elegem dois Senadores.
Noções de Direito Constitucional 43

Vale ressaltar que o Senador pode ser brasileiro naturalizado, mas para ser
Presidente do Senado, em decorrência da linha sucessória do Presidente da Repú-
blica, tem que ser brasileiro nato.

Exercício
25. (Cespe – TCE – RO – Agente Administrativo – 2013) Acerca da organização
do Estado e da organização do poder estabelecida na CF, julgue o seguinte
item:
“Cada estado-membro e o Distrito Federal possuem três senadores. Os sena-
dores são eleitos pelo sistema majoritário e gozam de imunidade material e
formal. Somente brasileiro nato poderá ser presidente do Senado Federal. É
da competência privativa do Senado Federal escolher dois terços dos mem-
bros do TCU.”

7. Competências do Senado Federal

Compete privativamente ao Senado Federal:


I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes
de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos
com aqueles;
II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público,
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade;
III – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da
República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta,
a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
44 Noções de Direito Constitucional

V – autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da


União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI – fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
VII – dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito
externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII – dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União
em operações de crédito externo e interno;
IX – estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobi-
liária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitu-
cional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI – aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício,
do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
XII – elaborar seu regimento interno;
XIII – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transfor-
mação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabe-
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XV – avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional,
em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tribu-
tárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

Exercício
26. (Esaf – DNIT – Técnico Administrativo – 2013) Em relação às competências
do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
assinale a opção correta:
a) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar, por dois terços
de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o
Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.
b) Compete privativamente à Câmara dos Deputados processar e julgar
o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsa-
bilidade.
Noções de Direito Constitucional 45

c) Compete ao Congresso Nacional, por meio de iniciativa do Presiden-


te do Senado Federal, proceder à tomada de contas do Presidente da
República, quando não apresentadas dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa.
d) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar o Presidente da
República e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País,
quando a ausência exceder a quinze dias.
e) Compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar os Minis-
tros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional
de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-
-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de res-
ponsabilidade.

8. Imunidade dos Congressistas – Art. 53

Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de


suas opiniões, palavras e votos. Desde a expedição do diploma, serão submetidos
a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após
a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva que,
por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrro-
gável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de
sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da
Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Na-
cional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.
As imunidades existem para assegurar a estabilizar das instituições, pois elas
pertencem ao cargo e não às pessoas. Sendo assim, o congressista não poderá
abrir mão da imunidade, pois pertencem ao cargo.
Súmula nº 704 do STF:
“Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo
legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados.”
46 Noções de Direito Constitucional

Exercício
27. (Cespe – CNJ – Técnico Judiciário – 2013) Julgue o seguinte item:
“Quando um deputado federal emite sua opinião no âmbito do Congresso
Nacional, ele estará inviolável, civil e penalmente, estando isento de ser enqua-
drado em crime de opinião. No entanto, se as palavras forem proferidas fora
do Congresso Nacional, haverá a necessidade de se perquirir o vínculo de suas
opiniões com a atividade política para que seja mantida a inviolabilidade.”

9. Reuniões – Art. 57

O Congresso Nacional se reunirá, anualmente, na Capital Federal, de 2 de feve-


reiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei
de diretrizes orçamentárias.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta
para inaugurar a sessão legislativa, elaborar o regimento comum e regular a cria-
ção de serviços comuns às duas Casas, receber o compromisso do Presidente e do
Vice-Presidente da República, conhecer do veto e sobre ele deliberar.
A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Fe-
deral, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de
cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
A convocação extraordinária do Congresso Nacional será feita:
I – pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de
defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de
estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente
da República;
II – pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as
Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses
deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.

Exercício
28. (Vunesp – OAB/SP – 2007) A reunião anual do Congresso Nacional, na Capi-
tal Federal, é denominada:
Noções de Direito Constitucional 47

a) Legislatura, que ocorre de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1º de


agosto a 15 de dezembro.
b) Sessão ordinária, que ocorre de 15 de fevereiro a 15 de dezembro.
c) Sessão legislativa, que ocorre de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de
agosto a 22 de dezembro.
d) Convocação ordinária, que ocorre de 2 de fevereiro a 22 de dezembro.

10. Comissões – Art. 58

As comissões podem ser permanentes ou temporárias e a representação das co-


missões é sempre pluralista.
As funções das comissões são discutir e votar projeto de lei que dispensar,
na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de
um décimo dos membros da Casa; realizar audiências públicas com entidades
da sociedade civil; convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre
assuntos inerentes a suas atribuições; receber petições, reclamações, representa-
ções ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou
entidades públicas; solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; e
apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvol-
vimento e sobre eles emitir parecer.
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) são comissões provisórias, com
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, criadas pela Câmara
dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de 1/3 de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo.

Exercício
29. (FCC – TCM/BA – Procurador Especial de Contas – 2011) Considere as se-
guintes afirmações a respeito da disciplina constitucional das comissões par-
lamentares de inquérito:
I – as comissões parlamentares de inquérito são instrumentos de controle
político, à disposição das minorias presentes nos órgãos legislativos, podendo
ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto
ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros;
II – os poderes de investigação das comissões parlamentares de inquérito
não compreendem a decretação de prisão em caráter cautelar ou a realiza-
48 Noções de Direito Constitucional

ção de busca e apreensão no domicílio dos investigados, na medida em que


essas ações são protegidas pela cláusula de reserva jurisdicional;
III – a exigência constitucional de que as comissões parlamentares de inqué-
rito sejam criadas para a apuração de fato determinado e por prazo certo
impede que tenham objeto genérico e duração indeterminada.
Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas;
b) II, apenas;
c) I e II, apenas;
d) I e III, apenas;
e) I, II e III.

11. Processo Legislativo – Art. 59

A elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis são reguladas pela


LC nº 95/98. É a lei que informa como deve ser feita cada uma das leis, não quan-
to ao conteúdo, mas quanto à forma.
No que tange às leis ordinárias e leis complementares, não há hierarquia entre
elas. A única diferença entre elas é a matéria tratada: LC sempre terá matéria re-
servada e expressamente determinada pela CF. Ademais, lei complementar exige
quórum de aprovação de maioria absoluta; e lei ordinária exige apenas quórum
de maioria simples.
Lei ordinária não pode tratar de matéria de lei complementar, mas lei comple-
mentar pode tratar de matéria de lei ordinária. Lei ordinária só poderá revogar lei
complementar exatamente quando a lei for formalmente complementar e mate-
rialmente ordinária.
Lei federal, estadual e municipal não tem nenhuma ligação de hierarquia en-
tre si, porque todas retiram seu fundamento de validade na CF. Quando conflita-
rem entre si, o critério para solução será o do seu conteúdo.

Exercício
30. (Cespe – AL/ES – Técnico Legislativo – 2011) Assinale a opção correta acerca
da técnica legislativa:
a) A lei não precisa indicar expressamente o prazo da vacatio legis, tendo
em vista que este é igual para todas as normas, não havendo possibili-
dade de alteração deste prazo.
Noções de Direito Constitucional 49

b) Como regra, os projetos de lei não podem sofrer emendas ou altera-


ções ao longo do processo legislativo.
c) O regime de urgência é determinado pelo presidente do Congresso
Nacional e restringe-se aos projetos de lei de grande repercussão social.
d) A ementa, que é a síntese do conteúdo da lei, deve ser concebida de
modo a que, a partir de sua leitura, seja possível a rápida identificação
do tema tratado pela respectiva lei.
e) A mesma lei pode tratar de vários objetos, ainda que não haja afinida-
de, pertinência ou conexão entre eles.

12. Processo Legislativo – Art. 60

Processo de criação de emendas: a iniciativa será de 1/3, no mínimo, dos mem-


bros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da Repúbli-
ca; ou de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federa-
ção, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A
emenda é manifestação do poder constituinte derivado reformador.
A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio.
A proposta é discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.

Exercício
31. (FCC – TRT 6ª Região – Juiz do Trabalho – 2013) Em fevereiro de 2013,
foi apresentada proposta de emenda à Constituição (PEC) à Câmara dos
Deputados, objetivando modificar a forma e os requisitos de investidura
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Do relatório de conferência de
assinaturas respectivo, extrai-se que a PEC foi subscrita por 165 dos 513
Deputados Federais. Nessa hipótese, a PEC em questão:
a) Não atende à exigência constitucional relativa à apresentação de pro-
postas de emenda à Constituição por iniciativa de membros das Casas
do Congresso Nacional.
b) Possui vício de iniciativa, uma vez que a matéria relativa à organização
do Poder Judiciário é de iniciativa exclusiva dos órgãos daquele Poder e,
nesse caso específico, do Supremo Tribunal Federal.
50 Noções de Direito Constitucional

c) Deveria iniciar seu trâmite pelo Senado Federal, uma vez que apenas
propostas de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores têm início na Câmara dos Deputados.
d) Versa sobre matéria vedada à atuação do poder de reforma constitucio-
nal, por implicar ofensa ao princípio da separação dos Poderes.
e) Reúne condições de admissibilidade quanto à matéria e à iniciativa para
proposição, devendo ser submetida à apreciação das Casas do Con-
gresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver,
em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

13. Processo Legislativo – Art. 62

Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medi-


das provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional. O Poder Judiciário somente pode controlar os requisitos de relevância e
urgência se a inconstitucionalidade for flagrante.
As medidas provisórias têm prazo de 60 dias, prorrogados uma vez por igual
período, para ser convertidas em lei. O Congresso Nacional disciplina, por decreto
legislativo, as relações jurídicas decorrentes das MP. Caso não edite o decreto,
as relações continuarão regidas pela MP. O prazo não será contado durante o
recesso parlamentar.
Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias contados de sua pu-
blicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das
Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. É o
chamado trancamento da pauta.
As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados.
É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que
tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

Exercício
32. (Consulplan – TSE – Técnico Judiciário – 2012) No fim de 2012, a presidente
da República editou medida provisória que dispõe sobre a organização e a
competência das juntas eleitorais. O ato normativo aguarda ser votado no
plenário da Câmara, encontrando-se na Pauta de Deliberação da Comissão
Mista do Congresso. A respeito da proposta de iniciativa da Chefe do Poder
Executivo, é correto afirmar que:
Noções de Direito Constitucional 51

a) Terá sua eficácia preservada até eventual veto pelo Congresso Nacional.
b) Se não for apreciada em até 30 dias contados da sua publicação, entra-
rá em regime de urgência, trancando a pauta de votação do Congresso
Nacional.
c) Terá sua votação iniciada em sessão conjunta do Congresso Nacional.
d) Não poderá ser submetida ao Congresso Nacional por tratar de matéria
que não pode ser objeto de medida provisória.

14. Processo Legislativo – Arts. 65, 66 e 67

A maioria dos projetos de lei começa na Câmara dos Deputados e, depois de con-
cluídas as deliberações nesta casa, o projeto vai para a casa revisora. Rejeitado,
o projeto é arquivado. Aprovado, com meras modificações de forma, o projeto
vai para sanção presidencial. Se entender que o projeto precisa ser modificado
materialmente, o projeto retorna à casa iniciadora.
O Presidente da República poderá vetar o projeto por motivos de inconstitu-
cionalidade ou contrariedade ao interesse público. Deverá fazê-lo no prazo de 15
dias úteis, com comunicação, em 48 horas, ao presidente do Senado. No silêncio
do presidente, o projeto será considerado sancionado.
O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de
seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos
Deputados e Senadores. O voto, nesta situação, é aberto.
Se a sessão conjunta do Congresso derrubar o veto, o projeto será enviado,
para promulgação, ao Presidente da República. Se, ainda assim, não o fizer o
veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais
proposições, até sua votação final.
Se não promulgar o projeto em 48 horas, o presidente do Senado o fará e, se
este também não o fizer, o vice-presidente do Senado deverá fazer.

Exercício
33. (Cespe – AL/ES – Técnico Legislativo – 2001) A respeito de processo legisla-
tivo, assinale a opção correta:
a) Iniciativa de lei é a prerrogativa concedida aos parlamentares e também
a qualquer cidadão ou entidade de classe para apresentar projeto de lei
nas casas legislativas.
52 Noções de Direito Constitucional

b) A deliberação parlamentar consiste na ampla discussão e votação sobre


matéria do projeto de lei apresentado, que pode ser aprovado ou rejei-
tado pelo Poder Legislativo.
c) O chefe do Poder Executivo analisa o projeto de lei ordinária aprovado
ou rejeitado, podendo, então, vetá-lo ou sancioná-lo.
d) A promulgação consiste em tornar pública a existência da lei aos seus
destinatários, por meio de sua inserção no Diário Oficial.
e) O processo legislativo ordinário destina-se à elaboração de leis ordiná-
rias, de leis complementares e de leis delegadas.

15. Fiscalização Contábil, Financeira e


Orçamentária – Art. 70

Cada poder se autorregula e se autofiscaliza, mas, ainda assim, um poder exerce


controle e fiscalização sobre os demais poderes. Ademais, cada poder tem fun-
ções típicas e atípicas. É a teoria dos freios e contrapesos.
No que tange à questão da fiscalização contábil, financeira e orçamentária,
a doutrina diverge: um posicionamento mais conservador entende que esta é
uma das funções atípicas do Poder Legislativo. Contudo, este posicionamento
está sendo alterado, e passa-se, atualmente, a entender que esta é mais uma das
funções típicas do Poder Legislativo. Isto porque o conceito de funções típicas e
atípicas é falho, tendo em vista que todas as funções de cada um dos poderes
estão previstas na CF, e, assim, seriam todas funções típicas.
O sistema de fiscalização contábil, financeira e orçamentária é considerado
duplo, porque existem um sistema externo e um sistema interno. O controle ex-
terno é feito pelo Congresso com o auxílio do TCU, e o controle interno é sempre
feito internamente, dentro de cada um dos poderes (ex.: art. 34 da CF).

Exercício
34. (FCC – TCE/SP – Analista de Controle Externo – 2013) De acordo com a
Constituição Federal, o controle interno exercido no âmbito de cada Poder
alcança:
a) Avaliação do cumprimento das metas previstas no plano plurianual e,
entre outras finalidades, a aplicação dos recursos públicos por entida-
des privadas.
Noções de Direito Constitucional 53

b) Controle da legalidade, eficácia e eficiência da atuação administrativa,


afastados os atos de mera execução orçamentária e gestão patrimonial.
c) Avaliação das metas previstas no plano plurianual, bem como dos atos
de execução orçamentária, afastados os relativos a operações de crédi-
to e garantias.
d) Exclusivamente o controle da legalidade dos atos da Administração di-
reta e indireta.
e) Exclusivamente o controle de execução orçamentária e gestão patrimo-
nial, no que diz respeito à legalidade e economicidade.

16. Fiscalização Contábil, Financeira e


Orçamentária – Art. 74

Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sis-


tema de controle interno com a finalidade de: avaliar o cumprimento das metas
previstas no plano plurianual e a execução dos programas de governo e dos or-
çamentos da União; comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos
e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públi-
cos por entidades de direito privado; exercer o controle das operações de crédito,
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; e apoiar o controle
externo no exercício de sua missão institucional.
A criação de novos Tribunais de Contas Municipais está vedada.
Os Tribunais de Contas dos Municípios são diferentes dos Tribunais de Contas
Municipais.
Os órgãos responsáveis pelo controle interno sempre deverão dar ciência de
irregularidades encontradas ao TCU. Em não o fazendo, serão considerados soli-
dariamente responsáveis pela irregularidade.

Exercício
35. (Consulplan – TSE – Analista Judiciário – 2012) Sobre o Tribunal de Contas
da União, órgão auxiliar do Congresso Nacional no exercício do controle e
fiscalização externos, é correto afirmar que:
a) Os ministros do TCU têm as mesmas prerrogativas, garantias, impedi-
mentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal.
54 Noções de Direito Constitucional

b) Os ministros do TCU são nomeados pelo Presidente da República com


aprovação do Senado Federal, a partir de uma lista com cinco nomes
elaborada pelo Tribunal.
c) A Constituição determina que o TCU seja integrado por onze ministros,
tenha sede no Distrito Federal, com quadro próprio de pessoal e jurisdi-
ção em todo o território nacional.
d) As responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal
de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

17. Tribunal de Contas – Art. 73


O TCU, embora esteja dentro do capítulo do Poder Legislativo na CF, não integra
este poder. Em verdade, este Tribunal não está vinculado a nenhum dos poderes
(ADI nº 4.190/10). Trata-se de órgão autônomo, integrado por 9 ministros, com
sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o territó-
rio nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.
Observa-se que TCU é diferente da CGU (Controladoria Geral da União), ten-
do em vista que esta auxilia o Poder Executivo, a presidência da República no
trato com a coisa pública.
Importante lembrar, também, que o TCU não integra o Poder Judiciário, ou seja,
não tem atribuição jurisdicional, mas sim meramente administrativa. Todavia obser-
ve que o TCU pode realizar controle de constitucionalidade (Súmula STF nº 347).
Os ministros do TCU serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos: mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
idade; idoneidade moral e reputação ilibada; notórios conhecimentos jurídicos,
contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; e mais de dez
anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os co-
nhecimentos mencionados no inciso anterior.
A escolha dos ministros se dá: 1/3 pelo Presidente da República, com aprova-
ção do Senado Federal, sendo 2 alternadamente dentre auditores e membros do
MP junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios
de antiguidade e merecimento; 2/3 pelo Congresso Nacional.

Exercício
36. (FCC – TER/CE – Analista Judiciário – 2012) Considerando que Anastácio,
Santiago, Eric, Roberto e Pompeu ocupam respectivamente cargos de sena-
Noções de Direito Constitucional 55

dor, advogado, defensor público, juiz de Tribunal Regional Federal e prefeito


municipal, é certo que Péricles na qualidade de auditor do Tribunal de Con-
tas da União, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias
e impedimentos do titular, e, quando no exercício das demais atribuições da
judicatura, as do cargo de:
a) Anastácio.
b) Santiago.
c) Eric.
d) Pompeu.
e) Roberto.

18. Tribunal de Contas – Art. 71

O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio


do TCU. Observa-se que quem realiza o controle externo é o Congresso, e não o
TCU. Este apenas auxilia.
No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congres-
so Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. Se
o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar
as medidas previstas no § 2º do art. 71 da CF, o Tribunal decidirá a respeito.
As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão
eficácia de título executivo.
O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, re-
latório de suas atividades.

Exercício
37. (Cespe – MS – Analista Técnico – 2013) No que diz respeito aos poderes do
Estado e às funções essenciais da justiça, julgue o próximo item:
Compete ao Tribunal de Contas da União julgar as contas apresentadas pelo
chefe do Poder Executivo federal.
Capítulo 5
Poder Executivo

1. Presidente e Vice-Presidente da República


(Arts. 76 a 83)

São formas de governo a monarquia e república. Sistemas de governo são o pre-


sidencialismo e parlamentarismo. Lembre-se de que chefe de governo é aquele
que resolve as questões internas, já o chefe de estado resolve questões externas
de um país.
O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos
Ministros de Estado.
A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República será realizada, si-
multaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no úl-
timo domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
término do mandato presidencial vigente. Será considerado eleito Presidente o
candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de vo-
tos, não computados os em branco e os nulos.
O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em pri-
meiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.

Exercício
38. (Cetro – Anisa – Técnico Administrativo – 2013) Sobre a Presidência da Re-
pública, analise as assertivas abaixo:
I – o presidente da República não pode ausentar-se do país por período superior
a 15 dias, sem licença do Congresso Nacional, sob pena de perda de cargo;
II – o mandato do presidente da República é de 4 anos, e tem início em 1º de
janeiro do ano seguinte ao de sua eleição;
Noções de Direito Constitucional 57

III – o presidente da República, na forma de lei e no exercício de suas fun-


ções, pode delegar aos Ministros de Estado o que lhe compete no tocante à
provisão e extinção de cargos públicos federais;
IV – em caso de impedimento ou vacância do cargo de presidente ou de vice-
-presidente, serão sucessivamente chamados a exercer a função: presidente
da Câmara dos Deputados; presidente do Senado Federal; presidente do
Supremo Tribunal Federal.
É correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

2. Atribuições do Presidente da República

As atribuições do Presidente da República encontram-se elencadas no art. 84 da


Constituição Federal. Trata-se de um rol meramente exemplificativo.
Os decretos autônomos permitem que o Presidente regule sobre determinada
matéria independente de haver um comando normativo anterior. O STF já admitiu
seu controle de constitucionalidade por meio de ADIn.
As referências quanto ao “território”, cumpre consignar que atualmente o
Brasil não possui nenhum.

Exercício
39. (Depen – Especialista – 2013 – Cespe) No que se refere a atribuições e res-
ponsabilidades do Presidente da República, julgue o item a seguir:
“Compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, con-
venções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.”

3. Responsabilidade do Presidente da República

O art. 85 da Constituição Federal trata sobre os crimes e atos de responsabilidade


do Presidente da República. A natureza desses crimes é muito mais política – são
condutas e afrontas praticadas pelo Chefe do Poder Executivo Federal. Trata-se de
rol meramente exemplificativo.
58 Noções de Direito Constitucional

A Lei nº 1.079/1950 define os crimes de responsabilidade praticados pelo


Presidente da República.
Para que o Presidente da República seja processado, será preciso o Tribunal de
Pronúncia: seja crime comum ou o de responsabilidade. Ele tratará de uma autori-
zação para processar o Presidente da República, em decisão de 2/3 dos membros
da Câmara dos Deputados.

Exercício
40. (PC/GO – Escrivão de Polícia Civil – 2013 – UEG) A noção de responsabilidade
da autoridade pública se constrói historicamente, indo da irresponsabilida-
de total à regulamentação específica, com atribuições de responsabilidades
com caráter constitucional. A Constituição Federal Brasileira prevê normas
especiais para responsabilização do Presidente da República, garantindo-lhe
imunidades formais. Em razão dessas normas, o Presidente da República:
a) Poderá ser processado por crime comum ou de responsabilidade após
juízo de admissibilidade do Congresso Nacional.
b) Poderá ser processado por crime comum ou de responsabilidade após
juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados.
c) Não poderá ser processado por crime de responsabilidade no exercício
de sua função.
d) Não poderá ser processado por crime comum no exercício de sua função.

4. Dos Ministros de Estados

A tratativa sobre os Ministros de Estado encontra-se no art. 87 da Constituição


Federal.
Se o Presidente da República governa com o auxílio dos Ministros de Estados,
isto também valerá para o Governador, que governará com o auxílio dos seus
Secretários.

Exercício
41. (MPOG – Todos os Cargos – 2013 – Cespe) Julgue o item seguinte:
“Os ministros de Estado poderão prover os cargos públicos de sua pasta,
desde que o presidente da República delegue a competência para tanto.”
Noções de Direito Constitucional 59

5. Conselho da República e Conselho de Defesa


Nacional

O art. 89 da Constituição Federal define o Conselho da República. Tanto este


quanto o Conselho de Defesa Nacional são órgãos de caráter consultivo, com
emissão de opiniões.
Já o art. 91 traz sobre o Conselho de Defesa Nacional, que visa assegurar a
soberania e defesa do Estado Democrático. A Lei nº 8.183/1991 dispõe sobre
a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional e dá outras
providências.
Estado de Defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal sofrerão manifesta-
ções tanto do Conselho da República quanto do Conselho de Defesa Nacional.

Exercício
42. (EBSERH – Advogado – 2013 – IBFC) A Constituição da República estabelece
que o Conselho da República e o Conselho Nacional de Defesa são igual-
mente competentes para se pronunciarem sobre:
a) Declaração de guerra e celebração da paz.
b) Intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio.
c) As questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
d) Concessão de indulto, podendo ouvir, se necessário, os órgãos compe-
tentes.
Capítulo 6
Poder Judiciário

1. Disposições Gerais

As atribuições contemporâneas do Poder Judiciário podem ser assim elencadas:


defesa dos direitos fundamentais, da força normativa da Constituição, realização
de autogoverno e resolução dos conflitos entre os demais Poderes.
Ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição, razão esta
que é destinada ao Poder Judiciário.
A Constituição Federal possui força vinculante: o que nela é contido deverá
ser cumprido.

Exercício
43. (CNJ – Analista Judiciário – 2013 – Cespe) Acerca do contorno constitucional
do Poder Judiciário e dos seus órgãos, julgue o item a seguir:
“A função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, sendo-lhe vedada a prá-
tica das funções administrativa e legislativa, que são reservadas, por força do
princípio da separação dos poderes, ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo.”

2. Órgãos do Poder Judiciário

Os órgãos que compõem a estrutura judiciária da República Federativa do Brasil


encontram-se elencados no art. 92 da Constituição Federal. São eles: Supremo
Tribunal Federal, Conselho Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça, Tribu-
nais Regionais Federais e Juízes Federais, Tribunais e Juízes do Trabalho, Tribunais
e Juízes Eleitorais, Tribunais e Juízes Militares e Tribunais e Juízes dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios.
Noções de Direito Constitucional 61

O ordenamento brasileiro consagra o duplo grau de jurisdição. Os órgãos de


terceira escala são chamados de Tribunais de Sobreposição/Uniformização.
A Justiça Comum e a Justiça Especial compõem o binômio da atual Justiça
Brasileira.

Exercício
44. (Depen – Especialista – 2013 – Cespe) A propósito do Poder Judiciário, julgue
o próximo item:
“Apesar de competir ao Conselho Nacional de Justiça o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deve-
res funcionais dos juízes, o texto constitucional não reconhece esse órgão
como integrante do Poder Judiciário.”

3. Composição e Competência

A composição do Supremo Tribunal Federal (STF) está prevista no art. 101 da


CF/1988.
Para ser Ministro do Supremo Tribunal Federal, exige-se que seja brasileiro
nato, pois o Ministro Presidente do STF está na linha sucessória do Presidente da
República.
É importante destacar que não é necessário que o Ministro do STF seja for-
mado em direito.
A aprovação do Senado Federal, para a escolha do Ministro do STF, é chamada
de Sabatina.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem sua composição disposta no art. 104
da CF/1988.
Os Ministros do STJ podem tanto ser brasileiros natos, como naturalizados,
pois não fazem parte da linha sucessória do Presidente da República.
Da mesma forma que os Ministros do STF, os Ministros do STJ também são
submetidos à sabatina.

Exercício
45. (FCC – TRE/PR – Técnico Judiciário – 2012) Em 15 de dezembro de 2011, foi
publicado no Diário Oficial da União, Decreto por meio do qual a Presidente
da República “resolve nomear Rosa Maria Weber Candiota da Rosa para
62 Noções de Direito Constitucional

exercer o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga decorren-


te da aposentadoria da Ministra Ellen Gracie Northfleet”. A esse respeito,
diante do procedimento estabelecido na Constituição, relativamente à com-
posição do Supremo Tribunal Federal, considere as seguintes afirmações:
I – A nomeação da Ministra para o Supremo Tribunal Federal pressupõe o
preenchimento de requisitos estabelecidos pela Constituição, relativos à sua
idade, saber jurídico e reputação.
II – O ato da Presidente da República acima referido dá início a um procedi-
mento complexo, previsto para a nomeação de membros do Supremo Tribu-
nal Federal.
III – A nomeação da Ministra para exercer cargo no Supremo Tribunal Federal
deve ter sido precedida de aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

4. Juízes e Garantias dos Magistrados

Quando se estuda as imunidades dos parlamentares (imunidade formal e mate-


rial), vê-se que estas existem para preservar, não só a instituição, mas também o
múnus público.
Neste mesmo sentido, a garantia dos magistrados nada mais é do que asse-
gurar a estabilidade das instituições judiciárias e o exercício da função desempe-
nhada pelo magistrado.
As garantias dos magistrados estão dispostas no art. 95 da CF/1988 e são:
vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que
o juiz estiver vinculado e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em
julgado; inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.
93, VIII; irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39,
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Aos juízes é vedado: exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou
função, salvo uma de magistério; receber, a qualquer título ou pretexto, custas
ou participação em processo; dedicar-se à atividade político-partidária; receber, a
Noções de Direito Constitucional 63

qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades


públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; exercer a advocacia
no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afasta-
mento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Exercício
46. (FCC – TCE/AP – Analista de Controle Externo – 2012) Os juízes federais:
a) Julgam as causas em que a União é interessada na condição de autora,
ré, assistente ou oponente, inclusive as de falência e de acidentes do
trabalho.
b) Gozam das garantias de estabilidade, inamovibilidade e irredutibilidade
de subsídio, após um ano de efetivo exercício.
c) Podem exercer advocacia no juízo do qual tenham se afastado em virtude
de aposentadoria, desde que decorridos três anos do afastamento.
d) Julgam os mandados de segurança contra ato de Ministro de Estado e
dos Tribunais de Contas da União.
e) Podem exercer atividade político-partidária, nas hipóteses previstas
em lei.

5. STF (Supremo Tribunal Federal) –


Competências

O STF, no âmbito de competência, age em três esferas:


– originária: o processo já começa no STF;
– segundo grau recursal: onde o recurso de um processo vai para o STF;
– recurso extraordinário: onde o STF agirá como uniformizador ou tribunal
de superposição.
Ao Supremo Tribunal Federal compete precipuamente a guarda da Constitui-
ção Federal.
As competências do STF estão previstas no art. 102 da CF/1988.
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal.
64 Noções de Direito Constitucional

No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral


das questões constitucionais discutidas no caso, a fim de que o Tribunal examine
a admissão do recurso.

Exercício
47. (Feprese – DPE/SC – Analista Técnico – 2013) Assinale a alternativa correta
em matéria de Direito Constitucional:
Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar e processar originariamente:
a) A homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur
às cartas rogatórias.
b) As causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito
Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
administração indireta.
c) Os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciá-
rias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e adminis-
trativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União.
d) O mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamen-
tadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da ad-
ministração direta ou indireta, excetuados os casos de competências
do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
e) As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo in-
ternacional, de um lado e, do outro, Município ou pessoa residente ou
domiciliada no País.

6. CNJ (Conselho Nacional de Justiça)

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é um órgão relativamente novo, trazido


pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004 e está previsto no art. 103-B, § 4º,
da Constituição Federal.

Exercício
48. (Cespe – DPE/MA – Defensor Público – 2011) Em relação ao CNJ, assinale a
opção correta:
Noções de Direito Constitucional 65

a) Compete ao STF julgar, em recurso ordinário, as ações ajuizadas contra


o CNJ.
b) Ao CNJ cabe fiscalizar, reexaminar e suspender os efeitos decorrentes
de atos de conteúdo jurisdicional emanados de magistrados e tribunais
estaduais e federais.
c) O CNJ não integra nenhum dos três poderes da República, constituindo
órgão autônomo cuja função é exercer o controle externo do Poder
Judiciário.
d) Compete ao STF julgar os membros do CNJ nos casos de crimes de
responsabilidade.
e) Cabe ao CNJ, conforme previsão na CF, a deliberação acerca da condu-
ta de presidente de tribunal que, por ato comissivo ou omissivo, retarde
ou tente frustrar a liquidação regular de precatório.

7. STJ (Superior Tribunal de Justiça) –


Competências

As competências do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estão previstas no art. 105


da CF/1988.

Exercício
49. (FCC – TRT/ 9ª Região – Analista Judiciário – 2013) Considere as seguintes
situações hipotéticas:
Matias, membro do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, praticou
crime comum. Fabiolo, Governador do Estado do Paraná, também praticou
crime comum. De acordo com a Constituição Federal brasileira, em regra,
terá competência para processar e julgar, originariamente, Matias e Fabio-
lo, o:
a) Supremo Tribunal Federal.
b) Superior Tribunal de Justiça.
c) Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, respectiva-
mente.
d) Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, respectiva-
mente.
e) Tribunal Regional Federal competente.
66 Noções de Direito Constitucional

8. Justiça Federal

A competência da Justiça Federal é considerada extensa, porque envolve interesse


da União.
A Justiça Federal é composta pelos Tribunais Regionais Federais e os Juízes
Federais.
Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária
que terá por sede a sua respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabe-
lecido em lei.
Nos Territórios Federais, a jurisdição e atribuições cometidas aos Juízes Fede-
rais, caberão aos Juízes da justiça local, na forma da lei.
Cada Estado constituirá uma seção judiciária, sendo certo que esta seção
judiciária será subdividida em outras subseções judiciárias. Na Justiça Federal,
temos as subseções, englobando várias cidades e, na Justiça Estadual, temos as
comarcas.
O art. 27 do ADCT foi objeto da EC nº 73/2013, acrescentando o §11, esta-
belecendo a possibilidade de criação de mais quatro Tribunais Regionais Federais,
totalizando, portanto, nove TRF. Tal previsão visa à distribuição proporcional de
processos, tornando a prestação jurisdicional mais efetiva.
Um tema ainda nebuloso, que vem sendo discutido, é a ADI nº 5.017, propos-
ta pela Associação Nacional dos Procuradores Federais, alegando a inconstitucio-
nalidade formal da criação de novos Tribunais Regionais Federais, por desrespeito
ao art. 96, II, “c” e “d”, da Constituição Federal.

Exercício
50. (FCC – TCE/AP – Analista de Controle Externo – 2012) Os juízes federais:
a) Julgam as causas em que a União é interessada na condição de autora,
ré, assistente ou oponente, inclusive as de falência e de acidente de
trabalho.
b) Gozam das garantias da estabilidade, inamovibilidade e irredutibilidade
de subsídio, após um ano de efetivo exercício.
c) Podem exercer advocacia no juízo do qual tenham se afastado em virtude
de aposentadoria, desde que decorridos três anos do afastamento.
d) Julgam os mandados de segurança contra ato de Ministro de Estado e
dos Tribunais de Contas da União.
e) Podem exercer atividade político-partidária, nas hipóteses previstas em lei.
Noções de Direito Constitucional 67

9. TRF (Tribunais Regionais Federais) –


Competências

Os Tribunais Regionais Federais contarão com, no mínimo, sete juízes, recrutados,


quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República
dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.
O quinto constitucional refere-se à possibilidade de manter os Tribunais Supe-
riores, com um nível de pluralidade de atribuições, com a presença de membros
da Magistratura, Advocacia Pública, Defensoria, entre outros.
Os Tribunais Regionais Federais poderão processar e julgar originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e
da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros
do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes
federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal
ou de juiz federal;
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ou Tribunal.
O inciso II informa a competência para julgar, em grau de recurso, as causas
decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competên-
cia federal de sua jurisdição.

Exercício
51. (FCC – TRF 5ª Região – Técnico Judiciário – 2012) Considere as seguintes
situações atuais:
I – Maria Clara é advogada com doze anos de efetiva atividade profissional,
notável saber jurídico e reputação ilibada, com reconhecimento através de
obras publicadas e atuação profissional significativa;
II – César é membro do Ministério Público Federal com quatorze anos de
carreira;
III – Caio é membro do Ministério Público Federal com dezesseis anos de
carreira;
IV – Ana Luiza é advogada com oito anos de efetiva atividade profissional,
notável saber jurídico e reputação ilibada, com reconhecimento através de
obras publicadas e atuação profissional significativa.
68 Noções de Direito Constitucional

De acordo com a Constituição Federal brasileira, poderão fazer parte da


composição de Tribunal Regional Federal os indicados em:
a) II e III.
b) I e IV.
c) I,II e III.
d) I e III.
e) II, III e IV.

10. TRF (Tribunais Regionais Federais) e Juízes


Federais
Para afunilar a competência da Justiça Federal, é preciso que nas causas em que
a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras tenha ocorrido lesão direta.
Aos juízes federais compete processar e julgar as causas entre Estado estrangeiro
ou organismo Internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no país.
Serão julgados também pelos juízes federais os crimes políticos e as infrações
penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e Eleitoral.
Os crimes políticos, previstos na Lei nº 7.170/1983 eram de competência da
Justiça Militar, entretanto, após o advento da Constituição Federal, essa compe-
tência passou a ser da Justiça Federal.
A Súmula nº 42 do STF aduz que compete à justiça comum estadual processar
e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
praticados em seu detrimento.
Crimes como tráfico internacional de pessoas ou tráfico internacional de dro-
gas são algumas das hipóteses que serão julgadas pela Justiça Federal, visto que
se trata de crimes previstos em tratado ou convenção internacional.
A Súmula nº 140 do STF informa que compete à justiça comum estadual pro-
cessar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima, consideran-
do o índio de forma isolada; mas, quando tratar de questões de direito indígena,
observar o disposto no art. 109, XI.

Exercício
52. (FGV – OAB – Exame de Ordem Unificado 3 – 2010) Um juiz federal proferiu
sentença em processo relativo a crime político e outra sentença em processo
Noções de Direito Constitucional 69

movido por Estado estrangeiro contra pessoa residente no Brasil. Os recursos


interpostos contra essas duas sentenças serão julgados pelo:
a) STF, no primeiro caso, e pelo TRF, no segundo caso.
b) TRF em ambos os casos.
c) STF, no primeiro caso, e pelo STJ, no segundo caso.
d) TRF, no primeiro caso, e pelo STJ, no segundo caso.

11. TRT (Tribunais Regionais do Trabalho) –


Composição e Competências

O TST contará com 27 Ministros, que serão escolhidos dentre brasileiros com mais
de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República após aprova-
ção pela maioria absoluta do Senado Federal.
Junto ao TST, funcionarão a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento
de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar
os cursos oficiais para ingresso e promoção na carreira.
O TST contará ainda com o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, caben-
do-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, finan-
ceira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.
Quanto aos Tribunais Regionais do Trabalho, são compostos no mínimo de
sete juízes, recrutados, quando possível na respectiva região, e nomeados pelo
Presidente da República, dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos.
Será admitida a descentralização dos TRT, constituindo Câmaras Regionais, a
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do
processo.

Exercício
53. (FCC – TRT/23ª Região – Técnico Judiciário – 2011) Sobre os Tribunais Regio-
nais do Trabalho:
a) Compõem-se de, no máximo, seis juízes, recrutados, quando possível,
na respectiva região, e nomeados pelo Senado Federal dentre brasilei-
ros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta anos.
b) Instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções de atividade jurisdicional, além dos limites territoriais da respec-
tiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
70 Noções de Direito Constitucional

c) Funcionarão apenas centralizadamente, sendo vedada a constituição


de Câmaras Regionais, com o fim de assegurar o pleno acesso do juris-
dicionado à justiça em todas as fases do processo de forma igualitária
para, assim, não haver disparidades entre casos de regiões distintas.
d) Compõem-se de, no mínimo, sete juízes recrutados, quando possível,
na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.
e) Compõem-se de, no máximo, seis juízes, recrutados, quando possível,
na respectiva região, e nomeados pelo Presidente do Tribunal Superior
do Trabalho dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos
de sessenta anos.

12. TRT – Tribunais e Juízes do Trabalho

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de


trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pú-
blica direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Segundo entendimento jurisprudencial, causas envolvendo o Poder Público e
seus servidores vinculados por ordem estatutária não serão de competência da
Justiça do Trabalho (ADI nº 3.395).
As ações envolvendo exercício do direito de greve e ações sobre representação
sindical, entre sindicatos e seus trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores,
também são de competência da Justiça do Trabalho.
Mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato ques-
tionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. Aqui, vale frisar que a Justiça do
Trabalho não julga ações penais, porém, o habeas corpus pode figurar em outras
áreas do Direito.
Competirá à Justiça do Trabalho julgar ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho e aquelas ações relativas às penali-
dades administrativas impostas pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho.
Os crimes contra a organização do trabalho serão processados e julgados pela
Justiça Federal.
A Súmula nº 366 do STJ entendia que numa ação de indenização proposta
por viúva e filhos de empregado morto em serviço possuía natureza de relação
civil, logo, correria no âmbito da justiça comum.
O STF entendeu que esse tipo de ação seria de competência da Justiça do
Trabalho, cancelando a referida súmula.
Noções de Direito Constitucional 71

As relações contratuais, ou seja, meramente pactuadas em contrato por pro-


fissional liberal, não serão de competência da Justiça do Trabalho. Neste sentido,
ver Súmula nº 363 do STJ.

Exercício
54. (Cespe – TRT/21ª Região – Analista Judiciário – 2010) Julgue o item que
segue:
“Compete à justiça comum o processamento de ações de indenização por
dano moral decorrente de acidente de trabalho, propostas por empregado
contra empregador.”

13. TRT – Varas do Trabalho

O estudo das Varas do Trabalho deve ocorrer sempre, considerando a ótica cons-
titucional.
Conforme art. 112 da CF, a lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo,
nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito,
com recurso para o respectivo TRT.
Trata-se da Lei nº 10.770/2003, que dispõe sobre a criação de Varas do Traba-
lho, nas regiões da Justiça do Trabalho.
Importante destacar que, em local em que não existir Juiz do Trabalho, quem
decidirá a demanda será o juiz estadual. Esse profissional, no momento em que
estiver exercendo atribuições do juiz trabalhista, desempenhará sua função con-
forme um servidor especializado.
Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular.
Em matéria de Justiça Trabalhista, duas emendas constitucionais são de extre-
ma importância, sendo a EC nº 24/1999, que substituiu as Juntas de Conciliação
e Julgamento e a EC nº 45/2004 que promoveu com a Reforma Judiciária, uma
profunda mudança na Justiça do Trabalho.
As atribuições dos Juízes do Trabalho estão previstas nos arts. 652 e 653 da
Consolidação das Leis do Trabalho.
Neste sentido, vale ressaltar que, no momento da leitura dos referidos artigos,
deve-se ler Juízes do Trabalho, em vez de Juntas de Conciliação e Julgamento.
72 Noções de Direito Constitucional

Exercício
55. (Cespe – STF – Analista Judiciário – 2008) A respeito do Direito Constitucio-
nal, julgue o item que se segue:
“Aos Juízes do Trabalho é concedida a competência para julgar os crimes
contra a organização do trabalho.”

14. TRT – Secretarias das Varas do Trabalho e dos


Distribuidores

Iniciamos o presente estudo explicitando que a matéria a seguir tratada vai muito
mais de encontro ao Direito do Trabalho, do que o Direito Constitucional propria-
mente dito, razão pela qual é imprescindível a leitura atenta dos arts. 711 e 712
da CLT.
Serão estudados aspectos que dizem respeito às normas de organização da
Justiça Trabalhista.
O art. 711 da CLT dispõe sobre o funcionamento das secretarias das Juntas
(Juízes). A secretaria equivale ao cartório no âmbito da justiça comum, órgão
responsável por gerir o bom funcionamento sobre o andamento dos processos.
Ainda, arespeito da secretaria, dispõe o art. 712 da CLT sobre a competência
especial ao chefe da secretaria; atribuições como zelar pela boa ordem do serviço,
o cumprimento das ordens emanadas do Presidente e das autoridades superiores,
submeter a despacho e assinatura do Juiz ou expediente e os papéis que devam
ser por ele despachados e assinados.
Temos ainda a figura dos distribuidores, previstos nos arts. 713 e 714 da CLT.
A EC nº 24/1999 informa que, nas localidades em que houver mais de um Juiz do
Trabalho, haverá um distribuidor.
As secretarias e os distribuidores são os órgãos responsáveis pela organização
e responsáveis pela manutenção da ordem na Justiça do Trabalho.

Exercício
56. (FCC – TRT/9ª Região – Analista Judiciário – 2013) Segundo a Constituição
Federal brasileira, legislar sobre Direito do Trabalho e Direito Processual do
Trabalho é competência:
a) Concorrente dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
b) Comum da União, dos Estados e do Distrito Federal.
Noções de Direito Constitucional 73

c) Concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal.


d) Privativa da União.
e) Comum dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

15. TRE (Tribunais Regionais Eleitorais) –


Competências

O Tribunal Superior Eleitoral possui sede em Brasília. Sua função é uniformizar as


principais questões inerentes ao Direito Eleitoral; tem também função de super-
posição.
Temos, ainda, os Tribunais Regionais Eleitorais (haverá um TRE por estado), os
Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais.
Importante destacar que cada justiça especializada possui sua própria nuança,
sendo que a Justiça Eleitoral tem como marca a atuação dos Juízes Eleitorais e das
juntas eleitorais atuando em 1º grau de jurisdição.
Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais,
dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
Os membros dos tribunais, os Juízes de Direito e os integrantes das juntas
eleitorais, no exercício de suas funções, gozarão de plenas garantias e serão ina-
movíveis.
Não existe concurso público para Juiz Eleitoral. Dessa forma, quem assumi-
rá essa função será o Juiz de Direito da justiça comum, que cumulará funções,
atuando também como Juiz Eleitoral, exigindo-se mandato por 2 anos, admitin-
do-se uma recondução (CF, art. 121, § 2º).
Uma questão pontual em provas de concurso é sobre a garantia da inamovi-
bilidade, prevista também para as Juntas Eleitorais, nos termos do art. 36 da Lei
nº 4.737/1965.

Exercício
57. (Cespe – TRE – Técnico Judiciário – 2013) Assinale a opção correta no que
concerne à Justiça Eleitoral:
a) As decisões dos tribunais regionais eleitorais são irrecorríveis, salvo as
que anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos.
b) Os tribunais regionais eleitorais não possuem competência para julgar
mandado de injunção.
74 Noções de Direito Constitucional

c) Os juízes dos tribunais eleitorais podem atuar pelo prazo máximo de


dois anos;
d) As juntas eleitorais, por exercerem função administrativa, não integram
a justiça eleitoral.
e) O Presidente da República nomeará para compor o Tribunal Superior
Eleitoral, após indicação do STF, dois juízes entre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral.

16. TRE – Tribunais e Juízes Eleitorais

O Tribunal Superior Eleitoral será composto, no mínimo, por sete membros me-
diante eleição, pelo voto secreto. Desses, três juízes dentre os Ministros do Su-
premo Tribunal Federal e dois Juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de
Justiça.
Ocorrerá, ainda, a nomeação pelo Presidente da República de dois juízes,
dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados
pelo STF.
Existirá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito
Federal.
Os Tribunais Regionais serão compostos mediante eleição, pelo voto secreto,
de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, de dois juízes
entre juízes de direito, escolhidos pelo TJ e de um juiz do Tribunal Regional Fede-
ral com sede na Capital do Estado ou Distrito Federal.
Haverá a nomeação pelo Presidente da República de dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal
de Justiça. O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e Vice-Presidente
dentre os desembargadores.
O STF exerce um considerável grau de influência sobre o TSE, sendo possível
que, de uma decisão do TSE, possa haver recurso dirigido ao Supremo Tribunal
Federal, por estar presente questão constitucional envolvida. Sendo assim, um
mesmo Ministro que aprecie uma causa no TSE pode apreciá-la também no âm-
bito do STF, não havendo impedimento tal julgamento.

Exercício
58. (Cespe – TER/MS – Analista Judiciário – 2013) Assinale a opção correta a
respeito dos Tribunais Eleitorais:
Noções de Direito Constitucional 75

a) Dois membros dos TRE devem ser nomeados pelo Presidente da Repú-
blica entre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral
indicados pelo Tribunal de Justiça.
b) Somente haverá TRE nas capitais em que haja, no mínimo, um milhão
de eleitores.
c) Os presidentes dos TRE devem ser eleitos por votação dos servidores do
tribunal e advogados militantes no respectivo estado.
d) O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) compõe-se de sete Ministros eleitos por
voto secreto entre os membros dos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE).
e) As decisões dos TRE são irrecorríveis, em qualquer hipótese.

17. TJM (Tribunais de Justiça Militar) –


Competências
O Superior Tribunal Militar e os Tribunais e Juízes Militares são órgãos da Justiça
Militar. Cabe destacar que o STM funcionará muito mais como um grau recursal
do que como uma justiça de uniformização.
Os crimes militares possuem previsão expressa no Código Penal Militar.
Conforme previsão do art. 125, § 3º, da CF, o Estado que possuir um efetivo
superior a vinte mil integrantes estará autorizado a constituir seu Tribunal de
Justiça Militar autônomo.
Importante lembrar que a Justiça Militar da União só julga questões penais, a
Justiça Militar dos Estados pode julgar também outras questões.
Para crimes militares que resultarem em morte de civil, a Lei nº 9.299/1996
resguarda a competência do tribunal do júri. Já crime doloso entre militares será
processado e julgado na esfera militar.
A Lei nº 12.432/2011 trouxe uma exceção ao julgamento da justiça comum,
para crimes dolosos contra a vida, praticados por militar contra civil, prevendo a
hipótese do abate.
Aos juízes de direito do juízo militar compete processar e julgar, singularmen-
te, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos dis-
ciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça os demais crimes militares.

Exercício
59. (Cespe – STM – Analista Judiciário – 2011) Com relação aos tribunais e juízes
militares, julgue o item a seguir:
76 Noções de Direito Constitucional

“Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares definidos no


texto constitucional, cabendo à lei complementar dispor sobre a organização
e o funcionamento dos tribunais militares.”

18. TJM – Tribunais e Juízes Militares

O STM compõe-se de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da Re-


pública, após aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-
-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, e três oficiais-ge-
nerais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira.
Outros cinco civis serão escolhidos pelo Presidente da República, dentre bra-
sileiros maiores de trinta e cinco anos, três dentre advogados de notório saber
jurídico e ilibada conduta e dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e
membros do Ministério Público da Justiça Militar.
A Justiça Militar como um todo entrou na guarida do Conselho Nacional de
Justiça, após a Emenda Constitucional nº 45/2004.
O STM não analisará matérias oriundas da Justiça Militar Estadual, apreciará
apenas questões de competência da Justiça Militar da União.
Decisão exarada no âmbito do STM não comporta recurso para o STJ, com-
portará recurso para Supremo Tribunal Federal, se houver questão de ordem
constitucional envolvida.

Exercício
60. (Cespe – STM – Juiz – 2013) Assinale a opção correta de acordo com as dis-
posições da CF e a jurisprudência do STF:
a) militar da reserva pode ser nomeado Ministro do STM.
b) são considerados órgãos da Justiça Militar apenas o STM e os tribunais
instituídos por lei.
c) somente a indicação dos ministros civis do STM deve ser submetida à
aprovação do Senado Federal.
d) o STM submete-se ao controle exercido pelo CNJ.
e) os ministros civis do STM serão escolhidos pelo presidente da República
entre brasileiros com mais de trinta anos, sendo três, por escolha paritá-
ria, entre Juízes auditores e membros do MPM, e dois entre advogados
de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de
efetiva atividade profissional.
Noções de Direito Constitucional 77

19. TJ (Tribunais de Justiça) – Competências

A competência dos tribunais é atribuída pela Constituição Federal aos próprios


Estados (Constituição dos Estados), sendo a lei de organização judiciária de inicia-
tiva do Tribunal de Justiça.
Dessa forma, cada Constituição Estadual terá suas próprias regras para seu TJ
e para seus Juízes.
No âmbito dos Estados, a competência residual se reflete diretamente na or-
ganização dos poderes, para definir sobre os Juízes de Direitos ou dos Tribunais
de Justiça.
Caberá aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de
leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual,
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
Dentre as poucas competências que a CF atribui aos Tribunais de Justiça, a
possibilidade do exercício do controle concentrado de constitucionalidade é uma
dessas hipóteses.
No Brasil, o controle concentrado de constitucionalidade também poderá ser
exercido no âmbito dos TJ, quando o objeto questionado for lei ou ato normativo
estadual ou municipal, em face do parâmetro que é a Constituição Estadual.
Segundo disposição trazida pela EC nº 45/2004, para dirimir conflitos fundiá-
rios, o TJ proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva
para questões agrárias. Sendo possível, nesse caso, a presença de um juiz, para
tornar eficiente a prestação jurisdicional.
Aqui, vale lembrar que, se houver interesse direto da União ou do Incra, a
competência será deslocada para a Justiça Federal.

Exercício
61. (Cespe – TJ/ES – Comissário da Infância e Juventude – 2011) Com referência
ao Poder Judiciário, julgue o próximo item:
“Dada a impossibilidade de se constituírem, no âmbito dos Estados, varas es-
pecializadas sobre questões agrárias, os tribunais de justiça devem designar
juízes de entrância especial com competência exclusiva para dirimir conflitos
dessa natureza.”
78 Noções de Direito Constitucional

20. TJ – Tribunais e Juízes dos Estados

O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câ-


maras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
todas as fases do processo.
O grande objetivo da Reforma Judiciária foi o de facilitar o acesso à Justiça e
ao Judiciário. Isso depende de organização judiciária, pois o acesso à Justiça já
é uma garantia prevista em nossa Constituição.
Após o advento da EC nº 45/2004, foram previstos dois instrumentos propa-
gadores do acesso à Justiça, bem como ao Judiciário. O primeiro foi a descentrali-
zação do Tribunal de Justiça e o segundo foi a criação da justiça itinerante.
O STJ criou três critérios para o uso do incidente de deslocamento de com-
petência. O primeiro é a existência de grave violação aos direitos humanos, o
segundo é a hipótese de risco de responsabilidade internacional do Brasil e
o terceiro é a incapacidade da instância e das autoridades investigativas de solu-
cionar a matéria. Dessa forma, o pacto federativo não pode ser afrontado com o
deslocamento de competência.

Exercício
62. (FCC – TJ/PE – Técnico Judiciário – 2012) Sobre os Tribunais e Juízes dos
Estados, é incorreto afirmar que:
a) o Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de
audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites terri-
toriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e
comunitários.
b) a competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado,
sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
c) a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual,
vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão, cabe
aos Estados.
d) o Tribunal de Justiça deverá funcionar de forma centralizada, proibida a
constituição de Câmaras Regionais.
e) para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a cria-
ção de varas especializadas, com competência exclusiva para questões
agrárias.
Noções de Direito Constitucional 79

21. JEC (Juizado Especial Cível)

As causas nos juizados serão as causas cíveis de menor complexidade, infra-


ções penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumariíssimo.
Características do JEC: a celeridade, a oralidade e a informalidade, tanto que
causas de maior complexidade serão remetidas para a justiça comum.
São de competências do JEC as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes
o salário mínimo; as elencadas no art. 275, II, do CPC; a ação de despejo para uso
próprio; e as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao
fixado no inciso I do art. 3º da Lei nº 9.099/1995.
O Juizado Especial Federal Cível possui competência para processar e julgar
causas da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como
executar as suas sentenças.
Não se incluem na competência do JEF causas do art. 109, II, III, XI, da CF;
ações de mandado de segurança de desapropriação, de divisão, de demarcação,
populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa; e as demandas
sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos

Exercício
63. (UFPR – TJ/PR – Juiz – 2013) O acesso ao Juizado Especial Cível é gratuito. En-
tretanto, Pedro, não beneficiário da assistência gratuita, que figurava como
autor em uma determinada causa, foi condenado, sem litigância de má-fé,
dentre outras coisas, ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Tendo como fundamento a Lei nº 9.099/1995, é correto afirmar que:
a) em nenhuma hipótese poderia ser condenado, em primeiro grau de
jurisdição, ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
b) em recurso interposto junto ao Tribunal de Justiça, o colegiado poderia
isentá-lo do pagamento de custas e honorários, eis que não era litigan-
te de má-fé.
c) em recurso interposto junto à Turma Recursal, uma vez preparado o
recurso, o colegiado poderia afastar a condenação ao pagamento de
custas e honorários advocatícios.
d) em recurso interposto junto à Turma Recursal, sem o preparo de recur-
so, este deveria ser recebido, tendo em vista que o acesso ao Juizado
Especial é gratuito.
80 Noções de Direito Constitucional

22. JECrim (Juizado Especial Criminal)

A instalação dos Juizados Especiais Criminais possui previsão no art. 98, I, da


Constituição Federal, para casos que envolvam infrações penais de menor poten-
cial ofensivo.
Prevê o art. 60 da Lei nº 9.099/1995 que o Juizado Especial Criminal, provido
por juízes togados ou togados leigos, tem competência para a conciliação, o jul-
gamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, tendo
em vista as regras de conexão e continência.
O objetivo maior do Juizado Especial Criminal será sempre conseguir a com-
posição dos danos civis.
As infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos legais, são as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a
dois anos, cumulada ou não com multa.
Os princípios que regem o Juizado Especial Criminal são os da oralidade, os da
informalidade, os da economia processual e e os celeridade, com a finalidade, de
promover a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não
privativa de liberdade.
A transação penal é uma exceção ao princípio da obrigatoriedade da ação civil
pública, hipótese em que o Ministério Público poderá propor um acordo para o
acusado, para acabar com o processo.

Exercício
64. (Cespe – PC/ES – Escrivão de Polícia – 2011) Com relação à legislação espe-
cial, julgue o item que se segue:
“A suspensão condicional do processo poderá ser revogada em caso de prá-
tica de novo crime ocorrido na vigência do benefício ou nos casos de des-
cumprimento da obrigação de reparação do dano.”
Capítulo 7
Funções Essenciais à
Justiça

1. MP (Ministério Público)

O Ministério Público é considerado uma instituição permanente, essencial à fun-


ção jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Importante destacar que o MP possui autonomia funcional, autonomia orga-
nizacional e autonomia financeira.
Dentre os princípios que regem essa instituição, temos a unidade, a indivisibi-
lidade e a independência funcional.
Ao MP são asseguradas a propositura perante o Poder Legislativo, a criação e
extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público
de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira (autonomia
funcional).
O Ministério Público da União abarca o Ministério Público Federal, o Ministério
Público do Trabalho, o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios e os Ministérios Públicos dos Estados.
As disposições previstas em relação a direitos, vedações e forma de investidura
tratadas aqui se aplicam aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais
de Contas.
O Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República, será
o chefe do Ministério Público da União.
Os Procuradores-Gerais nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios po-
derão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
forma da lei complementar respectiva.
82 Noções de Direito Constitucional

Exercício
65. (FCC – TRT 9ª Região – Técnico Judiciário – 2013) Considere as assertivas
concernentes ao Ministério Público:
I – São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibili-
dade e a independência funcional.
II – O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da Re-
pública, nomeado após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos
membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, vedada a recon-
dução.
III – Constitui vedação ao membro do Ministério Público, dentre outras, exer-
cer a advocacia.
IV – O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze
membros nomeados pelo Presidente da República.
Nos termos da Constituição Federal, está correto o que se afirma apenas em:
a) III e IV.
b) I, II e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) I e II.

2. Funções Institucionais do Ministério Público

O Ministério Público é o titular da ação penal pública, porém, isso não obsta que
ocorra o manuseio da ação penal privada, subsidiária da pública.
As funções institucionais do Ministério Público são inúmeras. Dentre elas, te-
mos: promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; e zelar
pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição.
O art. 144 da Constituição Federal dispõe que as atribuições de investigação
são tipicamente realizadas pelas autoridades policiais, não vedando o Ministério
Público de investigar, mas, implicitamente, restou claro quem deve realizar tal
exercício.
A jurisprudência é amplamente favorável no que tange à capacidade investi-
gatória do Ministério Público.
Atualmente, há o entendimento jurisprudencial do princípio do promotor
natural.
Noções de Direito Constitucional 83

Não se devem confundir os princípios institucionais com as garantias institu-


cionais e as funções institucionais do MP.
Os princípios institucionais são aqueles previstos no art. 127, § 1º, da CF; as
garantias institucionais estão descritas no art. 128, I, § 5º, da CF; e as funções
institucionais possuem previsão no art. 129 da CF.

Exercício
66. (CRSP – PM/MG – Oficial da Polícia Militar – 2013) Analise as assertivas
abaixo:
São funções institucionais do Ministério Público:
I – Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais.
II – Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas.
III – Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do pa-
trimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos.
IV – Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei comple-
mentar mencionada no artigo anterior.
Marque a alternativa correta:
a) Apenas a alternativa II é falsa.
b) As alternativas II e IV são falsas.
c) Apenas a alternativa III é falsa.
d) Todas as alternativas são verdadeiras.

3. CNMP (Conselho Nacional do Ministério


Público)

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) foi incorporado à CF/1988


pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Compõe-se de quatorze membros
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maio-
ria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma
recondução, sendo:
I – o Procurador-Geral da República, que o preside;
II – quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representa-
ção de cada uma de suas carreiras;
84 Noções de Direito Constitucional

III – três membros do Ministério Público dos Estados;


IV – dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo
Superior Tribunal de Justiça;
V – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advoga-
dos do Brasil;
VI – dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um
pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre
os membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, com-
petindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
I – receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos
membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares;
II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
III – requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atri-
buições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público.

Exercício
67. (Cespe – MP/SC – Promotor de Justiça – 2013) Julgue o seguinte item:
“No exercício de sua competência constitucional e correicional da institui-
ção, o Conselho Nacional do Ministério Público pode avocar processos disci-
plinares em curso em quaisquer unidades do Ministério Público Brasileiro.”

4. AGU – Justiça Pública

A Advocacia-Geral da União (AGU) está disposta no art. 131 da CF/1988. É a


instituição que, diretamente ou por intermédio de órgão vinculado, representa
a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei comple-
mentar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
Compõem a Advocacia Pública, a Advocacia-Geral da União, a Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal e
as Procuradorias Municipais.
Compõem a Administração Federal a AGU, o Procurador Federal (que vai de-
fender as autarquias e fundações públicas), o Procurador do Banco Central e o
Procurador da Fazenda (para questões tributárias).
Noções de Direito Constitucional 85

Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério Público


e à Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral
da Fazenda Nacional, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e
Departamentos Jurídicos de autarquias federais com representação própria e os
membros das Procuradorias das Universidades fundacionais públicas continuarão
a exercer suas atividades na área das respectivas atribuições.
A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de
livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e
cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este
artigo far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.

Exercício
68. (Cespe – MPOG – Todos os Cargos – 2013) Julgue o item seguinte:
“Compete à Advocacia-Geral da União a representação judicial e extrajudi-
cial da União, bem como a realização de atividades de consultoria e assesso-
ramento jurídico dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.”

5. Advocacia Pública

Os Procuradores dos Estados têm previsão legal no art. 132 da CF/1988, que trata
da forma de ingresso na carreira, competência e estabilidade.
Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira,
na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a par-
ticipação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
É assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação
de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
corregedorias.
É importante destacar que Procuradores dos Estados não fazem jus à inamo-
vibilidade, como entende o Supremo Tribunal Federal.

Exercício
69. (Vunesp – TJ/SP – Advogado – 2013) Assinale a alternativa correta sobre a
advocacia pública:
86 Noções de Direito Constitucional

a) A instituição que, diretamente ou por meio de órgão vinculado, repre-


senta a União, judicial e extrajudicialmente, é a Procuradoria-Geral da
República.
b) As atividades de consultoria e assessoramente jurídico do Poder Execu-
tivo cabem à Defensoria Pública da União.
c) Aos procuradores dos Estados é assegurada estabilidade após três anos
de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante o
Conselho Nacional do Ministério Público.
d) Competem aos Procuradores do Estado e do Distrito Federal a represen-
tação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.
e) O Advogado-Geral da União será nomeado pelo Presidente da Repú-
blica dentre membros da carreira, maiores de trinta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada.

6. Advocacia e Defensoria Pública


O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus
atos e manifestações no exercício da profissão. No seu ministério privado, o advo-
gado presta serviço público e exerce função social.
No processo judicial, o advogado contribui na postulação de decisão favorável
ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus
público.
Súmula Vinculante nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representa-
do, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedi-
mento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
Caso sejam negadas vistas ao Advogado de documento já acostado ao proce-
dimento investigatório, caberá:
– mandado de segurança em nome do próprio advogado;
– habeas corpus em nome do cliente do advogado;
– reclamação constitucional.

Exercício
70. (Cespe – TRT 8ª Região – Técnico Judiciário – 2013) Acerca das funções
essenciais à justiça, em especial as da advocacia pública e da defensoria pú-
blica, assinale a opção correta:
Noções de Direito Constitucional 87

a) A advocacia pública compreende a advocacia e a defensoria pública.


b) A Advocacia-Geral da União formará lista tríplice com nomes de inte-
grantes da carreira, na forma da lei respectiva, para a escolha de seu
procurador-geral, que será nomeado pelo chefe do Poder Executivo,
para mandato de dois anos, permitida uma recondução.
c) É função institucional da defensoria pública defender judicialmente os
direitos e interesses das populações indígenas.
d) Considerando que, de acordo com a CF, o advogado é indispensável à
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão, nos limites da lei, é correto afirmar que tal
preceito representa uma norma constitucional de aplicabilidade imedia-
ta que poderá sofrer regulamentação legislativa.
e) A advocacia pública é instituição essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os
graus, dos necessitados.

7. Defensoria Pública

A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, in-


cumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessita-
dos, na forma do art. 5º, LXXIV.
Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Fe-
deral e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Esta-
dos, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público
de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e
vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e ad-
ministrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites esta-
belecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art.
99, § 2º.

Exercício
71. (FCC – TRT 15ª Região – Analista Judiciário – 2013) Considere as seguintes
afirmações sobre a disciplina constitucional da Defensoria Pública como fun-
ção essencial à Justiça:
88 Noções de Direito Constitucional

I – A Defensoria Pública é instituição à qual incumbe, por expressa determi-


nação constitucional, prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos.
II – Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito
Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização
nos Estados, em cargos de carreira, assegurada a seus integrantes a garantia
da inamovibilidade e admitido o exercício da advocacia fora das atribuições
institucionais apenas nas hipóteses estabelecidas em lei.
III – Às Defensorias Públicas da União, do Distrito Federal e Estaduais são
asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua pro-
posta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orça-
mentárias e subordinação às regras de encaminhamento da proposta previs-
tas na Constituição em relação aos órgãos do Poder Judiciário.
Está correto o que se afirma APENAS em:
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) I e III.
e) II e III.
Capítulo 8
Defesa do Estado

1. Estado de Sítio e Estado de Defesa

O Estado de Defesa e o Estado de Sítio fazem parte do sistema constitucional de


Gerenciamento de Crise.
A CF/1988 é feita para vigir tanto em um período de ordem como em um
período de instabilidade constitucional.
A principal diferença entre o Estado de Sítio e o Estado de Defesa é que o
primeiro é muito mais grave que o segundo.

Exercício
72. (TRF 3ª Região – Juiz Federal – 2013) Do estado de defesa e do estado de
sítio, não é correto que:
a) O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar
ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a or-
dem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabili-
dade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções
na natureza.
b) O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de
sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos
termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, podendo
abranger restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio
das associações, o sigilo de correspondência e o sigilo de comunicação
telegráfica e telefônica, sendo que a ocupação e uso temporário de
bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, responde-
rá a União pelos danos e custos decorrentes.
90 Noções de Direito Constitucional

c) O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o


Conselho de Defesa Nacional, decretar o estado de sítio nos casos de
comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa
e a declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada es-
trangeira.
d) O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessá-
rias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas
e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor
das medidas específicas e as áreas abrangidas.
e) A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designa-
rá Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e
fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao
estado de sítio.

2. Forças Armadas

As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáuti-


ca, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na
hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República,
e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos
que, em tempo de paz, depois de alistados, alegarem imperativo de consciência,
entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica
ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.

Exercício
73. (Cespe – AL/ES – Procurador – 2011) Assinale a opção correta quanto à de-
fesa do Estado e das instituições democráticas:
a) A natureza discricionária do ato do presidente da República que decreta
o estado de sítio não viabiliza o controle judicial, razão pela qual há,
sobre tal ato, a incidência do controle exclusivamente político, exercido
pelo Congresso Nacional.
Noções de Direito Constitucional 91

b) Não se admite, no estado de defesa e no estado de sítio, a suspensão


das denominadas imunidades parlamentares.
c) Os estados-membros podem, a seu critério, inserir os seus respectivos
departamentos de trânsito entre os órgãos incumbidos do exercício da
segurança pública.
d) A punição disciplinar militar imposta sem que haja previsão legal é pas-
sível de impugnação via habeas corpus.
e) Para a prorrogação do prazo de duração do estado de defesa é dispen-
sável a aprovação do Congresso Nacional.

3. Segurança Pública
O núcleo que envolve os órgãos de segurança pública, segundo o STF, é um nú-
cleo taxativo, ou seja, os órgãos de segurança pública são apenas os que estão
presentes no art. 144 da CF.
A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal são
órgãos permanentes, estruturados em carreira, com o chefe do Poder Executivo
na hierarquia máxima. Já as Polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiro Militar
não são órgãos permanentes, podendo ser dissolvidos, pois não há previsão na
Constituição Federal da impossibilidade de sua dissolução.
Em relação à competência da polícia, existem a polícia repressiva e a polícia
preventiva:
– polícia repressiva: também pode ser chamada de polícia judiciária. Ocor-
rendo um crime, a polícia buscará indícios de autoria e materialidade, ten-
tando prender o criminoso, para que essa ação delituosa não se repita.
Excepcionalmente, caberá contraditório no inquérito policial, quando este
for feito pela Polícia Federal, a requerimento do Ministro da Justiça, para a
expulsão de estrangeiro;
– polícia preventiva: também pode ser chamada de polícia ostensiva ou po-
lícia administrativa.
A investigação policial é de competência, não privativa, da polícia judiciária,
enquanto a inteligência policial é uma modalidade aplicada para dar subsídios ao
chefe do Poder Executivo ou aos seus auxiliares, em situações que são estratégicas.

Exercício
74. (Cespe – UNB – Promotor de Justiça – 2011) A respeito da segurança públi-
ca, julgue os itens abaixo:
92 Noções de Direito Constitucional

1. A criação de um órgão próprio de polícia penitenciária estadual com


a finalidade de exercer vigilância dos estabelecimentos penais violaria a
Constituição Federal.
2. A prestação do serviço de segurança pública pelo Estado, só pode ser
custeada por impostos, sendo vedada a exigência de taxas ainda quan-
do o particular solicite, a título preventivo, o destacamento de policiais
para dar segurança a um evento público.

4. Inquérito Policial
O inquérito policial é arquivado mediante despacho da autoridade judiciária.
Caso o crime envolva competência da Polícia Federal e o Delegado entender
que não há indícios de autoria e materialidade, enviando o inquérito ao Promotor
de Justiça Federal e, se o promotor entender que o inquérito policial deve ser arqui-
vado, notificará o juiz federal que poderá arquivar o inquérito ou, caso discorde do
promotor, enviar o inquérito ao Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Esse procedimento não está previsto no Código Penal, mas na Lei Comple-
mentar nº 75, de 1993.
Investigação Policial Inteligência Policial
– Natureza Reativa (reprimir o crime) – Revela aspectos ocultos de difícil de-
tecção (atividade estratégica)
– Apontar possível autoria (busca de – Evita ações intuitivas (planejamento
autoria e materialidade) operacional futuro)
– Proteger a sociedade (estudar os al- – Proteção dos conhecimentos sensí-
vos e concretizar prisões) veis (auxiliar o Chefe do Poder na to-
mada de decisões)
Excepcionalmente, se o inquérito policial tiver um arquivamento com base na
atipicidade do fato, gerar-se-á coisa julgada material, ou seja, o inquérito policial
não poderá mais ser desarquivado.
Em regra, a instauração de um inquérito policial e o seu arquivamento geram
coisa julgada formal, ou seja, o inquérito policial poderá ser desarquivado.
O art. 155 do Código de Processo Penal, em relação ao inquérito policial,
apresenta a seguinte redação:
“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produ-
zida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusiva-
mente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.”
Noções de Direito Constitucional 93

5. Competências da Polícia Federal

A Polícia Federal é um órgão permanente, instituído em carreiras, com competên-


cia que envolve aspectos processuais e constitucionais. Apurará infrações penais,
ou seja, os crimes e as contravenções penais.
A Polícia Federal também pode apurar infrações penais em detrimento de
Autarquias Federais, Empresas Públicas Federais, crimes que geram repercussão
interestadual ou internacional e infrações penais que envolvam bens, serviços e
interesses da União.
É importante destacar que a Polícia Rodoviária Federal não tem função típica
de investigar, pois é uma polícia preventiva, ostensiva, mas pode ocorrer de exer-
cer essas funções de forma atípica.
A polícia responsável pelas investigações na esfera federal é da Polícia Federal,
pois é a única polícia judiciária da União e a Polícia Civil; é a responsável por in-
vestigar crimes no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pois é a única polícia
judiciária competente nestas esferas.
A Polícia Federal também irá apurar infrações penais em detrimento de suas
entidades autárquicas federais e em detrimento de empresas públicas federais.
A Fundação Pública que possui personalidade jurídica de direito público tem
status de Autarquia e, por isso, se ocorrer um crime em detrimento dela, a com-
petência para julgar este crime será da Justiça Federal e a investigação será de
competência da Polícia Federal.
Em relação à Sociedade de Economia Mista, a Súmula nº 556 do STF deter-
mina que:
“É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte socie-
dade de economia mista.”
No entanto, quando a União interferir no processo, como assistente ou opo-
nente, a competência para julgar a ação será da Justiça Federal.
A competência para investigar crimes contra a sociedade de economia mista
é da Polícia Civil.
O Banco do Brasil é uma sociedade de economia mista e, caso, por exemplo,
ocorra um assalto em uma agência, a competência será, em regra, da Polícia Ci-
vil, mas, se este crime envolver uma repercussão interestadual ou internacional e
exigir uma repressão uniforme, a competência será da Polícia Federal.
94 Noções de Direito Constitucional

6. Competências da Polícia Federal –


Continuação

A Lei nº 10.446, de 8 de maio de 2002, dispõe sobre infrações penais de reper-


cussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme, para os
fins do disposto no inciso I do § 1º do art. 144 da Constituição.
Quando houver repercussão interestadual ou internacional que exija repressão
uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem
prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art.
144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis dos Estados,
proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:
I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro se o agente foi
impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública
exercida pela vítima;
II – formação de cartel;
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do
Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de
que seja parte; e
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transpor-
tadas em operação interestadual ou internacional, quando houver indícios da
atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.
Devemos destacar que, em relação à Justiça Federal, via de regra, ela não é
competente para julgar contravenções penais, mas a Justiça Federal de segun-
do grau ou superior poderá julgar contravenções penais, se o agente tiver foro
privilegiado.

Exercícios
75. Os crimes praticados em detrimento de bens das agências reguladoras cria-
das pela União devem ser apurados pela Polícia Federal.
76. Compete à Polícia Federal a polícia administrativa realizada pela União.
77. A apuração das infrações penais praticadas contra empresas públicas da
União somente é de competência da Polícia Federal, caso tenham repercus-
são interestadual, exigindo repressão uniforme.
Noções de Direito Constitucional 95

Anotações
96 Noções de Direito Constitucional
Noções de Direito Constitucional 97

Gabarito

1) Letra C. 23) Letra E.


2) Letra E. 24) Letra A.
3) Errada. 25) Incorreta.
4) Letra A. 26) Letra E.
5) Letra A. 27) Correto.
6) Letra D. 28) Letra C.
7) Letra D. 29) Letra E.
8) Errada. 30) Letra D.
9) Letra C. 31) Letra A.
10) Letra C. 32) Letra D.
11) Letra C. 33) Letra B.
12) Letra D. 34) Letra A (vide art. 74 do CF).
13) Letra D. 35) Letra D.
14) Sim, prevista no inciso III do § 4º 36) Letra E.
do art. 154, regulamentada pela 37) Errada
Lei Federal nº 11.250/2005, que 38) Letra E.
permite que os Municípios rece- 39) Correta.
bam a delegação para fiscalizar e 40) Letra B.
cobrar (mas não a de instituir) o 41) Correta.
ITR (Imposto Territorial Rural). 42) Letra B.
15) Letra B. 43) Errada.
16) Letra C. 44) Errada.
17) Letra D. 45) Letra C.
18) Letra B. 46) Letra C.
19) Letra A. 47) Letra B.
20) Correto. 48) Letra E.
21) Letra C. 49) Letra B.
22) Letra C. 50) Letra C.
98 Noções de Direito Constitucional

51) Letra C. 60) Letra D.


52) Letra C. 61) Incorreta, nos termos do art. 126
53) Letra D. da Constituição Federal.
54) Incorreta. A competência é da 62) Letra D.
Justiça do Trabalho. 63) Letra C.
55) Incorreta. No caso em tela, a com- 64) Incorreta.
petência é da Justiça Federal, nos 65) Letra D.
termos do art. 109, inciso VI, da 66) Letra D.
Constituição Federal. 67) Correto.
56) Letra D. 68) Errado.
57) Letra E. 69) Letra D.
58) Letra A. 70) Letra D.
59) Incorreta. Compete à Justiça Mi- 71) Letra D.
litar processar e julgar os crimes 72) Letra C.
militares definidos em lei, caben- 73) Letra D.
do à lei dispor a organização e 74) 1 – Correta; 2 – Correta.
o funcionamento dos tribunais 75) Correta.
militares (art. 124, caput, § 1º, 76) Incorreta.
da CF). 77) Incorreta.

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