Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
31Ver meu: A Nova Regulação Estatal e as Agências Independentes. In: SUNDFELD. Carlos Ari. D/re/to
.4dm/n/strat;voEconóm/co. São Paulo: Malheiros. SBDP. 2000. p. 80.
e Rega/ação no S/stema Finance;ro. cit.. p. 98-100.
Agências Reguladoras Independentes - Fundamentos e seu Regime Jurídico 51
50 Floriano de Azevedo Marques Neto
CaPítul,o 3
isso para dizer que nem todo ente regulador se configura como
uma agência. Porém, e isso é essencial, a regulação estatal, nos
termos acima divisados, nelas encontra um instrumento mais
apto e eficiente para seu exercício. As Agências como Autoridades
Reguladoras Independentes
" R
38Cf. artigo 710 e seguintes do NCCB
Essencial é ter em vista que as agências exercem função
de Estado. Esse aspecto, aliás, veio perfeitamente delimitado
em decisão proferida pelo Ministro Marco Aurélio de Mello
legislativoe judiciário) não dista muito do nosso.
ao deferir liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade
Agências ReguladorasIndependentes - Fundamentose seu RegimeJurídico 57
56 Floriano de Azevedo Marques Neto
funções públicas que Ihe são cometidas), quanto no que tange de regulação. Admitimos apenas que se outorgue a um dos
ao caráter mais amplo de suas funções, que desbordam dos membros do colegiado uma ftJnÇão destacada de direção (cargo
landesde singelas funções administrativas. de Diretor-Geral, Presidenteou Coordenador) apenas para
Porém, como visto nos tópicos anteriores, o fato de exercício de i) funções de gestão e administração orgânica
interna; ii) funções representativas e protocolares; e iii) organi-
exercerem poder extroverso típico de autoridade pública não
zação e coordenação dos trabalhos do órgão colegiado (con-
implica dizer que as agências sejam órgãos caracterizados pela
unilateralidade e impositividade. Como pretendemos ter vocação e direção de reuniões, por exemplo). Exatamente como
demarcado acima, é inerente à moderna regulação o exercício ocorre na tradição dos órgãos colegiados do PoderJudiciário
da autoridade num ambientede composição,negociaçãoe e do próprio Legislativo. A direção colegiada, ademais, permite
mediação perante os interesses envolvidos (o pressuposto do um maior pluralismo de representaçãodentro dos órgãos
equilíbrio acima indicado). Daí por quejá afirmamos em estudo reguladores (com membros indicados por distintas forças polí-
ticas ou mediante alternância dos processos de nomeação),
específico'' que as agências representam, no direito brasileiro,
os melhores exemplos da mudança de paradigma do papel do além de assegurar que o órgão regulador absorva as mudanças
Estado (que passa ao papel de Estado regulador) e da Admi- no cenário político gradualmente, sem rupturas ou alternâncias
nistração Pública (que passa a ter um papel muito mais de bruscas na orientação regulatória (o que se consegue com o
arbitrar conflitos e negociar com a sociedade a consecução de descasamentodos mandatos, o que só é possível num cenário
objetivosde interesse geral do que de ser agente do poder de direção colegiada).
impositivo).
Portanto, há que se ter em vista que as agênciasexercema
3.3 A atividade objeto das agências e suas características
autoridade que thesjoi cometida de modo um tanto diverso da tradição O segundo aspecto das agências, entendidas como Auto-
admtzisfrafiuabrasa/eira.
Juntamente com as característicasda ridades Reguladoras Independentes se prende ao seu oye/o oa
â sala./inaZÍdade.
As agênciasreguladoras, por óbvio, têm por
transparência, participação e processualidade, um destes traços
diferenciais é o fato de, em geral, as agênciasseremdíHgídaspor escopo exercer a regulação estatal sobre a economia. Não
órgãoscoZeÚados, o que discrepa da tradição administrativa brasi- qualquer regulação, mas sim aquela desenhada nas longas (mas
leira. Isso se explica pela necessidade de se tentar evitar que a necessárias) linhas que abrem este trabalho. A finalidade para
a qual foram criadas as agências determina várias de suas carac-
ampla gama de poderes conferidos ao regulador recaiam sobre
um só agente público. terísticas, as quais as instrumentam para o cumprimento dos
Temos conosco que a direção colegiada das agências pressupostosda regulaçãoapresentadosno Capítulo 3 supra.
deveria ser obrigatória para todos estesórgãos reguladores,
sendo atribuídas ao colegiado todas as funções propriamente
3.3.1 A amplitude dos poderes das agências
A primeira característica diz raspe\to à amplitude de poderes
reaulatória nos moldes antes expostos, o regulador deverá descumprimento de regras ou objetivos regulatórios; iv) poder
sanciona/óüo,consistente tanto na aplicação de advertências,
manejar vários instrumentos interventivos,que vão desde a
multas ou mesmo cassações de licenças, como também na
atividade normativa até a aplicação de sanções.
Embora isso possavariar de setor para setor, as agências prerrogativa de obrigar o particular a reparar um consumidor
ou corrigir os efeitos de uma conduta lesiva a algum valor ou
ntes poderes:"
reúnem os seguintes poderes: i) poder normal uo, consistente
interesse tutelado pelo regulador; v) poderESde conefiação, que
em editar comandos gerais para o setor regulado (complemen-
se traduzem na capacidade de, dentro do setor, conciliar ou
tando os comandos legaiscrescentementeabertos e indefinidos);
mediar interessesde operadores regulados, consumidores
ii) poder de o /erga," consistente na prerrogativa de emissão,
isolados ou em grupos de interesses homogêneos, ou ainda
em consonância com as políticas públicas aplicáveis ao setor,
interessesde agentes económicos que se relacionam com o setor
de aros concretos de licenças, autorizações, injunções, com
regulado (malgrado não explorarem diretamente a atividade
vistas a franquear ou interditar o exercíciode uma atividade sujeita à regulação setorial) no âmbito da cadeia económica;'7
regulada a um particular;4õ iii) poder de ./isca/{zczçãodo setor, a e por fim vi) poderesde recomendação,
consistentesna prerro-
qual se revela tanto pelo monitoramento das atividades reguladas gativa, muitas vezes prevista na lei que cria a agência, de o
(de modo a manter-se permanentemente informada sobre as regulador subsidiar, orientar ou informar o poder político,
condições económicas, técnicas e de mercado do setor), quanto recomendando medidas ou decisões a serem editadas no âmbito
na aferição das condutas dos regulados de modo a impedir o das políticas públicas.48
Tal amplitude de poderes traz alguma perplexidade para
i4 Utilizamo-nos aqui do termo "poder" no sentido que Ihe damos no Direito Administrativo. Trata-
se na verdade de um poder-dever.na medida em que o administrador a.quem a lei atribui um parte da doutrina que não aceita que um órgão administrativo
poder há de exercê-lo como um dever. não podendo dele dispor a partir de critérios de vontade.
Todo aquele que tem poder administrativotem também a obrigação de maneja-lo no estrito reúna funções administrativas com outras que seriam típicas
dos outros poderes (a ftJnÇão quase legislativa -- normativa
cumprimento da finalidade que justificou a sua atribuição
MÊili@Ülãiü
llHü:::a::F:xãHI
's Importante notar que o poder de outorga detido pelas.agênciasnão se confunde com a prer:ogativa
p,:. Glnrõn
'buv quase-jurisdicional -- composição de conflitos
decisão. típica de polacas públicas. sobre como. quando e em que condições serão expedidas estas e imposição coercitiva de condutas).'g
outorgam.Essaquestão veio bem equacionada na Lei Ra g.472/97 (LGT). que reservou ao roaer
Executivo (artigo 18. tlj a prerrogativa de organizar as outorgamdos serviços prestados em regime
público (editando o Plano Geral de Outorgam).mas.conferiu à ANATELa competência tartigo l y vi 4zComo é o caso. por exemplo. dos setores que fornecem infra-estrutura ou equipamentos no setor de
para editar os atos de outorga. A necessidadede se reservar.o poder de outorga (vinculado. telecomunicações. ou dos operadores do serviçode gás canalizado com relação ao setor de petróleo.
preferencialmente. por balizas de políticas públicas) decorre do fato de que as condições com que '8 Aqui. por uma questão de uniformidadeadoto o termo "poder de recomendação"embora mais
se leva a cabo o processo de outorga condicionarão a futura regulação sobre o bem ou atividade adequado seja prerrogativas de recomendação. Trata-se aqui da necessidade de integração entre a
outorgada Os termos e condições presentes no ato de outorga integrarão os marcos regulatór os a atuação dos órgãos de regulação com as instâncias centrais do poder político. pois aqueles reúnem
serem observados. Doutro bordo. interesses estatais presentes no momento da outorga poderão nformações sobre o setor regulado que são essenciais para a formulação de políticaspúblicas. Nesta
interferir na regulação'É o caso. por exemplo. da predominância de interesses de arrecadação de perspectiva. cria-se um poder-dever para o regulador. pois este não pode se furtar a fazer recomen-
õnuspela outorga'(quando onerosa). que predicarão condições económicas de significativo impacto dações ou responderconsultas do poder político. da mesma forma como não me parece lícitoque o
na regulação tarifária ou na equação económica de um contrato de concessão núcleo do poder desconsidere as informações ou recomendações do regulador para mais
46Quando a regulação envolve a concessão de serviços públicos surge a questão de saber da adequadamente decidir os objetivos e orientações que se pretende ver impressas no setor regulado
conveniênciado poder concedenteser representadopela agência. Parece que não seja esta a 49Entre nós, já no início da década de 40. Bilac Pinto (Cf. Rega/amentação ffetíva dos Sem/ços de
melhor alternativa. A dissociação entre poder concedente e agência é conveniente. pois. na Ut///JadePúb//ca.2. ed. Atualizadapor AlexandreSantosde Aragão. Rio de Janeiro: Forense,
regulação da concessão.'poder concedente. usuário e concessionário estarão. todos. sujeitos à 2002, p. 119) já propugnava pela concentração de funções típicas dos três poderes nos órgãos de
atMdade do regulador. Portanto. é conveniente que. nos contratos de concessão. a Administração regulação(que ele designava de comissões de fiscalização e controle para os serviços de utilidade
pública). Com extrema lucidez. aludia ele ao fato de que as tais comissões deveriam ser autarquias
Central partic pe como poder concedente. o que reforça a neutralidade.do regulador. A agência com poderes "semi-jurisdicionais. administrativos e normativos" e constituídas por peritos e juristas
pode. inobstante.promoveros atos e procedimentosde outorga e. doutro bordo. integraro com elevado "sentido público
contrato de concessão como agente estatal encarregado de tutelar os interesses envolvidos
Agências Reguladoras Independentes - Fundamentos e seu Regime Jurídico 63
62 floriano de Azevedo Marques Neto
3.4.2 Independência e consumidores como ocorre, por exemplo, quando o agente regulador cede a
Do mesmo modo, embora deva ter um compromisso pressões de grupos específicos de consumidores, criando pleitos
forte com os consumidores (em benefício de quem deve se dirigir indenizatórios dos prestadores dos serviços que, via equilíbrio
a regulação), a agência não pode se transformar num simples económicofinanceiro, são transferidos para o Poder Público
e incondicional promotor do interesse do consumidor, desco- e, pela via fiscal, para toda a gente
nhecendo as outras dimensões da atividade regulatória. Tal
atividade não pode se traduzir num populismo regulatório. 3.4.3 Independência e poder político
Se o fizer, poderá estar descurando da proteção do interesse do Porém, a dimensão da independência mais polêmica é a
indivíduo, que não pode usufruir do serviço (o que denomi- que tange à articulação com o poder político. Parece-nos abso-
namos de consumidor potencial)," para atender apenas ao lutamente relevante que a atividade do órgão regulador seja
interessedo usuário, em regra mais aquinhoado, algo muito protegida das vicissitudesdo poder político. Bem é verdade
comum quando se discutea Hlxaçãode tarifas em serviços que será no âmbito governamental (envolvendo Executivo e
públicos. Do mesmo modo, o atrelamento exclusivo ao interesse Legislativo) que serão definidas as pautas, as balizas, da ativi-
do usuário pode levar, em situaçõeslimite, ao aniquilamento dade regulatória: as leis que suportam os instrumentos regula-
de parcela dos exploradores da atividade I'egulada, acarretando, tórios e as macro-políticas para o setor. Porém, definidos estes
a longo prazo, a redução da competição (com a oligopolização marcos, devem as agências desenvolver sua atividade com um
ou monopolizaçãodo mercado específico)-Por fim, a exorbi- grau elevado de independência em face do poder político,
tância na tutela dos interessesdos usuários pode acarretar sob pena de se converterem em meras /o?zgama?zwsdo núcleo
prquízos para o Poder Público (é dizer, para a coletividade), estratégico estatal.
A especificidade e a especialidade, que predicam a neces-
sidade de um setor contar com um órgão regulador próprio,
interditam que a atividade regulatória seja permanentemente
pautada pela interferência política. A nova regulação é, sem
dúvida, um instrumento de implementação de uma política
pública num determinado setor. Não pode, porém, se trans-
formar em instrumento dojogo político em particular.
Um exemplo parece ser ilustrativo. Deve o órgão regulador
deter suficienteindependência (apoiada pelos instrumentos
legais adequados) para, por exemplo, se opor ao interesse de
um governanteque, numajogada eleitoral, ingentereduzir à
via de regra mais articulados e mobilizados. metade as tarifas praticadas para um determinado serviço
Agências Reguladoras independentes - Fundamentos e seu Regime Jurídico 73
72 floriano de Azevedo Marques Neto
dirãgenfes
das agências." Esta estabilidadese traduz a) na 3.5.1 .2 Ausência de controle hierárquico
investidura de mandatopara os dirigentes (Hlxaçãode um prazo Ainda no plano da independência orgânica, à estabilidade
para exercício das funções) e b) na conseqüente inamouáói/dado dos dirigentes soma-se a aztséncía de mecanismos f@ cos do confio/e
(não demissibilidade)destesdurante o período do mandato, #ierárqaico.É dizer, os atos praticados pelas agências não são
salvo em circunstâncias excepcionais (prática de aros de impro- passíveisde anulação, revisão ou revogação por parte dos diri-
bidade, condenação criminal, descumprimento reiterado dos gentes do órgão da Administração central aos quais os órgãos
objetivos do setor). reguladores são institucionalmente vinculados. A razão da
Essa estabilidadeassegura, em última instância, que o inexistência de controle hierárquico é de fácil entendimento.
regulador poderá exercer suascompetências sem estar ameaçado Se admitida esta espécie de controle, os órgãos da Adminis-
de ter sua atuaçãointerrompida por ato de vontade dos diri- tração direta poderiam interferir permanentemente na ativi-
gentes do poder central. Tal aspecto relevante da independência dade do regulador, monitorando seu fitose, sempre que tomados
das agênciasfoi bem percebido pelo Ministro Marco Aurélio em contrário à vontade política existente no núcleo do poder,
de Mello quando, ao deferir liminar em Adin já referida, desfaziamo ato reformando-o ou determinando o seu refazi-
asseverou"Ninguém coloca em dúvida o objetivo maior das
mento." Assim, descabem, no âmbito interno ao poder execu-
agências reguladoras, no que ligado à proteção do consumidor,
ineficiência, domínio tivo,õõtanto a tutela dos atou praticados pelo regulador, quanto
sob os mais diversos aspectos negativos
a sua revisão de ofício ou mediante recurso do interessado.õ7
de mercado, concentração económica, concorrência desleal e
aumento arbitrário de lucros. Hão de estar as decisões destes
órgãos imunes a aspectos políticos, devendo fazer-se presente, õsComo bem lembra Alexandre Santos de Aragão. a existência do controle hierárquico "deitaria por
terra todo o arcabouço institucionaltraçado pelo ordenamentojurídico para as agências
sempre, o contorno técnico. É isso o exigível não só dos reguladoras. tornando inócua. por exemplo. a vedação de exoneração adnutum de seus dirigentes
O espírito da disciplina destas entidades. que é justamente o de afasta-las das injunções político-
respectivos dirigentes -- defezzlores de mazzdafo --, mas também eleitorais fugazes e casuísticas. restaria totalmente corrompido se o Ministro ou Presidente da
República pudesse a qualquer momento impor caso a caso sua vontade."(Cf. 4génc/asRega/adoras
dos servidores (...)"" Rio de Janeiro: Forense. 2002. p. 349)
õõClaro deve estar que estes atos são passíveis de revisão peloJudiciário. Demarco que a independência
orgânica não significa. de modo algum. a ausência de qualquer controle da atividade das agências
Tais órgãos devem se submeter -- e de algum modo já se submetem -- a um conjunto de
õ3E interessante notar que foi justamente este aspecto(estabilidade dos dirigentes das agências) que mecanismos de controle. O que se quer afastar aqui é o controle de tipo hierárquico. que levaria
levado à apreciação da Suprema Corte Americana. ensejou a decisão que passou a admitir a existência à submissãodo regulador à cadeia de comando do Poder Executivo
destes órgãos (protegidos face ao Chefe do Executivo).Trata-se do célebre caso Humphrey Executor
X EUA. julgado em 1935 (295. U.S. 602, 55 s. Cit« 869. 79. L. Ed. 1611) onde se discutia basicamente õzSomente em duas hipóteses entendo que seria possível se cogitar de exercício do poder de controle
o direito de o regulador (William E. Humprey) seguir à frente do Federal Trade Comission. para a de viés hierárquico em face de ato do regulador dotado de independência.A primeirahipótese
qual ele havia sido nomeado pelo Presidente Houver por um mandato de 7 anos(que só se expiraria cuidaria de flagrante descumprimento de políticas públicas pelo regulador quando então calharia
em setembro de 1938). Ao assumir o governo. o Presidente Roosevelt pretendia nomear algum ao p?rticular atingido se socorrer do disposto no artigo 5', XXXIV (direito de petição contra
próximo seu para substituir Humphrey. Este. porém. não aceitando retirar-se do cargo. foi demitido ilegalidadeou abuso de poder). para comunicar a ilegalidade praticada pelo reguladore exigir
por Roosevelt em outubro de 1933. Faltando:lhe ainda cerca de cinco anos de mandato. assegurado que a mesma seja reparada. A segunda hipótese ocorreria em situaçõesem que. no âmbito do
por lei federal (o FederalTrade Comission Act). Humphrey recorre ao Judiciário pedindo que fosse regulador. uma decisão é tomada em caráter originário e definitivo pelo órgão máximo da agência.
indenizado pelo prazo restante. A questão chega à Suprema Corte em 1935. E. na oportunidade. mpedindo qualquer recurso válido no seu âmbito. Nesta hipótese. creio que caberia ao particular.
decide-se por distinguir as executiveagencies das independent agenciei. admitindo para estas a respaldado no disposto no artigo 5'. LV. invocar o devido processolegal para fazer valer o seu
possibilidade de serem imunes ao controle do Chefe do Executivoe a admissibilidade de que por lei direito de ver a,questão analisada pelo menos em uma instância de recurso distinta daquela que
os seus dirigentessejam investidosna função por prazo de mandato. É importante notar que o praticou o ato. E por esta segunda possibilidade que se faz necessário que as decisões das agências
PresidenteRoosevelt.que iniciou seu mandato confrontando a independênciada FTC. logo se sejam tomadas inicialmente nas suas instâncias inferiores e de forma criteriosa e motivada. permi-
apercebeu da importânciadestes mecanismosde intervençãoestatal. passando para a história tindo que os órgãos colegiados de direção superior da agência atuem como instância recursal
como o governante americano que mais alavancou a autonomia das agências efetiva. Sem isso. creio. estará o particular legitimado para procurar outras instâncias administra-
õ' Cf. Ação Direta de InconstitucionalidadeRo 2.310-DFIcit. tivas para exercer seu direito de recorrer.
76 Floriano de Azevedo Marques Neto
Agências Reguladoras Independentes - Fundamentos e seu Regime Jurídico 77
Cat)ítuto 4
tiver rigor e transparência para assegurar à sociedade que os
objetivos da regulação continuam sendo públicos.
A independência das agências,já afirmamos, deve se
manifestar em relação a todos os interesses envolvidos com a Agências e Governo
atividade regulatória. Porém, como do ponto de vistajurídico
e institucional é perante os órgãos de governo que a indepen- Sumário: 4.1 A legitimidade democrática das agências - 4.2 Política
dência se mostra mais polêmica. Cremos ser importante, então, de Estado. política de governo, políticas públicas e políticas
regulatórias - 4.2.1 Políticas de estado - 4.2.2 Políticasde governo
abordar um pouco as fronteiras entre regular e governar. 4.2.3 Políticas públicas 4.2.4 Política regulatória - 4.3 Funções
de estado e funções de governo - 4.4 Aimplementação das políticas
públicas: critérios de mediação, ponderação e prudência - 4.5 A
difícil articulação entre políticas públicas e políticas regulatórias