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Aluno: Gabriel Guimarães Viana
Professor(a): Cynthia Leite Marques
Avaliação G2 - QUESTÕES
Resposta:
2 Ibid., p.8
5 FAGUNDES, Miguel Seabra. O controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário.
Saraiva: São Paulo, 1984. p. 11-13
Resposta:
O recrudescimento da crise sanitária do novo coronavírus apresentou uma
nova realidade para humanidade, repentinamente as pessoas foram obrigadas a
permanecerem em isolamento social e utilizar cada vez mais os meios telemáticos
para interagir com outros indivíduos e realizar as tarefas pertinentes ao dia-a-dia.
Nesse contexto de isolamento social, o comércio digital se consolidou como
tendência inexorável, correspondendo à maior fatia das vendas do varejo no ano de
2020. Dessa forma, a migração para o comércio digital apresentou considerável
ganho de satisfação e bem-estar para os consumidores, assim como a redução dos
custos de transação dos empresários.
Nada obstante, nota-se que os agentes econômicos incumbentes
aumentaram seu poder de mercado e influência sobre os aspectos comerciais e
informacionais que compõem a dinâmica empresarial calcada na integração cada
vez mais viceral com a internet. Não é difícil identificar que o crescimento
demasiado de grandes conglomerados de empresas digitais enseja uma série de
condutas concorrencialmente ilícitas, como por exemplo: a utilização indevida de
dados pessoais para “target advertising”; concentração vertical; aumento de preços;
prática de condutas anticoncorrenciais e aumento das barreiras de entrada.
Observada tal desequilíbrio na organização eficiente dos mercados, faz-se
necessário recorrer ao direito Antitruste, com objetivo de mitigar os efeitos nocivos
do acúmulo e abuso do poder de mercado pelos gigantes digitais. Nesse passo,
cumpre pontuar que as normas regulatórias de defesa da concorrência, vide a Lei nº
12.529/11 - LDC, têm como titulares dos bens jurídicos protegidos: a coletividade e
a ordem econômica.
Isto é, o arcabouço normativo ali consubstanciado não visa tutelar o
concorrente (função das normas de vedação a concorrência desleal), tampouco o
sujeito de direito do consumidor (atribuição da Lei nº 8.078/1990 - Lei de Defesa do
Consumidor), mas sim o conjunto de núcleos de interesse que orbitam a relação
jurídica complexa da concorrência.
Ocorre, todavia, que no decorrer das últimas décadas, sob influência do
referencial neoclássico/ortodoxo, os objetivos centrais da regulação antitruste foram
substituídos gradativamente pelos conceitos vagos de “eficiência” e “bem-estar do
consumidor”, cujos impactos provocaram o subdimensionamento dos efeitos da
concentração de poder de mercado no âmbito da coletividade.
Diante do processo de desregulação e flexibilização do enforcement das
normas antitruste presenciou-se o crescimento de (i) agentes econômicos
monopolistas; (ii) aumento da interação vertical entre setores da economia; (iii)
expansão de condutas anticompetitivas; (iv) e criação de barreiras artificiais à
entrada.
Dentre as consequências deste processo, insta destacar o aumento de
práticas de abuso de poder econômico e a redução de competidores que possam
contestar a supremacia dos “Gigantes Digitais”: Amazon, Facebook, Google e Appel,
que em diversas jurisdições já enfrentam ações judicias antitruste, com o objetivo de
limitar o avanço da concentração de poder de mercado e o tratamento de dados
pessoais com o intuito de auferir vantagens comerciais estratégicas.