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Notícias de Alagoas

ATALIBA DE ABREU NETO


HISTÓRIA do território alagoano é curta, porém acidentada e altiva. Alagoas esteve
anexada ao estado de Pernambuco até 16 de setembro de 1817 e como capitania autonoma
até 1822, quando passou a ser província do Império do Brasil. Proclamada a primeira
República constituiu-se Estado em 11 de junho de 1891.
Conhecida como a Terra dos Marechais, a Terra dos Coqueirais, a Terra das Alagoas,
seu solo é geralmente plano, arenoso dezenas de lagoas enfeitam o litoral. Estado
riquissimo, conta várias dezenas de usinas de açúcar, muitos banguês e varias distilarias. É
um Estado privilegiado, estende seu, litoral do rio Persinunga, ao norte, até o baixo
Francisco, ao sul. O solo alagoano constitui uma região de transição do Nordeste para o
Brasil Leste .
A História da Igreja Adventista em Alagoas é também uma história curta e fácil de ser
contada. Ha uns e três anos foram ganhas em Maceió as primeiras almas. Passaram por este
distrito vários obreiros. São lembrados por um ou outro dos sobreviventes: pastores
Kuempel, Schneider, Baracat, Wilfart, Jairo Araújo, W. Stohr e Pedro Luiz de Souza.
Peregrinou o salão de culto por quase todas as ruas centrais Maceio ate que em 1944 a
Organização Superior financiou e foi construida a Igreja Adventista, na Ladeira Rosalvo
Ribeiro, 149, no Bairro do Farol.
Vou resumir o que se passou nestes dois anos que estamos trabalhando aqui em
Máceió. Começámos nosso trabalho aqui em 1949. No segundo trimestre, logo que
cheámos, caiu a tromba de ágüa que assolou Macei6. Centenas de casas foram derribadas e
milhares de pessoas ficaram ao desabrigo. Nossa igreja contava no rol de membros 54
pessoas, seis ausentes e mais seis morando no interior do Estado. Tínhamos 6 irmãs
velhinhas, que por muitos anos não podiam mais subir a Ladeira da Igreja, mas eram
membros fiéis. Quase cada janela da igreja tinha um vidro quebrado. Parecia que um
combate de proporções assustadoras se tinha travado nas redondezas ou nas vizinhanças da
igreja, tal o número de telhas e vidros quebrados. Mil e novecentos e setenta alunos sobem
e descem, diariamente, passando diante de nossa igreja Colégio Guido de Fontgaliand,
1.200; Colégio Baptista Alágoano, 450; Colégio SS. Sacramento, 350 e todos eles
aborrecem a Igreja.
Nosso primeiro trabalho foi aplainar as divergencias existentes dentro dá igreja; segundo,
aproximar--nos das autoridades policiais e captarmos as simpatias do Governo do Estado
para evitar os prejuízos constantes que sofríamos semanalmente; o governador fez o seu
melhor. O terceiro foi o evangelismo Através dás ondas sonoras'da Rádio Difusora de
Alagoas, Z. Y. 0. 4, levamos pelos céus de Alagoas a Mensagem do Advento aos mais,
distantes recantos do Estado. Em resultado deste trabalho, Deus levantou interessados em
Arapiraca, S.Miguel dos Campos, São José da Laje, Palmeira dos índios, Ibateguara,
Penedo e Colónia Leopoldina. E actualmente estamos construindo duas capelinhas e temos
mais um terreno comprado para uma outra. Realizámos duas séries de conferências
públicas. Em resultado destes esforços e com au- 'lio de folhetos temos, ou melhor xi
passámos de 54 para 123 membros baptizados, de 61 membros na escola sabatina para 154.
... “Com alegria saireis, e em paz sereis guiados” Isaías 54:12.
A Igreja gastou em melhoramentos Cr$ 19.880,00, comprámos um harmónio, um serviço
completo para a santa ceia, toalhas, bacias, e construímos dois quartinhos (pois esta igreja
era apenas um salão), e um baptistério.
Dois grandes males entravavam o progresso de Maceió. O primeiro era a ideial, “somos
uma igreja muito pobre”, e o segundo: encontrámos um aleijado velhinho, e precisa de
tratamentos e auxilios-o. Fosse como fosse, aleijado, paralítico, cego ou com qualquer
defeito era sem dúvida um cadidato a membro da Igreja. Arrancarmos essa ideia de pobreza
foi difícil demais, ano e meio nos custou de trabalhos. Somos muito pobres, não podemos
assinar a Revista Adventista, não podemos comprar folhetos, não podemos comprar
harmónio, não podemos pintar a Igreja, não podemos ;comprar mais bancos, não podemos
fazer os trabalhos da Semana Grande, etc. Uma lei só se revoga por outra lei. Procuramos
que todos dissessem muitas vezes, Nós não somos pobres, não podíamos ser pobres, tendo
uma herança a receber nos céus. Se somos a igreja de Deus, não somos pobres. A
professora fazia os alunos responderem em coro: “Nós não somos pobres”, e desde então,
errados de espírito vieram a ter os e entendimento, e os murmuradores, contra a Missão,
aprenderam doutrina (Isa. 29: 24). Para o segundo mal (só velhos e aleijados deviam ser
adventistas), usamos o que Jesus ensinou: “deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir
aquelas.” S. Mat. 23-23. Trabalhar por todos e com todos. “A toda nação e tribo.”
Hoje não somos pobres, temos saúde, ternos uma herança nos céus, temos o pão de cada
dia, e temos com que nos cobrir estejamos com isso contentes.” Jamais esqueçamos,
queridos irmãos, leitores da Revista Adventista: “A bênção do Senhor é que enriquece, e
não acrescenta dores.” Prov. 10:22. Depois de dois anos de trabalhos, olhando para o que
Deus fez por nós, como o salmista teremos de exclamar: esperto está o Senhor de todos os
que O invocam, de todos os que O invocam em verdade”. Sal. 145:18 Temos sentido muito
de . perto a mão do Senhor. Deus fez mais por nós do que nós merecíamos. “A Ti, ó Deus,
cantarei um cântico novo; para que não haja nem assaltos, nem saídas em nossas ruas”.
Sal. 144:9 e 14.
Ataliba ABREU NETO, Notícias de Alagoas. Revista Adventista. fev. 1952. pp.
11 e 12.

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