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Universidade Federal de Ouro Preto

Escola de Minas
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

Capítulo 4

TRANSFORMAÇÕES DIFUSIONAIS
NOS SÓLIDOS

Prof. Dr. Geraldo Lúcio de Faria


e-mail: geraldolfaria@yahoo.com.br
Laboratório de Tratamentos Térmicos e Microscopia Óptica 1
4.1 – Teoria Clássica de Nucleação

Nucleação Homogênea em Sólidos

Consideremos o sistema ao lado em um


resfriamento, onde uma fase b irá se precipitar
a partir de uma fase a.

As mudanças de energia livre associadas ao


processo de nucleação da fase b possuem três
Precipitado de b contribuições:
em uma matriz
de a 1. Diminuição de energia de volume V.DGv;

2. Aumento de energia de interface a/b em


A.g;
3. Aumento de energia em decorrência de
deformações para acomodação do
volume do novo precipitado V.DGs

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Da equação anterior, podemos
escrever que:

Derivando-se a equação acima


e igualando-a a zero, pode-se
determinar o raio crítico de
nucleação (r*) e a energia
crítica DG*:

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A concentração de núcleos com tamanho crítico
é dada por C*, que pode ser expressa por uma
equação do tipo Boltzmann:

Onde C0 é o número de átomo por


unidade de volume na fase e k é a
Considerando que a frequência de constante de Boltzmann.
formação de núcleos por segundo seja f,
a taxa de nucleação homogênea será
dada por:

O parâmetro f depende de com que frequência um


núcleo crítico pode receber átomos da matriz. Se a
energia de ativação para migração atômica é DGm,
logo, pode-se escrever que:

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Com a diminuição da temperatura de
transformação (aumento do super-
resfriamento), há um aumento da força
motriz e uma diminuição da barreira de
energia (favoráveis à nucleação).
Entretanto há uma significativa
diminuição da frequência com que o
núcleo recebe átomos (prejudicial à
nucleação).

(a) Parte do diagrama de fases, (b) Força motriz efetiva


e barreira de energia resultante, (c) Dois termos
exponenciais que determinam a taxa de nucleação, (d)
Taxa de nucleação.

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Nucleação Heterogênea em Sólidos

A nucleação heterogênea em sólidos consiste na nucleação a partir de defeitos como


vacâncias, discordâncias, contornos de grão, inclusões, superfícies livres, entre outros que
contribuam para o aumento de energia livre do sistema.

Vimos que na nucleação HOMOGÊNEA, temos:

Na nucleação HETEROGÊNEA, temos:

Termo associado à aniquilação


de um defeito, contribuindo para
a diminuição da energia livre do
sistema.

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Nucleação Heterogênea em Contornos de Grão:

O embrião ótimo será aquele cuja forma


minimiza a energia livre total. Esse
embrião será encapsulado por duas
calotas esféricas.
Desprezando-se a componente de
deformação, pode-se escrever que:

De onde determina-se o raio crítico:

Demonstra-se que:

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A taxa de nucleação heterogênea pode ser, por
analogia, escrita da seguinte maneira:

De forma que, pode-se demonstrar que:

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4.2 – Teoria do Crescimento de Precipitados

Crescimento de Precipitados em uma Matriz


Semi-infinita

Consideremos uma liga eutética qualquer cujo diagrama de fases é apresentado abaixo:

• Caso a liga seja aquecida até uma temperatura Ts,


teremos uma solução sólida constituída por a;

• Ao resfriarmos lentamente a liga até uma


temperatura Tp teremos duas fases (a e b) onde a
concentração de soluto, no equilíbrio, em a e b é
respectivamente Ca e Cb;

• Ao resfriarmos rapidamente essa liga até uma


temperatura Tp teremos apenas a fase a
supersaturada, cuja concentração de soluto será C0;

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Imaginemos que um precipitado de b na forma de uma placa. Um modelo simples para
descrever o seu crescimento consiste em avaliar o seu crescimento unidimensional.
Modelo de Equilíbrio
Local

Resolver a Segunda Lei de Fick:

No infinito a concentração
Interface entre o precipitado b de soluto em a é C0
e o grão de a

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Solução Aproximada de Zener Com Perfil Linear

Aproximação: Substituir o perfil da


equação clássica de difusão por um
comportamento linear.

Para encontrar a solução que caracterize o


crescimento do precipitado é preciso
trabalhar dois balanços:

O ganho de massa do
Balanço de Massa precipitado é igual à
perda de massa de a.

O número de átomos que


chega à interface é igual ao
Balanço de Fluxo
número de átomos que vai
para o precipitado.

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Balanço de Massa

O ganho de massa do precipitado é


igual à perda de massa de a.

Devemos ter A1=A2!!!


A1

A2
Logo:

Ou ainda:

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Balanço de Fluxo

O número de átomos que chega à


interface é igual ao número de átomos
que vai para o precipitado.
Sabemos que:

Quando o precipitado cresce de um ds a matriz na


interface tinha concentração Ca, logo, dinamicamente
tem que entrar (Cb-Ca) por unidade de área e por
unidade de tempo.

Finalmente:

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Finalmente!!!

Finalmente trabalhando as equações resultantes dos dois balanços, isolando a variável L:

Balanço de Massa Balanço de Fluxo

Temos:

Portanto,

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4.3 – Austenitização em Aços

 A transformação de fase nos aços  T>A1  austenitização.


 Importância: aços são frequentemente processados no campo de fase austenítico -
tratamentos térmicos, termomecânicos e termoquímicos.
 Cinética de austenitização: composição química, taxa de aquecimento, tamanho
das partículas e distribuição individual das fases de origem (microestrutura inicial).
1200

g 2,14
(austenita)

1000
Acm

Temperatura (oC)
912

A austenita é estável acima A3


800
g+a
da temperatura A3 ou Acm. 0,76
A1=727oC

a
(ferrita) 0,022
600

a + Fe3C

400

1 2
(Fe)
% em peso de C

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A grande maioria dos aços, quando termicamente tratados, serão processados de forma que
haverá a formação de austenita em sua estrutura e essa fase será majoritária. Durante o
resfriamento controlado desses aços, as características da austenita original serão de fundamental
importância para a evolução das transformações de fases, para as características dos constituintes
formados e para as propriedades mecânicas final do produto.

Condições de
Austenitização

Dissolução ou Não de Tamanho de Grão


Carbonetos Austenitização Austenítico

Homogeneidade da
Austenita

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Nucleação e Crescimento da Austenita
 Composição química;
 Taxa de aquecimento;
Formação da austenita  Microestrutura inicial: ferrita, perlita, martensita,
bainita ou cementita esferoidizada ou a mistura
destas.

 Ac1: temperatura de início de formação da


austenita sob aquecimento contínuo;
 Ac3: temperatura de fim de formação da
Cinética de austenitização austenita sob aquecimento contínuo;
 Tempo de transformação

Dilatometria

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Já vimos que no RESFRIAMENTO:
• Quanto menor a temperatura de decomposição da
austenita em ferrita, maior será a força motriz para a
transformação, porém menor será a difusividade;

• Quanto maio a temperatura de decomposição da


austenita em ferrita, maior será a difusividade, porém
menor será a força motriz;

• Justificativa para o diagrama TTT ser em “C”;

• É possível reter austenita não transformada em baixas


temperaturas;
No AQUECIMENTO:
• Quanto maior a temperatura de transformação da
ferrita em austenita, maior será a força motriz para a
transformação e maior será a difusividade;

• Não é possível reter ferrita não transformada em


temperaturas elevadas.

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a) Efeito da composição química

Ac1 = 723 – 10,7Mn – 16,9Ni + 29,1Si +16,9Cr + 290As + 6,38W

Ac3 = 910 – 203.(C)1/2 – 15,2Ni + 44,7Si +104V + 31,5Mo + 31,1W

Coeficiente negativo: elementos químicos estabilizadores da fase austenita   Ac1 e Ac3


Coeficiente positivo: elementos químicos estabilizadores da fase ferrita Ac1 e  Ac3

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Outros autores propõem equações de previsibilidade mais complexas baseadas em
regressões lineares múltiplas mais abrangentes:
Ac1 (°C) = 723-7,8·Mn+37,7·Si+18,1·Cr+44,2·Mo+8,95·Ni+50,1·V+21,7·Al+3,18·W+297·S
-830·N-11,5·C·Si-14·Mn·Si-3,1·Si·Cr-57,9·C·Mo-15,5·Mn·Mo-5,28·C·Ni-
27,4·C·V+30,8·Mo·V-0,84·Cr2 -3.46·Mo2 -0.46·Ni2 -28·V2

Ac3(°C)=912-370·C-27,4·Mn+27,3·Si-6,35·Cr-
32,7·Ni+95,2·V+190·Ti+72·Al+64,5·Nb+5,57·W+332·S+276·P+485·N-
900·B+16,2·C·Mn+32,3·C·Si+15,4·C·Cr+48·C·Ni+4,32·Si·Cr-17,3·Si·Mo
+18.6·Si·Ni+4,8·Mn·Ni+40,5·Mo·V+174·C2+2,46·Mn2-
6,86·Si2+0,322·Cr2+9,9·Mo2+1,24·Ni2-60,2·V2

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Efeito da concentração de Nb nas temperaturas Ac1
e Ac3 de um aço baixo carbono microligado.

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b) Efeito da microestrutura inicial
b.1) Formação da Austenita a partir da Perlita

α+→g
α - ferrita, θ - cementita e g - austenita.

Nucleação da austenita: preferencialmente


na interface entre duas colônias de perlita e
na interface α/θ dentro de uma colônia de
perlita.

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Questão Importante: Porque se pode afirmar que a nucleação da austenita na perlita
acontece preferencialmente nas interfaces entre colônias e não nas interfaces
ferrita/cementita?
Raciocinemos...
Diversas interfaces Por exemplo, se o espaçamento
ferrita/cementita interlamelar de uma colônia de perlita é
5x10-4cm....

A área de interface ferrita/cementita por


cm3 seria 4000cm2....

Se considerarmos que um núcleo de


austenita se formasse preferencialmente
Interface entre duas nestas interfaces, um núcleo a cada 10mm
colônias de perlita (5000 átomos de ferro). Teríamos 106
núcleos por interface, ou 109 núcleos em
1cm3 de perlita.

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Se assim fosse, qual seria o tamanho médio dos
grãos austeníticos no final da austenitização?

Aço Eutetóide
Ferroviário - MO

Aço Eutetóide Ferroviário - MEV

Conclui-se que as interfaces


ferrita/cementita não são os
Austenitizado a 1000°C – sítios preferenciais de
Grãos austeníticos prévios austenitização.
revelados por Teepol

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 A taxa de nucleação da austenita é alta, mas o sítios potenciais de nucleação não são
numerosos, o que leva a rápida saturação. A taxa de formação da austenita é
controlada pela taxa de crescimento dos grãos austeníticos.
 Crescimento dos grãos austeníticos: controlado por difusão em volume do carbono
na austenita - mobilidades atômicas são frequentemente altas nas temperaturas
acima da temperatura eutetoide.
 Cinética de formação da austenita depende do espaçamento interlamelar da perlita
(distâncias médias de difusão dos átomos de carbono são da ordem deste
espaçamento).
 A taxa de crescimento da austenita na perlita decresce com o aumento do
espaçamento interlamelar.

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Austenita
homogênia

Austenita

Temperatura (ºC)
heterogênea

Au
st
Austenita + cementita

e ni
ta +
per
lita
+c
em
e nt
ita
Perlita

Tempo (s)

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Figura esquemática ilustrando a formação isotérmica de austenita
a partir de uma estrutura original totalmente perlítica.

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Efeito da temperatura de transformação sobre a
cinética de austenitização isotérmica
Evolução da formação de austenita a partir
de perlita – Microscopia óptica.

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b.2) Formação da Austenita a partir da Ferrita + Perlita

Formação da austenita: ocorre em duas etapas


 Primeira etapa: dissolução da perlita  T > Ac1.
Nucleação dos grãos austeníticos: interfaces entre as colônias de perlita e nas
interfaces α/θ dentro da colônia.
Transformação da perlita em austenita: rápida  distâncias médias de difusão dos
átomos de carbono são da ordem do espaçamento interlamelar.
 Segunda etapa é a transformação da ferrita em austenita. A taxa de crescimento
da austenita na ferrita é mais lenta que na perlita e é também controlada pela
difusão dos átomos de carbono na austenita

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De acordo com Caballero et al.
(2001), no caso de
reaustenitização da perlita, o fator
estrutural mais relevante a ser
considerado é o espaçamento
interlamelar perlítico. Foi provado
por Roosz et al. (1983) que a taxa
de crescimento da austenita na
perlita aumenta com a diminuição
do espaçamento interlamelar,
isso acontece porque a distância
efetiva para difusão diminui.

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Afi –temperatura de fim de dissolução da perlita

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Metodologia para Avaliar a Evolução
da Austenitização por Microscopia

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Austenitizado a
800°C por 30
segundos

Ataque com reativo à


base de Metabissulfito
de sódio.

Austenitizado a
Microestrutura ferrita-perlita inicial.
840°C por 120
segundos

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Aço: 0,15%C, 1,42%Mn, 0,37%Si, 0,052%Al,
α 0,031%Nb e 0,0042%N
Microestrutura inicial: α é a ferrita,
P é a perlita
f a  73  3%
P

d a  18  0,6mm

- Taxa de aquecimento: 1°C/s

- Têmpera a partir de 725°C (Ac1)

- Ataque: LePera. α - ferrita, P – perlita, M -


martensita.

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b.3) Formação da Austenita a partir de Partículas Esferoidizadas de Cementita em
Matriz Ferrítica

 Nucleação da austenita: interfaces entre as partículas de cementita e ferrita.


 O crescimento da austenita neste tipo de microestrutura ocorre com a formação de uma
camada austenítica em volta da partícula de cementita.
 À medida que a austenita vai crescendo, as interfaces g/α e g/θ vão se movendo
simultaneamente em direções opostas, consumindo a matriz ferrítica e o carboneto, por difusão
do carbono na austenita.

Tempo de austenitização

α α
α α
α g
α α α α

g g
carbonetos carbonetos carbonetos

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• Carbonetos de ferro, ou
outros tipos de carbonetos
são sítios de nucleação de
austenita, especialmente
aqueles que se encontram em
contornos de grãos ferríticos;

• Carbonetos que, na faixa de


temperatura de
austenitização são instáveis,
são dissolvidos durante o
crescimento da austenita;

• A depender da composição
química do aço, mesmo
carbonetos de ferro podem
não ser totalmente
dissolvidos na austenita em
função da temperatura e do
tempo de tratamento.

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Cinética de dissolução de carbonetos de ferro em aço com 1%
de C durante austnitização a 870°C.

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Formação da austenita em torno
das partículas de cementita de
um aço esferoitizado.

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b.4) Formação da Austenita a partir da Martensita

 O estudo da formação da austenita a partir da microestrutura inicial martensítica é


dificultado devido ao revenimento da martensita antes de se atingir a temperatura
de austenitização.
 A martensita revenida é constituída de finos carbonetos distribuídos numa matriz
ferrítica.
 A nucleação da austenita a partir desta estrutura inicia na interface
carboneto/ferrita e principalmente nas interfaces dos carbonetos presentes no
contorno de grão ferrítico e finaliza quando todo carboneto da estrutura for
dissolvido.

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Durante o aquecimento da microestrutura
martensítica original, visando a austenitização do
material, irá ocorrer o revenimento da
martensita e, a depender do aço, isso pode ser
percebido por dilatometria.

Nucleação de
Austenita

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c) Efeito da taxa de aquecimento

900

850
Ac1 and Ac3 (°C)

F+P: Ac1 Ac3


800 F+M: Ac1 Ac3
M: Ac1 Ac3

750

700
0 2 4 6 8 10 12 14
Heating rate (°C/s)

Efeito da taxa de aquecimento e da microestrutura Efeito da taxa de aquecimento e da


inicial nas temperaturas críticas de austenitização - microestrutura inicial no tempo de formação da
Aço: 0,15%C, 1,42%Mn, 0,37%Si, 0,052%Al, austenita - Aço: 0,15%C, 1,42%Mn, 0,37%Si,
0,031%Nb e 0,0042%N. 0,052%Al, 0,031%Nb e 0,0042%N.

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o
txa=16 13 10 5 1 0,1 C/s

1000
- Aço: 0,15%C, 1,42%Mn,
g 0,37%Si, 0,052%Al, 0,031%Nb
900 Ac3
e 0,0042%N

Af - Microestrutura inicial
800 a+g constituída de ferrita e perlita.
Ac1
T ( C)

a+g+P
o

- Af – temperatura de fim de
700 dissolução da perlita
a +P

600
h txa  h Ac3 e h Ac1

500
10 100 1000 10000
Tempo (s)

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- Aço: 0,15%C, 1,42%Mn,
0,37%Si, 0,052Al, 0,031Nb e
0,0042N

- Microestrutura inicial
constituída de ferrita e
perlita.

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Na literatura científica há trabalhos que mostram que com o aumento da taxa de aquecimento: 1) há refinamento do
grão austenítico; 2) há crescimento do grão austenítico; 3) não há infuência no grão austenítico. Apesar de não ser
muito consolidado, percebe-se que o comportamento depende da combinação da taxa de aquecimento com a
temperatura de austenitização.

Efeito combinado da temperatura de


Efeito combinado da temperatura de austenitização e da taxa de aquecimento sobre
austenitização e da taxa de aquecimento sobre o tamanho de grão austenítico de um aço
o tamanho de grão austenítico de um aço comum com 0,47% de C.
comum com 0,2% de C.

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Mas como assim???
Com o aumento da taxa de aquecimento há um aumento
do número de núcleos de austenita e portanto há uma
Teoria Clássica de Nucleação
diminuição do tamanho de grão austenítico inicial (No
instante em que a fração de austenita se torna 1).

Mas ..... Existe a “Breakaway Temperature –


Temperatura de Escape”

Aquecimento em passes para se determinar a “breakaway Relação entre a velocidade de avanço do contorno de
temperature” de aços. grão austenítico e o efeito de arraste de soluto.

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Ora, mas o que isso significa???
Para uma mesma taxa de aquecimento:

Se a temperatura de
austenitização for menor do que
a “breakaway temperature”

Grãos austeníticos como formados.


Grãos austeníticos após intervalo de
tempo Dt.

Se a temperatura de
austenitização for maior do que
a “breakaway temperature”

Grãos austeníticos como formados. Grãos austeníticos após o mesmo


intervalo de tempo Dt.

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Logo, pode-se afirmar para uma temperatura de austenitização menor do que a
“breakaway temperature”, se a taxa de aquecimento for maior, menor será o
tamanho de grão inicial da estrutura austenítica.

Se a temperatura for maior do que a “breakway temperature”, a ideia inicial


permanece a mesma, ou seja, quanto maior a taxa de aquecimento, menor será o
tamanho de grão inicial da estrutura. Porém ao se consolidar a estrutura austenítica
inicial, ela possui mais heterogeneidades em relação àquela proveniente de um
aquecimento mais lento e a força motriz para o crescimento é maior.

Assim sendo, após o processo de austenitização, na mesma temperatura e no mesmo


intervalo de tempo, a amostra submetida à maior taxa de aquecimento poderia
apresentar o maior tamanho de grão austenítico final.

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4.4 – Precipitação de Ferrita a Partir da Austenita

FERRITA

 Decomposição da austenita no resfriamento contínuo em aços baixo e ultrabaixo carbono.


 Duas morfologias: alotriomórfica (ferrita de contorno de grão) e idiomórfica.

Apesar da fase ser cristalina, ela não


retrata esta característica em sua
morfologia

Ela tende a crescer mais rapidamente


ao longo dos contornos de grãos
austeníticos.

Sua morfologia é facetada, refletindo


seu aspecto cristalino.

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Morfologia de ferrita alotriomórfica

Ferrita Alotriomórfica em amostra de aço


com 0,4% de C.

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Morfologia de ferrita idiomórfica

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Teoria Clássica Deformações Orientações
de Nucleação Elásticas Cristalográficas

Considerando que um nucleo


Na formação da ferrita a partir
se forme preferencialmente em
da austenita, há um certo nível
um contorno de grão, haverá
de deformação elástica nas
uma orientação cristalográfica
interfaces para garantir certa
específica onde a energia gag
coerência da estrutura.
será menor.

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Quando a ferrita nucleia nos contornos de grãos da austenita, a rede cristalina de um
núcleo bem sucedido de ferrita estará orientada de forma a minimizar a energia da
interface ferrita/austenita. Essa ferrita de contorno de grão será a alotriomórfica.

• Controlado pela difusão de carbono na


Nucleação Crescimento austenita;

Como vimos, é importante visitar teorias de Nucleação e Crescimento


de Precipitados!!!

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Nucleação da Ferrita

Como já vimos, a nucleação heterogênea é predominante para a formação da ferrita. Sítios


preferenciais de nucleação são defeitos como vacâncias, discordâncias, contornos de grãos,
inclusões, superfícies livres. Todos esses contribuem para o aumento da energia livre do sistema.

A criação de um núcleo resulta na


aniquilação de um defeito e alguma
energia livre será liberada (DGs).

O embrião ótimo será aquele cuja forma


minimiza a energia livre total. Esse
embrião será encapsulado por duas
calotas esféricas.

V é o volume do embrião; Aab é a área da interface a/b ; gab é a


Logo: energia de interface a/b; Aaa é a área da interface a/a .

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Já vimos que o raio crítico de um núcleo esférico
pode ser determinado por:

Pode-se demonstrar que a relação entre as


energias de ativação para nucleação
homogênea e heterogênea é dada por:

O raio crítico de nucleação pode ser Onde:


diminuído se o novo núcleo formar
uma interface coerente de baixa
energia com pelo menos um grão
original da estrutura.

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Efeito de  na energia de nucleação
em contornos de grão relativo à
nucleação homogênea.

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No caso da precipitação da Ferrita a partir da Austenita, teremos:

Em um resfriamento de uma
liga com concentração de
carbono C0

Fluxo de átomos
de Carbono

Interface
Austenita/Ferrita

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Temperatura

cga T
g g
a a
T c
cag

cag c cga c z* z
As camadas de ferrita espessam a uma taxa que é controlada pela difusão de C na
austenita à frente da interface de transformação.

z* = DC (g ).t
( - c)
cga

é( cga - cag ) ( c - cag )ù


1/2

ë û
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(c - c) DC (g ) ( c - c )
ga ga 2
dz*
z* = DC (g ).t =
é( cga - cag ) ( c - cag )ù
1/2
dt éë2z* ( cga - cag ) ( c - cag )ùû
ë û

c ga - c Þ força motriz para transformação


c é afetada pelo acúmulo de C na austenita : c ® c ga
Þ taxa de crescimento de a cessa qdo c = c ga
taxa de crescimento de a é sensível ao conteúdo de C qdo c ® c ag
Þ c = c ag Þ taxa de crescimento ® ¥ (controlada pela difusão)
Outros fatores lim itam a taxa crescimento : transferência de átomos
de Fe através da int erface
A forma da ferrita não é camada ou lamela Þ difusão em 2D ou 3D

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Vejamos um exemplo considerando o resfriamento acelerado de um aço com 0,2%
de C até a temperatura aproximada de 727°C – Foco sobre a precipitação da ferrita
a partir da austenita.

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Caso consideremos uma amostra finita:

• O perfil de concentração não pode ir além da


fronteira da amostra;
• Lc + Sc =1 marca o fim do estágio I e início do
estágio II;
• No estágio I as soluções são semelhantes ao
caso semi-infinito, porém normalizadas.
Estágio I

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Amostra finita Precipitação simultânea

Haverá interferência entre os campos


de difusão – “Soft Impingement”!!!

Fina do Estágio II – Concentrações de Equilíbrio!

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Voltando ao caso do resfriamento acelerado de um aço com 0,2% de C até a
temperatura aproximada de 727°C, podemos comparar a existência, ou não de um
estágio II sobre o crescimento do precipitado (Aproximação de Zener).

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 Ferritas formadas em novas classes de aços (baixo e ultrabaixo carbono): morfologias
não-equiaxiais (resfriamento rápido).
 As faixas de temperaturas nas quais se obtém estas morfologias são intermediárias (as
mesmas nas quais a bainita se forma em aços médio carbono).

 PF= ferrita poligonal


 WF=ferrita de Widmanstätten
 AF=ferrita acicular
 BF=ferrita bainítica
 GF=ferrita granular ou bainita granular
 Ferrita quase-poligonal

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Diagrama de transformação no resfriamento contínuo para um
aço HSLA, contendo (%massa): 0,06C; 1,45Mn; 1,25Cu; 0,97Ni;
0,72Cr; 0,42Mo.

PF= ferrita poligonal


WF=ferrita de Widmanstätten
AF=ferrita acicular
GF=ferrita granular

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A) Ferrita poligonal ou equiaxial

 Formada a temperaturas mais altas e a taxas de resfriamento


mais lentas em aços baixo carbono: nucleiam e crescem como
grãos equiaxiais;
 Baixa densidade de discordância (<107 cm–2) e ausência de
subestruturas (MET);
 Contornos de grão com curvatura considerável (lisos e
contínuos ao MO);
 Nucleiam em contornos de grão austeníticos e os atravessam;
 Crescimento controlado pela rápida transferência de átomo Ferrita poligonal (grãos claros)
substitucional através de contornos parcialmente coerentes e pela formada em um aço HSLA-80
transformado isotermicamente 675°C
alta taxa de difusão dos átomos carbono (que são rejeitados pela por 500s. As estruturas escuras são
ferrita); martensita formada durante a
têmpera após o tratamento
isotérmico. MO.

 Partição de elementos de liga substitucionais na interface da ferrita poligonal: causam redução na


taxa de crescimento do grão.

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B) Ferrita de Widmanstätten

 Grãos grosseiros e alongados (forma


de placas ou ripas);
 WF se forma sob uma rápida taxa de
resfriamento;
 WF nucleia em contornos de grão
austeníticos ou de ferrita poligonal;
 Baixa densidade de discordâncias ou
mesmo ausência;
 WF nucleia via mecanismo difusional
e cresce via mecanismo deslocativo ou Ferrita de Widmanstätten (grãos
claros alongados) formada em um
por cisalhamento; aço HSLA-80 transformado Ferrita de Widmanstätten: baixa
isotermicamente a 600°C por 100s. densidade de discordâncias e ppts
 Ocorre difusão de átomos intersticiais Áreas escuras: martensita formada de cobre em um aço HSLA, contendo
durante a têmpera após o cobre, resfriado a 0,1°C/s. MET.
durante o crescimento da WF. tratamento isotérmico. MO.

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Geralmente o crescimento da
ferrita de Widmanstatten ocorre
somente na ferrita alotriomórfica

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C) Ferrita Massiva (Quase-Poligonal)

 Aços ultrabaixo carbono;


 Formada sob resfriamento rápido o suficiente para
minimizar a partição do carbono;
 Grãos relativamente grosseiros com contornos irregulares e
com presença de subestruturas (presença de discordâncias);
 A austenita matriz e a ferrita formada têm idealmente a
mesma composição;
 Pode haver uma pequena taxa de difusão através da
interface de transformação (átomos intersticiais e
substitucionais), causando crescimento irregular e gerando
contornos de grão pontiagudos;
 Boa combinação de resistência mecânica e ductilidade Ferrita Quase-Poligonal formada em um
aço ultrabaixo carbono contendo 0,005C e
3,0Mn resfriado a 50°C/s. MO.

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D) Ferrita Bainítica

 Cristais muito finos, formados a temperaturas


relativamente baixas (difusão lenta), sob maiores
taxas de resfriamento, em aços ultrabaixo carbono;
 Estrutura de cristais aciculares em grupos
paralelos;
 Há presença de austenita retida ou constituinte
MA (também assumem forma acicular) dentro dos
grãos originais de austenita, entre as ripas de
ferrita;
Ferrita acicular formada por transformação
 Alta densidade de discordâncias; isotérmica de um aço HSLA-80, contendo cobre,
transformado a 500°C por 5000s. MO.

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E) Ferrita Granular ou Bainita Granular

 Taxas de resfriamento mais lentas do


que àquelas nas quais a ferrita acicular
se forma;
 Presença de austenita retida dispersa
ou partículas de constituinte MA;
 Partículas dispersas: morfologias
granulares ou equiaxiais devido ao
formato dos grãos ferríticos;
 Alta densidade de discordâncias;
 Os cristais de ferrita granular crescem ilha de austenita retida em uma
Ferrita granular formada por microestrutura de ferrita granular de
por difusão. resfriamento contínuo de um aço um aço modificado-A710 resfriado a
modificado-A710 a taxa de 1°C/s. MO. 2,5°C/s. MET (feixe difratado);

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F) Ferrita acicular

 Ferrita nucleada no interior dos grãos austeníticos (intragranularmente); temperaturas


tão baixas quanto aquelas de formação da bainita em aços baixo carbono e baixa liga
resfriados continuamente.
 Nucleia de forma heterogênea em sítios como inclusões (ou próxima a estas),
precipitados e outras irregularidades nos grãos austeníticos.
 Na ZF (zona de fusão), a sua formação é favorecida pela presença de precipitados e,
particularmente, de numerosas inclusões resultantes da presença de oxigênio, em
geral, em teores superiores aos do metal base.
 Ferrita acicular: granulação fina (espessura de 2µm; comp/largura=2 a 10) e alta
densidade de discordâncias.
 Entre os grãos, podem existir carbonetos ou outros microconstituintes ricos em
carbono.
 Granulação fina e diferença de orientação cristalina entre as placas  tenacidade
elevada para solda de aço com um limite de escoamento em torno de 500MPa.

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Schematic diagram of intragranular acicular ferrite (IAF) and other ferrite
morphologies in weld metal

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Predominately acicular ferrite microstructure – low-carbon, low-alloy steel weld

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Micrographs showing typical weld
metal microstructures in low-
carbon steels.
A- grain boundary ferrite
B- polygonal ferrite
C- Widmanstätten ferrite
D- acicular ferrite
E- upper bainite
F- lower bainite

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4.5 – Precipitação Celular

Precipitações sem contornos de grãos nem sempre resultam em produtos de


transformação que possam ser classificados como alotriomórficos , ou de
Widmanstätten. Em alguns casos, a precipitação em contornos de grão pode se dar de
um modo diferente, conhecido como precipitação celular. Essa transformação, de forma
genérica, pode ser escrita como:

Onde:

a` - é a matriz inicial supersaturada em soluto;


a – é a mesma fase mãe, porém com menor concentração de soluto em relação a a`;
b – é o precipitado formado.

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A principal característica desse tipo de
transformação é que o contorno se move Sentido de crescimento dos
em conjunto com o crescimento dos precipitados e de avanço do
precipitados. contorno de grão.

Morfologicamente, a transformação é
muito semelhante a uma transformação
eutetóide.

O motivo pelo qual os tipos de nucleação e


crescimento a partir de contornos de grãos
se diferem uns dos outros ainda não é
completamente entendido. O motivo da
precipitação celular acontecer em algumas Figura esquemática ilustrando uma possível
ligas e não em outras, também não é sequência de etapas durante o desenvolvimento
de uma precipitação celular.
claro.

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Grão II

Grão I Diagrama de fases Mg-Al.

As lamelas de precipitados
A b, se formam a partir de
grãos de a ricos em Al,
Precipitação celular de Mg17Al12 em uma liga Mg-9%at.Al. cujos contornos originais
Liga envelhecida por 1 hora a 220°C , seguida de 2 minutos
eram representados pela
a 310°C.
linha AA.

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O crescimento de precipitados celulares requer a partição de soluto na interface
entre o precipitado e o contorno de grão em avanço.
Partição de
soluto.
Mecanismos de Partição:

• Difusão por meio da rede cristalina à Grão I


Grão II
frente do precipitado (Exige um intenso
gradiente de concentração de soluto para
ser efetivo);

• Difusão pelo contorno de grão em


movimento (Mecanismo mais efetivo);

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s

Precipitação celular de Mg17Al12 em uma liga Mg-9%at.Al.


Liga envelhecida por 30 minutos a 220°C , seguida de 30
minutos a 277°C. (a) Variação da concentração de Al nas
visinhanças da interface do contorno de grão
em avanço (entre a e a`); (b) Perfil similar ao
longo de uma linha S.

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4.6 – Transformações Eutetóides

A energia livre por unidade de volume


disponível para a formação de um
constituinte eutetóide na temperatura de
transformação TT está associada a:

• DG1 – Formação das interfaces entre as


fases eutetóides;

• DGD – Redistribuição difusional de


soluto da fase de menor solubilidade
para a fase de maior solubilidade por
meio da fase original.

Onde DHv é a entalpia de transformação, TE é a temperatura de transformação no


equilíbrio e TT é a temperatura real de transformação.

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Precipitação Descontínua Perlita
O soluto substitucional vai O soluto intersticial,
da fase mais pobre (a) para carbono, vai da fase mais
a fase mais rica (b) pobre (a) para a mais rica
difundindo pela interface – (Fe3C) difundindo pela
Modelo de J. W. Cahn matriz austenítica.
(1959).

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PERLITA
Composição eutetoide – Constituinte perlita (lamelas alternadas de
ferrita e cementita)
T=727oC  g (0,76% C) a (0,022% C) + Fe3C (6,7%C)

Perlita no resfriamento ao forno


Fe-0,75C – 500X – Ataque picral. Contorno da colônia de perlita.

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Quando a austenita contendo aproximadamente
0,8% em C é resfriada abaixo da temperatura A1
ela se torna supersaturada com desrespeito à
ferita e à cementita, resultando na reação
eutetóide.

Ca

Cg = 0,8%

Transformação Nucleação Preferencial


nos Contornos de Crescimento
Perlítica Cooperativo
Grãos Austeníticos

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Nucleação Preferencial
nos Contornos de
Grãos Austeníticos

A nucleação da perlita depende das


características dos contornos de grãos
austeníticos, principalmente da composição
química na interface:

• A nucleação da cementita ocorre de


forma semicoerente de forma a diminuir a
energia de ativação (relação de
Kurdjumov-Sachs);
• A austenita nas vizinhaças dos primeiros
cristais de cementita experimentarão uma
depleção de C, aumentando a força
motriz para a formação de núcleos de
ferrita;
• A interface perlita/austenita incoerente
possui maior mobilidade do que a
interface semicoerente.

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TEM: an austenite-pearlite interface
TEM micrographs of a small pearlite nodule
formed on an austenite grain boundary.

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Perlita

Perlita fina envolvendo uma


Pequeno nódulo, ou colônia de perlita formado ilha de martensita
no contorno de grão austenítico prévio.

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Crescimento
Cooperativo

A difusão do carbono na austenita é um fator


fundamental no controle da taxa de crescimento
e morfologia da perlita.

Uma vez que um núcleo de cementita se


formou, há uma depleção de carbono na
interface cementita/austenita. À medida que
a cementita cresce a concentração de
carbono diminui nessa interface.

Quando o teor de C na interface


cementita/austenita se torna baixo o
suficiente, um núcleo de ferrita se formará e,
durante o seu crescimento ele enriquece a
interface ferrita/austenita em C, propiciando
o crescimento da cementita.

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Um nódulo, ou colônia de perlita que nucleia em um contorno de grão austenítico cresce em
direção a um, ou aos dois grãos austeníticos vizinhos com velocidade radial constante G, formando
hemisférios, ou esferas nos grãos austeníticos prévios.
O número de núcleos é
Pequenos Graus de relativamente pequeno e eles
Super-resfriamento crescem sem interferências uns
dos outros

O número de núcleos é elevado


e os contornos de grãos
Elevados Graus de austeníticos são tomados por
Super-resfriamento Colônias de perlita esféricas e hemisféricas em
colônias antes que ocorra
uma amostra de aço parcialmente resfriada ao
crescimento significativo dos
ar e posteriormente temperada.
mesmos.

Considerando f como sendo a fração volumétrica de perlita


formada para um caso de elevado grau de super-resfriamento,
pode-se escrever que:

Onde Acg é a área total de contornos de grãos por unidade de


volume e G é a velocidade da interface. Colônias de perlita nos contornos de grãos austeníticos prévios
de aço submetido a elevado grau de super-resfriamento.

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Considerando um caso de baixo grau de super-resfriamento, pode-se considerar que o número de núcleos em
contornos de grãos (taxa de nucleação em contornos de grão - Ncg ) é pequeno, portanto eles não irão se tocar na
etapa de nucleação.

Logo o número de núcleos por unidade de volume (Nv) que existem em um instante de tempo depois de t (t) é
dado pelo simples produto da taxa de nucleação em contornos de grão pela área de contorno de grão:

Logo, a fração de perlita formada (X) nessa situação seria dada por:

Elevado grau de super-


resfriamento

Baixo grau de super-


resfriamento

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Modelo Considerando a Difusão do
Carbono na Austenita:
Considerando a primeira lei de Fick:

Temos:

Onde G é a taxa de crescimento da perlita, logo:

Agora considerando o gradiente de concentração


como sendo (Ca-Cb) considerando uma distância
que seria a metade do espaçamento interlamelar
S0, temos:

Considerando que: Onde DT é o grau de super-resfriamento, temos:


Considerando o grau de super-resfriamento proporcional ao abaixamento de
energia livre por unidade de volume Dg.

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Espaçamento Interlamelar:

Logo, considerando que a área da interface


Vimos que: ferrita/cementita na perlita por unidade
volumétrica de perlita é 2/S0, temos que a
energia necessária para criar estas interfaces é
dada por: , onde g é densidade superficial
de energia.

Portanto, pode-se que escrever que a diminuição


da energia livre seria:

Logo o menor espaçamento interlamelar possível


(Sm) seria aquele que levaria Dg=0:

Substituindo g, podemos escrever que:

Logo, substituindo em G, temos:

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O valor ótimo para S0 é aquele que permite a
maior taxa de crescimento, ou seja:

Logo, teremos:

Portanto, considerando havíamos visto que:

E sabendo que:
Temos que:

Onde, Tm é a temperatura de transformação, DT é


o grau de super-resfriamento e DH é a entalpia da
transformação.

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Efeito do grau de super-resfriamento no espaçamento
interlamelar da perlita.

Microestruturas perlíticas obtidas isotermicamente nas


temperaturas de (a) 700°C e (b) 600°C.

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Efeito do grau de super-resfriamento no espaçamento
Imagens de MEV de perlita formadas isotermicamente nas interlamelar da perlita.
temperaturas de (a) 943K, (b) 933K, (c) 913K e (d) 873K.

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E também que:

Podemos escrever que:

Elementos de liga substitucionais, em geral,


diminuem a taxa de crescimento da perlita.
Elementos como Cr e Mo que aumentam a
temperatura A1, diminuem mais drasticamente a
taxa de crescimento da perlita do que Mn e Ni.

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Método experimental para se
determinar a curva de
percentagem de transformação
isotérmica de um aço eutetóide
em função do tempo. Neste
exemplo, a temperatura de
transformação (650ºC) é tal que
a austenita se decompõe em
perlita.
Nas microestruturas
esquemáticas, as regiões
sombreadas a traço representam
a perlita (a + Fe3C) e as regiões
claras representam outros
produtos de transformação a
temperaturas inferiores.

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Cinética de transformação

T Tempo-Temperatura-Transformação
(curva TTT)

Tempo para fP=50%

tempo

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Aço: 0,81C-0,07Si-0,65Mn (wt%), Austenitização = 860°C,
Transformação=705°C
Baixa taxa de nucleação e alta mobilidade atômica

50 mm
t=150 s t=300 s t=600 s

5 mm

t=2000 s
t=800 s t=2000 s
Colônias grandes Perlita
de perlita grosseira

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Aço: 0,81C-0,07Si-0,65Mn (wt%), Austenitização = 860°C
Alta taxa de nucleação e mobilidade atômica menor

Perlita fina

50 mm
650°C t=10 s 650°C t=70 s

550°C t=0,5 s 550°C t=0,7 s


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Variação do espaçamento
interlamelar da perlita com
a temperatura de formação
(A) Formada a temperaturas
Obs.: a ampliação é a mais elevadas.
mesma nas três
microestruturas

(B) Formada a temperaturas


intermediárias.

(C) Formada a temperaturas


mais baixas.

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BAINITA

 A Bainita não é uma fase, é uma mistura de ferrita e carbonetos, ou ferrita e austenita
retida;
 Formada à temperatura constante (T>Ms) ou sob resfriamento contínuo;
 Nucleação da bainita: difusão do C;
 Transformação bainítica – mecanismo martensítico ou por cisalhamento (displacive
”deslocativo/displacivo”)
 Alguns autores consideram que a Bainita cresce sem difusão  C escapa da ferrita
para a austenita em uma fração de segundos: ppt de carbonetos;
 Não há partição dos elementos substitucionais; redistribuição de C;
 Bainita – cresce em subunidades: placa de bainita < placa de martensita

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Já vimos que a partir de um elevado grau de super-resfriamento da austenita um novo
agregado eutetóide irá se formar (bainita). Em diagramas TTT, sua transformação pode
se sobrepor à transformação perlítica nas proximidades do joelho da curva, caso de
aços comuns, ou pode se destacar de forma individual, no caso de alguns aços ligados.

Aço Comum
Aço Ligado com Adição de Mo e Cr.

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Avaliando os diagramas TTT, pode-se observar que: Aumento da
Temperabilidade

A Curva em C superior, representa o tempo


requerido para o início das transformações
reconstrutivas (Ferrita, Perlita).

A Curva em C inferior, representa o tempo


requerido para o início das transformações
displacivas (ferrita de Widmanstätten,
Bainita).

Essa temperatura T pode ser igual a Bs se o A curva referente às transformações


material for temperável o suficiente, caso displacivas possuem um topo plano. Isso
contrário, poderá ser igual a Ws representa a maior temperatura T em que
(temperatura de início de formação de esse tipo de transformação pode acontecer.
ferrita de Widmanstätten.

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As temperaturas de início de formação de ferrita de Widmanstätten (Ws) e de início de formação de bainita (Bs) são
mais sensíveis à composição química do aço do que a temperatura Ae3. Isso indica que a influência cinética de átomos
de soluto na nucleação desses constituintes é maior do que a influência termodinâmica.
• Nos diagramas duplo C, a curva posicionada mais abaixo
possui sua parte superior praticamente plana na
temperatura Th;

• A temperatura Th é a máxima temperatura na qual a ferrita


pode se formar de forma displaciva;

A mínima força motriz necessária para a


nucleação dos constituintes displacivos em
qualquer aço (GN) pode ser calculada por:

Variação de energia livre na


temperatura Th (a) considerando
Onde C1 e C2 são, respectivamente, 3,637Jmol-1K-1 partição de carbono na nucleação,
e 2540 Jmol-1. (b) sem alteração de composição
química na nucleação.
Aplicando concomitantemente a equação
acima e dados obtidos experimentalmente
sobre Th para um dado aço, aos se observar a
a figura ao lado, pode-se estimar a força
motriz mínima GN.

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Os núcleos de ferrita de
O crescimento acontecerá
Widmanstätten e de Mas....... de forma distinta
Bainita são idênticos

Como?
A resposta é direta: Se o crescimento adifusional não for sustentado na temperatura
Th, o núcleo formado crescerá de forma difusional e dará origem à ferrita de
Widmanstätten e, consequentemente, a temperatura Th poderá ser chamada de Ws.
Por outro lado, se a força motriz for elevada o suficiente para favorecer o crescimento
adifusional, então podemos afirmar que o crescimento será bainítico e, portanto,
Th=Bs.

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Vejamos um pouquinho sobre a Nucleação:

Consideremos a nucleação homogênea de ferrita a partir da austenita. Podemos escrever que:

De onde:

Um ponto extremamente importante que já abordamos é que na teoria clássica de


nucleação, a energia de ativação varia com o inverso do quadrado da força motriz. No
entanto isso é questionável quando se avalia casos onde a ativação térmica é muito
pequena. Em particular, em temperaturas muito baixas, onde a barreira de energia para a
transformação precisa ser muito pequena!!!!

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Um mecanismo de transformação no qual a barreira de energia se torna
suficientemente pequena é o que envolve a dissociação espontânea de discordâncias
que já estão presentes na fase mãe, no caso, na austenita.

A nucleação de uma fase por meio desse mecanismo,


A única barreira é a resistência ao portanto, não pode acontecer até que o super-
deslocamento das discordâncias que resfriamento seja elevado o suficiente para compensar
não requer difusão. a criação de defeitos e as deformações associadas ao
processo de dissociação de discordâncias.

Nesse contexto, mostrou-se que a energia Considerando que tm seja a resistência ao cisalhamento
livre por unidade de área no plano do do cristal que permite a discordância se movimentar de
defeito é: uma magnitude b do vetor de Burger`s, mostrou-se que:

Onde np é o número de planos compactos Onde n* é o volume ativado.


atuando no processo e ra é o espaçamento
entre os planos compactos onde as Conclui-se que, nesse mecanismo, a relação
descontinuidades se deslocarão. entre a energia de ativação (G*) e a força
motriz DGCHEM é diferente!!!

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Transformação Bainítica:
Nucleação semicoerente Crescimento das ripas de Nucleação e
de ripas de ferrita nos ferrita e enriqeucimento crescimento de
Superior contornos de grãos da austenita cementita entre as ripas
austeníticos remanescente em C. de ferrita.

Super-resfriamento
da Austenita
Nucleação de placas de
Alguns carbonetos também
ferrita com precipitação de
podem ser encontrados
Inferior Temperaturas mais baixas. carbonetos guardando
precipitados entre as placas
relações de orientação
de ferrita
cristalográfica.

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Não partição dos elementos substitucionais e partição do C:

Distribuição de elementos
substitucionais e
intersticiais através da
interface ferrita
bainítica/austenita em
uma liga Fe-C-Si-Mn. (a)
Imagem de campo iônico.
Cada ponto corresponde a
um átomo. Interface
vertical na imagem,
austenita localizada no
lado direito. (b) e (c) Mapa
dos átomos de Si e Fe,
mostrando uma
distribuição uniforme. (d)
Mapa dos átomos de
carbono

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 O mecanismo de transformação  deformação da estrutura cristalina da austenita
(s=0,24 associada ao cisalhamento; δ=0,03 em volume).
 Deformação de forma: acomodada plasticamente  ocorre uma relaxação plástica
na austenita adjacente.
 Densidade de discordâncias na ferrita bainítica ≈ 4x1014m-2
Densidade de discordâncias na ferrita alotriomórfica ≈ 0,5x1014m-2

(a) Efeito da deformação plana


invariante na superfície; (b)
relaxação plástica que ocorre
na austenita adjacente

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A deformação plástica da austenita
remanescente inibe o crescimento da ripa,
ou da placa de bainita. Então, tem início a
formação de uma nova placa, produzindo a
formação de feixes de bainita com cristais
que possuem a mesma orientação
cristalográfica.

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Feixes: placas ou
cristais paralelos e
com a mesma
orientação
cristalográfica
(placa = cristal =
subunidades)

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MET: feixe de bainita superior em uma liga
parcialmente transformada (Fe-0,43%C-2%Si-
3%Mn): (a) micrografia óptica; (b,c) imagem de Efeito do super-resfriamento sobre o tamanho
campo claro e imagem de campo escuro das subunidades de bainita.
correspondendo a austenita retida entre as
subunidades; (d) montagem apresentando a
estrutura do feixe.

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Transformação isotérmica incompleta

 Transformação bainítica: sucessivas


nucleações e crescimentos adifusionais
do tipo martensítico  subunidades de
ferrita bainítica são supersaturadas em
carbono.
 Rejeição de C para a austenita residual.
 Transformação ocorrerá se: Gg > Ga

 A transformação cessa (crescimento


adifusional): Gg < Ga

 T0 Gg = Ga (mesma composição


química)

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Dilatometric length change data illustrating the incomplete reaction phenomenon for a
Fe-0.3C-4.08Cr wt% alloy (Bhadeshia, 1981).

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Transformação bainítica,
como a martensítica,
depende da temperatura
para se ter 100%

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 Bainita superior: se forma a temperaturas inferiores à de formação de perlita
( 350°C-550°C)
 Bainita inferior: se forma a temperaturas próxima e superiores à MS
(≈250oC).

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Bainita superior
 Formada na transformação isotérmica para T relativamente altas (550).
 Cristal de ferrita tem morfologia acicular (~0,2mm de espessura e 10mm de comprimento).

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Bainita superior Martensita formada na têmpera a partir da
austenita não-transformada

Bainita superior num aço 4360 transformado isotermicamente a a)495°C e b)410°C.


(MO; ataque: picral; aumento: 750x)

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 Partículas de carbonetos ou austenita retida se formam entre as placas de ferrita e tendem a ser
alongados (regiões nas quais o carbono foi rejeitado durante a transformação)

Carbonetos (regiões escuras) formados entre as ripas Austenita retida entre ripas de bainita superior em
de ferrita em um aço 4360 transformado a 495°C. um aço com 0,6%C e 2,0%Si (alto teor) transformado
MET – aumento: 25000X. a 400°C. A: austenita retida. MET – aumento:
40000X.

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Bainita inferior

 Forma-se isotermicamente a temperaturas


mais baixas (350 a 250oC);

 Morfologia dos cristais de ferrita como placas Martensita formada na têmpera a


com aspecto acicular; Bainita inferior partir da austenita não-
transformada
 Nucleação das placas de ferrita: contornos de
grãos austeníticos;

 Apresenta maior resistência mecânica quando


comparada à bainita superior.

Bainita inferior em um aço 4360 transformado a 300°C.


MO – aumento: 750x.

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 Carbonetos muito finos (poucos nanômetros de espessura / ~500nm de comprimento) dentro
das placas de ferrita;
 Pode-se encontrar carbonetos de transição, “epsilon” (nas placas), que se formam antes da
cementita. São estáveis em aços com Al e Si.

Bainita inferior com carbonetos finos (dentro das placas) em


um aço 4360 transformado 300°C. MET – aumento: 24000x

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Estrutura de bainita transformada a
250°C. MET - 15.000X
Trans. ASTM, 50,444, Fig. 23 [1950]

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4.7 – Transformações Massivas

Considere o sistema Cu-Zn, contendo aproximadamente


38% de Zn. A fase b é a mais estável em temperaturas
acima de 800°C. A fase a é mais estável abaixo de 500°C
e, entre essas temperaturas coexistem ambas as fases.
Em um resfriamento acelerado de b, pode não haver tempo
suficiente para que ocorra a difusão de átomos de soluto e
a fase b pode ficar retida em temperaturas abaixo de 500°C,
onde é possível que se transforme em a com a mesma
composição química.

Grão de a massivo
nucleiam-se em
contornos de grão de b
rapidamente, com
morfologias irregulares.

Fase a massiva formada em contornos de grão de b em uma liga


38,7%Cu-Zn resfriada rapidamente a partir de 850°C até a
temperatura de 0°C.

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Em aços, já vimos que pode ocorrer a
formação de ferrita massiva!
Ferrita Massiva (Quase-Poligonal)

 Aços ultrabaixo carbono;


 Formada sob resfriamento rápido o suficiente para
minimizar a partição do carbono;
 Grãos relativamente grosseiros com contornos irregulares e
com presença de subestruturas (presença de discordâncias);
 A austenita matriz e a ferrita formada têm idealmente a
mesma composição;
 Pode haver uma pequena taxa de difusão através da
interface de transformação (átomos intersticiais e
substitucionais), causando crescimento irregular e gerando
contornos de grão pontiagudos;
 Boa combinação de resistência mecânica e ductilidade Ferrita Quase-Poligonal formada em um
aço ultrabaixo carbono contendo 0,005C e
3,0Mn resfriado a 50°C/s. MO.

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Possível diagrama genérico para
sistemas que apresentem
transformação massiva:

1- Produz precipitados equiaxiais;

2- Produz morfologias de
Widmanstätten;

3- Produz produtos de transformação


massiva;

4- Promove transformação
martensítica

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