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Referências: MATTOS, Ilmar Rohrloff de. Do Império à República.

Pontos:

Retomar as perspectivas de "longa duração" para a compreensão do processo da


construção repúblicana.

1869 - 1889: período que, a rigor, começa-se a desagregar o edifício político e social calcado na
escravidão. É preciso pensar o Brasil como um resultado das escolhas políticas e jurídicas feitas
a partir da desagreação do sistema escravista.

"Questão Servil" - agenda da Coroa e do Conselho de Estado entre 1868 e 1871.


Uma preparação de uma passagem gradual para o trabalho livre. E por que a década de 60? Por
algumas questões internacionais: 1) efeitos da Guerra Civil norte-americana (desarranjo
federativo provocado pela marcha para o West e o futuro dos novos estados, seriam eles adeptos
ou não ao modelo escravocrático? Capitalismo 'mercantil' ou industrial? Protecionismo ou livre
câmbio?) e a tensão entre as províncias do norte e do sul - aqui no Brasil; 2) o Brasil passa a ser
criticado pelo sistema internacional, uma pressão pela libertação dos escravos. Principalmente
depois que o Império Russo acabou, em 1861, o seu regime de servidão; ou seja, o Brasil torna-
se, portanto, o último país - livre - sob regime escravocrático. Até então a condição deste regime
estava associada à condição de colônia...

Debate parlamentar em 1871 - a Lei do Ventre Livre. Fruto de um grande debate


parlamentar, trazia uma grande novidade: o escravo que está no ventre da escrava, é livre. Se a
escrava é o bem semovente do senhor, seu fruto não é. Torna-se, portanto, livre ao nascer. Foi um
embate muito duro e desgastante para a coroa. Um dos indicativos dessa tensão é o Manifesto
Republicano de 1870 (cabe salientar que, nesse manifesto, não é mencionada a questão civil).
Deve-se salientar, segundo Napolitano, que a constitução de 1824 promovia uma diferenciação
entre dois estatutos: os livres e os libertos. Livres eram aqueles que nunca foram escravos; liberto
é aquele que, um dia, já foi escravo e, de alguma maneira, adquiriu a sua liberdade. O cidadão
livre poderia votar e ser votado (desde que atingisse certo rendimento econômico), o liberto
podia votar, mas não ser votado... Ele poderia, portanto, participar do "primeiro nível de
votação": a assembleia paroquial.

Sobre a estrutura política do Império, deve-se salientar que, de 1824 - 1847, o


Imperador exerceu tanto o poder moderador, quanto o poder executivo. E qual a razão do poder
moderador? Manter o equilíbrio entre os três poderes e estruturar o sistema. Era possível ao
poder moderador a dissolução tanto do gabinete (executivo), quanto da assembleia (legislativo).
Pode-se perguntar: o Brasil é órfão do poder moderador? Ao observamos o desenvolvimento
histórico da nação, o poder moderador foi "migrando" para diferentes agentes políticos: na
primeira república, o presidente; depois de um tempo, o exército; será que vivemos, hoje, o
período em que o judiciário opera como poder moderador? Existe aí um tema interessante para
análise e reflexão.
Geração de 1870. Segundo Napolitano, após a aprovação da Lei do Ventre Livre e a
projeção de que, no futuro, os filhos dos libertos/nascituros pós-1871, seriam livres - ou seja,
poderiam gozar de uma cidadania plena - há uma reação conservadora. Ou seja, como inserir
uma geração de ex-escravos em um sistema político sem implodir a ordem social? Afinal de
contas, como aponta Napolitano, toda a esturura social, todas as dinâmicas, todo o mundo
privado tinha sido calcado nas bases da escravidão. Entende-se, portanto, a "reação". A partir da
Lei do Ventre Livre há toda uma pressão de grupos conservadores sobre a questão civil e sobre
uma outra questão que vai abalar as bases da monarquia: a "questão federativa".

Com o surgimento do Manifesto Republicano de 1870, ele aponta para duas questões
fundamentais: 1) uma série de agentes, atores econômicos que se sentiam pouco representados na
política; 2) e apontavam uma necessidade de uma maior autonomia provincial, uma crítica ao
centralismo político exercido pela coroa... Criticava-se o poder moderador, o Conselho de Estado
e o Senado vitalício. Em suma: o centralismo e essas três instituições.

A partir de 1881, surge um grande movimento social no Brasil: o Movimento


Abolicionista. O mote: como ser moderno, como atingir o progresso, como adentrar na ordem
liberal internacional, se impera o arcaísmo nefasto da escravidão? É lógico que esse é um dos
argumentos, há os de natureza econômica e, é claro, humanitária...

Abolicionismo (1881 - 1888) - Movimento abolicionista e reformismo social

Reação conservadora - Lei Saraiva (1881) e Lei dos Sexagenários (1885)

Abolição oficial da escravidão - 13 de maio de 1888

Derrubada da Monarquia - crise política e crise do regime pós-abolição

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