Este documento discute os processos atencionais e seus subcomponentes. Ele introduz o tema e explora conceitos como a atenção sustentada, amplitude atencional, atenção seletiva, atenção alternada e atenção dividida. O documento usa exemplos do mundo real para ilustrar esses conceitos-chave da atenção.
Este documento discute os processos atencionais e seus subcomponentes. Ele introduz o tema e explora conceitos como a atenção sustentada, amplitude atencional, atenção seletiva, atenção alternada e atenção dividida. O documento usa exemplos do mundo real para ilustrar esses conceitos-chave da atenção.
Este documento discute os processos atencionais e seus subcomponentes. Ele introduz o tema e explora conceitos como a atenção sustentada, amplitude atencional, atenção seletiva, atenção alternada e atenção dividida. O documento usa exemplos do mundo real para ilustrar esses conceitos-chave da atenção.
1 Introdução ao estudo da trilha de aprendizagem p. 4
2 Explorando os conceitos – parte 1 p. 6 3 Explorando os conceitos – parte 2 p. 9 4 Síntese p. 18 5 Referências p. 20 4 Introdução ao estudo da trilha de aprendizagem
Você já reparou na quantidade de elementos distintos que
somos capazes de processar ao mesmo tempo? Como é possível alternarmos nossa atenção para assistir a uma aula, fazer anotações e ler as informações de um quadro? O que acontece com a nossa concentração em ambientes permeados de estímulos ao nosso redor? Como é possível que façamos tarefas corriqueiras simultaneamente, por exemplo: comer e manter uma conversa ou dirigir e escutar música?
Essas são algumas das perguntas que poderão ser
respondidas no decorrer desta trilha e que contribuirão para o entendimento da atenção em distintos componentes de processamento e complexidade, como essas habilidades estão relacionadas à capacidade de realizarmos desde atividades simples até aquelas consideradas mais exigentes e quais condições circundam o seu funcionamento.
Os processos atencionais constituem mecanismos
elementares desde a nossa própria subsistência até o modo como nos relacionamos com o mundo. A interação com um ambiente diverso integrado com seres vivos em seus múltiplos aspectos e peculiaridades caminha com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossas habilidades em muitas esferas. Com as funções atencionais, não é diferente. O caráter de crescente complexidade em seus mecanismos nos confere uma gama de aptidões.
Nesta terceira trilha de aprendizagem, prosseguiremos com o
estudo das funções atencionais e você vai compreender com mais detalhes seus subcomponentes: atenção sustentada, 5 amplitude atencional, atenção seletiva, atenção alternada, atenção dividida. 6 Explorando os conceitos – parte 1
Provavelmente você já passou por situações em que, após
algum tempo dedicado a uma atividade de forma concentrada, gradativamente começou a cometer erros simples. Assim como você já deve ter passado por experiências em que foram necessários níveis de esforços diferentes da sua atenção, como por exemplo, preparar uma refeição, fazer anotações durante uma aula ou reunião longa ou escrever uma mensagem enquanto escuta alguém falando.
É interessante refletirmos, ao final de um dia agitado ou
de uma semana atarefada, sobre como somos capazes de estar atentos a tantas informações ou por que precisamos nos esforçar mais para algumas atividades aparentemente simples do nosso dia a dia.
Como é possível sustentar a atenção por alguns minutos
ou horas em uma leitura? O que acontece com a nossa atenção enquanto estamos realizando várias atividades simultaneamente? Que habilidades são essas?
Para que possamos compreender melhor os conceitos
abordados nesta trilha de aprendizagem, sugiro que observe a imagem a seguir: 7
Você consegue imaginar para quantos alvos a mulher da
imagem está dividindo sua atenção? Ela está concentrando o seu foco em alguma tarefa mais específica? Como ela aparenta estar se sentindo? Será que ela teria conseguido finalizar todas as atividades que está realizando? Caso imagine que ela tenha conseguido, como você avaliaria o resultado final dessa cena?
Podemos observar que a mulher da imagem está dividindo
sua atenção para várias situações. É possível que ela tenha se atrapalhado em alguma tarefa, tenha deixado a comida cair em sua roupa, ou derrubado a caneca, ou digitado algo equivocado. Da mesma forma, também poderíamos imaginar um cenário oposto, em que ela tenha conseguido realizar tudo, pois adquiriu experiência nessa rotina e possivelmente no final sentiu-se cansada ou esgotada.
Esse breve exercício nos instiga a pensar sobre o quão
complexo pode ser o processamento atencional do nosso cérebro, a ponto de ser possível lidar com uma grande quantidade de informações. Já parou para pensar em como nos concentramos naquilo que é mais relevante por alguns instantes mesmo com muitas interferências ao redor, como o barulho na rua, os colegas conversando enquanto você tenta 8 prestar atenção ou aqueles pensamentos que não saem da cabeça? Como rapidamente finalizamos etapas diferentes de uma atividade ou mudamos para outra mais fácil ou mais difícil sucessivamente ou como realizamos coisas diferentes de forma simultânea?
A jornada de estudos que busca entender o refinamento
dos processos atencionais tem sido crescente. A rotina no mundo contemporâneo é gradativamente mais demandante da eficiência de nossas competências. Com isso, é possível observar como se expressa o desenvolvimento de novas habilidades e, paralelamente, também nos aproximamos do conhecimento de nossos limites, à medida que analisamos os fatores que participam da orquestra do funcionamento da cognição. Nesta trilha, nos debruçaremos sobre o estudo de diferentes aspectos da atenção. 9 Explorando os conceitos – parte 2
Embora a atenção seja um termo frequentemente
utilizado em nosso dia a dia para nos referirmos à busca e manutenção do foco em determinada situação, trata-se de um conceito amplo, estudado de forma aprofundada pela comunidade científica e que, atualmente, carrega importantes contribuições das Ciências Psicológicas e das Neurociências acerca dos avanços no entendimento dessa função cognitiva.
Os experimentos e modelos propostos até a década de
70 estiveram empenhados em compreender a atenção a partir dos fenômenos de interesse. A complexidade do funcionamento da atenção foi explicada a partir de sistemas de filtragem (modelo do gargalo, efeito coquetel), interações modais (modelo multimodal) e posteriormente surgiram alguns experimentos que se ativeram ao estudo da atenção em níveis de processamento (processos automáticos e processos controlados). Por se tratar de uma atividade cognitiva cujas características de funcionamento transpassam desde a importância vital até aquelas de nível ! Ao longo deste de processamento superior, os modelos propostos e componente investigações em andamento ainda são insuficientes curricular, de forma isolada para um entendimento integral dos trataremos com processos atencionais em sua complexidade. mais detalhes o modelo cognitivo da atenção que Ao longo do século XX, os estudos de lesão e a expressão abrange o nível de cognitiva e comportamental de alterações cerebrais funcionamento do conduziram a essência dos estudos científicos da sistema atencional Neuropsicologia. Esse amplo campo de estudos das recrutado para tarefas mais Neurociências enfrenta grandes desafios investigativos complexas, aquelas na exploração científica da relação entre o funcionamento que envolvem cerebral, o comportamento e as emoções. O desenvolvimento maior quantidade de pesquisas nessa perspectiva, considerando ainda a de informações ou mudanças de cenário. 10 riqueza de dados clínicos, confere à ciência Neuropsicológica relevante contribuição para o entendimento dessas relações. No decorrer desta trilha de aprendizagem, vamos estreitar a compreensão dos aspectos atencionais sob a ótica de organização da Neuropsicologia.
Os estudos neuropsicológicos caracterizam a atenção em
alguns subcomponentes, incorporando ao entendimento teórico o aspecto clínico, a partir do estudo das relações entre o desempenho cognitivo, a expressão comportamental e a dinâmica emocional.
As habilidades atencionais são divididas em cinco aspectos
que envolvem a sua sustentação, seletividade, alternância, divisão e amplitude. Agora, gostaria de propor um desafio. Para facilitar o entendimento desses componentes, vamos tentar imaginá-los funcionando isoladamente. Veja as situações a seguir: (1) assistir a um filme; (2) procurar um livro específico em uma estante cheia de outros livros; (3) fazer uma tradução simultânea.
Então, você conseguiria identificar quais aspectos da atenção,
dos cinco tipos de atenção citados anteriormente, possuem maior demanda em cada uma dessas três situações? Tente responder e, ao final da apresentação dos conceitos, vamos ver como você se saiu.
A atenção sustentada refere-se à capacidade de manter
a consistência de respostas por longos períodos. Quando fazemos a leitura de um livro, escrevemos um texto ou assistimos a uma palestra, é necessário que nosso foco atencional esteja concentrado no estímulo-alvo da atividade em andamento para que seja executada de forma efetiva. A efetividade dessa função envolve o tempo de sustentação junto à constância e conservação de qualidade da resposta à tarefa. Alguns autores entendem a concentração e a sustentação da atenção como componentes que se sobrepõem, já outros explicam essas atividades como ocorrendo separadamente. 11 ... Você já deve ter passado por isso, então convido você a imaginar uma situação para ilustrar melhor esse conceito. Imagine que você se propôs a fazer a leitura de algumas páginas do livro de cabeceira antes de dormir e, após 35 minutos, começou a sentir a necessidade de retomar algumas vezes um parágrafo ou algumas linhas para dar seguimento à leitura. Nessa situação, é possível que a sua capacidade de manter-se atento esteja declinando. Algumas explicações são possíveis, como por exemplo, você pode estar sentindo sono e, portanto, o seu sistema de alerta está rebaixado ou você pode ter passado um dia estressante e algumas preocupações sobre o dia seguinte vieram à sua mente. Diante desse cenário, a sua atenção sustentada para a leitura não mantém mais o mesmo padrão de resposta que alcançara nos 35 minutos anteriores. Com isso, a nossa suscetibilidade à distração torna-se aumentada, fica cada vez mais difícil preservar o mesmo desempenho.
Você pode observar que é muito comum ocorrer uma variação
da qualidade do nosso rendimento quando sustentamos a atenção em tarefas longas ou repetitivas. Essa variação diz respeito a nossa amplitude atencional, um segundo aspecto da atenção. Trata-se de uma medida da quantidade de informações em que conseguimos apreender nossa atenção, nos manter atentos e concentrar nosso foco. Ela tem uma relação íntima com processamentos cognitivos mais complexos, pois está atrelada a um nível de trabalho mental com os elementos.
E para você, como é? Consegue se lembrar em quais
atividades você precisa dedicar maior tempo de concentração? Quanto tempo você costuma render nessas atividades? É comum escutarmos orientações sobre um ambiente ideal para estudar, trabalhar ou fazer atividades que exijam uma dedicação de seu foco atencional por longos períodos. Em geral, elas envolvem exemplos de minimização de distratores, como locais com bom isolamento acústico e baixa quantidade de informações no campo visual. Sustentar 12 a atenção em ambientes com menor nível de poluição por interferências pode favorecer o processamento de sustentação do sistema atencional.
O terceiro componente já não é novo para nós, mas para
recapitularmos: trata-se da atenção seletiva. Esse processamento compreende a capacidade de selecionar um estímulo ou um conjunto de estímulos em detrimento da supressão de elementos distratores. Esse é um dos conceitos sobre o qual os pesquisadores mais debruçaram os estudos, embasando muitos modelos compreensivos do sistema atencional. A necessidade de manter interferências fora do circuito de processamento relevante para focalizar a atenção ao estímulo de interesse confere à seletividade importância fundamental.
... Vamos retomar aquele exercício da leitura? Quando
levantamos a possibilidade de que pensamentos de preocupação estariam conturbando sua capacidade de sustentar a atenção durante a leitura, o processo de seletividade também apresentou uma queda em seu funcionamento. O que ocorre é um aumento gradativo da dificuldade em priorizar a leitura e suspender a atenção para o processamento dos distratores. Os elementos de interferência podem ser de matriz externa (campo auditivo ou visual do ambiente) ou interna (pensamentos, memórias).
O quarto componente é a atenção alternada. Esse nível de
processamento possibilita a alternância voluntária do foco de atenção entre um estímulo e outro ou entre uma tarefa e outra. É possível visualizar as expressões dessa habilidade quando precisamos modificar o direcionamento de nossa atenção para tarefas de natureza ou complexidade diferentes. Você já precisou ler um manual, guia ou um passo a passo para realizar uma instalação, montagem, configuração ou cozinhar uma receita nova? Esse é um exemplo típico do exercício da alternância dos processos atencionais. Nessas situações, primeiramente dedicamos o nosso foco ao entendimento das instruções, orientações ou esquemas 13 e posteriormente o foco é direcionado à prática do que foi absorvido. Nesse momento, outros níveis de exigência do sistema atencional são recrutados. Eventualmente, pode ser que haja a necessidade de recapitular algum tópico no seu manual para se certificar dos processos ou ainda, de repente, alguém adentra o recinto e faz alguma solicitação, você então interrompe o que está fazendo, atende ao pedido e retorna para sua atividade anterior. Durante essas situações, foi necessário que o seu engajamento atencional passasse por um “revezamento” para oferecer o foco atencional pertinente à exigência de cada estímulo ou contexto.
! Alguns autores O quinto componente é a atenção dividida. A proposta
consideram desse conceito figura a partir do entendimento de que é que a divisão possível que o cérebro processe simultaneamente estímulos atencional se trata ou tarefas distintas. Esse conceito é amplamente traduzido de uma alternância muito rápida do como a capacidade de ser uma pessoa multitarefa. Se você engajamento mora em uma grande metrópole, certamente já vivenciou a da atenção exigência de dividir a atenção para uma alta quantidade de entre atividades informações. Chamar um táxi por aplicativo eletrônico, pagar diferentes, de forma uma conta pela internet, gerenciar todas as abas abertas no que se sobreponha à definição do navegador do seu computador, almoçar enquanto participa de componente de uma reunião de negócios são algumas das atividades de uma atenção alternada. lista imensa que compõe a rotina de muitas pessoas. Todavia, será que é de fato possível processarmos mais de uma tarefa ao mesmo tempo? Quando imaginamos uma pessoa que caminha enquanto responde mensagens no celular, em geral, para que uma situação como essa ocorra, é necessário que o ato de caminhar seja um aprendizado sólido e que já esteja no “modo automático” para o nosso cérebro. Portanto, não é necessário alternar o foco atencional para essa tarefa. Seria possível, então, nos dividirmos entre uma tarefa de baixa demanda atencional (caminhar - processo automático) e outra que requer maior envolvimento de nossa atenção (responder as mensagens - processo voluntário).
Alguns estudiosos defendem que pessoas que conseguem
prestar atenção a mídias simultâneas não discriminam o alvo em que alocam sua atenção e acabam desenvolvendo 14 uma habilidade que Ophir e colaboradores (2009 apud EYSENCK & KEANE, 2017, p. 187) denominaram “controle cognitivo baseado na amplitude”, ou seja, elas trabalham com as informações de forma mais ampla com baixa exigência de um processamento que diferencia cada uma delas. Alzahabi e Becker (2013 apud EYSENCK & KEANE, 2017, p. 187) direcionaram as investigações em experimentos que envolviam a troca de tarefas e sugeriram que a constante prática poderia melhorar alguns aspectos do controle atencional. Um experimento realizado por Spelke e colaboradores (1976 apud EYSENCK & KEANE, 2017, p. 187) propuseram a dois estudantes um treinamento de cinco horas por semana por quatro meses. Eles teriam que ler histórias curtas enquanto anotavam palavras de um ditado. O desempenho deles após seis semanas apresentou ótimos resultados e com mais tempo eles eram capazes de, além de fazer uma boa leitura compreensiva, categorizar as palavras do ditado. A discussão sobre o entendimento do funcionamento da divisão atencional como um processamento simultâneo (paralelo) ou de alternância eficiente (serial) ainda suscita muitas controvérsias entre os pesquisadores, portanto maiores investigações e medidas avaliativas mais elaboradas são necessárias para aprimorar as conclusões.
Agora que já abordamos um pouco uma proposta de divisão
de aspectos da atenção, vamos retomar aquele desafio lá do início? Em quais respostas você pensou ao identificar um componente atencional para cada uma das três situações? Na primeira, (1) assistir a um filme demanda de nossa capacidade de sustentar o foco atencional em uma atividade por um período relativamente longo, em média uma hora e meia, portanto, pensar em atenção sustentada seria uma boa escolha. Na situação seguinte, (2) procurar um livro específico em uma estante cheia de outros livros envolve a capacidade de selecionar um alvo, aquele livro específico que gostaria de continuar a leitura, e procurá-lo em meio aos distratores (outros livros). Aqui, uma boa escolha seria pensar em atenção seletiva como aspecto mais exigido na situação. Na última situação, vamos pensar no trabalho de uma pessoa 15 que faz (3) tradução simultânea, como costuma ocorrer anualmente nas premiações de Oscar, por exemplo. Vamos pensar que, nesse caso, o apresentador precisa oferecer ao público que assiste uma tradução compreensiva a respeito do que é falado, ao mesmo tempo em que escuta um nativo de outra língua falar em outro idioma. Aqui, é um pouco mais complicado quando nos colocamos a pensar sobre o tempo em que os processamentos ocorrem. Quando estamos como espectadores, o modo como observamos é na maioria das vezes simultâneo, portanto seria uma boa opção pensar que ele está dividindo sua atenção entre duas tarefas ao mesmo tempo e a melhor opção de resposta seria atenção dividida. Entretanto, poderia haver controvérsias se pensarmos que na verdade ele está de uma forma muito rápida alternando entre as duas atividades e, então, consideramos a atenção alternada como uma possibilidade. Talvez ele tenha exercitado essa habilidade por tempo suficiente para que a alternância de processamento entre tarefas seja muito eficiente e, então, outra opção de resposta seria a atenção alternada. Fato é que essa é uma tarefa hipotética para que possamos apreender melhor as especificidades do funcionamento dos processos atencionais, mas sabemos que na realidade esses componentes não atuam isoladamente. Pelo contrário, cada vez mais os avanços científicos tendem para uma compreensão de que mesmo níveis mais básicos de processamento de informação atuam com influência de processamentos mais complexos (superiores).
É bastante comum e atual associarmos as habilidades
atencionais com a crescente demanda de nos tornarmos cada vez mais multitarefas, especialmente no trabalho, como uma característica irrevogavelmente benéfica. Alguns pesquisadores caminham no sentido contrário desse raciocínio, sugerindo que ser multitarefa pode diminuir a qualidade do resultado de todas as multitarefas que executamos, pois estamos promovendo ao nosso cérebro frequentes sobrecargas. 16 + Um exemplo interessante está no trecho da palestra desse designer de produtos, Paolo Cardini, divulgado em 2012, que leva os espectadores a se perguntarem se “ser multitarefa” realmente nos ajuda a ser mais eficientes. Ele lançou um projeto de incentivo à monotarefa para auxiliar as pessoas a lidar melhor com uma vida inundada por multitarefas. Disponível em: https://www.ted.com/talks/paolo_cardini_ forget_multitasking_try_monotasking?language=pt- br#t-27194.
Você já deve ter se percebido distraído em alguns momentos
e deve conhecer alguém muito distraído ou até mesmo aquelas pessoas com ótima capacidade de atenção. Vamos pensar agora, o que você acha que diferencia nossa atenção da de outras pessoas? O modo como nosso cérebro se desenvolve desde o período pré e perinatal junto aos fatores hereditários e ambientais, ou seja, praticamente todos os elementos que fazem parte da história do nosso desenvolvimento podem trazer um maior entendimento do porquê conhecemos pessoas que conseguem passar horas lendo um livro ou escrevendo um texto, enquanto outras conseguem se dedicar apenas por alguns minutos. Ou porque algumas pessoas conseguem conversar e ouvir música ao dirigir enquanto outras precisam de total silêncio para fazer a mesma atividade. Em outras palavras, essencialmente, a relação entre os fatores biológicos, socioambientais e psicológicos que compõem nosso estilo de vida pode explicar as diferenças de desempenho, facilidades e dificuldades.
Também adquirimos aqueles métodos próprios que criamos
ou aprendemos para lidar com algumas tarefas, as nossas estratégias. Essas diferenças proporcionam sentido quando buscamos entender as particularidades de nossas atividades cognitivas. Para a atenção, um processo elementar para um funcionamento adequado do cérebro não poderia ser diferente. Ao mesmo tempo, essas peculiaridades tornam o estudo dos processos atencionais um grande desafio. 17 Quando falamos de desenvolvimento, também precisamos considerar nossos ciclos temporais, de modo que, com o passar dos anos, é esperado que a atenção e outras funções cognitivas sofram um declínio, por exemplo. Assim como a eficiência de processamentos cerebrais de uma criança difere da de um adulto jovem. Por isso, é importante ser prudente quando nos deparamos com as comparações. Da mesma forma que a nossa história genética, relações sociais, desenvolvimento educacional, psicológico interagem para a composição de nossas características pessoais, os ciclos da vida têm fundamental relevância nessa dinâmica. 18 Síntese
Até aqui pudemos compreender com mais profundidade
como a complexidade dos aspectos atencionais pode ser entendida a partir de uma subdivisão em cinco componentes.
Vamos ver se você consegue se lembrar de quais são esses
cinco componentes? Consegue se lembrar de exemplos de atividades que descreveriam cada um deles? Quais fatores poderiam favorecer o melhor funcionamento desses componentes da atenção? Como se chama a medida da quantidade de informações a que conseguimos direcionar nossa atenção? E então? Como se saiu? Resumidamente, nesta trilha de aprendizagem exploramos os cinco aspectos da atenção do ponto de vista neuropsicológico: atenção sustentada, amplitude atencional, atenção seletiva, atenção alternada, atenção dividida. No decorrer das definições, abordamos vários exemplos, como a leitura de um livro e a capacidade de concentrar o foco nessa atividade, a qualidade de resposta após alguns minutos, a variação e a quantidade de informações processadas, como ilustrações dos componentes de sustentação, amplitude e seletividade atencional.
Foram apresentados exemplos de alguns estudos que se
voltaram à investigação das diferenças entre processos atencionais complexos, como a atenção dividida e alternada, a partir da associação de algumas medidas de atenção e a realização de multitarefas. Em 2009, Ophir e colaboradores, por exemplo, propuseram que as pessoas que trabalham em várias tarefas simultaneamente utilizam o que eles denominaram “controle cognitivo baseado na amplitude”. A discussão também gira em torno do quão benéfico para o controle atencional pode ser disponibilizar a atenção para muitas tarefas. Para um aprofundamento desse tópico, apresentamos um trecho de uma conferência sobre o tema 19 em que um designer de produtos levanta questionamentos sobre as diferenças entre ser multitarefas e monotarefa.
Não deixe de consultar o ambiente virtual de aprendizagem,
onde você encontrará outras tarefas e matérias de aprofundamento que auxiliarão seu processo de aprendizagem! 20 Referências
CONSENZA, R; GUERRA, L. Neurociência e educação. Porto
Alegre: Artmed, 2011.
EYSENCK, M.; KEANE, M.T. Manual de Psicologia Cognitiva.
7ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P.;
COSENZA, R. M. Neuropsicologia: teoria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008.
KANDEL, E. et al. Princípios da Neurociência. 5ª ed.
Mcgraw-Hill Brasil – Grupo A, 2014.
MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Avaliação neuropsicológica. 2ª
ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
MIOTTO, E. C.; LUCIA, M.; SCAFF, M. Neuropsicologia
Clínica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Roca, 2017.
SANTOS, F. H.; ANDRADE, V. M.; BUENO, O. F. A. (Orgs.).
Neuropsicologia hoje. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Universidade Presbiteriana