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Narcisa da Rosaria Domingos Antonio

Licenciatura em Ensino Basico

3° Ano

EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICO ( PORTUGUÊS - CHUABO )

Quelimane

2021
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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA

Licenciatura em Ensino Básico

3° ano

EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICO ( PORTUGUÊS - CHUABO )

Trabalho de caráter avaliativo a ser


apresentada a Faculdade de Educação, como
requisito a cadeira de Didática de Linguas
Bantu.

Orientadora: Dr. João Armazia

Quelimane

2021
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1. Breve Conceito

Empréstimos linguísticos são as influências recebidas de outras línguas na língua


portuguesa, já que não existe propriedade privada no que se refere às línguas, mas sim
uma socialização geral. Podemos dizer, portanto, que empréstimos linguísticos são os
contatos que existem entre as culturas diferentes e os falantes de línguas diferentes,
sendo aplicadas palavras e expressões de uma língua em outra, seja para nomear coisas,
situações, processos ou comportamentos que, no geral, não possuem uma palavra em
nossa língua como referência.

O processo se dá por meio de expressões ou palavras que, como mencionamos


anteriormente, pertencem à outras línguas e eram usadas individualmente por elas, mas
passam a ser usadas com popularidade. Existem, entretanto diferenciações na pronúncia
das palavras, que se dá por meio da adaptação dos sons, assim como pela adequação ao
padrão fonológico da língua que a recebe. É justamente por isso que, metaforicamente,
o fenômeno recebe o nome de empréstimo linguístico.

Nº PORTUGUES CHUABO
01 Lapis Lapy
02 Caderno Cadernu
03 Livro Livuru

04 Jaru Jaru
05 Copo Copó
06 Prato Parato
07 Fungão Fungau
08 Cortina Kurtina
09 Tigela Tijela
10 Caneta Caneta
11 Verniz Vernige
12 Bata Bata
13 Cadeira Kadera
14 Remote Romote
15 Televisor Televisore
4

16 Antena Antena
17 Lenço Lenço
18 Colher Ėculher
19 Sapato Sapatho
20 Chinelo Tchinela
21 Chave Chave
22 Lençol Lençoli
23 Cama Kama
24 Almofada Almofada
25 Sofá Sofá
26 Colgate Coliguete
27 Escova Eshycova
28 Esparguete Espargute
29 Mayonaise Mayoneze
30 Manga Manga
31 Machado Matchado
32 Martelo Marteló
33 Alicate Alicate
34 Frigideira Frisdera
35 Assadeira Assadera
36 Taça Taça
37 Vinagre Vinagre
38 Tampa Ėtampa
39 Chapa Machapa
40 Janela Janela
41 Posto Postu
42 Fio Fio
43 Cebola Sabola
44 Alho Alho
45 Tomate Matimati
46 Escola Shycola
47 Hospital Hoshypitale
5

48 POLICIA Opolicya
49 Chamboco Tchamboco
50 Creme Kereme
51 Pasta Pasta
52 Celular Cilular
53 Extensão Extensau
54 Abacate Abacate
55 Toalha Tualha
56 Açúcar Çukar
57 Lanterna Lamterna
58 Mesa Mesa
59 Acucacreiro Çukarero
60 Tubo Tubo
61 Drenagem Drenagem
62 Morango Morango
63 Vinho Vinhu
64 Cerveja Cereveja
65 Refresco Referesco
66 Repolho Repolha
67 Lona Ėlona
68 Geleira Gilera
69 Congelador Congeladore
70 Torneira Turnera
71 Mapa Mapa
72 Descartável Dyscartavele
73 Sabão Sabauwa
74 Caixa Caixa
75 Corrente Currente
76 Colar Colar
77 Brinco Birinco
78 Anel Anel
79 Relógio Relojo
80 Prego prego
6

81 Latrina Cintina
82 Casa de Banho Casdebanho
83 Chaveiro Tchavero
84 Garrafa Garafa
85 Lata Ėlata
86 Biblioteca Biblioteca
87 Jardim Jardim
88 Quadro Quaduro
89 Apagador Apagadore
90 Giz Giz
92 Fosforo Fosfuro
93 Calsa Calsa
94 Camisa Camisa
95 Sombrinha Subrimnha
96 Cinto Cinto
97 Plástico Plástico
98 Mala Mala
99 Primo Pirimo
100 Pão Pão

2. As Razoes da Ocorrências dos Empréstimos


2.1. Obstruentes.

O primeiro é relativo às obstruintes. Neste caso, ocorre a substituição das consoantes


vozeadas e existentes nas palavras emprestadas do português, mas não existentes
fonologicamente em chuabo , pelas suas contrapartes homorgânicas desvozeadas e, que
fazem parte do inventário fonológico da língua, como abaixo:

Português Chuabo
Lapis Lapis Lapy
Descartável Descartável Dyscartavele
Frigideira Frigideira Frisdera
Sapato Sapato Sapatho
7

Colher Colher Ėculher


Toalha Toalha Tualha
Machado Machado Matchado

Notemos acima que a palavra [ˈSapato] é pronunciada como [ˈSaphato] ou ainda que a
palavra [ˈColher ] é pronunciada como [ˈĖculher], havendo a substituição das
consoantes vozeadas [O e C] pelas desvozeadas [H e Ėcu. O mesmo ocorre nos demais
palavras.

2.2. Soantes

O segundo tipo de substituição não mais opera com obstruintes, mas com soantes, e é
aquele em que houve substituição das palatais e , que não existem fonologicamente na
língua, pela palatal, conforme abaixo:

Português Chuabo
Açucareiros Açucareiros Çukarero
Hospital Hospital Hoshypitale
Cadeira Cadeira Kadera
Primo Primo Pirimo
Tomate Tomate Matimati

2.3. Acomodação Fonológica

Há, ainda, outro processo em Chuabo, que estamos tratando como acomodação
fonológica, mas que não tem a ver com a substituição de segmentos. Este processo é
aquele em que houve adaptação dos empréstimos ao padrão silábico da língua. Como
em Chuabo não existem encontros consonantais e consoantes em coda são proibidas,
palavras emprestadas com essas características foram ressilabificadas. Vejamos:

. Português Chuabo
Prato Prato Parato
Copo Copo Copó
Garrafa Garrafa Garafá
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Tubo Tubo Tubó


Lenço Lenço Lençó

Notemos que, para evitar o encontro consonantal, que conforme já dito não ocorre na
língua, os falantes ressilabificaram as palavras emprestadas. Assim, uma palavra como
[ˈParatu] „prato‟, do português, passou a ser pronunciada em Chuabo como [paratu]
„paratu‟, evidenciado a criação de uma nova sílaba, que desfaz o encontro consonantal
entre , comum no português.

Os exemplos acima evidenciam, portanto, casos de palavras simples em que houve


importação morfêmica total, variando apenas os graus de substituição fonêmica, a
depender das necessidades de acomodação fonológica da língua.

2.4. Criações Nativas

Puramente nativas, uso inovador de palavras nativas para expressar conceitos


estrangeiros Estamos tratando as palavras dessa categoria como neologismos em
Chuabo. Esses neologismos compõem boa parte das palavras coletadas e, em geral, são
formados de palavras nativas acompanhadas também de morfemas nativos, a fim de
designar ou representar referentes estrangeiros ou da língua alvo, no caso, o português.

Português Chuabo
Chapa Chapa Machapa
Lona Lona Elona
Tomate Tomate Matimati
Lata Lata Ėlata

Vimos, pelos exemplos apresentados, que a língua Chuabo dispõe tanto de estratégias
modeladas pela língua fonte, quanto de estratégias de criação para a utilização de
elementos importados. Além disso, pelos exemplos apresentados é possível ter uma
visão geral a respeito dos neologismos em Chuabo e de como o léxico está intimamente
ligado à estrutura gramatical dessa língua, como evidenciam os afixos marcadores de
pessoa, os morfemas classificadores, e os locativos, dentre outros, que são anexados às
palavras emprestadas ou criadas pelos falantes, para designar referentes estrangeiros.
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2.5. Causas dos empréstimos

As línguas evoluem com o tempo. Os contextos sociais, económicos, políticos e


culturais muitas vezes influenciam nas mudanças e variações linguísticas. Num
primeiro passo, isso afecta o léxico das línguas. As mudanças podem afectar os
aspectos fonéticos, lexicais, morfo-sintáticos e semânticos. As mudanças podem provir
de neologismos, estrangeirismos e empréstimos. O estudo destes três conceitos é
vasto daí que precisa de um espaço próprio. O processo se dá por meio de
expressões ou palavras que, como mencionamos anteriormente, pertencem à outras
línguas e eram usadas individualmente por elas, mas passam a ser usadas com
popularidade. Existem, entretanto diferenciações na pronúncia das palavras, que se dá
por meio da adaptação dos sons, assim como pela adequação ao padrão fonológico da
língua que a recebe. É justamente por isso que, metaforicamente, o fenômeno recebe o
nome de empréstimo linguístico

3. Conclusão

Uma vez que, conforme se viu, a língua tem a sua disposição possibilidades várias de
enriquecimento lexical, uma pergunta poderia ser feita: seria o empréstimo lingüístico
realmente indispensável? Teoricamente não, pois, como afirma Langacker (1972:186), é
“possível ampliar e modificar o uso das unidades lexicais existentes para fazer face às
novas necessidades de comunicação”. No entanto, a velocidade assombrosa com que
evoluem na atualidade a ciência, a técnica, os hábitos e os costumes impede, em muitas
situações, que países como o Moçambique consumidores, muito mais do que produtores
de ciência e de tecnologia, possam utilizar uma nomenclatura vernácula para designar
os frutos da modernidade.

Embora, como já foi possível perceber, o empréstimo de palavras seja em si mesmo um


fato absolutamente normal, verificado em praticamente todas as línguas –
especificamente com relação ao português, desde o início de sua formação, o
acolhimento de itens lexicais provenientes de outros idiomas é uma realidade –, é
inegável que o Moçambique se destaca no mundo lusofono pela facilidade com que
acolhe palavras e expressões estrangeiras. Por aqui, com demasiada freqüência, o uso
desses elementos encontra-se associado ao lema “aquilo que vem de fora é melhor”, em
especial quando o “de fora” em questão é um país altamente prestigiado, cujos produtos,
conceitos e idéias estão relacionados a modernidade, progresso e avanço tecnológico.
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4. Referencias bibliográficas

BONVINI, E. (2004). Línguas africanas e português falado no Brasil. in FIORIN, J. L.;


PETTER, M. (ors). África no Brasil: A formação da língua portuguesa. São Paulo:
Contexto.

DIAS, H. N. (2009). A norma padrão e as mudanças linguísticas na língua portuguesa


nos meios de comunicação de massas em Moçambique. In DIAS, H. N. (org). Português
moçambicano: Estudos e reflexões. Maputo: imprensa universitária. ______. (2002).
Minidicionário de moçambicanismos. Maputo: Imprensa Universitária. ______. (1991).
Os empréstimos lexicais das línguas bantu no português. in: Actas do Simpósio
Nacional sobre língua portuguesa em Africa. Escola superior de Santarém. ______.
(2009b). Português moçambicano: Estudos e reflexões. Maputo: Imprensa Universitária.

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