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NOTA TÉCNICA

REVISÃO ANUAL DA REMUNERAÇÃO DOS SERVIDORES FEDERAIS DA ÁREA


DE EDUCAÇÃO EM 2012

Wagner R. Arruda Chaves ∗

"Não há, numa Constituição, cláusulas a que se deva atribuir meramente o


valor moral de conselhos, avisos ou lições. Todas têm a força imperativa de
regras." (Rui Barbosa. Comentários à Constituição Federal Brasileira, tomo
II, São Paulo, 1933, p. 489)

De acordo com a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE


1988 (Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos), em seu:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”

“X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art.


39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998) (Regulamento)”

A Constituição da República Federativa do Brasil é a Lei maior do país. Cabe ao Poder


Executivo Federal executar suas determinações estritamente no que a Lei prescreve em
seus artigos. Se a Constituição determina “a revisão geral anual” dos padrões de
“remuneração dos servidores públicos”, “na mesma data” base, “e sem distinção de
índices”, o Poder Executivo deve cumprir as determinações constitucionais efetivamente.

A Lei maior da nação estabeleceu essas diretrizes por considerar fundamentalmente os


fluxos da produção e da circulação de produtos e serviços no mercado nacional, em que se
constata a variação de preços nos processos de oferta e demanda de mercadorias, que estão
relacionados às adequações da base monetária administrada pelo Banco Central do Brasil
– autarquia do Poder Executivo Federal –, em que se registra historicamente a presença do
fenômeno inflacionário – medido pelo IBGE – fundação do Poder Executivo Federal –,

Mestre em Economia (PUC-SP), administrador no Ifes – Instituto Federal do Espírito Santo. Vitória,
18/6/2012, warchaves@gmail.com.
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NOTA TÉCNICA

cujos preços das mercadorias aumentam em consequência da oscilação da base monetária


excedente na circulação de mercadorias. Como o salário dos servidores é denominado e
realizado em moeda, e com ele são adquiridos bens e serviços necessários ao seu bem-
estar humano, precisa dessa "revisão geral anual” para uma atualização monetária diante
do fenômeno da inflação, se assim não se efetivar, instala-se o ambiente de
empobrecimento financeiro e material do trabalhador e da trabalhadora, porque com
salário desatualizado, sem a incorporação do índice inflacionário, adquirem-se menos
produtos e serviços necessários à sobrevivência e bem-estar das famílias dos servidores.

Bem como, os legisladores da Constituição, sabedores das possibilidades do


desenvolvimento econômico da estrutura produtiva nacional, realizada historicamente,
fenômeno que se observa pela expansão da produção de valores e bens materiais e de
serviços, em virtude da qualificação e ampliação dos processos de trabalho, determinaram
a “revisão geral anual da remuneração” dos servidores para que esta possa ser
incrementada pela taxa de crescimento real da economia, indicada pela variação do PIB –
Produto Interno Bruto, e com isso, incluir a condição de existência dos servidores e das
servidoras na assimilação dos ganhos da ampliação da riqueza nacional, e dessa forma
melhorar seu padrão de bem-estar socioeconômico.

Sendo assim, tendo como referência a remuneração dos Técnicos Administrativos dos
Institutos Federais de Educação, ao se fazer a análise da “revisão geral anual da
remuneração”, conforme determina a Constituição Federal, para os anos de 2011 e 2012,
devem-se levar em conta os resultados dos indicadores macroeconômicos nacionais, que
se registram, respectivamente, na taxa de inflação e na taxa de variação do PIB, em 2010,
de 5,9% (IPCA-IBGE), e de 7,5% (PIB-IBGE), cuja soma direta resulta em 13,4%; e em
2011, de 6,5% (IPCA-IBGE) e de 2,7% (PIB-IBGE), cuja soma direta resulta em 9,2%.
Calculando-se o acumulado dos dois anos, teremos a taxa de 23,8%, que é o índice básico
de atualização monetária do conjunto da remuneração dos servidores públicos, para esse
ano de 2012. Essa mesma lógica básica de cálculo seria prevista, na ausência de outra
melhor, nas Leis Orçamentárias Anuais vindouras.

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