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Matheus L. Carrijo2
8 de setembro de 2022
1 Estas notas são um produto de meus estudos dos livros FEA-USP (2008) e Mankiw (2015) e das aulas
de um curso preparatório para o Exame Anpec, o Cursinho Simples. Em geral, são anotações minhas sobre
o conteúdo destas fontes, mas que podem conter alguns trechos copiados ipsis litteris. (ESTAS NOTAS
ENCONTRAM-SE AINDA EM DESENVOLVIMENTO)
2 Bacharel em Matemática Aplicada a Negócios pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
1 Introdução 9
I Agregados Macroeconômicos 11
2 Contabilidade Nacional 13
3 O sistema monetário 15
3.1 Funções da moeda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 O sistema bancário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3 A oferta monetária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.4 A demanda por moeda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4.1 Demanda monetária pelo motivo transação: a Teoria Quantitativa a Mo-
eda (TQM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4.2 Demanda monetária pelo motivo especulação (ou portfólio) . . . . . . 20
3.4.3 Modelo de Baumol-Tobin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.4.4 Modelo de Cagan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.5 Exercícios ANPEC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4 Finanças Públicas 43
4.1 Definições de déficit público e formas de financiamento . . . . . . . . . . . . . 43
4.1.1 Impostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1.2 Senhoriagem e imposto inflacionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.1.3 Dinâmica da dívida pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2 Equivalência ricardiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.3 Exercícios ANPEC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5 Modelo Clássico 61
1
2 SUMÁRIO
6 Modelo Keynesiano 79
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.1.1 Princípio da Demanda Efetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
6.1.2 Instabilidade da Demanda, Decisão de Investimento e o Papel do Governo 80
6.2 Modelo Keynesiano com Economia Fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6.2.1 Consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
6.2.2 Investimento e Gastos do Governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.2.3 Equilíbrio no Modelo Keynesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.2.4 Alteração nos Gastos do Governo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
6.2.5 Orçamento Público e o Teorema de Havelmo . . . . . . . . . . . . . . . 83
6.3 Modelo Keynesiano com Economia Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
7 Modelo IS-LM 87
7.1 O modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7.1.1 Curva IS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7.1.2 Curva LM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
7.2 Política Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
7.3 Demanda agregada no modelo IS-LM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
7.4 Efeito Fisher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
7.5 Exercícios ANPEC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.1 Cruz keynesiana: equilíbrio é o ponto em que oferta agregada (gasto efetivo) iguala-se
à demanda agregada (gasto planejado). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5
6 LISTA DE FIGURAS
7
8 LISTA DE TABELAS
Introdução
9
10
Agregados Macroeconômicos
11
Capítulo 2
Contabilidade Nacional
13
14
O sistema monetário
Este capítulo tem como objetivo descrever (de forma bastante simplificada) o sistema mo-
netário presente hoje na maioria das economias. Começaremos com a parte conceitual básica
das funções da moeda e, depois, com o funcionamento do sistema bancário de reservas fracio-
nárias. Então, será derivado o multiplicador monetário, permitindo que analisemos, por fim, o
papel do banco central no controle da oferta monetária na economia. Em seguida, o lado da
demanda será examinado através da exposição dos modelos de demanda monetária.
Em primeiro lugar, podemos tratar das funções que a moeda cumpre numa economia. De
acordo com a teoria monetária, moeda é tudo aquilo que desempenha os papéis de meio de
troca, unidade de conta e reserva de valor. No primeiro caso, queremos dizer que a moeda serve
como um instrumento que realiza a intermediação das trocas realizadas entre as pessoas. Tal
característica é de suma importância, uma vez que na ausência de uma tecnologia como esta, as
trocas dar-se-iam por escambos, sendo necessária a existência da dupla coincidência de interesses
entre as partes envolvidas numa transação. No que se refere à unidade de conta, queremos dizer
que a moeda define os termos contábeis os quais os preços são determinados. Assim, podemos
comparar, por exemplo, produtos heterogêneos à luz de uma única medida: o preço expresso
em unidades monetárias. Por fim, a reserva de valor é importante na medida em que estabiliza
minimamente a transferência de valor entre o presente e o futuro. Esta última característica é
importante sobretudo para prover confiança às pessoas na moeda e, assim, fazer com que elas
continuem a usar tal instrumento como meio de troca.
15
16 3.2. O SISTEMA BANCÁRIO
Entendidas as funções da moeda, podemos voltar a nossa atenção à análise do sistema mo-
netário como um todo. Com respeito à oferta, o banco central é a instituição que mais tem
poder para influenciar a quantidade de moeda numa economia. Como é ele quem tem o mo-
nopólio de emissão desta unidade de conta, é comum considerar, para efeitos de exposição, a
oferta monetária sendo determinada integralmente pela autarquia. Embora o sistema bancário
seja outro setor com poder de influenciá-la, o alto grau de fiscalização promovido pelo banco
central faz com que este tenha o poder de manipular e controlar a oferta de moeda, principal-
mente pelos seus mecanismos de controle que formam a política monetária. Em suma, o papel
dos bancos comerciais (depositários) neste sistema depende muito do chamado multiplicador
monetário, que estudaremos adiante.
Para entender como se dá esta interação entre os agentes no sistema monetário, podemos
oferecer um modelo de oferta de moeda. Para isto, primeiramente defina as seguintes variáveis
exógenas: base monetária (B); proporção entre papel moeda em poder do público e depósi-
tos à vista (cr = P M P P/DV ); e, por último, proporção entre reservas e depósitos à vista
(rr ≡ R/DV ). Também por definição, sabemos que a oferta e a base monetária são dadas
respectivamente por M = P M P P + DV e B = P M P P + R. Como queremos derivar o
multiplicador monetário, é natural estudarmos a expressão M/B, ou seja,
M P M P P + DV
=
B P P MP + R
Multiplicado o numerador e o denominador da expressão por 1/DV , temos
M P M P P/DV + DV /DV cr + 1
= = (3.1)
B P P M P/DV + R/DV cr + rr
e, então, M = mB, em que
cr + 1
m≡
cr + rr
é o multiplicados monetário que queríamos.
Existe uma outra forma de expressar o multiplicador monetário que normalmente aparece
nos livros. Para derivarmos esta forma, suponha agora que c = P M P P/M e d = DV /M .
Note que c + d = 1. Se ao invés de dividirmos o numerador e o denominador de M/B por DV ,
c+d 1 1 1
m= = = = , (3.2)
c + R/M 1 − d + rr×DV
M
1 − d + rr × d 1 − d(1 − rr).
Dividirei a análise das relações entre a demanda monetária e as variáveis renda e taxa de
juros em duas partes. Para explicar a dependência da renda, será útil o desenvolvimento da
chamada Teoria Quantitativa da Moeda a partir da equação quantitativa da moeda; depois, será
feita a explicação da dependência da demanda monetária com a taxa de juros.
M V = P T,
1
Nesta seção, seguirei de perto o livro FEA-USP (2008), que apresenta uma abordagem mais completa sobre
o tema.
2
Observe como tais motivos de demanda por moeda estão ligados às características que definem uma moeda,
especialmente meio de troca e reserva de valor.
3
Este é um pressuposto bem conhecido e marcante da teoria clássica.
M
= kY, (3.5)
P
4
Intuitivamente, pode ser pensado como o número de vezes que a moeda troca de mão num dado período de
tempo.
5
Outra forma de escrever a EQM seria pelas taxas de crescimento de cada variável. Para ver isso, note que a
igualdade em (3.4) tem de funcionar para todo tempo t ∈ N, ou seja,
Assumindo V = v constante, tomando o logaritmo dos dois lados das duas igualdades e subtraindo a primeira
equação da segunda, então
Observe que ln(x) ≈ x − 1 para qualquer x arbitrário próximo de 1 (basta fazer uma aproximação de Taylor em
torno de x = 1), o que nos permite escrever ambos os lados da igualdade acima em termos de taxas de crescimento
das variáveis em t. Definindo mt , pt e yt como as taxas de crescimento (variação percentual) do estoque de moeda,
do nível de preços e do produto, então
mt ≈ πt + yt .
6
É razoável esta hipótese já que a velocidade depende de fatores institucionais e tecnológicos.
7
Em verdade, a relação entre tais taxas é melhor representada pela expressão 1 + r = i+π .
1+i
No entanto, para
taxas pequenas, a equação usando diferença ao invés de divisão é satisfatória.
de inflação ainda não se concretizou no momento em que ele tem que decidir reter moeda ou
aplicar seus recursos em outros investimentos. Assim, podemos fazer uma distinção entre duas
taxas reais de juros: a ex ante, aquela referente à diferença entre a taxa nominal e expectativa
do agente quanto à inflação do período, e a ex post, expressa pela diferença da taxa de juros
nominal e a taxa de inflação do período efetivamente realizada. Estes conceitos dão origem ao
chamado Efeito Fisher, que pode ser descrito pela seguinte equação:
r = i − πe,
em que π e é a taxa de inflação esperada. Assim, podemos expressar a equação (3.6) por
d
M
= f (r + π e ).
P
Podemos estabelecer, agora, uma relação mais geral que a demanda monetária guarda com
os efeitos tanto da taxa de juros nominal quanto do nível de renda:
d
M
= f (i, Y ) = f (r + π e , Y ).
P
Vimos que através da equação quantitativa podemos estabelecer uma igualdade entre os
encaixes monetários e a quantidade de renda multiplicada pelo inverso da velocidade do di-
nheiro, ou coeficiente marshaliano:
M
= kY.
P
Se entendermos Y como sendo a renda do agente recebida mensalmente (seu salário, por exem-
plo), de maneira que ele vai ao banco N vezes para receber a renda e gasta todo o saldo ao longo
do mês, a retenção média do indivíduo será8
M 1
S(N ) ≡ = Y.
P 2N
Y
C(N ) = i + N F.
2N
Se o indivíduo minimiza seus custos, então a quantidade ótima de idas ao banco é dada pela
condição de primeira ordem:
r
iY
N =∗
. (3.7)
2F
8
Por exemplo, se o indivíduo recebe $300 mensais e vai ao banco apenas 1 vez (N = 1) no período de um
mês — período em que ele gasta toda a sua renda aos poucos —, então a sua retenção média de moeda é S =
300/(2 × 1) = 150.
Observe que Pt+1 /Pt = (1+πt+1 ) é a taxa de inflação para o período t+1 e que a demanda
possui uma relação negativa com esta taxa9 . Ainda, podemos ver que o parâmetro γ é o termo
que mede a sensibilidade da demanda de moeda com relação à taxa de inflação do próximo
período.
Para manter simplicidade nos cálculos, podemos aplicar o logaritmo natural de ambos os
lados da equação (3.9) e, ao definirmos mt ≡ ln Mt e pt ≡ ln Pt , podemos reescrever (3.9)
como:
mt − pt = −γ(pt+1 − pt ). (3.10)
1 γ
pt = mt + pt+1 . (3.11)
1+γ 1+γ
Observe que tal relação de recorrência tem de servir para todo tempo arbitrário t, em espe-
cial para t + n, n ∈ N, isto é,
1
pt+n = (mt+n + γpt+(n+1) ), ∀n ∈ N. (3.12)
1+γ
Pode-se notar pela expressão acima que quando γ → 0, ou seja, quando a sensibilidade da
demanda em relação à inflação futura tende ao zero, então os preços correntes dependerão
menos das quantidades de encaixes monetários futuros. No limite, quando γ = 0, segue que
pt = kmt , em que k = 1/(1+ γ), isto é, os preços dependem apenas da oferta monetária atual,
exatamente o que a teoria quantitativa da moeda nos diz. Por outro lado, quando γ → ∞, então
γ/(1 + γ) → 1, o que faz crescer a relevância das ofertas monetárias futuras sobre o nível de
9
Para ver este fato, basta notar que
d
d M −(1+γ)
= −γπt+1 < 0.
dπt+1 P
preços atual.
Perceba que até agora (como deixamos claro anteriormente) trabalhamos com previsões
perfeitas, de modo que sabemos exatamente a quantidade ofertada de moeda no futuro. Se
relaxarmos esta hipótese e assumirmos que a oferta monetária futura não é conhecida com
perfeição, então podemos escrever a demanda monetária em (3.9) como
mt − pt = −γ(E[pt+1 ] − pt ),
em que E[pt ] denota a esperança do preço no tempo t. Com isso, pode ser demonstrado que a
fórmula (3.13) fica da seguinte maneira:
∞
i !
1 X γ
pt = mt + E[mt+i ] .
1+γ i=1
1 + γ
Questão 11/2005
Avalie as seguintes proposições sobre economia monetária:
(4) A base monetária é por definição igual à reserva bancária mais os depósitos à vista nos
bancos.
Solução.
(4) Falso.
Demonstração. A base monetária é por definição a soma entre a quantidade de papel moeda
em poder do público na economia mais a quantidade de reservas dos bancos comerciais.
Questão 02/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(0) Os meios de pagamento em uma economia são dados por: M 1 = P M C −CBC +DV ,
em que P M C =papel-moeda em circulação; CBC = caixa em moeda corrente dos bancos
comerciais; DV = depósitos à vista nos bancos comerciais.
(1) Quando um indivíduo aplica R$100 de sua conta corrente em um fundo de investimentos
lastreado em títulos públicos, a quantidade de moeda na economia (M1) não se altera.
(2) uma elevação da taxa de reservas voluntárias dos bancos comerciais provoca (tudo o
mais constante) uma expansão da quantidade de moeda em circulação na economia.
(3) Um superávit fiscal eleva os depósitos do Tesouro Nacional no Banco Central e, portanto,
representa uma contração da base monetária.
(4) Em uma economia hipotética, o público mantém 60% de seus meios de pagamento na
forma de papel-moeda e 40% na forma de depósitos à vista nos bancos comerciais. Do total de
depósitos à vista, os bancos retêm 50% na forma de reservas (tanto por precaução, quanto por
exigência legal). Se a base monetária é de $1000, a quantidade de moeda em circulação (M1) é
igual a $1250.
Solução.
(0) Verdadeiro.
(1) Falso.
Demonstração. Como M = P M P P + DV e DV está diminuindo sem haver um aumento em
P M P P , então claramente está havendo uma alteração na quantidade de moeda na economia.
(2) Falso.
Demonstração. O que ocorre é exatamente o contrário: maior reservas significam menor di-
nheiro destinado ao empréstimo e, assim, menor o multiplicador monetário. Portanto, há uma
contração monetária ao invés de uma expansão.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Há uma troca entre agentes monetário (Banco Central) e não-monetário (Te-
souro Nacional) de modo que há transferência de saldo monetário deste para aquele. Portanto,
há uma contração da base monetária.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Com as informações do enunciado vemos que
B 1000
M= = = 1250.
1 − d(1 + r) 1 − 0.4(1 − 0.5)
Questão 10/2013
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(2) Quanto menor for a reserva obrigatória que os bancos comerciais devem manter como
proporção dos depósitos à vista, maior será o multiplicador monetário.
(3) Os encaixes correntes dos bancos comerciais não entram no cálculo dos meios de pa-
gamento.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, quanto menor a taxa de reserva, mais recursos para os bancos comer-
ciais emprestarem ao público. Portanto, maior o multiplicador monetário.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Se entendermos os encaixes correntes dos bancos comerciais como sendo suas
reservas mantidas no Banco Central, então a afirmação é correta. Os meios de pagamentos são
formados pelo papel moeda em poder do público mais os depósitos à vista mantidos nos bancos
comerciais.
Questão 07/2007
Avalie as proposições:
(0) A equação de Fisher mostra que a taxa de juros real é a soma da taxa de juros nominal e
da inflação esperada.
(1) De acordo com a Teoria Quantitativa da Moeda o controle da oferta monetária implica,
em última instância, no controle da inflação.
(2) Quanto menor for a taxa de redesconto, mais barato será o empréstimo de reservas e
maior tenderá a ser o montante levantado pelos bancos junto ao Banco Central.
(3) De acordo com o modelo de Baumol-Tobin, o custo total de se reter moeda é dado pelo
somatório do custo das idas e vindas ao banco e do montante de moeda retido.
(4) Os três instrumentos de política monetária são: taxa de juros, agregados monetários e
taxa de câmbio
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A equação de Fisher mostra que a taxa de juros real é a diferença entre a taxa
de juros nominal e a inflação esperada:
r = i − πe.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A Teoria Quantitativa da Moeda estabelece que, em equilíbrio,
M
= kY,
P
(2) Verdadeiro.
Demonstração. A taxa de redesconto é a taxa cobrada pela autoridade monetária ao fim do dia
para que os bancos recuperem suas posições de liquidez, ou seja, para que tomem empréstimos
do banco central para voltar ao nível de reservas permitido. Assim, caso a taxa seja baixa, há
um incentivo para que os bancos comerciais emprestem mais recursos e, assim, expanda a base
monetária, já que eles poderão tomar emprestado do banco central para recuperar seu nível de
reserva.
(3) Falso.
Demonstração. O custo total de se reter moeda é dado pelo somatório do custo das idas e
vindas ao banco e do montante de moeda retido multiplicado pela taxa de juros da economia.
(4) Falso.
Demonstração. Os três instrumentos de política monetária são: operações de mercado aberto
(open-market), taxa de redesconto e taxa de reserva.
Questão 04/2010
Julgue as seguintes alternativas
(4) Uma operação de mercado aberto, na qual o Banco Central compra títulos da dívida
e emite moeda, aumenta os ativos e os passivos do balancete do Banco Central no mesmo
montante.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Sabemos que
1
m = M/B = ,
1 − d(1 − r)
de modo que tais variáveis têm o mesmo significado que no texto. Assim, um aumento em r
diminui m. Mas se aumentarmos B em montante idêntico à elevação das reservas bancárias,
então podemos ver pela relação acima que M não se alterará, ceteris paribus.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A taxa de redesconto é cobrada pelo Banco Central nas operações de emprés-
timo aos bancos comerciais para que estes cumpram com suas posições de liquidez no sistema
monetário. De fato, caso os bancos comerciais tenham acesso irrestrito à janela de redesconto
do Banco Central, então nenhum outro emprestador do mercado irá cobrar uma taxa maior que
a da autoridade monetária, já que não haveria demanda por tais empréstimos — uma vez que
todos poderiam ser atendidos pelo Banco Central.
(2) Falso.
Demonstração. A compra de títulos no mercado aberto pelo Banco Central altera a base mo-
netária, que afeta os meios de pagamento via multiplicador monetário. Considerando as defi-
nições de variáveis como no texto, podemos ver que uma maior fração de moeda retida pelo
público na forma manual, isto é, um c grande, faz com que d = 1 − c seja pequeno. Assim, pela
equação (3.2) podemos ver que o multiplicador monetário decresce à medida que d diminui.
Ou seja, o impacto desta execução de política monetária seria maior caso a fração de moeda
retida pelo público na forma manual fosse menor e, portanto, d fosse maior, já que neste caso
o multiplicador monetário seria maior.
(3) Falso.
Demonstração. Podemos verificar facilmente que M = P M P P + DV não se altera neste
caso e, assim, não há destruição dos meios de pagamento.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Com esta operação, o Banco Central aumenta seus ativos no montante da
compra, já que está adquirindo títulos de dívida, e aumenta seu passivo monetário, já que está
emitindo moeda.
Questão 04/2014
Classifique as alternativas como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(0) Uma compra de títulos públicos pelo Banco Central no mercado aberto causa um au-
mento da base monetária.
(2) Através de operações de mercado aberto, os bancos centrais conseguem controlar a
base monetária, mas não conseguem controlar os meios de pagamentos.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. É exatamente isto o que ocorre e este é o objetivo do BC.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, a base monetária é formada pelas reservas e o papel moeda em poder
do público. Já os meios de pagamentos são formados pelo papel moeda em poder do público
mais os depósitos à vista, variável que o Banco Central não possui total controle.
Questão 02/2018
Classifique as alternativas como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(0) A demanda por moeda não depende da taxa de juros, por que a moeda não rende juros.
(1) O Banco Central pode reduzir a oferta de moeda da economia pela venda de títulos no
mercado de títulos.
(2) Os preços dos títulos (pré-fixados) e as taxas de juros se movem em direções contrárias.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Vimos que a taxa de juros é o custo de oportunidade de reter moeda e, portanto,
mesmo que a moeda não renda juros, ela é influenciada por esta variável.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Este é exatamente um instrumento de política monetária que o Banco Central
possui: compra e venda de títulos públicos no mercado aberto. Ao comprá-los, a autarquia está
aumentando a base monetária; ao vendê-los, está diminuindo a base monetária.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, sabemos que o preço do título é dado pelo seu valor presente:
n
X F Ci
VP = ,
i=1
(1 + r)i
Questão 11/2005
Avalie as seguintes proposições sobre economia monetária:
(1) Caso a base monetária não se altere, uma elevação no multiplicador bancário leva à
redução de M 1.
Solução.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Ocorre exatamente o contrário. Aumento no multiplicador bancário aumenta
os meios de pagamentos, tudo o mais constante.
Questão 05/2007
Julgue as afirmativas:
(0) Operações de mercado aberto em que o Banco Central aumenta os meios de pagamen-
tos pela compra de títulos implicam aumento de preço e redução da taxa de juros desses títulos.
(1) Em uma economia sem moeda manual, o multiplicador monetário corresponde ao in-
verso do coeficiente de encaixes totais dos bancos comerciais.
(2) Uma operação de mercado aberto expansionista implica uma contração da base mone-
tária e um aumento do multiplicador monetário.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, a compra de títulos públicos pelo Banco Central aumenta a demanda
destes instrumentos financeiros e, assim, eleva seu preço. Sabemos pela fórmula
n
X F Ci
VP =
i=1
(1 + r)i
que o preço do título varia na direção contrária da taxa de juros. Portanto, se o preço aumenta,
a taxa de juros deve diminuir, ceteris paribus.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Para ver este fato basta fazer c = 0 (economia sem moeda manual) e, portanto,
d = 1 na fórmula (3.2).
(2) Falso.
Demonstração. Uma operação de mercado aberto expansionista é caracterizada pela compra
de títulos públicos e o consequente aumento (expansão) da base monetária.
(3) Falso.
Demonstração. De fato, há uma troca entre um agente monetário e outro não-monetário.
Ainda, há um fluxo que diminui a quantidade de moeda do agente monetário e aumenta a do
não-monetário. Portanto, há criação de meios de pagamentos.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Há uma troca de saldos monetários entre dois agentes não-monetários. Como
haver troca de saldos monetários entre agentes monetário e não-monetário é uma condição ne-
cessária para que haja criação ou destruição de moeda, então a situação descrita no enunciado
não pode alterar os meios de pagamentos e nem a base monetária.
Questão 10/2009
Julgue as seguintes afirmativas:
(1) Se o Banco Central institui o recolhimento compulsório de 100% dos depósitos à vista
pelos bancos comerciais, o aumento da base monetária terá efeito nulo sobre os meios de pa-
gamentos.
Solução.
(1) Falso.
Demonstração. Se o Banco Central institui o recolhimento compulsório de 100% dos depósitos
à vista pelos bancos comerciais, o multiplicador monetário m valerá 1. Assim, o aumento da base
monetária terá efeito de 1 para 1 nos meios de pagamentos.
Questão 15/2017
Em um determinado país, o público mantém 25% dos seus recursos monetários na forma
de papel-moeda, e o restante em depósitos. Os bancos comerciais mantêm $8.000 em reservas
bancárias. Sabendo que a base monetária é $16.000, calcule o multiplicador monetário.
Solução.
Demonstração. Note que c = P M P P/M = 0.25 e d = DV /M = 0.75, R = 8.000, B =
16.000. Como B = R + P M P P , temos que P M P P = B − R = 16.000 − 8.000 = 8.000.
Substituindo o valor de P M P P na igualdade P M P P/M = 0.25, temos que M = 32.000.
Portanto, o valor do multiplicador monetário m é dado por
M
m= = 32.000/16.000 = 2.
B
Questão 13/2022
Calcule o multiplicador monetário supondo que a proporção de moeda em poder do público
com relação aos depósitos à vista seja de 20% e que os bancos comerciais mantenham como
reservas bancárias 20% de seus depósitos à vista (Arredonde as casas decimais se for preciso).
Solução.
Demonstração. Temos do enunciado que P M P P/DV = 0.2 e r = R/DV = 0.2. Note que
M P M P P + DV P M P P/DV + 1 1.2
= = = = 03.
B P MP P + R P M P P/DV + rDV /DV 0.4
Questão 13/2005
Avalie as proposições:
(2) Usando a teoria quantitativa da moeda e assumindo: primeiro, que a velocidade de cir-
culação é constante e, segundo, que o PIB cresce à taxa anual de 4%, uma expansão de 3% da
oferta de moeda levará a uma inflação de 1%.
Solução.
(2) Falso.
Demonstração. Pela Teoria Quantitativa da Moeda,
M = kY P.
Questão 10/2021
Assinale como verdadeiras ou falsas as assertivas abaixo:
Solução.
(2) Verdadeiro.
(3) Verdadeiro. Demonstração. A existência de ativos muito líquidos (quase moeda) faz
com que a demanda por moeda seja imprevisível.
Questão 07/2005
Sobre o tema “Inflação de Curva de Philips"(inflação no eixo Y , e desemprego no eixo X),
avalie as proposições:
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Como o equilíbrio monetário na teoria quantitativa da moeda é dado pela igual-
dade
M
= kY,
P
claramente se Y aumentar acima de M , P deve diminuir para manter o equilíbrio, de maneira
que a economia passará por uma deflação.
Questão 02/2021
Considere um indivíduo cuja renda (Y ) seja de $50.000 e que tenha uma riqueza acumulada
(constante) de $100.000. Suponha que sua função de demanda por moeda (M d ) seja dada por:
M d = Y (0, 2 − i), em que i é a taxa de juros da economia. Com base nestas informações,
assinale como verdadeiras ou falsas as assertivas abaixo:
(0) A demanda por títulos será de $50.000 se a taxa de juros for igual a 10%.
(1) A demanda por títulos aumentará $500 se a taxa de juros aumentar 1 ponto percentual.
(2) Um aumento da renda aumenta a demanda por moeda e diminui a demanda por títulos.
(3) Um aumento da riqueza aumenta a demanda por títulos e também a demanda por mo-
eda
(4) Um aumento da taxa de juros levará esse indivíduo a reter mais de sua riqueza na forma
de títulos e menos na forma de moeda.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A riqueza do indivíduo será distribuída em moeda e títulos. Se Y = 50.000 e
i = 0.1, então
M d = 5.000.
Portanto, a demanda por títulos deste agente será $100.000 − $5.000 = $95.000.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A demanda por moeda diminui em 0.01 × 50.000 = 500 para cada ponto
percentual a menos na taxa de juros. Isto quer dizer que o indivíduo deve alocar estes $500 em
títulos.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Verdadeiro. Se a renda aumenta, mais moeda será demandada e, assim, menos
“espaço" sobra no patrimônio (fixo) para se demandar os títulos.
(3) Falso.
Demonstração. A função de demanda monetária claramente não depende do patrimônio ou
riqueza.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Aumentos na taxa de juros leva o indivíduo a diminuir sua demanda por moeda.
Assim, ele alocará maior parte de sua riqueza em títulos.
Questão 11/2011
Julgue as seguintes alternativas:
(2) Com base na teoria quantitativa da moeda e na equação de Fisher, podemos concluir que
um aumento de 1 ponto percentual na taxa de expansão monetária deve levar a um aumento
de aproximadamente 1 ponto percentual na taxa de juros nominal.
(3) De acordo com o modelo de Cagan, o nível de preço corrente depende da oferta mone-
tária corrente e das ofertas monetárias passadas.
(4) De acordo com o modelo de Baumol-Tobin de demanda por moeda, quanto maior a taxa
de juros nominal, menor é o número ótimo de idas ao banco para saques de moeda e, portanto,
menor é a quantidade média de moeda mantida em espécie.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, da teoria quantitativa da moeda sabemos que o aumento de 1 ponto
percentual nos saldos monetários da economia vai gerar uma inflação de 1 ponto percentual.
Como da equação de Fisher sabemos que a taxa de inflação é um dos componentes da taxa
de juros nominal (i = r + π), então este aumento de um ponto percentual na inflação será
incorporado pela taxa de juros nominal.
(3) Falso.
Demonstração. A equação (3.13) mostra exatamente o contrário: no modelo de Cagan, o nível
de preços corrente depende das quantidades de ofertas monetárias presente e futura.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. A equação (3.7) mostra que quanto maior a taxa de juros, maior é o número
ótimo de idas ao banco.
Questão 10/2009
Julgue as seguintes afirmativas:
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pela equação (3.8) podemos ver que ocorre exatamente isto.
(4) Falso.
Demonstração. Podemos ver pelas equações (3.7) e (3.8) que a taxa de juros sempre afeta o
nível ótimo de transações.
Questão 08/2013
Julgue as seguintes afirmativas:
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, o modelo de Boumol-Tobin envolve o custo de deslocamento ao banco,
e se choques alteram este custo, a demanda monetária pode ficar instável.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. O modelo de Boumol-Tobin não é uma teoria de carteira de ativos.
Questão 11/2016
Avalie as assertivas abaixo:
(3) Segundo o modelo Boumol-Tobin para a demanda de moeda, se o custo dos juros re-
nunciados para se manter moeda diminui em relação ao custo de deslocamentos para saques,
o número ótimo de deslocamentos para saques aumenta.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Podemos ver pela equação (3.7) que o que ocorre é exatamente o contrário.
Questão 02/2016
Classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) Déficits orçamentários do Tesouro Nacional financiados por meio de empréstimos junto
ao Banco Central aumentam a base monetária.
(1) Empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais determinam aumento de igual
montante nos meios de pagamento.
(2) Quando um indivíduo transfere recursos da conta corrente para a caderneta de pou-
pança, há destruição dos meios de pagamento.
(3) Considere que a alíquota de recolhimento compulsório seja igual a 100% dos depósitos
à vista dos bancos comerciais. Neste caso, a variação da base monetária será igual à variação
dos meios de pagamento.
(4) O Banco Central pode aumentar a quantidade de moeda na economia realizando ope-
rações de mercado aberto que envolvam venda de títulos públicos ou reduzindo a alíquota do
depósito compulsório.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Há uma troca de saldos monetários fluindo de um agente monetário (Banco
Central) para um agente não-monetário (Tesouro Nacional). Portanto, há uma criação de moeda
ou aumento da base monetária.
(1) Falso.
Demonstração. Isto somente é verdade quando o multiplicador é unitário, isto é, m = 1.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pela equação M = P M P P + DV podemos ver que DV está diminuindo
sem haver uma compensação de P M P P . Portanto, tem de estar havendo uma destruição dos
meios de pagamentos.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Neste caso, m = 1 e, portanto, M = B.
(4) Falso.
Demonstração. Operações de mercado aberto que envolvem a venda de títulos públicos faz
com que a quantidade de moeda na economia diminua.
Questão 14/2019
Com base nas seguintes hipóteses, calcule a taxa de juros (i) que equilibra a oferta de moeda
com a demanda por moeda do Banco Central:
Solução.
Demonstração. Precisamos estudar o caso em que M d = M s , isto é, quando o mercado
monetário está em equilíbrio. Do enunciado, temos o valor da expressão M d em função da taxa
de juros. Precisamos descobrir M s . Note que
M s = B × m = B × 10 = 5 × 1011 × 10 = 5 × 1012 .
Assim,
Portanto, i = 10%.
Finanças Públicas
1. Déficit Primário: Dp = G − T ;
em que B é o estoque da dívida pública, i é a taxa de juros nominal, r a taxa de juros real, G os
gastos do governo e T os tributos. Obviamente, o superávit é o negativo do déficit:
1. Impostos (T );
4.1.1 Impostos
A taxação sobre as famílias por parte do governo é a principal fonte de financiamento que
este encontra para seus gastos. Três problemas podem ser consequências da tributação. Em
43
44 4.1. DEFINIÇÕES DE DÉFICIT PÚBLICO E FORMAS DE FINANCIAMENTO
primeiro lugar, pode haver distorções no mercado, causando ineficiência ou peso morto na eco-
nomia. Em segundo lugar, o descasamento temporal do fato gerador do imposto e o momento
em que ele é pago pode fazer com que a arrecadação seja problemática em caso de inflação.
Um exemplo comum que pode ocorrer este efeito é o imposto de renda: como as famílias pa-
gam este tributo somente no começo do ano posterior ao momento em que geraram a renda,
caso haja inflação acumulada neste período, a arrecadação real do governo pode não ser a espe-
rada inicialmente. Chamamos este fenômeno de descasamento temporal entre o fato gerador
e o recolhimento de imposto de Efeito Oliveira-Tanzi. Por fim, outro problema associado à esta
forma de financiamento do gasto público é sumarizado na chamada Curva de Laffer, represen-
tada pela figura 4.1. Note que a arrecadação do governo não é sempre crescente para o nível
de alíquota cobrado. A ideia por detrás da curva é que taxas de imposto muito altas acabam
por desincentivar a produção empresarial, de modo que a arrecadação pública pode cair.
∆M ∆M M
S= = .
P M P
xes monetários reais na economia. Já o imposto inflacionário (II) pode ser descrito, para uma
taxa de inflação π baixa, como1
M
II = π .
P
Foi dito que a emissão monetária poderia gerar imposto inflacionário. Portanto, uma per-
gunta que poderia ser feita é se é possível ter receita de senhoriagem positiva (S > 0) ao
mesmo tempo em que o imposto inflacionário é nulo (II = 0). A resposta é que sim. Para
ver isso, podemos lançar mão da teoria quantitativa da moeda (TQM) em sua versão dinâmica,
considerando a velocidade da moeda constante, de forma que
gm = π + gy ,
1
Em verdade, esta é uma versão aproximada que funciona para π suficientemente baixo. A rigor, o inposto
inflacionário é definido como
Mt Mt+1 π M Pt+1 − Pt
II = − = , com π = .
Pt Pt+1 1+π P Pt
No entanto, caso gy < gm , pela TQM temos que π > 0. Neste caso, a demanda monetária
reagirá à inflação diminuindo. Em equilíbrio, M/P acabará por decrescer, fazendo com que
caia a receita de senhoriagem do governo, uma vez que S = (∆M/M ) × (M/P ). Portanto,
podemos observar dois movimentos antagônicos da emissão monetária em caso de inflação:
por um lado, a taxa de crescimento da moeda acabará por gerar uma receita para o governo;
por outro, a diminuição dos encaixes reais de moeda acabará por diminuir a receita. Isto faz com
que o comportamento da receita de senhoriagem tenha um comportamento similar à curva de Laffer:
para uma emissão monetária menos agressiva, a receita de senhoriagem é positiva. Caso o
governo continue emitindo moeda, o efeito da diminuição dos encaixes reais de moeda acabará
por dominar o efeito positivo da taxa de crescimento nominal da moeda, fazendo com que a
receita de senhoriagem diminua. A figura 4.2 ilustra o raciocínio.
Bt = (1 + it )Bt−1 + Dt − St Pt . (4.2)
Note, no entanto, que as variáveis em (4.2) estão em termos monetários, ou nominais. Isso
acaba por prejudicar comparações internacionais ou coisas do tipo. Para termos uma medida
2
No estudo da dinâmica da dívida pública, é bastante comum o exame ANPEC considerar as receitas de senho-
riagem como nulas. Assim, não teríamos o termo Mt − Mt−1 em (4.1).
3
O mesmo alerta que a nota anterior cabe aqui: o exame ANPEC muitas vezes considera St = 0.
Bt Dt St Pt
bt = , dt = e st = . (4.3)
Pt Y t P t Yt Pt Y t
Note que
1 + rt
bt = bt−1 + dt − s t . (4.5)
1 + gyt
C1 + S1 = Y1 − T1 (4.7)
C2 = Y2 − T2 + S1 (1 + r).
Já no que se refere ao governo, vimos que este gasta Gt e pode se financiar cobrando im-
postos Tt ou emitindo dívidas Bt . Assim, a restrição orçamentária em cada momento do tempo
para o governo é dada por
G1 = T1 + B1 (4.8)
G2 + (1 + r)B1 = T2 .
C2 Y2 − T2
C1 + = Y1 − T1 + (4.9)
1+r 1+r
G2 T2
G1 + = T1 + . (4.10)
1+r 1+r
Podemos ver acima, pelas equações da restrição orçamentária em valor presente, que dado
o plano de gastos do governo no tempo, G1 e G2 , uma diminuição em T1 , por exemplo, faz com
que T2 tenha que aumentar para reestabelecer a igualdade em (4.10), de tal modo que (4.9)
fica inalterado, isto é, o plano de consumo do indivíduo não se altera. Isso porque, ao olharmos
para (4.7), vemos que os indivíduos, adiantando que a diminuição de T1 levará a um aumento
de T2 , poupem mais no primeiro período para pagar uma tributação mais alta no último período.
Noutras palavras, embora o governo tenha diminuído seu orçamento via diminuição da tributa-
ção em t = 1, e, portanto, diminuído sua poupança, os indivíduos, em resposta, aumentarão
sua poupança para arcar com os custos no futuro. Desta forma, a poupança nacional, dada pela
soma das poupanças pública e privada, fica inalterada. Como o consumo não se altera, dizemos
que se vale a equivalência ricardiana, a política fiscal não pode alterar a renda.
Observe que a validade da equivalência ricardiana baseou-se em algumas premissas funda-
mentais. Em primeiro lugar, os agentes são sofisticados de tal modo que eles conseguem avaliar
a sua riqueza intertemporal utilizando a análise da taxa de juros da economia. Outra hipótese
importante foi a existência de um mercado perfeito de crédito para a transferência de riqueza
entre um período e outro. Na presença de mercados imperfeitos e com fricções, as famílias en-
contrarão problemas para a alocação intertemporal de riqueza, e o governo talvez consiga afetar
a renda via ajustes de seu déficit. Por fim, supomos implicitamente que os agentes no primeiro
período se importam com as gerações futuras do último período. Caso isso não fosse verdade,
as próximas gerações seriam as responsáveis por pagar os impostos futuros, de tal modo que
os indivíduos no primeiro período poderiam achar boa ideia consumir mais no presente, já que
eles não precisariam pagar os tributos de amanhã.
Questão 01/2005
Sobre as contas nacionais, avalie as proposições:
(2) Se um aumento do juro doméstico for contrabalanceado por um corte de gastos corren-
tes, o déficit primário do governo cairá.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, o corte de gastos correntes diminuirá o déficit primário do governo,
enquanto que o aumento do juro doméstico não terá efeito (terá efeito apenas no déficit no-
minal).
Questão 10/2006
Avalie as proposições abaixo:
(0) Entende-se por “superávit fiscal primário" a diferença entre receitas e gastos governa-
mentais, excetuadas as despesas com pagamento de juros.
(1) Déficit primário no orçamento público faz crescerem o déficit público total e os gastos
com pagamento de juros.
(3) Em uma economia sem crescimento real, o endividamento é a única forma de se pagar
por programas governamentais.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Como visto no texto.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. De fato. No próximo período, o estoque da dívida aumentará e também os
gastos com pagamentos de juros, para uma dada taxa de juros,
(3) Falso.
Demonstração. O governo pode aumentar impostos ou emitir moeda, por exemplo.
Questão 13/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(0) Quanto maior a taxa de crescimento da base monetária, tudo o mais constante, menor
é a receita de senhoriagem do governo.
(1) O déficit operacional do Setor Público é dado por (G − T + rB), em que G, T e B são,
respectivamente, os gastos do governo, as receitas correntes do governo e o estoque da dívida
pública, todos em termos nominais, e r é a taxa real de juros sobre a dívida.
(2) O déficit público real é igual ao déficit operacional menos o imposto inflacionário.
(3) O déficit primário do setor público é igual ao déficit nominal menos os juros nominais
pagos sobre a dívida pública.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A receita de senhoriagem pode ser crescente para emissões não tão grandes.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme visto no texto.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme visto no texto.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme visto no texto.
Questão 01/2021
Avalie as assertivas abaixo:
(0) Se um aumento dos gastos correntes do governo for compensado totalmente por uma
redução na despesa com juros nominais domésticos, não há alteração no resultado primário
fiscal.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. O resultado fiscal primário não leva em conta os juros da dívida. Assim, o
aumento dos gastos correntes acabará por aumentar o déficit primário.
Questão 02/2008
Julgue as afirmativas:
(2) Senhoriagem é a receita obtida por emissão de moeda para financiamento de gastos
públicos e que, ao gerar inflação, funciona como imposto inflacionário.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Como visto no texto.
Questão 10/2016
Avalie as assertivas abaixo:
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme visto no texto.
Questão 14/2010
Defina a receita de senhoriagem como ∆S = ∆B/P , em que B é a base monetária, P é o
índice de preço e D é o operador de primeira diferença. Sabe-se que:
Com base nessas informações, calcule a receita de senhoriagem como proporção do PIB.
Multiplique a resposta por 100.
Solução.
Demonstração. Com as informações em a) e b) temos que o multiplicador monetário α é
S ∆B 1 ∆B P
= = .
Y P Y P 10B
100 × 0, 01 = 01.
Questão 03/2013
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(0) Para um país reduzir a sua dívida pública é necessário obter superávits fiscais nominais;
(4) Para um país sem inflação estabilizar a razão dívida pública/PIB é necessário que o go-
verno obtenha superávit primário equivalente à taxa nominal de juros.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Desconsiderando a receita de senhoriagem, o orçamento público pode ser
descrito por
Um país reduz a sua dívida pública se Bt − Bt−1 < 0, isto é, se houver superávit nominal.
(4) Falso.
A estabilização da razão dívida-PIB requer que bt = bt−1 , isto é, exige que superávit primário =
−dt = bt−1 (it − gyt ) ̸= it .
Questão 10/2014
Um país tem razão dívida/PIB de 100%. A taxa de juros nominal é 10% ao ano, e a inflação
6% ao ano. A taxa de crescimento do PIB é de 3% ao ano. Determine o superávit primário
requerido em termos percentuais do PIB para estabilizar a razão dívida/PIB.
Solução.
Demonstração. Utilizemos a fórmula bt = bt−1 (1+rt −gyt )+dt −st com st = 0. A estabilização
da razão dívida/PIB requer que
Questão 14/2020
Suponha um país que em um determinado ano teve uma taxa de juros real de 3% a.a. e um
superávit fiscal primário igual a 4% do PIB. Calcule a taxa de crescimento real anualizada do PIB
(% a.a.), sabendo que ao longo do ano houve uma queda de 50% para 45% na razão dívida/PIB.
Use a aproximação (1 + r)/(1 + g) ≈ 1 + r − g.
Solução.
Demonstração. Utilizemos a fórmula bt = bt−1 (1 + rt − gyt ) + dt − st com st = 0. Note que
rt = 0, 03, dt = −0, 04, bt−1 = 0, 5 e bt = 0, 45. Usando estes valores,
0, 05 0, 04
gyt = + 0, 03 − = 10/100 + 3/100 − 8/100 = 0, 05 = 05%.
0, 5 0, 5
Questão 11/2015
Considere os seguintes parâmetros básicos da economia: razão dívida/PIB = 100%, taxa real
de juros = 10%, taxa de crescimento real do PIB = 2%, superávit primário = 4%. Calcule para
qual percentual (%) o governo deve elevar o superávit primário para tornar a trajetória da razão
dívida/PIB constante.
Solução.
Demonstração. Devemos usar que bt+1 = bt (1 + rt − gyt ) + dt , sendo bt+1 − bt = 0, já que
queremos tornar a trajetória da razão dívida/PIB constante. Então, sabendo que −dt = st , em
que st denota o superávit primário, então st = bt−1 (rt − gyt ) = 1 × 0.08. A resposta final é 08.
Questão 13/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(0) Quanto maior a taxa de crescimento da base monetária, tudo o mais constante, menor
é a receita de senhoriagem do governo.
(1) O déficit operacional do Setor Público é dado por (G − T + rB), em que G, T e B são,
respectivamente, os gastos do governo, as receitas correntes do governo e o estoque da dívida
pública, todos em termos nominais, e r é a taxa real de juros sobre a dívida.
(2) O déficit público real é igual ao déficit operacional menos o imposto inflacionário.
(3) O déficit primário do setor público é igual ao déficit nominal menos os juros nominais
pagos sobre a dívida pública.
(4) Se o déficit primário do setor público é nulo e não há “ajustes patrimoniais” (isto é,
ajustes nos ativos ou passivos do setor público devidos a privatizações, reconhecimentos de
dívidas etc.), então a razão dívida pública/PIB aumentará se a taxa de juros real incidente sobre
a dívida for maior do que a taxa de crescimento real do PIB.
Solução.
(0) Falso.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Esta é a definição de déficit operacional.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Esta é a definição de déficit real.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Esta é a relação entre o déficit primário e o nominal.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Vimos no texto que a diferença da razão dívida/PIB entre os períodos t e t − 1
pode ser escrita (fazendo dt = 0) como
Questão 07/2009
Supondo que a Equivalência Ricardiana seja válida, julgue as seguintes afirmativas:
(0) O governo deve manter uma política de orçamento equilibrado em cada período ao longo
do tempo.
(1) A dívida pública não é considerada riqueza pelo setor privado, uma vez que pode ser
financiada por poupança externa.
(2) Um corte de impostos correntes (tudo o mais constante) leva a um aumento do con-
sumo corrente.
(3) Um aumento de impostos correntes (tudo o mais constante) leva a uma redução da
poupança privada corrente.
(4) Um aumento nos impostos futuros (tudo o mais constante) não altera o consumo cor-
rente.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A Equivalência Ricardiana não diz nada sobre como o governo deve conduzir
seu orçamento, mas é uma análise positiva sobre como a fonte de financiamento do governo
não altera o plano de consumo dos agentes na economia.
(1) Falso.
Demonstração. De fato, a primeira parte da afirmação, de que a dívida pública não é consi-
derada riqueza pelo setor privado, está correta mas isso não se deve à possibilidade de ser
financiada por poupança externa.
(2) Falso.
Demonstração. O grande resultado da Equivalência Ricardiana é que alterações na forma de
financiamento do governo não muda o plano de consumo dos agentes.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, para um dado consumo, o aumento dos impostos hoje significa menor
poupança dos agentes privados.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, mudanças nos impostos não altera o plano de consumo dos agentes,
mas sim uma realocação de sua poupança.
59
Capítulo 5
Modelo Clássico
Para o estudo da Macroeconomia, é útil utilizarmos como ponto de partida o fluxo circular
da renda, representado pela figura 5.1 abaixo. Como pode ser observado, o modelo ilustra a in-
teração entre agentes de uma economia em alguns mercados, enfatizando as trocas monetárias
que ocorrem. Em primeiro lugar, as famílias são responsáveis por ofertar mão de obra às em-
presas através dos Mercados de Fatores de Produção e, em troca, recebem renda por isto. Assim,
destinam estes recursos poupando, pagando impostos, ou consumindo. Como deve ser claro, os
recursos destinados ao pagamento de impostos têm como agente de contraparte o governo;
ao consumo, as empresas, através dos Mercados para Bens e Serviços; e, por fim, à poupança
privada, novamente as empresas, através dos Mercados Financeiros. Assim, pode-se representar
satisfatoriamente o fluxo de renda numa economia através de um esquema simples. Algumas
perguntas que esta seção tenta responder são:
4. O que equilibra a demanda e a oferta de bens e serviços? O que garante que o gasto dese-
jado com consumo, investimento e compras do governo seja igual ao nível de produção?
61
62 5.1. OFERTA AGREGADA
própria demanda". Além disso, é assumido que os preços (inclusive os salários) são totalmente
flexíveis, implicando no fato de que os níveis de produto e emprego são determinados pura-
mente pelas forças de mercado, dando lugar, assim, ao que ficou conhecido como neutralidade
da moeda, isto é, a quantidade de moeda afetando apenas os níveis de preços, não as variáveis
reais ou os preços relativos.
A análise começa pelas empresas, examinando aquilo que determina os seus respectivos
níveis de produção (e, consequentemente, o nível da renda nacional). Examina-se, em seguida,
como o mercado de fatores de produção distribui essa renda às famílias. Depois, é avaliado
quanto dessa renda as famílias consomem e quanto poupam.
Além de discutir a demanda de bens e serviços, a qual aumenta a partir do consumo das
famílias, discute-se também a demanda que aumenta a partir do investimento e das compras
do governo. Por fim, conclui-se o ciclo examinando como a demanda de bens e serviços (a soma
entre consumo, investimento e compras do governo) e a oferta de bens e serviços (o nível de
produção) são equilibradas.
sentar tal ideia matematicamente através da função Y = F (K, L). A principal característica
desta função que a teoria assume é que os fatores apresentam produtividades marginais (o in-
cremento da produção decorrente do aumento de uma unidade do fator, tomando os demais
como fixos) decrescentes. Assim, se considerarmos o curto prazo1 , em que K = K̄ (capital
fixo), aumentos em L (trabalho) faz com que o produto cresça a taxas cada vez menores. A
figura 5.2 ilustra tal ideia.
Outra característica da função de produção é que ela apresenta retornos constantes de escala,
isto é, F (λK, λL) = λF (K, L), para λ > 0. Este atributo terá consequências importantes
posteriormente.
Se assumirmos que a oferta dos fatores de produção trabalho e capital é fixa, isto é, K = K̄
e L = L̄, então claramente Y = F (K̄, L̄) = Ȳ . Ou seja, a oferta de bens e serviços para a
teoria clássica também é dada.
Y = F (K, L)
C(K, L) = wL + rK,
em que w e r são respectivamente salário e aluguel do capital, ambos também fixos. Então, a
função lucro é dada por
Pela condição de primeira ordem, temos que pF1′ (K, L) = r e pF2′ (K, L) = w. Como as
produtividades marginais dos fatores são F1′ (K, L) e F2′ (K, L), podemos escrever que
pP M gK = r e pP M gL = w,
isto é, a remuneração de equilíbrio dos fatores é determinado exatamente pelo valor de suas
produtividades marginais. Tal problema de maximização determina a quantidade empregada
de fatores pela firma maximizadora de lucro, isto é, nos dá (K, L) = (K ∗ , L∗ ).
Y = π + P M gK K + P M gL L, (5.1)
Ld = Ld (w/p).
Como a oferta de trabalho está fixa, podemos ver que a demanda determinará apenas o
salário de equilíbrio, de modo que deslocamentos para cima na demanda causará um aumento
no salário real, e deslocamentos para baixo, diminuição neste. Ainda, observe que se por algum
motivo, como uma diminuição no nível de preços P , os salários reais ficarem acima da quanti-
dade de equilíbrio, então haverá desemprego na economia. Mas uma vez que o modelo clássico
considera os preços perfeitamente flexíveis — incluindo o salário nominal, o preço da força de
trabalho —, possíveis distorções na oferta e demanda de trabalho serão ajustadas na alteração
do salário nominal, de modo que, ao final deste processo, o mercado de trabalho volte ao seu
equilíbrio.
É por este motivo que a teoria clássica considera impossível o desemprego voluntário: se os
preços são totalmente flexíveis, eles sempre se ajustarão de modo a reestabelecer o equilíbrio
no mercado de trabalho. A teoria keynesiana, que estudaremos mais adiante, surge na primeira
metade do século XX discordando destes resultados da teoria clássica, propondo uma nova
teoria para explicar a existência de desemprego observada nas economias, sobretudo na crise
de 1929, contexto no qual floresceu as ideias de Keynes.
M V = P Y. (5.2)
também constante, V = V0 , então a equação (5.2) define uma relação negativa entre produto
e nível de preços. A figura 5.5 ilustra o comportamento da demanda agregada e mostra o efeito
que uma expansão em M provocaria, passando de M0 para M1 , de modo que M1 > M0 .
Da nossa análise sobre oferta agregada — que vimos ser fixa num nível de produto — e
demanda agregada — negativamente relacionada com o nível de preços —, podemos ver que o
papel da demanda agregada na teoria clássica resume-se apenas em determinar o nível de
preços da economia. A figura 5.6 mostra exatamente esta análise.
Figura 5.6: Efeito de um aumento na Demanda agregada sobre o produto e o nível de preços.
exemplo. Esta é a chamada neutralidade da moeda, que surge a partir desta separação entre o
lado real da economia e o lado monetário, conhecida, por sua vez, como dicotomia clássica
De acordo com FEA-USP (2008),
“A política monetária só terá alguma influência sobre variáveis reais caso haja al-
guma imperfeição nos mercados, o que não é considerado no modelo clássico. O
principal caso de imperfeição de mercado é a existência de rigidez dos salários nomi-
nais, isto é, os salários nominais serem inflexíveis para baixo (só podem aumentar).
Considere que o governo introduza uma legislação de salário mínimo ou que os sin-
dicatos negociem contratos de trabalho fixando o salário nominal. Dado o estoque
de moeda e o nível de preços, caso estes fatores resultem em um salário real acima
do equilíbrio, isto provocará desemprego no mercado de trabalho e, portanto, um
nível de produto abaixo do potencial. Para resolver essa questão, o governo pode
se valer da política monetária, expandindo a oferta de moeda para que, via elevação
dos preços, se corroa o salário real, levando a economia novamente ao equilíbrio
de pleno emprego."
Y =C +I +G (5.3)
No que se refere ao consumo, assume-se que ela é uma função crescente da renda disponí-
vel, isto é, C = C(Y − T ) com d(YdC−t) ≥ 0, em que T é o montante pago de impostos. Para os
investimentos, a taxa de juros, r, é a variável importante e inversamente relacionada com I(r),
i.e., dI
dr
≤ 0. Por fim, consideraremos os gastos do governo, G, definida de forma exógena ao
modelo. Observe que podemos reescrever a equação (5.3) como Y = C(Y − T ) + I(r) + G
ou, usando a notação para as variáveis fixas, como
2
No caso, as famílias investem comprando imóveis, por exemplo.
3
Aqui, consideraremos uma economia fechada, isto é, sem interação com o resto do mundo. Portanto, não
consideraremos a parcela da renda referente ao saldo da balança comercial.
Assim, fica claro que a taxa de juros tem papel fundamental na determinação do equilíbrio
do mercado de bens e serviços, já que é o único fator não fixo. Para ver isso de forma mais deta-
lhada, podemos começar analisando o equilíbrio no mercado de fundos de empréstimos. Basica-
mente, este mercado surge de um fenômeno muito simples no fluxo circular da renda na figura
5.1: agentes que gastam menos do que ganham financiam aqueles que querem gastar mais do que
ganham, sendo a taxa de juros, a remuneração daqueles que ofertam recursos, o componente
de ajuste do equilíbrio deste mercado. Com estas ideias, podemos definir a poupança nacional
como a poupança privada mais a poupança do governo, isto é, a parte da renda disponível (i.e.,
após a dedução dos impostos) não consumida mais a diferença entre tributos (arrecadação do
governo) e gastos. Em notação,
S = Sp + Sg = (Y − T − C) + (T − G). (5.5)
uma vez que é como se o governo tivesse ocupando o lugar do investimento privado na econo-
mia. Por outro lado, a análise para uma contração fiscal (diminuição dos gastos) segue a lógica
inversa, deslocando a curva de poupança agregada para a direita e aumentando sua quantidade
de equilíbrio via redução da taxa de juros.
O governo também pode alterar os impostos. Aqui, a análise tem que levar em conta o efeito
desta alteração sobre a renda disponível e, portanto, também sobre o consumo das famílias.
Um conceito de particular importância que ainda não foi tratado neste texto é o da propensão
marginal a consumir, que mede a variação marginal do consumo em decorrência de variações
marginais da renda disponível. Denotando por a propensão marginal a consumir por P M gC, é
de se esperar que P M gC ∈ (0, 1), isto é, aumentos na renda disponível aumentam o consumo
numa proporção menor do que o aumento na renda, já que as famílias têm a opção de poupar
parte deste aumento. Assim, quanto maior a propensão marginal a consumir, maior o efeito
deste aumento da renda disponível sobre a variável consumo.
Entendido este conceito, pode-se apreender também os efeitos de alterações nos impostos.
Em primeiro lugar, um aumento em T diminui a renda disponível e, consequentemente, dimi-
nui o consumo na proporção ∆T × P M gC. Pela equação (5.5) vemos que a poupança total
aumentará na mesma proporção. Assim, a taxa de juros deve diminuir de maneira a recondu-
zir o mercado ao equilíbrio. O raciocínio para analisar diminuições nos impostos é semelhante
ao aumento de tributo. Em suma, aumentos nos impostos têm efeitos semelhantes a uma política
fiscal contracionista; diminuições, por sua vez, têm consequências semelhantes a uma política fiscal
expansionista.
Analisamos acima como o mercado de fundos de empréstimo reage a mudanças no lado da
oferta de fundos, isto é, a mudanças na poupança nacional. Podemos discutir também como
mudanças no lado da demanda de fundos pode afetar tal mercado. Através da figura 5.7 po-
demos ver como seria a análise. Como aumentos na demanda por fundos desloca a curva de
investimento desejado para “fora", então a taxa de juros deve aumentar de forma a reestabe-
lecer o equilíbrio; com raciocínio semelhante, pode-se observar que diminuições na demanda
deslocaria a curva para “dentro", provocando uma diminuição na taxa de juros e, então, a o
reestabelecimento do equilíbrio deste mercado.
Figura 5.8: Novo equilíbrio no mercado de fundos de empréstimo após uma política de expansão
fiscal.
economias fazem trocas umas com as outras, o que nos indica que a inclusão neste modelo do
setor externo à uma economia específica pode nos ajudar a entender melhor a economia como
um todo e, especificamente, como a renda nacional é alocada ou composta.
Para esta análise e inclusão do setor externo, defina primeiramente NX = X − M , em
que X é a quantidade de exportações de um país, e M a quantidade de importações (medidos
sempre em termos monetários, obviamente). Assim, NX indica as exportações líquidas de um
país. Assim, utilizando nossa identidade da renda, podemos acrescentar as exportações líquidas
de modo que a equação vem a ser
Y = C + I + G + NX . (5.7)
S − I = NX . (5.8)
¯
NX = S̄ − I(r∗ ) = S̄ − I.
Assim, partindo do equilíbrio na balança comercial tal que S = I, fica claro que políticas
econômicas que aumentam a poupança nacional ou diminuem o investimento causam um su-
perávit comercial, enquanto que políticas que aumentam a demanda por investimento ou dimi-
nuem a poupança provocam um déficit.
4
Grosso modo, é interessante notar, aqui, a similaridade destas hipóteses com aquelas da teoria de mercados
perfeitamente competitivos no âmbito da microeconomia. A taxa de juros no modelo aqui descrito faz o papel
do preço exógeno de um bem no modelo de competição perfeita, enquanto que as economias nacionais fazem o
papel das firmas homogêneas, incapazes de interferir no preço de mercado.
5
Note, entretanto, que podemos representar a taxa de câmbio pela ótica inversa, isto é, podemos dizer de
forma equivalente que cada real compra 0,2 dólares. Basta fazermos a conta inversa: dividir a quantidade de
dólares pela quantidade de reais, 1/5. Assim, a taxa de câmbio com o real como padrão de comparação é R$1 =
US$0,2.
e
ϵ= .
P ∗ /P
Suponha que a taxa nominal esteja fixa. Podemos observar que se a taxa de câmbio real é
alta, os bens estrangeiros (em relação aos EUA) são relativamente baratos, e os bens nacionais
(dos EUA) são relativamente caros. Se a taxa de câmbio real é baixa, os bens estrangeiros são
relativamente caros, e os bens nacionais são relativamente baratos. Ocorre por esta lógica que
taxa de câmbio real baixa causa maior exportação de produtos americanos, enquanto que taxa
de câmbio real alta causa maior importação de produtos estrangeiros (externos aos EUA).
Pode-se estabelecer uma relação entre taxa de câmbio real e saldo da balança comercial
(exportações líqudas) de tal modo que
NX = NX (ϵ) (5.9)
i.e., a balança comercial é uma função da taxa de câmbio real. E, como vimos, é uma função
negativamente relacionada com a taxa de câmbio real.
Agora, podemos juntar nossa análise da balança comercial através da diferença entre pou-
pança e investimento, sumarizada na expressão 5.8, com a análise da relação entre exportações
líquidas e taxa de câmbio real, resumida na expressão 5.9. Pode-se representar, assim, tais ideias
graficamente pela figura 5.9.
Note que a curva vertical diz respeito à igualdade entre o saldo líquido da balança comercial
e a diferença entre poupança e investimento de uma economia. Como estes dois últimos fatores
são determinados de maneira exógena (por conta de nossas hipóteses) e, assim, não dependem
da taxa de câmbio real, e uma vez que a balança comercial é determinada pela taxa de câmbio
real numa relação negativa, então a intersecção entre estas duas curvas irá nos dar a taxa de
câmbio real de equilíbrio.
Podemos usar o modelo desenvolvido para ver as consequências de algumas políticas econô-
micas. Em suma, sempre tendo em mente uma economia específica em relação ao resto do
mundo, mudanças que ocasionam diminuição na poupança nacional ou aumento da demanda
interna por investimento leva a uma diminuição da diferença S − I, o que causa um deslo-
camento da curva vertical para a esquerda, diminuindo NX e aumento a taxa de câmbio real
(i.e., aprecia a moeda nacional). Com semelhante raciocínio, se o setor externo diminui sua pou-
5.6 Desemprego
O desemprego é outro fator macroeconômico de extrema importância. Dentro da análise
de longo prazo que estamos fazendo (que normalmente é associada com a teoria clássica),
estaremos interessados em estudar a taxa natural de desemprego (também conhecida como taxa
de desemprego friccional), definida como a taxa de desemprego na qual a economia oscila no
longo prazo, “considerando-se todas as imperfeições do mercado de trabalho que impedem os
trabalhadores de encontrarem empregos instantaneamente."6
6
Mankiw (2015).
λU = αE (5.10)
U α 1
= = (5.11)
L α+λ 1 + λ/α
isto é, a taxa de desemprego depende das taxas de obtenção e perda de emprego.
Até agora, assumimos que existe sempre algum nível de desemprego e calculamos a taxa de
desemprego da economia no estado estacionário (em que o fluxo de desemprego e emprego
é o mesmo) mas não discutimos quais seriam as razões disso. Em suma, existem dois grandes
motivos para que haja sempre algum nível de desemprego:o desemprego friccional, que é aquele
que tem como causa o tempo necessário para que os trabalhadores procurem por um emprego;
e o desemprego estrutural, referente ao desemprego causado pela rigidez salarial, consequência
sobretudo pelas leis de salário mínimo e poder de monopólio dos sindicatos.
Note que a condição (5.10) nem sempre é verdade; aliás, este é um caso particular e foi
assumido por questões de simplicidade. Podemos analisar a dinâmica deste modelo permitindo
que a obtenção e a perda de empregos não sejam necessariamente iguais.7 Assim, denote por
Et e Ut o número de empregados e desempregados no tempo t, respectivamente, e Nt =
N̄ a força de trabalho no tempo t (ainda consideraremos a força de trabalho fixa). Podemos
estabelecer que
N̄ = Et + Ut .
Fica claro, então, que alterações no número de empregados deve vir do número de desem-
pregados, e vice-versa. Assim, é natural que as taxas de desemprego e emprego no tempo t
sejam dadas por et ≡ Et /N̄ e ut ≡ Ut /N̄ .
Estamos interessados em estabelecer uma lei de movimento para a taxa de desemprego.
Para isto, observe que o número de empregados em t + 1 é dado pela parcela de desempre-
gados em t que obtém emprego mais a parcela de empregados em t que continuam com seus
7
Ver no apêndice a implementação computacional da dinâmica do Lake Model.
! !
Ut 1−λ α
Matricialmente, se Xt ≡ eA≡ , então
Et λ 1−α
Modelo Keynesiano
6.1 Introdução
79
80 6.1. INTRODUÇÃO
É por esta mudança fundamental no eixo de análise da economia, promovida pela teoria
keynesiana, que, para determinar o nível de demanda de trabalho e, portanto, a determinação do
produto, devemos olhar para a demanda agregada desta economia. Este é o chamado princípio
da demanda efetiva.
Considere também a taxa interna de retorno (TIR) dada pela taxa e que resolve a equação
∞
X E(Ft )
− c = 0. (6.1)
t=1
(1 + e)t
Para Keynes, a taxa interna de retorno é a eficiência marginal do capital. Assim, podemos
ver que o empresário toma a decisão de investir caso r < e e de não investir caso contrário.
Isto mostra que se a expectativa dos empresários com relação à economia é pessimista, então
E(Ft ) será baixo e, por consequência, a taxa interna de retorno terá que diminuir para satisfazer
a equação (6.1). Mas como o empresário investe se, e somente se, r < e, segue que menos
projetos de investimento serão financiados caso e for baixo. Por outro lado, caso a taxa de juros
r da economia estiver muito alta, maior precisará ser a eficiência marginal do capital e para que
os projetos de investimento sejam financiados.
Tal análise ilustra como a demanda agregada, através dos investimentos, é instável. Como
resposta à esta instabilidade, Keynes propõe um papel mais ativo do governo através dos gastos
do governo. De acordo com FEA-USP (2008),
6.2.1 Consumo
Uma característica do consumo no mundo keynesiano é que ele depende da renda disponí-
vel, ou seja:
C = C(Y d ), Y d ≡ Y − T.
ou seja, c1 mede a mudança no consumo de renda para uma variação infinitesimal de renda
disponível.
I = I0 e G = G0 .
Ainda, é importante ressaltar que a tributação do governo é endógena e definida por uma fração
t ∈ (0, 1) da renda, isto é,
T = tY.
C = c0 + c1 Y (1 − t).
Z = C + I + G.
Z = c0 + c1 Y (1 − t) + I0 + G0 .
Y = Z ⇔ Y = c0 + c1 Y (1 − t) + I0 + G0
1
⇔Y = (c0 + I0 + G0 ), (6.2)
1 − c1 (1 − t)
Figura 6.1: Cruz keynesiana: equilíbrio é o ponto em que oferta agregada (gasto efetivo) iguala-se à
demanda agregada (gasto planejado).
Com este arcabouço teórico, podemos analisar como a política fiscal, isto é, a alteração dos
gastos do governo ou tributação, afeta o produto de equilíbrio.
∂Y 1
= . (6.3)
∂G 1 − c1 (1 − t)
Note, no entanto, que este efeito é verdadeiro para qualquer que fosse a alteração nos
parâmetros I0 , G0 ou c0 , que comumente chamamos, respectivamente, de investimento, gasto,
ou consumo autônomos.
que os tributos são determinados endogenamente ao modelo, enquanto que os gastos públicos
são exógenos. Depois, ao considerar a tributação também exógena, veremos um resultado
importante conhecido como teorema de Havelmo, que diz que alterações nos gastos do governo,
supondo-se um orçamento equilibrado (i.e., com variação do orçamento nula), altera a renda
nacional na mesma medida.
Para o caso em que a tributação é endógena consideraremos que ela seja determinada por
uma parcela fixa da renda: T = tY , com t ∈ (0, 1). O orçamento do governo é dado por
O = T − G = tY − G.
Lembremos que Y = Y (G), isto é, a renda nacional, em equilíbrio, é uma função dos gastos
do governo. Então, uma alteração em G pelo governo afetará tanto a receita do orçamento,
tY (G), quanto as despesas, G.
Para vermos em que magnitude será esta mudança, lembremos que se supormos fixos os
níveis de investimento e consumo autônomos, então ∆Y = m∆G, em que m é o multiplicador
keynesiano em (6.3). Assim, temos que
Y = c0 + c1 (Y − T ) + I0 + G = c0 + c1 Y − c1 T + I0 + G
(c0 + I0 ) + G − c1 T
⇔Y = .
1 − c1
∆G − c1 ∆T ∆G − c1 ∆G
∆Y = = = ∆G,
1 − c1 1 − c1
que é exatamente o que nos diz o teorema de Havelmo, isto é, sob orçamento equilibrado
e exógeno, a razão entre a variação da renda nacional e dos gastos públicos é constante e
igual a uma unidade.
Z = c0 + c1 Y (1 − t) + I0 + G0 + (X0 − mY ).
Em equilíbrio,
Y = Z ⇔ Y = c0 + c1 Y (1 − t) + I0 + G0 + X0 − mY
1
⇔Y = (c0 + I0 + G0 ), (6.4)
1 − c1 (1 − t) + m
Modelo IS-LM
7.1 O modelo
Podemos separar a explicação do modelo em duas partes referentes às curvas investment-
saving (IS) e liquidity-money (LM). Em suma, a primeira nos informa as combinações de produto
e taxa de juros nas quais o mercado de bens e serviços encontra-se em equilíbrio, enquanto que
o segundo caso mostra as mesmas combinações mas referindo-se ao equilíbrio no mercado
monetário.
7.1.1 Curva IS
No que se refere à curva IS, o modelo parte da condição de equilíbrio dada por
Y = C + I + G. (7.1)
Note que estamos considerando uma economia fechada. Podemos estabelecer o consumo
87
88 7.1. O MODELO
como função da renda disponível (isto é, a parcela da renda depois de deduzidos os impostos), o
investimento como função da taxa de juros, e a política fiscal, os gastos do governo e impostos,
dada de maneira exógena. Em notação,
C = C(Y − T )
I = I(r)
G = Ḡ,
em que Y é a renda e T = tY , com t ∈ [0, 1], são os impostos cobrados por uma alíquota sobre
a renda, r a taxa de juros, e Ḡ os gastos do governo. Mais do que isso, podemos determinar uma
forma linear para as funções de consumo e investimento. Levando em conta a teoria keynesiana,
podemos escrever que
C(Y − T ) = C1 (Y − T ) + C0 = C1 (Y − tY ) + C0 = C1 Y (1 − t) + C0
I(Y, r) = I0 + I1 r + I2 Y,
C0 + I0 + Ḡ I1
Y = + r, (7.2)
1 − C1 (1 − t) − I2 1 − C1 (1 − t) − I2
o que determina uma relação entre o produto e a taxa de juros, isto é, nos dá a curva IS. Perceba
que esta relação é negativa, isto é, o produto varia de forma inversamente proporcional à taxa
de juros, já que o coeficiente de inclinação é negativo em decorrência de I1 ser negativo e
C1 (1 − t) < 1.
7.1.2 Curva LM
No que se refere à curva LM, como não poderia deixar de ser, a oferta e demanda monetária
desempenham o papel principal na condução do mercado monetário ao equilíbrio. Considerare-
mos a oferta determinada pela política monetária adotada pelo governo e, assim, será exógena
ao modelo. Como o nível de preços, P , também é fixo (em decorrência da fundamental hipó-
tese dos preços rígidos), teremos uma oferta real de moeda também fixa. Já com relação ao
lado da demanda, a hipótese fundamental feita pela teoria keynesiana é que a taxa de juros tem
efeito direto sobre a quantidade de moeda que as pessoas optam por manter em suas carteiras
e, mais que isso, ela representa o custo de manter moeda em mãos.1 Assim, é natural que a
demanda monetária varie de forma inversa à taxa de juros. No entanto, além da taxa de juros,
podemos considerar outros determinantes da demanda monetária. Em particular, os motivos
transação e precaução nos diz que a demanda monetária é positivamente relacionada com a
renda e, também, que as pessoas sempre estarão interessadas em manter uma quantidade fixa
de moeda em mãos, independentemente da taxa de juros e da renda nacional.
7
Curva IS
Curva LM
6
5
Taxa de juros
0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Produto
M̄
= m0 + m1 Y + m2 r.
P̄
No entanto, note que agora esta relação é positiva, uma vez que as desigualdades m1 > 0 e
m2 < 0 fazem com que −m2 /m1 > 0.
Dada as equações (7.2) e (7.3), podemos encontrar a taxa de juros e o produto tais que
tanto o mercado de bens e serviços quanto o mercado monetário estejam em equilíbrio. Ge-
ometricamente, podemos encontrar o par ordenado (r, Y ) = (r∗ , Y ∗ ) de modo que haja a
intersecção entre as curvas IS e LM , assim como na figura 7.1.
Política monetária
De início, podemos avaliar como uma alteração na oferta monetária pode impactar o equilí-
brio. Olhando para a equação 7.3, vemos que aumentos em M̄ provocam um deslocamento da
curva, sem afetar sua inclinação. Mais do que isto, podemos ver que o deslocamento será para
baixo, de modo que, mantendo o a curva IS inalterada, o novo equilíbrio consistirá de uma taxa
de juros menor e um produto maior. A figura 7.2 ilustra graficamente este deslocamento.
Curva IS
Curva LM
Curva LM com expansão monetária
Taxa de juros
3.69
2.82
106.84 129.74
Produto
De maneira semelhante, uma diminuição na oferta monetária acabaria por deslocar a curva
LM para cima, elevando a taxa de juros de equilíbrio e diminuindo o produto da economia.
Política fiscal
Podemos fazer o mesmo exercício para o caso de variações nos gastos do governo. Consi-
dere que por alguma razão o governo incorra numa política fiscal expansionista, isto é, gaste
mais. Como consequência evidente de (7.1), o produto Y crescerá e, portanto, a demanda mo-
netária aumentará pelo motivo transação. Como a oferta monetária encontra-se fixa2 , então
a taxa de juros deve aumentar para reequilibrar o mercado monetário. Assim, o investimento,
que, como vimos, depende da taxa de juros, diminuirá, fazendo também decrescer em alguma
proporção o produto nacional, de maneira que a variação final deste é ainda positiva. Portanto,
um aumento nos gastos do governo desloca a curva IS para a direita e para cima, de modo a
aumentar tanto a taxa de juros quanto o produto da economia.
Curva IS
Curva LM
Curva IS com expansão fiscal
4.86
Taxa de juros
3.69
106.84 141.84
Produto
Figura 7.3: O efeito de uma política fiscal expansionista sobre o equilíbrio simultâneo.
Para analisar este deslocamento matematicamente, basta olharmos para a equação que
define a curva IS, dada em 7.2. Claramente, uma elevação de G faz com que o produto da
economia seja maior, para cada nível da taxa de juros, o que evidencia o deslocamento da curva
para cima e para a direita.
2
Supomos, aqui, que o governo não está fazendo nenhuma mudança na política monetária
Efeito Pigou
No exercício anterior de construção da demanda agregada, apenas a curva LM foi impor-
tante. O efeito Pigou estuda o que ocorre com a demanda quando o consumo depende também
dos saldos monetários que as pessoas mantêm:
C = c0 + c1 (Y − T ) + c2 (M/P ), c2 > 0.
Com esta nova forma funcional para o consumo, a curva IS será descrita da seguinte maneira:
C0 + I0 + Ḡ + c2 (M/P ) I1
Y = + r.
1 − C1 (1 − t) − I2 1 − C1 (1 − t) − I2
Note que isto deslocará a curva IS (7.2) para cima. Já no que se refere à demanda agregada,
agora alterações no nível de preço provocará mudanças tanto na curca LM quanto na curva IS.
Anteriormente, vimos que uma redução, por exemplo, no nível de preços acaba por deslocar a
curva LM para baixo e para a direita, diminuindo a taxa de juros de equilíbrio e aumentando o
produto. Agora, esta mesma diminuição no preço fará com que a curva IS se desloque para cima
e para a direita, aumentando a taxa de juros e o produto de equilíbrio.
Observe, portanto, que, no caso de uma diminuição do nível de preços, a modelagem do
consumo como dependente da oferta real de encaixes monetários acaba por provocar um maior
aumento no produto de equilíbrio (já que ambas as curvas IS e LM deslocam-se para “fora") enquanto
que o aumento ou diminuição da taxa de juros é incerto (já que a curva IS pressiona a taxa de juros
para cima e a curva LM pressiona para baixo. A figura 7.5 ilustra o raciocínio.
Portanto, alguns pontos principais do efeito Pigou podem ser resumidos da seguinte forma:
• Ambos os movimentos (IS e LM) aumentam a renda, mas pressionam a taxa de juros em
direções opostas (resultado final incerto);
• Com efeito Pigou, a curva de Demanda Agregada é mais elástica aos preços.
complexa. Como sabemos, a taxa de juros nominal é a que importa para a demanda monetária3 ,
enquanto que a taxa de juros real é o fator relevante para as decisões de investimento dos
empresários. Assim, esta “conexão" entre as diferentes taxas de juros será feita pela equação
de Fisher.
Representemos agora o modelo IS-LM no plano-Y i. Neste caso, devemos escrever a curva
IS em função da taxa de juros nominal. O procedimento utilizado na seção 7.1.1 tem lógica
semelhante mas agora utilizaremos a função de investimento substituindo a taxa de juros real
pela nominal utilizando a equação de Fisher r = i − π e :
I(Y, r) = I0 + I1 r + I2 Y = I0 + I1 (i − π e ) + I2 Y.
Assim, nossa nova curva IS4 com o efeito Fisher ficará descrita pela seguinte equação:
C0 + I0 + Ḡ − I1 π e I1
Y = + i (7.4)
1 − C1 (1 − t) − I2 1 − C1 (1 − t) − I2
Note que −I1 π e > 0, já que I1 < 0 (é o coeficiente de sensibilidade do investimento com
relação à taxa de juros). Portanto, a nossa nova curva IS com efeito Fisher será deslocada para
cima e para direita no plano-Y i. Observe que quando a expectativa de inflação é nula, π e = 0,
voltamos ao caso anterior em que as taxas de juros nominal e real são equivalentes. Assim, con-
forme aumentamos a expectativa de inflação, o equilíbrio no modelo IS-LM será caracterizado
por uma taxa de juros nominal e produto maiores.
Com a nova curva IS, dada pela equação (7.4) e a nossa já conhecida e antiga curva LM,
dada pela expressão (7.3), podemos realizar todas as análises anteriores de política econômica
exatamente da mesma forma como fizemos.
3
Lembre-se, da seção de Economia Monetária, que o indivíduo ao reter moeda está preocupado com o seu
custo de oportunidade, que é dado pela taxa de juros real (que representa o rendimento que ele poderia ter apli-
cando a quantia monetária no mercado financeiro) mais a taxa de inflação, que corrói o valor da moeda.
4
Observe que a taxa de juros importante para a curva LM continua sendo a mesma: a nominal. Por isso,
estudamos apenas como a curva IS
Questão 05/2009
Considere o seguinte modelo IS-LM para uma economia fechada com preços fixos no curto
prazo: C = 0, 8(1 − t)Y ; t = 0, 25; I = 900 − 50r; G = 800; L = 0, 25Y − 62, 5r;
m0 = M P
= 500, em que: C = consumo agregado, I = investimento, t = alíquota de imposto
direto, G = gasto do governo, Y = renda, r = taxa de juros real (%), L = demanda por moeda
real, e m0 = M
P
= oferta real de moeda. Com base nos dados do modelo, avalie as proposições:
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A curva IS será dada por
e a curva LM por
Igualando ambas as curvas, encontramos a taxa de juros que equilibra ambos os mercados
r∗ = 6%. Assim, podemos encontrar também o produto de equilíbrio: Y ∗ = 3500.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Respondido no item anterior.
Questão 07/2010
Considere o modelo IS-LM para uma economia fechada, representado pelas equações:
C = 400 + 0, 5YD
I = 300 − 600r
T = 100 + 0, 2Y
G = 250
MD
= 2Y − 4000r
P
M
= 600
P
Solução.
(0) Falso
Demonstração. A poupança privada é dada por S ≡ Y − C − G, que, em equilíbrio, tem que
ser igual ao investimento I. Substituindo os valores dados no enunciado na equação acima,
temos:
O equilíbrio no mercado monetário será dado pela equivalência entre demanda e oferta de mo-
eda. Portanto,
assim como o produto de equilíbrio será dado por Y ∗ = 300 + 2000 · 0, 4 = 1100. Portanto,
a poupança privada de equilíbrio é a poupança nacional menos a poupança do governo, dado
por T − G. Assim,
∗
Sprivada = 300 − 600r∗ − (100 + 0, 2 · 1100 − 250) = 230 − 240 = −10.
(1) Verdadeiro
Demonstração. Respondido no item (0).
(2) Falso
Demonstração. Respondido no item (0).
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Nesta nova economia, o par (Y ∗ , r∗ ) de equilíbrio deve satisfazer o sistema
IS : Y = 1500 − 1000r
LM : Y = 600 + 2000r.
(4) Falso.
Demonstração. Nesta nova economia, T = 100 + 0Y = 100. A nova curva IS será
IS : Y = 1800 − 1200r
LM : Y = 300 + 2000r,
sistema que é resolvido por (Y ∗ , r∗ ) = (1237, 5, 15/32). Portanto, o produto irá expandir-se
137, 5 unidades monetárias, que não é 20% de 1100.
Questão 07/2010
Dado o modelo:
A = 50 + cY − 4r
(M/P )D = 0.4Y − 4r
(M/P )S = 4
QX = 50
QM = 40 + 0, 2Y
P M gS = 0, 2
Solução.
Questão 04/2011
Usando o modelo IS x LM para economia fechada, analise as afirmativas abaixo:
(0) Quanto maior a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros e quanto maior
a propensão marginal a consumir, mais horizontal será a curva IS.
(1) O efeito deslocamento (“crowding out”) é maior, quanto maior a sensibilidade da de-
manda por moeda à renda.
(2) Em uma economia na qual a arrecadação tributária é função da renda agregada e os
gastos públicos são fixos, uma redução da oferta monetária leva, tudo o mais constante, a uma
redução do déficit público.
(3) Se o objetivo do BC é a estabilidade da renda, então o BC pode compensar uma expansão
fiscal com medidas de retração monetária.
(4) Quanto menor a sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros e quanto maior
a sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros, mais eficaz é a política mo-
netária relativamente à política fiscal.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. O parâmetro multiplicando r na equação 7.2 deixa isso bem claro. Com maior
I2 e maior C1 , a razão ficará maior e, portanto, aumentos pequenos na taxa de juros levarão a
mudanças grandes no produto, isto é, a curva IS será mais horizontal no plano-Yr.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Quanto maior a sensibilidade da demanda por moeda à renda, então a taxa de
juros deverá ser ainda maior para equilibrar o mercado de títulos. Isto diminuirá ainda mais o
investimento da economia, levando a uma amplificação do efeito crowding-out.
(2) Falso.
Demonstração. A redução da oferta monetária leva a uma redução da renda e, portanto, a uma
redução também da arrecadação do governo, aumentando o déficit público (se tudo o mais é
constante).
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Com uma expansão fiscal, o produto e a taxa de juros de equilíbrio irão aumen-
tar. Para diminuir novamente a renda, a curva LM deve se deslocar para cima, algo que é possível
com uma retração monetária.
(4) Falso.
Demonstração. Note que este é o caso em que a política fiscal é extremamente eficaz, visto que
um aumento nos gastos públicos faz o produto de equilíbrio aumentar, e a demanda monetária
acabará por se elevar também, aumentando também a taxa de juros; e como o investimento é
pouco sensível a esta, o efeito negativo sobre o produto irá ser desprezível, mantendo a variação
positiva do produto elevada.
Questão 03/2022
Avalie as seguintes afirmativas como verdadeiras ou falsas:
(2) Uma política fiscal expansionista não é eficaz para estimular a economia que se encontra
em uma situação de armadilha da liquidez.
(3) O afrouxamento monetário, também conhecido como quantitative easing, é um instru-
mento de política monetária não convencional que costuma ser utilizado quando o Banco Cen-
tral não consegue estimular a economia por meio de quedas adicionais da taxa de juros.
Solução.
(2) Falso.
Demonstração. A armadilha da liquidez ocorre quando a política monetária torna-se ineficaz e
não consegue ter efeitos sobre o produto agregado. Desta forma, a política fiscal expansionista
acaba por ser o único instrumento eficaz na elevação do produto, justamente o contrário do
que está sendo dito no item.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Tal instrumento é utilizado para tentar promover o investimento através da
compra de títulos de longo prazo, aumentando a oferta monetária e diminuindo a taxa de juros
privada de longo prazo.5
Questão 03/2008
Considerando o modelo IS/LM para uma economia fechada e com governo, são corretas as
afirmativas:
(0) O efeito deslocamento (crowding-out) é máximo em presença da “armadilha da liquidez”.
(1) A eficácia da política fiscal é nula no chamado caso clássico.
(2) Quanto maior for o multiplicador dos gastos autônomos, menos inclinada será a curva
IS, o que, tudo o mais constante, aumenta a eficácia da política monetária.
(3) Quanto mais elástica for a demanda por moeda à taxa de juros, mais inclinada será a
curva LM.
(4) Uma redução de gastos públicos acompanhada de contração da oferta de moeda reduz
a taxa de juros e a renda.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. O efeito crowding-out caracteriza-se por uma política fiscal que acaba por au-
mentar a parcela do gasto público em relação ao investimento privado na composição da de-
manda agregada. Isto ocorre porque o aumento dos gastos públicos aumenta o produto da
economia, aumentando a demanda por moeda e, por conseguinte, aumentando a taxa de juros
5
Note que comumente sempre estamos pensando na taxa de juros básica da economia, que difere da taxa de
juros de longo prazo. Quando o governo não consegue mais estimular a economia pelos instrumentos tradicionais
de política monetária que diminuem a taxa de juros básica (como, por exemplo, no caso de armadilha da liquidez), o
quantitative easing é um instrumento alternativo que altera uma taxa de juros diferente daquela básica da economia:
a de longo prazo.
da economia. Isto faz com que o investimento privado diminua. Num cenário de armadilha de
liquidez, a taxa de juros é fixa, já que a curva LM é horizontal no plano-Yr. Sendo assim, o efeito
crowding-out é mínimo, não máximo.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. O caso clássico caracteriza-se por uma curva LM vertical, de modo que o pro-
duto de equilíbrio é determinado previamente. Neste caso, a política fiscal tem o papel apenas
de determinar a taxa de juros da economia.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pode-se notar pela equação (7.2) que um grande multiplicador dos gastos autô-
nomos faz com que pequenos incrementos na taxa de juros causem uma grande variação no
produto de equilíbrio. No limite, a curva IS acaba sendo horizontal, de modo que, em equilíbrio,
a taxa de juros é fixa em algum nível. Isto configura um caso em que a política monetária é
bastante eficaz na determinação do produto.
(3) Falso.
Demonstração. No limite, a taxa de juros é fixa e, portanto, temos o caso da armadilha da
liquidez, em que a curva LM é horizontal, isto é, menos inclinada.
(4) Falso.
Demonstração. Uma redução dos gastos públicos diminui a taxa de juros e a renda de equilíbrio.
No entanto, uma contração da oferta monetária aumenta a taxa de juros, o que pode gerar um
resultado final “líquido" de um aumento da taxa de juros.
Questão 08/2014
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(0) Com base no modelo IS-LM, a política monetária torna-se menos eficaz e a política fiscal
torna-se mais eficaz caso o investimento agregado se torne mais sensível a alterações na taxa
de juros;
(1) Com base no modelo IS-LM, uma situação de armadilha de liquidez ocorreria se a curva
LM fosse horizontal;
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Caso o investimento agregado se torne mais sensível a alterações na taxa de
juros, aumentos, por exemplo, no gasto do governo pressionarão a taxa de juros para cima e,
neste cenário, o investimento diminui numa maior magnitude, anulando parcial ou totalmente
o aumento inicial no produto.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A armadilha de liquidez configura-se como a situação em que a política mone-
tária produz pouco ou nenhum efeito sobre a taxa de juros da economia. Isto ocorre quando a
curva LM é horizontal.
Questão 02/2015
Com base no modelo IS-LM, classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(1) Na ocorrência de efeito deslocamento (crowding out) total dos gastos privados pelos
gastos públicos, uma expansão fiscal resulta em aumento do produto e dos juros.
(4) Em uma situação de armadilha da liquidez, a política monetária é eficaz para tirar a
economia da recessão.
Solução.
(1) Falso.
Demonstração. No caso de crowding-out total dos gastos privados pelos gastos públicos, qual-
quer elevação nestes causarão uma diminuição abrupta do investimento, anulando o efeito da
política fiscal. Assim, a reta IS será horizontal.
(4) Falso.
Demonstração. A situação de armadilha da liquidez configura-se justamente pela incapacidade
do governo de afetar a taxa de juros via política monetária. Neste caso, a curva LM será hori-
zontal e, portanto, o produto de equilíbrio da economia será determinado completamente pela
política fiscal.
Questão 08/2007
Com base no modelo IS-LM, avalie as afirmativas:
(1) O efeito Pigou é provocado pelo efeito-riqueza dos consumidores que, em situação de
deflação e sob o pressuposto de oferta monetária rígida, resulta em aumento da renda e torna
a curva de demanda agregada menos elástica.
Solução.
(1) Falso.
Demonstração. Vimos que a curva de DA fica mais elástica com o efeito Pigou.
Questão 08/2007
Sendo a demanda de moeda dada por M = P (Y − 0.2i) e a demanda agregada dada por
C + I, em que C = 10 + 0.75Y e I = 15 − 0.25i, calcule a soma das inclinações das curvas IS
e LM (juro no eixo vertical e renda no eixo horizontal).
Solução.
Demonstração. Podemos facilmente achar as curvas IS e LM, dadas respectivamente por
i = −Y + 100 e i = 5Y − 5(M/P ).
Portanto, a soma das inclinações das curvas é dada por 5 + (−1) = 4. A resposta final é 04.
Questão 03/2017
Para avaliar as assertivas abaixo, considere o modelo IS-LM [no plano (renda, taxa de juros)]:
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme vimos no texto.
Questão 09/2016
Com base no modelo IS-LM para uma economia fechada e com governo, classifique as afir-
mativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) Quanto mais elástico (ou sensível) for o investimento à taxa de juros, menos eficaz será
a política monetária;
(1) Quanto menos elástica (ou sensível) for a demanda por moeda à taxa de juros, mais
inclinada será a curva LM;
(2) O efeito deslocamento (crowding-out) resultante de um aumento dos gastos do go-
verno é máximo no caso de “armadilha da liquidez”;
(3) Uma redução de gastos públicos acompanhada de contração da oferta de moeda reduz
a taxa de juros e a renda;
(4) Se os choques na curva IS dominam os choques na curva LM, fixar a taxa de juros é uma
melhor opção do que fixar a oferta monetária.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Quanto mais elástico for o investimento à taxa de juros, mais horizontal a
curva IS será. Isso faz com que a política monetária tenha maior efetividade na determinação
do produto.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, podemos pensar no caso limite em que a demanda por moeda não
depende da taxa de juros: neste caso, o produto é determinado num nível fixo, isto é, a curva é
vertical e totalmente inclinada.
(2) Falso.
Demonstração. No caso de armadilha da liquidez, a curva LM é horizontal e o juros é fixo a um
certo nível. Portanto, aumento nos gastos governamentais não terá, como consequência, uma
redução do investimento por conta da elevação da taxa de juros, já que esta, como dito, está
fixa. Assim, não há este efeito neste caso.
(3) Falso.
Demonstração. Neste caso, a curva IS desloca-se para baixo e para esquerda, enquanto a LM
desloca-se para cima e para a esquerda. Então, com certeza o produto irá diminuir, mas o efeito
sobre a taxa de juros será incerto.
(4) Falso.
Demonstração. Devemos interpretar o que seria uma "melhor opção“ do enunciado. Normal-
mente, quando o assunto é sobre choques, a melhor opção está associada à estabilização da
renda. Nesse sentido, vemos que fixação da oferta monetária serve como um contrapeso para
a variação da renda em decorrência dos choques na IS, enquanto que a fixação da taxa de juros
potencializa tais efeitos. Para vermos isso, basta pensarmos num choque que desloca a curva IS
para cima e para a direita, aumentando, num primeiro momento, tanto a renda quando a taxa
de juros de equilíbrio. No caso em que a autoridade monetária objetiva uma taxa de juros fixada,
então deve-se atuar para diminuir a taxa de juros através da expansão monetária. Mas isso aca-
bará por aumentar ainda mais a renda ao final deste processo. Ao contrário, caso a autoridade
monetária adote uma política de fixação da oferta de moeda, um choque na IS que aumenta a
renda nacional faz com que a demanda monetária aumente e, para uma oferta fixa de moeda, a
taxa de juros aumente, deslocando a LM no sentido em que o efeito final sobre a renda é mais
próximo do inicial.
Modelo OA-DA
8.1 Introdução
Até o momento, estudamos nestas notas sobretudo dois grandes modelos que tentam ex-
plicar a determinação da renda nacional: o clássico e o keynesiano1 . Vimos que o primeiro caso
é mais apropriado para o estudo da economia no longo prazo, já que, dentre outras coisas,
considera os fatores de produção não ociosos, enquanto que o modelo keynesiano tem mais
relação com a economia no curto prazo ao considerar a ociosidade dos fatores. Ainda, outra
implicação desta diferença no tratamento da ociosidade dos fatores refere-se à interação entre
oferta e demanda. Por um lado, o modelo clássico constrói uma curva de oferta agregada com-
pletamente inelástica no plano-Y P que determina o produto agregado da economia, sendo a
curva de demanda responsável apenas por determinar o nível de preços; por outro, o modelo
keynesiano assume o princípio da demanda efetiva e, assim, constrói uma curva de oferta agre-
gada perfeitamente elástica no plano-Y P , com a curva de demanda servindo para determinar
o produto da economia.
Agora, devemos estudar um modelo que tenta explicar a economia no médio prazo, cha-
mado Modelo OA-DA (Oferta Agregada - Demanda Agregada). Veremos que ao contrário dos
modelos anteriores, a ociosidade dos fatores existe mas não é completa. Deste modo, a curva
de oferta agregada acabará sendo parcialmente elástica. Veremos também que o mercado de
trabalho será importantíssimo na derivação da curva de oferta. Já no que se refere à demanda
agregada, aproveitaremos o nosso estudo já feito na seção 7.3 para derivá-la.
1
Lembre-se de que o modelo IS-LM não é outra coisa senão uma formalização da teoria keynesiana de deter-
minação da renda nacional.
107
108 8.2. OFERTA AGREGADA
de modo que
∂W ∂W ∂W
> 0; < 0; > 0.
∂P e ∂u ∂z
Ou seja, o salário nominal varia na direção oposta da taxa de desemprego — isto é, quanto
maior a taxa de desemprego, por exemplo, menor o poder de barganha dos trabalhadores na
negociação dos seus salários e, portanto, um menor salário nominal — e na mesma direção que
as variações no nível de preço esperado e das condições do mercado de trabalho.
Já pelo lado da demanda de trabalho, ou seja, das empresas, consideremos uma função de
produção e custo marginal dados por
Y (N ) = N e CM g = W.
P = (1 + µ)W. (8.2)
determinação de salários:
W
= F (u, z).
P
Já pelo lado da firma, podemos ver de (8.2) a relação de determinação de preços (já que o
salário nominal determinado pelos ofertantes de trabalho junto com a determinação da taxa de
mark-up pela firma determina o nível de preços da economia), que pode ser reescrita como:
W 1
= .
P 1+µ
L = Lu + N ⇔ N = L(1 − u),
como não poderia deixar de ser. Assim, se a taxa de desemprego natural un é determinada
a partir do equilíbrio no mercado de trabalho, podemos observar também a taxa de emprego
natural, N n :
N n = L(1 − un ).
Mas note que nossa função de produção é definida como Y = N e, desta forma, podemos
observar o nível de produto natural:
Yn
Y n = N n = L(1 − un ) ⇔ un = 1 − .
L
Mas tais relações devem valer independente do equilíbrio no mercado de trabalho, ou seja,
podemos escrever de modo mais geral que
Y
u=1− . (8.4)
L
Note que
dP ∂F du 1 ∂F
= =− > 0,
dY ∂u dY L ∂u
já que ∂F/∂u < 0. Isto nos mostra que a curva de oferta agregada será positivamente inclinada.
Um ponto importante a considerar na curva de oferta agregada dada por (8.5) é a relação
que existe entre o descompasso dos níveis de preços efetivo e esperado, P e P e , e o produto
da economia Y . Vimos na nossa análise do mercado de trabalho que, quando P e = P , temos
o produto ao seu nível natural, Y n . Mas e quando P e ̸= P ? Se µ e z são fixos, quando P e > P ,
temos que F (u, z) deve decrescer para manter a igualdade em (8.5). Mas isto ocorre quando a
taxa de desemprego u aumenta, que, por sua vez, com L fixo, ocorre se, e apenas se, Y diminuir.
Isto nos diz que, quando P e > P , então o produto da economia está acima do nível natural, isto
é, Y > Y n . Dizemos, neste caso, que a economia está aquecida. Com raciocínio semelhante
pode-se notar que, quando P e < P (os agentes esperam um nível de preços menor do que o
efetivamente observado), então Y n > Y e, portanto, a economia está desaquecida.
vemos que o salário real mais baixo fará com que a taxa natural de desemprego u aumente.
Portanto, de (8.4) vemos que o nível de produto de curto prazo da economia irá diminuir. Isto é
o mesmo que dizer que a curva de oferta agregada irá se deslocar para a esquerda e para cima,
diminuindo o produto de equilíbrio da economia e aumentando o respectivo nível de preços.
Por fim, no longo prazo os agentes irão ajustar novamente suas expectativas para incorporar o
novo nível de preços, agora mais alto. Isto fará com que a curva de oferta novamente sofra um
deslocamento para cima, aumentando novamente o preço de equilíbrio e diminuindo o nível de
produto natural. A figura 8.4 ilustra o raciocínio.
Pt = (1 + µ)Pte (1 − αut + z)
Agora, para simplificar esta expressão usaremos o fato de que ln(1 + k) ≈ k para k pequeno3
e subtrairemos ln(Pt−1 ) em ambos os lados da igualdade:
Denote por πt = ln(Pt ) − ln(Pt−1 ) a inflação para o período t e por πte = ln(Pte ) − ln(Pt−1 ) a
inflação esperada para o período t. Adicionando um termo de erro vt para a aproximação acima,
então finalmente podemos escrever a curva de Phillips como
αun = µ + z. (8.7)
Substituindo o valor de µ+z que encontramos acima na expressão da curva de Phillips, pode-
mos encontrar a relação que queríamos entre a taxa de inflação na economia e as condições na-
turais do desemprego, ou seja, a fórmula geral para a curva de Phillips: πt = πte −αut +αun +vt ,
ou ainda:
Note que a forma como os agentes formam expectativas a respeito da taxa de inflação tem
importância crucial na determinação da taxa de inflação realizada de fato na economia. Três
suposições diferentes e importantes a este respeito foram realizadas na teoria. São elas:
• Original: πte = 0.
Ou, seja, os indivíduos não fazem previsões sobre a inflação futura. Dessa forma, a curva
3
Para ver este fato, faça uma aproximação de Taylor de ordem primeira para y = ln(1 + x) e x ≈ 0.
de Phillips reduz-se a
πt = α(un − ut ) + vt .
πt = πt−1 + α(un − ut ) + vt .
Observe que a versão aceleracionista da curva de Phillips deixa claro que existe um trade-
off entre inflação e desemprego. Note que, admitindo v0 = 0, caso a taxa de desemprego
esteja abaixo da taxa natural (isto é, a economia está superaquecida), então a inflação cor-
rente será positiva; caso contrário, se a taxa de desemprego estiver acima da taxa natural
(a economia está desaquecida), então ocorrerá um processo de deflação. A análise para
o caso em que v0 ̸= 0 é semelhante.
Observe que quando os agentes são bem informados, isto é, eles possuem informações
perfeitas em t − 1, então eles acertarão na média a inflação ocorrida de fato na economia, de
tal modo que Et−1 [πt ] = πt . Desta forma, da igualdade acima podemos observar que vt =
−α(un − ut ).
8.5.1 Contexto
Vimos na seção sobre a Curva de Phillips que existe um trade-off entre inflação e desem-
prego no curto prazo. Uma questão que se levanta com este fato é: como o governo deve
conduzir a política monetária? Basicamente, existem duas formas de comportamento que o go-
verno pode adotar nesta tarefa: (i) condução da política monetária de maneira pré-determinada,
através de regras, ou (ii) condução da política monetária de forma contingente, ou discricionária.
No primeiro caso, o governo compromete-se com a sociedade de que agirá de um modo previa-
mente determinado, enquanto que no segundo cenário o governo age a depender da situação
específica da economia num dado momento.
A princípio, trabalharemos com uma curva de Phillips sem choque de oferta, isto é,
π = π e + α(un − u).
O governo, então, anuncia uma meta de inflação π m . Caso ela seja crível, teremos que as
expectativas dos agentes com relação à inflação corresponde à meta: π e = π m ; mas caso a
meta de inflação anunciada pelo governo não seja crível, teremos então que π e ̸= π m .
Com a função de perda de bem-estar social bem definida, a política monetária escolhida
deve ser aquela que leva a um nível da taxa de inflação π tal que L seja mínimo.
Note primeiramente que o problema é bem definido já que a função é convexa. Portanto,
a condição de primeira ordem nos diz que a solução é dada por
aun + a2 π e + bπ m
π= (8.11)
a2 + b
Podemos, agora, analisar como esta taxa de inflação se comportará caso os agentes pos-
suem expectativas racionais com informação completa (π e = π) ou caso eles sejam não
sofisticados, de modo que eles acreditam totalmente na meta de inflação anunciada pelo
governo (π e = π m ).
a
π = π m + un , (8.12)
b
Note que neste caso a sociedade pode ficar pior do que na situação em que o go-
verno adota uma postura de condução da política monetária por regras, já que a
inflação pode ficar maior mas o nível de desemprego continuar o mesmo (ao nível
natural).
– Agentes não sofisticados4 : π e = π m .
Novamente por (8.11), fazendo π e = π m podemos ver que
a
π = πm + un . (8.13)
a2 +b
Observe pela expressão (8.13) que π > π m = π e . Mas se esta desigualdade ocorre,
pela curva de Phillips em (8.9) pode-se notar que u < un . Ou seja: o governo sempre
possui incentivos de desviar-se da meta de inflação quando ele possui confiança plena da
sociedade na condução de sua política monetária, já que ele pode superaquecer a eco-
nomia fazendo com que a taxa de desemprego efetiva da economia fique abaixo da
taxa de desemprego natural.
4. Reputação: agente privado que pode auferir ganhos privados a partir da boa condução
da política monetária.
4
Observe que outra forma de interpretar esta situação é admitindo que o governo sempre foi crível na condu-
ção de sua política monetária mas que decide desviar-se da meta de maneira surpreendente (ou seja, de tal modo
que os agentes, mesmo racionais, não conseguem antecipar esta mudança).
preços ou inflação; neste caso, podemos usar tanto o modelo IS-LM quanto a equação quan-
titativa da moeda (EQM). Agora, para determinar um modelo de ciclos econômicos, podemos
estabelecer uma relação entre desemprego e crescimento do produto. Esta é a chamada Lei de
Okun.
Pela equação quantitativa da moeda, temos que uma certa economia no tempo t pode
descrita como Mt Vt = Yt Pt . Já vimos na nota (5) que a aproximação dinâmica para
pequenas variações dos componentes que descrevem a equação quantitativa da moeda
é
yt = mt − πt , (8.14)
Vimos nas seções anteriores que a relação entre inflação e desemprego é dada pela curva
de Phillips. Para fins de simplicidade, será considerado que as expectativas dos agentes
são adaptativas, de modo que πte = πt−1 , isto é, os agentes fazem previsões totalmente
baseadas na inflação realizada no período anterior da economia. Então
Agora, estamos aprendendo que a lei de Okun pode estabelecer uma relação entre de-
semprego e crescimento do produto. Esta relação postula que caso o produto cresça mais
rapidamente do que o crescimento natural do produto, a taxa de desemprego cairá e é dada
pela seguinte equação:
Note que uma vez determinadas estas relações, temos um modelo de ciclos econômicos. Para
ver isto, considere o que ocorreria com a economia no caso de uma expansão da oferta mone-
tária, por exemplo. Por (8.14), teríamos a princípio um aumento no crescimento do produto da
economia. Mas pela Lei de Okun em (8.16), o desemprego diminuiria para um produto maior,
o que levaria, pela relação descrita em (8.15) a um aumento da inflação. Com o aumento da
inflação, novamente por (8.14) teríamos um decréscimo do produto da economia, o que leva-
ria, por (8.16), a um aumento do desemprego. Por sua vez, o aumento do desemprego levaria
a uma maior inflação, reiniciando todo o ciclo.
Note que caso o preço pi observado pela firma i for maior que o preço esperado, a firma passará a
produzir num nível acima de seu nível natural; caso pi = pei , então a firma mantém sua produção
ao nível natural; por fim, caso pi < pei , a firma diminui seu nível produtivo.
Como as expectativas sobre o preço são formadas? Temos a seguinte relação:
em que p̂i é a previsão (média) das demais ilhas. Assim, usando (8.18) em (8.17), com alguma
5
Lembre-se de que, sob expectativas racionais, a curva de Phillips é sempre vertical no eixo inflação-
desemprego. Portanto, a curva de oferta agregada sob expectativas racionais e informação perfeita também será
vertical no eixo quantidade-preço. A curva de oferta de Lucas admite informações imperfeitas e acaba por estabe-
lecer uma curva de oferta positivamente inclinada.
N
X N
X N
X
yi = yin + h(1 − b) (pi − p̂i ).
i=1 i=1 i=1
1
Y = Y N + φ(P − P e ) ⇔ P = P e + (Y − Y n ).
φ
Como havíamos adiantado, teremos portanto uma curva de oferta de curto prazo positiva-
mente inclinada. Ainda, admitimos que no longo prazo os agentes não erram suas previsões
sobre o nível de preços da economia e, então, a curva de oferta é vertical.
Questão 05/2008
Considere um modelo de oferta e demanda agregadas, em que a oferta de curto prazo seja
positivamente inclinada. O equilíbrio inicial é tal que o produto está em seu nível natural (po-
tencial). Julgue as afirmativas:
(0) Um aumento no nível esperado de preços juntamente com um aumento dos gastos
públicos elevam a taxa de juros e a renda no curto prazo.
(1) Uma expansão monetária eleva o produto no curto prazo, mas não no longo prazo,
devido ao ajuste das expectativas.
(2) Uma redução do déficit público eleva o produto e a taxa de juros no curto prazo, mas a
longo prazo o produto retorna a seu nível natural.
(3) Um choque de oferta adverso, como um aumento no preço de uma matéria-prima im-
portada, eleva a taxa de desemprego natural e reduz os salários reais no curto prazo.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Um aumento do nível esperado de preços acaba por deslocar a curva de oferta
agregada para a esquerda e para cima, elevando o nível de preços e diminuindo o produto. Já o
aumento do gasto público desloca causa uma expansão na demanda agregada, aumentando o
nível de preço e o produto da economia. Portanto, é incerto o resultado final sobre o produto
de equilíbrio.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Exatamente como vimos no texto.
(2) Falso.
Demonstração. Uma contração fiscal reduz o produto de curto prazo.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Um aumento no preço de uma matéria prima afeta diretamente os custos da
empresa. Isto fará com que a firma aumente o mark-up para incorporar este aumento nos custos.
Pela relação de determinação dos preços, dada pela equação (8.2), podemos ver que o salário
real deve diminuir com o ajuste na taxa de mark-up, µ, já que W/P = 1/(1 + µ). Assim, da
relação de determinação dos salários em (8.1), podemos ver que W/P = F (u, z). Como W/P
está diminuindo, para um z fixo temos que a taxa de desemprego u deve aumentar para diminuir
o valor de F (u, z) e, então, reestabelecer tal igualdade.
Questão 04/2018
Classifique as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) O nível natural de produto pode ser determinado examinando-se isoladamente a curva
de oferta agregada.
(1) A curva de oferta agregada implica que um aumento do produto leva a um aumento do
nível de preços.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Como vimos no texto, o nível natural de produto é encontrado apenas ob-
servando a taxa natural de desemprego determinada no equilíbrio do mercado de trabalho.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Como vimos no texto, a curva de oferta é positivamente inclinada no plano-
P Y , o que aumentos do produto levam a aumentos no nível de preços.
Questão 12/2015
Considere as seguintes relações que definem a demanda e oferta agregadas, respectiva-
mente:
DA: m + v = p + y
OA: p = pe + λ(y − y ∗ )
Solução.
Demonstração. Sob hipótese de previsão perfeita, pe = p. Sabemos também que este é o
caso do longo prazo, em que a curva de oferta agregada é responsável por determinar todo o
OA: p = pe + λ(y − y ∗ ) ⇔ y = y ∗ = 7.
Questão 14/2021
Suponha uma economia em que as empresas operam sob concorrência perfeita. A função
de produção é dada por Y = 100N − 0, 5N 2 , em que Y é o produto e N é o número de horas
trabalhadas. Sabendo que a determinação dos salários é dada pela curva W = P e F (N, Z),
em que P é o nível de preços (esperado = efetivo; isto é, P = P e ), F (N, Z) é a função que
determina o poder de barganha dos trabalhadores e Z é o seguro desemprego. Suponha que
F (N, Z) = Z + 10N , em que Z = 34. Calcule o salário real que equilibra o mercado de
trabalho.
Solução.
Como estamos sob concorrência perfeita, o preço é determinado pelo mercado e a firma resolve
seu problema de maximização de lucro através do ajuste da contração de um número de horas
trabalhadas, N ∗ . A função lucro da firma será dada por π = P Y −W N = P (100N −0, 5N 2 )−
W N , que é claramente uma função côncava. A condição de primeira ordem nos diz que
W W
= 34 + 10N ∗ = 34 + 1000 − 10 ⇔ 1034/11 = 94.
P P
Questão 09/2006
Com relação à oferta agregada, salários, preços e emprego, são corretas as afirmativas:
Solução.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Choques de oferta, como vimos, deslocam a curva de oferta para cima e para
a esquerda, aumentando o nível de preços e diminuindo o produto nacional. Por outro lado, a
expansão monetária levaria a um aumento tanto do produto, algo que minimizaria os efeitos
recessivos sobre o produto e o emprego, quanto dos preços, pressionando ainda mais os efeitos
inflacionários.
(2) Falso.
Demonstração. A taxa de desemprego no longo prazo corresponde à taxa natural de desem-
prego, que não necessariamente é nula.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. A neutralidade da moeda diz que a política monetária não afeta as variáveis
reais da economia. Portanto, uma redução da oferta monetária em 3 por cento terá que reduzir
os preços e salários numa igual quantia, para que o salário real não seja afetado.
Questão 04/2009
Considere o modelo de oferta e demanda agregadas, com oferta agregada positivamente
inclinada no curto prazo. O produto encontra-se inicialmente em seu nível natural (potencial).
Suponha, então, que ocorre um aumento na oferta monetária (tudo o mais constante). Supo-
nha também que o público forma expectativas sobre o nível geral de preços antes de a mudança
se realizar. Julgue as seguintes afirmativas:
(0) Se a mudança for perfeitamente antecipada pelo público, o produto real de curto prazo
não será afetado.
(1) Se a mudança for maior que a esperada pelo público, a taxa de juros real se reduzirá
tanto no curto como no longo prazo.
(2) Se a mudança for menor que a esperada pelo público, o produto real de curto prazo se
reduzirá.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
(1) Falso.
Demonstração. Do modelo IS-LM, temos que a taxa de juros de curto prazo irá se reduzir. No
longo prazo, no entanto, a moeda não afeta variáveis reais, como a taxa de juros real, pois
equivale a neutralidade da moeda.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pela expressão da curva de oferta em (8.5) isto fica claro. P deve cair para
compensar um P e maior. Isto causará um deslocamento da oferta para cima e para a esquerda,
pressionando os preços para cima e o produto para baixo.
Questão 11/2009
Julgue as seguintes afirmativas:
(1) Quando, diante de um choque de aumento do preço do petróleo que aumenta o nível
dos preços no curto prazo, o Banco Central reduz a oferta real de moeda, os preços crescem
ainda mais, pois as empresas repassam os custos financeiros para os preços finais.
Solução.
(1) Falso.
Demonstração. A contração na oferta monetária vai aliviar a pressão inflacionária causada pelo
choque de oferta (ou choque de mark-up).
Questão 04/2021
Considere o Modelo de Oferta e Demanda Agregadas e avalie as seguintes afirmativas:
(2) Quanto maior o poder de mercado das empresas, maior será a taxa natural de desem-
prego.
(3) A política monetária expansionista não tem efeito algum sobre o nível de produto no
longo prazo.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Maior poder de mercado significa uma maior taxa de mark-up. Pelo gráfico 8.1
fica claro que a taxa natural de desemprego irá aumentar.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
Questão 08/2022
Assinale como verdadeiras ou falsas as seguintes assertivas:
(0) De acordo com o Modelo de Oferta e Demanda Agregadas, numa situação inicial de equi-
líbrio de longo prazo, uma política monetária perfeitamente antecipada não tem efeito sobre o
produto e nem sobre o nível de preços.
(1) De acordo com o Modelo de Oferta e Demanda Agregadas, uma política monetária ex-
pansionista apenas parcialmente antecipada aumenta os preços para um nível maior no curto
prazo do que no longo prazo.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Não terá efeitos sobre o produto mas terá sobre o nível de preços, que será
maior (vimos no texto este caso).
(1) Falso.
Demonstração. O nível de preços subirá, como vimos no texto, mesmo que seja antecipada
parcialmente pelos agentes.
Questão 07/2005
Sobre o tema “Inflação e Curva de Philips" (inflação no eixo Y , e desemprego no eixo X),
avalie as proposições:
(0) A chamada Curva de Phillips postula uma relação positiva entre inflação e desemprego.
(3) Em um modelo de expectativas racionais, a curva de Phillips de longo prazo é horizontal.
(4) Uma elevação das expectativas de inflação desloca a curva de Phillips para cima e para
a direita.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A relação é negativa.
(3) Falso.
Demonstração. A curva de Phillips de longo prazo, sendo num modelo de expectativas racionais
ou adaptativas, é sempre vertical ao nível natural da taxa de desemprego.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Isto fica claro ao olharmos para a equação (8.8)
Questão 06/2008
Com base na curva de Phillips aumentada de expectativas, e pressupondo tudo o mais cons-
tante, julgue as afirmativas:
(0) Se a taxa de inflação é igual à taxa de inflação esperada, o desemprego é nulo.
(2) Um aumento não antecipado na taxa de inflação reduz o desemprego no curto prazo.
(4) Um aumento na expectativa de inflação elevam a inflação e o desemprego no curto
prazo.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Podemos notar pela equação (8.8) que quando a taxa de inflação é igual à taxa
de inflação esperada, mesmo quando vt = 0, temos que o nível de desemprego deve ser igual
ao nível de desemprego natural, que normalmente não é nulo.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pela equação (8.8), vemos que supondo vt constante (como o enunciado o
faz ao supor “tudo o mais constante"), então um aumento não antecipado na taxa de inflação
claramente deve reduzir o desemprego no curto prazo para reestabelecer a igualdade da relação
de Phillips entre inflação e taxa de desemprego.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, caso a expectativa de inflação se eleve, por (8.8) podemos ver que
uma parte do ajuste ocorre via inflação, outra parte via desemprego.
Questão 10/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(2) Dada a Curva de Phillips πt = πte + 0, 2 − 2ut , em que πt , πte e ut são, respectivamente, a
inflação no ano t, a inflação esperada para t e a taxa de desemprego em t, então a taxa natural
de desemprego é igual a 0, 1 (ou seja, 10%).
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Note que πt = πte + α(un − ut ), com α = 2 e un = 0.1 = 10%.
Questão 12/2009
Suponha uma economia caracterizada pela seguinte Curva de Phillips:
π = π e + 0, 5(Y − Yn ).
Solução.
Demonstração. Do enunciado, Yn = 50 e π e = 0, 25 × 10 + 0, 75 × 2 = 4 e π = 10. Então,
substituindo os valores na Curva de Phillips dada no enunciado, Y = 62.
Questão 11/2014
Seja πt e ut a taxa de inflação e de desemprego no ano t, respectivamente. Suponha que a
curva de Phillips seja dada por πt = πte − (ut − 5%) e a inflação esperada dada por πte = πt−1 .
Adicionalmente, suponha que a taxa de desemprego seja inicialmente igual à taxa natural de
desemprego e que π = 12%. O Banco Central decide que uma taxa de inflação de 12% é
elevada demais e que, a partir do ano t, manterá a taxa de desemprego 1 ponto percentual
acima da taxa natural de desemprego até que a taxa de inflação caia para 2%. Durante quantos
anos o Banco Central deve manter a taxa de desemprego acima da taxa natural de desemprego?
Solução.
Demonstração. Pelas informações do enunciado, inicialmente temos que πt−1 = 12% e ut =
un , isto é, o desemprego estava em sua taxa natural. A partir do ano t, ut − un = 1% e,
portanto, a inflação ao nível de 12% passa a diminuir 1%. Portanto, a taxa de inflação será de
2% em t + 9 e, portanto, o Banco Central deve manter a taxa de desemprego acima da taxa
natural de desemprego por 10 anos (no ano t, início da política de manter a taxa de desemprego
acima da taxa natural, mais nos nove anos seguintes).
Questão 04/2016
Classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) Escolher um presidente do Banco Central que confira menos peso aos custos da inflação
do que a própria sociedade é um tipo de solução para o viés inflacionário;
(1) Os indivíduos que possuem expectativas racionais não cometem erros de previsão;
Solução.
(0) Falso.
(1) Falso.
Demonstração. Os indivíduos que possuem expectativas racionais não cometem erros sistemá-
ticos de previsão. Isto é equivalente a dizer que na média eles acertam.
Questão 12/2014
Avalie as assertivas abaixo com base no modelo básico de inconsistência temporal na política
monetária (originalmente desenvolvido por Kydland e Prescott):
(0) A inflação efetiva é maior quanto menor é o peso que o banco central coloca sobre a
expansão do produto em sua função de utilidade;
(1) A inflação efetiva é maior quanto maior é o incentivo que o banco central tem para gerar
inflação;
(2) Apesar do incentivo para que o banco central gere inflação, a economia não tem qual-
quer benefício duradouro na forma de produto extra quando o banco central atua de maneira
discricionária;
(3) Uma solução para se mitigar o viés inflacionário da política monetária é escolher para
presidente do banco central um agente “conservador”, que se preocupa mais com a inflação
do que a sociedade (ou o governo) e, então, deixá-lo conduzir a política monetária com inde-
pendência;
(4) Uma solução para se mitigar o problema da inconsistência temporal da política monetá-
ria é adotar uma regra de política baseada no cumprimento de uma meta de inflação conveni-
entemente baixa.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Se o peso que o banco central coloca sobre a expansão do produto não é
grande, então ele não precisará “forçar" um nível de emprego abaixo da taxa natural da econo-
mia, pressionando menos o nível de preços e gerando menor inflação.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Evidentemente quando maior o incentivo que o banco central tem para gerar
inflação, maior a inflação efetiva.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. No longo prazo, a taxa de desemprego efetiva da economia equivale à taxa
natural de desemprego e, portanto, o produto da economia também se aproxima de seu nível
natural. Assim, qualquer política que tente superaquecer a economia no curto prazo via pres-
sões inflacionárias não persiste de maneira duradoura.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Foi visto no texto que uma forma de mitigar o problema da inconsistência
temporal da política monetária é adotar uma abordagem de regras para a condução da política
monetária. E quanto menor a meta de inflação (baseada em regras), menor o incentivo para o
governo se desviar da meta.
Questão 04/2019
Avalie como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmativas:
Solução.
(1) Falso.
Demonstração. Foi visto no texto exatamente o contrário. Quando o governo não possui uma
condução da política monetária baseada em regras, então pode ser que a economia tenha uma
inflação maior, através do viés inflacionário, mesmo sem ter um nível de desemprego mais baixo.
Portanto, o viés inflacionário constitui-se em um dos argumentos favoráveis ao uso de uma regra
monetária.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
Questão 12/2019
Avalie os itens abaixo como verdadeiros ou falsos baseando-se no Modelo de Preços Rígidos
e/ou na Curva de Oferta de Lucas (Modelo de Informação Imperfeita), com curvas traçadas no
plano produto versus nível geral de preços:
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. O modelo de Oferta de Lucas é sob concorrência perfeita e com informação
imperfeita.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Quanto mais instável o nível geral de preços, mais os produtores atribuirão as
mudanças nos preços às mudanças gerais da economia (em contraposição ao peso dado à varia-
ção de preços em decorrência de fatores idiossincráticos de cada firma), não alterando tanto as
ofertas individuais e, portanto, constituindo uma curva de oferta agregada mais íngreme (mais
inelástica nos preços).
(4) Falso.
Demonstração. Os agentes não possuem capacidade limitada de processar informações mas
sim ilimitada. Além disso, possuem expectativas racionais. A grande novidade do modelo de
oferta de Lucas é que a informação é imperfeita.
Questão 15/2012
Considere uma economia com as seguintes características:
Solução.
Demonstração. Note que podemos reescrever a curva de Phillips como
u = (π e − π)/2 + 0.1.
O problema de minimização da perda social enfrentado pelo banco central será então
π2
min{[(π e − π)/2 + 0.1]2 + }.
π 2
Questão 09/2021
Considere o seguinte modelo de inflação e de política monetária com expectativas racionais:
Central escolher a oferta monetária. Resolva o modelo para as duas políticas e então avalie
como verdadeiras ou falsas as assertivas abaixo:
(0) Se o Banco Central escolhe uma regra fixa para a política monetária, ele produz inflação
zero.
(1) Se o Banco Central escolhe uma política discricionária, a inflação efetiva é igual a 0,05.
(2) Se o Banco Central escolhe uma regra fixa para a política monetária, u = un .
(3) Se o Banco Central escolhe uma política discricionária, u ̸= un
(4) Quanto maior a aversão do presidente e dos diretores do Banco Central à inflação, o
resultado do modelo sob discrição mais se aproxima do resultado do modelo sob uma regra
fixa.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Se o Banco Central escolhe uma regra fixa para a política monetária, ele con-
figura a inflação igual a meta anunciada previamente e as expectativas dos agentes são tam-
bém previamente ancoradas nestes valores. Neste caso, pela curva de Phillips podemos ver que
u = un . Então, L(π) = un + 0, 5π 2 , que terá seu valor mínimo quando π = 0.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Sob política discricionária, o BC tomará a expectativa de inflação dos agentes
como dada e resolverá seu problema de minimização de perdas:
(2) Verdadeiro.
Demonstração. u = un é sempre verdadeiro no caso em que os agentes possuem expectativas
racionais, independente da escolha do BC quanto à política monetária.
(3) Falso.
Demonstração. Independente da escolha da política do Banco Central, pela equação de Phillips
temos que u = un caso os agentes são racionais.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Vimos que, sob regra fixa, a inflação ajustada pelo BC será nula. Então, sendo
b o coeficiente de aversão à inflação dos diretores do BC na função L = u + bπ 2 , podemos ver
que conforme b → ∞, a inflação escolhida de modo a minimizar esta função de perda social
deve ser zero, isto é, se aproxima do caso com regras.
Questão 10/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(1) De acordo com a Lei de Okun, um aumento de 1% no PIB está associado a uma redução
de 1% na taxa de desemprego.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A relação que a Lei de Okun estabelece entre desemprego e produto é, de fato,
positiva. No entanto, nada garante que será exatamente uma relação de 1 para 1.
Questão 14/2022
Assinale como verdadeiras ou falsas as assertivas a seguir. Considere uma economia que
adote o regime de metas de inflação e que ela seja regida pela Curva de Phillips: πt − πte =
−0, 7(ut − 0, 05), sendo πt a taxa de inflação do ano corrente, πte a expectativa de inflação dos
agentes, e ut a taxa de desemprego do ano corrente. Adicionalmente, suponha que a inflação
do ano anterior foi de 10% e que a meta de inflação para o ano corrente seja de 4%.
(0) Considere válida a Lei de Okun e que a política monetária goza de credibilidade. Neste
caso, ao estabilizar a inflação, automaticamente estabilizam-se as flutuações do produto.
(4) A taxa natural de desemprego é de 5%.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Estabilizar inflação significa que a autoridade monetária irá anunciar uma meta
de inflação em t de modo que ela seja igual a inflação em t − 1, isto é, πtm = πt−1 . Se o governo
goza de credibilidade e supondo que ele irá cumprir sua meta, então πtm = π = πte . Assim,
pela curva de Phillips, 0 = −0, 7(ut − 0, 05) e, portanto, a taxa de desemprego está em seu
nível natural ut = 0, 05. Contanto que o governo mantenha esta política de estabilização de
inflação, a economia permanecerá em seu nível natural, e a variação da taxa de desemprego
será nula, isto é, ut − ut−1 = 0. Como a Lei de Okun estabelece que ut − ut−1 = β(y n − yt ),
em que yt denota a taxa de crescimento do produto no tempo t, então ut − ut−1 = 0 implica
que yt = y n e, portanto, as flutuações do produto estabilizar-se-ão.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Podemos ver isto direto da curva de Phillips: un = 0, 05.
Questão 13/2016
Suponha que a economia possa ser descrita pelas três equações abaixo, em que πt , gyt , gmt
e ut são, respectivamente, a taxa de inflação, a taxa de crescimento do produto, a taxa de
crescimento da oferta de moeda e a taxa de desemprego, todas no ano t (expressas em %).
Solução.
Demonstração. Note que, se πt = 8%, então gmt = gyt + 8%. Mas observe também que se a
taxa de desemprego encontra-se em seu nível natural, pela Lei de Okun podemos ver facilmente
que gyt = 5%. Portanto, gmt = 13%. A resposta final é 13.
Questão 04/2016
Classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(3) Segundo a curva de oferta (ou modelo de duas ilhas) de Lucas, um aumento no nível
geral de preços impacta positivamente a produção, pois há informação imperfeita (no curto
prazo) sobre o nível geral de preços. Assim, o produtor de cada ilha atribui a elevação de preço
em parte a um aumento na demanda relativa de seu bem, em parte a um aumento geral de
preços;
Solução.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Esta é uma hipótese do modelo de Lucas para oferta agregada.
Questão 10/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(0) De acordo com a curva de oferta agregada de Lucas, o produto efetivo será superior ao
produto potencial se o nível de preço corrente for superior ao nível de preço esperado.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
Questão 04/2013
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(1) Considerando a curva de oferta agregada de Lucas, em um modelo de expectativas ra-
cionais com informação imperfeita, se as firmas se deparam com um aumento nos preços de
seus produtos, elas interpretam isso como pleno aumento de seus preços relativos.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. As firmas interpretam as mudanças no preço em parte como alteração na razão
de preços da economia em parte como mudança absoluta.
Questão 04/2013
Avalie as assertivas abaixo:
(2) A base da curva de oferta de Lucas é o chamado problema de extração do sinal: se o preço
de um bem qualquer é uma variável aleatória que se decompõe em duas parcelas, uma devida
ao nível geral de preços e outra ao preço relativo do bem, o produtor, a partir da observação do
preço que ele recebe pelo seu próprio bem, tem que identificar qual parcela deve-se ao preço
relativo.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. É exatamente esta a fundamentação teórica da curva de oferta de Lucas.
Questão 08/2022
Assinale como verdadeiras ou falsas as seguintes assertivas:
(2) De acordo com Modelo de Expectativas Racionais de Lucas, apenas o aumento não an-
tecipado da oferta monetária é capaz de afetar o produto real.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Quando os agentes não conseguem antecipar o aumento na oferta monetária,
parte do choque será interpretado como choque idiossincrático e, assim, as firmas mudarão
suas produções. Por outro lado, caso as firmas antecipam o aumento, elas sabem que se trata
de um choque idiossincrático, não alterando seus níveis de produção.
Macroeconomia aberta
EP ∗ E
ε= = ,
P P/P ∗
141
142 9.2. PARIDADE DO PODER DE COMPRA (PPC)
nível de preços externo, ou da taxa de juros nominal. Este último é determinado simplesmente
pelas forças de oferta e demanda.
• Regime de câmbio fixo: o governo atua na compra e venda de divisas estrangeiras para
controlar o valor da taxa de câmbio a um nível determinado. Neste caso, como o go-
verno deve obrigatoriamente atuar na venda e compra de divisas estrangeiras para maior
controle da taxa de câmbio, a função da política monetária dentro da economia fica pre-
judicada.
• Regime de taxas flutuantes: o governo não atua para influenciar a taxa de câmbio. Ou
seja, ela é determinada puramente pelas forças de oferta e demanda nos mercados. Neste
caso, a função da política monetária dentro da economia pode ser eficaz, já que ela não
é comprometida pela necessidade de estabilização da taxa de câmbio;
• Regime Misto (“dirty-floating"): o governo atua apenas para manter a taxa de câmbio
dentro de uma certa janela ou em casos de urgência. Este é um caso intermediário entre
os dois anteriores, e se caracteriza por um comprometimento intermediário da eficácia
da política monetária dentro da economia.
R$ R$ U S$
PBR = PEU A = E × PEU A ,
em que PBR R$
é o preço do produto no Brasil em reais, PEU
R$
A é o preço do produto nos EUA em
reais, E é a taxa nominal de câmbio e PEU A é o preço do produto em dólares nos EUA.
U S$
1
Esta seção é uma transcrição de trechos de uma seção que trata do assunto em FEA-USP (2008).
A lei do preço único nos dá a condição de paridade do poder de compra das moedas. Nesse
caso, ao invés de definirmos a taxa de câmbio como a relação entre os preços de uma única
mercadoria expressa em diferentes moedas, relacionamos o nível geral de preços (conjunto
de mercadorias - cesta de consumo) nos dois países. Dessa forma, temos versão absoluta da
paridade do poder de compra:
P PBR EP ∗
E= = ⇔ ε = = 1.
P∗ PEU A P
Muitas críticas são levantadas em relação a essa teoria. A primeira é a suposição de que
inexistam custos de transação, de modo que todo e qualquer produto possa ser transacionável
no mercado internacional. Existe uma série de produtos, independente de ser mais caros em
um lugar que em outros, cujo custo de transação ou a dificuldade de obtê-los no lugar em que
estejam mais baratos permite que existam diferenciações de preços. Os serviços, em geral,
enquadram-se neste caso: o aluguel, as refeições fora de casa, o corte de cabelo etc. Mesmo se
o corte de cabelo for mais barato em Buenos Aires que em São Paulo, o custo de deslocamento
para cortar o cabelo em Buenos Aires acaba tornando-o mais caro do que se o fizesse em São
Paulo; se eu trabalhasse no Rio de Janeiro, mas o aluguel fosse mais barato em Cancun, isso não
justificaria morar em Cancun e trabalhar no Rio, pois o custo de deslocamento tornaria mais
barato morar no Rio, e assim por diante. Ou seja, existem bens, que, independente do preço nos
diferentes países, não induzem fluxos comerciais. Estes são os chamados não transacionáveis
(non-tradeables). A segunda crítica é que a versão absoluta da paridade do poder de compra
considera cestas homogêneas de consumo nos diferentes países, o que não é o caso. Várias
outras limitações dificultam a aplicação da versão absoluta dessa teoria.
Existe a chamada versão relativa da paridade do poder de compra, que não busca determinar
em termos absolutos o valor adequado da taxa de câmbio, mas explicar como se dá a correção cambial
ao longo do tempo. De acordo com essa teoria, a taxa de câmbio nominal deve ser corrigida ao
longo do tempo pelo diferencial entre a inflação doméstica e a internacional, de modo a manter
(1 + π)
1 + ∆%E = , (9.1)
1 + π∗
em que ∆%E é a variação percentual da taxa de câmbio nominal, π é a taxa de inflação interna
e π ∗ a taxa de inflação externa. Para derivar esta igualdade, note que estamos estudando qual
seria a variação percentual da taxa de câmbio nominal para que a taxa de câmbio real fique fixa
em algum nível de equilíbrio para todos os períodos, ou seja,
∗
Et Pt∗ Et−1 Pt−1
εeq = εt = = εt−1 = .
Pt Pt−1
Então,
Et Pt∗
εt Et−1 ∗
Pt−1
= Pt
= 1,
εt−1 Pt−1
∆%E = π − π ∗ . (9.2)
Sob esta igualdade fica claro que a taxa de câmbio nominal deve ser ajustada para corrigir o
descompasso da inflação interna com a externa.
Para entender melhor esta dinâmica, suponha que temos dois períodos, t e t + 1, de modo
que um investidor brasileiro está pensando se investe nos EUA ou no Brasil. Para decidir, ele
precisa comparar ambas as oportunidades. Denote a taxa de juros brasileira (interna) por i e a
taxa de juros americana (externa) por i∗ . Suponha, ainda, que os retornos nominais são certos
mas há incerteza sobre a taxa de câmbio futura. Se o investidor investe R$1 no brasil no tempo
t, em t + 1 ele terá um retorno de 1 + i. No entanto, se o investidor quer investir a mesma
unidade de real brasileiro nos EUA, primeiro ele precisa transformar esta unidade em dólares;
depois, aplicar o dinheiro à taxa de juros americana; e, por último, novamente transformar os
dólares recebidos do investimento novamente em reais. A tabela 9.1 ilustra o raciocínio
Investimento em t Retorno em t + 1
Brasil 1 1+i
EUA 1
Et
1
Et
(1 + i∗ )Et+1
Note que, como a taxa de câmbio nominal em t, Et , nos informa quantos reais brasileiros
um dólar pode comprar, então a mesma unidade de real brasileiro a ser investido nos EUA vale
U S$1/Et . O retorno em reais (o que realmente importa para o investidor, que, lembremos, é
brasileiro) é dado então por
1
(1 + i∗ )Et+1 .
Et
Como vimos, 1/Et é a quantidade investida; E1t (1 + i∗ ) é o retorno em dólares; e, por fim,
1
Et
(1 + i∗ )Et+1 é o retorno em t + 1 novamente transformado em real brasileiro.
Lembre-se que pela condição de não arbitragem nos mercados, o retorno do investimento
no brasil em real brasileiro, dado por 1 + i, deve ser o mesmo que o retorno do investimento
nos EUA em real brasileiro, EEt+1
t
(1 + i∗ ), isto é,
Et+1
1+i= (1 + i∗ ).
Et
∆%Ete = i − i∗ . (9.4)
Ou seja: de acordo com a paridade descoberta de juros, a depreciação esperada da moeda deve seguir
a diferença entre as taxas de juros interna e externa.
Y = C + I + G + (X − M ).
X = x0 + x 1 Y ∗ + x2 ε
M = m0 + m1 Y − m2 ε.
Junto com as formas funcionais que vimos no capítulo 7 para o consumo e investimento, pode-
mos chegar, com uma álgebra simples, na seguinte expressão da curva IS:
1
Y = [A0 + x1 Y ∗ + (x2 + m2 )ε − i2 r], (9.5)
1 − c1 (1 − t) − i1 + m1
em que A0 = c0 + i0 + G0 + x0 − m0 .
Note que a dependência das importações com a renda nacional faz com que o multiplicador
keynesiano seja menor no caso de uma economia aberta. Isso significa que aumento nos gastos
autônomos tem um efeito menor sobre a renda. Ainda, observe que uma desvalorização da taxa
de câmbio torna o produto nacional mais barato, estimulando as exportações e desincentivando
as importações. Essa melhora no saldo em conta corrente desloca a curva IS para a direita. Já
uma valorização da taxa de câmbio terá o efeito oposto, deslocando a IS para a esquerda.
Esses são os efeitos da introdução do setor externo na curva IS. A curva LM não será afe-
tada pela introdução do setor externo. A demanda de moeda continua dependendo da renda
e da taxa de juros, respondendo positivamente em relação à primeira variável e negativamente
em relação à segunda. Dada a oferta de moeda, a curva LM representará os pares (Y, r) que
equilibram esse mercado.
BP = T C + Ka .
Assim como as curvas IS e LM são formadas pelos pares (Y, r) tais que os mercados de
bens e monetário, respectivamente, estejam em equilíbrio, a curva BP é formada pelos pares
produto-taxa de juros tais que o saldo da balança comercial é nulo, isto é
BP = 0.
O saldo em Transações Correntes depende da taxa de câmbio e dos níveis de renda interno e
externo. Assim, podemos escrever que
T C = T C(Y, Y ∗ , ε),
Ka = Ka(r − r∗ ).
fixo ou flutuante. Portanto, o saldo da balança comercial pode ser escrito como dependente do
produto e da taxa de juros:
Em equilíbrio, T C(Y ) = −Ka (r). Como dito, a curva BP representa os pares (Y, r) que satisfa-
zem a condição de equilíbrio no Balanço de Pagamentos, i.e., saldo igual a zero. Ainda, veremos
que a inclinação da curva BP dependerá basicamente do grau de mobilidade de capitais, isto é,
da forma como estes respondem a variações na taxa de juros.
Ka = 0.
T C = X0 − mY = 0 ⇔ Y = X0 /m. (9.6)
Percebemos que nessa situação haverá um único nível de renda que equilibra a conta cor-
rente e, portanto, o Balanço de Pagamentos, independente da taxa de juros, como pode ser
visto pelo gráfico da figura 9.1.
Note que para níveis mais elevados de renda, as importações crescerão sem serem acom-
panhadas por um aumento das exportações, o que resultará no aparecimento de déficits em
transações correntes. Para níveis inferiores de renda, as importações serão menores que as
exportações, resultando em um superávit. Assim, pontos a direita da curva BP significam a
existência de déficits e pontos à esquerda representam superávits, como pode ser visto pelos
gráficos da figura 9.2.
Figura 9.2: Equilíbrio externo no curto prazo sem mobilidade de capital: (a) saldo do Balanço de
Pagamentos e nível de renda e (b) equilíbrio externo e a curva BP.
nar o equilíbrio de BP, uma vez que sempre haverá um movimento de capitais compensatórios
a uma taxa de juros estipulada pelo mercado internacional.
Nessa situação de livre mobilidade de capital, a variável relevante para determinar o equilí-
brio de BP passa a ser a taxa de juros e não mais o nível de renda, uma vez que o saldo na balança
de pagamentos passa a ser infinitamente elástico em relação à taxa de juros. Uma taxa de juros
ligeiramente superior à taxa internacional induzirá uma entrada massiva de capitais (um grande
superávit no Balanço de Pagamentos), que forçará a igualdade entre as taxas; uma taxa ligeira-
mente inferior, levará por outro lado a uma saída massiva de capitais, isto é, a profundos déficits
no Balanço de Pagamentos. Ou seja, haverá um único nível de taxa de juros interna compatível
com o equilíbrio externo:
r = r∗ .
Essa igualdade passa a expressar a curva BP, como pode ser visto no gráfico da figura 9.3.
Pontos acima da BP significam superávit e pontos abaixo déficit. Percebe-se que o nível de
renda deixa de ser uma variável relevante para determinar o saldo externo.
Pontos acima da BP significam a existência de superávit, ou seja, a taxa de juros está muito
elevada para aquele nível de renda, fazendo com que a entrada de capital supere as necessidades
das transações correntes. Pontos abaixo da BP significam a existência de déficits, ou seja, a taxa
de juros é muito baixa para induzir uma entrada de capital suficiente para cobrir as necessidades
de transações correntes.
Dessa forma, para pontos acima da BP ou a taxa de juros interna deve reduzir-se para dimi-
nuir a entrada de capitais, ou deve-se induzir elevações na renda interna para ampliar o déficit
de TC. Pontos abaixo da BP devem ser corrigidos ou por elevação na taxa de juros, para estimu-
lar maior entrada de capital, ou por reduções de renda, para melhorar o saldo em Transações
Correntes.
Com o câmbio fixo, o governo compromete a sua política monetária para ajustar o câmbio ao
nível desejado. Considere que haja um aumento nos gastos do governo, de modo que a curva
IS é deslocada para direita e para cima, estabelecendo um novo equilíbrio doméstico, como
mostrado no ponto B na figura 9.5. Com uma taxa de juros interna maior do que a externa e um
produto de equilíbrio nacional maior, o balanço de pagamento (BP) estará em desequilíbrio, com
um superávit. Como r > r∗ e a economia de nosso interesse atua com câmbio fixo, o governo
imediatamente promoverá uma expansão monetária de tal modo a diminuir o juro doméstico e
reestabelecer o equilíbrio interno e externo, como ilustrado no ponto C da figura 9.5.
Observamos, portanto, que ao final destes ajustes, o produto de equilíbrio terá aumentado e
tanto a taxa de juros quanto o câmbio real permanecidos constantes. Ou seja, sob um regime de
câmbio fixo, a política fiscal expansionista é bastante eficaz no aumento do produto nacional, enquanto
que a política monetária é comprometida pela necessidade de reestabelecer o câmbio ao nível inicial.
Agora, estudemos o caso de uma política fiscal expansionista com câmbio flutuante, repre-
sentado pela figura 9.6. Com o aumento dos gastos governamentais, novamente teremos um
deslocamento da curva IS para a direita e para cima, aumentando o produto nacional e pro-
vocando um superávit na balança comercial. Como r > r∗ , o país de nosso interesse atrairá
investimento estrangeiro, aumentando o fluxo de capitais autônomos e consequentemente a
demanda pela moeda do país e, portanto, uma valorização da moeda doméstica frente à es-
trangeira. O resultado será um déficit na balança comercial, contraindo novamente o produto
e reestabelecendo o nível inicial da taxa de juros.
Ou seja, sob câmbio flutuante, a política fiscal é ineficaz, já que o câmbio será ajustado pe-
las forças de oferta e demanda de modo que a taxa de juros interna e o produto de equilíbrio
permaneça constante.
Figura 9.5: Expansão fiscal sob regime de câmbio fixo e mobilidade perfeita de capitais.
Figura 9.6: Expansão fiscal sob regime de câmbio flutuante e mobilidade perfeita de capitais.
ilustra o raciocínio. Note que na prática o governo sob regime de câmbio fixo não possui nenhum
espaço para realizar política monetária.
Figura 9.7: Expansão monetária sob regime de câmbio fixo e mobilidade perfeita de capitais.
Suponha novamente que o governo promova uma expansão monetária, deslocando a curva
LM para direita e para baixo, como mostrado na figura 9.8.
Figura 9.8: Expansão monetária sob regime de câmbio flutuante e mobilidade perfeita de capitais.
No ponto B, teremos um déficit na balança comercial. Como r < r∗ , haverá uma fulga
de capital do país, causando um excesso de oferta da moeda doméstica e desvalorizando-a
em relação à estrangeira. Com a desvalorização da moeda nacional, haverá uma melhora na
balança comercial, com maiores exportações. O resultado é que o produto interno aumentará,
forçando um deslocamento da curva IS para cima e para a direita até que o equilíbrio da balança
de pagamentos se reestabeleça. Portanto, a política monetária é bastante eficiente para aumentar
o produto interno se o regime de câmbio é flutuante.
Suponha que o governo promova uma política de aumento do gasto público. O impacto
inicial será um deslocamento da IS para a direita, fazendo com que o equilíbrio interno se desse
com uma taxa de juros mais elevada (com uma redução do investimento privado, que não com-
pensa totalmente os maiores gastos públicos) e um nível de renda maior. O nível de renda mais
elevado provoca o aparecimento de déficits no Balanço de Pagamentos, forçando o Banco Cen-
tral a perder reservas internacionais, contraindo a oferta de moeda. Nesse processo, a taxa de
juros vai se elevando, reduzindo ainda mais o investimento.
Figura 9.9: Expansão fiscal sob regime de câmbio fixo e sem mobilidade de capitais.
Esse processo persistirá até que o nível de renda volte ao original, eliminando o desequilíbrio
externo, mas agora a taxa de juros será mais elevada. Percebemos que nesse processo existe
uma perda de reservas internacionais em virtude dos déficits temporários, enquanto o nível
de renda situou-se acima daquele compatível com o equilíbrio externo, e uma substituição do
investimento por gastos públicos, isto é, uma alteração na composição da demanda (o chamado
crowding-out, em que o gasto público expulsou o gasto privado). Esse processo pode ser visto
no gráfico da figura 9.9.
Consideremos agora uma política fiscal expansionista com câmbio flutuante. O primeiro
impacto será o deslocamento da IS para a direita, ampliando a renda e a taxa de juros. O au-
mento da renda pressionará o setor externo, com tendência ao aparecimento de déficits, o que
induzirá à desvalorização da moeda nacional. Isto provocará o deslocamento da BP para a di-
reita e um novo deslocamento da IS. Percebemos que a variação da renda será superior àquela
induzida inicialmente pela política fiscal, pois a desvalorização cambial decorrente levará a uma
nova onda de crescimento em virtude da melhora do setor externo. Esse processo pode ser
visto no gráfico da figura 9.10.
Figura 9.10: Expansão fiscal sob regime de câmbio flutuante e sem mobilidade de capitais.
Partindo de uma situação de equilíbrio, o que acontecerá se o Banco Central resolver expan-
dir a oferta de moeda? O aumento da oferta de moeda levará inicialmente a um deslocamento
da curva LM para a direita. Com isso, teremos uma taxa de juros inferior à inicial, com o que se
amplia o investimento e o nível de renda. Com o aumento da renda, as importações se ampliam,
levando ao aparecimento de déficits no Balanço de Pagamentos. Como estamos considerando
um regime de câmbio fixo, o Banco Central terá que atender esta maior demanda por moeda
estrangeira, vendendo-a aos agentes, o que provocará uma redução no nível de reservas inter-
nacionais e a uma redução na oferta de moeda (a LM se desloca para a esquerda).
Figura 9.11: Expansão monetária sob regime de câmbio fixo e sem mobilidade de capitais.
Esse processo de contração monetária persistirá até que o déficit de BP seja eliminado, o
que só ocorrerá quando o nível de renda voltar ao inicial. Isso ocorrerá por que a taxa de juros
começa a se elevar, conforme a oferta de moeda se contrai, fazendo com que o investimento
vá retornando ao nível inicial. Percebemos que o equilíbrio final será exatamente o mesmo que
o inicial, uma vez que a LM volta à posição original. A única alteração que se verificará é no Ba-
lanço das Autoridades Monetárias, em que constará uma quantidade maior de crédito domés-
tico (fonte inicial da expansão monetária) e uma quantidade menor de reservas internacionais.
O gráfico da figura 9.11 mostra o efeito da política monetária nesta situação.
a IS e a BP se interceptem sobre a nova LM. Esse processo pode ser visto no gráfico da figura
9.12.
Figura 9.12: Expansão monetária sob regime de câmbio flutuante e sem mobilidade de capitais.
Câmbio fixo
Vamos supor inicialmente uma política fiscal expansionista, por meio de um aumento dos
gastos públicos, na situação de BP mais inclinada que a LM. O aumento dos gastos públicos pro-
vocará tanto a elevação do nível de renda quanto da taxa de juros. No novo equilíbrio interno,
haverá um déficit no Balanço de Pagamentos, pois a deterioração do saldo em Transações Cor-
rentes provocado pelo aumento da renda superou a melhora da conta de capital propiciada pelo
aumento da taxa de juros. Como estamos considerando o sistema de câmbio fixo, o Banco Cen-
tral atende à maior demanda por moeda estrangeira desfazendo-se das reservas internacionais
e contraindo a oferta monetária. Isso provocará uma redução da renda, melhorando o saldo
em Transações Correntes, e elevará a taxa de juros, promovendo maior entrada de capital. Esse
processo persistirá até que se restabeleça o equilíbrio externo, o que ocorrerá quando a LM pas-
sar pelo novo ponto de intersecção da BP com a nova IS. Isso pode ser visualizado no gráfico à
direita da figura 9.13.
Figura 9.13: Expansão fiscal sob regime de câmbio fixo e com mobilidade imperfeita de capitais.
No caso da LM ser mais inclinada que a BP (gráfico à esquerda da Figura 9.13), a expansão
fiscal deslocará a IS para a direita, fazendo com que a economia passe a um nível de renda e
taxa de juros mais elevados. Ao contrário da situação anterior, no ponto B haverá um superávit
no Balanço de Pagamentos, pois a entrada de capitais induzida pela maior taxa de juros será
maior que a deterioração do saldo em Transações Correntes decorrente da expansão da renda.
A aquisição desse superávit pelo Banco Central, uma vez que estamos considerando o regime
de câmbio fixo, levará à expansão monetária e a um deslocamento da LM para a direita, até que
esta intercepte a IS e a BP no ponto C, em que a taxa de juros é inferior e o nível de renda maior.
Assim, potencializa-se o efeito da política fiscal sobre a renda.
Quanto à política monetária, supondo uma expansão da quantidade de moeda, indepen-
dente de qual das duas curvas (BP ou LM) seja mais inclinada, observaremos num primeiro mo-
mento a queda da taxa de juros, a elevação da renda e o aparecimento de um déficit no Balanço
de Pagamentos, sinalizados no ponto B dos gráficos da figura 9.14. Considerando taxa de
câmbio fixa, o Banco Central irá perder reservas internacionais, contraindo ao longo do tempo
a oferta de moeda, fazendo a LM voltar à posição original. A única diferença existente em con-
siderarmos a BP mais ou menos inclinada em relação à LM é a velocidade com que esta última
volta à posição inicial. Quanto menor a inclinação da BP, isto é, quanto maior a elasticidade da
conta de capital em relação à taxa de juros, maior a velocidade de volta da LM.
Figura 9.14: Expansão monetária sob regime de câmbio fixo e com mobilidade imperfeita de capitais.
Câmbio flutuante
temente da situação anterior, com déficit no Balanço de Pagamentos. Esse déficit provocará a
desvalorização da taxa de câmbio, o que fará a BP se deslocar para baixo (direita) e a IS sofrer um
novo deslocamento também para a direita. A economia encontrará um novo equilíbrio sobre a
curva LM (ponto C), onde ocorram simultaneamente os equilíbrios interno e externo. Notemos
que, pela política fiscal nesse caso forçar uma desvalorização da taxa de câmbio, barateando o
produto nacional, gera um segundo impacto expansionista na economia. Assim, no ponto C, o
nível de renda será maior que no ponto B, mostrando que a política fiscal volta a ser eficaz.
Figura 9.15: Expansão fiscal sob regime de câmbio flutuante e com mobilidade imperfeita de capitais.
Figura 9.16: Expansão monetária sob regime de câmbio flutuante e com mobilidade imperfeita de
capitais.
monetária, isto fará a LM se deslocar para fora (direita), levando a economia a uma nova situação
com menores taxas de juros, maior nível de renda e déficit no Balanço de Pagamentos. Esse
déficit provocará a desvalorização da taxa de câmbio, que fará a IS e a BP deslocarem-se para a
direita, potencializando o impacto expansionista da política monetária. Essa situação pode ser
vista nos gráficos da figura 9.16.
Questão 11/2007
Considerando uma economia aberta, julgue as afirmativas:
(0) A taxa de câmbio nominal refere-se ao preço relativo entre duas moedas, enquanto que
a taxa de câmbio real corresponde à razão entre o preço do produto estrangeiro e o preço do
produto nacional, ambos expressos na mesma moeda.
(1) O regime de taxa de câmbio real fixa pressupõe que o Banco Central corrige a taxa de
juros pela diferença entre as taxas interna e externa de inflação.
(4) No regime de câmbio nominal fixo o Banco Central determina o valor da taxa de câmbio
nominal e se compromete a comprar e vender divisas à taxa estipulada.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme vimos no texto.
(1) Falso.
Demonstração. O regime de taxa de câmbio real fixa pressupõe que o Banco Central corrige a
taxa de câmbio nominal pela diferença entre as taxas interna e externa de inflação, não a taxa de
juros.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme visto no texto.
Questão 06/2010
Julgue as seguintes afirmativas:
(0) Pode haver apreciação real da moeda de um país, sem que haja apreciação nominal da
mesma;
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Basta que a inflação externa seja maior que a inflação interna.
Questão 09/2012
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F)
(1) No início de 2011, um título sem risco, que promete pagar R$660, 00 em 2 anos, é
vendido por R$500, 00, enquanto que outro título sem risco, que promete pagar R$960, 00 em
1 ano, é vendido por R$800, 00. Supondo que não haja custos de transação, que os investidores
se preocupem apenas com o retorno esperado e que qualquer oportunidade de arbitragem entre
títulos de vencimentos diferentes seja aproveitada, conclui-se que a taxa de juros de 1 ano
esperada para vigorar no início de 2012 é de 10%.
(3) De acordo com a hipótese de paridade coberta de juros, a taxa de juros em certo país A
deve ser igual à taxa de juros em outro país B,corrigida pelo diferencial de inflação entre os dois
países.
(4) Suponha que as transações comerciais com os EUA correspondam a mais da metade
do comércio exterior da Argentina. Logo, se ao longo de certo período de tempo a inflação
na Argentina foi superior à inflação nos EUA e a taxa de câmbio nominal do peso argentino
em relação ao dólar norte-americano se manteve constante, então podemos concluir que, em
termos de taxa de câmbio efetiva real, o peso argentino se depreciou.
Solução.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A taxa de juros de 1 ano em 2011 é dada por
960
i2011
1 = − 1 = 0, 2,
800
660 8
i2011
2 = −1= = 0, 32.
500 25
132 1
(1 + i2011
2 ) = (1 + i2011
1 )(1 + i2012
1 ) ⇔ 1, 32 = (1, 2)(1 + i2012
1 ) ⇔ i2012
1 = −1= = 10%.
120 10
(3) Falso.
Demonstração. De acordo com a hipótese de paridade coberta de juros, a diferença entre a
taxa de juros em certo país A e a taxa de juros em outro país B deve ser igual ao diferencial
percentual do câmbio nominal.
(4) Falso.
Demonstração. Este item é falso por dois motivos. O primeiro é que se considerarmos a dife-
rença entre as taxas de câmbio real e efetiva. Esta última diz respeito à taxa de de câmbio real
de um país mas levando-se em conta a moeda nacional frente à todas as demais moedas dos
parceiros comerciais. Como o item não diz nada sobre os demais parceiros comerciais além dos
EUA, então não podemos afirmar que o peso argentino irá se depreciar. O segundo motivo é que
mesmo se considerarmos apenas a taxa de câmbio real (não efetiva), o aumento do preço do
produto argentino fará com que a taxa de câmbio real diminua. Ou seja: fica mais caro comprar
pesos argentinos com um dólar. Noutras palavras, o peso argentino teria se apreciado frente
ao dólar.
Questão 13/2014
Julgue as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(2) A paridade relativa do poder de compra é a lei do preço único aplicada aos níveis gerais
de preços dos países analisados;
(3) Supondo que a taxa de câmbio nominal é medida pela razão moeda nacional/moeda es-
trangeira, podemos afirmar que os bens domésticos estão mais caros que os bens estrangeiros
quando a taxa de câmbio real deste país é maior do que 1 (um);
(4) De acordo com a equação de paridade descoberta da taxa de juros e supondo que a taxa
de câmbio futura esperada e o prêmio de risco sejam constantes, um aumento da taxa de juros
nominal doméstica leva a uma apreciação da taxa de câmbio nominal doméstica.
Solução.
(2) Falso.
Demonstração. A paridade absoluta do poder de compra é a lei do preço único aplicada aos
níveis gerais de preços dos países analisados;
(3) Falso.
Demonstração. De acordo com o enunciado, EP ∗ > P . Ou seja, o preço dos bens estrangeiros
já transformados em moeda nacional é mais caro do que o preço em moeda nacional.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Pela versão aproximada da paridade descoberta de juros,
i − i∗ = ∆%Et+1
e e
= Et+1 /Et − 1.
Do enunciado, Et+1
e
= Ē ∈ R é uma constante e i > i∗ (ou seja, ocorreu um aumento da
taxa de juros doméstica), então para a igualdade acima ser reestabelecida após o aumento de
i, devemos ter uma diminuição de Et . Ou seja, uma apreciação da taxa de câmbio nominal
doméstica.
Questão 05/2005
Avalie as proposições:
(0) A paridade do poder de compra absoluta implica que o câmbio real é sempre igual a 1.
(1) A paridade do poder de compra relativo implica que a taxa de câmbio nominal é igual à
diferença entre a inflação doméstica e a externa.
(2) Custos de transporte e tarifas de importação são alguns dos fatores que explicam porque
a PPP absoluta raramente se aplica na prática.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Exatamente como visto no texto.
(1) Falso.
Demonstração. A variação na taxa de câmbio nominal é dada pela diferença entre inflação
doméstica e externa.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme visto no texto.
Questão 07/2016
Classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) Sob mobilidade perfeita de capitais e câmbio fixo, um aumento da demanda por títulos
domésticos por investidores estrangeiros resulta em uma diminuição das reservas internacio-
nais do país;
(1) De acordo com a Paridade Descoberta dos Juros e ignorando o prêmio de risco, se a taxa
de juros nominal doméstica for maior que a externa, haverá uma expectativa de depreciação
nominal da moeda doméstica;
(2) Supondo que os títulos dos países A e B sejam substitutos perfeitos e paguem, respecti-
vamente, 5% a.a. e 6% a.a. de taxa de juros, então o mercado de câmbio prevê implicitamente
que a moeda do país A irá se depreciar em relação à moeda do país B em 1% no próximo ano;
(3) Suponha que a inflação do país A em um determinado período tenha sido de 100%,
enquanto a do país B foi de 25%. De acordo com a versão relativa da paridade do poder de
compra, a moeda do país A irá depreciar 75% em relação à moeda do país B durante esse mesmo
período;
(4) De acordo com a teoria da paridade do poder de compra, supondo um nível de preços
doméstico constante, um aumento no nível de preços internacional provoca uma apreciação
nominal da moeda doméstica de um país.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. A demanda por títulos domésticos fará aumentar a oferta de moeda estrangeira
no país, aumentando as reservas internacionais e não diminuindo.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, a moeda doméstica deve se desvalorizar para que o investimento no
país tenha o mesmo rendimento que no outro país de interesse.
(2) Falso.
Demonstração. Note que a taxa de juros no país A é menor que do país B. Para garantir uma
mesma remuneração para o investidor, a moeda do país A precisa, portanto, se apreciar sobre
a do país B.
(3) Falso.
Demonstração. Note que (9.2) é uma aproximação de (9.1) para o caso em que as taxas são
pequenas. No caso deste item, as taxas não são pequenas, e por isso devemos utilizar (9.1).
Neste caso, teremos:
(1 + π) 2
∆%E = ∗
−1= − 1 = 3/5 = 60% < 75%.
1+π 1, 25
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Fazendo π = 0 em (9.2), pode-se ver que a taxa de câmbio nominal precisa
diminuir caso π ∗ aumente. Assim, a moeda nacional terá uma valorização.
Questão 14/2008
Dois países, A e B, transacionam entre si, de modo que a Paridade do Poder de Compra seja
válida, assim como é válida a equação Quantitativa da Moeda. O país A expande seu estoque
nominal de moeda à taxa de 7% a.a. e sua renda real cresce à taxa de 2% a.a. O país B expande
seu estoque nominal de moeda à taxa de 5% a.a. e sua renda real cresce à taxa de 3% a.a.
Nos dois países, a velocidade-renda de circulação da moeda é constante. Calcule a taxa de
depreciação nominal da moeda do país A em relação à moeda do país B (resposta em % a.a.).
Observação: para calcular taxas de crescimento neste problema, utilize a seguinte aproximação.
Para duas variáveis Y e Z:
Taxa de Crescimento de Y × Z = Taxa de Crescimento de Y + Taxa de Crescimento de Z
Taxa de Crescimento de Y /Z = Taxa de Crescimento de Y - Taxa de Crescimento de Z
Solução.
Demonstração. Utilizaremos as equações dinâmicas da Teoria Quantitativa da Moeda e da
Paridade do Poder de Compr:
∆%E = π − π ∗
m = π + g ,
y
em que ∆%E é a taxa de variação do câmbio nominal, π e π ∗ são as taxas de inflação dos países
A e B, respectivamente, m é a taxa de crescimento da moeda num dado país, e gy é a taxa de
crescimento do produto. Pelas informações do enunciado, π = mA − gyA = 7% − 2% = 5%.
Ainda, π ∗ = mB − gyB = 5% − 3% = 2%. Portanto, usando a equação da PPC, temos que
∆%E = π − π ∗ = 5% − 2% = 3%.
Questão 06/2019
Avalie como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmativas:
(0) Considere uma economia com regime de câmbio fixo e em recessão. No longo prazo, por
meio do ajuste do nível geral de preços é possível obter a depreciação real da moeda doméstica
necessária para que o produto (corrente) retorne ao seu nível natural.
(2) A paridade do poder de compra, em sua versão relativa, estabelece que a taxa de câmbio
nominal é igual ao diferencial entre a inflação doméstica e a externa.
(3) Uma depreciação real da moeda doméstica leva imediatamente a um aumento das ex-
portações líquidas.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, a autoridade monetária pode usar sua política monetária de modo a
diminuir o nível de preço interno e provocar uma desvalorização da taxa de câmbio real, aumen-
tando o superávit da balança comercial e aumentando o produto da economia.
(2) Falso.
Demonstração. A variação na taxa de câmbio nominal é dada pela diferença entre inflação
doméstica e externa.
(3) Falso.
Demonstração. A Curva J nos diz que a depreciação real da moeda doméstica causa imediata-
mente uma redução das exportações líquidas, para somente depois provocar um aumento.
Questão 06/2022
Considere a existência de apenas um bem homogêneo representativo do comércio inter-
nacional. Suponha que o preço deste bem nos Estados Unidos seja 5 dólares. Assinale como
verdadeiras ou falsas as seguintes assertivas, utilizando os dados da tabela abaixo:
(3) De acordo com a paridade do poder de compra, a moeda do país 3 está 50% depreciada
em termos reais.
(4) O preço do bem no país 2 é 50% mais caro que no país 1.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Denote por εi , i = 1, 2, 3, 4, a taxa de câmbio real do país i. Então, com as
informações do enunciado,
5×5 5 5×2 5
ε1 = = > 1 e ε2 = = <1
15 3 22 11
5 × 72 5 5×4 10
ε3 = = > 1 e ε4 = = > 1.
7 2 18 9
Note que ε2 é a única taxa de câmbio real menor que 1, isto é, 2 é o único país com moeda
valorizada frente ao dólar.
(1) Falso.
Demonstração. Basta compararmos ε3 e ε4 . Pela resposta do item anterior, vemos que ε3 > ε4 .
Portanto, a moeda do país 3 está mais desvalorizada.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pela resposta do item (0), vemos que a taxa de câmbio nominal E para que a
taxa de câmbio real fosse igual a uma unidade deveria ser tal que E 15
5
= 1 ⇔ E = 3.
(3) Falso.
Demonstração. ε3 = 5
2
= 2, 5 = 1 + 1, 5. Portanto, a moeda do país 3 está 150% depreciada
em termos reais.
(4) Falso.
Demonstração. O preço em dólares do produto nos países 1 e 2 são, respectivamente, P1U S$ =
15/5 = 3 e P2U S$ = 22
2
= 11. Mas P2U S$ > 1, 5 × P1U S$ , o que nos mostra que o preço do bem
no país 2 é mais do que 50% mais caro que no país 1.
Questão 10/2022
Assinale como verdadeiras ou falsas as seguintes assertivas:
(0) Para manter a taxa de câmbio real constante, a variação da taxa de juros nominal precisa
igualar a diferença entre a taxa de inflação doméstica e a taxa de inflação externa.
(1) De acordo com a Teoria da Paridade do Poder de Compra, a taxa de inflação doméstica
deverá ser igual a taxa de inflação internacional em um regime de câmbio fixo.
(2) Com o uso de controle de capitais, é possível um governo controlar o câmbio e os juros
simultaneamente.
(3) Pela paridade descoberta da taxa de juros e supondo que não exista risco de crédito, o
investidor terá um retorno mais elevado ao comprar um título que paga uma taxa de juros mais
elevada do que teria se investisse em um título que paga uma taxa de juros menor.
(4) A paridade do poder de compra relativa implica que a taxa de câmbio real é igual a 1.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Para manter a taxa de câmbio real constante, a variação da taxa de câmbio no-
minal precisa igualar a diferença entre a taxa de inflação doméstica e a taxa de inflação externa.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, num regime de câmbio fixo a variação da taxa de câmbio real é nula. E
como esta é dada pela diferença entre a taxa de inflação doméstica e a taxa de inflação externa
(ver item anterior), então um regime de câmbio fixo requer que a taxa de inflação doméstica
seja igual à taxa de inflação externa.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. O controle de capitais quer dizer o controle da inclinação da curva BP. Ao limitar
momentaneamente o fluxo de capitais internacionais, um governo consegue alterar a taxa de
juros sem causar grandes distúrbios no câmbio no curto prazo. Isto é, com controle total de
capitais, ajustes do BP serão resolvidos através apenas do fluxo de bens e serviços, mas não
de capitais por meio de mudanças na taxa de câmbio. Só que o mercado de bens e serviços
se reajusta muito menos rapidamente do que o mercado de capitais. Então, o governo pode
alterar a taxa de juros para “bater" a demanda interna sem se preocupar muito com o câmbio,
se houver controle de capitais, isto é, ter controle (momentâneo) de taxas de juros e taxa de
câmbio.
(3) Falso.
Demonstração. A paridade descoberta da taxa de juros nos diz que o diferencial percentual do
câmbio nominal deve compensar a diferença entre as taxas de juros interna e externa, de modo
que tanto faz investir num título nacional e internacional com mesmas características.
(4) Falso.
Questão 02/2013
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(3) Como as taxas de juros pagas pelos títulos brasileiros são superiores às taxas de juros
pagas pelos títulos americanos, os investidores deveriam ter somente títulos brasileiros em car-
teira para que a paridade descoberta da taxa de juros seja válida.
Solução.
(3) Falso.
Demonstração. A paridade descoberta de juros nada diz sobre a composição de títulos na
carteira dos agentes. A teoria diz apenas que no caso em que a taxa doméstica é maior que
a externa, então a moeda se desvalorizará frente à estrangeira para que a a oportunidade de
investimento em ambos os países comparados seja a mesma em termos de retorno em moeda
local.
Questão 14/2015
Considere que títulos brasileiros paguem uma taxa de juros igual a it ao ano, títulos america-
nos paguem i∗t ao ano e que a taxa de câmbio seja Et (real/dólar). Seja it = 9% a.a.; i∗ = 1% a.a.;
e Et = 2, 00 reais/dólar. Calcule a depreciação esperada da taxa de câmbio nos próximos 12
meses para que a aproximação logarítmica da paridade descoberta da taxa de juros seja válida.
Solução.
Demonstração. Usando a fórmula aproximada para a paridade descoberta de juros e as infor-
mações do enunciado, temos que
e
Et+1 − Et
i − i∗ = ∆%Et+1
e
= e
⇔ Et+1 = 18.
Et
A depreciação esperada da taxa de câmbio nos próximos 12 meses para que a aproximação
logarítmica da paridade descoberta da taxa de juros seja válida é, portanto, de 18 − 02 = 16 em
termos absolutos, e (18 − 02)/02 = 8% em termos percentuais. A questão foi anulada pois o
gabarito oficial considerava a resposta em termos percentuais mas o enunciado não deixa claro
isso.
Questão 06/2021
Assinale como verdadeiras ou falsas as assertivas abaixo:
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. A desvalorização do yuan torna os produtos chineses mais baratos no mercado
internacional, incentivando as exportações chinesas. No entanto, tarifas de importação faz com
que parte destas exportações chinesas fique novamente mais caro, reduzindo os ganhos de
competitividade.
(1) Falso.
Demonstração. Temos que
5×6
ε= = 3/4 < 1.
40
(2) Falso.
Demonstração. Se a condição de Marshall-Lerner é satisfeita, uma apreciação real da moeda
doméstica provoca uma piora da balança comercial do próprio país (no sentido de que a balança
comercial caminha em direção a um déficit).
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Esta é precisamente o que a Curva J estabelece.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, pela paridade descoberta do juros dada por
i − i∗ = (Et+1
e
− Et )/Et
Questão 15/2022
Considere um título de um país emergente cujo rendimento seja de 10% a.a. e um título
equivalente dos EUA cujo rendimento seja de 2% a.a. Suponha ainda que o prêmio de risco
associado ao título do país emergente seja de 2% a.a. e que a taxa de câmbio seja de 5, 00
unidades da moeda do país emergente por dólar. Utilize a paridade descoberta da taxa de juros
para calcular a taxa de câmbio esperada entre os países daqui a um ano. Multiplique por 10
para obter a resposta. Arredonde as casas decimais se for preciso.
Solução.
Demonstração. Primeiramente, note que se o prêmio de risco associado à taxa de juros do país
emergente é de 2%, então a taxa de juros i que temos que considerar do país emergente é de
i = 10% − 2% = 8%. Pela fórmula da paridade descoberta de juros, temos que
1+i e
∗
= 1 + ∆%Et+1 ,
1+i
em que ∆%Et+1
e e
= Et+1 /Et − 1. Então,
e 1, 08
Et+1 = 5.
1, 02
Questão 15/2010
Suponha que uma economia aberta, sob mobilidade perfeita de capitais, seja descrita pelas
funções:
C = 100 + 0, 5Y d
T = 0, 1Y
I = 50 + 0, 15Y − 0, 2r
IM = 0, 1Y
X = 0, 05Y ∗
Solução.
Demonstração. As exportações líquidas são dadas por X −IM = 0, 05Y ∗ −0, 1Y . Assim, para
estudar sua variação, devemos ver o que ocorre com a renda nacional, Y com a variação dos
gastos governamentais. Primeiramente, substituindo as informações do enunciado na nossa
equação de demanda agregada já em equilíbrio (i.e., ela é igual à oferta agregada), temos que
Y = 300 + 2G − 0, 4r + 0, 1Y ∗ .
Questão 13/2019
Considere o seguinte modelo:
A = 50 + cY − 4r;
X = 50;
M = 40 + 0, 2Y ;
s = 0, 2;
(M/P )d = 0, 4Y − 4r;
(M/P )d = 4.
Solução.
Demonstração. Note primeiramente que c+s = 1. Com as informações do enunciado, c = 0, 8.
Ainda, o equilíbrio no mercado de bens é dado por
Y = 50 + 0, 8Y − 4r + 10 − 0, 2Y ⇔ Y = 10(15 − r),
0, 4Y − 4r = 4 ⇔ Y = 10(1 + r).
Questão 14/2018
Considere uma economia aberta, descrita pelas funções consumo (C), investimento (I) e
exportações líquidas (N X):
C = 100 + 0, 6Y ;
I = 50 − 4i;
N X = 10 + 0, 1∗ − 0, 1Y + 10ε.
Solução.
Demonstração. Observe que como os preços internos externos são idênticos e a taxa nomi-
nal de câmbio é 1, então ε = 1. Agora, achemos primeiramente o produto de equilíbrio da
economia:
A poupança total de uma economia é dada pela soma das poupanças privada, do governo e
externa, isto é,
S = Sp + Sg + Sext .
A poupança doméstica, no entanto, é dada apenas pela poupança privada mais a do governo,
isto é Sdoméstica = Sp +Sg = Y −C −G = 700−520−100 = 80. A resposta final, portanto,
é 80.
Questão 03/2019
Considere o Modelo IS-LM-BP para economias pequenas e julgue se são falsas ou verdadeiras
as seguintes afirmativas:
(0) Em uma economia com taxa de câmbio fixa e perfeita mobilidade de capitais, uma polí-
tica monetária contracionista provoca uma redução no estoque de moeda estrangeira em poder
do Banco Central.
(1) Se não há mobilidade de capitais, então a função BP é uma linha vertical no plano (Y, i),
sendo: Y a renda; e i a taxa de juros.
(2) Em uma economia sem mobilidade de capitais, quanto maior o grau de abertura comer-
cial menor será o impacto de políticas fiscais sobre o produto.
(3) Em um regime de câmbio fixo com perfeita mobilidade de capitais, a oferta de moeda é
uma variável endógena.
(4) Em uma economia com taxa de câmbio fixa, quanto maior for a mobilidade de capitais,
maior será o efeito de uma expansão fiscal sobre o produto.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Com regime de câmbio fixo, uma política monetária contracionista aumenta o
juros interno para um nível acima do juros externo, ocasionando um influxo de capital estran-
geiro para a economia de interesse, aumentando as reservas estrangeiras.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Exatamente como vimos no texto.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Quanto maior o grau de abertura comercial, menos restrições sobre as impor-
tações principalmente (lembremos que é comum considerar as importações como a parte en-
dógena da balança comercial, dependente da renda interna, enquanto que as exportações são
exógenas e completamente determinadas pela taxa de câmbio). Assim, neste cenário de uma
economia sem mobilidade de capitais — isto é, com uma curva BP vertical —, uma expansão
fiscal, por exemplo, faz com que o equilíbrio interno esteja na parte de déficit do BP, locus em
que a renda interna é maior do que a exigida para o equilíbrio no BP. Assim, haverá um aumento
abrupto das importações, diminuindo o impacto sobre a renda da política fiscal.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Neste caso, o câmbio é exógeno e, desta forma, o BC perde a capacidade de
realizar política monetária, de modo que a quantidade de moeda ofertada é determinada com
o objetivo de tornar o câmbio fixo.
(4) Falso.
Demonstração. No caso extremo de mobilidade de capitais, em que a curva BP é horizontal e
temos perfeita mobilidade de capitais, uma expansão fiscal faz com que o equilíbrio interno pro-
voque um superávit no balanço de pagamentos. Com uma política de câmbio fixo, a autoridade
monetária deve expandir a base monetária e, dessa forma, aumentar ainda mais o produto de
equilíbrio, potencializando, portanto, os efeitos da política fiscal inicial.
Questão 10/2005
Sobre o modelo de Mundell-Fleming (renda no eixo X e juro no eixo Y ):
(0) Com taxas fixas de câmbio e mobilidade imperfeita de capitais, apenas a política fiscal
será eficaz para influenciar a renda.
(2) Neste modelo, a curva que explicita o equilíbrio externo será horizontal caso haja plena
mobilidade de capitais, e negativamente inclinada caso a mobilidade não seja plena.
(3) Havendo plena mobilidade de capitais, o equilíbrio com taxas fixas de câmbio é encon-
trado na interseção da curva IS com a curva BP, que representa o equilíbrio externo. Neste caso,
a curva LM é redundante.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Vimos no texto que a política monetária é ineficaz sob regime de câmbio fixo,
mesmo no caso de mobilidade imperfeita de capitais, enquanto que a política fiscal tem capa-
cidade de influenciar a renda.
(2) Falso.
Demonstração. De fato, a curva que explicita o equilíbrio externo será horizontal caso haja
plena mobilidade de capitais. No entanto, ela será positivamente inclinada caso a mobilidade seja
imperfeita e inclinada em noventa graus caso a mobilidade de capitais seja nula.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Como o câmbio está fixo, a política monetária tem nenhum efeito sobre a eco-
nomia, já que ela está completamente comprometida com o ajuste do câmbio nominal. Assim,
o equilíbrio da economia será dado pela intersecção entre a curva horizontal BP e a curva IS.
Questão 10/2012
Considere uma economia com perfeita mobilidade de capitais e com taxa de câmbio fixa.
Com base no modelo Mundel-Fleming, classifique como Verdadeiras (V) ou Falsas (F) as afirma-
tivas abaixo:
(0) O efeito expansionista sobre o nível de renda doméstica resultante de uma dada expan-
são fiscal é reforçado por uma expansão monetária.
(1) A taxa de juros doméstica pode ser livremente determinada pelo Banco Central.
(2) Eventuais distúrbios são corrigidos por deslocamentos da curva LM.
(3) Pode-se dizer que há uma trindade impossível. Isto é, não se pode compatibilizar o câm-
bio fixo com perfeita mobilidade de capitais e com a autonomia da política monetária.
(4) A contrapartida das intervenções de câmbio se dá sobre a oferta monetária.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Exatamente como vimos no texto.
(1) Falso.
Demonstração. A taxa de juros doméstica quando há perfeita mobilidade de capital é determi-
nada completamente pela taxa de juros externa.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. No caso de câmbio fixo, a curva LM é quem é responsável por reestabelecer o
equilíbrio da economia.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Na presença de uma destas três características então as outras duas não po-
dem valer.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, como o câmbio é fixo, alterações no câmbio devem ser corrigidas pela
autoridade monetária via curva LM.
Questão 02/2012
Indique quais das afirmativas abaixo são Verdadeiras (V) e quais são Falsas(F):
(3) Quanto maior a mobilidade de capitais, maior a inclinação da curva Balanço de Paga-
mentos(BP). Isso significa que menor é a elevação necessária na taxa de juros para compensar
o déficit no saldo total do BP resultante de uma dada expansão do nível de renda.
(4) A curva BP é dada pelas combinações do nível de renda e da taxa de juros que tornam o
saldo total do balanço de pagamentos nulo. Qualquer ponto abaixo da curva BP representa um
superávit, e qualquer ponto acima um déficit no saldo do balanço de pagamentos.
Solução.
(3) Falso.
Demonstração. Quando maior a mobilidade de capitais, menor a inclinação da curva BP. No
limite, ela será horizontal.
(4) Falso.
Demonstração. A curva BP é dada pelas combinações do nível de renda e da taxa de juros
que tornam o saldo total do balanço de pagamentos nulo. Qualquer ponto abaixo da curva BP
representa um déficit, e qualquer ponto acima um superávit no saldo do balanço de pagamentos.
Questão 03/2014
Com base no modelo IS-LM-BP, classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) O multiplicador de gastos governamentais, em uma economia com taxa de câmbio fixa,
será tanto maior quanto maior for a mobilidade do capital;
(2) Sob câmbio flutuante e mobilidade perfeita de capitais, uma diminuição das tarifas de
importação levaria a uma depreciação da taxa de câmbio e não afetaria o produto no novo
equilíbrio;
(4) Considere que, devido a acordos internacionais de comércio, o governo reduza a tarifa
incidente sobre produtos importados. Com mobilidade perfeita de capitais e sob o regime de
câmbio fixo, tanto o produto como os juros permaneceriam constantes no novo equilíbrio.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Quando não há mobilidade de capital, a curva BP é vertical. Um aumento dos
gastos públicos, por exemplo, desloca a IS para cima e para a direita, levando a economia a
uma posição de déficit no balanço de pagamentos via redução das exportações líquidas. Como
efeito, haverá uma maior demanda de moeda estrangeira, o que faz com que a autoridade mo-
netária, sob regime de câmbio fixo, aumente a oferta de divisas no mercado, diminuindo a pro-
porção de moeda doméstica em relação à estrangeira e, portanto, deslocando a curva IS para
cima e para a esquerda até que o nível de renda volte ao nível inicial. Já no caso em que há
perfeita mobilidade de capital, um aumento dos gastos públicos provoca um superávit no BP,
aumentando a demanda por moeda nacional e forçando o banco central a aumentar a oferta
monetária e deslocar a curva LM para baixo e para a direita, potencializando o efeito do au-
mento do produto via gasto público. Como analisamos os dois casos extremos e vimos que a
situação com mobilidade imperfeita de capital não causa aumento no produto, enquanto que o
caso com mobilidade perfeita causa um aumento no produto, então podemos dizer que o mul-
tiplicador de gastos governamentais em uma economia de câmbio fixo será tanto maior quanto
maior for a mobilidade de capital.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. A diminuição das tarifas de importação causaria um déficit nas transações cor-
rentes e consequentemente no BP, diminuindo a taxa de juros doméstica frente à estrangeira,
isto é, r < r∗ . Como consequência, ocorrerá uma fuga de divisas estrangeiras, desvalorizando
a moeda nacional e, assim, aumentando as exportações e novamente fazendo o saldo do BP
nulo no novo equilíbrio. A taxa de juros e produto do novo equilíbrio serão iguais aos iniciais.
(4) Falso.
Demonstração. Com a redução da tarifa incidente sobre produtos importados, haverá um des-
locamento da curva IS para a esquerda e para baixo, diminuindo, num primeiro momento, a taxa
de juros doméstica frente à internacional e também o produto de equilíbrio. Como o governo
está praticando um regime de câmbio fixo, haverá uma contração monetária para que a taxa
de juros interna volte ao nível equivalente à internacional. O final deste movimento terá como
resultado evidente uma diminuição do produto nacional.
Questão 04/2017
Avalie as assertivas abaixo considerando o modelo de Mundell-Fleming com os seguintes
pressupostos: i) economia aberta de pequeno porte; e ii) perfeita mobilidade do capital:
(0) Se taxas de câmbio são flutuantes, uma política comercial protecionista deixa inalterado
o valor das exportações líquidas, embora o volume de comércio diminua.
(1) Caso as taxas de câmbio sejam flutuantes, uma política fiscal contracionista diminui
as exportações líquidas e deixa o produto inalterado, e uma política monetária expansionista
diminui as exportações líquidas e o produto.
(2) Se taxas de câmbio são fixas, uma expansão fiscal aumenta o produto.
(3) Se taxas de câmbio são fixas, a política monetária se torna mais eficaz.
(4) Se taxas de câmbio são fixas, aumentar o produto e melhorar a balança comercial são
incentivos para uma desvalorização da moeda doméstica.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Uma política comercial protecionista pode ser encarada como uma imposição
de uma taxa sobre os produtos importados, causando uma diminuição destes e, então, um su-
perávit no BP. Como agora r > r∗ , haverá um aumento no investimento estrangeiro, causando
uma valorização da moeda nacional. Como efeito, haverá uma diminuição das exportações,
de modo que o nível anterior de produto e das exportações líquidas é reestabelecido, reesta-
belecendo também o equilíbrio no BP. O valor do comércio de fato diminuiu pois houve um
decréscimo tanto das exportações quanto das importações.
(1) Falso.
Demonstração. Vimos que sob câmbio flutuante uma política monetária expansionista acaba
por aumentar as exportações líquidas e o produto de equilíbrio.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme vimos no texto.
(3) Falso.
Demonstração. Câmbio fixo sempre compromete a política monetária, não a torna mais eficaz.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Uma desvalorização da moeda doméstica não altera a curva BP. E com a des-
valorização, haverá um aumento das exportações e um aumento do produto, causando um
superávit no BP. Sob regime de câmbio fixo, o governo aumenta a oferta monetária para rees-
tabelecer o equilíbrio, aumentando ainda mais o produto no novo equilíbrio.
Questão 03/2018
Considerando o Modelo de Mundell-Fleming com mobilidade perfeita de capitais para uma
pequena economia aberta, classifique as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas
(F):
(0) A política fiscal tem efeito maior sobre o produto sob taxas de câmbio fixas do que sob
taxas de câmbio flexíveis. Isso porque a política fiscal desencadeia uma acomodação monetária.
(1) Uma expansão fiscal tende a aumentar as exportações.
(2) Sob taxas de câmbio fixas, o estoque de moeda deve ser constante.
(3) Sob taxas de câmbio flexíveis, uma política monetária contracionista leva a uma dimi-
nuição do produto, um aumento da taxa de juros e uma apreciação cambial.
(4) Sob taxas de câmbio fixas, o Banco Central não pode mais utilizar a política monetária
como um instrumento de política econômica, dado que o país deverá manter a taxa de juros
doméstica igual à taxa de juros externa.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Como vimos no texto.
(1) Falso.
Demonstração. Se o câmbio é flutuante, um aumento nos gastos do governo faz com que haja
um superávit no balanço de pagamentos (BP). Com uma taxa de juros interna maior do que a
externa, haverá uma maior demanda pela moeda nacional, valorizando-a. Deste modo, haverá
uma diminuição das exportações, retraindo o produto novamente.
(2) Falso.
Demonstração. Sob regime de câmbio fixo, a política monetária é comprometida para tal ob-
jetivo. Assim, o estoque de moeda deve alterar-se sempre que a taxa de câmbio está fora da
meta.
(3) Falso.
Demonstração. De fato, haverá um aumento no produto e uma apreciação cambial. No en-
tanto, a taxa de juros deve se manter constante, já que estamos sob perfeita mobilidade de
capital.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, o regime de câmbio fixo compromete a política monetária. Ainda, sob
perfeita mobilidade de capitais, o câmbio deve ficar no nível da taxa de juros externa.
Questão 11/2021
Avalie as assertivas abaixo com base no modelo IS-LM-BP:
(2) Com mobilidade perfeita de capitais e câmbio fixo o Banco Central deixa de ter a política
monetária como instrumento de política econômica.
(3) Abertura econômica tende a aumentar o multiplicador dos gastos do governo sobre o
produto da economia.
Solução.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Conforme vimos no texto.
(3) Falso.
Demonstração. A abertura econômica tende a diminuir o multiplicador dos gastos do governo
sobre o produto da economia. Isso ocorre porque parte do produto gerado pela expansão fiscal,
por exemplo, “vaza" para o exterior.
Questão 11/2022
Considerando os Modelos IS-LM-BP e Mundell-Fleming, assinale como verdadeiras ou falsas
as assertivas a seguir:
(1) Sob câmbio flutuante e mobilidade de capitais, ainda que imperfeita, uma política pro-
tecionista de tarifas à importação não terá efeitos sobre o produto de equilíbrio
(2) Uma política fiscal expansionista sob um regime de câmbio fixo com perfeita mobilidade
de capitais eleva o produto, mas gera um efeito deslocamento (crowding-out).
(3) Uma contração monetária sob um regime de câmbio flutuante e mobilidade perfeita de
capitais resultará em uma apreciação do câmbio e uma queda do produto.
(4) Uma política fiscal expansionista sob um regime de câmbio flutuante em uma econo-
mia com pouca mobilidade de capitais resultará em uma depreciação da taxa de câmbio e um
aumento do produto se a curva BP for mais inclinada que a curva LM.
Solução.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A política protecionista fará com que num primeiro momento a curva IS se
desloque para cima e para a direita, enquanto que a BP se desloque para baixo e para a direita.
Como a LM não muda, estes dois movimentos fará com que o equilíbrio interno fique sempre
na região de superávit com relação à nova curva BP. Assim, o câmbio se valorizará, forçando
novamente um movimento de deslocamento da curva IS para esquerda e para baixo e da curva
BP para cima e para a esquerda, até que o equilíbrio interno e externo, que somente pode ser
no ponto inicial, seja reestabelecido. Ou seja, o produto de equilíbrio, no final destes ajustes,
não será alterado. Note que esta análise serve tanto para o caso com mobilidade imperfeita ou
perfeita de capital. Neste último, a curva BP não se alterará nunca, e o ponto inicial também
será o equilíbrio final da economia.
(2) Falso.
Demonstração. Vimos no texto que a política fiscal expansionista eleva o produto. No entanto,
não ocorre o efeito deslocamento (crowding-out), caracterizado pela maior parcela do gasto pú-
blico em detrimento da diminuição de outro componente da demanda agregada. Note que num
primeiro momento, o gasto público aumenta o produto. Com câmbio fixo, o governo aumenta
a expansão monetária e reestabelece o câmbio ao nível inicial, assim como mantém a taxa de
juros ao nível internacional. Ou seja, não há alteração da balança comercial, de modo que o
produto apenas elevou-se com a expansão fiscal.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Contração monetária leva a um deslocamento da curva LM para cima e para a
esquerda, causando um superávit no BP e apreciando o câmbio. Como consequência, haverá
uma queda nas exportações deslocando a curva IS para baixo e para a esquerda, diminuindo,
ao final, o produto nacional.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Uma política fiscal expansionista sob um regime de câmbio flutuante em uma
economia em que a curva BP é mais inclinada que a LM fará com que o equilíbrio interno num
primeiro momento cause um déficit no balanço comercial, pressionando uma desvalorização
cambial. Então, isso fará com que as exportações líquidas melhore e pressione a curva IS para
mais um incremento da renda.
Questão 02/2007
Considerando o modelo IS-LM-BP, julgue as afirmativas:
(0) A política fiscal no modelo Mundell-Fleming não exerce influência sobre a renda agregada
quando a taxa de câmbio é flutuante.
(1) Em regime de câmbio fixo, a política monetária no modelo Mundell-Fleming, mantido
constante o crédito interno líquido, é incapaz de alterar a demanda agregada.
(2) Em uma economia sem mobilidade de capitais e com regime de câmbio fixo, uma política
fiscal expansionista é capaz de afetar o nível de renda.
(3) Em uma economia com imperfeita mobilidade de capitais e regime de câmbio fixo, po-
lítica monetária expansionista somente terá efeito sobre o produto se a inclinação da curva BP
for maior que a da curva LM.
(4) Em uma economia sem mobilidade de capitais e regime de câmbio flutuante, uma polí-
tica fiscal expansionista levará ao aparecimento de um déficit temporário no balanço de paga-
mentos.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. O modelo de Mundell-Fleming refere-se ao caso de uma economia de pequeno
porte frente ao resto do mundo. Isso ocorre quando existe mobilidade perfeita de capitais e
a taxa de juros interna equivale à taxa de juros externa, para qualquer nível de renda, r = r∗ .
Como vimos no texto, uma expansão fiscal, por exemplo, provoca o deslocamento da curva IS
para cima, ocasionando num primeiro momento o aumento da taxa de juros interna. Isso vai
atrair rapidamente um movimento de capitais em direção ao país, aumentando a demanda por
moeda doméstica e valorizando o câmbio. Isso causará uma piora nas exportações líquidas,
fazendo o produto decrescer até o nível inicial. Portanto, de fato a política fiscal não influencia
a renda agregada. O caso de uma contração fiscal tem raciocínio semelhante.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. A política monetária é sempre ineficaz em regimes de câmbio fixo.
(2) Falso.
Demonstração. A política monetária é sempre ineficaz em regimes de câmbio fixo.
(3) Falso.
Demonstração. A política monetária é sempre ineficaz em regimes de câmbio fixo, mesmo no
caso de uma economia com imperfeita mobilidade de capitais.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Com uma política fiscal expansionista, a curva IS é deslocada para cima, aumen-
tando o produto de equilíbrio e causando um déficit nas transações correntes com o aumento
das importações. Com o aumento da demanda por moeda estrangeira haverá uma desvaloriza-
ção da moeda doméstica, melhorando novamente o resultado do balanço de pagamentos.
Questão 10/2020
Com base no Modelo IS-LM-BP, avalie as seguintes afirmativas como verdadeiras ou falsas:
(0) Uma política monetária expansionista, sob câmbio fixo e mobilidade perfeita de capi-
tais, levará a um deslocamento conjunto da IS e da LM, elevando o nível de produto no novo
equilíbrio.
(1) Quando a BP é horizontal e o câmbio flutuante, um aumento nos juros externos provo-
cará recessão.
(2) Sob câmbio fixo e perfeita mobilidade de capitais, bastaria uma política fiscal expansio-
nista para tirar a economia da recessão.
(3) O crescimento econômico global não afeta o produto de equilíbrio de uma economia
doméstica sem mobilidade de capitais e com câmbio flutuante.
(4) Uma política fiscal expansionista levará uma economia, sem mobilidade de capitais e
com regime de câmbio flutuante, a ter um déficit temporário no balanço de pagamentos e um
aumento permanente no produto.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Se o câmbio é fixo, a política monetária não tem efeito.
(1) Falso
Demonstração. O aumento do juros externos fará com que haja uma saída de capital estran-
geiro, desvalorizando o a moeda nacional e melhorando a situação da balança comercial e, as-
sim, o produto.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Se o câmbio é fixo, a política fiscal expansionista forçará a autoridade monetária
a aumentar a oferta monetária, visto a chegada de capital estrangeiro no país em decorrência da
maior taxa de juros. Assim, o produto de equilíbrio de fato aumentará e poderá tirar a economia
de uma recessão.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. O crescimento econômico global aumentará a renda externa e, assim, a de-
manda por produtos nacionais. Isso tem como consequência o aumento das exportações, me-
lhorando a balança comercial e deslocando para fora tanto a curva IS como a BP. No entanto,
o efeito sobre o BP será mais do que proporcional com relação ao efeito na IS, de modo que ha-
verá uma pressão para apreciação cambial e, desta forma, novos deslocamentos da IS e BP em
direção à posição original de equilíbrio, não afetando o produto nacional.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. A política fiscal expansionista fará com que o equilíbrio interno cause um déficit
no balanço de pagamentos, visto que a renda de equilíbrio interno será maior do que aquela re-
querida para o equilíbrio no BP. Assim, haverá uma desvalorização cambial, de modo que a curva
IS uma vez mais deslocar-se-á para cima e para a direita, aumentando novamente o produto do
equilíbrio interno. A curva BP, vertical no caso considerado aqui, acabará tendo que deslocar-se
para a direita, de modo que o novo equilíbrio da economia estará num nível de produto maior.2
2
Os itens (3) e (4) evidenciam uma importante análise: em geral, o deslocamento inicial da IS quando o câmbio
se altera é menor do que o deslocamento da BP. Assim, o choque fiscal inicial que pressiona pela desvalorização
da moeda doméstica levará deslocamento de ambas as curvas mas a BP desloca mais do que a IS, atingindo um
novo equilíbrio. Para ajudar a entender o porquê deste fenômeno, imagine que a BP desloque menos do que
a IS. A primeira rodada de deslocamento de IS e BP deixaria a economia em situação de maior déficit no BP do
que o choque fiscal causou. A partir de então, há um pressão maior ainda de depreciação cambial. Só que de
novo a IS deslocará mais do que a BP. E haverá pressão maior ainda por mais uma rodada de depreciação cambial.
Como o câmbio é flutuante, há uma nova depreciação. E daí, mais um vez, a IS desloca mais do que a BP. . . No
cenário descrito acima, não há equilíbrio. Esse caso, então, não pode acontecer. No caso do item (3), o problema é
diferente: o choque inicial vem do setor externo, deslocando inicialmente tanto IS quanto BP. Só que a BP desloca
mais do que a IS logo de partida, e daí haverá apreciação da moeda doméstica.
1
Capítulo baseado no capítulo 9 de FEA-USP (2008).
191
192 10.2. MODELO DE FISHER PARA CONSUMO
Podemos observar por esta igualdade que a propensão marginal a consumir é dada por
∂C
= c1 ,
∂Y d
C c0
d
= d + c1 .
Y Y
Isso significa que famílias de renda mais alta tendem a poupar mais do que as de baixa renda.
Com o desenvolvimento das técnicas econométricas, não tardaram a aparecer trabalhos
empíricos objetivando testar a função consumo keynesiana. Um dos estudos mais importantes
deve-se ao economista Simon Kuznets que, com base em uma série temporal para o período de
1869 a 1938, verificou uma proporcionalidade entre a renda e consumo, rejeitando a hipótese
da propensão média a consumir ser decrescente em relação à renda. Essa evidência sugeria
que, no longo prazo, a função consumo se comportaria diferentemente da análise keynesiana.
Os resultados dos trabalhos empíricos motivaram uma série de novas explicações para o com-
portamento do consumo. Grande parte dessas explicações derivaram da contribuição de Irving
Fisher nos anos 30, acerca da escolha intertemporal, que leva em conta os interesses presentes
e futuros nas decisões de consumo.
Frequentemente, as pessoas tomam decisões sobre quanto de sua renda elas devem consu-
mir ao longo do tempo e quanto elas devem poupar para o futuro. A este problema de decisão
damos o nome de escolha intertemporal e, sob este contexto, tendo em mente as preferências de
consumo dos indivíduos, os economistas estão interessados em determinar qual a distribuição
ótima de consumo no tempo para um agente representativo através de um modelo matemático.
Suponha, primeiramente, a existência de uma economia com apenas dois períodos, t1 e t2 ,
e um consumidor que recebe uma dotação m1 para gastar em t1 e m2 para gastar em t2 . O
agente representativo deve decidir a quantidade a ser consumida em t1 e, assim, a quantidade
de recursos poupada (ou não) para ser consumida em t2 . Representa-se a distribuição de con-
sumo no tempo pelo par ordenado (c1 , c2 ). Na ausência de um mercado de crédito, claramente
c2 = m2 + (m1 − c1 )
c2 = m2 + (1 + r)(m1 − c1 ) (10.1)
c2 m2
c1 + = m1 + ,
1+r 1+r
que representa a mesma restrição orçamentária mas a preços do primeiro período (isto é, em
termos de valor presente). Poderíamos, ainda, multiplicar ambos os lados desta equação por
(1 + r) de modo a obter a restrição orçamentária em termos de valor futuro.
Uma vez derivada a restrição orçamentária, as preferências de consumo ao longo do tempo
é representada por uma função utilidade. Como sempre, estaremos interessados no caso em
que esta função é bem-comportada, no sentido de apresentar sobretudo a propriedade de con-
vexidade. Assim, o consumidor sempre preferirá uma quantidade “média" de consumo em cada
período a ter muito consumo em um só período e muito pouco no outro. Adotaremos uma
função logarítmica:
u(c) = ln(c)
Consideraremos que o indivíduo estará interessado em escolher (c1 , c2 ) de tal modo a ma-
ximizar a sua função utilidade. Se U (c1 , c2 ) ≡ u(c1 ) + βu(c2 ), em que β representa o fator de
desconto intertemporal e u(·) denota a função de utilidade instantânea, então o problema do
Questão 12/2005
(1) Ainda de acordo com a teoria acima citada, é correto afirmar que um aumento da expec-
tativa de vida levará a uma elevação da propensão a poupar.
(2) Restrições e imperfeições no mercado de crédito corroboram os argumentos da teoria
do Ciclo de Vida.
(3) Segundo a teoria Keynesiana, o consumo é uma função da renda corrente e a propensão
marginal a consumir é menor que a unidade.
(4) Se os mercados de crédito funcionam bem, vale o dito “financie um choque temporário
e ajuste-se a um choque permanente".
Solução.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, se a expectativa de vida aumenta, a teoria citada nos diz que o agente
irá poupar mais para melhor estabilizar seu consumo no período da aposentadoria.
(2) Falso.
Demonstração. A hipótese de mercado de crédito perfeito é extremamente importante para
que a teoria do Ciclo de Vida valha.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, os agentes poupam nos momentos bons para despoupar em maus
momentos.
Questão 08/2011
Julgue as seguintes afirmativas:
(0) De acordo com a função consumo Keynesiana, a propensão marginal a consumir é cons-
tante, enquanto que a propensão média a consumir cai à medida que a renda aumenta.
(1) De acordo com o modelo de escolha intertemporal de consumo em dois períodos, se o
consumidor é poupador, então um aumento da taxa de juros necessariamente leva ao aumento
do nível de poupança.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Visto no texto.
(1) Falso.
Demonstração. Isso não ocorre necessariamente. Com o aumento do juros, podemos afir-
mar que o consumidor com preferências bem-comportadas continuará poupador; no entanto,
o efeito renda pode superar o efeito substituição e, assim, o consumidor escolher diminuir a
poupança em detrimento de um maior consumo no primeiro período.
Questão 10/2019
Um indivíduo vive por dois períodos e possui renda real de Y1 no primeiro período e de Y2 no
segundo período. Além disso, ele pode emprestar/tomar emprestado livremente à taxa de juros
real r. As preferências do indivíduo são dadas por: U = ln C1 + β ln C2 , em que β > 0 e C1 e
C2 representam o consumo real em t = 1 e t = 2, respectivamente. A poupança entre os dois
períodos é definida pela diferença entre a renda e o consumo em t = 1, ou seja, S = Y1 − C1 .
De acordo com estas informações, julgue as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou
falsas (F):
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Vimos no texto que mudanças na taxa de juros faz com que o consumidor altere
suas decisões de consumo no período 1, o que alteraria a poupança definida por S = Y1 − C1 .
(1) Verdadeiro.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Pode-se ver pela fórmula de c∗1 em (10.2) que de fato é o que ocorre.
(3) Falso.
Demonstração. Pela fórmula de c∗1 em (10.2), com m1 = Y1 e m2 = Y2 , temos que um aumento
de uma unidade em m1 e uma diminuição de uma unidade em m2 provocará uma alteração em
c∗1 de
∗ 1 1
∆c1 = 1− ̸= 0.
1+β 1+r
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Pelas fórmulas em (10.2) fica claro.
Questão 07/2022
Uma economia é formada por dois indivíduos (A e B) que vivem por dois períodos (t = 1, 2).
Ambos podem emprestar e tomar emprestado livremente à taxa de juros real r, e possuem a
mesma função utilidade U = ln(Cj,1 ) + 0, 4 ln(Cj,2 ), na qual: Cj,1 e Cj,2 são, respectivamente,
os níveis de consumo real do indivíduo j = A, B nos períodos 1 e 2. A taxa de juros real de
equilíbrio é aquela que faz com que a soma da poupança dos indivíduos A e B seja zero. Assuma
também: que o indivíduo A tem renda real YA,1 = 140 (no período 1) e YA,2 = 0 (no período
2); e o indivíduo B tem renda real YB,1 = 0 (no período 1) e YB,2 = 70 (no período 2). Calcule
a taxa de juros real de equilíbrio (resposta em % a.a.).
Solução.
Demonstração. Devemos resolver primeiro o problema para qualquer consumidor j ∈ {A, B},
formulado por
Cj,2 yj,2
max {ln cj,1 + 0, 4 ln Cj,2 } s. a. Cj,1 + = yj,1 + .
Cj,1 ,Cj,2 1+r 1+r
2
Cj,2 = (1 + r)Cj,1 .
5
CA,2
CA,1 + = 140.
1+r
2
CA,1 + CA,1 = 140 ⇔ CA,1 = 100.
5
Como a poupança do indivíduo A é dada por SA = YA,1 − C1, A, então SA = 140 − 100 = 40.
Aplicando o mesmo raciocínio para o indivíduo B, podemos ver que
2
CB,1 + CB,1 = 70/(1 + r) ⇔ CB,1 = 50/(1 + r),
5
50
SA + SB = 40 − ∗
= 0 ⇔ r∗ = 25%.
1+r
Questão 09/2014
Classifique as afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):
(0) A teoria da Renda Permanente implica que a propensão a consumir da renda permanente
é mais baixa que a propensão a consumir da renda transitória;
(2) Para a teoria da Renda Permanente os consumidores maximizam sua utilidade, ao man-
ter um padrão estável de consumo, e, portanto, não ajustam (integralmente) seus gastos em
consumo, quando ocorrem alterações consideradas transitórias na renda;
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Os agentes poupam nos bons momentos para despoupar em maus momentos.
A propensão marginal a consumir da renda permanente é maior do que a propensão a consumir
da renda transitória.
(2) Verdadeiro.
Questão 15/2013
Classifique as afirmativas abaixo como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
(0) Em uma recessão, devido ao papel das expectativas sobre o consumo, os consumidores
geralmente reduzem seus níveis de consumo em menos do que a queda da renda corrente.
(4) A hipótese da renda permanente enfatiza que os consumidores experimentam variações
transitórias e permanentes em suas rendas. Como os consumidores podem poupar e emprestar
e querem manter seu consumo estável, o consumo reage mais à renda permanente do que à
renda transitória.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Os agentes em momentos de recessão acabam por despoupar e, assim, isso
permite que a redução no consumo se dê num nível menor do que a queda da renda corrente.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Exatamente como visto no texto.
Questão 13/2006
A respeito dos determinantes do consumo, avalie as informações:
(0) De acordo com a hipótese da renda permanente, uma valorização generalizada – e en-
tendida como permanente – das ações na bolsa de valores afetará positivamente o consumo.
(1) Tanto a teoria do ciclo de vida quanto a hipótese da renda permanente consideram que
o consumo está diretamente relacionado a uma medida de renda de longo-prazo.
(2) De acordo com a hipótese da renda permanente, a propensão marginal a consumir a
partir da renda transitória é maior que a propensão marginal a consumir a partir da renda per-
manente.
(3) Se a teoria do ciclo de vida for correta, deve-se esperar que a razão entre consumo e
poupança acumulada decresça ao longo do tempo até o momento da aposentadoria do consu-
midor.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Alterações na renda permanente afetam o consumo.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Como visto no texto.
(2) Falso.
Demonstração. De acordo com a hipótese da renda permanente, a renda permanente é que
afeta o consumo de modo mais consistente.
(3) Verdadeiro.
Demonstração. A teoria do ciclo de vida assume que o consumidor ao longo de sua vida acu-
mula poupança para o período da aposentadoria, enquanto que o consumo é relativamente
estável ao longo do tempo. Assim, a razão entre consumo e poupança deve diminuir até o
momento da aposentatoria do consumidor.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. De fato, se o agente não possui acesso a crédito, terá que ajustar choques de
renda via consumo.
Questão 06/2016
(0) A Teoria da Renda Permanente e a Teoria do Ciclo de Vida consideram que o consumo
está diretamente relacionado a uma medida de renda de longo prazo;
(1) Segundo a Teoria da Renda Permanente, se os indivíduos esperam uma redução perma-
nente da renda, elas irão reduzir sua poupança corrente;
(2) Segundo a Teoria do Ciclo de Vida, um aumento da expectativa de vida leva à redução
da propensão a poupar dos indivíduos;
(4) Segundo a Teoria da Renda Permanente, se um indivíduo não tem acesso a crédito e sua
renda corrente é (exatamente) suficiente para pagar apenas seus gastos correntes, o aumento
de impostos, ainda que transitório, afetará suas decisões de consumo.
Solução.
(0) Verdadeiro.
Demonstração. Essa é a inovação fundamental destas teorias.
(1) Falso.
Demonstração. Se há uma redução permanente da renda, o consumo, que é constante no
tempo, irá diminuir ao longo da vida. Isso quer dizer que o consumidor passará a poupar mais
para suavizar este consumo de modo equânime durante a sua vida.
(2) Falso.
Demonstração. É exatamente o contrário. Maior tempo de vida faz com que o indivíduo queira
poupar mais para suavizar o consumo ao longo do tempo.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Na ausência de mercado perfeito de crédito alterações na renda transitória de
fato alteram as decisões de consumo.
Questão 07/2021
Com base nas teorias do consumo e do investimento, assinale como verdadeiras ou falsas
as assertivas abaixo:
(0) A Teoria da Renda Permanente ressalta que o horizonte de planejamento dos consumi-
dores é sua vida inteira e a Teoria do Ciclo da Vida enfatiza que os consumidores olham além
da renda corrente.
(1) De acordo com a Teoria da Renda Permanente e a Teoria do Ciclo da Vida, as decisões
de consumo dependem não apenas da renda corrente do indivíduo, mas também de sua renda
futura esperada e de sua riqueza financeira.
(2) Segundo a Teoria da Renda Permanente, o consumo não responde às variações da renda
se elas forem transitórias.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. É exatamente o contrário. A Teoria do ciclo de vida ressalta que o horizonte de
planejamento dos consumidores é sua vida inteira e a Teoria da renda permanente enfatiza que
os consumidores olham além da renda corrente.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Exatamente como visto no texto.
(2) Falso.
Demonstração. O consumo não responde de forma muito significativa às variações na renda
transitória, mas responde em alguma medida.
Crescimento econômico
y = f (k), (11.1)
i = sy = sf (k), (11.2)
sendo a última igualdade acima uma implicação de (11.1). Note, por esta equação, a relação
205
206 11.1. ACUMULAÇÃO DE CAPITAL E CRESCIMENTO POPULACIONAL
que surge entre o estoque de capital existente, k, e a acumulação de novo capital, i. Como
ressalta Mankiw (2015), “Para qualquer estoque específico de capital, a função de produção
determina a quantidade de produção gerada pela economia, e a taxa de poupança determina
a distribuição dessa produção entre consumo e investimento."A figura 11.1 mostra a relação
entre a produção e sua alocação entre consumo e investimento.
Por fim, podemos considerar a depreciação do capital como uma função linear da taxa de
depreciação, isto é, δk. Assim, segue naturalmente que
consumo. Sendo assim, um caso trivial que comprova a nossa afirmação é pensar o que ocorre
quando todas as pessoas poupam 100% de suas rendas, isto é, s = 1. Claramente, neste caso,
o consumo é nulo, o que não melhora o bem-estar dos agentes. Assim, embora a análise an-
terior sobre crescimento econômico possa ter passado a impressão de que quanto maior nível
de poupança melhor a situação das pessoas desta economia, isto não é verdade. Estaremos in-
teressados nesta seção em determinar um nível ótimo de poupança para uma dada economia,
isto é, um nível que maximiza o consumo dos agentes. O estado estacionário do capital, k ∗ , de-
corrente desta taxa de poupança ótima da economia será chamado de nível de capital da regra
de ouro. É importante ficar claro que estamos interessados em determinar um nível específico
de capital estacionário, dentre todos os outros equilíbrios possíveis, que maximiza o consumo
dos agentes.
c∗ = f (k ∗ ) − δk ∗ . (11.4)
f ′ (k ∗ ) ≡ P M gk = δ,
Note que, agora, o investimento deve compensar tanto o efeito da depreciação do capi-
tal ao longo do tempo quanto o efeito do crescimento populacional. Observe também que
as equações (11.3) e (11.5) são muito parecidas matematicamente. O que muda é apenas a
“força" atuando para diminuir o capital: a constante era δ e passou a ser δ + n, isto é, houve
um aumento.
Portanto, a análise da regra de ouro do estado estacionário com crescimento populacional
é quase a mesma que anteriormente, isto é, o consumo é maximizado quando
P M gK = δ + n.
11.2 Tecnologia
Y = F (K, L × E),
em que E é a eficiência da mão de obra, que tem como propósito incorporar o conhecimento, as
habilidades e técnicas de produção da sociedade. Note que esta variável faz com que a produção
possa aumentar, agora, pela maior eficiência dos trabalhadores, mesmo mantendo o número
de trabalhadores fixo. O Modelo de Solow considera que a eficiência da mão de obra aumenta
a uma taxa constante g, assim como o crescimento da força de trabalho cresce a uma taxa n.
Então, o crescimento da variável L × E cresce a uma taxa n + g.
Ao considerar a função de produção como uma relação do capital e da variável L × E, pode-
mos fazer exatamente a mesma análise anterior (e a mesma álgebra) para o estado estacionário
da economia com o progresso tecnológico incorporado ao modelo, isto é, a introdução deste
novo componente insere-se da mesma maneira como incorporamos o crescimento populacio-
nal para a função de produção sem o fator de eficiência da mão de obra. Matematicamente, a
variação de capital é dada por
0 = ∆k = sf (k) − (δ + n + g)k.
Observe que toda a análise desenvolvida até aqui explicou como as economias acumulam
capital. De fato, até chegar ao estado estacionário, a economia pode passar por um crescimento
do produto. No entanto, uma vez chegado ao seu estado estacionário, a economia tende a per-
manecer neste. Como, então, explicar o persistente aumento no padrão de vida de países ricos?
Para o modelo de Solow, somente o progresso tecnológico pode promover este crescimento contínuo.
De fato, basta olharmos para o modelo desenvolvido acima, e considerar uma economia já em
seu estado estacionário, para constatar que:
• O capital por trabalhador efetivo k = K/(L × E) tem taxa de crescimento nula (lembre-
se, no estado estacionário!) e, assim, a produção por trabalhador efetivo y = Y /(L ×
E) = f (k) também não varia;
• A produção total, Y = y×(L×E) cresce à soma das taxas dos crescimentos da eficiência
tecnológica e da população, isto é, n + g.
Questão 08/2005
No modelo crescimento econômico de Solow:
(0) Uma elevação da taxa de poupança afeta o crescimento da renda per capita de longo
prazo.
(1) Uma elevação da taxa de poupança afeta a renda per capita de longo prazo.
(2) A taxa de poupança é exógena.
(4) Partindo-se do estado estacionário, um aumento da taxa de crescimento populacional
leva, no curto prazo, a um crescimento negativo do PIB per capita.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. O modelo de Solow prevê apenas que a elevação da taxa de poupança afeta a
renda per capta de longo prazo, não a taxa de crescimento desta variável.
(1) Verdadeiro.
Demonstração. Ver resposta item anterior.
(2) Verdadeiro.
Demonstração. Essa é uma hipótese do modelo de Solow.
(4) Verdadeiro.
Demonstração. Com tudo o mais constante, um crescimento populacional fará com que o
capital per capta de equilíbrio diminua, levando a uma diminuição também do PIB per capta de
equilíbrio.
Questão 08/2008
Julgue as afirmativas:
(0) De acordo com o modelo de Solow, quanto maior for o estoque de capital por trabalha-
dor, k ∗ , no estado estacionário, maior será o nível de consumo no longo prazo.
(1) Como previsto pelo modelo de Solow, os dados entre países mostram que há correlação
positiva entre a taxa de poupança e a taxa de crescimento do produto no longo prazo.
Solução.
(0) Falso.
Demonstração. Basta analisarmos o caso limite em que a taxa de poupança da economia é 1.
Neste caso, teremos o maior capital per capta possível no estado estacionário; no entanto, o
consumo é nulo, já que toda a renda é poupada.
(1) Falso.
Demonstração. O modelo de Solow prevê que a poupança possui relação com o nível de pro-
duto per capta de longo prazo mas não com a taxa de crescimento do produto no longo prazo.
Questão 14/2013
Considere o modelo de crescimento de Solow, com função de produção dada por Y =
K 1/2 L1/2 , sendo Y = produto, K = estoque de capital, L = número de trabalhadores. Nessa
economia não há crescimento populacional nem progresso tecnológico. A taxa de poupança é
de 40% e a taxa de depreciação do estoque de capital é de 20%. Calcule o estoque de capital
por trabalhador no estado estacionário.
Solução.
Demonstração. Temos que y = k 1/2 , em que k = K/L. Como em equilíbrio i = sy, então
∆k = i − δk = sy − δk = 0, 4k 1/2 − 0, 2k = 0 ⇔ k = 4.
J. R. Hicks. Mr. keynes and the classics: A suggested interpretation. Econometrica, vol. 5, No.
2:147–159, 1937.
213