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COMO CRIAR

monstros
destaque sua história criando personagens para
literatura - GAme - RPG - Quadrinhos

  •PROF. DR. ALEXANDER MEIRELES DA SILVA•


Sumário
ONDE HÁ HUMANI DADE, HÁ MONSTROS - - - - - 02
A GÊNESE DOS MONSTROS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 03
O MONSTRO DE SETE CABEÇAS - - - - - - - - - - - - - - - - 04
1. O CORPO DO MONSTRO É UM CORPO
CULTURAL - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 05
2. O MONSTRO SEMPRE ESCAPA - - - - - - - - - - - - - - - 07
3. O MONSTRO É O ARAUTO DA CRI SE DAS
CATEGORI AS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 09
4. O MONSTRO MORA NOS PORTÕES DA
DI FERENÇA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 1
5. O  MONSTRO POLI CI A AS FRONTEI RAS DO
POSSÍ VEL - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 3
6. O MEDO DO MONSTRO É REALMENTE UMA
ESPÉCI E DE DESEJ O - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 5
7. O MONSTRO ESTÁ SI TUADO NO LI MI AR DO
TORNAR- SE - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 7
MONSTROS NACI ONAI S - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 9
O PROCESSO DE MI STURA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 20
A MATRI Z PORTUGUESA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 21
A MATRI Z I NDÍ GENA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24
A MATRI Z AFRI CANA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 27
DI SSECANDO UM SACI - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 30
MONSTROS BRASI LEI ROS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 31
BRADADOR - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 32
CAPELOBO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 33
CUMACANGA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 34
LABATUT - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 35
MÃO DE CABELO - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 36
PI SADEI RA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 37
O MONSTRO TEM MUI TO MAI S PRA MOSTRAR
A VOCÊ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 38
SAI BA MAI S - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 43
SOBRE O AUTOR - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 44
ENTRE NO MUNDO DO FANTÁSTI CO - - - - - - - - - - - 45

01 youtube.com/fantasticursos
onde há humanidade, há monstros

O QUE O MONSTRO MOSTRA? Der ivado do l at i m " Mons t r um"


(Aquel e que r evel a" , " Aquel e
que adver t e" ) o s er mons t r uos o
vem mar cando pr es ença em
t odas as cul t ur as ao l ongo da
hi s t ór ia da humani dade,
s empr e s e adapt ando a
di f er ent es cont ext os cul t ur ai s
como um es pel ho de s eu
t empo.

Quando você criar histórias, pensar


em pesquisas ou elaborar atividades
educacionais e culturais use o
potencial simbólico desses seres 
fazendo com que suas narrativas,
textos e ações se destaquem das
realizadas por outros.

02 youtube.com/fantasticursos
a gênese dos monstros
A mor t e da pes s oa pr óxi ma, a Com bas e nas pal avr as do
chegada da noi t e, o ecl i ps e es cr it or nor t e- amer i cano H. P.
l unar , as epidemi as , as guer r as , Lovecr af t , vej a nas pr óxi mas
a f úr ia da t empes t ade, a páginas as or i ent ações par a
ent r ada em l ugar es nunca você us ar o medo no s eu
vi s i t ados . . . vár i os s ão os f ator es pr oces s o de cr i ação, pes qui s a e
por t r ás do s ur gi ment o dos us o de per s onagens
mons t r os na inf ânci a do s er mons t r uos os memor ávei s
humano, mas o pont o em pr es ent es em cont os ,
comum é a evocação do medo. r omances , quadr i nhos , games ,
f i l mes e RPGs .
" A  emoção mai s
ant i ga e mai s   f or t e da Vem conhecer o mons t r o e
humani dade é  o medo, e as s us t ar s eus concor r ent es .
o  mai s  ant i go e  mai s   f or t e de
t odos os medos é  o medo  do
des conheci do. " 

1 500,00 1% de 500 = 5 505,00


2 505,0 510,05
3 510,05 1% de 510,05 = 5,10 515,15
4 515,15 1% de 515,15 = 5,15 520,30
5 520,30 1% de 520,30 = 5,20 525,50
6 525,50 1% de 525,50 = 5,26 530,76
530,76 1% de 530,76 = 5,31 56,07
8 536,07 1% de 536,07 = 5,36 541,43

youtube.com/fantasticursos 03
o monstro de sete
cabeças
NA HORA DE PENSAR NA SUA
CRIATURA, O QUE VOCÊ DEVE LEVAR
EM CONTA?
1 . O cor po do
O mons t r o não é mons t r o é um cor po
apenas um chef e de cul t ur al ;
f as e ou out r o t i po de
obs t ácul o a s er 2. O mons t r o s empr e
vencido pel o her ói es capa;
ou her oína dur ant e
3. O mons t r o é o
s ua j or nada.
ar aut o da cr i s e das
cat egor i as ;
O mons t r o pode
mos t r ar muit as
4. O mons t r o mor a
coi s as .
nos por t ões da
di f er ença;
No ens aio " A Cul t ur a
dos Mons t r os : Set e 5. O mons t r o pol i ci a
Tes es "  (1 996), o as f r ont ei r as do
pes quis ador J ef f r ey pos s í vel ;
J er ome Cohen
pr opõe s et e 6. O medo do
pos s i bi l i dades par a mons t r o é r eal ment e
s e ent ender e uma es péci e de
i nt er pr et ar os des ejo;
mons t r os cr iados
pel a imaginação 7. O mons t r o es t á
humana. s i t uado no l i mi ar . . .
do t or nar - s e
São el as :
Vej amos a s egui r
cada uma del as .

04 youtube.com/fantasticursos
1. o corpo do monstro é
um corpo cultural
Todo monstro incorpora o momento cultural no qual está inserido.

Ele é a corporificação de uma época, de um sentimento e de um lugar.

É nesta tese que temos o sentido primeiro do monstro como "aquele que revela",
"aquele que adverte". Temer a criatura, dentro desta tese, reflete as angustias,
ansiedades e inseguranças do ser humano em relação a algo ou alguém do seu
mundo que lhe provoca incômodo.

Na sua história, pesquisa ou atividade...


Quando ou onde se passa sua história, pesquisa ou atividade?

É na Idade Média? Então como o medo da invasão de povos considerados pagãos


ou a presença de infiéis em seu meio são enxergados pelos olhos da cristandade e
serão traduzidos no design de seu monstro?

E se invertêssemos a equação? Em um futuro distante, como uma sociedade em


que todos são ciborgues enxergará um individuo sem nenhum implante, 100%
humano?

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exemplos
Cthulhu, a entidade híbrida do
panteão de criaturas de H. P.
Lovecraft, é resultado do mal
estar sentido pelo autor diante
das ondas de imigrantes de várias
culturas que chegavam a América
no início do século vinte.

Alinhado com visões racistas e


xenofóbicas predominantes em
seu tempo, o autor de Nas
Montanhas da Loucura (1936),
considerava que os Estados
Unidos estavam sendo invadidos
por povos que não eram puros.

No século vinte e um, os monstros


de Caixa de pássaros (2014) e Um
lugar silencioso (2018) atacam as
pessoas que vêem e falam
respectivamente.

Essa ação reflete o perigo da


manifestação das ideias em um
mundo cada vez mais radical e
intolerante, levando as pessoas a
se sentirem ameaçadas caso
olhem ou falem sobre uma
situação.

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2. O monstro sempre escapa 
Uma das principais características do ser monstruoso é a sua resistência e
capacidade de adaptação. Um mesmo ser assume diferentes formas em diferentes
culturas.

Não importa quantas vezes a estaca será penetrada no coração do vampiro ou


quantas vezes os ovos do alienígena serão destruídos, eles sempre arrumarão uma
forma de retornar, por vezes com outra aparência, mas com a mesma função.

Não seria o lendário Pé Grande das florestas norte-americanas e o folclórico


Mapinguari da nossa cultura releituras do Homem Verde medieval enquanto
entidade monstruosa que mostra o vínculo perdido do homem com a natureza?

Na sua história, pesquisa ou atividade...


Como você pode reutilizar toda a tradição dos monstros a sua disposição, com
seus simbolismos específicos, para criar ou refletir novos seres?

Como, por exemplo, você pode usar a personagem da Medusa como matéria
prima para outra criatura cujo poder seja o de paralisar sua vítima?

E se o poder desse monstro fosse o de fazer com que, a partir do seus olhar, os
vícios e males presentes na alma da pessoa se manifestassem em sua pele?

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exemplos
Os Homens-hienas, populares no
folclore de regiões da África,
atestam a adaptabilidade da
crença de que existem pessoas
capazes de subverter (ou seria
restabelecer?) a fronteira entre o
humano e outro animal.

Assim como os homens-urso dos


povos nativos norte-americanos,
os homens-tigre da Índia e, para
citar o mais famoso dos homens-
fera, o lobisomem, esses seres tem
sua origem no medo dos
habitantes de comunidades
próximas a florestas e selvas em
relação ao principal animal
predador de seu meio.

A Iara pertence aos mitos


amazônicos reflete a
permanência no imaginário de
diferentes culturas da ligação da
mulher com a Natureza.

Presente na literatura ocidental


desde A Odisseia, de Homero,
essa criatura híbrida aponta para
o elemento arcano do feminino
que desperta o temor no
masculino.

Não é a toa que essas criaturas


são apresentadas como
possuidoras de poderes sedutores
mortais.

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3. O monstro É o arauto da
crise das categorias 
O monstro traz no seu corpo sua recusa em fazer parte da ordem e da classificação.

Elas são criaturas que subvertem a necessidade inconsciente do ser humano por
categorias fixas de forma a organizar o mundo. Não é a toa que muitos monstros
são híbridos, formado por partes incoerentes de outros animais, plantas e minerais,
atravessando os reinos da natureza.

Por esta razão, o monstro surge com destaque em épocas de crise, como um
arauto, um anunciador de que determinados valores, crenças, costumes e
tradições estão perdendo sua representatividade ou importância para um grupo
ou sociedade específicas. Use isso em suas narrativas.

Na sua história, pesquisa ou atividade...


O que acontece quando, em uma sociedade fictícia, os jovens param de tomar um
medicamento que é administrado para aquela comunidade por séculos?

Em um mundo habitado apenas por mulheres, onde os nascimentos ocorrem de


forma assexuada (Partenogênese), como a chegada de um homem e seu
envolvimento com uma mulher é enxergado pelas líderes desse meio?

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exemplos
A produção norte-americana O
Ataque da Mulher de 15 Metros
(1958) trazia as consequências do
contato de Nancy Archer com um
gigante alienígena.

Ainda que explore de forma


ampliada (neste caso
literalmente) a sexualidade do
corpo feminino, esta produção
que trazia uma mulher
ameaçando o mundo dos homens
também sinalizava para o início
de um processo de mudança do
lugar do ser feminino na
sociedade americana, que viria a
ganhar corpo nos anos 70 com o
Movimento Feminista.

Publicado no início do século


dezenove, o romance
Frankenstein (1818), de Mary
Shelley introduziu um dos
maiores ícones da
monstruosidade na cultural
ocidental.

Dentre várias interpretações, a


criatura de Frankenstein
incorpora as preocupações da
autora com as possíveis
consequências dos produtos e
transformações da Revolução
Industrial sobre o individuo da
época, da mesma forma que
anuncia a desumanização do
homem pela Ciência.

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4. O monstro mora nos
portões da diferença
O monstro é o símbolo da diferença.

Ele pode ser particularmente usado para representar visões culturais, políticas,
raciais, econômicas e sexuais diferentes da vigente em um determinado momento
histórico cultural ou que não se alinham com nossos valores.

Na Idade Média, os muçulmanos, chamados na época de "sarracenos", eram


representados nos romances de cavalaria que celebravam as Cruzadas como
criaturas demoníacas com atributos monstruosos. Da mesma forma, os judeus na
Alemanha Nazista eram caricaturados como ratos nos jornais e revistas do país.

Na sua história, pesquisa ou atividade...


Essa é a tese mais explorada do monstro na Literatura, Cinema, RPG e Games e se
comunica com a primeira tese mostrada aqui.

Ao criar o seu monstro, olhe ao seu redor: quem são os bodes expiatórios de hoje?
Quais foram os marginalizados de ontem e provavelmente os do amanhã? Serão os
opressores do presente os excluídos do futuro? Em uma hipotética sociedade de
monstros, o que seria ser normal?

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exemplos
Baseado no romance de 1955 de
Jack Finney, Os invasores de
corpo já ganhou diferentes
versões no Cinema, como a
produção norte-americana de
1978 que trouxe o icônico cão
humano. Neste caso o filme
capturava o sentimento de
desconfiança do americano em
relação  ao governo devido aos
escândalos de Watergate.

Mas a mais representativa


adaptação desta obra, que mostra
Alienígenas substituindo
humanos por cópias alienígenas,
aconteceu em 1956 no auge da
paranoia anti-comunista, quando
americanos temiam que o
Comunismo se infiltrasse no país,
levando a uma paranoia que
colocou vizinho contra vizinho.

Na Idade Média, o medo sentido


pelo mundo cristão provocado
pelos guerreiros nórdicos
berserkir, vestidos com pele de
lobo e urso, está por trás de uma
das origens possíveis para a lenda
do Lobisomem.

A ferocidade insana dos ataques


do berserker levava as pessoas a
acreditarem que eles estavam
possuídos pelos espíritos dos
animais que estavam vestindo.

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5. O MONSTRO POLICIA
AS FRONTEIRAS DO POSSÍVEL
O corpo do monstro tanto guarda quanto adverte.

Ele avisa dos perigos e consequências de ultrapassarmos nossos limites


intelectuais, morais, geográficos ou sexuais, demarcando desta forma o campo de
atuação de nossos corpos.

Dar um passo fora dessa área oficial representa um risco, pois podemos ser
atacados por algum monstro ou pior: Podemos nos tornar o monstro.

Nas principais vertentes do Fantástico (Fantasia, Gótico, Horror ou Ficção Científica)


que você vai explorar, o monstro é resultado de um ato de subversão a ordem ou as
crenças de um povo ou se coloca como um ser que protege algo que o levou a se
transformar em um ser monstruoso.

Na sua história, pesquisa ou atividade...


Essa é também uma das populares teses do monstro e que você sempre pode
explorar de forma inovadora a partir da proposta de sua história. O seu monstro é
resultado de uma experiência científica? Qual teoria você está subvertendo? A
criatura é produto de uma maldição lançada por alguém que se ofendeu ou foi
atacada pelo personagem/monstro? Ou ele herdou a maldição de outro monstro?

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exemplos
Após ter o seu filho morto
acidentalmente por Loki, o rei
anão Hreidmar, exigiu a morte do
deus nórdico, mas Loki deu ao
regente o anel Andvarinaut que
tinha o poder de atrair metais
preciosos para ele.

O anel, entretanto, havia sido


amaldiçoado por seu criador, o
anão Andvari, e essa maldição
levou Fafnir, um dos filhos de
Hreidmar a cobiçar o anel e matar
o pai.

Por conta desse ato hediondo,


Fafnir se transformou em um
Dragão e foi morto
posteriormente pelo herói
Sigfried.

Quando a pessoa passa pela vida


semeando o mal, principalmente
contra o pai e a mãe e pratica
incesto, ao morrer a sua alma não
é acolhida nem pelo céu e nem
pelo inferno, levando a terra a
jogar o corpo para fora do túmulo
a cada noite.

Esse é o Corpo-seco (também


conhecido como Unhudo).
Personagem do nosso folclore, ele
tem o corpo magro, ressequido,
semelhante a uma múmia e seu
corpo é um aviso da falta de
respeito aos pais e a outros
valores.

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6. O medo do monstro é
realmente uma espécie de
desejo
Como parte da natureza humana, o que é proibido também é, muitas vezes,
desejado.

As mesmas criaturas que aterrorizam e estipulam interdições podem fomentar


fortes fantasias escapistas. Afinal de contas, estando ligado ao proibido, o monstro
se torna atraente pela sua fuga da norma, das regras que, por vezes, sufocam o ser
humano.

Esse fato explica em grande parte sua constante popularidade na cultura pop. Ao
mesmo tempo em que o tememos, também temos o nosso olhar atraído para o
monstro. Ele é o lado que reprimimos, a incorporação de nossos desejos íntimos.

Na sua história, pesquisa ou atividade...


E se o seu corpo, gradativamente, se tornasse monstruoso e passasse a ser tratado
pela sociedade como tal, mas você se sentisse bem com isso?

E se fosse dado a você a oportunidade de, após a morte, retornar como um morto-
vivo, dependendo da sua escala social no momento do falecimento? Quais seriam
as hierarquias sociais pós-morte entre Vampiros, Zumbis e Fantasmas?

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exemplos
Desde o Romantismo o Vampiro
vem sendo construído como uma
criatura que caminha entre os
vivos espalhando sua sedução
mortal.

Além da moral de sua época,


além das convenções sociais de
gênero que regem a sociedade e
além das leis da justiça, o ser
vampírico mantém o seu fascínio
sobre os vivos através dos séculos
por, dentre outras razões,
concentrar em seu ataque os dois
instintos mais básicos da
humanidade: fazer sexo e se
alimentar.

Uma das mais tradicionais


temáticas da Literatura
Fantástica, o Doppelgänger, ou
simplesmente o Duplo, reflete o
conflito do ser humano entre seus
desejos e instintos e suas
obrigações com as instituições
sociais.

O que você faria se não estivesse


preso a algo ou a alguém? Quem
você gostaria de ser? Que versão
de você mais livre, inconsequente
e perigosa habita por trás de seus
olhos espreitando o momento
para sair?

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7. O monstro está situado no
limiar do tornar-se
Os monstros são nossos filhos. Eles podem ser marginalizados, negados, expulsos
ou combatidos, mas sempre voltam.

E quando eles regressam, por vezes na mesma aparência ou não, eles trazem não
apenas um conhecimento mais pleno de nosso lugar na história, mas também nos
convidam a revermos nos valores e crenças sobre o outro, sobre a sociedade e,
principalmente, sobre nós mesmos.

O monstro é um espelho no qual, muitas vezes, não queremos depositar o nosso


olhar e dai o marginalizamos.

Na sua história, pesquisa ou atividade...


Por que em um determinado mundo algumas pessoas se transformam em
monstros específicos quando atingem certa idade?

Como as pessoas reagem diante de um espelho em um shopping center quando


ele passa a refletir não a imagem externa das pessoas, mas sim as suas almas?

youtube.com/fantasticursos 17
exemplos
"Quando certa manhã Gregor
Samsa acordou de sonhos
intranquilos, encontrou-se em sua
cama metamorfoseado num
inseto monstruoso."

Uma das mais poderosas


aberturas da Literatura ocidental,
A Metamorfose (1915), de Franz
Kafka aborda a percepção do ser
humano de seu lugar no turbilhão
de acontecimentos e mudanças
no início do século vinte.

Diante do avanço do
racionalismo, o monstro é a
projeção do individuo sobre os
rumos e efeitos do progresso e da
tecnologia sobre a sua identidade

Única criatura monstruosa cujo


temor está proporcionalmente
ligado a sua quantidade, o Zumbi
se comunica com as massas que
se comporta como uma massa
descerebrada, sem vontade
própria e de fácil manipulação. O
zumbi é uma advertência a
padronização de comportamento.

No nível individual, esse monstro


projeta uma sociedade conectada
em que há uma divisão entre
corpo e mente. Enquanto nossos
corpos estão em um lugar físico,
nossas mentes, relacionamentos e
identidades estão no virtual.

18 youtube.com/fantasticursos
monstros NACIONAIS
O s écul o XXI t em s i do cenár i o Quando f al amos do mons t r uos o
do cr es ciment o do f ant ás t i co br as il eir o a pr i mei r a coi s a que
nacional nas ver t ent es da vem a ment e s ão as cr i at ur as
Fant as ia, Hor r or e Fi cção do nos s o f ol cl or e br as i l ei r o.
Ci ent íf ica em di f er ent es ár eas ,
como a Lit er at ur a, Game, RPG, Só que exis t e mui t o mai s par a
Quadr inhos e o Ci nema. quem quer cr iar mons t r os com
a nos s a cul t ur a do que f azer
Todavia, ainda não s e per cebe, r el eit ur as do s aci , l obi s omem,
por par t e de cr i ador es e mul a s em cabeça e cur upi r a.
cr i ador as , uma expl or ação
maior do mons t r uos o de Vej a a s eguir como cr i ar
nat ur eza nacional como mons t r os a par t i r de nos s a
mat ér ia pr ima par a s uas i dent idade naci onal ou ut i l i zar
at i vidades diver s as . cr i at ur as pouco expl or adas do
nos s o f ol cl or e.

1 500,00 1% de 500 = 5 505,00


2 505,0 510,05
3 510,05 1% de 510,05 = 5,10 515,15
4 515,15 1% de 515,15 = 5,15 520,30
5 520,30 1% de 520,30 = 5,20 525,50
6 525,50 1% de 525,50 = 5,26 530,76
530,76 1% de 530,76 = 5,31 56,07
8 536,07 1% de 536,07 = 5,36 541,43

youtube.com/fantasticursos 19
O PROCESSO DE MISTURA
"Quando o europeu se lançou aos
mares no século XV e XVI ele
levou consigo todo o imaginário
herdado da Antiguidade em
narrativas diversas onde o
monstruoso tinha papel de
destaque.

Ao chegarem no Novo Mundo,


portugueses e espanhóis
buscaram sistematicamente
identificar na América os
monstros e povos fantásticos que
os cronistas medievais
localizavam anteriormente nas
Índias, China e outras regiões do
oriente.   

Assim, as sereias da mitologia


grega se fundiram com peixes-boi
para se transformarem em Iaras.
As míticas Amazonas, que
lutaram contra Áquiles na guerra
de Tróia, foram identificadas com
as índias Icamiabas enquanto
espanhóis navegavam pelo rio
que passaria a receber o nome
das mulheres guerreiras.

Com a chegada do negro, um


novo repertório imaginativo
desembarca, trazendo tanto
Quibungos quanto o preconceito
contra o negro, que ganha formas
ameaçadoras como o Saci e o
Velho do saco, fusão com o Papa
figo português.

20 youtube.com/fantasticursos
A matriz portuguesa
O fantástico e o real ainda se misturavam no imaginário europeu nos séculos XVI e
XVII. Esse foi o legado do mundo greco-romano para a Era Moderna.

De fato, a existência de regiões habitadas por monstros e outros seres


sobrenaturais só foi perder força no século XVIII, quando os estudos da cartografia
já haviam desvendado a maior parte do planeta.

Por esta razão , ainda no século XVI , durante o auge das navegações, ainda se
podia encontrar estudos de cosmografia sobre a África como o realizado pelo
português João Alfonso, onde os angolanos são descritos como um povo que tem a
cabeça no peito, semelhantes aos lendários Blêmios descritos por Plínio.

Outros criaturas fantásticas marcam presença na mesma obra, sendo a África a


morada de ciclopes, cinocéfalos e sátiros. Toda essa visão posteriormente migraria
para o Brasil.

Em nosso país, como aponta Luís da Câmara Cascudo, a hibridez ou a confusão


fisiológica entre os monstros europeus de base clássica, ou ligados a outras
crenças, com o fabulário indígena resultou em um novo "mosaico de pavores".

Mas, quais criaturas pertencentes especificamente a matriz europeia de base


portuguesa contribuíram para a formação dos monstros do nosso folclore?

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monstros portugueses
Imerso no caldeirão cultural
europeu, Portugal compartilha
com outros países do continente
a presença de seres fantásticos
identificados com florestas, tocas,
grutas, riachos.

Esse é o caso das Janas, fadas dos


rios com o poder de seduzir os
homens com sua beleza e que
tem ligação com a deusa romana
Diana.

Outro ser feminino que também


seduz os homens, neste caso
também ligado a proteção de
tesouros escondidos na época da
presença moura, é a Moura (ou
Moira).

Refletindo influências
germãnicas, o Fradinho da Mão
Furada é um duende que, como
expresso em seu nome, tem um
buraco nas palmas das mãos e
usa um barrete vermelho na
cabeça.

Esta criatura costuma entrar nas


casas quando as pessoas dormem
e senta sobre o peito delas,
causando pesadelos.

22 youtube.com/fantasticursos
o que considerar?
Como usar a herança portuguesa na hora de criar monstros? O que considerar
com base na manifestação em Portugal e na influência sobre as criaturas
folclóricas brasileiras?

Herança histórica
Lembre-se que ao longo de sua história Portugal conviveu com as crença dos
romanos, dos povos germânicos e dos árabes muçulmanos. Por esta razão, as
crenças desses povos deixaram marcas profundas na alma lusitana, algo refletido
nas criaturas monstruosas deste país e que impactaram os seres fantásticos
brasileiros.

Desta forma, para criar personagens monstruosos, o que você pode fazer é
replicar de forma consciente o processo natural ocorrido em nossa cultura ao
longo de séculos, onde as fadas, duendes e seres encantados portugueses foram
um dos componentes presentes no surgimento de criaturas sobrenaturais.

Herança religiosa
O folclore português é marcado pela forte presença do catolicismo. Por esta
razão, lembre-se que o elemento da transgressão de algum preceito ou tabu
religioso da Igreja Católica resulta em uma punição, uma maldição que levar a
pessoa a se tornar monstruosa. Mas, na sociedade em que vivemos hoje, marcada
pelo esvaziamento do religioso, como você pode usar esse elemento da
transgressão na composição de seu monstro? Este é o desafio.

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A matriz indígena
Dentre as diversas etnias dos povos indígenas no Brasil, foram aquelas ligadas ao
grupo Tupi, como os Tabajaras, os Tupiniquins, os Tamoios e os Caetés, as primeiras
a estabelecerem contato com os europeus no século XVI por viverem na costa
brasileira.

Como consequência, observa-se ai na interação deste grupo com os portugueses a


maior troca de culturas que veio a fomentar o surgimento das criaturas folclóricas
brasileiras,

Assim sendo, ao se olhar mais de perto a teogonia tupi, percebemos que os mitos
que sobreviveram em nossa literatura e folclore tem seu fundamento em uma ideia
central que você precisa guardar para suas criações: todas as coisas criadas tem
mãe. 

O sistema geral da teogonia tupi possui três deuses superiores que protegiam
outros deuses e entes sobrenaturais. Este por sua vez cuidavam de outros seres, até
que cada lago ou rio, espécie animal ou vegetal tivesse seu gênio protetor, sua mãe
("CI").

Fazendo a classificação dos deuses superiores e dos entes sobrenaturais com sua
hierarquia temos o seguinte esquema:

GUARACI (o Sol, criador de todos os seres viventes): Uirapuru / Jurupari / Uaira


JACI (a Lua, criadora dos vegetais): Saci / Mboitatá / Urutau / Curupira
RUDÁ (deus do amor, responsável pela reprodução dos seres criados): Cairé / Catiti

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monstros Indígenas
Chama a atenção aqui a
complexidade das criaturas
indígenas quanto as suas
atribuições.

Neste sentido Jurupari é um


espírito ora apresentado como
um legislador, ora como um ser
maligno que provocava
pesadelos.

Neta segundo leitura, ele visitava


os índios durante o sono e os
impedia de gritar por socorro.

Por esta razão, os jesuítas o


identificaram com o demônio,
levando os indígenas a
absorverem essa ideia.

Largamente conhecida como


uma cobra de fogo que protege as
matas, o MBoitatá (Mboi - Cobra +
Tatá - Fogo) se conecta com
diversas criaturas sobrenaturais
de fogo do mundo.

Segundo acreditam os estudiosos,


a lenda dessa criatura remete ao
fenômeno do fogo-fátuo,
encontrado em pântanos e outros
locais em que a decomposição de
animais e outros materiais
orgânicos libera fósforo.

Quando em contato com o


oxigênio esse elemento provoca
pequenas labaredas, que
assustam as pessoas.

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o que considerar?
Como usar a herança indígena na hora de criar monstros? O que considerar da
influência indígena sobre as criaturas folclóricas brasileiras?

conexão com a natureza


Ao buscar usar a matriz indígena na composição de seus personagens
monstruosos explore a ligação dos povos nativos com os fenômenos da natureza
e os astros.

Dentro desse campo, lembre-se do lugar de destaque do feminino enquanto


elemento constituinte principal de um sistema em que todos os seres estão
conectados uns com os outros, em uma cadeia hierárquica de proteção.

É por esta razão que as criaturas folclóricas brasileiras são, no geral, protetoras de
animais e das florestas.

Assim sendo, dentro de suas criações, os monstros podem se encaixar como


guardiões de segredos da mata, atuando como representantes da passagem do
cenário urbano para o da natureza.

Lembre-se: os monstros indígenas podem ser benéficos ou maléficos,


dependendo da postura dos seres humanos com eles.

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A matriz AFRICANA
O terceiro elemento de composição do povo brasileiro e, consequentemente, das
criaturas sobrenaturais de nosso folclore se liga a regiões africanas de onde milhões
de negros foram trazidos para alimentar a indústria da escravidão ao longo dos
século XVI e XIX.

Hoje essas regiões africanas compõem hoje principalmente os países de Angola,


Nigéria e Moçambique. Fica a dica para você que cria olhar mais de perto
elementos da cultura desses países no processo de criar monstros nacionais ainda
não presentes em nosso folclore.

Ao chegarem ao Brasil, essas pessoas, agora escravas, trouxeram suas crenças e


cultos religiosos ajudando a enriquecer a cultura brasileira. Será na mitologia
iorubá, que inspirou o candomblé, que vemos uma das faces mais fortes e ricas
dessa contribuição na forma de diversos deuses e deusas.

Abaixo dos deuses, existe toda uma sorte de criaturas sobrenaturais que podem
auxiliar você no processo de criar o seu próprio monstro.

Ainda que cada vez mais presente em narrativas fantásticas brasileiras, ainda é
tímida a utilização desse rico repertório na produção de escritores e escritoras
nacionais. Use isso ao seu favor e se destaque.

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monstros AFRICANOs
No campo do monstruoso, chama a
atenção o fato de que muitos
monstros do nosso folclore são
resultado do intrínseco preconceito
contra o negro na sociedade
brasileira. 

Este fato se observa principalmente


no que o nosso folclorista maior,
Luís da Câmara Cascudo chamou
em Geografia dos Mitos Brasileiros
(1983) de "Monstros do Ciclo
Infantil".

Esse é o caso do Quibungo,


apresentado como um ser meio
homem, meio animal que tem uma
cabeça muito grande e uma
bocarra nas costas, que se abre
quando ele abaixa a cabeça e se
fecha quando ele levanta.

Ele come as crianças abaixando a


cabeça, abrindo o buraco e jogando
dentro os pequenos. Seu nome está
ligado ao Congo e Angola, onde a
palavra n’bundo significa
"Lobo”. Posteriormente o termo
virou qui-n’bungo.

Esse mesmo padrão se encontra no


Papa-figo. Devorador de crianças
comumente chamado em várias
regiões como o "Velho do Saco" e
identificado como um negro de
idade avançada.

28 youtube.com/fantasticursos
o que considerar?
Como usar a herança africana na hora de criar monstros? O que considerar da
influência africana sobre as criaturas folclóricas brasileiras?

a importância da comunidade
Ao crenças africanas trazidas ao Brasil que inspiraram o candomblé e que podem
ser usadas na criação de personagens monstruosos tem na harmonia e na
comunidade dois elementos centrais.

Esses dois pontos aparecem na união compartilhada entre homens e animais e


também na importância do sentimento de solidariedade vinculada ao trabalho
no campo.

Esse ponto é importante para se pensar em personagens monstruosos ligados a


uma região ou a um grupo social específico.

o lugar da ancestralidade
O respeito a figura de ancestrais também se faz sentir na matriz africana e pode
servir de matéria prima para escritores e escritoras. Inserido nesta mesma leitura,
a figura feminina é valorizada por ser a mulher a responsável pela continuidade
da vida.

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Dissecando um saci

O SACI é o personagem folclórico mais emblemático da união entre


as matrizes portuguesa, indígena e africana. Por isso é o mais
popular.

De Portugal esta criatura herdou o espírito zombeteiro que prega


peças em viajantes e nas pessoas da roça. O barrete, por sua vez, se
liga aos duendes portugueses que concediam favores a pessoa que
houvesse capturado essa peça do saci. A possível captura da criatura
dentro de uma garrada durante um redemoinho traz a mente os
gênios da cultura árabe.

Do indígena esta criatura herdou o nome. "Saci". Como discute Luiz


da Câmara Cascudo (1983), este ser é alvo de diferentes
interpretações: 1) Saci é o nome de uma ave agourenta da Amazònia;
2) "Saci" vem de "ça-ci" (o olho doente); 3) "Saci" vem de "h-ang"
(Alma) + "cy" (Mãe). Assim, o Saci é a "Mãe das Almas" no sentido de
que a criatura chupa a alma dos defuntos.

Da África o personagem herdou a cor negra, ligada ao maléfico e ao


diabólico na visão preconceituosa europeia. Esse fato é reforçado
pelo cheiro de enxofre exalado de seu cachimbo.

30 youtube.com/fantasticursos
MONSTROS BRASILEIROS
Normalmente vinculados a regiões específicas do Brasil, muitos dos seres
monstruosos a seguir ultrapassaram suas fronteiras geográficas graças a obras
infantis como O Sítio do Pica-Pau Amarelo, A Turma do Pererê e Chico Bento.

Todavia, se por um lado essa exposição apresentou Saci-Pererê, Cuca, Mula-sem-


cabeça, Curupira e Iara, dentre outros, para os moradores das cidades, por outro
ela provocou uma diluição e infantilização destes seres enquanto agentes do
medo.

O fato, porém, é que o folclore brasileiro é repleto de seres que poderiam (e


deveriam) ser explorados em produções além das relacionadas ao público
infantil. Como o Terror e o Horror, por exemplo.

Veja a seguir algumas criaturas monstruosas pouco conhecidas nacionalmente e


que podem ganhar leituras ou releituras por você.

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BRADADOR

REGIÃO: São Paulo, Minas Gerais,


Paraná, Santa Catarina

O Bradador é um espectro que


solta gritos e uivos tenebrosos ao
redor das casas ou nos caminhos
frequentados por ele/ela. 

Apesar de não possuir uma forma


definida, o que distingue este
fantasma da noite dos demais
espíritos são os berros de lamúria
pela sua penitência, que deixam os
ouvintes da região assombrada de
cabelos em pé.

Sua origem está ligada a criatura


portuguesa Zorra Berradeira, que
assusta os casais adormecidos com
os seus gritos horríveis na região
lusitana de Trás-os-Montes.

Assim como na variante


portuguesa, o Bradador é uma alma
que cometeu pecados em demasia
e não encontra o descanso divino.

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Capelobo
REGIÃO: Pará, Maranhão

Habitando a região do rio Xingu,


o Capelobo causa muito medo nas
populações indígenas. 

Possuindo forma humana coberta


de pelos negros e patas redondas,
esta criatura é apresentada
possuindo ora cabeça de anta, ora
cabeça de tamanduá. 

O Capelobo sai a noite, sempre


anunciando sua chegada por meio
de urros e gritos, e percorre
barracões e acampamentos
carregando cães, gatos e crianças
recém-nascidas com ele.

Quando pega um homem ou


animal a criatura aperta a vitima
em um abraço mortal, abre um
orifício em sua cabeça para enfiar a
ponta de seu focinho nela e suga
toda a massa encefálica do infeliz. 

Enquanto agente do medo, o


Capelobo só perde em
popularidade na região do Pará
para o Mapinguari e, semelhante a
ele, só pode ser morto com um tiro
no umbigo.

33 youtube.com/fantasticursos
Cumacanga

REGIÃO: Maranhão e Pará

Quando qualquer mulher tem sete


filhas, a última vira Cumacanga.

Ou seja, estamos falando de uma


criatura identificada como uma
cabeça solta do corpo e em forma
de bola de fogo.

A Cumacanga percorre os campos


e caminhos apavorando os
viajantes.

Esta criatura tem sua origem na


Europa medieval na crença de que
a sétima filha seria uma seguidora
de Satanás.

Não apenas na Europa, mas


também na Ásia, há a tradição de
cabeças humanas que voam
destacadas do corpo espalhando o
terror.

34 youtube.com/fantasticursos
LABATUT

REGIÃO: Rio Grande do Norte,


Ceará

O Labatut é um ser enorme, de pés


redondos, corpo coberto de pelos
ásperos, dentes que saem da boca
com aparência de presas de
elefante e dono de um só olho no
meio da testa.

Monstro canibal, guardando


semelhança com os ciclopes da
mitologia grega, ele prefere comer
meninos porque são menos duros
que os adultos.

Costuma parar nas portas das casas


para ouvir quem está falando alto
ou cantando. Essas são as suas
vitimas preferidas.

Sua origem está relacionada a um


general francês do século dezenove
de nome Pedro Labatut, cuja
violência e crueldade deixaram
marcas nas lembranças dos
moradores do Ceará na década de
1830, levando-o a assumir forma
monstruosa nos relatos do povo.

35 youtube.com/fantasticursos
mÃO DE CABELO
REGIÃO: Minas Gerais

Espantalho das crianças, o Mão de


Cabelo é um espectro vai até a
cama dessas para verificar se elas
urinaram no leito.

Para isso, o Mão de Cabelo usa suas


mãos macias, sedosas e feita de
pelos para tocar o sexo dos
meninos e meninas.

É um fantasma magro, de forma


humana e roupa branca. 

O folclorista Luiz Câmara Cascudo


registra em Geografia dos mitos
brasileiros que no Sul de Minas é
comum a frase caipira: “Oia, si
nêném mijá na cama, Mão de
Cabelo vem ti pegá e corta a
minhoquinha de nêném…”

Ainda que não tenha relação direta,


o Mão de cabelo guarda
semelhança com o Mãos-peludas
inglês, que ataca os que passam na
estrada de Datmoor, Inglaterra.

Trata-se de duas mãos sem corpo


que aterrorizam a região ao atacar
motoristas agarrando o volante do
carro e jogando o veículo pra fora
da pista.

36 youtube.com/fantasticursos
pisadeira

REGIÃO: São Paulo, fronteira de


Minas Gerais

A Pisadeira é descrita como uma


velha muito magra, cabelos
compridos e secos, unhas grandes
semelhantes a garras, pernas
curtas, nariz fino e olhos vermelhos.

A criatura chegou ao Brasil via


Portugal, onde a criatura ataca
durante o sono descendo pelas
chaminés e pisando no peito das
pessoas para provocar pesadelos.

Em português e espanhol
(pesadilla) deriva de “peso”,
“pesado”.

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saiba mais
FONTES USADAS NESTE EBOOK

CASCUDO, Luís da Câmara. Geografia dos mitos


brasileiros. São Paulo: Editora Itatiaia, 1983.

COHEN, Jeffrey Jerome. "A cultura dos monstros: sete


teses." In: SILVA, Tomas Tadeu da (Org.). Pedagogia dos
monstros: os prazeres e os perigos da confusão de
fronteiras. Belo Horizonte: Autêntica, 2000, p. 23-60.

GONÇALO, Junior. Enciclopédia dos monstros. São


Paulo: Ediouro, 2008.

KAPLER, Claude. Monstros, demônios e encantamentos


no fim da Idade Média. Trad. Ivone Castilho Benedetti.
São Paulo: Martins Fontes, 1994.

ORICO, Osvaldo. Mitos, ameríndios e crendices


amazônicas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

PEEK. Philip M., YANKAH, Kwesi. (Eds.). African Folklore:


an encyclopedia. New York: Roultledge, 2004.

PRIORE, Mary Del. Esquecidos por Deus: monstros no


mundo europeu e ibero-americano (Séculos XVI-XVIII).
São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

THOMAS, Keith. Religião e o declínio da magia: Crenças


populares na Inglaterra, Séc. XVIII e XVIII. Trad. Denise
Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

VASCONCELLOS, José Leite de. Tradições Populares de


Portugal. Porto: Livraria Portuense de Clavel & Cia.,
1882.

ELABORADO POR
PROF. DR, ALEXANDER MEIRELES DA SILVA

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sobre o autor...
Olá, eu sou Alexander Meireles,
Professor Universitário da UFG, Doutor
em Literatura Comparada (UFRJ),
Mestre em Literaturas de Língua
Inglesa (UERJ) e Pesquisador do
Fantástico na Literatura e no Cinema.

Na verdade, antes disso tudo, eu CLIQUE NOS LOGOS e acompanhe meu


me considero um Nerd trabalho através do FANTASTICURSOS:
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desde 2009 sou Professor
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desenvolvo pesquisas e
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alunas da Graduação, Mestrado e
sobre o Fantástico de blogs
Doutorado na área do Fantástico.
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Desde 2016 sou produtor de sobre lançamentos e
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da Fantasia, Gótico, Horror e O mundo do Fantástico em
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