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Docente: Márcia Reis Longhi / Discentes: Josilene; Matheus; Milene; Nádja; Priscila
- Vida e trajetória
→ Introdução
Programa
Método
• Método de comparação;
• Polinésia, Melanésia, Noroeste americano e alguns grandes direitos;
Prestação, Dádiva e Potlatch
• Nas economias e nos direitos que precederam os nossos, nunca se constatam, por
assim dizer, simples trocas de bens, de riquezas e de produtos num mercado
estabelecido entre os indivíduos;
• Tipo mais puro de instituição, representado pela aliança de duas fratrias nas tribos
australianas ou norte-americanas em geral, onde ritos, casamentos, sucessão de
bens, vínculos de direito e de interesse, posições militares e sacerdotais, tudo é
complementar e supõe a colaboração das duas metades da tribo (Tlingit e Haida);
- Potlatch
“Os taonga são, pelo menos na teoria do direito e da religião maori, fortemente
ligados à pessoa, ao clã, ao solo; são o veículo de seu mana, de sua força mágica,
religiosa e espiritual.” (MAUSS, p. 204, 2017)
Vou lhes falar do hau... O hau não é o vento que sopra. De modo
nenhum. Suponha que você possua um artigo determinado (taonga) e
que me dê esse artigo; você me dá sem preço fixado. Não fazemos
negociações a esse respeito. Ora, dou esse artigo a uma terceira pessoa
que, depois de transcorrido um certo tempo, decide retribuir alguma
coisa em pagamento (utu), ela me dá de presente alguma coisa
(taonga'). Ora, esse taonga que ela me dá é o espírito (hau) do taonga
que recebi de você e que dei a ela. Os taonga que recebi pelos taonga
(vindos de você), é preciso que eu os devolva. Não seria justo (tika) de
minha parte guardar esses taonga para mim, fossem eles desejáveis
(rawè) ou desagradáveis (hino). Devo dá-los de volta, pois são um hau
do taonga que você me deu. Se eu conservasse esse segundo taonga,
poderia advir-me um mal, seriamente, até mesmo a morte. Assim é o
hau, o hau da propriedade pessoal, o hau dos taonga, o hau da floresta.
Kali ena. (Basta sobre esse assunto.)" (MAUSS, p. 205, 2017)
Nesse sentido, é preciso retribuir a outrem o que na realidade é parcela de sua natureza
e substância; pois, aceitar alguma coisa de alguém é aceitar algo de sua essência
espiritual, de sua alma;
- Troca-dádiva
- Sacrifício-contrato
As oferendas aos homens e aos deuses têm também por objetivo obter a paz
com uns e outros. Afastam-se assim os maus espíritos e, de maneira mais geral, as
más influências, mesmo não personalizadas.
IV. Conclusão
1. Conclusões de moral
• Considera que parte da nossa moral e da nossa vida se encontra nessa atmosfera
misturada que envolve dádivas, obrigações e liberdade e ressalta ainda que nem
tudo é classificado em termos comerciais (compra e venda) por mais que isso se
manifeste nos mecanismos da atual vida social;
• Em determinadas organizações sociais no ocidente há a presença da dádiva não
retribuída, que de certa forma cria situações em que isso traz inferioridade àquele
que não a retribuiu (principalmente quando a aceita sem intenção de retribuir-
caridade/esmola). Essa experiência se configura na vivência da dívida, aquela
retribuição que dentro da vida socioeconômica não foi cumprida;
• Exemplifica que as trocas ainda são feitas de forma “viva” ao trazer a ideia de
quando uma ovelha, cabra e outros animais são vendidos e como há um esforço
(místico ou não) para que sua alma e sua energia não o leve de volta para sua
origem/casa, querendo dizer que diversos costumes franceses apontam que há a
necessidade de separar a coisa vendida de sua origem para que não seja atingido
pela falta de retribuição. (MAUSS, p. 309, 2017);
• Traz então justamente essa questão em que toda presença da previdência social na
legislação é oriunda do entendimento que o trabalhador participa de uma dádiva
que envolve sua vida e sua força de trabalho dando-as para a coletividade e para
os patrões (a burguesia) e que essa dádiva se mantém através das colaborações
para previdência que não permitem que a retribuição se encerre no pagamento por
serviços/salário, permitindo ao Estado dar continuidade à essa troca e estabelecer
condições que permitam a vida continuar em cenário que essa troca se daria por
terminada (aposentadoria, desemprego e afins). (MAUSS, p-, 2017)
• Como se trata de conclusão, fala de forma bem direta que a economia pautada na
troca-dádiva está longe de obedecer às pautas da economia supostamente natural
que pertence ao utilitarismo e aponta que tendo conhecimento sobre fenómenos
econômicos desses povos é possível perceber que o fato de que consideráveis
tradições tenham permanecido em tempos seguintes já demonstra que a troca-
dádiva ultrapassa os modelos propostos pelos economistas;
• O que Mauss traz aqui é justamente que a noção de valor atribuída por essas
sociedades e presente em seus sistema de economia está embebida de
significações religiosas; a moeda permanece tendo poder e mágica ligada ao clã e
seus representantes, ainda existem ritos e direitos presentes em várias dessas
relações e suas ideias de valor – essas representações também caem naquilo que
se entendeu por tanto sempre como uma forma primitiva do utilitarismo, o
escambo, aquele que definiria um marco histórico da economia e sua própria
divisão social do trabalho. (MAUSS, p. 316, 2017);
• Percebe-se que em sociedades como os Maori e Tsimshian, o indivíduo ou o grupo
sempre têm o direito de recusar esse laço contratual, mas de forma geral não era
comum praticar essa recusa e muito menos as alianças e afins que vêm com elas,
há a presença do interesse, mas não o interesse retratado pelo ocidente e pela
sociedade capitalista.
• Aponta que há uma questão a ser tratada por etnógrafos, que é a ideia de propor
investigações e não da solução de problemas ou uma teoria definitiva, o que
permite que a observação seja mais ampla e mais fatos sejam encontrados;
• Trata que esses "fenômenos" trabalhados no ensaio são fatos sociais totais, pondo
em ação toda sociedade e suas instituições, assumindo características jurídicas,
econômicas, religiosas e até mesmo estéticos, etc - para os Tlingit "tudo é causa
de emoção estética e não apenas da ordem da moral ou do interesse." (MAUSS,
pp. 325, 2017);
• Também argumenta que é necessário observar a sociedade de forma dinâmica e
não imóvel, pois é ao “considerar o conjunto que se observa o essencial”
(MAUSS, pp. 326, 2017) fazendo-se importante que se considere observar o
comportamento em sua totalidade e não de forma dividida em faculdades, levar
em consideração também psicologia, por exemplo;
• Tais observações são capazes de revelar que certas organizações sociais permitem
a existência de amizade em ambientes de rivalidade e que não há, na realidade,
essa proposta de que para haver conflito e afins é necessário ter inimizade e que
essas relações se dão assim;
• Termina por fazer uma valorização àquilo que foi observado nas sociedades
“arcaicas” e traz que talvez seja importante nos reconectarmos com certas noções
“tradicionais” de forma a melhor viver em coletividade:
I. O sujeito: a pessoa
• O primeiro exemplo que usa é o dos indígenas pueblos, os zuñi. A noção de pessoa
desse povo se caracteriza por: posição/status social; a sua definição de confunde
com o clã e se separa dele ao mesmo tempo; “sobrevivência” de um indivíduo e
de seus bens, títulos, através da reencarnação em um descendente;
• O segundo exemplo é do povo os Kwakiutl. Assemelham-se aos Zuñi; cada
indivíduo tem um nome profano e sagrado, portanto, um nome de conhecimento
geral e outro secreto; os nomes garantem a manutenção da ordem social, por meio
da reencarnação e transmissão de bens e títulos; a manutenção dos nomes garante
a perpetuidade das pessoas;
• Entre esses dois povos, e outros indígenas pueblos, observa-se que a noção de
pessoa tem uma relação estreita com a noção de personagem;
• Para construir a noção de “Eu”, assim como era compreendida na época de Mauss,
ele parte do que considera ter fundamentado a noção de persona latina;
• Duas noções de pessoa teriam fundamentado a noção de persona latina, as noções
de pessoa da Índia bramânica e búdica e da China;
• A Índia seria a mais antiga civilização a propor a noção de “Eu”;
• Tanto hinduísmo quanto budismo defendem a inexistência do "Eu''. Evocam o
“Eu” para negar sua existência;
• Já na China observa-se a valorização do indivíduo - assemelha-se aos povos do
noroeste por manter uma estrutura social, pelos nomes traduzirem hierarquia,
classe, formas de vida, etc;
• Retirada do caráter perpétuo do nome e manutenção do seu caráter coletivo - a
pessoa aqui ainda não é uma entidade completa e independente (exceto das
divindades).
IV. A persona
VIII. Conclusão
• Pensar antropologicamente:
Referências Bibliográficas
MAUSS, Marcel. (2017). Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas
sociedades arcaicas. In Mauss, M. Sociologia e Antropologia. (P. Neves, trad.). (p.191-
330). São Paulo, SP: Ubu Editora. [1925]
Links e videografia
Univerité Paris. Retour aux sources : les archives de Marcel Mauss. Disponível
em: https://explore.psl.eu/fr/decouvrir/focus/retour-aux-sources-les-archives-de-marcel-
mauss Acesso em: 16 Mai, 2021