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SERRA, Geraldo G.

Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo: guia prático para o trabalho de


pesquisadores em pós-graduação. São Paulo: EDUSP: Mandarim, 2006.
Mauricio Lindoso

1. A pesquisa científica
Discute aspectos introdutórios sobre a teoria do conhecimento, com destaque para a influência que
ciências físicas exerceu na ciência humana durante os séculos XIX e XX. Algumas questões filosóficas
estão por trás do desenvolvimento das ciências, como “quando a acumulação das contradições entre
a teoria aceita e a experiência exige uma nova teoria” (p. 13). Discute-se sobre a contradição
fundamental e a sua vital importância como ponto de partida do saber em arquitetura e urbanismo.
Nesse sentido, a pesquisa em arquitetura e urbanismo serve não apenas para descobrir algo, mas
também para modificar e inventar soluções a problemas postos anteriormente. Pondera-se que o ponto
de partida de uma pesquisa científica se constitui na definição do problema a ser resolvido, do objeto a
ser estudado e dos objetivos do estudo.

2. A especificidade do campo da Arquitetura e do Urbanismo


Categoriza de maneira geral a abrangência dos termos arquitetura e urbanismo, restringindo o primeiro,
para fins de especificação do assunto da obra, à “disciplina que lida com projeto e a construção de
edifícios, com os produtos dessa atividade, ou seja, com os próprios edifícios e com cada uma das
suas partes ou aspectos” (p. 28). Destaca alguns objetivos da pesquisa em arquitetura e urbanismo,
como a resolução de problemas específicos em projetos ou inovações em soluções formais já
assumidas. Já as pesquisas em urbanismo dedicam-se a partes ou aos processos das aglomerações
espaciais, que são, em última instância, seus objetos. O autor também discute as aproximações entre
as pesquisas em arquitetura e em urbanismo e destaca a amplitude que elas carregam, sem se
esquecer da especificidade que um estudo precisa ter.

3. Colocando o problema
“O problema emerge porque ele conhece o assunto e não porque ele o ignora” (p. 46). Em outras
palavras, o autor defende que se deve ter bom embasamento sobre determinado tema para que seja
possível sistematizá-lo e, assim, identificar aspectos menos explorados ou conhecidos. Escrever uma
declaração de intenção de pesquisa é o primeiro passo para iniciar a sua pesquisa. Por sua vez, esse
documento será fruto de um processo árduo de investigação. Frequentar seminários e ler o material
inicial coletado fortalece a base preliminar necessária para a elaboração da pesquisa e amplia os
horizontes do pesquisador e o deixa apto a formular esse documento. Após essa fase, o autor discorre
sobre a continuidade do processo, que consiste na delimitação do problema, a definição do objeto e a
listagem dos objetivos.

4. Metodologia da pesquisa
O capítulo se inicia com a discussão sobre indução e dedução, seguida da constatação de que a
indução é característica fundamental do método científico. Discute-se o método cartesiano e apresenta-
se o método científico, do qual os passos são destrinchados pelo autor. Também é abordada a
proposição de Popper, que basicamente defende o caráter provisório das proposições científicas, ou
seja, “são verdadeiras até prova em contrário” (p. 68). Por fim, é apresentado o holismo, que consiste
na defesa de que compreender as interações entre as partes de um sistema é fundamental para o
desenvolvimento do saber. O autor finaliza o capítulo afirmando que, durante a fase de leitura da
bibliografia, é possível identificar o método usado por cada um respectivamente, ficando mais simples
a tarefa de adoção de uma metodologia.

5. Tipos da pesquisa
Capítulo em que o autor apresenta os métodos mais comuns nos estudos de arquitetura e urbanismo.
O autor define método como “um conjunto de regras que decide a cada momento qual o próximo passo
a ser dado na pesquisa” (p. 88). O autor defende que a definição de um método precede o início da
produção científica e torna o trabalho mais eficaz e eficiente, otimizando o tempo do pesquisador.

6. Modelos na pesquisa
Após discussão sobre o empirismo, diferenciações que alguns pensadores fizeram entre modelo e
teoria o autor e apresentação de modelos verbais e físicos, o autor discute a representação da
arquitetura, relacionando a importância que os modelos têm para essa área, pois seu profissional
depende deles para desenvolver um bom trabalho. Com isso, segue-se nova explanação de uma série
de modelos que fazem parte de um projeto de arquitetura. Para finalizar, o autor apresenta críticas que
costumam ser feitas aos modelos, como reducionismo, esquematismo e a sua parcialidade, entre
outras.

7. Modelos matemáticos
Após apresentar inúmeros modelos matemáticos, utilizados tanto na arquitetura como nas ciências em
geral, o autor conclui que tudo pode ser colocado em um modelo matemático, desde que as variáveis
sejam conhecidas.

8. Formulando o plano de pesquisa


O plano de pesquisa, na visão do autor, é um documento que orienta o andamento da pesquisa,
otimizando o tempo do pesquisador e tornando, assim, o trabalho mais eficiente. Deve ser flexível e
exige certo tempo para ser preparado com qualidade. A partir daí o autor destrincha as partes de um
plano de pesquisa, explicando passo a passo a melhor forma de construí-lo.

9. Os produtos da pesquisa
Os produtos da pesquisa são aquilo que o pesquisador produz ao longo do seu trabalho, seja de
mestrado ou doutorado. Eles são importantes para eventuais correções de rota e levantar possíveis
inconsistências no trabalho como um todo, por exemplo. Também faz parte desses produtos o trabalho
final, como tese, monografia ou dissertação. O autor enumera vários tipos de produtos e entra
superficialmente em cada um deles.

10. Recursos e restrições


O autor defende que possíveis restrições sejam previstas, pois, nas suas próprias palavras, “não tomar
conhecimento de limites é sinal de superficialidade” (p. 155). Assim, ele aborda possíveis dificuldades
ligadas a aspectos éticos, disponibilidade de fontes bibliográficas, equipamento, tempo e recursos
financeiros, por exemplo. Cabe lembrar que essa fase do projeto já deve ser considerada no plano de
pesquisa.

11. Formação do embasamento teórico


Neste capítulo, o autor salienta mais uma vez o fato de o saber científico ser algo construído
coletivamente. Assim, defende-se a importância da construção do embasamento teórico. O
conhecimento da obra de outrem é responsável pela elaboração de hipóteses para a resolução dos
problemas levantados na fase de imersão no tema de interesse. O autor defende que o embasamento
teórico é fundamental para que o pesquisador seja capaz de caracterizar o estado-da-arte de
determinado assunto, sendo assim apto a identificar possíveis aspectos a serem explorados e
proposições pouco desenvolvidas.

12. A base empíria


Fazendo uso de exemplificação de diversos métodos de de coleta de dados de base empírica, o autor
demonstra que é imprescindível essa etapa to trabalho já que ela gera conhecimento como o autor cita
no trecho “..A coleta de informações diretamente do real, isto é, objetos concretos, e a conformação de
uma base empírica para suas conclusões são a parte central e mais importante da investigação, pois
é nessa etapa da pesquisa que todo conhecimento novo é produzido.

13. Alternativas e critérios de avaliação


O autor discorre sobre alguns critérios de avaliação e ressalta que toda pesquisa tem um objetivo e que
para alcança-lo deve-se lançar mão de algumas técnicas e alternativas para garantir uma pesquisa de
qualidade. Também ressalva como podemos evitar o uso de falácias. Por fim cita que em certas
ocasiões e faz necessário o uso de realimentação do processo, no trecho “de fato, não é raro que
nenhuma das alternativas consideradas mostre-se convincente ou que os critérios de avaliação não
levem a decisão clara e definitiva, portanto será necessário propor novas alternativas e as vezes até
como resultado do processo de avaliação. ”

14. Avaliações de desempenho


Trata-se de uma série de observações rápidas de algumas metodologias de avaliações para cada tipo
de área a ser tratada, apresenta os sistemas APO (avaliação pós ocupação), questões de Amostragem,
a ISO 6421 bem como o processo de planejamento de uma avaliação.
15. Formulando as conclusões
Durante o processo de estudo nos deparamos com algumas soluções para perguntas que acabam
gerando novos questionamentos, o autor cita quais caminhos podem ser seguidos além de facilitar o
entendimento doe como lidar com isso, temos como exemplo a diferenciação entre invenção e inovação
no trecho “a invenção refere-se à criação de alguma coisa radicalmente nova, enquanto a inovação é
uma novidade formal, um rearranjo de elementos que pré existiam, ou simplesmente a uma nova
abordagem para um velho problema”(p.233)

16. Redação de trabalhos científicos


Trata de uma forma de geral de como deve se conduzir tecnicamente a redação e faz algumas
ressalvas de como o processo se aplica à arquitetura e urbanismo, tal como o trecho no qual ressalta
a relevância do domínio de conhecimento de computação “todavia, como falamos aqui
preferencialmente de pesquisadores nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia, é importante
também destacar um mínimo de competência no manejo de programas para projeto apropriado por
computador é imprescindível, uma vez que supõe que boa parte das pesquisas esteja lidando com
entes espaciais frequentemente associados à teses propositivas”(p.237)

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