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27/04/2021 Documento:40002358163

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5002985-77.2016.4.04.7102/RS
RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL VÂNIA HACK DE ALMEIDA
APELANTE: ROGERVAN RAI AGNE BERNARDES (AUTOR)
ADVOGADO: JULIANE MULLER KORB (OAB RS082050)
APELADO: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO (RÉU)

RELATÓRIO

Trata-se de execução de sentença ajuizada pela União - Advocacia


Geral da União em face de Lindomar Barbosa Soares, postulando o
ressarcimento de valores recebidos por força de tutela provisória de urgência
antecipada, posteriormente revogada.

O pedido de cumprimento de sentença foi indeferido


ao fundamento de que é incabível a devolução de valores recebidos em
antecipação de tutela posteriormente revogada em face de seu caráter alimentar
(evento 194 - DESPADEC1).

Irresignada, a União interpôs recurso de apelação defendendo,


primeiramente, que o recurso cabível contra decisão que julga extinto o
cumprimento de sentença é a apelação cível. No mérito, sustentou, em síntese, a
possibilidade de devolução do montante percebido a título de remuneração entre
o período compreendido entre o mês 07/2016 e 02/2018, pelo valor de R$
92.122,21, em 04/2020. Arguiu que a parte beneficiada com a tutela
antecipada tinha plena ciência da sua precariedade, considerando que milita em
seu desfavor a presunção de conhecimento das normas vigentes, não sendo
pertinente a invocação da natureza alimentar dos valores recebidos, pois a
necessidade de devolução independe de tal natureza. Nesse termos, postulou a
procedência do recurso a fim de que seja reformada a decisão recorrida com o
deferimento do regular processamento do cumprimento de sentença.

Em contrarrazões, o executado alegou a inexistência de título


executivo sob o argumento de que a simples revogação de eventual tutela
provisória não corresponde ao reconhecimento automático de obrigação de
restituição das quantias recebidas pelo autor, extrapolando, assim, os próprios
limites da coisa julgada, bem como a impossibilidade da restituição de valores
recebidos de boa fé.

Após, os autos foram remetidos eletronicamente a este Tribunal.

É o relatório.

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VOTO

A respeito dos recursos, assim dispõe o CPC de 2015:

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu


respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela
preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o


recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito
delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões


mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

(...)

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de


sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à


execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões


interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.

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Como se verifica, o recurso de apelação é cabível contra a


sentença, que é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos
artigos 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como
extingue a execução (art. 203, §1º, do CPC/2015).

Segundo a jurisprudência atual do STJ sobre o tema, o recurso


cabível contra a decisão que extingue o cumprimento de sentença é a apelação
cível. Veja-se:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.


RECURSOS EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. CPC/2015. DECISÃO
QUE NÃO ENCERRA FASE PROCESSUAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
PRECEDENTES.

1. O STJ, recentemente, decidiu que, "no sistema regido pelo NCPC, o recurso
cabível da decisão que acolhe impugnação ao cumprimento de sentença e
extingue a execução é a apelação. As decisões que acolherem parcialmente a
impugnação ou a ela negarem provimento, por não acarretarem a extinção da
fase executiva em andamento, tem natureza jurídica de decisão interlocutória,
sendo o agravo de instrumento o recurso adequado ao seu enfrentamento"
(REsp 1.698.344/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe
1/8/2018).

2. Recurso especial a que se nega provimento.

(REsp 1804693/MA, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,


julgado em 23/05/2019, DJe 30/05/2019)

Assim sendo, recebo o recurso de apelação, uma vez presentes os


requisitos de admissibilidade.

Do mérito

Cinge-se a controvérsia acerca da aplicação ou não, no caso


concreto, do princípio da irrepetibilidade ou não-devolução de verba alimentar
recebida por força de decisão judicial antecipatória da tutela posteriormente
revogada.

O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº


1.401.560, efetuado em regime de recurso repetitivo, entendeu possível a
repetição de valores recebidos do erário no influxo dos efeitos de antecipação de
tutela posteriormente revogada, em face da precariedade da decisão judicial que
a justifica, sob pena de caracterização de enriquecimento ilícito, ainda que se
trate de verba alimentar e esteja caracterizada a boa-fé subjetiva, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C DO CPC/1973. ENUNCIADO
ADMINISTRATIVO 2/STJ. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL.
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.
REVERSIBILIDADE DA DECISÃO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.
ARTIGO 115 DA LEI 8.213/1991. CABIMENTO. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS. 1. Inicialmente é necessário consignar que o
presente recurso atrai a incidência do Enunciado Administrativo n. 2/STJ:
"Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões
publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de

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admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então,


pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça." 2. Firmou-se em sede de
representativo de controvérsia a orientação de que a reforma da decisão que
antecipa a tutela obriga o autor da ação a devolver os benefícios
previdenciários indevidamente recebidos. 3. A principal argumentação trazida
pela embargante consiste em que a tutela antecipada que lhe reconheceu o
direito à aposentadoria por idade rural, posteriormente, revogada pelo
Tribunal a quo, foi concedida de ofício pelo Magistrado de primeiro grau, sem
que houvesse requerimento da parte nesse sentido. 4. A definitividade da
decisão que antecipa liminarmente a tutela, na forma do artigo 273 do
CPC/1973, não enseja a presunção, pelo segurado, de que os valores
recebidos integram, em definitivo, o seu patrimônio. O pressuposto básico do
instituto é a reversibilidade da decisão judicial. Havendo perigo de
irreversibilidade, não há tutela antecipada, consoante artigo 273, § 2º, do
CPC/1973. 5. Quando o juiz antecipa a tutela, está anunciando que seu
decisum não é irreversível. Nos dizeres do Ministro Ari Pargendler, que
inaugurou a divergência no âmbito do julgamento do representativo da
controvérsia, mal sucedida a demanda, o autor da ação responde pelo que
recebeu indevidamente. O argumento de que ele confiou no Juiz, ignora o fato
de que a parte, no processo, está representada por advogado, o qual sabe que
a antecipação de tutela tem natureza precária. 6. Do texto legal contido no
artigo 115 da Lei 8.213/1991, apesar de não expressamente prevista norma de
desconto de valores recebidos a título de antecipação da tutela posteriormente
revogada, é possível admitir, com base no inciso II e, eventualmente, no inciso
VI, o ressarcimento pretendido. 7. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl
no REsp 1401560/MT, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/04/2016, DJe 02/05/2016) (Grifou-se)

Tratando-se de recurso julgado em regime repetitivo, impõe-se a


esta Corte render-se aos argumentos do Superior Tribunal de Justiça, entendendo
devido o ressarcimento dos valores recebidos por força de tutela antecipada
posteriormente revogada.

Ressalte-se, contudo, que tal interpretação deve ser observada com


temperamentos, impondo-se a devolução apenas nos casos em que a medida
antecipatória/liminar não tenha sido confirmada em sentença ou em
acórdão, porquanto nas demais situações, embora permaneça o caráter precário
do provimento, presente se fez uma cognição exauriente acerca das provas e do
direito postulado, o que concretiza a boa-fé objetiva do servidor.

Nesta linha de raciocínio, examinando os Embargos de


Divergência nº 1.086.154, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, em
sessão realizada em 20/11/2013, por maioria, deixou assentado que 'Não está
sujeito à repetição o valor correspondente a benefício previdenciário recebido
por determinação de sentença que, confirmada em segunda instância, vem a
ser reformada apenas no julgamento de recurso especial' (EREsp. 1.086.154-
RS - Min. Nancy Andrighi - D.J. 19/03/2014).

Sustenta a eminente Relatora que:

A dupla conformidade entre a sentença e o acórdão gera a estabilização da


decisão de primeira instância, de sorte que, de um lado, limita a possibilidade
de recurso do vencido, tornando estável a relação jurídica submetida a
julgamento; e, de outro, cria no vencedor a legítima expectativa de que é
titular do direito reconhecido na sentença e confirmado pelo Tribunal de
segunda instância.

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Essa expectativa legitima de titularidade do direito, advinda de ordem judicial


com força definitiva, é suficiente para caracterizar a boa-fé exigida de quem
recebe a verba de natureza alimentar posteriormente cassada, porque, no
mínimo, confia - e, de fato, deve confiar - no acerto do duplo julgamento.

(...) a ordem de restituição de tudo o que foi recebido, seguida à perda do


respectivo benefício, fere a dignidade da pessoa humana e abala a confiança
que se espera haver dos jurisdicionados nas decisões judiciais.

Conforme referido linhas acima, tenho que o mesmo raciocínio


deve ser conferido aos casos em que, embora não presente a dupla
conformidade, haja confirmação do direito em sentença ou concessão do objeto
almejado em acórdão, eis que examinada a prova e o direito em cognição
exauriente por magistrado.

Neste altura, importa referir que, se é dado ao homem médio criar


expectativa legítima (boa-fé objetiva) na irrepetibilidade de verba paga por
interpretação errônea, má aplicação da lei ou erro da Administração - matéria
reconhecida pela União por meio da edição da Súmula nº 34/AGU -, com muito
mais força se mostra presente a boa-fé objetiva nos casos em que o direito é
confirmado por um magistrado em cognição exauriente.

De outro lado, calha mencionar que não se está fazendo letra morta
ao art. 297, § único, ao art. 519 e ao art. 296, bem como ao art. 520, I e II, que
determinam a restituição ao estado anterior das partes em caso de reforma do
julgado que ensejou a percepção de tutela provisória e o cumprimento
provisório da sentença, respectivamente, porque tais dispositivos, embora
constitucionais, devem ser lidos em interpretação conforme a Constituição, não
maculando princípio fundamental da República, insculpido no art. 1º, III, da
CF/88, que é a dignidade da pessoa humana, menos ainda afrontando a
segurança jurídica consubstanciada na sedimentada jurisprudência que, por
anos, assentou a irrepetibilidade da verba alimentar.

Assim, sopesando todas as questões acima delineadas, tenho que a


melhor interpretação a ser conferida aos casos em que se discute a
(ir)repetibilidade da verba alimentar percebida por servidor civil deve ser a
seguinte:

a) deferida a liminar/tutela antecipada no curso do processo,


posteriormente não ratificada em sentença, forçoso é a devolução da verba
recebida precariamente;

b) deferida a liminar/tutela antecipada no curso do processo e


ratificada em sentença, ou deferida na própria sentença, tem-se por irrepetível
o montante percebido;

c) deferido o benefício em sede recursal, igualmente tem-se por


irrepetível a verba.

No caso dos autos, o executado, no período de julho de 2016 a


fevereiro de 2018 (evento 191 - FINANC5, 6, 7 E 8), percebeu remuneração
pela reintegração no serviço ativo do Exército, por força de tutela antecipada

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concedida por decisão interlocutória revogada em sentença, cuja improcedência


foi mantida pelo TRF da 4ª Região, de modo que o montante recebido afigura-se
repetível.

Nesse contexto, é de ser deferida a execução referente ao


ressarcimento de valores recebidos por força de tutela provisória de urgência
antecipada, posteriormente revogada.

Por derradeiro, sinale-se que não há como prosperar a tese


aventada pelo apelado no sentido de que seria inviável a devolução do
montante, face à inexistência de título executivo para a cobrança dos valores,
pois, considerando-se a reversibilidade inerente às tutelas provisórias e o
permissivo constante no art. 46 da Lei nº 8.112/90, tem-se que o procedimento
adotado pela Administração está de acordo com o arcabouço legislativo
incidente à espécie.

Dispositivo

ANTE O EXPOSTO, voto por dar provimento ao recurso de


apelação da União - Advocacia Geral da União.

Documento eletrônico assinado por VÂNIA HACK DE ALMEIDA, na forma do artigo 1º, inciso III,
da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A
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EMENTA

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL.


MILITAR.VALORES RECEBIDOS POR FORÇA DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE
REVOGADA. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO Nº
1.401.560. INTERPRETAÇÃO COM TEMPERAMENTOS.
TUTELA ANTECIPADA REVOGADA PELA
SENTENÇA. REPETIBILIDADE.

1. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº


1.401.560, efetuado em regime de recurso repetitivo, entendeu possível a
repetição de valores recebidos do erário no influxo dos efeitos de antecipação de
tutela posteriormente revogada, em face da precariedade da decisão judicial que
a justifica, sob pena de caracterização de enriquecimento ilícito, ainda que se
trate de verba alimentar e esteja caracterizada a boa-fé subjetiva.

2. A interpretação do repetitivo deve ser observada com


temperamentos, impondo-se a devolução apenas nos casos em que a medida
antecipatória/liminar não tenha sido confirmada em sentença ou em acórdão,
porquanto nas demais situações, embora permaneça o caráter precário do
provimento, presente se fez uma cognição exauriente acerca das provas e do
direito postulado, o que concretiza a boa-fé objetiva do servidor.

3. Neste contexto, a melhor interpretação a ser conferida aos casos


em que se discute a (ir)repetibilidade da verba alimentar de servidor público,
deve ser a seguinte: a) deferida a liminar/tutela antecipada no curso do processo,
posteriormente não ratificada em sentença, forçoso é a devolução da verba
recebida precariamente; b) deferida a liminar/tutela antecipada no curso do
processo e ratificada em sentença, ou deferida na própria sentença, tem-se por
irrepetível o montante percebido; c) deferido o benefício em sede recursal,
igualmente tem-se por irrepetível a verba.

4. N caso, deferida a liminar/tutela antecipada no curso do


processo, posteriormente não ratificada em sentença, forçoso é a devolução da
verba recebida precariamente.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima


indicadas, a Egrégia 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
decidiu, por unanimidade, dar provimento ao recurso de apelação da União -
Advocacia Geral da União, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento
que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 09 de março de 2021.

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Documento eletrônico assinado por VÂNIA HACK DE ALMEIDA, na forma do artigo 1º, inciso III,
da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A
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Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

EXTRATO DE ATA DA SESSÃO VIRTUAL DE 01/03/2021


A 09/03/2021

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5002985-77.2016.4.04.7102/RS


RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL VÂNIA HACK DE ALMEIDA
PRESIDENTE: DESEMBARGADORA FEDERAL VÂNIA HACK DE ALMEIDA
PROCURADOR(A): CÍCERO AUGUSTO PUJOL CORRÊA
APELANTE: ROGERVAN RAI AGNE BERNARDES (AUTOR)
ADVOGADO: JULIANE MULLER KORB (OAB RS082050)
APELADO: UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO (RÉU)

Certifico que este processo foi incluído na Pauta da Sessão Virtual, realizada no
período de 01/03/2021, às 00:00, a 09/03/2021, às 14:00, na sequência 806,
disponibilizada no DE de 18/02/2021.

Certifico que a 3ª Turma, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, proferiu a


seguinte decisão:
A 3ª TURMA DECIDIU, POR UNANIMIDADE, DAR PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO DA UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO.

RELATORA DO ACÓRDÃO: DESEMBARGADORA FEDERAL VÂNIA HACK DE ALMEIDA


VOTANTE: DESEMBARGADORA FEDERAL VÂNIA HACK DE ALMEIDA
VOTANTE: DESEMBARGADORA FEDERAL MARGA INGE BARTH TESSLER
VOTANTE: DESEMBARGADOR FEDERAL ROGERIO FAVRETO
MÁRCIA CRISTINA ABBUD
Secretária

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Conferência de autenticidade emitida em 27/04/2021 15:28:22.

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