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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Quarta Câmara Cível
5ª Av. do CAB, nº 560 - Centro - CEP: 41745971 - Salvador/BA

Classe : Apelação n.º 0001212-74.1995.8.05.0080


Foro de Origem : Feira De Santana
Órgão : Quarta Câmara Cível
Relatora : Desª. Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi
Apelante : Desenbahia - Agência de Fomento do Estado da Bahia S/A
Apelado : Ariston Oliveira Gordiano

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE


TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PARTES. NEGLIGÊNCIA.
INTIMAÇÃO PESSOAL. INOCORRÊNCIA. ART. 485,
§1º, CPC. DESCUMPRIMENTO. SENTENÇA
EXTINTIVA. ANULAÇÃO. ART. 1013, §3º, CPC.
INCIDÊNCIA. JULGAMENTO. MÉRITO.
PRESCRIÇÃO EXECUTIVA. CONSTATAÇÃO.
PROCESSO. EXTINÇÃO.
I – A teor do disposto no parágrafo 1º do artigo 485 do
Código de Processo Civil, a extinção do processo, com
fundamento nos incisos II e III do mesmo dispositivo,
pressupõe a intimação pessoal da parte a quem incumbe
adotar a diligência.
II – Evidenciado que o Juízo "a quo" extinguiu o feito, sem
resolução do mérito, contrariando a determinação do
Código de Ritos, imperiosa é a anulação da sentença, por
error in procedendo.
III – De acordo com o artigo 1.013, § 3º, do Código de
Processo Civil, estando o feito em condições de imediato
julgamento, deve o Tribunal decidir desde logo o mérito.
IV – Ocorrido o vencimento da dívida quando em vigor o
CC/16, impõe-se a observância da regra de transição
prevista no artigo 2.028 da novel legislação, devendo ser
aplicado o prazo prescricional estabelecido na lei atual, já
que transcorrida menos da metade do prazo vintenário
previsto para a espécie pela legislação anterior.
V – Decorridos mais de cinco anos desde a entrada em
vigor do Código Civil de 2002, sem a interrupção do prazo
prescricional pela citação do executado, por culpa exclusiva
do credor, impositiva é a extinção do processo, com
resolução do mérito, nos termos do artigo 487, II, do
Código de Processo Civil.
RECURSO PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.
PROCESSO EXTINTO, COM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO.

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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação
n.º 0001212-74.1995.8.05.0080, de Feira de Santana, em que figuram
como Apelante a DESENBAHIA – AGÊNCIA DE FOMENTO DO
ESTADO DA BAHIA e como Apelado ARISTON OLIVEIRA
GORDIANO,

ACORDAM os Senhores Desembargadores


componentes da Turma Julgadora da Quarta Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO
AO RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA E JULGAR
PRESCRITA A PRETENSÃO EXECUTIVA, PARA EXTINGUIR O
PROCESSO, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, pelas razões que
integram o voto condutor.

Sala das Sessões, 17 de Março de 2020.

PRESIDENTE

HELOÍSA Pinto de Freitas Vieira GRADDI


RELATORA

PROCURADOR(A) DE JUSTIÇA

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O BANEB (Banco do Estado da Bahia S/A) ajuizou


execução de título extrajudicial contra ARISTON OLIVEIRA
GORDIANO, em 08/11/1995, objetivando a cobrança de crédito
decorrente de nota de crédito comercial, processo com trâmite,
inicialmente na Vara da Fazenda Pública de Feira de Santana, tombado sob
o nº 0001212-74.1995.8.05.0001.

A citação foi determinada em 09/11/1995 (fl. 16).

Através da petição de fl. 26, o Exequente afirmou que


o requerido pretendia mudar-se da cidade, sem antes honrar seus
compromissos. Reiterou o pedido de antecipação da tutela, como forma de
evitar o iminente prejuízo.

O juízo singular, em 01/02/1996, determinou, por mais


uma vez, a citação do devedor, bem como a expedição de ofícios ao
Cartório de Registro de Imóveis para impedir a venda do imóvel.

O Cartório de Imóveis foi oficiado em 20/03/1996 (fl.


33).

Tentada a citação, o Oficial de Justiça certificou que o


Executado não mais residia no endereço informado (fl. 37).

Na oportunidade, fora lavrado auto de arresto do


imóvel indicado na inicial (fl. 38).

À fl. 44, o Exequente requereu o desligamento da linha


telefônica de titularidade do devedor, o que foi indeferido pelo magistrado.

Intimado a dar andamento ao feito, o BANEB requereu


expedição de ofício ao Cartório do 1º Ofício do Registro de Imóveis (fl.
51).

Cumprida a diligência, foi informada a necessidade de


complementação dos dados apresentados ao Cartório, para fins de
convolação do arresto do imóvel em penhora (fl. 55).

Às fls. 84/85, o Desenbanco (atual Desenbahia), na


qualidade de substituto processual do BANEB, requereu a expedição de
ofícios ao DETRAN, Receita Federal e Banco Central do Brasil, a fim de
encontrar bens do executado. Também requereu o registro da penhora do

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imóvel descrito no Autor de Arresto de fl. 38.

À fl. 91, o requerimento foi deferido, sendo


determinada a citação do devedor por Edital.

Às fls. 107/109, o magistrado, verificando a mundança


no polo ativo da execução, declarou-se incompetente para apreciação e
julgamento do processo, determinando a sua redistribuição a uma das
Varas Cíveis da Comarca de Feira de Santana.

Redistribuído o feito, o processo permaneceu sem


qualquer impulso oficial, pelo que a Exequente requereu o prosseguimento
do feito, com o cumprimento do despacho que determinou o registro da
penhora sobre o imóvel arrestado (fl. 162).

À fl. 163, o Juízo da 5ª Vara Cível e Comercial de


Feira de Santana chamou o feito à ordem, conferindo o prazo de 10 (dez)
dias para que o Exequente apresentasse planilha atualizada do débito e
requeresse diligências hábeis à satisfação do seu crédito, sob pena de
extinção.

À fl. 166, o Exequente requereu a dilação do prazo de


dez dias, para apresentação de planilha de débito atualizada.

A sentença de fl. 167 julgou extinto o processo sem


resolução de mérito, com fulcro no inciso III do artigo 485 do Código de
Processo Civil, considerando a negligência da Exequente no
prosseguimento do feito.

Irresignada, a Exequente interpõe recurso de apelação


(fls. 169/174) contra a sentença extintiva, requerendo a sua anulação para
que o feito seja retomado regularmente do ponto em que parou.

Não foram apresentadas contrarrazões, vez que o


Executado sequer integrou a lide.

É o Relatório.

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VOTO
Submete-se ao exame desta Corte a pretensão do
Apelante de desconstituir a sentença que extinguiu o processo, sem
resolução do mérito, sob a alegação de inércia da parte.

Presentes as condições de admissibilidade do recurso,


dele conheço e passo a expor minhas razões.

A sentença extinguiu o processo invocando a


negligência das partes, com base no artigo 485, inciso II, do Código de
Processo Civil, sem observar corretamente, contudo, a regra do parágrafo
1º do dispositivo mencionado.

Dessa forma, o magistrado a quo entendeu que havia o


desinteresse da Exequente e, sem proceder à sua intimação pessoal,
sentenciou o processo decretando a sua extinção, incorrendo em error in
procedendo na aplicação do dispositivo, in litteris:

“Art. 485. (…) § 1º Nas hipóteses descritas nos incisos


II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir
a falta no prazo de 5 (cinco) dias.”

Destarte, a intimação pessoal da parte, exigida


textualmente pelo Código de Processo Civil, pretende evitar a extinção do
processo nos casos em que a negligência e o desinteresse na marcha
processual não são da parte, e sim do seu advogado.

Portanto, para a extinção do feito por inércia, é


necessário que seja evidenciado o ânimo da parte em abandonar os autos,
negando-se a realizar as providências que lhe cabem, ocasionando, dessa
forma, a injustificada paralisação do trâmite do processo.

A Jurisprudência, inclusive desta Corte de Justiça, tem


linha intelectiva que respalda esse entendimento.

Confiram-se:

"PROCESSUAL CIVIL. EXTINÇÃO DO PROCESSO


POR NEGLIGÊNCIA DAS PARTES. NECESSIDADE
DE INTIMAÇÃO PESSOAL. ART. 267, INCISO II E §
1º, DO CPC.
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1. Conforme o disposto no art. 267, inciso II, e § 1º, do


CPC, extingui-se o processo, sem resolução de mérito,
quando ficar parado por mais de um ano por negligência
das partes. Contudo, a intimação só ocorrerá se, intimada
pessoalmente, a parte não suprir a falta em 48 horas.
2. O art. 267, § 1º, do CPC é norma cogente ou seja, é
dever do magistrado, primeiramente, intimar a parte
para cumprir a diligência que lhe compete, e só então,
no caso de não cumprimento, extinguir o processo. A
intimação pessoal deve ocorrer na pessoa do autor, a
fim de que a parte não seja surpreendida pela desídia
do advogado.
3. Caso em que além da ausência de intimação pessoal
houve manifestação da parte autora para prosseguimento do
feito. A permanência dos autos em carga com a exequente
não é causa obstativa da intimação, pois há meios para sua
realização. Recurso especial provido." (realcei)
(STJ, REsp 1463974/PR, Relator Ministro HUMBERTO
MARTINS, julgamento: 11/11/2014, publicação: DJe
21/11/2014)

"RECURSO DE APELAÇÃO. SENTENÇA QUE


EXTINGUIU O FEITO SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO
AUTOR, ORA APELANTE, PARA MANIFESTAR
INTERESSE NO PROSSEGUIMENTO DO FEITO.
Para extinguir o processo com base no artigo 485, inciso
III, do Código de Processo Civil, é necessária a
intimação pessoal do autor para dar andamento ao
feito, exigência que, no caso dos autos, não foi
devidamente cumprida, pois não se providenciou a
intimação pessoal da demandante, ora recorrente.
PROVIMENTO DO RECURSO. SENTENÇA
ANULADA. Remessa dos autos ao juízo de origem para
normal prosseguimento." (grifei)
(TJBA, Classe: Apelação, Número do Processo:
0011350-84.2011.8.05.0001, Relator(a): Ilona Márcia Reis,
Quinta Câmara Cível, Publicado em: 18/07/2018)

"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ART. 485, INCISO III CPC.
NÃO CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA ANULADA.
RECURSO PROVIDO.
1. O abandono da causa pelo autor pressupõe a
demonstração inequívoca do ânimo de renunciar ao
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processo, ante a inércia manifestada, quando, intimado


pessoalmente, permanece silente ao intento de prosseguir
no feito.
2. A extinção do processo nos termos do art. 485, III do
CPC, como fundamentado pelo sentenciante, deve ser
obrigatoriamente precedida da intimação pessoal do
demandante, o que não houve. RECURSO PROVIDO.
SENTENÇA ANULADA." (destaquei)
(TJBA, Classe: Apelação, Número do Processo:
0000706-48.2010.8.05.0250, Relator(a): Moacyr Montenegro
Souto, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 17/07/2018)

Pelas razões expostas, induvidoso que o processo não


poderia ter sido extinto antes de cumprida a determinação do parágrafo 1º
do artigo 485 do CPC.

Por fim, não se fale que o procedimento adotado pelo


juízo precedente coaduna-se com a eficiência e não acarretou prejuízo à
parte autora, uma vez que a necessidade da intimação pessoal é imposição
do próprio Código de Ritos para resguardar o efetivo interesse da parte na
manutenção do processo e, após a interposição do recurso de apelação, não
houve qualquer juízo de retratação nos autos.

Em sendo assim, patenteada a inobservância do


necessário procedimento estabelecido pelo Código de Ritos, imperiosa é
anulação da sentença.

Contudo, estando o feito em condições de imediato


julgamento, passo a apreciar o mérito originário, em respeito ao
princípio da primazia do mérito, nos termos do artigo 1.013, § 3º, I, do
Código de Processo Civil.

À época do ajuizamento da ação, que ocorreu em


08/11/1995, vigia o Código Civil de 1916, que definia o prazo
prescricional de 20 (vinte) anos para as ações pessoais, aplicável, diante de
ausência de norma específica, às ações executivas de títulos extrajudiciais.
Confira-se:

"Art. 177. As ações pessoais prescrevem ordinariamente em


vinte anos, as reais em dez entre presentes e, entre ausentes,
em quinze, contados da data em que poderiam ter sido
propostas".

Naquele tempo, frise-se, também vigia a regra


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estampada no artigo 219 do Código de Processo Civil de 1973, que estatuía


que a interrupção da prescrição somente ocorreria com a citação válida do
devedor, ainda que retroagindo à data da propositura da ação, não
bastando, para tanto, o mero ajuizamento da demanda.

Assim, estava em curso o prazo prescricional da


pretensão da Apelante quando do advento do Código Civil de 2002, uma
vez que sua entrada em vigor deu-se em 11/01/2003, momento no qual a
citação do Executado, no caso analisado, ainda não havia se efetivado.

Sendo assim, deveria ser aplicada, na espécie, a regra


de transição prevista no artigo 2.028 do CC/02, que estabelece:

“Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando


reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em
vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada."

Considerando-se que entre a data de vencimento do


título (02/04/1995) e a entrada em vigor do Código Civil de 2002
(11/01/2003), transcorreram aproximadamente 8 (oito) anos, portanto,
menos da metade do prazo vintenário previsto para a espécie, é do Código
Civil de 2002 o prazo prescricional a ser observado no caso.

A jurisprudência nacional é uníssona neste sentido.


Confira-se:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE EXECUÇÃO CONTRA


DEVEDORES SOLVENTES POR TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL – SUSPENSÃO DO PROCESSO SINE
DIE – SENTENÇA RECONHECEU A PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE – POSSIBILIDADE – PRAZO
PRESCRICIONAL VINTENÁRIO REDUZIDO PARA
CINCO ANOS – REGRA DE TRANSIÇÃO –
INCIDÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL – TERMO
INICIAL A PARTIR DA SUA VIGÊNCIA – RECURSO
IMPROVIDO. 1. Com o advento do novo Código Civil, o
prazo prescricional para a cobrança de dívida constante de
instrumento público ou particular foi reduzido de vinte
(CC/16, art. 177) para cinco anos (CC/02, art. 206, § 5º,I).
Pela regra de transição, estabelecida no art. 2.028 do
CC/02, em se tratando de prazo em curso que ainda não
tenha atingido a metade do previsto na lei anterior, a
prescrição é regida pela novel legislação, cujo termo inicial

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é a data da sua entrada em vigor, ou seja, em 11.01.03. 2.


Decorridos mais de cinco anos sem qualquer manifestação
do exeqüente, a pretensão executiva é atingida pela
prescrição intercorrente.
(TJ-MS - APL: 00257937019968120001 MS
0025793-70.1996.8.12.0001, Relator: Des. Odemilson Roberto
Castro Fassa, Data de Julgamento: 28/07/2015, 4ª Câmara Cível,
Data de Publicação: 04/08/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. INSTRUMENTO PARTICULAR DE
CONFISSÃO DE DÍVIDA. PRAZO PRESCRICIONAL
VINTENÁRIO REDUZIDO PARA CINCO ANOS.
REGRA DE TRANSIÇÃO. INCIDÊNCIA DO NOVO
CÓDIGO CIVIL. TERMO INICIAL A PARTIR DA SUA
VIGÊNCIA. DECURSO DO PRAZO SEM
MANIFESTAÇÃO DO EXEQÜENTE. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. OCORRÊNCIA.
DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Com o advento do
novo Código Civil, o prazo prescricional para a cobrança de
dívida constante de instrumento público ou particular foi
reduzido de vinte (CC/16, art. 177) para cinco anos (CC/02,
art. 206, § 5º, I). 2. Pela regra de transição, estabelecida no
art. 2.028 do CC/02, em se tratando de prazo em curso que
ainda não tenha atingido a metade do previsto na lei
anterior, a prescrição é regida pela novel legislação, cujo
termo inicial é a data da sua entrada em vigor, ou seja, em
11.01.03. 3. Findo o prazo de suspensão do processo e
decorridos mais de cinco anos sem qualquer manifestação
do exeqüente, a pretensão executiva é atingida pela
prescrição intercorrente.
(TJ-PR - AC: 5509620 PR 0550962-0, Relator: Edgard
Fernando Barbosa, Data de Julgamento: 10/06/2009, 14ª Câmara
Cível, Data de Publicação: DJ: 182)

In casu, patenteada a aplicabilidade do prazo


prescricional quinquenal, previsto pelo Código Civil de 2002, à relação
material debatida nos autos, o início do seu cômputo transfere-se à data de
entrada em vigor da novel legislação, pelo que se conclui que a prescrição
se consumaria em 11/01/2008, desde que não vislumbrada a ocorrência de
qualquer evento suspensivo ou interruptivo do prazo prescricional.

No caso dos autos, até a prolação da sentença extintiva,


em 07/07/2016, não operou-se a citação válida do devedor, mesmo após

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diversas tentativas diligenciadas pela serventia.

Resta caracterizada, desta forma, a prescrição da


pretensão executiva, porque ultrapassado o prazo previsto no inciso I, do
§5º, do artigo 206 do Código Civil/2002, sendo impositiva a extinção do
processo, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, II, do Código
de Processo Civil.

Nestes termos, DOU PROVIMENTO AO


RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA E RECONHECER
PRESCRITA A PRETENSÃO EXECUTIVA, PARA EXTINGUIR O
PROCESSO, COM FULCRO NO ARTIGO 487, II, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL.

É o voto.

Sala das Sessões, 17 de Março de 2020.

HELOÍSA Pinto de Freitas Vieira GRADDI


RELATORA

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