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AULA 4
Definição dos objetivos, tipos de avaliação e
qualidade
Módulo 2
Conceitos e métodos da avaliação
MÓDULO 2
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Programa de Apoio Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde
(PROADI-SUS)
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
Projeto de Institucionalização de Práticas Avaliativas: A Gestão Estratégica da
Vigilância Sanitária Baseada em Evidências
Curso Introdutório de Avaliação em Saúde com Foco em Vigilância Sanitária
EQUIPE TÉCNICA
Equipe Técnica do Projeto – Conteúdo e Texto
Ana Coelho de Albuquerque
Bruno Lopes Zanetta
Danila Augusta Accioly Varella Barca
Denise Ferreira Leite
Eronildo Felisberto
Gabriella de Almeida Raschke Medeiros
Isabella Chagas Samico
Luciana Santos Dubeux
Mônica Baeta Silveira Santos
Patrícia Fernanda Toledo Barbosa
Sumário
2. Tipos de avaliação 12
3. Tipos de avaliador 17
4. Qualidade em Saúde 18
Síntese da aula 26
Referências 27
Leitura Complementar 28
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Ementa da aula
Nesta aula serão apresentados os principais conceitos no campo da
avaliação em saúde, seus objetivos e classificações, os diferentes tipos
de estudos avaliativos e de avaliadores, e a avaliação da qualidade em
saúde e seus atributos.
Objetivos de aprendizagem
Introdução
O que é avaliação?
A priorização pelo tema da avaliação das ações de Vigilância Sanitária (Visa) insere-
se nesse contexto, uma vez que a Visa possui papel primordial no controle do risco à saúde,
dos problemas sanitários decorrentes do ambiente, da produção e circulação de bens e da
prestação de serviços do interesse da saúde. Dessa forma, o processo avaliativo possibilita
a construção de informações que possam embasar a tomada de decisões, mensurando a
efetividade e o impacto das ações, indicando os principais desafios a serem enfrentados e
as experiências exitosas, além de evidenciar as necessidades e os problemas de saúde de
uma determinada população. Além disso, o desenvolvimento de processos de
planejamento, monitoramento e avaliação permite o acompanhamento sistemático das
ações desenvolvidas e a incorporação dos resultados aos processos de trabalho da Visa,
impactando diretamente a ampliação do acesso e o aumento da segurança e controle da
qualidade de produtos e serviços.
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Outras definições correntes de avaliação que vamos incluir aqui, pois você
certamente encontrará algumas delas nas suas leituras, são as seguintes: um processo de
determinação do custo, mérito ou valor de algo ou do produto desse processo3; sistemática
de valoração das operações e/ou dos resultados de um programa ou política, comparado
com uma série explícita ou implícita de padrões, visando contribuir para a melhoria do
programa ou política4; atividade da ciência social direcionada a coletar, analisar, interpretar
e comunicar informações sobre o funcionamento e a efetividade de programas sociais5;
fazer julgamentos sobre os programas e/ou subsidiar o processo de tomada de decisões
sobre futuras programações6.
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A seguir, serão apresentados alguns tipos de objetivo que, embora não tenha caráter
• ampliar os conhecimentos;
• atrasar uma decisão; • ampliar seu prestígio e poder;
• legitimar uma decisão já tomada; • obter uma promoção;
• ampliar seu poder e o controle que eles • promover uma ideia que lhes é cara.
exercem sobre a intervenção;
• satisfazer as exigências dos organismos
de financiamento.
2. Tipos de avaliação
Uma intervenção de qualquer natureza poderá sofrer dois tipos de avaliação: a
avaliação normativa e a pesquisa avaliativa. Veja a seguir os diferentes procedimentos
dessas avaliações:
Avaliação normativa
É uma atividade que consiste em fazer um julgamento sobre uma intervenção,
comparando os recursos empregados e sua organização (estrutura), os serviços ou os
bens produzidos (processo) e os resultados obtidos com critérios e normas.
Situação
problemática
Contexto
Existe forte relação entre o respeito aos critérios e normas escolhidas e os efeitos reais
da intervenção.
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Apreciação da estrutura
Apreciação do processo
Pesquisa avaliativa
Um procedimento que consiste em fazer um julgamento de uma intervenção
usando métodos científicos. Mais precisamente, trata-se de analisar a pertinência –
análise estratégica; os fundamentos teóricos – análise lógica; a relação entre recursos e
serviços (produtividade) – análise da produção; os efeitos da intervenção – análise dos
efeitos; a relação entre a utilização dos recursos e os efeitos – análise de rendimento; e
as relações entre a intervenção e o contexto – análise de implantação, com o objetivo de
auxiliar na tomada de decisões. Fazer pesquisa avaliativa sobre uma intervenção
consistirá, portanto, em fazer uma ou várias dessas análises, recorrer a diversas
estratégias de pesquisa, além de considerar as perspectivas dos diferentes atores
envolvidos na intervenção.
◼ Análise lógica
◼ Análise da implantação
Contexto
Análise da produtividade (ou da produção): analisa o modo como os recursos são usados
para produzir serviços. Pode ser medida em unidades físicas (produtividade física) ou em
unidades monetárias (produtividade econômica).
Análise dos efeitos: avalia a influência dos serviços (ou das atividades) sobre os estados de
saúde. Também é conhecida como Análise da efetividade/eficácia.
Análise do rendimento: relaciona a análise dos recursos com os efeitos obtidos. Também é
conhecida como Análise da eficiência. Trata-se de uma combinação da análise da
produtividade econômica e da análise dos efeitos. Faz-se geralmente com a ajuda de análises
custo/benefício, custo/eficácia, custo/efetividade ou custo/utilidade.
Análise da implantação: consiste em medir a influência que o contexto pode ter na variação
do grau de implantação da intervenção, ou a variação no grau de implantação de uma
intervenção nos seus efeitos e em apreciar a influência do ambiente nos efeitos da intervenção.
Essa análise é pertinente quando resultados diferentes decorrem de várias intervenções
semelhantes realizadas em contextos diferentes. Pergunta-se, então, se essa variabilidade de
resultados pode ser explicada por diferenças existentes nos contextos.
3. Tipos de avaliador
Não só os tipos de avaliação variam, como os avaliadores também podem ser
distintos, ou seja, podem ter diferentes papeis na avaliação. Os avaliadores podem ser
internos, externos ou ambos em relação ao objeto.
A escolha de um ou de outro deve ser tomada a fim de melhor realizar os objetivos
pretendidos para avaliação: se somativo ou formativo.
4. Qualidade em Saúde
4.1 Atributos da qualidade em saúde
A ideia de qualidade está presente em todos os tipos de avaliação que tem como
característica principal a atribuição do juízo de valor8. Contudo, é necessário enfatizar que o
conceito de qualidade é relativo e complexo, o que pode suscitar interpretações distintas. A
compreensão de seu significado varia de acordo com o contexto histórico, político,
econômico e cultural de cada sociedade, além de depender dos conhecimentos científicos
acumulados. Dessa forma, a qualidade em saúde deve ser analisada considerando-se as
complexidades do sistema de saúde e da sociedade, que estão em constante evolução.
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”
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Modelo Sistêmico
Apesar de já termos afirmado que esse modelo vem sendo amplamente utilizado
para avaliar a qualidade de programas e serviços de saúde, ressalta-se que este sofreu
diversas críticas ao longo dos anos. O próprio Donabedian21 reconheceu suas limitações e
recomendou que a melhor estratégia para a avaliação da qualidade requer a seleção de
indicadores representativos, tanto de estrutura quanto de processo e também de resultado.
Silva e Formigli22 citam como principais limitações do modelo de Donabedian as
inconsistências decorrentes da concepção sistêmica para a análise do real. Muitas vezes
esse modelo homogeneíza fenômenos de natureza distinta, como recursos humanos e
materiais que são considerados como estrutura. Também supõe existência de ordem,
harmonia e direcionalidade numa relação funcional, que na prática dos serviços não existe,
visto que pode haver situações nas quais a estrutura não influencia necessariamente no
processo e este nem sempre guarda relação com os resultados.
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Pilares da Qualidade
Adequação/
Acesso cobertura
Aceitação Legitimidade
Remoção de Suprimento de Fornecimento de Grau de
obstáculos à número suficiente serviços de acordo aceitabilidade dos
utilização dos de serviços em com as normas serviços ofertados
serviços relação às culturais, sociais e por parte da
disponíveis. necessidades e à expectativas dos comunidade ou da
Relação entre os demanda. Mede a usuários e seus sociedade como um
recursos de poder proporção da familiares. todo.
dos usuários e os população que se
obstáculos beneficia do
colocados pelos programa.
serviços de saúde.
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Otimização Técnico-científica
Máximo cuidado efetivo Aplicação das ações de acordo
obtido pelo programa. Uma com o conhecimento e a
vez atingido determinado tecnologia disponível.
estágio de efetividade do
cuidado, melhorias
adicionais seriam pequenas
diante da elevação dos
custos.
Síntese da aula
Referências
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processo de implementação de uma política de avaliação para a atenção básica. [2009?].
Mimeografado.
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Thousand Oaks: Sage Publications; 2004.
6. Vieira-da-Silva LM. Conceitos, abordagens e estratégias para avaliação em saúde. In: Hartz ZMA,
Vieira-da-Silva LM. Avaliação em saúde: dos modelos teóricos à prática na avaliação de Programas e
Sistemas de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz; Salvador: EDUFBA; 2005. p. 15-39.
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Machado MH, organizadores. Planejamento criativo: novos desafios em políticas de saúde. Rio de
Janeiro: Relume-Dumará; 1992. p. 195-210.
Leitura Complementar
Samico I, Felisberto E, Figueiró AC, Frias PG. Avaliação em Saúde: bases conceituais e
operacionais. Rio de Janeiro: Medbook; 2010. 196 p.