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Universidade Católica de Pernambuco

Escola de Educação d Humanidades


Bacharelado em Teologia
Mariologia
Marcelo Manoel dos Santos

2º GQ – 1ª e 2ª Chamadas
Mariologia

1ª Questão (Pontuação: 2,5): O teólogo Hans Urs von


Balthasar na obra Maria para hoje, publicada no Brasil pela Ed. Paulus, na pág. 26, diz:
“Como virgem, Maria deu à luz o tempo final, com o seu Filho, pois ela é a essência
mais profunda de Israel”. Disserte sobre a relação tipológica entre Maria (entendida
como a Filha de Sião) e Israel.

R – Maria pode ser identificada na tipologia como Filha de Israel porque ela, como
participante da fé seu povo, teve a mesma esperança no Messias prometido. Como a
Israel inteira esperava a libertação do seu povo, assim também Maria aguardou cheia
de esperança a chegada desse dia. Ela é a figura do povo eleito, portadora da
promessa que se realizou na plenitude dos tempos. É como uma representante do
povo que, no último momento duma etapa deste, recebe o legado dos antepassados e
inaugura nova fase onde ela é ao mesmo tempo tipo dos que esperavam e modelo dos
que receberam a fé.

2ª Questão (Pontuação: 2,5): Na mesma obra, o supracitado teólogo na pág. 39 afirma:


“Com efeito, como afirma Santo Agostinho, ela concebeu o Filho do Pai ‘com o seu
espírito, em primeiro lugar, e somente depois com o seu corpo’. Por isso mesmo, ela
deu à luz, à Igreja e ao mundo, ‘primeiramente em seu espírito, e em seguida com o
seu corpo’”. A partir deste dado e à luz da Marialis cultus e/ou da Redemptoris mater,
pergunto: é possível fazer uma relação axiológica entre Maria e a Igreja? Em caso
positivo, argumente.

R - A profunda ligação entre Maria e a Igreja permite-nos fazer relação axiológica entre
ambas. Maria foi mulher sempre solícita às necessidades do próximo, como por
ocasião de sua visita à Isabel (cf. Lc 1,39-45) onde levou paz e alegria, e também no
episódio das bodas de Caná (cf. Jo 2,1-11), quando Ela percebeu que algo não ia bem
e intercedeu junto ao Filho. Outros dois momentos de grande significado para a relação
Maria-Igreja é a Mãe de Deus junto à cruz, e com os discípulos no Pentecostes. Tendo
Maria como exemplo, “a ação da Igreja no mundo é como que um prolongamento da
solicitude de Maria” (Marialis Cultus, 28). É dever da Igreja ter em seu seio essa
preocupação que brota do íntimo. Sem tal preocupação, isto é, sem esse algo de
marianamente materno, perde-se muito em profundidade, e o tríplice múnus da Mãe
Igreja para com o mundo corre o risco de se tornar um mero “fazer as coisas”
mecanicamente e sem espírito (ou mesmo não fazer), como uma mãe má que não ama
verdadeiramente seus filhos.
3ª Questão (Pontuação: 5,0): Na página 72, Von Balthasar diz: “Aquele a quem ela deu
à luz foi-lhe arrancado: Ele vem de Deus e a Deus pertence. Ela permanece no
deserto. Mas permanece aquilo que foi e será eternamente: a Mãe. E que filho – ainda
que seja Deus – esqueceria o papel de sua mãe, e sua postura diante dela?”. A frase
ressalta a importância da maternidade divina que é, salvaguardando a importância de
toda declaração dogmática, o dogma mais importante do ponto de vista da reflexão
mariológica/cristológica. Assim sendo, disserte sobre os quatro dogmas marianos
tendo o de Éfeso como referência.

R – O dogma central da mariologia é, sem dúvida, o da maternidade divina. O fato de


Maria ser Mãe de Deus envolve toda a sua pessoa e o querer divino quanto a ela.
Deus quis um nascimento carnal especialíssimo para seu Filho unigênito; por isso,
preparou-Lhe um receptáculo – ou melhor, uma mãe – digníssimo, sem mancha nem
ruga alguma do pecado. O dogma da Imaculada Conceição, assim, só pode ser visto
como uma preparação, um arrumar uma tenda para Deus habitar; e essa tenda deveria
ser assim por causa da função (a de mãe) que realizaria e mais ainda por causa de
quem realizaria tal função. Tanto empenho e zelo da parte de Deus em preparar uma
digna morada para a natureza humana do Filho não podia deixar de ser realçada para
sua maior glória; que sentido teria arrumar sobremaneira uma casa para depois deixa-
la sujar-se ou empoeirar-se? Ou que graça teria em deixar perder na casa que Deus
preparou para o Filho aquele divino brilho de coisa sempre nova que faz constante
memória do primeiro encontro? A permanência do brilho dignifica e realça ainda mais a
função de casa tão especial. Assim, a Virgindade de Maria realça sua Maternidade, e
preserva no depois o caráter de pureza profunda da conceição imaculada que estava
nela antes da Encarnação do Verbo. Por fim, Deus viu que sua obra era muito boa e a
elevou para junto de si, e a colocou como um tipo de promessa para todos aqueles que
seguem seu Filho. A casa, humilde, predisposta a acolher com dignidade o Filho e
dando tudo de si a ele, terá casa na morada do Altíssimo. Por ter recebido com excelsa
hospitalidade tão ilustre hospede encaminhado por um Rei tão cuidadoso, este mesmo
Rei, premia a habitação fazendo-a habitar eternamente nele. A Assunção de Maria
coroa a Maternidade a qual, bem exercida, alcançou participação na glória eterna de
Deus.

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