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A verdade está no mundo real e a

busca pela felicidade: Aristóteles


e o Helenismo
FILOSOFIA – MÓDULO 04 (Parte I)
PROF. MESSIAS CARDOZO
ARISTÓTELES: IMPORTÂNCIA
DA REALIDADE SENSORIAL
• Para se conhecer Aristóteles, é necessário antes compreender a filosofia
platônica.
• Isso porque muito da filosofia aristotélica se apresenta como uma crítica à
posição filosófica de Platão.
• Aristóteles, ao contrário, volta-se diretamente para os fenômenos da
natureza, para aquilo que pode ser experimentado, com o objetivo de
conhecer as coisas e o mundo por meio da observação empírica.
• Porém, a diferença mais importante entre os dois pensadores é a rejeição de
Aristóteles ao dualismo platônico expresso nas realidades sensível (real) e inteligível
(ideal).
• Aristóteles aponta as dificuldades de se estabelecer as relações existentes entre o
inteligível e o sensível.
• Aristóteles afirma que aquilo que Platão chama de ideia inteligível, que estaria na
origem de todos os seres – como a ideia de beleza –, não passa de uma característica
dos próprios seres.
• Ou seja, é apenas uma qualidade, não existindo, portanto, uma ideia de beleza
separada dos seres reais.
A METAFÍSICA
• Na filosofia aristotélica, chamamos essa investigação de filosofia primeira.
• A filosofia primeira ou metafísica é o mais alto grau de conhecimento que o
ser humano pode alcançar sobre o mundo e o ser.
• A filosofia primeira, ou metafísica, é a mais difícil e a mais ampla de todas as
ciências.
• Na metafísica, a busca se concentra nas coisas que estão mais distantes das
sensações, ou seja, nas essências.
• As essências que, apesar de estarem nas próprias coisas, só podem ser
concebidas enquanto ideias ou conceitos dos seres.
• É precisamente a Ciência (epistemê) que se ocupa das realidades que estão
acima das realidades físicas.
• Dessa forma, a filosofia aristotélica busca o conhecimento daquilo que está
além do mundo empírico, uma realidade metaempírica.
• Realidade esta que não é o mundo das ideias platônico.
ARISTÓTELES, O PAI DA LÓGICA
• Aristóteles buscou compreender como o ser humano pode alcançar o conhecimento
verdadeiro.
• Para o filósofo, se o conhecimento é fruto do pensamento, deve-se, na sua constituição,
seguir regras lógicas que garantam a verdade do conhecimento encontrado.
• O juízo alcançado é fruto de um encadeamento de ideias segundo um método
constituído por etapas devidamente dispostas.
• Caso haja algum erro no percurso da construção do juízo, a conclusão será necessariamente
incorreta.
• A Lógica nos possibilita avaliar a disposição das ideias em argumentos.
TIPOS DE ARGUMENTOS
• Aristóteles afirma que o ser humano produz conhecimento de duas formas, por
meio da indução ou pela dedução.
• Indução: é o processo de raciocínio pelo qual se parte de experiências particulares
para alcançar uma conclusão geral. Para Aristóteles, era necessário experimentar
cada ser para encontrar as características comuns a todos eles.
• PARTICULAR = GERAL.
• Exemplo: pesquisas eleitorais (Exemplo: 75% dos entrevistados declararam que
vão votar no candidato X. Logo, o candidato X vencerá as eleições).
• A indução pode ser considerada uma analogia quando, ao invés de se
experimentar várias situações particulares, considera-se apenas um caso
particular, sendo sua conclusão também particular. Na analogia, o que ocorre
é na verdade uma comparação entre um ser particular com outro também
particular.
• Exemplo: Maria disse que comprou na loja X e gostou. Logo, se eu comprar
na mesma loja, também vou gostar.
• INDUÇÃO ANALÓGICA: PARTICULAR = PARTICULAR.
• Dedução: é o processo de raciocínio que acontece unicamente a partir do
pensamento, sem o uso de experiências para se alcançar a conclusão.
• Na dedução (ou silogismo), tem-se uma premissa (denominada maior),
dizendo respeito a um conjunto dos seres, em uma perspectiva geral.
• A seguir, temos uma premissa (denominada menor) que pode se referir a
esse conjunto de seres tanto em uma perspectiva geral quanto particular.
• Por fim, alcança-se uma conclusão particular ou geral acerca do
conjunto referido.
MATÉRIA E FORMA
• • Matéria: segundo o estagirita, é a matéria que compõe o mundo físico, aquilo de
que uma coisa é constituída.
• É o princípio de individualização do ser. A matéria é aquilo que é perceptível aos
nossos sentidos e contém a potência (possibilidade) de o ser se transformar em
outra coisa. Em si, é indeterminada, pois pode receber a forma de uma coisa ou
outra. Por exemplo, a madeira é a matéria dos móveis de uma casa. A madeira
tem a possibilidade de se tornar uma cadeira, mas pode se transformar em outra
coisa, por isso dizemos que se refere a uma potência – poder ser ou não ser uma
coisa, após ter passado por uma transformação.
• • Forma: é a maneira de acordo com a qual a matéria de cada ser se individualiza e
se dispõe. É o que faz com que o ser seja aquilo que ele é. É a própria essência do
ser que lhe é intrínseca.
• O que faz com que o objeto de madeira seja cadeira é sua forma de cadeira (ato –
reatualização da matéria).
• Dessa maneira, a matéria contém as características particulares dos seres, enquanto a
forma é comum aos indivíduos da mesma espécie.
• As formas, na filosofia de Aristóteles, seriam as ideias de Platão. Porém, se para este
a ideia existe fora dos seres, para Aristóteles, as ideias são abstraídas dos próprios
seres por meio do pensamento indutivo.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
• SUBSTÂNCIA / NECESSIDADE

• ACIDENTE / CONTINGÊNCIA

• POTÊNCIA / MATÉRIA

• ATO / FORMA
A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS
• Causa material: é a matéria de que a coisa é feita.
• Causa formal: é a essência que constitui a coisa. É o princípio sem o qual a
coisa não seria o que é. É a forma ou modelo do ser.
• Causa eficiente: é aquela que realiza a transformação de potência em ato. É
o ser que age sobre a potência imprimindo nela o ato. É o agente da
transformação.
• Causa final: é o objetivo, o porquê da coisa, a sua finalidade.
ÉTICA: A MEDIANIA OU JUSTA
MEDIDA
• Para o filósofo, todas as ações humanas têm um fim que devem alcançar, que seria o seu
“bem” último.
• Todas essas ações, em conjunto, tenderiam para o bem supremo humano, que é a felicidade.
• Por felicidade, Aristóteles entende a busca pelo aperfeiçoamento.
• Dessa forma, o ser humano precisa se tornar perfeito exatamente naquilo que o separa de
todos
• os outros seres, ou seja, na capacidade racional.
• A felicidade não seria a posse de bens materiais, nem o prazer do gozo desmedido, nem a
honra diante das pessoas.
AS VIRTUDES ÉTICAS
• As virtudes são a forma pela qual a razão impõe sua determinação aos apetites e instintos,
dominando-os.
• Para Aristóteles, o termo “virtudes” se refere à “justa medida” ou “mediania”, que seria a
medida intermediária entre o excesso e a falta.
• Por exemplo, o sentimento original é o prazer, seu excesso é a libertinagem, sua falta é a
insensibilidade, sua mediania é a temperança.
• Honra: seu excesso é a vulgaridade, sua falta é a vileza, sua virtude é o respeito próprio.
• Generosidade: seu excesso é a prodigalidade, sua falta é a avareza, e sua virtude é a
liberalidade.
A CIDADE E O CIDADÃO: A POLÍTICA

• Segundo Aristóteles, o ser humano é um “animal político”.


• Isso significa que as pessoas nasceram para viver em comunidade e não podem
encontrar a felicidade e se realizarem sem que convivam com as demais pessoas.
• Aristóteles afirma que o homem político, o cidadão da pólis, é aquele que participa
da vida política da cidade, que ocupa cargos na administração pública.
• Os escravos e estrangeiros, assim como os homens livres que não tinham tempo
para se dedicar à política, acabavam sendo meios para atingir a felicidade dos
verdadeiros cidadãos.
• Para Aristóteles, o Estado pode se organizar a partir do governo de um só homem, de vários
homens ou de todos os homens.
• Porém, seja qual for sua organização, o governo do Estado deve sempre garantir o bem
comum.
• Se assim não for, ele se torna corrupto, por considerar os anseios somente de alguns e não
os de todos.
• De acordo com o estagirita, as melhores formas de governo seriam, teoricamente, a
monarquia e a aristocracia.
• Porém, na prática a politía seria a mais adequada porque valorizaria o segmento médio.

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