Você está na página 1de 9

EISSN 1676-5133 doi:10.3900/fpj.1.3.29.

Efeitos da resistência muscular


localizada visando a autonomia funcional
e a qualidade de vida do idoso

Artigo Original

Jani Cléria Bezerra de Aragão Bernardo Henrique Alexander Dantas


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Acadêmico de Educação Física (UCB-RJ)
Universidade Castelo Branco/RJ Bolsista de Iniciação Científica (CNPq)
janicba@bol.com.br badantas@openlink.com.br
Estélio Henrique Martin Dantas
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da
Universidade Castelo Branco-RJ
Bolsista de Produtividade em Pesquisa (CNPq) 2A
estélio@ism.com.br

Aragão, J.C.B.; Dantas, E.H.M.; Dantas, B.H.A. Efeitos da resistência muscular localizada visando a autonomia funcional e a qua-
lidade de vida do idoso. Fitness & Performance Journal, v.1, n.3, p.29-37, 2002.

RESUMO: Os transtornos causados pela perda progressiva da autonomia refletem-se nos diversos domínios na vida do geronte, provocando conseqüências
como uma motricidade desequilibrada e precária. As manifestações à cerca da motricidade humana buscam melhorar a qualidade de vida dos indivíduos.
Baseando-se nestas informações, este estudo tem como objetivo investigar os efeitos da resistência muscular localizada (RML) dos membros inferiores, superiores
e coluna dorsal, visando a autonomia funcional no desempenho das atividades da vida diária (AVDs) e a qualidade de vida (QV), em indivíduos idosos. O grupo,
de características homogêneas, foi composto por 114 mulheres acima de 60 anos de idade, selecionadas aleatoriamente em centros de atividades para idosos,
da Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro. Esse grupo foi submetido a uma única sessão de testes e entrevista para mensurar as variáveis RML, AVDs e QV.
Na avaliação da RML, utilizou-se o tempo de execução dos Testes de Avaliação da Resistência Muscular Localizada (TARMLo): a. agachamento com pernas
alternadas; b. extensão estática do tronco; e c. extensão de braços modificada. Na avaliação das AVDs, foram utilizados os Testes de Avaliação Funcional nas
Atividades da Vida Diária (TAFAVDs) compostos por: caminhar 10 metros (C10M); “Time Up & Go Test” (TUG); levantar−se da posição sentada (LPS) e levan-
tar−se da posição decúbito ventral (LPDV); e o Questionário Senior de Atividades Físicas (QSAF). Para a avaliação da variável QV, adotou-se o Questionário de
Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL). Para a descrição das variáveis de cunho discreto, utilizou-se a estatística descritiva. Para
analisar o grau de homogeneidade dos dados utilizou-se o teste post-hoc da curtose. Ainda foi utilizado o teste Não Paramétrico Qui-Quadrado, através do qual
fez-se uma análise de cruzamento das respectivas classificações, tomadas dois a dois. O nível de significância adotado foi de p <0,05, isto é,95% de certeza
para as afirmativas e/ou negativas denotadas durante as investigações. Os resultados encontrados demonstram haver correlação significativa entre as variáveis
QV e TAFAVDs (p=0,01158); TAFAVDs e TARMLo (p=0,01873); TAFAVDs e QSAF (p=0,01773); e TARMLo e QSAF (p=0,00253). A análise dos dados revelou
que indivíduos com autonomia no desempenho das AVDs possuem melhor qualidade de vida e que quanto maior o estado de resistência muscular localizada
de um indivíduo, melhor a autonomia no desempenho das AVDs e melhor a autonomia exprimida pela autopercepção.

Palavras-chave: idoso, resistência muscular localizada, autonomia, qualidade de vida.

Endereço para correspondência:

Data de Recebimento: março / 2002 Data de Aprovação: abril / 2002

Copyright© 2002 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte.

Fit Perf J Rio de Janeiro 1 3 29-37 mai/jun 2002


ABSTRACT RESUMEN

Effects of localized muscle resistance aiming the functional indepen- Efectos de la resistencia muscular localizada procurando la autonomía
dence and quality of life of the elders funcional y la calidad de vida del anciano
The disorders caused by the progressive loss of independence are reflected on the Los trastornos causados por la pérdida progresiva de la autonomía se reflejan
various areas of the aged person’s life, with consequences such as an unsteady and en los diversos dominios en la vida del anciano, provocando consecuencias
poor motricity. The interest for human motricity has been an attempt to improve como una motricidad desequilibrada y precaria. Las manifestaciones acerca
the individuals’ life quality. Based on this information, the purpose of this study is de la motricidad humana buscan mejorar la calidad de vida de los individuos.
to investigate the effects of the localized muscle resistance (RML) of lower limbs, Basándose en estas informaciones, el estudio tuvo por objetivo investigar los
upper limbs and dorsal column, aiming at the functional independence in the efectos de la resistencia muscular localizada (RML) de los miembros inferiores,
performance of daily life activities (AVDs) and life quality (QV) in aged individuals. superiores y columna dorsal, procurando la autonomía funcional en el desem-
The group, presenting homogenous characteristics, was formed by 114 women peño de las actividades de la vida diaria (AVDs) y la calidad de vida (QV), en
above 60 years of age, randomly selected in activity centers for the elderly, in the individuos ancianos. El grupo, de características homogéneas, estaba compuesto
West Zone of the City of Rio de Janeiro. This group was submitted to one single por 114 mujeres sobre los 60 años de edad, seleccionadas aleatoriamente en
session of tests and interview to measure the RML, AVDs and QV variables. The centros de actividades para ancianos, de la Zona Oeste de la Ciudad de Rio de
evaluation of the RML employed the performance time in the Localized Muscle Janeiro. Este grupo fue sometido a una única sesión de pruebas y entrevista para
Resistance Evaluation Tests (TARMLo): a. alternate leg squatting; b. static trunk mensurar las variables RML, AVDs y QV. En la evaluación de la RML, se utilizó
extension; and c. modified arm extension. The evaluation of AVDs used the Daily el tiempo de ejecución en las Pruebas de Evaluación de la Resistencia Muscular
Life Activities Functional Evaluation Tests (TAFAVDs) comprising: 10 meter walk Localizada (TARMLo): a. agachamiento con piernas alternadas; b. extensión
(C10M); Timed Up & Go Test (TUG); rising from sitting position (LPS) and rising estática del tronco; y c. extensión de brazos modificada. En la evaluación de la
from ventral decubitus (LPDV); and Senior Questionnaire of Physical Activities AVDs, fueron utilizadas las Pruebas de Evaluación Funcional en las Actividades
(QSAF). The World Health Organization Quality of Life Questionnaire (WHO- de la Vida Diaria (TAFAVDs) compuesto por: caminar 10 metros (C10M); Time
QOL) was adopted for the evaluation of the QV variable. Descriptive statistics was Up & Go Test (TUG); levantarse de la posición sentada (LPS) y levantarse de la
used for the description of discrete variables. The curtosis post-hoc test was used posición decúbito ventral (LPDV); y el Cuestionario Senior de Actividades Físicas
to analyse the data homogeneity degree. The Square-Khi Non-Parametric Test (QSAF). Para la evaluación de la variable QV se adoptó el Cuestionario de
was also used, with the consequent cross-analysis of the relevant classifications, Calidad de Vida de la Organización Mundial de la Salud (WHOQOL). Para la
taken two by two. The significance level adopted was p <0,05, that is, 95% of descripción de las variables de cuño discreto, se utilizó la estadística descriptiva.
certainty for affirmatives and/or negatives indicated during investigations. The Para analizar el grado de homogeneidad de los datos se utilizó la prueba post-hoc
results found show that there is a significant correlation between the variables de la curtosis. Además fue utilizada la prueba No Paramétrica Qui-Cuadrado, a
QV and TAFAVDs (p=0,01158); TAFAVDs and TARMLo (p=0,01873); TAFAVDs través de la cual se hizo un análisis de cruzamiento de las respectivas clasifica-
and QSAF (p=0,01773); and TARMLo and QSAF (p=0,00253). Data analysis ciones, tomadas dos a dos. El nivel de significancia adoptado fue de p <0,05,
revealed not only that individuals with independence in the AVDs performance have esto es, 95% de certeza para las afirmativas y/o negativas, denotadas durante
a better life quality; but also that a greater state of localized muscle resistance of las investigaciones. Los resultados encontrados demuestran haber correlación
an individual is directly proportional to a better independence in his performance significativa entre las variables QV y TAFAVDs (p=0,01158); TAFAVDs y TARMLo
of AVDs, and to a better independence expressed by self-perception. (p=0,01873); TAFAVDs y QSAF (p=0,01773); y TARMLo y QSAF (p=0,00253).
El análisis de los datos reveló que individuos con autonomía en el desempeño
de las AVDs poseen mejor calidad de vida y que canto mayor es el estado de
resistencia muscular localizada de un individuo, mejor es la autonomía en el
desempeño de las AVDs y mejor la autonomía expresada por la auto-percepción.
Keywords: aged people, localized muscle resistance, independence, quality Palabras clave: ancianos, resistencia muscular localizada, autonomía, calidad
of life. de vida.

INTRODUÇÃO

A população idosa é a que cresce mais rapidamente, ou seja, que limitava a expectativa de vida a 62, 9 anos de idade para
em torno de 3,46% ao ano. Compreende-se por indivíduo idoso o mesmo ano.
aquele que tem a idade igual ou superior a 60 anos (LEI N° 8842,
O aumento na expectativa de vida efetivou-se em todas as
1994; WHO, 1998b), que já passou pelo processo fisiológico idades, para homens e mulheres, mas observa-se um acréscimo
de crescimento e de desenvolvimento, teve seu início ao nascer expressivo no que tange à população feminina, que possuía,
e que somente findará com a morte, levando o organismo a em 1991, uma vida média ao nascer 7,2 anos superior à dos
sofrer alterações biológicas, psicológicas e sociais, advindas homens, havendo um incremento, em 2000, neste diferencial
de diversos fatores: genético, estilo de vida, doenças crônicas, para 7,8 anos. Assim, a esperança de vida para as mulheres,
desequilíbrio gradual, que podem interagir com outras causas em 2000, é de 72,6 anos, enquanto que para homens fica em
(SHEPARD, 2001). 64,8 anos (TABELA 1).
Segundo a Tábua Vida do IBGE, divulgada em 3 de dezembro Ao longo dos tempos, o ser humano usou todo tipo de artifício,
de 2000, na última década a população brasileira experimentou racional ou místico para estender sua existência (longevidade).
um acréscimo de 2,6 anos, na sua expectativa de vida, quando Atualmente, tem-se a certeza de que um indivíduo saudável pode
passou de 66,0 anos em 1991, para 68,6 anos, em 2000, viver de 110 a 120 anos. Esta longevidade foi influenciada pelo
superando assim a projeção do órgão de estatística americano desenvolvimento socioeconômico-cultural e tecnológico. Diversos

30 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 30, mai/jun 2002


Tabela 1 - BRASIL - Esperanças de Vida ao Nascer 1991-2000 Proporcionar aos indivíduos idosos autonomia nas suas AVDs,
Anos de referência Ambos os sexos Homens Mulheres saúde e qualidade de vida são os propósitos determinados
1991 66,0 62,6 69,8 por qualquer que seja o programa de atividade física. Logo, o
1998 68,1 64,4 72,0 aumento da resistência muscular,está intimamente envolvido na
1999 68,4 64,6 72,3 melhora de funções neuromusculares, mantendo e otimizando
2000 68,6 64,8 72,6 a mobilidade e as AVDs (ADAMS e col., 2000), obtendo assim
uma melhora na saúde, no bem-estar e, conseqüentemente, na
Fonte: IBGE, Diretoria de Departamento de População e Indicadores
Sociais qualidade de vida, ou seja, garantindo um estilo de vida ativo,
que é o novo paradigma na prescrição de exercícios (FRANKLIN,
estudos têm investigado que a longevidade depende de diversos 2001), também defendido pela Sociedade Brasileira de Medicina
fatores, dentre eles a nutrição, o nível de atividade geral e a do Esporte e pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Geronto-
atividade física, isolados ou em conjunto (NIA, 1996). logia, que enfatizam a participação em exercícios na maioria
O impacto negativo de uma vida longeva surge da possibilidade dos dias da semana para obtenção dos benefícios da saúde
da pessoa sofrer de doenças crônico-degenerativas e fragilidade (NÓBREGA e col., 1999).
física, que em muitos momentos põe em questão se a vida pode A presente pesquisa que está inserida na manifestação da Ergo-
ser desfrutada em toda sua abrangência estando, o indivíduo, motricidade tem como objetivo analisar os efeitos da resistência
sob as condições de morbidade, que reprimem tantas atividades muscular localizada sobre a autonomia funcional no desem-
(WHO, 2001a). As alterações ocasionadas pelo desequilíbrio en- penho das atividades da vida diária e na qualidade de vida do
caminham este ser a uma redução gradual de suas capacidades indivíduo idoso.
de adaptação e de desempenho psicofísicas, ocasionando, com
raras exceções, uma baixa na autonomia funcional, na indepen-
dência, na auto-imagem, na auto-estima e conseqüentemente, AUTONOMIA NAS ATIVIDADES
na qualidade de vida (WHO, 1999b). DA VIDA DIÁRIA
A atividade física é um instrumento usualmente utilizado para Um dos fatores motivacionais que leva um indivíduo a procurar
prevenir ou reverter a síndrome da fragilidade . Segundo o uma atividade física efetiva é a manutenção da saúde
ACSM (1998), participar de um programa efetivo de atividade (DANTAS, 1997), que de acordo com a WHO (1958, p. 459) é
física aumenta e melhora a capacidade funcional, a função cog- um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
nitiva, alivia os sintomas de depressão como também estimula meramente a ausência de doença ou enfermidade.
a auto−imagem e a auto−eficiência. Perder a independência
e a autonomia nas atividades da vida diária (AVDs) tem como As pessoas necessitam ser ativas para serem saudáveis. O estilo
forte conseqüência uma motricidade desequilibrada e precária, de vida moderno e todas as suas conveniências transformaram
provocando, no idoso, um desajuste psicossocial, gerando não o ser humano em sedentário, o que é perigoso para sua saúde.
só doenças relativas à motricidade mas também psicológicas Os hábitos adotados como sentar-se em frente à televisão ou
(BUCHNER, D. M., 1997). A manutenção da independência e ao computador, percorrer de carro pequenas distâncias, utilizar
autonomia funcional nas diversas atividades da vida diária (AVDs) elevadores e não escadas ou rampas são atitudes que conduzem
proporciona ao senescente motricidade equilibrada e ajustamento a inatividade e que são tão prejudiciais para a saúde, quanto o
psicossocial na manifestação da ergomotricidade, sem a qual vício de fumar.
estaria sujeito a doenças e desconfortos, limitando, assim, sua De acordo com o CANADIAN SOCIETY FOR EXERCISE PHYSIO-
auto-imagem, saúde e, conseqüentemente, a qualidade de vida. LOGY, a atividade física não precisa ser vigorosa para melhorar
A energia do corpo humano necessita estar proporcionalmente a saúde e ainda determina que acumulando 60 minutos de
eqüitativa para haver perfeita funcionalidade psicofisiológica atividade física por dia o indivíduo fica muito mais saudável.
(DANTAS, 2001). Viver de maneira autônoma e independente significa ser capaz
No sentido de obter saúde, mediante a autonomia alcançada de fazer qualquer atividade quando tiver vontade mantendo-se
pelo desempenho de atividade física, diversos pesquisadores forte e em movimento. Participar de um programa de exercício
têm se esforçado para tentar definir qual a condição física que regular é uma intervenção efetiva na redução ou prevenção dos
determina um melhor desempenho nas AVDs, que poderia ser
definida como triangulação saudável (FIGURA 1).
O ACSM (1990) considera que o Fitness Físico depende de RML,
de Força, de Resistência Aeróbica, de Flexibilidade e da Compo-
sição Corporal. Conclui–se então que há uma necessidade de se
reduzir a dependência de indivíduos idosos através da melhoria
da condição de vida, da educação, da atenção à saúde e da
atividade física, podendo esta ter como base a RML, que é um
parâmetro de importância, embora tenha recebido pouca atenção
da literatura, constituindo-se numa medida mais prática para ser
relacionada às atividades da vida diária (AVDs), autonomia e Figura 1 - Triangulação
independência em idosos (BEMBEN, M. G. e col., 1996). Saudável

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 31, mai/jun 2002 31


declínios associados ao envelhecimento (ACSM, 1998). Assim, o ao surgimento da fadiga muscular localizada (DANTAS, 1998,
fitness físico poderia ser visto não somente como aptidão física, p.172).
mas como “um comportamento saudável” constituído por um
A resistência muscular representa a melhor medida da capacidade
conjunto de fatores capazes de promover a saúde, o bem-estar
funcional para um músculo ou grupamento muscular. A melhora
físico e a qualidade de vida dos indivíduos (DANTAS, 1994).
na resistência muscular é importante porque algumas reduções
Portanto, manter o envolvimento em programas de exercícios
nas atividades funcionais dos adultos idosos parecem estar
regulares pode proporcionar inúmeros benefícios fisiológicos,
relacionadas à incapacidade do indivíduo em manter esforços
psicológicos e sociais, contribuindo para uma saúde melhor, um
repetitivos, necessários para continuar atividades da vida diária.
estilo de vida independente, melhorando a capacidade funcional
Isso parece ser, parcialmente, devido ao adulto idoso ter relativa
e a qualidade de vida dos gerontes (ACSM, 1998).
fraqueza nos membros inferiores e necessitar desempenhar quase
Se os indivíduos pudessem envelhecer mantendo−se autônomos uma força máxima para sustentar uma atividade. A perda de uma
e independentes, as dificuldades seriam minimizadas para eles, pequena parcela de força por causa da fadiga resultará numa
para a família e para a sociedade. resistência muscular, significativamente, reduzida.
Um efeito conhecido do avanço da idade é a gradual redução Para ADAMS e col. (2000) o incremento da resistência muscular
das funções musculares, logo do desempenho das atividades da localizada em idosos pode levar à melhora na habilidade para
vida diária (AVDs). Recentes pesquisas comprovam que mesmo desempenhar tarefas submáximas e atividades recreacionais,
indivíduos bem idosos podem se beneficiar dos exercícios au- assim como o aumento de todos os aspectos de aptidão muscular
mentando não só a resistência e a força muscular, mas também pode levar ao incremento da independência e da habilidade em
o equilíbrio e a mobilidade, assim reduzindo os riscos de quedas desempenhar atividades da vida diária.
(BUCHNER, 1997; IMUTA e col., 1998). Segundo FARINATTI
(1997), a preocupação com o declínio funcional gradual asso- A RML é um importante parâmetro da função neuromuscular que
ciado ao envelhecimento é uma constante da população por ser tem recebido pouca atenção da literatura (BEMBEN, 1998), mas
um processo universal, onde ninguém, não importando o que que pode fornecer uma medida mais prática da função muscular
faça ou onde viva, escapará de seus efeitos. Sob os aspectos da relacionada às atividades da vida diária, do que a força muscular,
saúde, o referido autor constata que um dos campos mais úteis especialmente em indivíduos idosos (BEMBEN, 1996).
de discussão refere-se às relações entre um estilo de vida ativo
e a manutenção de uma vida autônoma durante a velhice. A QUALIDADE DE VIDA
opinião é que os indivíduos idosos são mais felizes quando ativos
na sociedade, o que provém da organização de condições que Os avanços tecnológicos e científicos decorrentes da Revolução
lhes permitam atuar de maneira independente. Industrial proporcionaram, por meio de ações urbanísticas e sa-
As limitações vivenciadas pelas perdas orgânicas relacionadas ao nitárias, aliadas aos avanços da medicina, a redução da taxa de
envelhecimento abalam a segurança e auto-estima, afetando de mortalidade mundial através do controle de doenças, obtendo-se,
forma negativa a auto-imagem. Ao aceitar a idéia “da promoção assim, melhora na qualidade de vida e aumento na longevidade
de saúde como um referencial para o estudo da autonomia”, (FURTADO, 1997).
FARINATTI (1997) distingue três níveis de expressão de auto- De acordo com NOVAES (1997), é mister conceituar expectativa
nomia que tanto podem estar distintos como interligados: uma de vida associando-a à idéia de expectativa de vida útil, ativa,
autonomia de ação, incorporando a noção de independência produtiva, com bem-estar. O aumento da expectativa de vida deve
física, possibilitando ao indivíduo a capacidade de mover-se sem associar-se ao conceito de “qualidade de vida” que, segundo a
obstáculos ou constrangimentos físicos; uma autonomia de von- OMS (1994), é “a percepção do indivíduo de sua posição na
tade, correspondendo às possibilidades de auto-determinação, vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele
proporcionando ao indivíduo a opção de escolha; e uma autono- vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
mia de pensamento, representando a diferença entre autonomia preocupações”. Assim, qualidade de vida seria uma opção pes-
e liberdade, permitindo o julgamento de uma situação qualquer. soal, definida de acordo com as esperanças e possibilidades de
E determina: cada indivíduo, logo, sendo sujeita a constantes reformulações.
...o objetivo não é discutir uma autonomia completa, ideal, Sendo assim, ainda segundo NOVAES (1997), possuidora de
utópica. Pretendemos aderir à realidade, reconhecendo a exis- dinâmica própria, a qualidade de vida deve ser respeitada pela
tência de graus de autonomia. Ser realista é ter em mente os sua individualidade, devendo-se evitar modelos obrigatórios e
obstáculos que se colocam ao exercício da autonomia, assim impenetráveis.
como aceitar o seu valor relativo: como a saúde, a autonomia
Para NAHAS (1997), “qualidade de vida (QV) é um concei-
deve ser constantemente mantida e defendida.”
to complexo, multideterminado e que deve ser interpretado de
modo contínuo, não como uma dicotomia (ter ou não ter QV)”.
RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA O referido autor ainda cita ser a qualidade de vida resultante da
inter-relação de fatores que modelam e diferenciam o dia-a-dia
Resistência muscular é a qualidade física que dota um músculo dos indivíduos, sob os aspectos das percepções, relacionamentos
da capacidade de executar uma quantidade numerosa de con- e pelas situações vivenciadas. E define que “qualidade de vida
trações sem que haja diminuição na amplitude do movimento, pode ser considerada como resultante de um conjunto de parâ-
na freqüência, na velocidade e na força de execução, resistindo metros individuais, sócio-culturais e ambientais que caracterizam

32 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 32, mai/jun 2002


as condições em que vive o ser humano, uma comunidade ou parâmetros: a. massa corporal; b. estatura; c. perímetros; d. índi-
uma nação”. ce de massa corporal;e e. avaliação da composição corporal. Esta
avaliação caracterizou a amostra quanto a sua homogeneidade.
A hereditariedade define o potencial de crescimento, aptidões
e longevidade que são fatores individuais. Já as características Para a avaliação da Resistência Muscular Localizada foram
alimentares, a maneira como sustentar situações de estresse e selecionados três dos testes de uma bateria que avalia as habi-
o nível de atividade física são fatores do estilo de vida, portanto lidades relacionadas à saúde para adultos (SUNI e col., 1998).
modificáveis, que podem alterar a qualidade de vida (NAHAS, Os testes executados têm relação direta com os objetivos da
1997). pesquisa e receberam a denominação de Testes de Avaliação da
Resistência Muscular Localizada (TARMLo): a. agachamento de
DANTAS (1997) conceitua qualidade de vida como “função das
joelhos alternados, para avaliar a força funcional do extensor da
carências que a pessoa apresenta. Pode-se, portanto, definir o
perna; b. extensão estática do tronco, para avaliar a capacidade
nível de qualidade de vida como o grau de atendimento das ne-
de resistência dos músculos extensores do tronco; e c. exten-
cessidades existentes”. Assim, como ele próprio diz, “só se busca
são dos braços modificada, para avaliar a resistência muscular
a satisfação de uma necessidade superior quando a anterior já
dinâmica dos músculos da extremidade superior e a habilidade
tiver sido atendida”. Assim, ainda segundo o autor, somente tendo
para estabilizar o tronco.
garantidas as condições de subsistência e segurança, é que um
indivíduo constituirá a atividade física como fator de melhoria de Na avaliação da Autonomia Funcional no Desempenho das AVDs
qualidade de vida, pois esta, pelo caráter motivacional, propor- foram selecionados quatro testes, que receberam a denominação
ciona prazer. Assim, com poucas horas semanais de atividade de Testes de Avaliação Funcional nas Atividades da Vida Diária
física uma pessoa poderá ter seu otimismo potencializado e o (TAFAVDs), que o indivíduo deveria executar no menor tempo
seu nível de estresse diminuído, melhorando a qualidade de vida. possível: a. caminhar 10 metros (SIPILÄ e col. (1996); b. Timed Up
& Go Test, levantar−se de uma cadeira e caminhar uma distância
de três metros, em linha reta, retornar e sentar−se novamente
METODOLOGIA
(PODSIADLO & RICHARDSON, 1991; OKUMIYA e col., 1996);
c. levantar−se cinco vezes de uma cadeira sem auxílio das
O presente trabalho atende as normas para a realização de
mãos (GURALNIK e col.1994; 1995); e d. levantar−se, ficando
pesquisa em seres humanos, Resolução 196/96, do Conselho
de pé, partindo da posição de decúbito ventral (ALEXANDER e
Nacional de Saúde de 10/10/1996 (Brasil, 1996) e teve seu
col., 1997). Estes testes foram selecionados pela importância na
projeto de pesquisa submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
relação com a autonomia e independência funcional na vida do
Envolvendo Seres Humanos da Universidade Castelo Branco
idoso, observando características de velocidade de deslocamento,
após haver passado pela pré-qualificação , sendo aprovado na
como preditor de queda e como preditor de morbidade e mor-
reunião do 2º semestre de 2001.
talidade. Ainda na avaliação da autopercepção da autonomia
A pesquisa é um estudo descritivo correlacional. A amostra foi foi utilizado o Questionário Senior de Atividades Físicas (QSAF)
selecionada entre indivíduos idosos do sexo feminino com idade (FARINATTI, 2000), que consiste de 17 itens distribuídos em quatro
igual ou superior a 60 anos, aposentadas, ou não, de qualquer etapas: Parte I – O que o entrevistado faz; Parte II – O que o
classe econômica, moradoras da Zona Oeste da Cidade do Rio entrevistado deve fazer; Parte III – O que o entrevistado deseja
de Janeiro, freqüentadoras de centros de atividades físicas, desde fazer; e Parte IV – Ponto de vista do entrevistador.
que não estivessem praticando exercícios de contra-resistência há
A qualidade de vida dos indivíduos foi avaliada utilizando-se
pelo menos três meses. Foram excluídos da pesquisa indivíduos
o questionário WHOQOL-100 (WHO, 1998) composto de
que portassem qualquer tipo de patologia que pudesse compro-
100 questões que avaliam os seis domínios: físico, psicológico,
meter ou que tornasse fator de impedimento para a realização
independência, relações sociais, ambiente e aspectos espirituais
dos testes, tais como cardiopatias, diabetes, hipertensão arterial
/ religião / crenças pessoais. O questionário WHOQOL-100
e asma não controladas. Quaisquer condições musculoesque-
trata-se de um instrumento da Organização Mundial de Saúde
léticas que pudessem servir de fator interveniente à prática da
(OMS), validado pelo Departamento de Psiquiatria e Medicina
atividade (osteoartrite, fratura recente, tendinite e uso de prótese),
Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – FAMED/
problemas neurológicos e o uso de medicamentos, que pudessem
UFRGS, tendo avaliado aspectos relativos à qualidade de vida
causar distúrbios da atenção, foram considerados critérios de
do indivíduo no âmbito biopsicossocial. Este questionário baseia-
exclusão. Tais critérios foram identificados através de entrevista
se no pressuposto de que qualidade de vida é um construto
com os indivíduos.
subjetivo, multidimensional, composto por dimensões positivas
Após esta primeira etapa, a amostra contou com um quantita- (mobilidade) e negativas (dor) (OMS, 1998).
tivo de 114 mulheres idosas. Todos os participantes do estudo
concordaram em assinar o Termo de Participação Consentida
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
(contendo: objetivo do estudo, procedimentos de avaliação,
possíveis conseqüências, procedimentos de emergência, caráter
O emprego de técnicas da Estatística Descritiva visou caracterizar
de voluntariedade da participação do sujeito e isenção de res-
o universo amostral pesquisado. Para a descrição das variáveis de
ponsabilidade por parte do avaliador e da instituição).
cunho discreto, utilizou-se a distribuição de freqüência. Quanto
Na próxima etapa, foram realizadas as Medidas Antropométricas às de natureza contínua, isto é, aquelas que obedecem a um
e Avaliação da Composição Corporal, que seguiram os seguintes sistema métrico bem definido e normatizado, seguiram-se os

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 33, mai/jun 2002 33


parâmetros estatísticos básicos - tamanho da população, média, ram condições inferiores foram classificados como Insuficiente
desvio padrão, valores máximos e mínimos. A segunda parte do (42,1%).
Tratamento Estatístico corresponde à parte inferencial do estudo.
A TABELA 4 apresenta as características quanto à autonomia nos
Para tanto, utilizou-se o teste Não Paramétrico Qui-Quadrado,
TAFAVDs, que assim são representados: C10M – caminhar 10
no sentido de comparar e verificar possíveis relações funcionais
metros; TUG – Timed Up & Go Test, levantar−se de uma cadeira
entre as diversas distribuições de freqüências. Ainda, para os
e caminhar uma distância de três metros, em linha reta, retornar
dados de natureza contínua, utilizou-se o teste post-hoc de cur- e sentar−se novamente; LPS – levantar−se cinco vezes de uma
tose para análise e verificação do grau de homogeneidade das cadeira sem auxílio das mãos; e LPDV – levantar−se, ficando de
médias, bem como o teste de assimetria para avaliação do grau pé, partindo da posição de decúbito ventral.
de simetria das respectivas distribuições. Objetivando a medição
dos testes, o presente trabalho pautou-se em consonância com as Na análise dos resultados, os indivíduos foram classificados
considerações básicas do tratamento estatístico, e para manter a como tendo a sua autonomia funcional no desempenho das
cientificidade da pesquisa, considerou-se o nível de significância atividades da vida diária nos TAFAVDs como Muito Bom - Escore
de p < 0,05, isto é, 95% de certeza para as afirmativas e/ou z ≤ 1,4526 (50%); Bom - 1,4526 < Esc.z ≤ 1,8188 (24,6%);
negativas, denotadas durante as investigações. Regular - 1,8188 < Esc.z ≤ 2,8345 (24,6%); e Insuficiente -
2,8345 < Esc z (0,9%).

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO A TABELA 5 é representada pelas características dos padrões


DOS RESULTADOS de resistência muscular localizada nos TARMLo, que são repre-
sentados: AGC – Agachamento; EXTB – Extensão de Braços; e
A seguir serão mostrados os resultados, segundo os dados es- EXTT – Extensão de Tronco.
tatísticos básicos de descrição das tabelas de freqüências e dos Na análise dos resultados, os indivíduos foram classificados como
valores médios das variáveis consideradas no presente estudo. tendo a sua resistência muscular nos TARMLo como Muito Bom
A TABELA 2 apresenta as características da amostra, onde se - 1,9430 < Esc z (25,4%); Bom - 1,4048 < Esc.z ≤ 1,9430
observa uma homogeneidade quanto aos seus caracteres. (24,6%); Regular - 1,0956 < Esc.z ≤ 1,4048 (24,6%); e Insu-
A TABELA 3 apresenta as características quanto aos domínios da ficiente - Escore z ≤ 1,0956 (25,4%).
qualidade de vida no WHOQOL-100, que assim são distribuídos: A TABELA 6 apresenta as características quanto à autonomia no
Dom 1 – Físico; Dom 2 – Psicológico; Dom 3 – Nível de Inde- QSAF, que assim é representada: PA – capacidade cardiorres-
pendência; Dom 4 – Relações Sociais; Dom 5 – Ambiente; Dom piratória; FO – força de membros superiores; e IEA – índice de
6 – Aspectos Espirituais/ Religião/ Crenças Pessoais. autonomia exprimida.
Ao analisar os dados, classificaram-se os indivíduos com nível Na análise dos resultados, os indivíduos foram classificados como
igual ou superior a 14 como sendo detentores de qualidade de tendo a sua autonomia exprimida como Muito Bom - 6,0965
vida Suficiente (57,9%), enquanto que aqueles que apresenta- < Esc z (25,4%); Bom - 2,5370 < Esc.z ≤ 6,0965; Regular -
Tabela 2 - Características da Amostra
Estatística Idade ∑ DC %G Peso Altura IMC MCG MCM
n 114 114 114 114 114 114 114 114
Média 67,0 110,4 22,7 67,6 1,60 26,5 15,5 52,1
D.P 5,0 33,7 5,2 11,1 0,07 4,09 5,2 8,0
Mínimo 60 42 12,2 44 140 16,7 5,9 29,9
Máximo 81 206 37,3 107 180 39,2 34,7 72,3
Curtose -0,59 -0,06 -0,06 1,0 0,5 1,02 2,1 0,3
Res.Curt Homo Homo Homo Homo Homo Homo Homo Homo
Assimetria 0,4 0,4 0,4 0,5 -0,1 0,5 1,1 0,2
Res.Ass Simétrica Simétrica Simétrica Simétrica Simétrica Simétrica Simétrica Simétrica

Tabela 3 - Características Quanto à Qualidade de Vida


Estatística Dom1 Dom2 Dom3 Dom4 Dom5 Dom6 Dom_Med
n 114 114 114 114 114 114 114
Média 12,9 14,5 12,4 13,5 13,5 18,5 14,2
D.P 1,4 1,8 1,8 2,0 1,5 1,9 1,2
Mínimo 9,7 9,0 8,3 8,3 9,1 12,0 11,3
Máximo 15,3 17,4 16,0 17,7 16,3 20,0 16,6
Curtose -0,7 0,1 -0,4 0,1 -0,4 0,3 -0,8
Res.Curt Homo Homo Homo Homo Homo Homo Homo
Assimetria -0,5 -0,4 -0,4 -0,7 -0,4 -1,1 -0,1
Res.Ass Assimétrica Simétrica Simétrica Assimétrica Simétrica Assimétrica Simétrica

34 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 34, mai/jun 2002


1,7703 < Esc.z ≤ 2,5370 (24,6%); e Insuficiente - Escore z ≤ TARMLo (sig.p = 0,886782 > 0,05). Não existe relação direta
1,7703 (25,4%). entre as classificações dos parâmetros QV e QSAF (sig.p =
Para analisar os cruzamentos das respectivas classificações, 0,521491 > 0,05). Existe relação direta entre as classificações
utilizou-se o Teste Paramétrico Qui-Quadrado, e os resultados dos parâmetros TAFAVDs e TARMLo (sig.p = 0,018732 <
encontrados com suas respectivas significâncias p são apresen- 0,05). Existe relação direta entre as classificações dos parâmetros
tados na TABELA 7, onde a – representa QV; b – Autonomia; TAFAVDs e QSAF (sig.p = 0,017727 < 0,05). Existe relação
c – RML; e d – IAE. direta entre as classificações dos parâmetros TARMLo e QSAF
Os resultados entre os cruzamentos das diferentes classifica- (sig.p = 0,002534 < 0,05). Dos resultados acima, denota-se que
ções denotam existir relação direta entre as classificações dos somente para os cruzamentos QV e TARMLo e QV e QSAF não
parâmetros QV e TAFAVDs (sig.p = 0,011582 < 0,05). Não apresentaram correlação (p < 0,05), para os demais cruzamentos
existe relação direta entre as classificações dos parâmetros QV e a existência de correlação foi significativa.
Figura 2 - Distribuição dos Domínios da Qualidade de Vida Figura 3 - Distribuição dos Índices de Autonomia

Tabela 4 - Características Quanto à Autonomia nos TAFADVs


Estatística C10M TUG LPS LPDV
n 114 114 114 114
Média 7,0 7,6 11,0 4,5
D.P 1,1 1,4 2,4 2,0
Mínimo 4,2 5,5 4,9 1,7
Máximo 10,8 13,2 17,7 10,8
Curtose 0,9 2,1 0,1 0,5
Res.Curt Homogênea Homogênea Homogênea Homogênea
Assimetria 0,6 1,3 0,2 1,0
Res.Ass Simétrica Simétrica Simétrica Simétrica

Tabela 5 - Características Quanto à Resistência Muscular Localizada nos TARMLo


Estatística AGC EXTB EXTT
N 114 114 114
Média 24,1 26,4 1,7
D.P 6,2 6,8 1,5
Mínimo 11,0 11,0 0,1
Máximo 39,0 44,0 9,1
Curtose -0,6 -0,4 3,2
Res.Curt Homogênea Homogênea Homogênea
Assimetria 0,0 0,1 1,4
Res.Ass Simétrica Simétrica Simétrica

Tabela 6 - Características Quanto à Autonomia no QSAF


Estatística PA FO IAEb
n 114 114 114
Média 0,3 0,3 1,9
D.P 0,1 0,1 1,1
Mínimo 0,2 0,2 -0,7
Máximo 0,6 0,6 6,1
Curtose 1,1 1,8 1,5
Res.Curt Homogênea Homogênea Homogênea
Assimetria 0,5 0,6 0,6
Res.Ass Simétrica Simétrica Simétrica

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 35, mai/jun 2002 35


Figura 4 - Distribuição dos Índices de RML Figura 5 - Distribuição dos IAE

Tabela 7 - Correção das Classificações cepção de qualidade de vida em indivíduos que obtiveram melho-
a&b I R B MB res índices de autonomia no desempenho de atividades da vida
I 0,00% 22,92% 39,58% 37,50% diária na execução dos testes propostos pela pesquisa (TAFAVDs).
S 1,52% 25,76% 13,64% 59,09% Entretanto, os dados não confirmam a existência de correlação
a&b 0,011582 Correlacionados significativa entre as variáveis relacionadas à qualidade de vida
a&c I R B MB (WHOQOL-100) e resistência muscular localizada (TRMLo),
I 29,17% 22,92% 22,92% 25,00%
como entre as variáveis qualidade de vida (WHOQOL-100) e
autopercepção da autonomia (QSAF).
S 22,73% 25,76% 25,76% 25,76%
a&c 0,886782 Ñ Correl. A partir dos resultados encontrados, pode-se recomendar que
a&d I R B MB estudos utilizando os testes propostos pela pesquisa sejam
I 31,25% 18,75% 25,00% 25,00% desenvolvidos empregando uma amostra com um quantitativo
S 21,21% 28,79% 24,24% 25,76% maior: Em indivíduos idosos de ambos os sexos; em pesquisa de
a&d 0,521491 Ñ Correl. caráter experimental; em pesquisa com utilização de um período
b&c I R B MB de intervenção; em populações heterogêneas; e em indivíduos
I 100,00% 0,00% 0,00% 0,00% idosos asilados e/ou hipocinéticos, utilizando-se diferentes tipos
R 35,71% 28,57% 21,43% 14,29% de atividades físicas.
B 28,57% 25,00% 35,71% 10,71%
MB 17,54% 22,81% 21,05% 38,60% REFERÊNCIAS
b&c 0,018732 Correlacionados
b&d I R B MB ADAMS, Kent, SWANK, Ann M., BARNARD, Kerry L., BERNING, Joe M. & SEVENE-ADAMS,
Patricia G. Safety of maximal power, strength, and endurance testing in older African
I 0,00% 0,00% 0,00% 3,57% American Women. Journal Strength and Conditioning Research. v. 14, n. 3, p. 254-
R 39,29% 21,43% 17,86% 21,43% 260, 2000.

B 21,43% 25,00% 35,71% 17,86% ALEXANDER, Neil B., ULBRICH, Jessica, RAHEJA, Aarti & CHANNER, Dwight. Rising from
the floors in older adults. Journal of the American Geriatrics Society. v. 45, n. 5, p.
MB 21,05% 26,32% 22,81% 29,82% 564−569, 1997.
b&d 0,017727 Correlacionados AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position Statement: The recommended
c&d I R B MB quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and
musccular fitness in healthy adults. Medicine and Science in Sports and Exercise. v.
I 31,03% 17,24% 21,43% 32,14% 20, p. 265−274, 1990.
R 32,14% 39,29% 14,29% 14,29% _____. Exercise and physical activity for older adults. Medicine and Science in Sports
B 25,00% 25,00% 28,57% 21,43% and Exercise. v. 30, n. 6, p. 992−1008, 1998b.

MB 13,79% 17,24% 34,48% 34,48% ARMBRUSTER, Bill & GLADWIN, Laura A. More than fitness for older adults: a “whole-
istic” approach to wellness. ACSM’S Health & Fitness Journal. v. 5, n. 2, p. 6-12, 2001.
c&d 0,002534 Correlacionados
BEMBEN, Michael G. Isometric intermittent endurance of four muscle groups in men aged
20−74 yr. Medicine and Science in Sports and Exercise. v. 28, n. 1, p. 145−154, 1996.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES BEMBEN, Michael G. Age − related alterations in muscular endurance. Sports Medicine.
v. 25 n.4, p.259−269, 1998.
Com este estudo pode-se concluir que as mulheres idosas que BUCHNER, David M. Physical activity and quality of life in older adults. Journal of Ame-
tiveram melhor desempenho nos TARMLo apresentaram melhores rican Medical Association. v. 277, n. 1, p. 64-66, 1997a.

níveis de autonomia nos TAFAVDs e no QSAF. Os dados confir- DANTAS, Estélio H. M. Fitness: a ecologia do corpo. Tese de Concurso à Professor Titular.
UFF – Niterói. 1994.
mam que os indivíduos que se apresentaram em bom estado de
____. Fatores afetivos indispensáveis para o sucesso nos programas de atividade física
resistência muscular localizada na execução dos testes propostos para terceira idade. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. v. 2, n. 2, p.
pelo estudo (TARMLo) também obtiveram bons índices de auto- 75-82, 1997b.

nomia no desempenho de atividades da vida diária (TAFAVDs) ____. Psicofisiologia. Rio de Janeiro: Shape, 2001.

com relação à execução dos testes apresentados pela pesquisa FARINATTI, Paulo de T. V. Avaliação da autonomia do idoso: definição de critério para uma
abordagem positiva a partir de um modelo de interação saúde − autonomia. Arquivos
e em sua autonomia exprimida ao responderem um questionário de Geriatria e Gerontologia. v. 1, n. 1, p. 31−37, 1997.
de autopercepção. FRANKLIN, Barry A. Improved fitness = increased longevity. ACSM’S Health & Fitness
Journal. v. 5, n. 2, p. 32-33, 2001a.
No tocante à aplicação do questionário de qualidade de vida FURTADO, Elen Salas. Atividade física na perspectiva da cultura e qualidade de vida do
(WHOQOL-100), o estudo antecipa melhores índices de autoper- idoso. Memórias do Congresso Mundial de Educação Física - AIESEP. p. 269-275, 1997.

36 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 36, mai/jun 2002


GURALNIK, Jack M. e col. A short physical performance battery assessing lower extremity dwelling older people more than 75 years of age. Journal of the American Geriatrics
function: association with self-reported disability and prediction of mortality and nursing Society. v. 44, n. 5, p. 569−572, 1996.
home admission. The Journal of Gerontology. v. 49, n. 2, p. M85−M94, 1994.
OMS − DIVISÃO DE SAÚDE MENTAL − GRUPO WHOQOL. Versão em português dos
GURALNIK, Jack M. e col. Lower-extremity function in persons over de age of 70 years instrumentos de avaliação de Qualidade de Vida (WHOQOL) 1998. Disponível em:: http://
as a predictor of subsequent disability. The New England Journal of Medicine. v. 332, www.ufrgs.br/psiq/whoqol.html
n. 9, p. 556−561, 1995.
PODSIADLO, Diane & RICHARDSON, Sandra. The timed “Up & Go”: a test of basic func-
IMUTA, H., YASUMURA, S. FUJITA, M., ARAI, H. & FUKAO, A. Homebound elderly in a tional mobility for frail elderly persons. Journal of the American Geriatrics Society. v.
Japanese community: related factors and change of mobility. Nippon Koshu Eisei Zasshi. 39, n.2, p. 142−148, 1991.
v. 45, n. 9, p. 883-892, 1998.
SIPILÄ, S., MULTANEN, J., KALLINEN, M., ERA, P. & SUOMINEN, H. Effects of strength and
LEI nº 8.842, sancionada em 4 de janeiro de 1994, a qual “dispõe sobre a Política Nacional endurance training on isometric muscle strength and walking speed in elderly women.
do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências”.NAHAS, Markus Acta Physiologica Scandinavica. v. 156, p. 457-464, 1996.
V. Atividade física como fator de qualidade de vida. Memórias do Congresso Mundial
SUNI, Jaana H. e col. Safety and feasibility of a health − related fitness test battery for
de Educação Física - AIESEP. p. 361-368, 1997
adults. Physical Therapy. v. 78, n. 2, p. 134−148, 1998a.
NATIONAL INSTITUTE OF AGING (NIA) & NATIONAL INSTITUTE OF HEALTH (NIH). In
SPIRDUSO, Waneen, W. Physical Dimensions of Aging. Champaign: Human Kinetics,
Search of the Secrets of Aging. 1996. Disponível em: http://www.nih.gov/nia/health/pubs/
1995.
secreats-of-aging/p1.html
WHO. The first ten years of the World Health Organization. Palais des Nations,
NÓBREGA, Antonio Cláudio Lucas da, e col. Posicionamento Oficial da Sociedade Bra-
Geneva, Switzerland. Constitution of the World Health Organization. 1958.
sileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia:
Atividade física e saúde no idoso. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 5, n. ____. The World Health Report 1998: Life in the 21st century a vision for all. Disponível
6, p. 207-211, 1999. em: http://www.who.int 1998b.
NOVAES, Edmundo Vieites. Qualidade de vida - atividade física, saúde e doença. Memórias ____. A life course perspective of maintainng independece in older age. Geneva:
do Congresso Mundial de Educação Física – AIESEP. p. 341-351, 1997. WHO, 1999b.
OKUMIYA, Kiyohito, MATSUBAYASHI, Kozo, WADA, Tomoko, KIMURA, Shigeaki, DOI, ____. Men ageing and Health: Achieving health across the life span. Geneva:
Yoshinori & OZAWA, Toshio. Effects of exercise on neurobehavioral function in community- WHO, 2001a.

Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 3, 37, mai/jun 2002 37

Você também pode gostar