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PROTOCOLOS- ZÉ MARTINS

Programa de “Eliminação” da Hanseníase (parte III)

IMPORTANTE COMPREENDER QUE: Na imagem temos alopecia, anidrose,


O MS define como caso de hanseníase para hipoestesia ou anestesia, bordas imprecisas.
tratamento, quando um ou mais dos seguintes
achados encontram-se presentes: Diagnostico Diferencial:
- Lesão de pele com alteração de sensibilidade;
- Espessamento de tronco nervoso; ou
- Baciloscopia positiva de pele.

FORMAS CLÍNICAS Vitiligo= máculas acrômicas circundadas


HANSENIASE INDETERMINADA: por ligeira hipercromia. Não há
- Máculo-hipocrômica única ou em pequeno distúrbio da sensibilidade (o teste
número (ate 5)- paucibacilares; térmico, doloroso e tátil vai estar
- Limites imprecisos; normal).
- Pode ocorrer só alteração da sensibilidade
térmica;
- Sem evidências de lesões nervosas;
- Localizada na face, superfícies extensoras dos
membros ou troncos;
- Baciloscopia negativa (paucibacilar);
- Mitsuda negativo ou positivo;
- Tende a cura espontânea ou pode evoluir
para o polo T, forma B ou polo V (só evolui
quem não trata na forma I). Nevo acrômico= Mácula hipocrômica,
sem alterações sensitivas.

HANSENIASE TUBERCULÓIDE:

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PALOMA TONANI - TXVIII
Placa ovalar bem delimitada na região. Forma
microtubérculos (pápulas), com borda
papulosa que delimita bem a área. Lesão
exuberante em forma de placa.

Forma nodular da infância. Mãe transmitiu.

- Máculas, lesões em placa eritematosa,


manchas hipocrômicas nítidas, bem definidas,
únicas ou em números reduzidos (< 5),
acompanhadas ou não de lesões satélites;
- Bordas bem definida;
- Perda de sensibilidade evidente (térmica,
dolorosa e tátil);
- Pode ocorrer em qualquer parte do corpo (é
uma doença de nervo e pele);
- Observa-se comprometimento de troncos
nervosos periféricos;
- Baciloscopia negativa (classificação como Tuberculose eritomatosa, com lesões satélites
Paucibacilar); (lesões separadas da lesão mãe).
- Mitsuda positivo (alto grau de resistência ao
bacilo= muito Fator Natural (N) de Rotberg -
1937);
- Pode ocorrer cura espontânea.

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PALOMA TONANI - TXVIII
pé esquerdo. Sem alterações da
sensibilidade.

FORMA NODULAR DA INFÂNCIA

Placa com lesão clássica, anidrose, alopecia,


alteração da sensibilidade.

Diagnostico Diferencial:
Primeiramente pensar em leishmaniose
tegumentar como diagnostico diferencial e
investigar hanseníase.

Tínea do corpo= placas bem HANSENIASE BORDERLINE:


delimitadas, circulares, eritematosas,
com tonalidade mais acentuada na
periferia que é constituída por pápulas,
vesículas e descamação, e o centro
plano e mais claro; sem alterações
sensitivas.

Granuloma anular= duas placas


eritematosas, com acentuação do
eritema na periferia e o centro mais
claro; bordo ligeiramente mais saliente Forma instável. Multibacilares, mais que 5
que a porção central; mais ou menos lesões, lesões maiores, sensibilidades alteradas,
circulares; limites precisos, no dorso do margem anergica, predomínio do Th2.

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PALOMA TONANI - TXVIII
Tem uma característica específica que é uma Diagnostico Diferencial:
lesão hiperemiada, com bordas mal definidas e
uma área central com aspecto de pele
normal= manchas foveolares.

- Antigamente erroneamente chamada de


hanseníase dimorfa.
Sífilis terciária = placas no tronco
- Oscila entre as manifestações da
posterior, eritematosas, circinadas, de
Tuberculoide e da Virchowiana (instável);
limites precisos; bordos formados pelo
- Placas eritromatosas com limites mal
agregado de pápulas de tonalidade
definidos, bastante numerosas;
eritematosa mais acentuada, recobertos
- Lesões infiltrativas mal delimitadas e com
por escamas e centro plano
muitos bacilos;
hipocrômico, sem alterações sensitivas.
- Apresentam alguns casos com aspecto de
cura central (lesão foveolar), com limites
internos nítidos e externos mal definidos;
- Localizam-se em todos segmentos corporais;
- Alteração da sensibilidade e constante
comprometimento dos troncos nervosos;
- Alto risco de incapacidades e de
deformidades físicas; Granuloma anular= placas anulares e
- Caracteriza-se principalmente, pela policíclicas, confluentes, bordos de
instabilidade do curso clínico, podendo ocorrer tonalidade eritêmato-violácea e centro
piora repentina do quadro plano, eritêmato-hipocrômico. Não há
dermatoneurológico (episódios reacionais distúrbio da sensibilidade
frequentes);
- Baciloscopia pode ser positiva (BB e BV) ou
negativa (BT);
HANSENIASE VIRCHOVIANA:
- Mitsuda negativo ou menor que 5 mm
dependendo do polo que ela se aproxima;

Tratamento como se fosse multibacilar.

Lesões de forma simétrica.


BB (verdadeira)- centro da lesão parece pele
normal= manchas foveolares.

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PALOMA TONANI - TXVIII
Diagnostico diferencial:

Neurofibromatose= máculas
Tumores de Hansen. ferruginosas, pápulas e nódulos. Os
nódulos e as pápulas têm consistência
- Disseminação de lesões de pele que podem amolecida e são herniados. Não há
ser eritematosas, infiltrativas, de limites distúrbio sensitivo e a baciloscopia é
imprecisos, brilhantes e distribuição simétrica; negativa. (faz biopsias, para não
- Pode haver infiltração difusa na face (fácies mostrar que tem bacilos de Hansen ou
leonina) e pavilhões auriculares; o teste de monte negro).
- Madarose superciliar e ciliar (além de varias
outras alterações);
- Globo ocular, laringe, fígado, baço, supra-
renais, sistema vascular periférico, linfonodos,
testículos, rins, podem ser afetados;
- Portanto, é uma doença sistêmica;
- Nódulos e tubérculos; Quelóide= pápulas e lesões tuberosas
- Comprometimento de mucosas; consistentes, múltiplas, de tonalidade
- Acometimento dos troncos nervosos marrom-avermelhada em todo o tronco
periféricos; posterior. Sem alterações. Sem
- Baciloscopia positiva (classificação alterações sensitivas. Baciloscopia
multibacilar); negativa.
- Mitsuda negativo (margem anérgica=
ausência de Fator Natural (N) de Rotberg,
1937).

Leishmaniose Tegumentar Difusa=


aspecto cutâneo indistinguível da
hanseníase virchoviana - com pápulas,
tubérculos e placas sobre a pele que
parece estar difusamente infiltrada; há
lesões de aspecto queloidiano.
Baciloscopia é negativa e não há
Pele brilhosa (gregos chamavam de
distúrbio de sensibilidade.
elefantíase)= luzidia. Não tem sobrancelha,
supercílios, cílios.

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PALOMA TONANI - TXVIII
TRATAMENTO - Para o tratamento nas unidades de atenção
- Os esquemas PQT-U/MDT-U recomendados básica não há necessidade de especialistas ou
levam à cura! de equipamentos sofisticados (é padronizado).
- O tratamento é feito em regime ambulatorial - A pessoa atingida pela hanseníase em
pelo SUS nas UBS, USF e outras unidades de tratamento pode conviver com a família, no
referências. trabalho e na sociedade sem qualquer
- Observação= não existe tratamento restrição.
particular para hanseníase.
- Não há necessidade de internação; Nota Técnica MS n° 4 de 27/02/2020, entrou
em vigor em setembro de 2020:

Antes de entrar em vigor em setembro, as


cartelas dos paucibacilares não tinham as
mesmas drogas. Agora as mesmas drogas
estão nas cartelas de paucibacilares e
multibacilares. Nas Paucibacilares não era
tratado com Clofazimina e agora foi incluso.

Tratamento varia com a idade: adulto (>15 Exemplo de cartela para tratamento.
anos) e crianças. O tratamento muda apenas
na dosagem. Dose Supervisionada:
Toma 1X a cada 28 dias na presença de um
Alta por cura medicamentosa. profissional de saúde (desde um ACS,
enfermagem, medico, farmacêutico)= 1
Duração do tratamento:
comprimido de Dapsona, 2 capsulas de
- PB= 6 blisters/cartelas em ate 9 meses;
Rifampicina e 3 drágeas de Clofazimina.
- MP= 12 blisters/cartelas em ate 18 meses.
Profissional deve anotar que o usuário recebeu
a dose após vê-lo ingerindo.
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PALOMA TONANI - TXVIII
Para casa o paciente leva a dose auto - Cutâneos= ressecamento da pele, que pode
administrada que é os comprimidos da parte evoluir para ictiose, alteração na coloração da
inferior da cartela (adultos vão tomar o pele e suor. Nas pessoas de pele escura, a cor
casalzinho de comprimidos, já crianças vão pode se acentuar; nas pessoas claras, a pele
tomar em dias alternados). pode ficar com uma coloração avermelhada ou
adquirir um tom acinzentado, devido à
PQP-ROM: impregnação e ao ressecamento. Esses efeitos
Rifampicina 600mg ocorrem mais acentuadamente nas lesões
Ofloxacina 400mg hansênicas e regridem, muito lentamente, após
Minociclina 100mg a suspensão do medicamento.
Esse tratamento só é oferecido em SJRP. É uma Bromidrose (suor muda de cor)- mancha as
dose única supervisionada que pode ser roupas.
administrada em paucibacilares com lesão Bebê pode nascer marrom (da cor do
única e sem comprometimento de nervo. Não medicamento) e vai voltar só 1 ano a 1 ano e
pode ser administrada para menores de 5 anos meio depois volta a cor biológica, quando
e gestantes. gravida faz o tratamento. Se não proteger o
corpo, usar protetor solar, pois se pigmentar a
pele não por inteiro fica pigmentado igual
EFEITOS COLATERAIS DE CADA MEDICAMENTO zebra. Hiperpigmentação da pele.
DAPSONA: - Gastrointestinais= diminuição da peristalte e
Droga bacteriostática. dor abdominal, devido ao depósito de cristais
de clofazimina nas submucosas e linfonodos
- Cutâneos= síndrome de Stevens-Johnson intestinais, resultando na inflamação da porção
(qualquer medicamento pode provocar essa terminal do intestino delgado. Esses efeitos
síndrome), dermatite esfoliativa ou poderão ser encontrados, com maior
eritrodermia; frequência, na utilização de doses de
- Hepáticos= icterícias, náuseas e vômitos; 300mg/dia por períodos prolongados,
- Hemolíticos= tremores, febre, náuseas, superiores a 90 dias.
cefaleia, às vezes choque, podendo também
ocorrer icterícia leve, anemia
metahemoglobinemia, cianose, dispneia, RIFAMPICINA:
taquicardia, fadiga, desmaios, anorexia e Droga bactericida.
vômitos;
- Outros efeitos colaterais raros= podem - Cutâneos= rubor de face e pescoço, prurido
ocorrer insônia e neuropatia motora periférica. e rash cutâneo generalizado;
- Gastrointestinais= diminuição do apetite e
náuseas. Eventualmente, podem ocorrer
CLOFAZIMINA: vômitos, diarreias e dor abdominal leve;
Droga bacteriostática. - Hepáticos= mal-estar, perda do apetite,
náuseas e icterícia. São descritos dois tipos de

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PALOMA TONANI - TXVIII
icterícias: a leve ou transitória e a grave, com - A secreção pulmonar avermelhada não deve
danos hepáticos importantes. A medicação ser confundida com escarros hemoptoicos.
deve ser suspensa e o doente, encaminhado à - A pigmentação da conjuntiva não deve ser
unidade de referência, se as transaminases confundida com icterícia.
e/ou bilirrubinas aumentarem mais de duas
vezes o valor normal;
- Hematopoéticos= trombocitopenia, púrpuras São reações doESTADOS
sistema imunológico
REACIONAIS em
ou sangramentos anormais, como epistaxes. Reação ao basilo de Hansen, variando de
Podem também ocorrer hemorragias gengivais acordo com o Th1 e Th2.
e uterinas. Nesses casos, o doente deve ser
encaminhado ao hospital. São reações do sistema imunológico do
doente ao Mycobacterium leprae.
 Anemia hemolítica= tremores, febre, Apresentam-se através de episódios
náuseas, cefaleia e, às vezes, choque, podendo inflamatórios agudos e subagudos. Podem
também ocorrer icterícia leve. Raramente ocorrer nos paucibacilares como nos
ocorre uma síndrome pseudogripal, quando o multibacilares.
doente apresenta febre, calafrios, astenia, São a principal causa de lesões de nervos e de
mialgias, cefaleia, dores ósseas. Esse quadro incapacidades físicas provocadas pela
pode evoluir com eosinofilia, nefrite intersticial, hanseníase.
necrose tubular aguda, trombocitopenia,
anemia hemolítica e choque. Há basicamente dois tipos de reações (ha 3
Essa síndrome pseudogripal, muito rara, se tipos, mas a literatura só trás 2): uma que
manifesta a partir da 2ª ou 4ª dose ocorre em pacientes com predomínio da
supervisionada, devido à hipersensibilidade preservação da imunidade celular específica
por formação de anticorpos antirrifampicina, contra o M. leprae, denominada de reação tipo
quando o medicamento é utilizado em dose 1; e outra que ocorre em pacientes com esta
intermitente. Pode levar a óbito. Orientar imunidade pouco preservada ou ausente,
procura de atendimento medico. Vai avaliar denominada de reação tipo 2 ou Eritema
função pulmonar e renal; em alguns casos Nodoso Hansênico (URA, 2007).
precisa de internação e ate hemodiálise.
Os quadros reacionais podem ocorrer
Existem classes de antibióticos que diminuem espontaneamente, antes, durante ou após o
o efeito do anticoncepcional oral. Orientar tratamento específico ou, ainda, estarem
paciente a procurar médico sobre método associados a situações clínicas como:
contraceptivo. vacinação, anemia, puberdade, gestação,
parto, intervenção cirúrgica, stress físico e/ou
Observações: psicoló- gico e infecções intercorrentes (virais,
- A coloração avermelhada da urina não deve bacterianas, etc), e uso de drogas, sendo as
ser confundida com hematúria. mais comuns: antibióticos, iodeto de potássio,
progesterona e vitamina-A.

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 REAÇÃO DO TIPO 1 OU REAÇÃO
REVERSA:
- Ocorre em todas as formas clínicas,
porem mais comum nas paucibacilares
(polo tuberculoide);
- Clinicamente a reação tipo 1 se
apresenta com lesões cutâneas de
aparecimento agudo, tipo placas
eritemato-edematosas, bem Começam a ter febre, dor, mal estar geral, não
delimitadas. Histologicamente há
consegue fazer nada, dor intensa devido às
reação inflamatória granulomatosa com
neurites. Em uso de PQT, não suspende
padrão tuberculoide ou dimorfo, mas
durante essas reações.
associado a fenômenos exsudativos
com edema, deposição de fibrina,
necrose tecidual e frequentemente há
concomitância de comprometimento  REAÇÃO DO TIPO 2 OU ERITEMA
neurológico (URA, 2007). NODOSO HANSÊNICO:
- Envolve as formas BB, BV e o polo V,
reconhecidas como multibacilares,
porque os pacientes apresentam
grande número de bacilos (FOSS, 2003).

Exacerbação do quadro clinico, novas lesoes


aparecem.

PROCEDIMENTOS GERAIS PARA O


TRATAMENTO DOS ESTADOS REACIONAIS:
- Se o estado reacional for identificado durante
o processo de diagnóstico da hanseníase, deve
se iniciar o tratamento PQT, juntamente com o
tratamento para a reação;

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PALOMA TONANI - TXVIII
- Se o estado reacional for identificado durante - Distúrbios metabólicos= redução de sódio e
o tratamento PQT, deve se manter o potássio; aumento das taxas de glicose no
tratamento, acrescentando o tratamento sangue; alteração no metabolismo do cálcio,
específico para a reação. levando à osteoporose; elevação do colesterol
- Se o estado reacional for identificado no e triglicerídios; síndrome de Cushing; síndrome
paciente pós-alta, o tratamento PQT não deve plurimetabólica;
ser reiniciado. Deve se fazer a avaliação geral - Gastrointestinais= gastrite e úlcera péptica;
do paciente e o tratamento imediato da - Urolitíase;
reação. - Catarata e glaucoma;
- Agravamento de infecções latentes, acne
 Tratamento das reações tipo 1 ou Reação cortisônica e psicoses.
Reversa:
- Além de analgésicos e antitérmicos;  Efeitos Colaterais da Talidomina:
- Tipo 1: Corticoterapia= Prednisona 1 a 2 - Principal é a teratogenicidade;
mg/kg/dia (não passar de 60mg) com - Sonolência, edema unilateral de membros
retirada gradual de 15 em 15 dias (nunca inferiores, constipação intestinal, secura de
suspender repentinamente); pesquisar mucosas e, mais raramente, linfopenia;
Strongiloydes stercolaris prevenindo a - Neuropatia periférica, não comum no Brasil,
disseminação sistêmica desse parasito. pode ocorrer em doses acumuladas acima de
40g, sendo mais frequente em pacientes acima
 Tratamento do tipo 2: de 65 anos de idade.
- Analgésicos e antitérmicos;
- Corticoesteroides;
- Talidomida de 100 a 400 mg/dia. É uma
droga altamente teratogênica. RECIDIVA EM HANSENÍASE
Lei nº 10.651 de 16/04/2003 proibição de seu É considerado um caso de recidiva aquele que
uso por mulheres grávidas ou sob risco de completar com êxito o tratamento PQT e que,
engravidar, não será fornecida ou vendida em depois, venha, eventualmente, desenvolver
farmácias comerciais, somente o SUS poderá novos sinais e sintomas da doença. Os casos
fornecê-la. Pedir testes de BHCG antes da de recidiva em hanseníase são raros em
prescrição e orientar que não pode engravidar pacientes tratados regularmente, com os
(assinatura de documentos para garantir que a esquemas poliquimioterápicos preconizado.
pessoa foi bem orientada). Geralmente, ocorrem em período superior a 5
anos após a cura, sendo seu tratamento
realizado nos serviços de referência (municipal,
 Efeitos Colaterais dos Corticosteroides: regional, estadual ou nacional).
- Hipertensão arterial;
- Disseminação de infestação por Nos paucibacilares, muitas vezes é difícil
Strongyloides stercoralis; distinguir a recidiva da reação reversa. No
- Disseminação de tuberculose pulmonar; entanto, é fundamental que se faça a

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PALOMA TONANI - TXVIII
identificação correta da recidiva. Quando se
confirmar uma recidiva, após exame clínico e
baciloscópico, a classificação do doente deve
ser criteriosamente reexaminada para que se
possa reiniciar o tratamento PQT adequado.

Nos multibacilares, a recidiva pode manifestar-


se como uma exacerbação clínica das lesões
existentes e com o aparecimento de lesões
novas. Quando se confirmar a recidiva, o
tratamento PQT deve ser reiniciado.
Recidivas são casos que acontecem 5 anos
após o tratamento, quando volta a se
manifestar. Mas pode haver antes, voltando ao Conjuntivite.
tratar com a PQT.

Paucibacilares (PB)= paciente que, após alta


por cura, apresentar dor no trajeto de nervos,
novas áreas com alterações de sensibilidade,
lesões novas e/ou exacerbação de lesões ante-
riores, que não respondem ao tratamento com Corpo estranho- diminuição da sensibilidade
corticosteróide, por pelo menos 90 dias; corneana, que leva a conjuntivite e ate
pacientes com surtos reacionais tardios, em perfuração da córnea, pois a pessoa não sente.
geral, cinco anos após a alta.

=
MANIFESTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS
Lagoftalmo inicial- não fecham os olhos
corretamente.

Lagoftalmo avançado (com Fenômeno de Bell-


quando vira a “bola do olho” para cima).

Esclerite ou Epiesclerite.
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Dermatocalase ou Blefarocalase (vai formando
Madarose- queda dos cílios e dos supercílios.
pálpebras em cima de pálpebras= camadas)-
comum em idosos também.

Triquíase (inversão dos cílios)- ficam


encaracolados e vão cerrar a córnea, podendo
gerar ulcera de córnea (orientação de retirada
dos cílios toda semana).

Ectrópio (desabamento da pálpebra inferior)- o


excesso da lagrima escorre pela face=
EPIFORA.

Entrópio- pálpebra volta-se para dentro.

Úlcera de córnea. Lagoftalmo + Fenômeno de Bell.

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PALOMA TONANI - TXVIII
- Lesões Cutâneas por Diminuição de
Sensibilidade:

Hansenomas.

Mal perfurante plantar que pode levar a


TESTE DE SCHIRMER: amputação.
Para avaliação da produção de lagrimas.
>10= normal; 5-10= olho seco moderado; <5=
olho seco severo.
Colírios a base de lagrimas artificiais.

Comprometimentos dos nervos ulnar, mediano


e radial. Região tenar e hipotênar com
espasticidade.

MANIFESTAÇÕES OTORRINOLARINGOCOLÓGICAS
- Obstrução nasal;
- Ressecamento;
- Sangramento;
Traumatismos nos joelhos por não perceber a
- Infiltração;
força que estava se fazendo sobre eles.
- Crostas;
- Perfuração de septo – nariz em sela;
- Acometimento de pavimento auricular (80%). - Paralisias:

Alterações do nariz (nariz em forma de sela).

Pé equino.
MANIFESTAÇÕES NERVOSAS
DEFORMIDADES:
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Mão equina.

Paralisia com Amiotrofia.

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PALOMA TONANI - TXVIII
ou tenha residido com a pessoa com
hanseníase. Considera-se contato social toda e
qualquer pessoa que conviva ou tenha
convivido em relações familiares ou não, de
forma próxima e prolongada.

A vigilância de contatos consiste na


investigação de todos os contatos domiciliares
registrados dos casos novos detectados,
devendo ser realizada:
 Anamnese dirigida a sinais e sintomas
da hanseníase;

 Exame neurodermatológico (exame da


superfície corporal e palpação de
nervos);

 Checagem da presença de cicatriz de


BCG (não protege contra todos os tipos
de tuberculose, protege contra os tipos
mais graves; não é uma vacina
especifica para a hanseníase)
Profilaxia da BCG para Hanseníase= se a
pessoa tiver 2 cicatrizes no braço direito
não vacina mais com BCG; se tiver uma
cicatriz apenas, vacina-se com mais
COMUNICANTES DE HANSENÍASE OU CONTATOS
uma dose 1cm abaixo da cicatriz
Conviventes, contato ou contactantes.
anterior; se não tiver nenhuma cicatriz
São aqueles que convivem ou conviveram com
vai aplicar uma dose só.
o doente de hanseníase. E se a pessoa não tem a cicatriz, mas
está registrada na carteirinha? Faz um
CONDUTA COM COMUNICANTES- GUIA DE teste chamado PPD/Prova
VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 3° ED. DE 2019: Tuberculínica/Prova de Mantoux/Prova
O domicílio é apontado como importante de Mantovi.
ambiente de transmissão da doença. A
investigação epidemiológica nesse espaço é  Repasse de orientações ao contato
fundamental para a descoberta de casos entre registrado sobre período de incubação,
aqueles que convivem ou conviveram com o transmissão, e sinais e sintomas
precoces da hanseníase; e sobre seu
doente, como estratégia para a redução da
eventual aparecimento, indicando,
carga da doença.
nesses casos, a procura da unidade de
Para fins operacionais, considera-se contato
saúde.
domiciliar toda e qualquer pessoa que resida
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PALOMA TONANI - TXVIII
Nas novas Diretrizes para vigilância, atenção e
eliminação da hanseníase como problema de
saúde pública traz nova definição e classificação
de contatos:
Contato domiciliar toda e qualquer pessoa que
resida ou tenha residido com o doente de
hanseníase. Contato social é qualquer pessoa
que conviva ou tenha convivido em relações
familiares ou não, de forma próxima e
prolongada. Os contatos sociais, que incluem
vizinhos, colegas de trabalhos e de escola,
entre outros, devem ser investigados de
acordo com o grau e tipo de convivência, ou
seja, aqueles que tiveram contato muito
próximo e prolongado com o paciente não
tratado. Atenção especial deve ser dada aos PORTARIA Nº 32, DE 30 DE JUNHO DE 2015:
contatos familiares do paciente (pais, irmãos, - Torna pública a decisão de incorporar a
quimioprofilaxia de contatos de doentes de
avós, tios).
hanseníase com Rifampicina em dose única no
âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. O
Nesse documento também consta que os
secretário de ciência, tecnologia e insumos
contatos familiares recentes ou antigos de
estratégicos do Ministério da Saúde, no uso de
pacientes MB e PB devem ser examinados suas atribuições legais e com base nos termos
independentemente do tempo de convívio. dos art. 20 e art. 23 do Decreto 7.646, de 21 de
dezembro de 2011, resolve:
Além disso: “sugere-se avaliar anualmente,  Art. 1º= Fica incorporada no âmbito do
durante cinco anos, todos os contatos não Sistema Único de Saúde - SUS, a
doentes, que sejam familiares ou sociais. Após quimioprofilaxia de contatos de doentes
esse período os contatos devem ser liberados de hanseníase com Rifampicina em
da vigilância, entretanto, serem esclarecidos dose única, de acordo com estratégia
quanto à possiblidade de aparecimento, no de implantação do Ministério da Saúde.
futuro, de sinais e sintomas sugestivos da
hanseníase” (p.8).
CONITEC - RELATÓRIO DE RECOMENDAÇÃO
Nº 165 - JULHO 2015:
A Quimioprofilaxia pode ser usada como uma
intervenção adicional para a redução da
transmissão da hanseníase. A evidência
científica mais robusta da eficácia da
quimioprofilaxia com rifampicina veio de
estudo randomizado, controlado e duplo cego
em área de alta endemicidade em Bangladesh.
O estudo foi denominado “Contact Leprosy
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PALOMA TONANI - TXVIII
Patient - COLEP” (Moet et al, 2008; Richardus - Expansão e fortalecimento da AB, sobretudo
and Oskan, 2015). Este estudo mostrou que a a do modelo da ESF;
dose única de Rifampicina na quimioprofilaxia - Expansão do Saneamento Básico;
reduz a incidência de hanseníase nos primeiros - Melhoria das condições de vida da
dois anos em 60%. Embora o benefício da população; e
profilaxia não tenha aumentado após dois - Desestimular a caça e os hábitos de comer
anos, o efeito foi mantido após 4 e 6 anos. Em
tatus- evitar o ciclo zoonótico.
metanálise verificou-se que a quimioprofilaxia
com dose única de rifampicina reduz o risco de
hanseníase em contatos de pacientes
diagnosticados com a doença em 57% após MORHAN:
dois anos (Reveiz, et al., 2009). - Movimento criado por Francisco Augusto
Vieira Nunes (Bacurau) –nasceu em 9/12/39 em
O protocolo de tratamento estabelecido Manicoré/AM e faleceu em 12/1/97. Em 1981,
consiste em Rifampicina 600mg (2 em Bauru/SP, fundou o Morhan, mas antes foi
comprimidos de 300mg) em dose única, e um dos protagonistas na história da então
deverá ser administrado no segundo mês de Colônia Souza Araújo – Rio Branco/AC.
tratamento do caso índice (aproximadamente - Movimento de Reintegração de Pessoas
4 semanas do início do tratamento do caso atingidas pela Hanseníase
índice). Em crianças acima de 05 anos de idade
será administrado 450mg Rifampicina (01 - Mantém canais informativos para
frasco de 150 mg/ml e 01 cápsula de 300mg) e informações e dúvidas: como o Zaphansen 21-
em crianças ou adultos com peso inferior a 30 97912 0108 e o site do Morhan
kg administrar Rifampicina 10 a 20mg/kg. www.morhan.org.br e a página da instituição
no Facebook.
Esta intervenção será iniciada no segundo
semestre de 2015, nos Estados de Pernambuco,
Mato Grosso e Tocantins.

DECÁLOGO DA PROFILAXIA:
- Diagnóstico e Tratamento precoce com a
PQT-U/MDT-U;
- Avaliação das Incapacidades Físicas (olhos,
mãos e pés);
- Exame e vacinação dos contatos com BCG-id;
- Capacitação dos profissionais de saúde de
todos os níveis de formação profissional;
- Educação em Saúde para a comunidade em
geral com linguagem acessível;
- Fim do estigma, preconceito e discriminação;

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